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2 O PARADIGMA FORDISTA

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- -1
PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO 
ESCOLARES
O PARADIGMA FORDISTA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Caracterizar o paradigma fordista como um padrão de acumulação capitalista, que conjuga um paradigma
tecnológico - o fordismo - e um modo de regulação - o Estado de Bem-Estar Social;
2. caracterizar o fordismo como um paradigma tecnológico, como uma forma de organização do trabalho e da
produção específica;
3. analisar o papel desempenhado pelo Estado de Bem-Estar Social no paradigma fordista e sua atuação na
manutenção do equilíbrio econômico da pós-guerra;
4. caracterizar a crise dos anos 70;
5. analisar criticamente a explicação neoliberal para a crise dos anos 70 e as propostas formuladas pelo
pensamento neoliberal para a superação da crise econômica;
6. analisar as mudanças políticas vividas pelos Estados após a crise dos anos 70;
7. identificar o novo cenário da economia mundial.
As transformações, atualmente em curso nos cenários econômico, político e social, têm sido analisadas por
diferentes correntes do pensamento teórico. Entre elas se destaca a interpretação da Escola de Regulação
Francesa, que adotamos nesta disciplina. Essa corrente teórica vê as transformações pelas quais o capitalismo da
atualidade vem passando como fruto não só do esgotamento de um regime de acumulação capitalista (que
emergiu na pós-guerra e se prolongou por mais de um quarto de século, até meados dos anos 70), o paradigma
fordista, como também da ascensão de um novo paradigma, o flexível. (CLARKE, 1991)
Dois conceitos são caros à Escola de Regulação Francesa:
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O paradigma fordista ou fordismo pode ser entendido como um r assentado sobre umegime de acumulação
uma forma específica de organizar o trabalho: o chamado . Esse paradigmaparadigma tecnológico fordista
tecnológico estava fundamentado numa produção e num consumo de massas, em economias de escala e a
produção se realizava em uma estrutura de base rígida, metal e mecânica. (CLARKE, 1991)
Esse regime de acumulação fordista estava associado a um determinado , a um marcomodo de regulação
institucional – o , que implementava amplos sistemas de seguridade social e atendiaEstado de Bem-Estar Social
a demandas sociais de vários tipos, regulando o processo de acumulação capitalista. (CLARKE, 1991)
Assim, o paradigma, ou regime de acumulação fordista, durante os 30 anos que se seguiram à segunda guerra
mundial, foi marcado pela presença do paradigma tecnológico fordista e por um conjunto de relações
econômicas, sociais e políticas (o Estado de Bem-Estar Social), que garantiu a conquista de um nível elevado de
produção e consumo, eficaz na preservação do processo de acumulação do capital.
São essas transformações que você estudará nesta aula e na próxima.
1 O Padrão de Acumulação Fordista e os Anos Dourados da 
Economia
Desde as últimas décadas do século XIX, o sistema capitalista vinha, em seu processo de expansão, concentração
e centralização, tentando sem sucesso generalizar um modelo de desenvolvimento mais equilibrado, sem tantas
crises. Após a segunda guerra mundial, a consolidação do paradigma fordista trouxe essa possibilidade.
De fato, Hobsbawm (1986) mostra que, no início século XX, havia uma crise estrutural no capitalismo,
decorrente das dificuldades de regulação do sistema. O Estado não conseguia regular o sistema, isto é, não
conseguia promover uma correspondência entre a estrutura produtiva, a estrutura de salários e os padrões de
consumo. Assim, nem tudo que era produzido era consumido. Os trabalhadores não tinham poder aquisitivo
suficiente. Segundo Mattoso (1995), o que ocorria era uma discrepância entre as demandas e a estrutura do
crescente complexo industrial e a relação salarial herdada do século XIX, que debilitava a situação dos
trabalhadores e estreitava o consumo. Quando se dá a reestruturação tecnológica e industrial na pós-guerra (o
fordismo), e se fortalece o movimento dos trabalhadores, é que são criadas as condições para a superação das
antigas relações salariais. Ocorre então uma elevação do poder aquisitivo dos salários, que se torna compatível
com o ritmo da acumulação e da produtividade, favorecendo a ampliação dos níveis de consumo.
