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Tecnologia da Comunicação e da Informação O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Regina Tavares Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Pressupostos teóricos e históricos das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) • Novas noções de tempo e espaço • Cultura da Convergência Fonte: Thinkstock/Getty Im ages · Disponibilizar arcabouço teórico a respeito do panorama de surgimento das TICs · Analisar de forma crítica a presença da tecnologia no cotidiano social · Conceder ao estudante o conhecimento a respeito das terminologias empregadas comumente em TICs Olá, Como vai? Nesta unidade, trataremos do contexto de surgimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação, também denominadas “TICs”. Portanto, serão abordados conceitos relacionados aos pressupostos históricos da Internet; à conceituação de tecnologia, comunicação e informação; à era da Sociedade do Conhecimento e demais formulações acadêmicas intrigantes – como Cultura da Convergência e Inteligência Coletiva. Esperamos que tenha se sentido motivado a iniciar seus estudos prontamente. Excelente aprendizagem e saudações virtuais! 6 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Contextualização Olá, Que tal conferir um debate de alta envergadura sobre os impactos das tecnologias da informação e da comunicação em nosso dia a dia? A nossa indicação como contextualização desta unidade fica por conta das discussões de alto nível levantadas pelos intelectuais brasileiros contemporâneos Vivian Mosé e Silvio Meira no renomado programa televisivo Café Filosófico, exibido pela TV Cultura. Na oportunidade, autores de referência como Pierre Levy são mencionados e abrilhantam ainda mais esse rico objeto de aprendizagem. Assista e produza reflexões entre amigos, familiares, estudantes e professores a respeito. 7 Pressupostos teóricos e históricos das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) “Nenhum homem é uma ilha”, adverte a epígrafe anônima. Entre inúmeros elementos de diferenciação em relação ao homem e aos demais animais, a comunicação consigo mesmo, com os semelhantes e com o meio ambiente é determinante para a definição de nossa cultura e sociabilidade. Mas, o que seria a comunicação? Poderíamos definir, suscintamente, comunicação como o ato de compartilhar informações entre indivíduos, em busca de um entendimento comum a respeito de um assunto ou de uma situação. De fato, a COMUNICAÇÃO é: · um dos fatores básicos da existência humana, pois o homem é o único ser da natureza dotado de emoções, pensamentos e opiniões; · responsável pela função do homem enquanto ser racional e social; · via de expressão de emoções, pensamentos e opiniões por meio da palavra. COMUNICAR = TORNAR COMUM Segundo Harold Lasswell (1948), percussor dos estudos em comunicação e linguagem, o processo da comunicação se caracteriza pelos seguintes elementos: · Emissor: transmite a mensagem codificada ao receptor; · Receptor: é quem recebe, decodifica e interpreta a mensagem enviada; · Mensagem: é o objeto da comunicação. É constituída de um conjunto organizado de sinais (ou signos) pertencentes a um código linguístico ou não; · Código: é o conjunto de sinais (ou signos) linguísticos ou não, comuns tanto ao emissor como ao receptor, e das regras de utilização desse conjunto; · Codifi cação: é a conversão de uma ideia ou de uma informação em mensagem, e dessa em código; · Canal de comunicação: é o meio (oral, escrito, visual ou corporal) por meio do qual a mensagem é transmitida e que serve de suporte físico à transmissão da mensagem; · Decodifi cação (ou descodifi cação): consiste na percepção e interpretação, por parte do receptor, do significado da mensagem recebida; · Resposta ou feedback: é a reação do receptor ao ato de comunicação e permite que o emissor saiba se sua mensagem foi ou não compreendida pelo receptor; · Ruído: é tudo aquilo que interfere na comunicação, ocasionando perda de informação durante a transmissão da mensagem. 8 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência As principais fontes de ruídos são: · O emissor ou o receptor (mal-estar físico, psicológico, etc.); · O ambiente (excesso de barulho, falta de luminosidade, etc.); · A mensagem (velocidade da fala, uso de jargão ou gíria profissional diante de uma plateia mista, etc.). Há muitos mecanismos simbólicos destinados ao ato de comunicar, entre eles a gestualidade, a fala, a escrita e até a troca de mensagens via a rede global de informação, a Internet. Neste último caso, nos referimos a um tipo de comunicação muito específica: a mediada pela tecnologia. A comunicação mediada é o processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico que intermedeia os interlocutores. No contexto contemporâneo, a comunicação mediada é marcada pelas tecnologias da informação e da comunicação, em outras palavras, tecnologias e métodos empregados em comunicação surgidos na segunda metade da década de 1970. Tecnologia: estudo ou objeto sistemático sobre métodos, técnicas e processos de um determinado ofício da atividade humana; Informação: ato ou efeito de informar; notícia, indagação; esclarecimento sobre algo; entre outras defi nições. Notoriamente, o despontar da Internet nos anos de 1960 acrescenta significado à emersão das TICs na década seguinte. Fonte: leituraprazerouobrigacao.blogspot.com.br 9 A Internet surge no contexto histórico da Guerra Fria, a partir de pesquisas militares norte- americanas interessadas em estabelecer comunicação, apesar de possíveis ataques inimigos que pudessem comprometer suas telecomunicações. Somente em 1990, com a popularização do WWW (World Wide Web), a Internet