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Gêneros_Concepções de leitura

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CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS 
DE LEITURA 
Pof. Fernando Magalhães da Silva 
 
 
2017 
FACULDADE ESTÁCIO DO AMAZONAS 
 
 
 
1. Leitura como extração do significado do texto 
 
• Essa concepção tem como foco o texto. 
 
• Nela concebe-se que o texto tem um significado preciso, exato 
e completo, que o leitor pode obter através do esforço e da 
persistência. 
 
• A leitura deve ser cuidadosa e acompanhada de dicionário 
sempre que surgir alguma dúvida em relação ao significado de 
alguma palavra, a adivinhação de palavras novas deve ser 
evitada porque a leitura é um processo exato e a compreensão 
não aceita aproximações. 
 
CONCEPÇÕES DE LEITURA 
 
 
• Essa concepção de leitura apresenta sérias limitações: 
 
• O verbo extrair não reflete o que realmente acontece 
na leitura, pois o conteúdo não se transfere do texto 
para o leitor, mas antes se reproduz no leitor, sem 
deixar de permanecer no texto. 
 
• Quando o leitor não compreende o texto, atribui-se-
lhe uma incapacidade cognitiva, linguística e cultural. 
2. Leitura como atribuição de significado ao texto 
 
• Essa concepção tem como foco o leitor. 
 
• Um mesmo texto pode dar margem a diferentes 
significados / interpretações dependendo da bagagem 
de experiências prévias do leitor. 
 
• Em outras palavras: leitores diferentes podem 
atribuir sentidos diferentes ao um mesmo texto. 
 
• O leitor relaciona o texto a outros textos já lidos. 
 
• A compreensão do texto pode ficar comprometida caso 
o leitor não tenha as habilidades e os conhecimentos 
necessários. 
 
3. Leitura como interação entre o leitor e o texto 
 
• O foco está na relação entre o leitor e o texto. 
 
• O sujeito leitor passa a interagir com o texto, 
relacionando-o às suas marcas individuais e as 
determinadas pelo lugar social de onde provém. 
 
• O leitor pode concordar com o autor ou rebelar-se contra 
ele. 
 
• A leitura é concebida como uma prática social. 
 
• A construção do sentido do texto é, portanto, uma 
negociação entre leitor e texto. O texto impõe limites à 
interpretação. 
 
 
LEITURA: 
 
“É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, 
conseguir relacioná-lo a todos os outros textos 
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de 
leitura que seu autor pretendia e, dono da própria 
vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra 
ela, propondo outra não prevista” (Lajolo apud Geraldi, p. 
91). 
O LEITOR COMPETENTE 
 
• O leitor competente compreende e interpreta textos escritos de 
diversos tipos com diferentes intenções e objetivos. 
• O leitor é um sujeito ativo que processa o texto lançando mão 
de seus conhecimentos, experiências e esquemas prévios. O 
bom leitor tem objetivos para a leitura, interroga-se sobre o 
conteúdo do texto e sobre a própria compreensão. 
• O leitor competente compreende o que lê, identifica elementos 
implícitos, relaciona o texto que lê a outros textos já lidos, 
justifica e valida a sua leitura a partir da localização de 
elementos discursivos. 
• Este amadurecimento só pode constituir-se mediante uma 
prática constante de leitura de textos diversos. 
 
ESTRATÉGIAS DE LEITURA 
 
 
• São procedimentos conscientes ou inconscientes utilizados 
pelo leitor para decodificar, compreender e interpretar o texto e 
resolver os problemas que encontra durante a leitura. 
 
• Cada texto requer uma estratégia de leitura, em função de sua 
especificidade, de seu conteúdo, de sua forma. 
 
• Assim, a formação de um leitor competente necessariamente 
passa pelo ensino de estratégias de leitura, pela prática em 
textos sociais, pelo desenvolvimento de uma autonomia no 
leitor para escolher a estratégia certa ao texto trabalhado. 
PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE LEITURA 
 
a) Seleção: 
Estratégia que permite ao leitor ater-se apenas ao que lhe é útil 
no texto, desprezando aquilo que é irrelevante. Por exemplo, na 
leitura de um jornal, onde através das manchetes, ou índice da 
primeira página, o leitor seleciona apenas aquilo que lhe 
interessa. 
 