Desta forma, só na pós-guerra é que o Estado de Bem-Estar Social, com seu modelo de gestão econômica e suas
políticas sociais e de pleno emprego, acaba por ser bem sucedido na regulação da acumulação capitalista,
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assegurando uma compatibilidade entre os níveis de produção, consumo e salários. Produção e consumo se
equilibram.
O fordismo, entendido como um regime de acumulação, marcou os cerca de 30 anos que se seguiram ao pós-
guerra nos países de capitalismo central. O fordismo atingiu seu ápice nas décadas de 50 e 60 e foi fruto da
articulação entre um padrão de estrutura produtiva e tecnológica (baseado nas conquistas da Segunda
Revolução Industrial e em formas específicas de organização do trabalho) e a introdução de mudanças no papel e
na estrutura do Estado.
Esse período foi denominado por muitos economistas de anos dourados e foi caracterizado por um conjunto de
relações econômicas, sociais e políticas que asseguraram a conquista de um nível elevado de produção,
consumo, produtividade e comércio que foram eficazes, durante quase 30 anos, na preservação do
processo de acumulação do capital.
Hobsbawm assinala que a chamada Era de Ouro “pertenceu essencialmente aos países capitalistas
desenvolvidos, que, por todas essas décadas, representaram cerca de três quartos da produção do mundo, e mais
de 80% de suas exportações manufaturadas”. (HOBSBAWM, 1995, p. 255).
De acordo com Singer (1996, p.9):
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Os anos dourados do capitalismo foram caracterizados por taxas elevadas, historicamente as mais
altas, de crescimento da produção e da produtividade, por pleno emprego e intenso aumento do
consumo. Esse período se iniciou com o fim da Segunda Guerra Mundial, e nele se operou, nos países
capitalistas adiantados, uma transformação fundamental: as classes trabalhadoras foram arrancadas
de sua pobreza ancestral e passaram a usufruir níveis de consumo (inclusive de escolaridade)
comparáveis aos das classes até então privilegiadas. Obviamente, os gastos e os investimentos
sociais, que constituíam o Estado de bem-estar social, foram extremamente importantes para esta
transformação.
Os anos dourados corresponderam a um período que se caracterizou por altas taxas de crescimento, por um
aumento na produtividade, pela elevação dos salários, pela redução nas taxas de desemprego, pela ampliação do
consumo e pela expansão dos sistemas de proteção ao bem-estar dos cidadãos.
2 O Paradigma Tecnológico Fordista
A estrutura produtiva que se consolida nesta fase apresenta as seguintes características:
A produção fordista, baseada na eletromecânica característica desta fase, de modo geral operava com
equipamentos rígidos, adequados à produção em larga escala e era provocadora de grande rotatividade da força
de trabalho. Adotava-se um processo de trabalho igualmente rígido, onde havia uma intensa divisão e
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fragmentação do trabalho, com acentuado controle da supervisão sobre o funcionamento de linhas de produção.
Os trabalhadores passavam a exercer tarefas específicas, fixas, repetitivas e monótonas, que significavam uma
real desqualificação (PINHEIRO, 1999).
Ford, em sua fábrica de automóveis, adota os princípios tayloristas de organização do trabalho, introduzidos
desde o fim do século XIX. O taylorismo é, portanto, anterior ao fordismo. Taylor buscou obter maior
produtividade, organizando racionalmente o trabalho na fábrica. A gerência pensava e os trabalhadores
executavam apenas uma pequena parcela do processo de trabalho, que era dividido de modo a aumentar a
produção. Para aumentar a produção, e consequentemente os lucros, Taylor dava prêmios aos operários que
produzissem mais e buscava ensinar os movimentos que cada operário deveria fazer para agilizar o processo de
produção.Se cada um fizesse os movimentos adequados, sem desperdício, não haveria tempos mortos
(intervalos) na produção e o número de peças produzidas aumentaria (CATTANI, 1997).