tornou-se acessível à população em geral. De lá para cá, já assistimos à evolução dos navegadores, ao surgimento das redes sociais e às revoluções sociais iniciadas no plano virtual e consolidadas presencialmente. Numa perspectiva otimista, arriscamo-nos a dizer que muito ainda deve ser vivenciado quanto ao avanço das TICs, assim como em políticas públicas favoráveis à democratização do acesso à Internet. Sobre perspectivas futuras, acesse o vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=g7_mOdi3O5E. São exemplos de tecnologias da informação e da comunicação: · Computadores pessoais; · Dispositivos móveis; · Rádios e TVs on-line; · Tecnologias de acesso remoto (wi-fi, bluetooth, etc.); · Correios eletrônicos; · Redes virtuais colaborativas; · Telefonia móvel; · Webcams; · Cartões de memória; · Websites e homepages; · Terminais bancários eletrônicos; · Ambientes virtuais de aprendizagem; · Entre outros. Atos cotidianos, como falar ao celular, realizar pagamentos via celular ou estudar on-line, demonstram novos comportamentos adotados pelo indivíduo em razão das TICs. 10 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Alguns impactos das TICs podem ser observados no(a): · Maior facilidade e rapidez de acesso à informação; · Desenvolvimento de novas máquinas e tecnologias voltadas para a produção de bens de consumo; · Incremento da possibilidade de participação dos colaboradores nas atividades de gestão dos seus superiores hierárquicos, etc.; · Fronteiras cada vez menos demarcadas em relação ao seu meio ambiente; · Aumento da produção de mercadorias em menos tempo; · Disseminação ampla do conhecimento e da cultura humana. Novas noções de tempo e espaço Não há dúvidas de que o momento vigente convive com novas noções de tempo e espaço, ora entendidos a partir de uma lógica não temporal ou geográfica. De forma segura, pode-se afirmar que não há mais distinção entre o tempo dotrabalho, do lazer, do ócio e da formação acadêmica, por conseguinte. É possível estar no ambiente de trabalho e ainda assim comunicar-se com amigos e familiares por meio das redes sociais. Paralelamente, é possível desfrutar de momentos de lazer e, de forma simultânea, responder a uma demanda emergente do trabalho sem deslocar-se fisicamente ao escritório, à fábrica, etc. O livre trânsito da comunicação propiciada pelas tecnologias da informação e da comunicação, para além das amarras impostas pelas fronteiras espaciais ou pelas limitações do tempo, revolucionou diferentes ocasiões sociais, inclusive às relacionadas à formação acadêmica; designando a humanidade a vivenciar o que viria a ser denominada “Sociedade da Informação”. Contudo, antes de nos debruçarmos sobre o detalhamento dessa terminologia, cabe atentarmos às principais alterações conceituais pelas quais perpassaram as noções de tempo e espaço. Para Harvey, pensar a respeito dessas duas categorias tão relevantes para o indivíduo, o tempo e o espaço, constitui uma necessidade primordial, tendo em vista que “o espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes” (HARVEY, 2000, p. 187). Ferrara acrescenta a essa imbricada discussão, quando revela que: Estudar o espaço e o tempo supõe enfrentar uma complexidade, não apenas conceitual, mas da própria reflexividade que faz com que aqueles conceitos sejam não só revistos, mas, sobretudo, transformem-se em objetos de conhecimento, ou seja, o espaço e o tempo escapam da racionalização a que os reduziu o sistema Kantiano e passam a ser trabalhados por uma racionalidade na revisão do seu próprio conceito (FERRARA, 2008, p.25). 11 Inicialmente, a Geografia concebia o tempo de forma sequencial e linear, à maneira de Kant, como sugere a crítica de Ferrara acima. Seu impacto era entendido por uma sucessão de fatos no espaço. Então, é compreensível a prevalência de uma perspectiva histórica sequencial nos discursos acadêmicos e de caráter geral. Com o tempo, a Academia incorporou uma visão do tempo diferenciada, agora entendida como ciclo, no qual, apesar da estabilidade presente na sucessão de fatos, a dinâmica sempre conduz à repetição do ciclo. Hoje, a visão crítica da Geografia entende o tempo como espiral, mas também como seta e ciclo, ou seja, determinação e possibilidade. Em parte, a presença e o avanço das tecnologias traçaram condições para essa nova noção de tempo e espaço, condicionaram a sociedade a eleger a informação como o seu bem maior. Tal perspectiva permitiu ao autor Manuel Castells (2006) instituir o termo “Sociedade da Informação”, também denominado “Sociedade Pós-Industrial”, ou ainda “Sociedade Informacional”. Trata-se de uma perspectiva conceitual ligada à reestruturação enfrentada pelo capitalismo desde os anos de 1980 e envolve privatização, desregulamentação, dissolução de fronteiras comerciais, entre outras atitudes favoráveis à nova economia. Notoriamente, os avanços tecnológicos em comunicação midiática, telecomunicação, telemática, eletrônica, tecnologia da informação são alguns dos principais pilares dessa sociedade. Ganhos expressivos trazidos pela consolidação da Sociedade da Informação, como a possibilidade de novas formas de sociabilidade por meio da Internet, endossaram expectativas como a de integração entre povos e o compartilhamento potencial do conhecimento humano. Sobre o assunto, Castells (2003, p.102) aponta que: “Se alguma coisa pode ser dita, é que a Internet parece ter efeito positivo sobre a interação social, e tende a aumentar a exposição a outras fontes de informação”. Sobre a exposição a outras formas de informação, pode-se exemplificar os benefícios trazidos pela internet e por outras tecnologias à democratização do conhecimento e, consequentemente, da educação. A sensação de