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Processamento de produtos cárneos salgados: Charque, Jerked Beef, Carne de Sol Preservação de produtos cárneos por redução de aw ● Produtos cárneos de aw reduzida ● Processamento de carne salgada ● Qualidade funcional e estabilidade microbiológica Classificação dos produtos salgados e dessecados 1. Produtos com baixo teor de sal, sem qualquer preparo culinário antes do consumo Carne bovina - Biltong sul africano - Cecina de Leon - Pastirma daTurquia Carne suína - Prosciutto italiano - Jamón espanhol - Jambom francês 2. Produtos cárneos salgados e dessecados, que não necessitam de dessalga, preservados por curtos períodos de tempo, à temperatura ambiente, mas precisam ser cozidos antes do consumo (Carne serenada, carne de viagem, carne de paçoca, carne-mole, cacina) 3. Produtos cárneos salgados intensamente e dessecados, que necessitam de dessalga e cocção para seu consumo. - Charque. - Jerked Beef brasileiros. - Charqui cubano e venezuelano (tasajo ou cecina). - Também conhecida como carne-de-sertão, xergão, tasajo, chalona. Por que salgar e dessalgar a carne? ● Inexistência de cadeia de frio - antigamente não se tinha muitas geladeiras ● Excedente de produção ● Valor agregado ● Hábitos alimentares típicos Papel do sal na conservação da carne: redução da Aw NaCl reduz atividade de água pela capacidade dos íons Na e Cl ligarem-se à água livre presente na carne. Choque osmótico resultante da perda de água pela adição de sal, levando à morte celular ou retardamento no crescimento celular. Para muitos microrganismos, tem sido sugerido que sal limita a solubilidade do O2, interfere nas enzimas celulares ou força a célula a gastar energia para excluir íons sódio da célula, reduzindo todos esses fenômenos na taxa de crescimento celular (Shelef and Seiter,2005). Requisitos de layout para processamento de carnes salgadas ● Área de recepção de matérias-primas e desossa ● Área de salga úmida e seca ● Área de lavagem ● Área coberta para secagem ● Área livre de secagem – varais (opcional) ● Área de embalagem e expedição Seleção de matérias-primas ● Ética e segurança na seleção de matérias primas cárneas bovinas. ● Carnes salgadas são altamente suscetíveis a defeitos de qualidade de matérias primas e ingredientes de baixa qualidade. ● Matérias primas inspecionadas. ● Cuidados especiais com carnes congeladas e sinais de putrefação ao descongelamento. ● Ausência de contaminantes químicos e físicos. Qualidade da água e sal ● Contaminantes do sal: Halofílicos ○ Alguns microrganismos conseguem sobreviver/desenvolver em concentrações de sal moderada ou elevada (halofílicos e halotolerantes). ○ Aspergillus, Penicillium, Serratia, staphylococcus ● Uso comum de sal grosso com granulometria variando entre 2 a 7 mm ● Água sem poluentes, matéria orgânica e contaminantes químicos Aw Teor de umidade Teor de cinzas Teor de NaCl Matérias primas cortadas em: Cortes preferenci ais Carne de sol próxima a 0,94 64-70% 5-6% Mantas 3-4 cm Coxão mole Charque máx. 0,80 máx. 50% máx. 23% mín. 12% Mantas 5 cm Dianteiro e ponta de agulha Jerked Beef 0,80 60% máx. 25% mín. 12% Espessas Dianteiro Carne de sol ● É um produto não reconhecido pelo SIF ● Produzido em regiões semiáridas e muito secas ● Produto artesanal em origem ● Caracterizado por concentrações de sal entre 5-6% e de umidade 64-70%. ● Aw final próxima a 0,94 ● Tempo de vida útil próximo a 3-4 dias a temperatura ambiente. Carne de sol é um produto cárneo salgado, parcialmente desidratado e com tempo de prateleira curto (3 a 4 dias em temperatura ambiente), que é consumida em grande escala no nordeste brasileiro. Por se tratar de um produto artesanal e ter grande diversidade de processos de produção regionalmente, a carne-de-sol tem características sensoriais, cor, odor e sabor, e tempos de conservação muito distintos. Processamento da Carne de sol 1. Coxão-mole é o corte mais apreciado 2. Os cortes individuais são manteados na espessura de 3 a 4 cm - incisões parciais a cada três centímetros para facilitar a penetração do sal no interior do músculo e a perda de umidade para o ambiente 3. A salga seca é o tipo empregado na preparação da carne-de-sol; na primeira fase, a fase ativa, o preparo é feito generosa quantidade de sal nas peças, que pode ser grosso ou fino; na segunda fase, a fase passiva, as peças de carne, já recobertas com sal, é disposta com a face gordurosa para baixo em esteiras ou estrados colocados sobre um tanque de concreto coberto que recolhe o exsudado das mantas. As peças são empilhadas em mantas e separadas umas das outras por uma camada de 3 mm de sal. A altura e dimensão das pilhas são variáveis, porém normalmente não ultrapassam 0,5 m de altura. 