Taylor intensificava o trabalho pelo estudo dos tempos e movimentos realizados pelos trabalhadores, propondo
uma forma melhor, ideal, mais rápida e mais eficaz de realizar a atividade, eliminando os movimentos inúteis, os
tempos mortos. Com isso, garantia o nível de produção e os lucros desejados pelo capital. Assim, Taylor propôs a
intensificação do trabalho pela sua racionalização científica, pelo estudo dos tempos e movimentos dos
trabalhadores, eliminando os movimentos inúteis. O saber empírico extraído da habilidade operária é
transformado em saber codificado nos departamentos de métodos das empresas, voltando aos trabalhos sob a
forma de normas imperativas (CATTANI, 1997).
Veja, a seguir, os princípios do taylorismo:
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O fordismo, enquanto paradigma tecnológico, é um método de organização da produção e do trabalho
complementar ao taylorismo:
[...] que se caracteriza pelo gerenciamento tecnoburocrático de uma mão de obra especializada sob
técnicas repetitivas de produção de serviços ou de produtos padronizados. Como paradigma
gerencial, o fordismo surge no setor secundário da economia e mais especificamente na indústria
automobilística. Seu conteúdo é originado em uma fábrica de veículos, passando a fazer “escola” nos
demais setores econômicos (TENÓRIO, 2011, p.1.151).
Assim, Ford amplia a lógica taylorista, aplicando os princípios tayloristas nas produções em larga escala,
instituindo as linhas de montagem. Arrumados em fila, cada operário executa apenas uma parcela do trabalho.
Os operários não saem do seu posto de trabalho e a esteira leva o produto. Com a esteira mecânica, não era mais
necessário realizar os movimentos corretos, mas sim obedecer ao ritmo da esteira. Com a obediência ao ritmo da
esteira, eram eliminados os tempos mortos e o trabalho era intensificado. Quanto mais depressa a esteira se
movia, mais intenso era o ritmo de trabalho dos operários. No fordismo, a obrigação de respeitar os tempos
determinados não está mais ligada a esquemas de recompensa e prescrição, nem à adoção dos movimentos
“adequados”, como no taylorismo, mas à velocidade da esteira. O ritmo de trabalho é deslocado do individual
para o coletivo.
As principais características do fordismo são:
• Intensificação da separação entre concepção e execução do processo de trabalho.
• A atividade de concepção do processo de trabalho, o trabalho qualitativo, se realiza fora de linha 
produção.
• A execução do trabalho se dá mediante a realização de um trabalho fragmentado e repetitivo, que traz 
uma real desqualificação operária.
• Presença de salários elevados.
• Controle e disciplina fabris para eliminar a autonomia e o tempo ocioso.
• Produção de lotes de produtos padronizados.
• Consumo de massa.
• Máquinas rígidas.
• Velocidade e ritmo do trabalho estabelecidos pelas máquinas.
• Mecanização da produção em larga escala, tendo em vista o consumo de massas.
• Presença da linha de montagem, com a esteira mecânica, que garante o fluxo contínuo de peças e a 
redução de tempos mortos.
Em síntese é possível afirmar que:
[...] o fordismo se baseia na produção em massa de produtos homogêneos, utilizando a tecnologia
rígida da linha de montagem, com máquinas especializadas e rotinas de trabalho padronizadas
(tayloristas). Consegue-se uma maior produtividade através das economias de escala, assim como da
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desqualificação, intensificação e homogeneização do trabalho. Isto dá origem ao trabalhador de
massa, organizado em sindicatos burocráticos que negociam salários uniformes que crescem em
proporção aos aumentos na produtividade. Os padrões de consumo homogêneos refletem a
homogeneização da produção e fornecem um mercado para os bens de consumo padronizados,
enquanto os salários mais altos oferecem uma demanda crescente para fazer face à oferta crescente
(CLARKE, 1991, p.119).
O fordismo assim se consolida na indústria e, paulatinamente, se expande para o setor de serviços. Articulada à
produção em massa de produtos de consumo padronizados, a organização do trabalho fordista se impõe como
uma importante estratégia de racionalização da produção. O fordismo estava voltado para a produção em série
de produtos que envolviam a adoção de uma tecnologia mais complexa, lançando mão da introdução de
inovações tanto no produto quanto nas técnicas de montagem.
