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Indaial – 2021 ModelageM e SiSteMaS dinâMicoS Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff Prof. Rogério Diogne de Souza e Silva 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff Prof. Rogério Diogne de Souza e Silva Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: W855m Wolff, Julia Grasiela Busarello Modelagem e sistemas dinâmicos. / Julia Grasiela Busarello Wolff; Rogério Diogne de Souza e Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 182 p.; il. ISBN 978-65-5663-877-5 ISBN Digital 978-65-5663-873-7 1. Sistemas dinâmicos. - Brasil. I. Silva, Rogério Diogne de Souza e. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 510 apreSentação Prezado aluno, seja bem-vindo! Esta é a disciplina Modelagem e Sistemas Dinâmicos, cujo conteúdo é fundamental e diferencial para a sua formação como engenheiro eletricista. A modelagem e simulação de sistemas físicos é a base para você atuar nas áreas da engenharia relacionadas ao controle e automação dos diversos sistemas existentes na natureza. O nosso intuito é auxiliá-lo nos seus estudos para compreender o processo que envolve a modelagem e a simulação de sistemas dinâmicos para, posteriormente, projetar e analisar sistemas de controle. Nesse sentido, este livro apresenta a teoria com abordagem aplicada a sistemas físicos lineares, utilizando ferramentas de simulação computacional para ampliar seu poder de visualização e análise da teoria e, posteriormente, a simulação computacional dos seus próprios projetos. O livro está dividido em três unidades. Na Unidade 1, apresentaremos as definições de sistemas, a modelagem matemática e a representação dos sistemas através de diagramas de blocos e, no último tópico, introduziremos a simulação de sistemas utilizando um software de computação numérica. Na Unidade 2, avançaremos e abordaremos a modelagem no domínio da frequência, apresentando a caracterização da resposta dos sistemas no domínio do tempo. Encerraremos o conteúdo com a Unidade 3, aprofundando a análise das respostas dos sistemas com diversas excitações de entrada, resultando no projeto e simulação de dinâmicos. Deve-se ressaltar que o estudo de modelagem de sistemas lineares é embasado em princípios matemáticos algébricos e diferenciais. Dessa forma, o conhecimento prévio da teoria das equações diferenciais torna-se necessário, o qual será utilizado na modelagem de sistemas físicos conhecidos, como sistemas elétricos, mecânicos, térmicos e fluídicos. Desejamos bons estudos e que, ao fim da disciplina, você agregue conhecimentos e habilidades na área da modelagem e simulação de sistemas dinâmicos, contribuindo para uma sólida formação em engenharia elétrica. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE SuMário UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM ...................................................... 1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS ................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM ................................................................................ 4 3 O QUE SÃO SISTEMAS DINÂMICOS? ....................................................................................... 4 4 MODELO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................................... 6 4.1 MODELOS LINEARES E NÃO LINEARES ............................................................................... 8 4.2 MODELOS DETERMINÍSTICOS E ESTOCÁSTICOS ............................................................... 8 4.3 MODELOS CONCENTRADOS E DISTRIBUÍDOS ................................................................... 8 4.4 MODELOS CONTÍNUOS E DISCRETOS ................................................................................... 9 4.5 MODELOS ESTACIONÁRIOS E NÃO ESTACIONÁRIOS...................................................... 9 4.6 MODELOS VARIANTES E INVARIANTES NO TEMPO ........................................................ 9 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS ................................................................................ 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 2 MODELAGEM MATEMÁTICA ..................................................................................................... 15 3 O DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA E A TRANSFORMADA DE LAPLACE ........................... 16 4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA ................................................................................................... 21 5 MODELAGEM POR BLOCOS ....................................................................................................... 22 5.1 REPRESENTAÇÃO BÁSICA ...................................................................................................... 22 5.2 DIAGRAMA DE BLOCOS EQUIVALENTE ............................................................................. 25 6 MODELAGEM DE SISTEMAS FÍSICOS ..................................................................................... 26 6.1 SISTEMA MECÂNICO ................................................................................................................ 26 6.1.1 Sistemas mecânicos em translação .................................................................................... 27 6.1.2 Sistemasmecânicos em rotação ......................................................................................... 29 7 SISTEMA ELÉTRICO ....................................................................................................................... 30 8 SISTEMA TÉRMICO ........................................................................................................................ 32 9 SISTEMA FLUÍDICO ....................................................................................................................... 33 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 35 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 39 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DINÂMICOS ..................... 41 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41 2 SOFTWARE DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA E SIMULAÇÃO .................................. 42 2.1 APRESENTAÇÃO E AMBIENTES DE TRABALHO ............................................................... 44 2.2 COMANDOS BÁSICOS E OPERAÇÕES MATEMÁTICAS ................................................... 46 2.3 INTERPRETAÇÃO DE EQUAÇÕES MATEMÁTICAS ......................................................... 52 2.4 SCILAB TOOLBOX XCOS – SIMULAÇÃO POR BLOCOS .................................................... 58 2.4.1 Exemplo de utilização do Scilab/Xcos .............................................................................. 61 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 64 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 65 UNIDADE 2 — FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DE MODELOS DE SISTEMAS DINÂMICOS ...................................................................................... 67 TÓPICO 1 — MODELAGEM NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ............................................ 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 MODELAGEM NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ................................................................. 70 2.1 EXPANSÃO EM FRAÇÕES PARCIAIS .................................................................................... 73 3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE FUNÇÕES NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ........ 77 3.1 DECLARAÇÃO DE FUNÇÕES NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ................................... 77 3.2 EXPANSÃO EM FRAÇÕES PARCIAIS ..................................................................................... 79 3.3 DETERMINAÇÃO DE POLOS E ZEROS DE UMA FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA .......... 84 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 88 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89 TÓPICO 2 — RESPOSTA DO DOMÍNIO DO TEMPO ............................................................... 91 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91 2 POLOS, ZEROS E A RESPOSTA DO SISTEMA ......................................................................... 92 3 SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM ............................................................................................ 92 4 SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM ............................................................................................. 94 4.1 RESPOSTA NÃO AMORTECIDA .............................................................................................. 96 4.2 RESPOSTA SUBAMORTECIDA ................................................................................................. 96 4.3 RESPOSTA CRITICAMENTE AMORTECIDA ........................................................................ 97 4.4 RESPOSTA SUPERAMORTECIDA ........................................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 102 TÓPICO 3 — MODELAGEM COMPUTACIONAL UTILIZANDO FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA .............................................................................................. 