4. As mantas são refeitas e invertidas 4-6 horas depois do início, processo chamado de “tombamento”, onde desta vez a face cárnea fica voltada para baixo para permitir uma maior pressão sobre as peças de carne e para garantir uma penetração uniforme do sal. 5. Após o tempo de salga, que pode variar de 12 a 22 horas, dependendo da região do país, faz-se o processo de lavagem, que é o processo utilizado para remover o excesso de sal da superfície das peças de carne; Pode-se utilizar ácido lático e acético em solução de 1% na água de lavagem das peças, para diminuir o pH a 5,5 e reduzir os riscos de contaminação microbiológica. 6. A secagem da carne-de-sol é feita estendendo-se as peças sobre varais por um período de 8-14 horas com a camada de gordura voltada para cima, para dar uma característica peculiar ao produto. O local para realizar a secagem é normalmente coberto e com boa ventilação, pode conter véu em volta da área para diminuir a infestação de insetos. 7. Após a secagem as peças são embaladas e rapidamente enviadas para venda, já que tem vida de prateleira muito curta. 8. Normalmente são vendidas em quantidades de 30-40 kg envolvidas em sacos de juta amarrados firmemente com cordas. A embalagem não é feita em plástico porque o produto, mesmo após o período de secagem, ainda contém grande quantidade de água internamente, portanto a embalagem deve permitir a saída dessa água caso ocorra a exsudação. Charque RIISPOA: produto originário da carne bovina desossada, salgada pelo sal comum, maturada e dessecada. Charque é o produto obtido pela salga e secagem de carnes desossadas produzido sob condições que permitam sua conservação por longos períodos a temperatura ambiente. o charque pode ser transportado por longas distâncias. O Regulamento Técnico de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal define charque por carne bovina salgada e dessecada, que não deve conter mais de 45 % de umidade na porção muscular, nem mais de 15 % de resíduo mineral fixo total, tolerando-se até 5% de variação Processamento do charque 1. A matéria-prima cárnea para o processamento do Charque são cortes do dianteiro, cortadas na direção da fibra muscular em tiras de até 5 cm de espessura e podem conter pequenas incisões para facilitar a penetração do sal no músculo. As carnes utilizadas para fabricação do charque são: ponta de agulha, e dianteiros, podendo também ser fabricado com cortes como cupim, lagarto, dentre outros. 2. A salga úmida é realizada por imersão das peças em salmoura contendo entre 25-26,5 % de cloreto de sódio por em média 45 minutos em tanques de concreto de 80 cm de profundidade e com interior impermeável. As partes de carne imergidas na salmoura devem ser agitadas vigorosamente, com o uso de pás, 3. A etapa seguinte consiste na salga seca, que é realizada assim que as peças saem dos tanques de salga úmida. A carne é disposta em sala com chão de concreto com 1 cm de sal. O piso deve ser inclinado com queda para canais que escoam o suco exsudado da carne. As peças de carne devem ser dispostas em pilhas, com separação de 1 mm de sal entre elas. 4. A altura e espessura das pilhas não ultrapassam 1,50 m, pois a pressão sobre as camadas mais inferiores da pilha seria muito alta e causaria muita perda de peso nas peças. 5. Quando completasas carcaças devem ser cobertas com 2 cm de sal. Nesta etapa ocorre a difusão da água do interior do tecido muscular para a superfície, formando uma salmoura que escorre da pilha com uma concentração aproximada de 18 % de NaCl e uma Aw mínima estimada em 0,86, considerando apenas o cloreto de sódio 6. Após 24 horas do início da salga seca inicia-se a etapa chamada de ressalga, que consiste na reforma das pilhas, trocando a posição das mantas e recobrindo as mantas com nova camada de sal, a fim de que a manta inferior da pilha inicial seja a superior da nova formada. Esta etapa é necessária para aumentar a penetração de sal e a perda de água. 7. A próxima operação é a de tombagem em que as mantas são transferidas para pedras, em direção ao fundo do galpão de salga, a cada 24 ou 48 horas. Esta etapa tem por objetivo a equalização da pressão das peças durante o processamento. Os tombos ocorrem geralmente em número de quatro, e ocorre a inversão da posição das mantas nas diversas pilhas. 