b) Antecipação: 
Durante a leitura do texto, o leitor constrói hipóteses e previsões 
que poderão ser confirmadas ou refutadas ao longo do texto. 
Como no exemplo do texto no jornal, onde pelo título, o leitor já 
antecipa algumas predições sobre o texto. 
c) Inferência: 
Utilizando-se das pistas textuais oferecidas pelo autor, o leitor 
complementa o texto, recorrendo aos conhecimentos prévios que 
tiver armazenado sobre o tema. Assim, ao ler uma manchete no 
jornal, o leitor aciona seus conhecimentos sobre o assunto para 
construir inferências sobre o tema, as quais serão comprovadas 
ou descartadas durante a leitura. 
 
d) Verificação: 
Esta estratégia possibilita ao leitor verificar se as demais 
estratégias escolhidas pelo leitor até o momento estão sendo 
eficazes ou não. 
Confirmação ou não das predições levantadas e das 
inferências realizadas. 
Importância / pertinência ou não das informações 
selecionadas. 
 
GÊNEROS TEXTUAIS 
 
 DO QUE É QUE O APRENDIZ SE APROPRIA QUANDO APRENDE 
A LER? 
 
• Além de apropriar-se do código alfabético, apropria-se 
exatamente da concepção de gêneros textuais, 
entendendo-o, na sua totalidade como uma ação 
discursiva , cuja materialidade é expressa em formas 
típicas de enunciados. 
 
• Nesse caso, a ênfase do ensino-aprendizagem desloca-se 
do que está no texto para as suas funções sociais e 
discursivas, no seu contexto de produção e de circulação. 
 
• Leitura e escrita se complementam como um 
conjunto de práticas sociais que causam efeitos 
transformadores nos sujeitos que as exercem. 
 
 
• Negar essa condição é, na verdade, tornar os 
sujeitos analfabetos, Conhecer a escrita, mas não 
saber usá-la, constitui-se hoje em uma forma de 
exclusão e de abandono, assim, como vivem e 
viveram muitos do que não dominam ou 
dominavam o código escrito. 
O PROCESSO DE LEITURA ENVOLVE: 
 
1- Práticas sociais – entender e exercitar essas práticas é ser cidadão 
(sociedade letrada). 
 
2- Práticas cognitivas – gêneros textuais diferentes exigem operações 
mentais também diferentes. 
 
3- Práticas culturais – relação com novos conhecimentos, com a 
cultura impressa e a digital (hipertexto, site, home Page, web, etc) 
Desenvolvimento de práticas documentárias: acessar, selecionar e 
produzir uma compreensão e uma representação do que lê. 
 
4- Práticas discursivas – produção e circulação de sentidos e de 
intencionalidades. Nenhum texto existe no vazio: é escrito por alguém, 
para determinado interlocutor, com determinado objetivo e com 
determinada configuração formal, semântica e linguística, a depender 
da situação discursiva. 
 
GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO DA LÍNGUA 
• A implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
trouxe a reflexão sobre os Gêneros Textuais para o ensino 
básico. 
• Isso porque os PCNs propõem o texto como unidade 
básica do trabalho com o ensino de Língua Portuguesa e 
os gêneros não se desvinculam dos textos. 
• Constata-se isso facilmente observando sobre que 
habilidades e competências são elaboradas as avaliações 
do SAEB (Prova Brasil, Provinha Brasil, ENEM) ou as 
orientações metodológicas para a participação na 
Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa (produção de 
gêneros textuais: poema, memórias literárias, crônica, 
artigo de opinião) 
MAS AFINAL, O QUE SÃO GÊNEROS 
TEXTUAIS? 
• Toda nossa comunicação se dá por textos. E todo texto, por 
sua vez, se realiza em um gênero. 
 
• Gêneros textuais são maneiras de organizar as informações 
linguísticas de acordo com a finalidade do texto, com o 
papel dos interlocutores e com as características da 
situação. 
 
• Aprendemos a reconhecer e utilizar gêneros textuais no 
mesmo processo em que “aprendemos” a usar o código 
linguístico: reconhecendo intuitivamente o que é semelhante 
e diferente nos diversos textos.Do mesmo modo que desenvolvemos uma 
competência linguística quando 
apreendemos o código linguístico, 
desenvolvemos uma competência 
sociocomunicativa quando 
apreendemos comportamentos linguísticos. 
A identificação dos gêneros está incluída 
nessa competência sociocomunicativa. 
O GÊNERO TEXTUAL NASCE DE UMA 
NECESSIDADE SOCIAL 
Por exemplo, a necessidade de uma 
comunicação escrita pessoal, breve e 
imediata, fez surgir o bilhete. 
ESSA NECESSIDADE ESPECÍFICA 
DISPENSA O RIGOR FORMAL DA CARTA... 
 