103 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103 2 SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM ......................................................... 104 3 SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM ......................................................... 107 3.1 RESPOSTA NÃO AMORTECIDA ............................................................................................ 107 3.2 RESPOSTA SUBAMORTECIDA ............................................................................................... 109 3.3 RESPOSTA CRITICAMENTE AMORTECIDA ...................................................................... 111 3.4 RESPOSTA SUPERAMORTECIDA.......................................................................................... 114 3.5 ESTUDO DA RESPOSTA À ENTRADA DEGRAU DE SISTEMAS SUBAMORTECIDOS ................................................................................................................. 116 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122 UNIDADE 3 — ERROS E ANÁLISE DO LUGAR DAS RAÍZES ............................................. 123 TÓPICO 1 — ANÁLISE DE ERROS EM REGIME ESTACIONÁRIO ..................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE CONTROLE ............................................................ 125 3 ERROS ESTACIONÁRIOS ............................................................................................................ 126 4 CONSTANTE DE ERRO ESTÁTICO DE POSIÇÃO KP ......................................................... 127 5 CONSTANTE DE ERRO ESTÁTICO DE VELOCIDADE Kv ................................................ 128 6 CONSTANTE DE ERRO ESTÁTICO DE ACELERAÇÃO Ka ................................................ 130 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 136 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137 TÓPICO 2 — ANÁLISE DO LUGAR GEOMÉTRICO DAS RAÍZES ...................................... 139 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 139 2 GRÁFICO DO LUGAR DAS RAÍZES ......................................................................................... 140 2.1 CONDIÇÕES DE ÂNGULO E DE MÓDULO ........................................................................140 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 156 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 158 TÓPICO 3 — CRITÉRIO DE ESTABILIDADE DE ROUTH-HURWITZ ................................ 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161 2 ESTABILIDADE DE SISTEMAS DE CONTROLE LINEARES ............................................. 161 2.1 CRITÉRIO DE ESTABILIDADE DE ROUTH .......................................................................... 162 2.2 CASOS ESPECIAIS ..................................................................................................................... 165 2.3 ANÁLISE DA ESTABILIDADE RELATIVA............................................................................ 168 2.4 APLICAÇÃO DO CRITÉRIO DE ESTABILIDADE DE ROUTH À ANÁLISE DE SISTEMAS DE CONTROLE ...................................................................................................... 168 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 178 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 180 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 182 1 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o significado de sistema e qual a importância da modelagem para a atividade do engenheiro eletricista; • representar um sistema através de variáveis de entrada e saída; • determinar a função de transferência de sistemas lineares; • modelar os sistemas físicos no domínio da frequência; • representar os sistemas físicos modelados através de diagramas de blocos; • modelar e simular os sistemas físicos através do computador. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS TÓPICO 2 – MODELAGEM DE SISTEMAS TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO À SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DINÂMICOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS 1 INTRODUÇÃO Iniciaremos nossa jornada até a modelagem e projetos de sistemas dinâmicos com um tópico apenas de conceitos e classificações. Tal abordagem se faz necessária dado o grau de abstração conceitual de sistema. Contudo, o que pode ser considerado um sistema? Você, estudante de engenharia elétrica, deve estar habituado com os circuitos elétricos e eletrônicos. A modelagem de sistemas dinâmicos abre caminho para outra área de extrema importância na sua formação de engenheiro eletricista: a área de sistemas de controle. Para você projetar o controle de qualquer sistema, você precisa conhecer seu funcionamento e representá-lo a partir das leis físicas conhecidas. Nesse contexto, explica-se a importância da nossa abordagem sobre o conceito de sistema. No controle e automação, um sistema pode ser de iluminação, um forno, um computador, um motor elétrico, o corpo humano, ou um órgão, enfim, temos inúmeros exemplos de sistemas artificiais criados pelo homem e infindáveis exemplos na natureza. Você aprenderá, neste capítulo, que os sistemas são formas de representarmos tudo o que há na natureza. Modelar pode significar descrever os sistemas físicos. É realizar através da utilização de equações diferenciais e algébricas para descrever o comportamento através da correlação entre as variáveis dos sistemas físicos. Não ficaremos limitados aos sistemas elétricos, mas abordaremos outros sistemas físicos, como mecânicos, térmicos e fluídicos. Com a modelagem dinâmica, podemos representar fisicamente uma linha de transmissão de energia, uma usina hidroelétrica ou uma usina eólica, entre outros sistemas fundamentais no escopo da engenharia elétrica. A partir dessa representação física, o modelo pode ser utilizado para simularmos o comportamento dos sistemas nas fases de planejamento e projeto, além do estudo e análise de sistemas em operação. O controle automático de sistemas só é possível a partir da modelagem dinâmica. Em nossa jornada, com o aprendizado da modelagem de sistemas dinâmicos, utilizaremos recursos atuais, computacionais e fundamentais para a melhor compreensão do conteúdo. Veremos mais sobre isso a partir do Tópico 3. UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM 4 2 CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Este capítulo é destinado à apresentação das definições que envolvem a modelagem de sistemas dinâmicos. Apresentaremos a você que a modelagem é uma ferramenta fundamental na engenharia. Apoiados por princípios físicos, conseguiremos representar o comportamento dos diversos sistemas existentes. O correto entendimento dos conceitos é muito importante para o sucesso na área de modelagem de sistemas, pois é possível compreender os limites físicos e matemáticos dos problemas a serem resolvidos. No nosso caso, o foco inicial será o Sistema Linear Invariante no Tempo (S.L.I.T), o qual, no fim da disciplina, conseguiremos projetar, modelar, simular e analisar. 3 O QUE SÃO SISTEMAS DINÂMICOS? Para chegarmos ao principal propósito da nossa disciplina, que é a modelagem de sistemas dinâmicos, precisamos definir cada componente do conteúdo. O primeiro da lista, o sistema, é uma palavra muito comum e usual do nosso vocabulário. Assim, seguem algumas definições obtidas: 1. Conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação. 2. Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada. 3. Reunião de elementos naturais da mesma espécie, que formam um conjunto intimamente relacionado (FERREIRA, 1980, p. 1572). Ainda, no dicionário, você encontrará outras inúmeras definições. Dessa forma, pode-se perceber sua definição, podendo um sistema ser de qualquer natureza, desde sistemas biológicos, físicos e, até mesmo, um sistema social. Agora, vamos correlacionar com o ponto de vista da engenharia. Observem três definições citadas. As palavras em comum são “elementos” e “relação”, e estas permitem representar os sistemas na engenharia, com aproximações bem próximas da realidade, através de correlações entre os elementos que compõem o sistema a ser estudado, além das causas e efeitos das iterações. A possibilidade é indispensável para a engenharia, pois permite não apenas projetar sistemas, mas simular o seu comportamento antes da sua implementação física, possibilitando a identificação de erros ou problemas e, até mesmo, otimizando o seu funcionamento. Vamos considerar os conceitos apresentados por outros autores. Lathi (2006, p. 75) definiu sistema da seguinte forma: É uma entidade que processa um conjunto de sinais (entradas), resultando em um outro conjunto de sinais (saídas). Um sistema pode ser construído com componentes físicos, elétricos, mecânicos ou sistemas hidráulicos (realização em hardware) ou pode ser um algoritmo que calcula uma saída de um sinal de entrada (realização em software). Segundo Monteiro (2006, p. 41), com relação à definição de sistema, é: TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS 5 Um conjunto de objetos agrupados por alguma interação ou interdependência,de modo que existam relações de causa e efeito nos fenômenos que ocorrem com