8. A lavagem das mantas é a etapa que precede a tombagem, e consiste na retirada do excesso de sal da superfície das mantas. A água usada na lavagem pode ser tratada com ácido lático, acético ou hiperclorada, para que o pH fique abaixo de 5,5 e não ocorra proliferação de microrganismos. 9. As peças após receberem a lavagem são prontamente enviadas à secagem, que, se o tempo for favorável, é feita sob o sol. Os varais são construídos no sentido norte-sul para que as mantas recebam sol dos dois lados ao longo do dia. Temperaturas acima de 40 °C na superfície da carne devem ser evitadas. A face de carne é disposta para cima para que não ocorra alterações muito intensas na parte gordurosa da peça. 10. Após receberem sol ao longo do dia as mantas são empilhadas e cobertas com lonas impermeáveis para evitar a penetração de umidade e perda de calor, necessário para que as reações de proteólise e lipólise, responsáveis pelo aroma característico do produto, ocorram. O ato de cobrir as peças é chamado de abafamento, e é importante também para que a umidade interna da carne migre até a superfície ressecada pela exposição ao sol durante o dia e tenha um equilíbrio na umidade da peça, para que no dia seguinte a retirada de umidade seja eficiente. Este processo dura de 4 a 5 dias, chamado de 4 a 5 sois, tempo necessário para que o charque atinja a umidade estabelecida na legislação. 11. Recentemente, foram introduzidas novas estufas para a dessecação de carnes bovinas salgadas, semelhantes às utilizadas em horticultura e floricultura, que parecem sanar as limitações das antigas estufas. As novas estufas são erigidas em áreas externas, utilizando o sol para o aquecimento do ar e dessecação das mantas penduradas em estruturas especiais ou nos varais tradicionais. Fechadas com plástico transparente, deixam passar a luz do sol, o que produz uma coloração amarelo dourada na superfície da gordura. Construídas com estrutura metálica zincada a fogo, são dotadas de grandes ventiladores axiais para a circulação forçada e homogeneização do ar de dessecação. 12. Após a finalização do processo as mantas podem ser consideradas prontas e são enviadas para a área de embalagem. As mantas são prensadas, cortadas de acordo com o peso desejado e embaladas em embalagens plásticas, muitas vezes com uso de vácuo, e finalmente colocadas em caixas de papelão. Desossa ● Dianteiros e traseiros desossados sem a habitual separação de cortes e transformados em mantas com espessura uniforme. ● Quartos dianteiros, traseiros e ponta de agulha. ● Temperaturas controladas: ambiente: 12-15oC; cortes: 8oC. ● Remoção de aparas de gordura cujo excesso dificultam a penetração do sal. ● Cortes realizados com profundidade calculada para evitar transfixar a peça; partes mais espessas devem ser seccionadas para facilitar a salga (~5-6cm). Seleção de corte ● É desejável teor de gordura subcutânea e intramuscular na porção selecionada para evitar elevada desidratação e perda das propriedades organolépticas (endurecimento). ● O alto teor de ácidos graxos insaturados é indesejável pois a rancificação oxidativa é intensa. ● Em carne de sol, esse fator é menos importante. Tipos de salga De acordo com a força iônica aplicada (relacionada à quantidade de sal ou saturação da salmoura) Salga Úmida ● Carne é exposta em tanques com salmouras contendo entre 25-26,5% de NaCl, além dos cloretos e sulfatos de cálcio e magnésio, impurezas do sal marinho por ~50 min – queima da carne. ● Técnicas de injeção e tumbleamento reduzem o tempo de salga para 15-20 min (usadas em Jerked beef). As mantas salgadas em tanques têm espessura em torno de 2,5 cm e as tumbleadas, 5-6 cm. ● Durante sua utilização, a salmoura incorpora fosfatos de potássio e cálcio e magnésio, ácido lático, glicídios, aminoácidos, proteínas e outras substâncias extraídas das carnes. ● A atividade de água da salmoura, estimada entre 0,77-0,76 impede a multiplicação de S. aureus presentes nas superfícies das mantas (Aw mín. para S. aureus é 0,86). ● Aw de salmouras puras saturadas de NaCl: 0,753 Salga Seca ● Pilhas: camadas de mantas interligadas por camadas de sal grosso (~ 1,6m) por 24 a 48 horas ● Sistema de drenagem para recuperação da salmoura ● Ressalga: inversão das pilhas para uniformizar a salga: tombamentos. ● Pilha de volta: após 24hs, a pilha retorna