segurança trazida pela capacidade do computador em armazenar e difundir dados também tem sido encarada como uma vantagem substancial para a difusão da cultura humana. Afinal, diversos bancos de dados preservam o conhecimento humano e o compartilham exponencialmente. Por meio das possibilidades engendradas pelas tecnologias, novas formas de conhecer e comunicar a cultura humana foram oportunizadas. Lev Manovich (2006), em seus estudos, acredita que a tela do navegador da internet substituiu outras telas – como a do quadro, da televisão, da página do livro, do cinema, etc. – e dissemina de forma muito particular a cultura. Nesse sentido, as tecnologias da informação e da comunicação não agem mais como um mecanismo neutro de transferência do conhecimento e da cultura humana decodificados em uma determinada linguagem; as TICs agem como outra cultura em si, segundo o autor de vanguarda. Isso porque tal código estabelece sua visão de mundo, seu sistema lógico, sua ideologia. Para Manovich, “Em resumen, ya no nos comunicamos com um ordenador sino com la cultura codificada en forma digital”. (MANOVICH, 2006, p. 120)1. 12 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência 1Nesse sentido, a interface da informática também pode “Em resumo, já não nos comunicamos com um computador e sim com a cultura codificada em forma digital” (Tradução nossa). Entretanto, não podemos incorrer apenas na via do enaltecimento das tecnologias como promotoras determinantes dos mecanismos de sociabilidade e difusão da cultura humana, uma vez que tais ganhos também abarcaram uma sensação de fragmentação da experiência e de descontrole em relação ao tempo. O acúmulo de informações e a dificuldade em se apropriar daquilo que é definitivamente válido para cada indivíduo em particular apresentam-se como apenas algumas das grandes inquietações humanas trazidas pela eclosão da tecnologia digital a partir dos anos 2000. Não há razão para superestimar os mecanismos de registro e armazenamento do conhecimento advindos das TICs. Devemos sim nos ater ao uso e à interação realizada junto a tais registros. Pierre Levy (1999, p. 273), especialista no tema, comenta: “O registro não é um valor em si. O que vale é a inteligência coletiva se autonutrindo”. Para o autor, para além da tecnologia, a interação humana é fundamental. Fica claro, a partir da consideração de Levy (1999), que apenas o registro não garante louros expressivos à construção da memória. O ideal é estabelecer a inteligência coletiva, isto é, um tipo de inteligência compartilhada que surge de processos interativos capazes de envolver diferentes indivíduos e grupos sociais. Para Castells (2003), daí se impõe a necessidade de evoluirmos para o conceito de Sociedade do Conhecimento, no qual a humanidade munida de tamanha evolução tecnológica e, sobretudo, do conhecimento contribui para a dissolução das desigualdades sociais e o avanço do desenvolvimento científico. Cultura da Convergência Em um estágio de maior maturidade no que tange à convivência com as TICs, surgem novas formulações conceituais, tais como: a Cultura da Convergência. Tal definição foi cunhada por Henry Jenkins (2011), professor do programa de mídias comparadas do MIT, e reúne três definições teóricas centrais: a convergência midiática, a cultura participativa e a inteligência coletiva. A convergência midiática prevê a utilização de uma única infraestrutura de tecnologia para prover serviços que, antes, requeriam equipamentos, canais de comunicação, processos determinados exclusivos. Veja no excerto da matéria jornalística abaixo, a previsão de convergência midiática a ser contemplada no aparelho celular: 13 “Sobre a mesa, um computador traz o mundo para dentro de casa pela Internet, permite dialogar-se com pessoas em qualquer continente, telefonar para qualquer outro internauta via Skype (a telefonia grátis com protocolo IP), acessar jornais, ouvir rádios, ver televisão, consultar revistas, jogar videogamescom parceiros distantes, pesquisar qualquer assunto em sítios como o Google ou o Yahoo, que já reúnem mais de 400 bilhões de páginas de informação. Em breve, tudo isso poderá ser feito também pelo celular, a qualquer hora, em qualquer lugar.” (SIQUEIRA, Ethevaldo. Comunicações precisam de um novo modelo. O Estado de S. Paulo, 5/7/2005, com adaptações.) Contudo, trata-se de um processo cultural e não somente tecnológico. O que está convergindo é o conteúdo e não a tecnologia. Note que, de forma exemplar, a linguagem televisiva subsiste independente do dispositivo. A mesma telenovela exibida em uma televisão tradicional pode ser contemplada via celular ou em computador pessoal graças à Internet. A cultura participativa também é um emblema da cultura da convergência. As pessoas, segundo Jenkins (2011), além de consumirem, desejam viver uma experiência. Assim como, enunciara o intelectual Umberto Eco, todos – autores e apreciadores – querem vivenciar a experiência de uma obra aberta. Nesse sentido, o trecho a seguir é representativo: “Segundo o Datafolha (2007), 42% dos brasileiros acima dos 16 anos publicam o seu conteúdo”. Podemos definir o conteúdo colaborativo como sendo o ato de um cidadão, ou grupo de cidadãos, com papel ativo no processo de coletar, reportar, analisar e disseminar notícias e informações. O objetivo dessa participação é prover informação independente, confiável, precisa, abrangente e relevante, tal qual uma democracia requer. Vemos uma economia afetiva que orienta os consumidores. Não basta apenas comprar um produto – cultural ou não –, os consumidores querem consumir os bens simbólicos do referido produto, defendê-lo e criticá-lo, numa espécie de lógica cultural participativa. Sendo assim, há