os elementos do conjunto. Sistema é uma combinação de componentes atuando em conjunto para a realização de um objetivo especificado. Os componentes ou elementos interagindo possuem relações de causa e efeito (ou de entrada-saída). Primeiramente, os sistemas são classificados quanto ao comportamento dos seus elementos (variáveis), sendo chamados de sistemas estáticos ou dinâmicos. O sistema estático é aquele em que as características e propriedades que descrevem o seu comportamento não variam com o tempo, porém, podem variar com relação ao espaço. Já com relação aos sistemas dinâmicos, objeto do nosso estudo, as suas características variam ao longo do tempo. Segundo Kluever (2018, p. 5), um sistema pode ser considerado dinâmico quando: As variáveis de saída (ou variáveis dinâmicas) atuais dependem das condições iniciais (ou da energia armazenada) do sistema e/ou das variáveis de entrada anteriores. As variáveis dinâmicas de um sistema (por exemplo, deslocamento, velocidade, tensão, pressão) variam com o tempo. A seguir, é apresentado um diagrama de representação de sistema, além da sua relação com as variáveis de entrada e saída. FIGURA 1 – DIAGRAMA REPRESENTANDO UM SISTEMA, SUAS ENTRADAS E SAÍDAS FONTE: O Autor Para exemplificar com uma aplicação na engenharia elétrica, observe a seguir. Um sistema pode ser um motor elétrico, no qual a entrada é a tensão elétrica e, a saída, a velocidade angular e torque de uma carga mecânica acoplada ao eixo do motor elétrico. FIGURA 2 – DIAGRAMA COM EXEMPLO DE SISTEMA MOTRIZ FONTE: O Autor UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM 6 Na próxima seção, abordaremos como representar diversos sistemas através de modelos físicos e matemáticos, com várias aplicações que, futuramente, poderemos trabalhar nas diversas áreas da engenharia. 4 MODELO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO Nas ciências naturais e nas engenharias, a elaboração de modelos é uma ferramenta essencial, tanto que Felício (2010) afirma que a engenharia é um conjunto de modelos. Assim, há duas definições: modelo físico e modelo matemático. Garcia (2005) indica que modelos físicos podem ser protótipos e plantas- piloto, enquanto os matemáticos constituem uma representação através de equações. Ainda, Felício (2010) define modelo físico como uma organização de peças e mecanismos reais, os quais são elaborados considerando especificações de dimensões e com comportamento similar ao de um sistema real. Os modelos físicos em escala representam importante metodologia para algumas áreas da engenharia. Esse modelo é muito usado em projetos de veículos, perfis aerodinâmicos, estruturas etc. (FELÍCIO, 2010). Atualmente, a modelagem física também é realizada através do software CAD (Computer Aided Design). É prático e reduz custos. A representação dos sistemas e a correlação entre as variáveis são muito úteis e fundamentais na engenharia. Em breve, estudaremos a representação dos sistemas através de diagramas de blocos, além da utilização da representação para a modelagem dos sistemas. ESTUDOS FU TUROS O filme “Estrelas Além do Tempo”, de 2017 (FOX Filme do Brasil), baseado em uma história real, se passa em 1961, e aborda a corrida espacial disputada por Estados Unidos e União Soviética, durante a guerra fria. A correlação do filme com a nossa disciplina está na atividade de modelagem da rota dos foguetes espaciais por físicos da NASA, cujos cálculos de simulação eram realizados de forma manual pelas protagonistas do filme. Ainda, é possível visualizar o início da utilização do computador para realizar tais tarefas. DICAS TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS 7 FIGURA 3 – MODELO FÍSICO: PROTÓTIPO EM SOFTWARE CAD 3D FONTE: <https://cutt.ly/DfrJhBA>. Acesso em: 12 dez. 2019. A construção de plantas-piloto para representação de sistemas é uma forma de modelagem física. Atualmente, temos a impressão 3D, que facilita e reduz o tempo de construção do protótipo. FIGURA 4 – EXEMPLO DE MODELO FÍSICO: PROTÓTIPO DE TURBINA A JATO IMPRESSO EM 3D FONTE: <https://cutt.ly/9ffToB8>. Acesso em: 12 dez. 2019. De acordo com Kluever (2018), o desempenho ou o comportamento de sistemas de engenharia é obtido através da determinação de modelos, por meio de equações matemáticas que representam leis físicas fundamentais. Os sistemas dinâmicos são representados por equações diferenciais, cujas leis físicas são correlacionadas aos sistemas a serem estudados, por exemplo, sistemas elétricos representados pelas leis de Kirchhoff, sistemas mecânicos pelas leis de Newton. O modelo matemático do comportamento de um sistema dinâmico envolve equações diferenciais lineares ou não lineares, que representam o comportamento físico do sistema. É possível exemplificar com um motor elétrico, o qual é caracterizado por circuitos elétricos e mecânicos. O modelo UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM 8 matemático é formado por um conjunto de equações diferenciais caracterizando o comportamento da tensão e corrente elétrica e outras equações, como rotação e torque mecânico. Para o processo de modelagem de sistemas dinâmicos, a classificação dos tipos de sistemas e, consequentemente, a dos modelos, são muito importantes. 4.1 MODELOS LINEARES E NÃO LINEARES Segundo Kluever (2018), todos os sistemas físicos são não lineares. No entanto, o autor infere que, caso as variáveis de entrada e saída apresentem uma faixa nominal de restrição, o sistema não linear pode ser representado por um modelo linear caracterizado por equações diferenciais lineares. Garcia (2005) define que se a saída de um modelo depende linearmente da entrada, esse modelo é considerado linear, caso contrário, ele é não linear. No Tópico 2 desta unidade, abordaremos os modelos/sistemas lineares, e como podemos trabalhar com eles no domínio da frequência e suas aplicações na simulação de sistemas dinâmicos. 4.2 MODELOS DETERMINÍSTICOS E ESTOCÁSTICOS De acordo com Garcia (2005), em um modelo determinístico, a saída pode ser determinada com exatidão, caso o sinal de entrada e as condições iniciais sejam conhecidos. Já em um modelo estocástico, observa-se a presença de variáveis com comportamentos aleatórios, não permitindo a determinação exata de um valor de saída. Assim, podemos ter, como saída, uma distribuição de probabilidades. Na natureza, os diversos sistemas estão sujeitos a eventos aleatórios. Para exemplificar, um sistema de distribuição de energia elétrica está sujeito a descargas atmosféricas, porém, estas apresentam características aleatórias, e não sabemos exatamente como e quando elas ocorrerão. Assim, para a representação em nosso modelo, precisamos utilizar modelos estocásticos. 4.3 MODELOS CONCENTRADOS E DISTRIBUÍDOS Todo e qualquer sistema real é distribuído, porém, dada a complexidade, podemos utilizar aproximações. Modelos ou sistemas concentrados, ou também denominados de parâmetros concentrados, segundo Kluever (2018), são aqueles que podem ser representados por um número finito de equações diferenciais ordinárias, pois são caracterizados por um número finito de variáveis. Por exemplo, podemos concentrar um modelo desprezando algumas variações nos elementos físicos utilizados no modelo, considerando algumas propriedades como homogêneas. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS 9 Em contraponto, com relação aos modelos distribuídos ou com parâmetros distribuídos, essas variações que podem ocorrer nos elementos físicos são consideradas, caracterizando o modelo por um número infinito de equações ordinárias, ou através de equações diferenciais parciais. 4.4 MODELOS CONTÍNUOS E DISCRETOS A classificação dos modelos e sistemas como contínuos ou discretos se dá em relação ao seu comportamento no tempo. Kluever (2018) caracteriza os sistemas contínuos como aqueles que possuem variáveis e funções que são definidas em todos os instantes de tempo. Poroutro lado, em um sistema discreto (tempo), as variáveis são definidas apenas em determinados instantes de tempo, ou seja, são amostras de tempo contínuo. Tais características determinam como será a abordagem matemática, no caso, em sistemas de tempo contínuo, os modelos serão representados por equações diferenciais. Já com relação aos sistemas discretos, a caracterização será realizada através de equações de diferenças. Fazendo uma contextualização, em sistemas contínuos, utilizamos sinais e suas respectivas variáveis ditas analógicas. Em sistemas discretos, sinais discretos, também chamados de digitais, uma amostra dos sinais contínuos. 4.5 MODELOS ESTACIONÁRIOS E NÃO ESTACIONÁRIOS Modelos ou sistemas nos quais as variáveis permanecem constantes no tempo são classificados como estacionários ou estáticos. Matematicamente, o efeito da variável de entrada é apenas instantâneo e, em função disso, é representado apenas por equações algébricas. Por outro lado, modelos não estacionários, também chamados de modelos ou sistemas dinâmicos, são transientes ou transitórios. Assim, a solução matemática completa deve caracterizar os regimes permanente e transitório. Dados esses comportamentos, a modelagem é baseada em um sistema de equações diferenciais. 