à posição de origem, encerrando- se aqui a operação de salga seca. A partir, seguem-se os tombos. ● Ocorre a difusão da água no interior do tecido muscular para a superfície, formando uma salmoura que escoa da pilha com uma concentração aproximada de 18% de NaCl e uma Aw mínima estimada em 0,86, considerando apenas NaCl. ● As mantas são colocadas sobre uma plataforma de alvenaria com 20cm de deslocamento do chão, com a parte gorda para baixo e deposição de sal em camadas.As pilhas não devem ter mais que 1,60m. ● Após 24-48 horas, realiza-se a re-salga, sendo transferida para a próxima pedra em repetições até que a última camada se torne a primeira na pedra. Cuidados especiais na salga úmida e seca ● A salmoura deve ser testada a cada hora quanto à temperatura e concentração. ● Na salga seca, a espessura da camada de sal grosso e das peças de carne devem ser controladas para permitir a saída de água e drenagem de suco celular associado – em geral, cada manta tem 0,5 cm de sal grosso intercalado. ● A altura das mantas não deve exceder 1,5-1,8m e a camada de sal de cobertura deve ser de aproximadamente 2,0 cm. ● O uso de prensas reduz esse controle e uniformiza as peças. Tombamento ● As ilhas devem ser movimentadas a cada 24 horas para uniformizar a concentração de sal ● Previne vermelhidão do charque e desenvolvimento de bactérias halo resistentes ● O número de tombamentos depende do clima, do tamanho das peças, mas deve ser no mínimo de 4. ● Perda de peso nessa fase varia entre 185 para carne agra e 20% para carne gorda Lavagem ● Antes da secagem, as peças devem ser lavadas para remover o excesso de sal da superfície. ● Usam-se tanques de aço inox com água corrente. ● A água deve ser refrigerada e tratada com ácido lático ou acético para abaixar o pH para ~5,5. Maturação ao sol e secagem Desenvolvimento de características sensoriais típicas ● Realizada em cabines cobertas e ventiladas e/ou em áreas abertas - varais. ● Etapa responsável pelas maiores contaminações. ● Recomenda-se não ultrapassar a temperatura de 40oC. ● As peças devem permanecer por um período de 4-5 dias (4-5 sóis). ● Processo de abafamento (noturno) ● Pilhas de inverno – processo alternativo. Jerked Beef Altos teores de umidade, presença de nitrito/nitrato e mantas mais espessas (Dianteiro), embalagem a vácuo, origem a produtos mais nobres (gastronomia seletiva para valor agregado) Processamento de Jerked Beef O processamento do jerked beef é muito semelhante ao do charque, exceto pela utilização de matéria-prima de melhor qualidade, injeção de salmoura com nitrito e nitrato de sódio e refrigeração nas etapas de salga seca e úmida, com posterior embalagema vácuo. ● Como se sabe, o Jerked Beef é obtido a partir da cura da carne salgada. A cura pode ser descrita com um processo pelo qual as carnes são preservadas pela salga. Ao mesmo tempo, os agentes de cura são usados assim como outros aditivos químicos. O processo de cura é um processo físico, bioquímico e bacteriológico complexo onde a carne absorve sal, agentes de cura e outros componentes do meio de cura e perde suas substâncias: proteínas, extratos, sais, vitaminas, água etc. para o meio de cura (GLEES, ● Vale a pena ressaltar que nem todas as carnes são adequadas a cura. Carne PSE (pálida, flácida e exsudativa) e carne DFD (escura, dura e seca) não são adequadas a produção de produtos curados de boa qualidade. Se a carne PSE for utilizada para esse produtos, uma aparência pálida a em muitos casos uma cor irregular ocorrerá entre os produtos. Devido ao baixo pH dessa carne e sua estrutura aberta o sal pode penetrar mais facilmente na carne e, portanto, os produtos são, algumas vezes, demasiadamente salgados. A carne DFD possui algumas características que a tornam inadequada para produtos curados. Os produtos dessa carne são de aparência muito escura e tem um valor de pH muito alto (cerca de 6,0). Portanto tem uma vida de prateleira curta. ● No processo de cura, o nitrito é adicionado na forma de sais de potássio ou sódio para preservar o aroma, fixar e conferir uma cor rósea avermelhada, característica de produtos curados e inibir o crescimento de microrganismos. O nitrito é obtido através da redução lenta do nitrato pela ação de bactérias redutoras, esse processo é, devido a sua lentidão, utilizado somente em produtos de cura longa ● Existem diversas explicações das propriedades bacteriostáticas do nitrito. As reações mais importantes são do óxido