... E A IMPESSOALIDADE DO TELEGRAMA. 
Conforme o desenvolvimento das tecnologias, os gêneros 
vão se “modificando”, ampliando, transformando, embora 
seus objetivos permaneçam... 
• Em todas as situações acima, usamos 
diferentes gêneros de texto. 
• Situações diversas, finalidades diversas, 
diferentes gêneros. 
• Não importa qual o gênero, todo texto pode 
ser analisado sob três características: 
 
 o assunto (conteúdo temático): o que pode 
ser dito através daquele gênero; 
 o estilo: as palavras, expressões, frases 
selecionadas e o modo de organizá-las; 
 o formato (construção composicional): a 
estrutura em que cada agrupamento textual 
é apresentado. 
OS GÊNEROS TEXTUAIS CUMPREM DIFERENTES 
FINALIDADES COMUNICATIVAS: 
1 – Persuadir: levar alguém a aceitar uma ideia. 
Anúncio publicitário, propaganda 
 
2 - Convencer: fazer com que alguém adote uma 
ideia. Artigo de opinião, resenha 
 
3 – Divertir: proporcionar diversão. Piada, poema, 
conto, etc. 
 
4 – Informar: instruir, ensinar alguma coisa a 
alguém. Notícia, bula de remédio 
 
 Schneuwly e Dolz elaboraram um quadro em que 
cruzam os gêneros textuais com os aspectos tipológicos 
dos textos (que convergem a objetivos comunicacionais 
semelhantes) 
 
Domínios sociais 
de comunicação 
Aspectos 
tipológicos 
Capacidade de 
linguagem 
dominante 
Exemplo de 
gêneros orais e 
escritos 
Cultura Literária 
Ficcional Narrar 
Mimeses de ação 
através da criação 
da intriga no 
domínio do 
verossímil 
Conto de Fadas, fábula, 
lenda, narrativa de 
aventura, narrativa de 
ficção cientifica, narrativa 
de enigma, narrativa 
mítica, sketch ou história 
engraçada, biografia 
romanceada, romance, 
romance histórico, novela 
fantástica, conto, crônica 
literária, adivinha, piada 
Documentação e 
memorização das 
ações humanas 
Relatar 
Representação 
pelo discurso de 
experiências 
vividas, situadas 
no tempo 
Relato de experiência 
vivida, relato de viagem, 
diário íntimo, testemunho, 
anedota ou caso, 
autobiografia, curriculum 
vitae, noticia, reportagem, 
crônica social, crônica 
esportiva, histórico, relato 
histórico, ensaio ou perfil 
biográfico, biografia 
Discussão de 
problemas 
sociais 
controversos 
Argumentar 
Sustentação, 
refutação e 
negociação de 
tomadas de 
posição 
Textos de opinião, 
diálogo argumentativo, 
carta de leitor, carta de 
solicitação, deliberação 
informal, debate 
regrado, assembleia, 
discurso de defesa 
(advocacia), discurso de 
acusação (advocacia), 
resenha crítica, artigos 
de opinião ou 
assinados, editorial, 
ensaio 
Transmissão e 
construção de 
saberes 
Expor 
Apresentação 
textual de 
diferentes formas 
dos saberes 
Texto expositivo, exposição 
oral, seminário, 
conferência, comunicação 
oral, palestra, entrevista 
de especialista, verbete, 
artigo enciclopédico, texto 
explicativo, tomada de 
notas, resumo de textos 
expositivos e explicativos, 
resenha, relatório 
científico, relatório oral de 
experiência 
Instruções e 
prescrições 
Descrever ações 
Regulação mútua 
de 
comportamentos 
Instruções de montagem, 
receita, regulamento, 
regras de jogo, instruções 
de uso, comandos diversos, 
textos prescritivos 
REFERÊNCIAS 
 
 
GERALDI, João Wanderlei. Prática de leitura na escola. In: _______ (Org.). O 
texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 88-103. 
 
LIMA, Renan de Moura Rodrigues; ROSA, Lúcia Regina Lucas da. O uso das 
fábulas no ensino fundamental para o desenvolvimento da linguagem oral e 
escrita. CIPPUS – Revista de Iniciação Científica do Unilasalle, v. 1 n. 1 
maio/2012. p. 153-169. 
 
MAIA, Zenaide. O ensino de leitura a partir do gênero fábula. P. 1-17. 
 
Mundo Educação. http://www.mundoeducacao.com.br/redacao/fabula.htm 
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1bula 
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