4.6 MODELOS VARIANTES E INVARIANTES NO TEMPO Kluever (2018) e Garcia (2005) conceituam, de forma bem direta, que em um sistema ou modelo variante no tempo, os parâmetros são variáveis. De forma análoga, um sistema ou modelo é considerado invariante no tempo caso seus parâmetros permaneçam constantes. Embora pareçam conceitos muito simples, são sujeitos a alguns equívocos, pois não se deve confundir modelos variantes no tempo com modelos dinâmicos. Em um sistema variante no tempo, as características dos elementos físicos variam, por exemplo, a isolação de um cabo de um sistema de distribuição em função da UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM 10 umidade é alterada, provocando aumento da resistência elétrica. Em um sistema dinâmico, as variações consideradas são das variáveis de entrada e saída do modelo. Considerando o exemplo anterior, a tensão elétrica ou a corrente terá um comportamento transitório e em regime permanente, porém, o elemento físico (resistência) permanece inalterado. No tópico seguinte, iniciaremos o contato mais prático com a modelagem. A caminho da simulação, serão apresentados sistemas mecânicos, elétricos, térmicos e fluídicos. A leitura complementar, exposta a seguir, aborda a história dos sistemas de controle. Boa leitura! Um exemplo é dado para elucidar a diferença entre variação dos parâmetros de um sistema e variação das suas variáveis dinâmicas. Em um motor elétrico, os parâmetros do sistema devem ser a resistência elétrica do circuito, a indutância dos enrolamentos, o coeficiente de atrito nos mancais do rotor e o momento de inércia. Caso tais parâmetros não variem com o tempo, então, o motor elétrico em questão é um sistema invariante no tempo. IMPORTANT E Projeto de engenharia O projeto de engenharia é a principal tarefa de um engenheiro. É um processo complexo no qual tanto a criatividade quanto a capacidade analítica desempenham papéis fundamentais. Projeto é o processo de concepção ou invenção de formas, partes e detalhes de um sistema. A atividade de projeto pode ser considerada como planejamento para o surgimento de um produto ou sistema particular. O projeto é um ato inovador pelo qual o engenheiro, criativamente, usa conhecimentos e materiais para especificar a forma, função e conteúdo material de um sistema. As etapas do projeto são: 1) determinar uma necessidade originada dos valores de vários grupos, cobrindo o espectro que vai dos responsáveis pelas políticas públicas até o consumidor; 2) especificar, em detalhes, o que a solução para a necessidade deve ser e incorporar esses valores; 3) desenvolver e avaliar várias soluções alternativas para contemplar essas especificações; e 4) decidir qual delas deve ser projetada em detalhes e fabricada. Um fator importante em projetos reais é a limitação de tempo. O projeto deve ser realizado dentro de prazos impostos e, eventualmente, ajustado para um projeto inferior ao ideal, mas considerado “bom o suficiente”. Em muitas situações, o tempo é a única vantagem competitiva. Um dos principais desafios para o projetista é escrever as especificações para o produto técnico. Especificações são declarações que, explicitamente, expressam o que o dispositivo ou produto deve ser e fazer. O projeto de sistemas técnicos objetiva fornecer especificações de projeto apropriadas e se baseia em quatro características: complexidade, soluções de compromisso, desvios de projeto e risco. IMPORTANT E TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DINÂMICOS 11 A complexidade do projeto resulta da grande gama de ferramentas, decisões e conhecimentos a serem usados no processo. O grande número de fatores que deve ser considerado ilustra a complexidade da atividade de especificação do projeto. O conceito de solução de compromisso envolve a necessidade de resolver objetivos de projeto conflitantes, todos desejáveis. O processo de projeto requer um compromisso eficiente entre critérios desejáveis, porém conflitantes. Ao fazer um dispositivo técnico, normalmente, acha-se que o produto final não se parece com o originalmente visualizado. Por exemplo: a imagem que é feita de um problema a ser resolvido não aparece em descrições escritas nem, em última análise, nas especificações. Esses desvios de projeto são intrínsecos da progressão de uma ideia abstrata para sua realização. Essa incapacidade em se estar absolutamente certo leva a grandes incertezas sobre os efeitos reais dos dispositivos e produtos projetados. Essas incertezas são incorporadas em consequências não intencionais ou risco. O resultado é que o projeto de um sistema é uma atividade na qual os riscos devem ser assumidos. Complexidade, soluções de compromisso, desvios de projeto e risco são inerentes ao projeto. Embora possam ser minimizados quando todas as consequências de um determinado projeto são consideradas, eles estão sempre presentes no processo de projeto. No projeto de engenharia, existe uma diferença fundamental entre os dois grandes tipos de pensamento que precisa ser estabelecida: análise e síntese. Na análise, a atenção é focada nos modelos dos sistemas físicos que são analisados para haver compreensão e que indicam direções para melhorias. Por outro lado, a síntese é o processo pelo qual essas novas configurações físicas são criadas. O projeto é um processo que pode seguir em várias direções antes que a direção desejada seja encontrada. É um processo deliberativo pelo qual o projetista cria alguma coisa nova em resposta a uma necessidade identificada enquanto descobre restrições realistas. O processo de projeto é inerentemente iterativo – é preciso começar de algum lugar! Engenheiros de sucesso aprendem a simplificar sistemas complexos de maneira apropriada para o projeto e análise. Um desvio entre o sistema físico complexo e o modelo de projeto é inevitável. Desvios de projeto são intrínsecos na progressão do conceito inicial até o produto final. Sabe-se, intuitivamente, que é mais fácil melhorar um conceito inicial de forma incremental do que tentar criar logo no início um projeto final. Em outras palavras, o projeto de engenharia não é um processo linear. É um processo iterativo, não linear e criativo. As principais abordagens para o projeto de engenharia mais efetivo são a análise e a otimização paramétrica. A análise paramétrica é baseada em: 1) identificação dos parâmetros- chave, 2) geração da configuração do sistema e, 3) verificação de quão bem a configuração contempla as necessidades. Essas três etapas formam um laço iterativo. Uma vez que os parâmetros-chave são identificados e a configuração sintetizada, o projetista pode otimizar os parâmetros. Tipicamente, o projetista se esforça para identificar um conjunto limitadode parâmetros a serem ajustados. FONTE: DORF, R. C.; BISHOP, R. H. Sistemas de controle modernos. 13. ed. Rio de Janei- ro: LTC, 2018. 12 Neste tópico, você aprendeu que: • Sistema é uma combinação de componentes atuando em conjunto para a realização de um objetivo especificado. Os componentes ou elementos interagindo possuem relações de causa e efeito (ou de entrada-saída). • Modelo físico é como uma organização de peças e mecanismos reais, os quais são elaborados considerando especificações de dimensões e com comportamento similar ao comportamento de um sistema real. • Modelos matemáticos constituem uma representação através de equações. • Sistemas dinâmicos são aqueles em que a solução matemática completa deve caracterizar os regimes permanente e transitório. Dado esse comportamento, a modelagem é baseada em um sistema de equações diferenciais. • Todos os sistemas físicos são não lineares. Se a saída de um modelo depende linearmente da entrada, esse modelo é considerado linear, caso contrário, ele é não linear. • Em um sistema ou modelo variante no tempo, os parâmetros são variáveis com o tempo. De forma análoga, um sistema ou modelo é considerado invariante no tempo caso seus parâmetros permaneçam constantes. • Modelos ou sistemas concentrados são aqueles que podem ser representados por um número finito de equações diferenciais ordinárias, com caracterização por um número finito de variáveis. • Sistemas contínuos são aqueles que possuem variáveis e funções que são definidas em todos os instantes de tempo. Por outro lado, em um sistema discreto, as variáveis são definidas apenas em determinados instantes de tempo. RESUMO DO TÓPICO 1 13 Considere um sistema de iluminação composto por um circuito elétrico, cuja finalidade seja acionar uma lâmpada. Fisicamente, poderá ser representado por um resistor ou um indutor. Para esse sistema, responda: 1 Quais são as variáveis físicas envolvidas (variáveis de entrada e saída) nesse sistema? Desenhe um diagrama representando o sistema e destacando as variáveis. 2 Quais leis físicas relacionam as variáveis de entrada e saída com o elemento físico (resistor e indutor). 3 Classifique o sistema quanto às classificações apresentadas. 