nítrico (NO), que é derivado do ácido nitroso, com os pigmentos hemo da carne. A presença de ácido nitroso garante o efeito bacteriostático do nitrito, visto que essa estrutura atua de maneira a inibir o crescimento de esporulados, principalmente o Clostridium botulinum, microorganismo alvo desse tipo de produto. ● O óxido nítrico é o principal produto de decomposição do nitrito adicionado, juntamente com a mioglobina na reação de cura. O óxido nítrico pode combinar-se com a metamioglobina originando a nitrosometamioglobina, que pode reduzir-se ao nitrosomioglobina (pigmento da carne curada sem ação do calor). Esta redução pode ser realizada na carne naturalmente (lento) ou por redutores adicionados na mistura de cura. ● O nitroso hemocromo é o pigmento final que devem ter todas carnes curadas submetidas ao aquecimento. Esta reação implica na desnaturação da parte protéica da mioglobina, mas fica intacta a estrutura hemo unida ao óxido nítrico. A cor do nitroso hemocromo é rosa, em contraste com o nitrosomioglobina que possui uma cor mais avermelhada. A cor do pigmento desnaturado (nitroso hemocromo) é mais estável do que o pigmento nitrosomioglobina. O nitroso hemocromo é estável ao calor, porém instável à luz e oxidações. ● O uso de açúcar, bem como de outros condimentos, atuam estimulando ou impressionando o paladar e mascarando o gosto amargo do nitrito. 1. No processamento de Jerked Beef, a carne bovina (matéria-prima) é desossada em sala própria para desossa (GOMEZ, 2006), a temperatura da sala não deverá ultrapassar 14oC (BRASIL, 1988); em seguida é adelgaçada e cortada em camadas de 3 a 5 cm denominadas “mantas”. Estas são submetidas a salga úmida, em sala de salmouragem (a temperatura da sala não deverá ultrapassar 15oC) (BRASIL, 1988), por meio de imersão em solução de salmoura com 25 % de cloreto de sódio e com nitrito e nitrato presentes para a cura, durante 40 minutos ou por injeção automática da solução salina 2. Durante os processos de cura seca e úmida, o sal e os agentes de cura penetram no produto de fora para dentro. Nas peças grandes de carne a penetração dessas substâncias é mais demorada. Pelo uso da cura por injeção essas dificuldades podem ser superadas. Nesse processo, uma única ou sistema de agulhas penetra no interior da carne. A salmoura é alimentada pela agulha sob pressão, usando-se uma bomba que pode ser um tanque simples mais um compressor ou uma máquina de injeção automática 3. Posteriormente a salga úmida, as mantas são intercaladas com sal grosso e empilhadas até altura máxima de 2 metros, etapa denominada de salga seca. Após período aproximado de 24 horas a ordem da pilha é invertida e sal grosso é reposto. As pilhas de carne são invertidas diariamente, durante 3 a 5 dias, procedimento conhecido como “tombo”. A etapa de salga seca deve ser realizada em sala com temperatura controlada que não deve ultrapassar 15oC 4. No final do último tombo, as mantas são lavadas para retirar o excesso de sal grosso superficial e levadas para exposição ao sol, em varais. Ocorre alternância da exposição das mantas ao sol com a cobertura das mesmas em lonas, fato caracterizado como “abafamento”. A cada 65 a 8 horas de exposição das mantas ao sol há intercalação das mesmas em lonas, entre 40 e 42 horas. Geralmente são empregados 3 ciclos de sol-abafamento para que o produto esteja apto ao consumo. Durante o processamento de jerked beef ocorre drástica redução da umidade, variando de 75 % para cerca de 45 %, sendo os principais fatores para a retirada e água do produto a elevada concentração salina na superfície e no interior do produto, temperatura e pressão mecânica durante o empilhamento. Além da atividade de água reduzida e diminuição da umidade do produto, o nitrito de sódio é um dos obstáculos mais importantes e comumente usados. Dentre suas ações (cor, sabor) a atividade antimicrobiana é mais importante, especialmente em relação a inibição de Clostridium botulinum. Características de processamento de Jerked Beef ● Exigência legal de salga climatizada a 15oC. ● Acondicionamento a vácuo do produto final. ● Uso de injetoras de salmoura de agulhas múltiplas em substituição à salga úmida, reduzindo a aw no interior da peça instantaneamente. ● Produtos salgados com maior espessura e propriedades sensoriais mais desejáveis. ● Tornou dispensável o manteamento das carnes e a operação de salga úmida contínua.
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