aqui um fluxo de conteúdo que perpassa por vários suportes e mercados midiáticos. Portanto, velhas e novas mídias se encontram e mídias alternativas e tradicionais interagem em prol da difusão do conhecimento. É possível notar que esse processo do consumo da informação se dá em conjunto, em coletivo, numa espécie de inteligência coletiva, como o termo cunhado por Pierre Lévy e já mencionado por nós anteriormente. É uma nova forma de lidar com a informação, que no futuro pode se tornar um poder em potencial e, inclusive, produzir intervenções no processo político contemporâneo. A dita Primavera Árabe eclodida em 2011 é um exemplo de como a inteligência coletiva, propiciada pela Internet, também pode ser direcionada à justiça social e ao bem-estar da humanidade. Para saber mais, veja o vídeo: http://tv.estadao.com.br/link,revolucoes-politicas-na-internet,236624 14 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Material Complementar Vídeos: Assista ao vídeo a seguir e compreenda a história da Internet no Brasil, sob a perspectiva do programa Olhar Digital: https://www.youtube.com/watch?v=rWI5cY-jMS0 Quer saber como será o futuro das TICs? Então confira o vídeo presente no link: https://www.youtube.com/watch?v=g7_mOdi3O5E/ Site: http://www.googleartproject.com Leituras: O que é Interação Mediada por Computador? http://www.ufrgs.br/limc/livroimc/oquee.htm 15 Referências CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, vol. 1. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2006. JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo:Aleph, 2011. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. MANOVICH, L. El linguaje de los nuevos medios de comunicación – La imagen em la era digital. Buenos Aires: Paidós, 2006. CASTELLS, M. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. FERRARA, L. D. A. Comunicação, espaço e cultura. São Paulo: Annablume, 2008. LEMOS A. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/ interac.html. Acesso em: 10/04/2008. 16 Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência Anotações . Tecnologia da Comunicação e da Informação A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Regina Tavares Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Conceitos, contribuições e reflexões sobre as TICs na educação • A onda • A reconfiguração dos saberes no ensino superior • EaD no contexto nacional Fonte: Thinkstock / Getty Im ages Os objetivos desta Unidade são: · Estimular a compreensão do arcabouço teórico e reflexivo sobre as TICs no cenário da educação · Conhecer o histórico e os principais aspectos da educação a distância on-line · Analisar de forma crítica as principais alterações provocadas pelas TICs no ambiente escolar Esta unidade contempla o papel das TICs para a democratização do ensino, especialmente do ensino a distância. Além disso, será possível conhecer o histórico e os principais aspectos da educação a distância on-line, as revoluções provocadas por ela na sala de aula, no currículo e no comportamento de docentes e discentes em diferentes situações de aprendizagem. Esperamos que você se sinta envolvido com o conteúdo desta unidade. Não se esqueça de acessar os demais itens de nosso material didático e bons estudos! 6 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Contextualização Que tal aprender algo novo com a ajuda de vídeos e sem sair de casa? Este é o tentador convite proposto pela Khan Academy. De álgebra à literatura inglesa, desde 2004, a plataforma de vídeos pretende revolucionar a educação. De lá para cá, não houve quem não se curvasse ao visionário e fundador da Khan Academy, Salman Khan. A volumosa lista de fãs do Khan traz nomes representativos, a exemplo de Bill Gates. No começo, havia apenas a pretensão de auxiliar sua irmã mais nova com os deveres de casa, especialmente, os de matemática. Hoje, o jovem empresário já fi gura entre um dos mais bem-sucedidos de sua geração e sua organização se situa no Vale do Silício, ao lado de outras instituições renomadas como Intel, Microsoft, Yahoo, etc. As aulas em vídeo são ministradas por pesquisadores e docentes das mais variadas instituições de ensino superior do mundo. Em vídeos curtos e descomplicados, Khan oferece aprendizagem sobre diferentes áreas do conhecimento, assim como ferramentas capazes de emitir informações sobre o desempenho de cada estudante ao longo dos cursos, entre outros aplicativos. Também é possível notar a pluralidade de cursos oferecidos em diferentes línguas. Khan assegura que suas videoaulas serão sempre disponibilizadas gratuitamente, e para todos. O idealismo e a versatilidade de Khan já seduziram inúmeros executivos de áreas como Economia e Tecnologia da Informação a abandonarem seus trabalhos e se dedicarem à educação on-line. Ao contrário do que muitos pensam, Khan acredita que a dita EaD (Educação a Distância) não comprometerá ou ameaçará o lugar cativo das aulas presenciais e tradicionais, nem tampouco a valorização dos educadores. Porém, Khan crê numa iminente revolução nas salas de aula. E alguns sinais já estão por aí, por exemplo, na presença da lógica dos games no ambiente escolar e na intitulada técnica da “sala de aula invertida”. No primeiro caso, elementos como “superação de fases” ou “gratifi cações imediatas” – próprias do universo dos games – aspiram invadir a sala de aula, a fi m de cativar o público infanto-juvenil sempre ávido por jogos. No segundo caso, a proposta é deixar de executar em casa exercícios refl exivos a partir de embasamentos teórico-conceituais ministrados na escola. O ideal, para essa tendência pedagógica, é usar a sala de aula para exercitar juntos – estudantes e professores – aquilo que foi apreendido em diferentes