3 A Crise do Fordismo
A realidade do desenvolvimento das economias capitalistas dos anos dourados foi radicalmente alterada pela
crise que se iniciou nos anos 70. O dinamismo do padrão de industrialização esgotou-se, os mercados
internacionalizados saturaram-se, cresceu a financeirização da riqueza produzida, ampliou-se a concorrência
intercapitalista, o processo inflacionário foi iniciado e constatou uma retração dos investimentos. A elevação dos
preços do petróleo em 1973 contribui para a ampliação da crise. Deflagrada pelo esgotamento do bem-sucedido
período de acumulação capitalista, essa crise inaugurou uma nova fase do capitalismo e determinou profundas
transformações em todas as esferas da vida social (PINHEIRO, 1999).
A globalização e o domínio do capital financeiro predominam no mundo após os anos 70.
O capital financeiro comanda o sistema. São os bancos que passam a manter o domínio do capitalismo. Esse
processo é chamado de financeirização da economia, por oposição ao processo anterior, onde a indústria
predominava (processo de industrialização). Com o predomínio do capital financeiro, os Estados de Bem-estar
passam a arrecadar menos e não conseguem mais ter recursos para regular a sociedade e pagar o custo da
reprodução/manutenção da classe trabalhadora, isto é, desenvolver políticas sociais para estimular o consumo
da classe trabalhadora. É, portanto, uma crise do fordismo, entendida como um regime de acumulação.
Outras interpretações para a crise dos anos 70 foram realizadas. Dentre as várias explicações para essa crise,
atreladas às matrizes teóricas das várias tendências e correntes, é possível destacar a visão liberal-conservadora,
que faz parte do pensamento dominante e pode ser entendida como a versão mais frequentemente difundida
pelos neoliberais.
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4 O Novo Cenário Mundial
A crise dos anos 70, no plano político, condicionou a reforma do Estado e uma redefinição das relações do Estado
com a sociedade civil. No plano econômico, a crise teve como resposta uma série de mudanças na esfera da
produção e do trabalho, marcando uma nova etapa do processo de acumulação do capital.
A partir de meados dos anos 70, assiste-se a uma maior aceleração, concentração e mobilidade do capital que
vem impondo uma nova ordem nas relações econômicas entre as nações. Esse processo, denominado por muitos
de globalização econômica, a um só tempo dinamiza a economia, internacionalizando mercados e serviços
financeiros, e provoca novos arranjos estruturais, aprofundando as contradições sociais e políticas.
O novo cenário da economia mundial pode, em grandes linhas, ser caracterizado pela presença dos seguintes
elementos: revolução tecnológica (ancorada na incorporação da microeletrônica), redução do ritmo de
crescimento da produtividade e lucratividade das atividades industriais e mudança nos padrões de demanda
(que se tornam menos padronizados e mais diferenciados) (PINHEIRO, 1999).
O capitalismo torna-se mundializado. Ocorre a transnacionalização do capital e de seu sistema produtivo. O
mundo do trabalho torna-se cada vez mais transnacional.
Com a reconfiguração tanto do espaço quanto do tempo de produção, novas regiões industriais emergem e
muitas desaparecem, além de inserirem-se cada vez mais no mercado mundial, como a indústria automotiva, na
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qual os carros mundiais praticamente substituem o carro nacional. Esse processo de mundialização produtiva
desenvolve uma classe trabalhadoraque mescla sua dimensão local, regional, nacional com a esfera
internacional. Assim como o capital se transnacionalizou, há um complexo processo de ampliação das fronteiras
no interior do mundo do trabalho (ANTUNES, 2004, p. 341).
Assiste-se ao advento de uma nova organização social da produção, que passa a exigir formas distintas de
cooperação capitalista, agora marcadas pela necessidade de articulação e integração, ao mesmo tempo em que
determina a busca de estratégias de elevação da competitividade, mediante a utilização intensiva de tecnologia e
inovações nos processos de gestão do trabalho.
Nessa perspectiva, as atividades produtivas passam por um amplo processo de ajustamento, que envolve um
redirecionamento de suas estratégias de mercado e produção. Assim, convive-se com o questionamento dos
princípios fordistas de produção e com a introdução da produção flexível. O conjunto dessas mudanças
pressupõe: o abandono dos equipamentos dedicados e rígidos, a introdução de novas técnicas organizacionais e
mudanças na gestão da força de trabalho. Além disso, alteram-se as relações interfirmas, num movimento de
terceirização da produção e dos serviços (PINHEIRO, 1999).