4 Repita os itens citados, substituindo o sistema de iluminação por um sistema de aquecimento. AUTOATIVIDADE 14 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MODELAGEM DE SISTEMAS 1 INTRODUÇÃO No tópico anterior, você estudou as definições de sistemas, sistemas dinâmicos, modelos e suas classificações. Agora, no Tópico 2, estudaremos a modelagem de sistemas dinâmicos através de abordagens correlacionadas a sistemas físicos e aplicações práticas. Para transferir esse conhecimento a você, este tópico foi dividido em três partes, além da parte introdutória. Primeiramente, abordaremos a modelagem matemática de sistemas e os Sistemas Lineares Invariantes no Tempo. Iniciaremos o processo de modelagem dos sistemas através de equações diferenciais no domínio no tempo, além da conversão para o domínio da frequência, convergindo com a determinação da função de transferência do sistema. A modelagem por blocos, ou a representação por diagramas de blocos, será estudada também. Com essa metodologia, a visualização do sistema e seus elementos tornam-se mais práticos e fáceis, além de usuais, principalmente a simulação dos sistemas modelados através do computador. Com os conhecimentos obtidos, avançaremos com uma abordagem aplicada a sistemas físicos. Estudaremos sistemas mecânicos, elétricos, térmicos e fluídicos, os quais podem ser modelados por leis e princípios físicos convergentes, permitindo a representação de características físicas através de elementos básicos, caracterizando armazenamento e dissipação de energia. 2 MODELAGEM MATEMÁTICA Conforme apresentado no tópico anterior, os modelos apresentam classificação e respectivas aplicações, conforme equações que melhor representam o sistema a ser modelado. Segundo Castrucci, Bittar e Sales (2011), os modelos matemáticos buscam representar sistemas reais, porém, em função da complexidade de todas as condições envolvidas, acabam como modelos aproximados, limitados por condições específicas. “Na medida em que os limites se ampliam, cresce a complexidade dos modelos” (CASTRUCCI; BITTAR; SALES, 2011, p. 11). 16 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Sobre a utilização de modelos aproximados, Felício (2010) afirma que embora não haja completa exatidão, a engenharia, ao longo dos tempos, consegue resolver, através de modelos aproximados, diversos problemas na nossa sociedade. Por meio da aplicação de técnicas e procedimentos, o engenheiro executa projeto e construção de tudo o que o ser humano usa, como carros, tratores, aviões, foguetes, edifícios, estradas, computadores, robôs, aparelhos para medicina, odontologia, de comunicação etc. (FELÍCIO, 2010, p. 2). Para a modelagem matemática, utilizaremos equações matemáticas que representam as leis e princípios físicos que caracterizam os sistemas a serem modelados. Garcia (2005) descreve procedimentos para a obtenção de modelos matemáticos de sistemas, e apresenta três etapas para a elaboração do modelo: • Etapa 1: determinação das variáveis de entrada e saída: especificar o sistema e propor um modelo físico, cujo comportamento se ajuste ao comportamento do sistema real; • Etapa 2: escrever as equações matemáticas do modelo físico e desenhar um diagrama de blocos que represente o sistema; • Etapa 3: analisar o desempenho dinâmico do modelo físico. Para atingirmos o nosso objetivo, que é a modelagem de sistemas dinâmicos, nas seções seguintes deste capítulo, apresentaremos a base matemática para alcançarmos o modelo físico. Dada a diversidade de sistemas físicos, serão abordadas aproximações lineares, utilizando como referência a transformada de Laplace. Mais tarde, inicia-se a identificação do sistema a partir da determinação das variáveis de entrada e saída, resultando na obtenção das funções de transferência. 3 O DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA E A TRANSFORMADA DE LAPLACE Segundo Nise (2017), a modelagem matemática é realizada através do domínio da frequência ou do domínio do tempo. Para a modelagem no domínio da frequência, são utilizadas funções de transferência. No domínio do tempo, lança-se mão das chamadas equações de estado. Vamos nos concentrar nas funções de transferência. Em um sistema linear, admitindo que as condições iniciais sejam iguais a zero, a relação entre a transformada de Laplace da variável de saída e a transformada da variável de entrada é o que chamamos de função de transferência. Conceito simples, não? Contudo, extremamente útil, sobretudo para a simulação e a análise de desempenho dos sistemas dinâmicos que veremos em unidades posteriores. TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 17 Vamos por partes e, primeiramente, é preciso revisar a teoria da transformada de Laplace, que é definida pela equação 2.1. A função F(s) é o que chamamos de transformada de Laplace da função f(t), sendo s = σ + jω uma variável complexa. A variável s é denominada de variável de Laplace, utilizada como operador diferencial, conforme a equação 2.2 a seguir. De forma análoga e intuitiva, o operador integral é representado pela equação 2.3. Caso seja necessário realizar o caminho inverso, ou seja, obter f(t) a partir de F(s), deve-se utilizar a chamada transformada inversa de Laplace, de acordo com a equação 2.4. Sendo A função u(t) é chamada de degrau unitário, e o produto de f(t) por u(t) é uma função do tempo, igual a zero para t < 0. Pode-se observar esse a seguir. FIGURA 5 – FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO FONTE: O Autor Através da Equação 2.1, podemos substituir f(t) por qualquer função matemática linear que você precise utilizar. Dessa forma, é usual um quadro de transformadas de Laplace. Equação 2.1 Equação 2.2 Equação 2.3 Equação 2.4 18 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM QUADRO 1 – TRANSFORMADAS DELAPLACE f(t) F(s) Função degrau unitário – u(t) Função impulso unitário – δ(t) 1 Função rampa unitária – tu(t) e⁻ᵃᵗ sen ωt cos ωt tn u(t) e-at sen ωt e-at cos ωt te-at tn e-at senh ωt cosh ωt TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 19 1 - cos ωt ωt - sen ωt sen ωt - ωtcos ωt tcos ωt FONTE: O Autor Além da função degrau unitário, destacam-se as funções impulso, rampa, exponencial e seno. A função impulso unitário pode ser definida na equação 2.5. Graficamente, pode ser representada a seguir. Em (a), temos as Equação 2.5 20 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM representações de δ(t) e em (b) δ(t-a): FIGURA 6 – FUNÇÃO IMPULSO UNITÁRIO FONTE: O Autor A função rampa unitária tu(t) representa um sinal linearmente crescente. Matematicamente, sua definição é demonstrada pela equação 2.6. Equação 2.6 A seguir, apresenta-se a representação gráfica da rampa unitária. FIGURA 7 – FUNÇÃO RAMPA UNITÁRIA FONTE: Adaptado de Nise (2017) Outra função básica é a exponencial tn u(t), dada pela equação 2.7. Equação 2.7 TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 21 Na Figura 8, tem-se a representação gráfica. FIGURA 8 – FUNÇÃO EXPONENCIAL FONTE: O Autor Tais funções serão muito utilizadas a partir da Unidade 2, em que iniciaremos o estudo da análise de desempenho dos sistemas dinâmicos. No tópico seguinte, você conhecerá o software (Scilab) que utilizaremos para a simulação dos nossos sistemas dinâmicos. A maioria das funções apresentadas já está inserida no software, já no domínio da frequência, de uma forma muito prática de ser utilizada por você. ESTUDOS FU TUROS 4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA Seguindo nossa trilha para aprendermos a modelar sistemas, após a conversão das funções matemáticas para o domínio da frequência, é possível verificar que nossas funções foram escritas de forma simplificada. No momento, podemos apresentar o conceito da função de transferência de um sistema. Segundo Dorf e Bishop (2018), é a relação que descreve a dinâmica do sistema considerado. Para melhorar o entendimento, observe o esquema a seguir. FIGURA 9 – DIAGRAMA REPRESENTANDO UM SISTEMA LINEAR G(S) FONTE: O Autor 22 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Como mencionamos anteriormente, a função de transferência representa a relação entre a variável de saída e a de entrada de um sistema linear. Para exemplificar com valores numéricos, considere a seguinte equação diferencial: Equação 2.9 Equação 2.8 Aplicando a transformada de Laplace, obtemos a Equação 2.10: Equação 2.10 Organizando a equação, teremos: Equação 2.11 Logo, a função de transferência G(s) será: Equação 2.12 Com a determinação das funções de transferência, podemos organizar nosso sistema através de blocos, entre a entrada e saída determinadas. Chamamos de modelagem por blocos. 5 MODELAGEM POR BLOCOS Funções de transferência podem ser organizadas em diagramas de blocos, constituindo um método prático para a representação gráfica das relações entre as variáveis do problema a ser modelado. A prática da modelagem por blocos auxilia e facilita a modelagem de sistemas com diferentes graus de complexidade, pois as relações entre entrada, saída e sistemas são consideradas, além das operações e operadores matemáticos, representando os fluxos de sinais. A seguir, apresentaremos as representações básicas utilizadas na modelagem por blocos. 