mídias sobre conceitos, noções e normas em qualquer lugar, inclusive no lar doce lar. Pronto para o futuro? Então,se desafi e e conheça o projeto Khan. Em português, já é possível encontrar mais de 1.000 vídeos e 100 mil exercícios pelo endereço: pt.khanacademy.org Regina Tavares de Menezes (texto publicado no Blog Cruzeiro do Sul Educacional.) Disponível em: http://blog.cruzeirodosul.edu.br/?tag=ead) 7 Conceitos, contribuições e refl exões sobre as TICs na educação “I can’t get no satisfaction” Rolling Stones A epígrafe acima faz analogia à postura que o docente e o discente devem assumir na contemporaneidade: a insatisfação. Não estar satisfeito motivará você a indagar sua condição na sociedade como sujeito histórico determinante, possibilitando avaliar suas atitudes e o estimulando a se reinventar a cada situação de ensino-aprendizagem, inclusive quando diante das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). Com as novas noções de tempo e espaço impostas pela Sociedade da Informação1 , assim intitulada por Manuel Castells (2006), e promovidas pelas tecnologias, a informação pode ser encontrada em diversos dispositivos e a qualquer hora do dia, modifi cando as relações sociais diversas, entre elas, as acadêmicas. 1 Ver mais na unidade O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência, da disciplina Tecnologias da Comunicação e da Informação. Nesse sentido, o docente é um dos atores determinantes para a condução da reconfi guração de saberes, ou ainda para a construção de novos paradigmas educacionais. Cabe a esse relevante profi ssional de nossa sociedade, [...] o desenvolvimento da capacidade de aprender a descobrir sempre, atentando para o fato de que o importante nos dias atuais não é aprender, mas aprender a aprender, como um processo a ser cultivado por toda a existência. (GUEVARA, DIB, 2007, p. 177-178) A nova postura de constante aperfeiçoamento e inquietação do corpo docente se caracteriza como um sinal da andragogia, em outras palavras, a arte ou ciência capaz de ajudar o adulto a aprender. Justamente o que vem ser a antítese do modelo tradicional pedagógico que se traduz em: a arte e a ciência de ensinar as crianças, apenas. Nessa interação dialética e de andragogia, os que ensinam também são os que aprendem; afi nal, a geração dos estudantes que aí está representa os ditos “nativos digitais”, ou seja, aqueles nascidos em uma ocasião histórica na qual as TICs já vivenciavam seu auge. Sendo assim, por vezes, os estudantes possuem extrema habilidade no manuseio das tecnologias e diante das noções de virtualidade no cotidiano – principalmente quando são comparados aos referidos “imigrantes digitais”, indivíduos que nasceram anteriormente ao surgimento e boom das TICs. 8 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Nesse cenário, é inegável observar que jamais a informação e a comunicação foram tão facilmente produzidas, manuseadas e compartilhadas. A um clique, a geração de nativos digitais acessa bancos de dados diversos, sites, hipertextos, redes sociais e muito mais sem a imposição sistêmica e periódica do calendário letivo ou até mesmo a condução de um professor, o que propicia a sensação de que o acesso veloz e fl uído ao conhecimento condiciona a escola à defasagem. Em verdade, o aluno dessa geração sente-se autônomo e independente em relação à escola quando o assunto é acessar a cultura humana. Assim, cabe aos docentes associarem suas experiências educacionais, seus valores, suas propostas pedagógicas às novas metodologias, novas proposições, aos novos currículos, entre outras possibilidades, possivelmente, advindas de jovens estudantes. Assim, o papel do professor deve ser o de articulador e não mais o de exclusivo detentor do conhecimento. Tal atitude apresenta relação estrita com a construção cognitiva ideal do conhecimento, aquela já enunciada pelo educador Paulo Freire2. Como é possível deduzir, não se refere à tecnologia apenas e sim a uma nova postura do docente, a de eterno aprendiz. 2 Paulo Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) é provavelmente o mais influente pensador brasileiro, inspirou movimentos culturais e sociais nas últimas décadas, particularmente no Brasil, mas também por toda América Latina e em outros países do terceiro mundo. O diálogo, o engajamento e a dialética ação- reflexão-ação são os elementos centrais de sua obra. 9 Segundo os ensinamentos de Paulo Freire, a educação não deve ser “bancária”, ou seja, o aluno não deve ser considerado como mero receptor de conteúdos sem que se faça relevante no processo denominado “EDUCAR”. A interação, o dinamismo e o reconhecimento do indivíduo como sujeito histórico são fundamentais. Portanto, o estudante é decisivo no processo de construção e reconfi guração dos saberes promovidos no ambiente escolar. Ele deve ter representação de categoria para criticar, debater e sugerir alternativas para a formação acadêmica de si e de seus colegas, a fi m de atingir justiça, desenvolvimento e cidadania social. Os estudantes devem ter ainda a capacidade de selecionar os estilos de aprendizagem mais favoráveis à sua formação. Para esse nível de autonomia estudantil é preciso priorizar o objetivo da educação contemporânea como sendo a formação de cidadãos críticos, conscientes, refl exivos e “insatisfeitos”. Dessa forma, a educação será interativa, democrática, inteligível, socialmente responsável e holística. 