A crise dos anos 70 acirrou a concorrência internacional e a realização de um processo de reestruturação
econômica e produtiva da economia mundial, que foi realizado “sob o comando dos países avançados e sob o
predomínio do capital reestruturado subsumido no movimento mais geral de gestão e realização da riqueza sob
dominância financeira”. (MATTOSO, 1995, p. 57). A financeirização da economia capitalista internacionalizada,
ao combinar-se com o processo de reestruturação, iniciou um processo de modernização que, ao mesmo tempo,
acentuou ganhos de produtividade e determinou uma distribuição desigual dos benefícios do progresso técnico.
Assim, o processo de reestruturação do capital ocorrido durante os anos 80 caracterizou um movimento de
transformações estruturais bastante contraditório. Por um lado, esse processo se baseou em novas tecnologias
que impactaram de forma abrangente as principais economias capitalistas, marcando o que muitos denominam
de Terceira Revolução Industrial. Por outro lado, essas mudanças tecnológicas tiveram um caráter restrito, isto
é, não só os seus custos foram pagos pela crise financeira dos Estados, pelos trabalhadores e pelos países
periféricos, como também seus benefícios ficaram restritos a determinados países, empresas e indivíduos. Essa
modernização conservadora acarretou uma transformação produtiva e tecnológica acompanhada de uma maior
heterogeneidade e desigualdade sociais (MATTOSO, 1995).
Cabe ressaltar que, embora a reestruturação tenha sua base material nos planos produtivo, tecnológico e da
organização industrial, esse processo vai ultrapassar os limites industriais e da própria empresa, passando a
abarcar o conjunto da estrutura econômica e da organização do trabalho.
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• As transformações econômicas e políticas que ocorrem no cenário mundial após a crise do fordismo, 
configurando um novo paradigma de acumulação: o paradigma flexível.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu os aspectos políticos e econômicos centrais que predominaram no cenário mundial durante o 
período que vai do pós-guerra à década de 80;
• viu como o paradigma fordista é entendido como um regime de acumulação capitalista que associa um 
padrão tecnológico a um modelo político, isto é, a uma forma específica de regulação estatal: o Estado de 
Bem-Estar Social. Como paradigma tecnológico, o fordismo pode ser entendido como um modo de 
organização da produção e do trabalho no qual estão presentes os seguintes elementos: a linha de 
montagem, a produção em massa de produtos padronizados, a desqualificação operária, a separação 
entre concepção e execução do processo de trabalho. O Estado de Bem-Estar Social assegura, com o 
desenvolvimento de políticas sociais, que essa produção em massa possa ser consumida, mantendo 
elevados os níveis de lucratividade e, por conseguinte, garante a continuidade do processo de acumulação 
capitalista;
• viu como o Estado de bem-estar desenvolvia uma política de pleno emprego e oferecia uma ampla rede 
de serviços sociais. Ele foi o responsável pela distribuição de benefícios sociais e criou as condições de 
possibilidade de universalização dos direitos sociais de cidadania. Por isso, os sindicatos e as classes 
trabalhadoras o legitimavam;
• aprendeu também que, com a crise dos anos 70 e a ascensão do neoliberalismo, ocorre uma série de 
mudanças no plano político. A globalização e o domínio do capital financeiro passam a predominar no 
mundo. O capital financeiro comanda o sistema. São os bancos que mantêm o domínio do capitalismo. 
Esse processo é chamado de financeirização da economia, por oposição ao do fordismo, onde a indústria 
era o centro irradiador da economia. Com o predomínio do capital financeiro, os Estados de Bem-estar 
passam a arrecadar menos e não conseguem mais ter recursos para regular a sociedade, isto é, para 
desenvolver políticas sociais a fim de estimular o consumo da classe trabalhadora. Vive-se, portanto, uma 
crise do fordismo, entendido como regime de acumulação, o que abre espaço para o surgimento de uma 
nova realidade: um novo modelo de regulação estatal e um novo modelo produtivo/tecnológico: o 
paradigma flexível.
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	Olá!
	
	1 O Padrão de Acumulação Fordista e os Anos Dourados da Economia
	2 O Paradigma Tecnológico Fordista
	3 A Crise do Fordismo
	4 O Novo Cenário Mundial
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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