5.1 REPRESENTAÇÃO BÁSICA Segundo Nise (2017), alguns sistemas possuem diversos subsistemas. Assim, para realizar a conexão, podemos utilizar alguns elementos para cada ação acrescentada no diagrama de blocos. Esses novos elementos podem ser sinais, sistemas, somador e os pontos de ramificação. TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 23 Um elemento fundamental na modelagem por blocos é o somador, também denominado de junção de soma ou ponto de soma. Seu bloco é apresentado a seguir. FIGURA 10 – BLOCO SOMADOR, PONTO DE SOMA OU JUNÇÃO DE SOMA FONTE: Adaptado de Ogata (2010) O bloco somador é representado por um círculo com uma cruz no centro e os sinais indicando as operações de soma (+) ou subtração (-). Um ponto de ramificação ou derivação distribui o sinal oriundo de um bloco para outros blocos e somadores. Observe, a seguir, um diagrama de blocos com sinais, um bloco somador, um de sistema e um ponto de ramificação. FIGURA 11 – DIAGRAMA DE BLOCOS COM REPRESENTAÇÕES BÁSICAS DE UM SISTEMA EM MALHA FECHADA FONTE: Adaptado de Ogata (2010) A figura anterior, além de apresentar os blocos básicos de modelagem, mostra a representação de um sistema de malha fechada. Observe que o sinal de saída C(s) realimenta (fecha a malha) o sistema através do somador, sendo comparado com o sinal de entrada R(s). No caso, a saída C(s) será: Equação 2.13 24 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Agora, observe o diagrama de blocos a seguir. Foi acrescentado o bloco H(s) como um elemento de realimentação. Em sistemas reais, geralmente, esse elemento é um sensor que verifica o sinal de saída e o compara com o sinal de entrada. No caso, o sinal B(s) será: Equação 2.14 FIGURA 12 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISTEMA EM MALHA FECHADA COM ELEMENTO DE REALIMENTAÇÃO FONTE: Adaptado de Ogata (2010) Continuando a análise, o sinal E(s) nada mais é do que o erro atuante no sistema, medido através de H(s). No contexto, temos a chamada função de transferência de malha aberta, caracterizada pela relação entre os sinais B(s) e E(s), conforme a equação 2.15. Equação 2.15 Ainda, temos a função de transferência do ramo direto, obtida pela relação entre C(s) e E(s), equação 2.16. Equação 2.16 No entanto, a relação entre a entrada R(s) e a saída C(s) é denominada de função de transferência de malha fechada. Pode ser obtida através das relações entre os sinais. O sinal C(s) pode ser obtido pela equação 2.17, escrito da seguinte forma: Equação 2.17 O sinal de erro E(s): Equação 2.18 Substituindo a equação 2.15 na equação 2.18, obtemos: Equação 2.19 TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 25 Agora, substituída a equação 2.19 em 2.17, temos: Equação 2.20 Rearranjando a equação 2.20, para obter C(s) com uma relação em R(s), temos: Equação 2.21 Finalmente: Equação 2.22 5.2 DIAGRAMA DE BLOCOS EQUIVALENTE Conforme apresentado, podemos relacionar sinais e blocos de forma algébrica, obtendo nossas funções de transferência. Para sistemas mais complexos, ou seja, com elevada quantidade de elementos, pode-se agrupar esses elementos no próprio diagrama, simplificando o sistema a ser modelado. Dorf e Bishop (2018) apresentam a transformação do diagrama de blocos a partir do agrupamento entre vários blocos, ocasionando um diagrama equivalente, conforme exemplificado a seguir. A seguir, em (a), temos um diagrama com blocos em série, que pode ser chamado de sistema em cascata. Através dos sentidos dos sinais e blocos, pode haver condensação no diagrama em (b). FIGURA 13 – BLOCO EM CASCATA – (A) ORIGINAL (B) EQUIVALENTE FONTE: O Autor A seguir, em (a), temos uma malha fechada com bloco de realimentação. Esse diagrama pode ser reduzido ao diagrama equivalente de (b). Observe a seguir. FIGURA 14 – BLOCO DE REALIMENTAÇÃO – (A) ORIGINAL (B) EQUIVALENTE FONTE: O Autor 26 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM FIGURA 15 – BLOCOS DO SOFTWARE SCILAB/XCOS – (A) SOMADOR (B) SISTEMA FONTE: O Autor 6 MODELAGEM DE SISTEMAS FÍSICOS Nos Capítulos 2 e 3, apresentamos como as propriedades físicas e suas respectivas equações matemáticas são utilizadas para a modelagem do comportamento dinâmico dos diversos sistemas. No contexto, há uma estratégia muito eficaz para a modelagem dos diversos sistemas existentes na natureza: através de sistemas físicos equivalentes. Com essa estratégia, podemos realizar a modelagem de sistemas simples e complexos através de elementos físicos básicos com características e equações matemáticas bem definidas. Nos itens a seguir, apresentaremos equações representando comportamentos de dissipação e armazenamentode energia. Por exemplo, para sistemas mecânicos, teremos a representação de massa, mola e amortecedor; para sistemas elétricos, resistências, indutâncias e capacitâncias; para sistemas térmicos, diferença de temperatura, fluxo térmico, resistência e capacitância térmica e; para sistemas fluídicos, a diferença de pressão, vazão volumétrica, resistência e capacitância fluídica, tornando a modelagem mais prática para sua implementação e posterior simulação. 6.1 SISTEMA MECÂNICO As propriedades e leis físicas que representam os sistemas mecânicos abordam inércia, rigidez e energia, com destaque para as Leis de Newton e de Hooke (KLUEVER, 2018). Diversos softwares utilizados para modelagem e simulação de sistemas já possuem Toolbox para modelagem através de blocos. O software que utilizaremos a seguir possuí um Toolbox chamado de Xcos. Ainda, há um exemplo de um bloco somador (a), além de um bloco de sistema (b). NOTA TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 27 Para simplificar e abordar os diferentes contextos envolvendo sistemas mecânicos, são utilizados diversos componentes ou elementos físicos para a modelagem, tais como: massa, mola, amortecedor e inércia. São descritos por equações diferenciais e algébricas de força, velocidade e deslocamento. A representação dos sistemas mecânicos divide-se em sistemas em translação (ou translacionais) e rotação (ou rotacionais). 6.1.1 Sistemas mecânicos em translação Os sistemas mecânicos em translação serão representados por elementos físicos, quanto ao seu comportamento em relação à energia. Na primeira coluna do quadro a seguir, temos três elementos físicos ou componentes passivos. A mola e a massa armazenam energia, e o amortecedor dissipa. QUADRO 2 – ELEMENTOS FÍSICOS E SUAS EQUAÇÕES DESCRITIVAS DE SISTEMAS MECÂNICOS EM TRANSLAÇÃO Elemento Físico ou Componente Equação Descritiva no Domínio do Tempo Força em relação à velocidade Força em relação ao deslocamento Mola Amortecedor Massa FONTE: O Autor A seguir, são apresentadas as variáveis e suas respectivas unidades. QUADRO 3 – VARIÁVEIS E UNIDADES DE SISTEMAS MECÂNICOS EM TRANSLAÇÃO Variáveis Unidade (SI) f(t)- força N – Newton x(t)- deslocamento m – metro v(t)- velocidade m/s – metro/segundo K- constante de mola N/m – Newton/metro fv- coeficiente de atrito viscoso N.s/m – Newton.segundo/metro M – massa kg – quilograma FONTE: O Autor 28 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Em nosso material, é possível observar um exemplo de um sistema com os três elementos físicos de sistemas mecânicos em translação, o denominado diagrama de corpo livre. Observe o sentido do deslocamento x(t) e a força f(t). FIGURA 16 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE: SISTEMA MASSA-MOLA-AMORTECEDOR FONTE: Adaptado de Nise (2017) É possível representar esse sistema através de uma equação de movimento, considerando o lado direito para caracterizar o movimento. Agora, observe a figura a seguir. Nela, temos o diagrama de corpo livre, porém, acrescentando três forças que agem sobre ele no sentido contrário, provocadas pela massa, amortecedor e mola. FIGURA 17 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE: REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS ATUANTES FONTE: Adaptado de Nise (2017) De acordo com a Lei de Newton, esse sistema mecânico pode ser representado por uma equação diferencial de movimento, através da somatória das forças atuantes igual a zero, incidentes sobre o corpo livre. Tal representação resulta na equação a seguir: Equação 4.1 Agora, utilizando os conceitos apresentados, vamos converter a Equação 4.1 para o domínio da frequência e fazer a representação do sistema em diagrama de blocos. Aplicando a transformada de Laplace em 4.1, teremos: Equação 4.2 TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 29 Resultando na função de transferência do sistema, conforme a equação 4.3. Equação 4.3 A função de transferência é representada a seguir, em forma de diagrama de blocos correspondente do sistema massa-mola-amortecedor. FIGURA 18 – DIAGRAMA DE BLOCOS: SISTEMA MASSA-MOLA-AMORTECEDOR FONTE: O Autor 6.1.2 Sistemas mecânicos em rotação Os sistemas de rotação também podem ser descritos por elementos físicos mola e amortecedor, porém, a massa é substituída pela inércia. As funções são diferentes dos sistemas de translação em virtude do sentido do movimento, agora sujeitos à rotação. Dessa forma, o torque T(t) substitui a força e o deslocamento angular θ(t) substitui o deslocamento de translação. A seguir, reunimos os elementos físicos e as respectivas equações descritivas em função do torque, deslocamento e velocidade angular. QUADRO 4 – ELEMENTOS FÍSICOS E SUAS EQUAÇÕES DESCRITIVAS DE SISTEMAS MECÂNICOS EM ROTAÇÃO Elemento Físico ou Componente Equação Descritiva no Domínio do Tempo Torque em relação à velocidade angular Torque em relação ao deslocamento angular Mola Amortecedor Inércia FONTE: O Autor 30 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM A seguir, são apresentadas as variáveis utilizadas nas equações descritivas e suas respectivas unidades. QUADRO 5 – VARIÁVEIS E UNIDADES DE SISTEMAS MECÂNICOS EM ROTAÇÃO Variáveis Unidade (SI) T(t)- torque N.m – Newton.metro θ(t)- deslocamento angular rad - radianos ω(t)-velocidade angular rad/s-radiano/segundo K-constante de mola N/m – Newton.metro/radiano D- coeficiente