10 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs A onda Fonte: Vern Evans / Wikimedia Commons O autor norte-americano Alvin Toffl er acredita que o mundo foi interpelado por três ondas. A primeira está sob a ótica da agricultura, na qual o homem cultivava o necessário ao seu próprio sustento. Nessa circunstância, a educação era excludente para com os menos abastados economicamente, os negros, as mulheres, entre outras categorias sociais. Já a segunda onda é orientada pelo signo da industrialização. Nessa fase, o modelo de educação prevalecente é uma reprodução do sistema de produção industrial de massa, como afi rma Litto (1996), no qual as estruturas hierárquicas tendem a se reproduzir. Nos regimes de trabalho taylorista e fordista, a divisão do trabalho foi imposta àquele que participava do processo integral de um artefato, inclusive da concepção prazerosa presente de sua criação artístico-intelectual. Dessa forma, a satisfação e a justifi cativa presentes no trabalho dos “tempos modernos”3 são insufi cientes para garantir o entusiasmo necessário às metas audaciosas dos donos da fábrica. 11 3 Referência ao filme Tempos Modernos, no qual focaliza-se a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção do sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à “modernidade” e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização. Em meados da década de 1970, logo após a “década dourada” do capitalismo, como assim denominou Eric Hobsbawm, as sociedades industriais ocidentais, em especial os países ditos subdesenvolvidos, têm sofrido diversos impasses no que concerne à empregabilidade. “A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou para a instabilidade e a crise” (HOBSBAWN, 1995, p. 393). Segundo Harvey (1996), a reestruturação produtiva tornou o mercado de trabalho altamente competitivo e instável. Novos aspectos o invadem e fazem sofrer os que não conseguem se adaptar. Alguns desses aspectos são: visão totalitária do processo de trabalho, sensibilidade aguçada no relacionamento interpessoal, empresa afetuosa e acolhedora, fl exibilização hierárquica, entre outros. Para atender às expectativas desse novo perfi l de empregador, faz- se necessária a presença de um profi ssional altamente capacitado, habilidoso, crítico, entre outras características. Obviamente, não seria possível reduzir a crise da empregabilidade a essa mudançade paradigmas no mercado de trabalho, aos avanços tecnológicos ou ao processo de globalização. Outros fatores são determinantes, como: força de trabalho excedente; enfraquecimento do poder sindical; inserção de novos trabalhadores – como mulheres, idosos e imigrantes; a convergência de segmentos profi ssionais; o surgimento de novas profi ssões; a fl exibilização legislativa-trabalhista; a virtualização de determinadas áreas; a terceirização; a quarteirização, etc. (SCHWARTZ, 2000). Como resultado da segunda onda, o ensino-aprendizagem é controlado de forma soberana pelo corpo docente. O conhecimento é excessivamente compartimentado em inúmeras disciplinas, de pouco ou quase nenhum sentido relacional aos estudantes; a memorização extremada é valorizada e a fragmentação/espacialização formam profi ssionais para ingresso imediato no sistema produtivo capitalista tradicional. Sendo assim, é cabível concluir que o taylorismo e o fordismo universalizaram a educação no mundo, porém, também a degradaram para fi ns específi cos. Já faz algum tempo que a formação técnica se sobrepôs à cidadã e que tal realidade deve ser modifi cada pela terceira onda. A teoria da terceira onda de Toffl er vem alertar para o surgimento de uma nova era econômica e social, baseada no ritmo frenético e veloz da informação e da comunicação e que, como esperado, interfere sobremaneira no ambiente escolar. 12 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Face ao ritmo frenético pelo qual a comunicação transita para além do espaço e do tempo, o ensino-aprendizagem tradicional pouco se modifi cou. Estamos diante da disposição física da sala de aula, da avaliação, da metodologia, entre outras práticas pedagógicas similares às empregadas no século passado. O mundo mudou, mas a escola ainda se mostra relutante à renovação de sua essência. Em um cenário confl itante, a escola torna-se desinteressante aos olhos do estudante que, ao se queixarem de aulas enfadonhas, mal assimilam a chateação dos professores ao serem vitimados pela indisciplina e o descaso. Enquanto isso, o mundo do trabalho exige profi ssionais que saibam lidar com o encolhimento do mercado de trabalho, a fl exibilização legislativa-trabalhista em determinadas áreas, a virtualização, as barreiras etárias, entre outros fatores. Paralelamente, é evidente a exigência por profi ssionais que compreendam a redefi nição do mercado de trabalho e suas características atuais: conhecimento, atualização, cidadania e autenticidade. Para Schwartz (2000, p. 23), a pró-atividade também deve ser uma premissa, pois “é o trabalhador que precisa se adaptar com rapidez ao mercado, em vez de fi car esperando que surjam, vindas do próprio mercado, as oportunidades que correspondam ao seu perfi l atual”. Em suma, são necessários profi ssionais multifuncionais; não os chamados generalistas, mas aqueles capazes de se renovar diante dos desafi os da contemporaneidade, independente das habilidades adquiridas ou não na escola. Destaca-se, ainda, a exigência por pessoas capazes de combinar habilidades e técnicas profi ssionais a interesses, gostos, preferências, valores éticos e a aspectos mais subjetivos ainda, como respeito, humildade, motivação, etc. Isso porque a preservação das estruturas hierárquicas será substituída pela formação de grupos de interesses similares. Esse aspecto entra em concordância com as duas características primordiais da Terceira Onda, levantadas por Toffl er (1980, p. 356): “Uma é a mudança para um nível mais alto de diversidade na sociedade – a desmassifi cação da sociedade de massa. A segunda é a aceleração – o