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ENDOMETRIOSE AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Endometriose não sangra, a clínica justifica: dismenorreia secundária, infertilidade, dispareunia e dor pélvica - Definição: é a presença de tecido que se assemelha à glândula e/ou estroma endometrial fora da cavidade uterina com predomínio, mas não exclusiva, na pelve feminina. - É uma doença de difícil levantamento epidemiológico e que apresenta grande variação entre os dados apresentados por diversos autores, devido à variação de critérios de métodos diagnósticos. - Acredita-se haver prevalência de 5-10% da população feminina em idade reprodutiva. FISIOETIOPATOGENIA - Três doenças distintas: peritoneal, ovariana e profunda - A fisiopatologia ainda é controversa, mas a teoria mais aceita é a postulada por Sampson da teoria da menstruação retrógada. · Praticamente 90% das mulheres com tubas uterinas pérvias apresentam líquido livre na cavidade pélvica em época menstrual, e então células endometrais se implantam no peritônio e nos demais órgãos pélvicos · Mas apenas 10% das mulheres apresentam endometriose, por isso essa teoria não explica completamente. - Etiologia – várias teorias, como exemplo · Teoria imunológica – o endométrio “escapa” da destruição do tecido imune · Teoria metaplásica – células totipotentes (pulmonar, reto...) que viraram endométrio. · São várias teorias que explicam a endometriose · Teoria da menstruação em neonatos – após o nascimento o útero expressa uma resposta variável à progesterona materna, observado em aproximadamente 5% dos neonatos do endométrio. · Teoria das alterações genéticas ou epigenéticas – predisposição genética ou alterações epigenéticas associadas a alterações no ambiente peritoneal - Localização mais comum é no ovário – foco mais comum (tumor endometrioma que dispersa um fluxo acastanhado) - Fatores de risco – história familiar, raça branca, nulíparas, gestação tardia, excesso de café e álcool, estenose cervical (colo muito fechado) e aumento do fluxo (aumento do fluxo retrógado). QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO - Sintomas clínico + Exame físico levantam a suspeita diagnóstica em 70% dos casos, embora o tempo médio do inicio dos sintomas para o diagnóstico é de 7 anos. · Dismenorreia – é o principal sintoma relacionado a doença · Dor pélvica crônica ou acíclica – imprevisível ou intermitente ao longo do ciclo, que piora ao longo do tempo · Dispareunia – lesões profundas na vagina e ligamento uterossacros · Alterações urinárias – disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional · Alterações intestinais – distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor anal - Não há correlação direta entre extensão de lesões e intensidade da dor - Exame físico · Nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior ao exame especular · Útero pouco móvel ao toque – aderências pélvicas · Massas anexiais – endometriomas - Exames – o USG vai auxiliar, não mostra um implante peritoneal, mas para um implante ovariano (padrão em vidro fosco – mulher branca, nulípara, infértil com cólica e massa endometrial) · Para implantes pequenos o USG não é tão útil, por isso lançamos mão da Ressonância Nuclear Magnética · RNM e USG não excluem o diagnóstico, não são padrão-ouro, mas são os principais métodos de imagem para detecção e estadiamento da endometriose. - Enema opaco e colonoscopia – baixa sensibilidade e especificidade para diagnóstico - TC – não tem boa capacidade para distinguir entre os diversos tecidos moles - O padrão-ouro é a laparoscopia – o risco é muito alto, nem todo paciente é indicado, mas é usual até por que permite biópsia · Tratamento clínico insuficiente ou que nem vai para o tratamento clínico - Marcador CA-125 0 – baixa sensibilidade, não define doença, pode dar negativo em casos leves. · Principal objetivo – CA-125 alto em mulher com endometriose, torna-se a melhor ferramenta de controle pós-tratamento (pós-cirurgia) · Negativo não exclui, e positivo não sustenta diagnóstico TRATAMENTO - A endometriose deve ser abordada como uma doença crônica que merece acompanhamento durante a vida reprodutiva da mulher. Dor pélvica - Se a paciente estiver com dor pélvica e não tiver indicação absoluta para cirurgia, eu opto pelo tratamento clínico. - Tratamento clínico incialmente para a dor – melhora da qualidade de vida, alívio dos sintomas álgicos. · Pílula combinada (ACO) – mecanismo similar os progestagênios, atrofia do tecido endometrial ectópico · VO, SC, IM ou anel vaginal · Considerado primeira linha · Progesterona – o uso contínuo resulta no bloqueio ovulatório e inibição do crescimento endometrial, com atrofia das lesões. · Acetato de noretindrona 2,5-10mg/dia de forma contínua VO · Dienogeste 2mg/dia VO · Acetato de medroxiprogesterona 150mg IM a cada 3 meses (costuma causa + perda óssea) · DIU liberador de levonorgestrel · Efeitos colaterais – ganho de peso, alteração do humor e perda de massa óssea · Análogo GnRH – ocupa os receptores de GnRH que causa uma inibição da liberação de FSH e LH pela hipófise, o que resulta em um estado de anovulação e hipoestrogenismo semelhante ao climatério. · Acetato de gosserrelina 3,6-10,8mg SC a cada 28 ou 90 dias · Acetado de leuprolida 3,75 ou 11,25mg IM a cada 28 ou 90 dias · Pamoato de triptorrelina 3,75mg IM a cada 28 dias · Se usado muito tempo costuma causar menopausa · Inibidores da aromatase (diminui estrogênio) – · Danazol – inibe a liberação de LH e a esteroidogênese, aumentando a testosterona livre de forma que causa um bloqueio no eixo HHO, resultando num ambiente hipoestrogênico. · VO 100-200mg/dia · Efeitos colaterais – hirsutismo, acne e ganho de peso · AINES – não tem benefício - O tto clínico é a 1ª linha, caso não funcione ou seja contra-indicado, o tratamento cirúrgico pode ser oferecido à mulher. - Objetivos da cirurgia: · Remoção completa de todos os focos de endometriose · Restauração da anatomia · Preservação da função reprodutiva - Laparoscopia é superior a laparotomia, por melhor visão das lesões - Endometrioma ovariano – a melhor é a cistectomia - Endometriose perioneal – eletrocirurgia é o método de escolha para excisão dos focos - Endometriose retroecervical e intestinal – excisão completa dos focos com liberação do reto se aderido - Endometriose do trato urinário · Se lesão de ureter, cirurgia conservadora para alívio dos sintomas obstrutivos · Se infiltração da luz ureteral, resseção e anastomose terminoterminal ou reimplante ureteral Infertilidade - Estudos mostram a associação entre endometriose e infertilidade – 25-50% das mulheres inférteis são portadores de endometriose, e 30-50% das mulheres com endometriose tem infertilidade. - O tratamento medicamentoso hormonal para supressão ovariana em pacientes com infertilidade e endometriose para melhora da fertilidade não deve ser prescrito. · A única medicação com benefício são os análogos de GnRH usados por até 3 meses antes da FIV - A alterativa para essas pacientes é tratamento cirúrgico da endometriose para melhora da fertilidade. · Se o paciente já realizou uma cirurgia e apresenta recidiva da endometriose a conduta é a FIV - Infertilidade – se o tratamento clinico não resolve · Endometriose mínima ou leve – pode tentar a laparoscopia para retornar a fertilidade. · Endometriose severa – FIV
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