de atrito viscoso N.m.s/rad – Newton.metro.segundo/radiano J- inércia Kg.m2- quilograma.metro2 FONTE: O Autor 7 SISTEMA ELÉTRICO Agora, temos equações descritivas que você já conhece de disciplinas estudadas anteriormente, desde o início do curso. Os elementos físicos que caracterizam os circuitos elétricos são componentes passivos, como resistor, capacitor e indutor, e as leis físicas utilizadas são as Leis de Kirchhoff. Assim como os demais sistemas físicos, os componentes elétricos são divididos entre os que dissipam e os que armazenam energia. A seguir, apresentamos os elementos e as diversas equações descritivas. O resistor é um elemento físico dissipativo e os capacitores e indutores são elementos que armazenam energia. QUADRO 6 – ELEMENTOS FÍSICOS E SUAS EQUAÇÕES DESCRITIVAS DE SISTEMAS ELÉTRICOS Elemento Físico ou Componente Equação Descritiva no Domínio do Tempo Tensão em relação à corrente elétrica Corrente em relação à tensão elétrica Tensão em relação à carga Capacitor Resistor Indutor FONTE: O Autor TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 31 A seguir, são apresentadas as variáveis utilizadas nas equações descritivas e suas respectivas unidades. QUADRO 7 – VARIÁVEIS E UNIDADES DE SISTEMAS ELÉTRICOS Variáveis Unidade (SI) v(t)-Tensão elétrica V- Volt i(t)-Corrente elétrica A - Ampere q(t)-Carga elétrica Q - Coulombs C- Capacitância F - Farad R- Resistência - Ohm L- Indutância H - Henry FONTE: O Autor Considere o circuito RLC apresentado a seguir, cujo comportamento é regido pelas Leis de Kirchhoff. Dessa forma, a somatória das tensões na malha é igual a zero. FIGURA 19 – CIRCUITO RLC FONTE: Adaptado de Nise (2017) Assumindo essa premissa, podemos representar o modelo do circuito pela equação diferencial a seguir. Equação 4.4 Para determinarmos a função de transferência do sistema, relacionando a tensão de entrada v(t) e a tensão no capacitor vc(t), devemos considerar que e substituir na equação 4.4, resultando na equação 4.5 a seguir. Equação 4.5 32 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Considerando a equação que representa a relação tensão-carga para o capacitor, porém reescrevendo em função vc(t), temos: ) Equação 4.6 Então, substituindo a equação 4.6 em 4.5, temos: Equação 4.7 Aplicando a transformada de Laplace na equação 4.7, obtemos o modelo no domínio da frequência. Equação 4.8 Resultando na função de transferência do sistema, conforme a equação 4.9. Equação 4.9 A função de transferência é representada a seguir, na forma de diagrama de blocos correspondente ao sistema do circuito RLC. FIGURA 20 – DIAGRAMA DE BLOCOS - CIRCUITO RLC FONTE: O Autor 8 SISTEMATÉRMICO Os sistemas térmicos também são caracterizados por elementos físicos semelhantes aos demais sistemas apresentados nos itens anteriores. No caso, a resistência térmica que dissipa e a capacitância térmica que armazena energia. A seguir, são apresentados os elementos físicos e as equações descritivas em função da diferença de temperatura ∆T(t) e do fluxo térmico q(t). TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 33 QUADRO 8 – ELEMENTOS FÍSICOS E SUAS EQUAÇÕES DESCRITIVAS DE SISTEMAS TÉRMICOS Elemento Físico ou Componente Equação Descritiva no Domínio do Tempo Diferença de temperatura em relação ao fluxo térmico Fluxo térmico em relação à diferença de temperatura Resistência térmica Capacitância térmica FONTE: O Autor A seguir, são apresentadas as variáveis utilizadas nas equações descritivas e suas respectivas unidades. QUADRO 9 – VARIÁVEIS E UNIDADES DE SISTEMAS TÉRMICOS Variáveis Unidade (SI) ∆T(t)- Diferença de temperatura °C - Celsius q(t)- Fluxo térmico Kcal/s Rt- Resistência térmica °C s/kcal Ct- Capacitância térmica Kcal/°C FONTE: O Autor 9 SISTEMA FLUÍDICO Os principais componentes de sistemas fluídicos são a resistência fluida, que dissipa energia, e a capacitância fluida, que armazena energia. A seguir, além dos componentes, apresentamos as equações descritivas no domínio do tempo, caracterizadas pelas funções da vazão volumétrica e diferença de pressão. QUADRO 10 – ELEMENTOS FÍSICOS E SUAS EQUAÇÕES DESCRITIVAS DE SISTEMAS FLUÍDICOS Elemento Físico ou Componente Equação Descritiva no Domínio do Tempo Vazão volumétrica em relação à diferença de pressão Diferença de pressão em relação à vazão volumétrica Resistência fluida Capacitância fluida FONTE: O Autor 34 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM A seguir, são apresentadas as variáveis utilizadas nas equações descritivas e suas respectivas unidades. QUADRO 11 – VARIÁVEIS E UNIDADES DE SISTEMAS FLUÍDICOS Variáveis Unidade (SI) ∆P(t)- Diferença de pressão Pa - Pascal Q(t)- Vazão volumétrica m3/s Rf- Resistência fluida Cf- Capacitância fluida FONTE: O Autor TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 35 A HISTÓRIA DOS SISTEMAS DE CONTROLE Os sistemas de controle com realimentação são muito antigos. Diversos sistemas de controle biológicos foram formados nos primeiros habitantes do nosso planeta. Vamos agora contemplar uma breve história dos sistemas de controle projetados pelos seres humanos. Controle de Nível de Líquido – os gregos começaram a engenharia de sistemas com realimentação por volta de 300 a.C. Um relógio de água, inventado por Ktesibios, funcionava através do gotejamento de água, a uma taxa constante, em um recipiente de medição. O nível de água no recipiente de medição podia ser usado para informar o tempo decorrido. Para que a água gotejasse a uma taxa constante, o nível do reservatório de alimentação teria de ser mantido constante. Isso foi conseguido usando-se uma válvula de boia semelhante à do controle de nível de água da caixa de descarga dos vasos sanitários atuais. Logo depois de Ktesibios, a ideia do controle do nível de líquido foi aplicada a uma lâmpada a óleo por Philon de Bizâncio. A lâmpada consistia em dois reservatórios de óleo posicionados verticalmente. A bandeja inferior era aberta no topo e fornecia o combustível para a chama. A taça superior, fechada, era o reservatório de combustível para a bandeja inferior. Os reservatórios eram interconectados por dois tubos capilares e mais outro tubo, chamado transportador vertical, que era inserido dentro do óleo na bandeja inferior, imediatamente abaixo da superfície. À medida que o óleo queimava, a base do transportador vertical era exposta ao ar, o que forçava o óleo do reservatório superior a fluir através dos tubos capilares para a bandeja. A transferência de combustível do reservatório superior para a bandeja parava quando o nível anterior de óleo na bandeja era restabelecido, impedindo, assim, o ar de entrar no transportador vertical. Consequentemente, o sistema mantinha o nível de líquido no reservatório inferior constante. Controles de Pressão do Vapor e de Temperatura – a regulação da pressão do vapor começou por volta de 1681, com a invenção da válvula de segurança por Denis Papin. O conceito foi aprimorado, aumentando o peso do topo da válvula. Se a pressão ascendente oriunda da caldeira excedesse o peso, o vapor era liberado, e a pressão diminuía. Caso ela não excedesse o peso, a válvula não abria e a pressão no interior da caldeira aumentava. Assim, o peso no topo da válvula determinava a pressão interna na caldeira. Também no século XVII, Cornelis Drebbel, na Holanda, inventou um sistema de controle de temperatura puramente mecânico para a incubação de ovos. O dispositivo utilizava um frasco com álcool e mercúrio com uma boia em seu interior. A boia estava conectada a um registro que controlava uma chama. Uma parte do frasco era inserida na incubadora, para medir o calor gerado pela chama. À medida que o calor aumentava, o álcool e o mercúrio se expandiam, elevando a boia, fechando o registro e reduzindo a chama. Temperaturas mais baixas faziam com que a boia descesse, abrindo o registro e aumentando a chama. LEITURA COMPLEMENTAR 36 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM Controle de Velocidade – em 1745, o controle de velocidade foi aplicado a um moinho de vento por Edmund Lee. Ventos mais fortes fletiam as pás mais para trás, de modo que uma área menor ficava disponível. À medida que o vento diminuía, uma área de pás maior ficava disponível. William Cubitt aperfeiçoou a ideia em 1809, dividindo as velas do moinho em abas móveis. Também no século XVIII, James Watt inventou o regulador de velocidade de esferas para controlar a velocidade de motores a vapor. Nesse dispositivo, duas esferas giratórias se elevam à medida que a velocidade de rotação aumenta. Uma válvula de vapor conectada ao mecanismo das esferas fecha com o movimento ascendente das esferas e abre com o movimento descendente, regulando, assim, a velocidade. Estabilidade, Estabilização e Direção – a teoria de sistemas de controle, como conhecida atualmente, começou a se sedimentar na segunda metade do século XIX. Em 1868, James Clerk Maxwell publicou o critério de estabilidade para um sistema de terceira ordem baseado nos coeficientes da equação diferencial. Em 1874, Edward John Routh, utilizando uma sugestão de William Kingdon Clifford, que tinha sido ignorada anteriormente por Maxwell, foi capaz de estender o critério de estabilidade para os sistemas de quinta ordem. Em 1877, o tema para o prêmio Adams foi “O Critério da Estabilidade Dinâmica”. Em resposta, Routh