andamento mais rápido a que ocorre a mudança histórica”. Por fi m, vale dizer do clamor do mercado de trabalho por um profi ssional que preze a formação continuada, ou seja, o constante aperfeiçoamento técnico, ético, estético e, principalmente, teórico. Por tudo o que foi exposto, notamos a demanda por um cidadão munido de competências e habilidades ímpares, tais como a insatisfação com o status quo. 13 A reconfi guração dos saberes no ensino superior Em agosto de 2015, vários profi ssionais tiveram a oportunidade de participar do Fórum de Lideranças – Desa� os da Educação – promovido pelas empresas Blackboard e Grupo A. Diante de inúmeras discussões sobre as práticas pedagógicas vigentes em diversas partes do mundo, inclusive no plano nacional, uma palestra foi extremamente oportuna para refl etir sobre a prática docente no ensino superior. Tratava-se da palestra de Peter Dourmashkin, professor de cátedra do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Repleto de generosidade e carisma, o pesquisador e docente revelou como sentia orgulho de seus estudantes. Não pelo fato de serem atentos à toda e qualquer aula expositiva, mas pela reconhecida competência de resolverem problemas. Para o acadêmico, o mérito está na aplicação de competências e habilidades de diversos campos científi cos perante a resolução de problemas. No MIT, o professor não inicia sua aula com uma exposição, mas com um problema a ser resolvido em conjunto, numa sala de confi gurações distintas do habitual, sempre à luz do que se leu dias anteriores em casa. Em suma, a preocupação de Peter se situa na formação de espíritos pesquisadores. Não à toa, alunos egressos do MIT têm se destacado pelo número considerável de prêmios Nobel ganhos – é a pesquisa a grande retroalimentadora da prática docente no cotidiano do ensino-aprendizagem. O exemplo relatado acima nos remete à vivência efetiva da terceira onda de Toffl er e nos permite refl etir sobre a escola que almejamos em nosso país. Veja abaixo um exemplo de aplicação da metodologia ativa do MIT no Brasil. Na imagem, nova confi guração de sala de aula da Universidade de São Paulo (USP) 14 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Leia uma reportagem sobre a importação da metodologia ativa do MIT para as Universidades brasileiras: http://goo.gl/J1KvUH EaD no contexto nacional Perante as limitações do Estado brasileiro em um país de dimensões continentais – no que tange à democratização do ensino, em especial, o superior –, as TICs permitem ofertar a educação a distância como resposta a demanda de escolarização e profi ssionalização de qualidade imposta pela Sociedade da Informação. Os métodos antigos de educação mostram-se incapazes de serem adequados à crescente demanda por aprendizagem distribuída e, com isso, surgem conceitos como: aprendizagem aberta, educação a distância, aprendizagem fl exível e aprendizagem eletrônica (e-learning) (GUEVARA; DIB, 2007, p. 178). A conclusão de Guevara é oportuna, pois tendo em vista que a modalidade a distância não exige a presença física de docentes e estudantes em uma ocasião síncrona, o acesso à educação se amplia exponencialmente. Graças à expansão da Internet e de ferramentas interativas de multimídia, torna-se possível a conexão de pessoas oriundas de diferentes localidades geográfi cas e contextos culturais diversos. Portanto, inegavelmente, a EaD possui relevância social na medida em que inclui socialmente os que não ingressaram no ensino superior por indisponibilidade de tempo ou por morarem distante de instituições de ensino. A partir dessa modalidade em questão, foi e é possível promover cursos profi ssionalizantes, campanhas de alfabetização, capacitação e interação entre líderes e empregados de diferentes perfi s e segmentos, além de formações educacionais formais em diferentes níveis de ensino. A noção de Educação a Distância brasileira é defi nida no Decreto n. 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), conforme se observa a seguir: Art. 1º - Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendoatividades educativas em lugares ou tempos diversos. O processo educativo caracterizado pelas vivências a distância contempla o estudo e a leitura dos materiais didáticos autorais, ou seja, do conteúdo teórico, das videoaulas, dos exercícios, etc.; além de mecanismos de interação com tutores, tais como fórum, chat, e-mail, entre outros recursos. 15 Sobre os tutores, pesquisadores como Lázaro e Asensi (apud SILVA, 2008, p. 37) defi nem que: [...] ser tutor é ser professor que se encarrega de atender diversos aspectos que não são tratados nas aulas. O tutor também é o professor, o educador integral de um grupo de alunos. A tutoria é uma atividade inerente à função do professor, que se realiza individual e coletivamente com os alunos em sala de aula a fim de facilitar a integração pessoal nos processos de aprendizagem; é a ação de ajuda ou orientação ao aluno que o professor-tutor pode realizar além de sua própria ação docente e paralelamente a ela. Com a evolução da EaD no contexto nacional, o aumento da produção científi ca na área, o ótimo desempenho dos alunos egressos no Exame Nacional dos cursos, o reconhecimento da qualidade de seus cursos por parte das comissões de avaliação do Ministério da Educação, essa modalidade de ensino tem sido respeitada e equiparada aos cursos presenciais de tradição. Na reportagem a seguir, contempla-se reportagem sobre o excelente desempenho dos alunos EaD no Exame Nacional de Curso (ENADE): http://goo.gl/RZYbIv 16 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Material Complementar » Como a escola pode fazer uso das TICs? Esta e outras indagações são discutidas amplamente por