submeteu um trabalho intitulado Um Tratado sobre a Estabilidade de um Determinado Estado de Movimento e conquistou o prêmio. Esse trabalho contém o que é conhecido atualmente como o critério de estabilidade de Routh-Hurwitz. Alexandr Michailovich Lyapunov também contribuiu para o desenvolvimento e a formulação das teorias e práticas atuais da estabilidade dos sistemas de controle. Aluno de P. L. Chebyshev, na Universidade de St. Petersburg, na Rússia, Lyapunov estendeu o trabalho de Routh para sistemas não lineares, em sua tese de doutorado em 1892, intitulada O Problema Geral da Estabilidade do Movimento. Durante a segunda metade do século XIX, o desenvolvimento de sistemas de controle se concentrou na direção e na estabilização de navios. Em 1874, Henry Bessemer, utilizando um giroscópio para medir o movimento de um navio, e aplicando a potência gerada pelo sistema hidráulico, deslocava o salão do navio para mantê-lo nivelado (se isso fez alguma diferença para os passageiros é incerto). Outros esforços foram feitos para estabilizar plataformas de armas e navios inteiros, utilizando pêndulos como sensores de movimento. Desenvolvimentos do Século XX – foi apenas no início do século XX que a condução automática de navios foi alcançada. Em 1922, a Sperry Gyroscope Company instalouum sistema automático de direção que utilizava elementos de compensação e controle adaptativo para melhorar o desempenho. Entretanto, boa parte da teoria geral utilizada atualmente é atribuída a Nicholas Minorsky, um russo nascido em 1885. Foi seu desenvolvimento teórico, aplicado à condução automática de navios, que levou ao que hoje chamamos de controladores proporcional, integral e derivado (PID), ou controladores de três modos. TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS 37 No fim da década de 1920 e início da década de 1930, H. W. Bode e H. Nyquist, da Bell Telephone Laboratories, desenvolveram a análise de amplificadores com realimentação. Essas contribuições evoluíram para as técnicas de análise e projeto. Em 1948, Walter R. Evans, trabalhando na indústria aeronáutica, desenvolveu uma técnica gráfica para representar as raízes de uma equação característica de um sistema com realimentação, cujos parâmetros variavam sobre uma faixa específica de valores. Essa técnica e os trabalhos de Bode e Nyquist formam a base da teoria. Aplicações Contemporâneas – atualmente, os sistemas de controle encontram um vasto campo de aplicação na orientação, navegação e controle de mísseis e veículos espaciais, como em aviões e navios. Por exemplo, os navios modernos utilizam uma combinação de componentes elétricos, mecânicos e hidráulicos para gerar comandos de leme em resposta a comandos de rumo desejado. Os comandos de leme, por sua vez, resultam em um ângulo do leme que orienta o navio. Encontramos sistemas de controle por toda a indústria de controle de processos, regulando o nível de líquidos em reservatórios, concentrações químicas em tanques, e a espessura do material fabricado. Por exemplo, considere um sistema de controle de espessura para uma laminadora de acabamento de chapas de aço. O aço entra na laminadora de acabamento e passa por rolos. Na laminadora de acabamento, raios medem a espessura real e a comparam com a espessura desejada. Qualquer diferença é ajustada por um controle de posição de um parafuso, este que altera a distância entre os rolos através dos quais passa a peça de aço. Essa alteração na distância entre os rolos regula a espessura. Os desenvolvimentos modernos têm presenciado uma utilização generalizada de computadores digitais como parte dos sistemas de controle. Por exemplo, computadores são utilizados em sistemas de controle de robôs industriais, veículos espaciais e na indústria de controle de processos. É difícil imaginar um sistema de controle moderno que não utilize um computador digital. Embora recentemente aposentado, o ônibus espacial fornece um excelente exemplo do uso de sistemas de controle, pois ele continha inúmeros sistemas de controle operados por um computador de bordo em regime de tempo compartilhado. Sem sistemas de controle, seria impossível orientar a nave para a órbita terrestre e da órbita terrestre, ou ajustar a órbita propriamente dita e manter o suporte à vida a bordo. Funções de navegação programadas nos computadores da nave utilizavam dados do hardware da nave para estimar a posição e a velocidade do veículo. A informação era passada para as equações de guiamento que calculavam os comandos para os sistemas de controle de voo da nave, os quais manobravam a espaçonave. No espaço, o sistema de controle de voo girava os motores do sistema de manobra orbital (OMS — orbital maneuvering system) para uma posição que fornecia um impulso na direção comandada para que fosse possível manobrar a nave. Na atmosfera terrestre, a nave era manobrada por comandos enviados do sistema de controle de voo às superfícies de controle, como os elevons. No grande 38 UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MODELAGEM sistema de controle representado pela navegação, orientação e controle, existiam inúmeros subsistemas para controlar as funções do veículo. Por exemplo, os elevons requeriam um sistema de controle para assegurar que a posição era, de fato, aquela que foi comandada, uma vez que perturbações, como o vento, poderiam girar os elevons, afastando-os de sua posição comandada. De modo análogo, no espaço, o giro dos motores de manobra orbital requeria um sistema de controle similar, assegurando que o motor de giro pudesse realizar sua função com velocidade e exatidão. Sistemas de controle também eram utilizados para controlar e estabilizar o veículo durante sua descida. Diversos pequenos jatos que compunham o sistema de controle de reação (RCS — reaction control system) eram utilizados inicialmente na exosfera, onde as superfícies de controle eram ineficazes. O controle era passado para as superfícies de controle à medida que a órbita decaía e a nave entrava na atmosfera. No interior da nave, diversos sistemas de controle eram necessários para a geração de energia e para o suporte à vida. Por exemplo, o veículo orbital possuía três geradores de energia de célula de combustível que convertiam hidrogênio e oxigênio (reagentes) em eletricidade e água, estas que eram utilizadas pela tripulação. As células de combustível envolviam o uso de sistemas de controle para regular a temperatura e a pressão. Os reservatórios de reagentes eram mantidos à pressão constante, à medida que a quantidade dos reagentes diminuía. Sensores nos reservatórios enviavam sinais para os sistemas de controle para ligar ou desligar os aquecedores, mantendo constante a pressão dos reservatórios (ROCKWELL INTERNATIONAL, 1984). Os sistemas de controle não estão limitados à ciência e à indústria. Por exemplo, um sistema de aquecimento de uma residência é um sistema de controle simples, composto por um termostato que contém um material bimetálico que se expande ou se contrai com a variação da temperatura. Essa expansão ou contração move um frasco de mercúrio que atua como interruptor, ligando ou desligando o aquecedor. A quantidade de expansão ou contração necessária para mover o interruptor de mercúrio é determinada pela regulagem de temperatura. Sistemas de entretenimento domésticos também têm sistemas de controle embutidos. Por exemplo, em um sistema de gravação de disco óptico, cavidades microscópicas, representando as informações, são gravadas no disco por um laser durante o processo de gravação. Durante a reprodução, um feixe de laser refletido focado nas cavidades muda de intensidade. As mudanças de intensidade da luz são convertidas em um sinal elétrico e processadas como som ou imagem. Um sistema de controle mantém o feixe de laser posicionado nas cavidades, estas que são cortadas na forma de círculos concêntricos. Existem inúmeros outros exemplos de sistemas de controle, do cotidiano ao extraordinário. À medida que iniciam seus estudos sobre a engenharia de sistemas de controle, você fica mais consciente da grande variedade de aplicações. FONTE: NISE, N. S. Engenharia de sistemas de controle. 7. ed. RJ: LTC, 2017. 39 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A modelagem matemática pode ser realizada utilizando princípios físicos e equações diferenciais ordinárias. • Em um sistema linear, admitindo que as condições iniciais sejam iguais a zero, a relação entre a transformada de Laplace da variável de saída e a transformada da variável de entrada é o que chamamos de função de transferência. • A variável s é denominada de variável de Laplace, utilizada como operador diferencial, conforme a equação: • A função de transferência representa a relação entre a variável de saída e a de entrada de um sistema linear. Logo, podemos escrever a função de transferência do diagrama a seguir conforme a equação: • O modelo de um circuito elétrico RLC é dado pela equação diferencial: • A representação no domínio da frequência e a respectiva função de transferência são: • O modelo do circuito RLC representado por blocos: 40 1 Enumere os passos para a elaboração de um diagrama de blocos de um sistema. 2 Qual é a diferença entre um sistema em malha aberta e um sistema em malha fechada? Exemplifique
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