especialistas do assunto no vídeo produzido pela TV Escola e intitulado As novas tecnologias em sala de aula. Em meio ao debate, fi ca claro que as tecnologias precisam ser associadas a inúmeros fatores para o pleno desenvolvimento do indivíduo, entre eles: à valorização e à capacitação docente. De fato, não há como reconfi gurar os saberes educacionais sem revolucionar o pensamento acadêmico tradicional. Participe dessa refl exão e acesse ao link: https://youtu.be/2s861rPUAEY2. » Compreenda a história da EaD no Brasil e no mundo no artigo publicado pela ABED – Associação Brasileira da Educação a Distância: http://goo.gl/3gkKf0 » Interessantes referências bibliográfi cas estão à disposição digitalmente para download no site: http://livros.universia.com.br/ » O site http://www.dominiopublico.gov.br/ pode ser uma dica de repositório de objetos de aprendizagem. Lá você econtra vídeos, livros e muitos outros elementos . 17 Referências CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, vol. 1. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2006. GUEVARA, Arnoldo Jose de Hoyos; DIB, Vitória Catarina. Da sociedade do conhecimento à sociedade consciência: princípios, práticas e paradoxos. São Paulo: Saraiva, 2007. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2011. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. TOFLER, Alvin. A terceira onda. 16. ed. Rio de Janeiro: Record, 1980. H A R V E Y , David. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 6 ed. São Paulo: Loyola, 1996. HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. LITTO, Fredric M. Repensando a educação em função de mudanças sociais e tecnologias recentes. In: OLIVEIRA, Vera Barros (org.). Informática em psicopedagogia. São Paulo: SENAC, 1996. p. 85-110. PORTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Educação a Distância. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/busca-geral/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12928- educacao-a-distancia. Acesso em: 18 jan. 2016 SCHWARTZ, Gilson. As pro� ssões do futuro. São Paulo: PubliFolha, 2000. SILVA, Marinilson Barbosa. O processo de construção de identidades individuais e coletivas do ser-tutor no contexto da educação a distância, hoje. Tese de doutorado – Programa de Pós-graduação em Educação, UFRGS, Porto Alegre, 2008. 18 Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs Anotações . Tecnologia da Comunicação e da Informação A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Regina Tavares Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução • Superando a escola instrucionista • A educação a distância vista por dentro Fonte: iStock / Getty Im ages Os objetivos desta Unidade são: · Administrar a tensão existente entre docente e discente frente às TICs · Habilitar o docente a conceber com criatividade e coerência o emprego das TICs em ocasiões de aprendizagem · Compreender os pormenores da EaD Vamos tratar nesta Unidade de elementos primordiais existentes nos cursos de EaD, são eles: os ambientes virtuais de aprendizagem, os objetos, recursos e softwares educacionais, etc. Além disso, será possível refletir sobre o emprego das TICs em situações de aprendizagem variadas com criatividade. A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais 6 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Contextualização Pedro Demo é um dos estudiosos mais prestigiados em EaD e nas demais reflexões a respeito da comunhão entre tecnologia, comunicação e ensino-aprendizagem. A seguir, recuperamos um excerto de palestra recente do pensador sobre as aplicações futuras das TICs em educação. De certa forma, boa parte dessa reflexão é levantada pela presente Unidade. [...] Pedro Demo diz que o mais importante é manter-se sempre aprendendo. De tempos em tempos, deve-se renovar o diploma, aprendendo novos conteúdos de forma dinâmica e praticando o autoestudo. As universidades não apoiam o autoestudo por deterem o monopólio acadêmico, mas a sociedade caminha no sentido de quebrar esse monopólio do conhecimento. As formas de aprender estão cada vez mais dinâmicas, e as universidades parecem igrejas, fiéis a rituais, nas quais não se muda nada com o passar dos tempos. Nós aprendemos reconstruindo o conhecimento, mas nossas instituições são instrucionistas, baseadas na aula expositiva. O conteudismo tem sido ineficiente para nossas crianças – que já não deveríamos chamar de alunos, e sim de pesquisadores. As crianças dessa geração já crescem integradas aos computadores, jogos e celulares e têm curiosidade natural para aprender investigando por conta própria o que lhes interessa. Em relação à tecnologia, elas são as nativas; nós, os imigrantes – bem diferente do que acontece na sala de aula. Em alguns países, como o Japão, os professores já ensinam com material de autoria própria. Infelizmente, aqui no Brasil todas as instituições educacionais ensinam com base na aula instrucionista. Esse tipo de aula não tem nada a ver com o conhecimento; os países desenvolvidos já se deram conta disso há algumas décadas. Entretanto, esse modelo conteudista, em que os professores se apoiam no livro didático e no material de outros autores, ainda persiste nos países em desenvolvimento. A importância da tecnologia no mundo atual deve ser considerada pela escola, pois não há nenhuma função importante na sociedade que não utilize computador. As crianças aprendem muito virtualmente, embora também seja possível aprender bem sem tecnologia. É incompreensível para as gerações atuais pensar em conhecimento sem a internet. A criança não aprende mais como nós aprendíamos. O cérebro humano é tão plástico que é capaz de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo. Antigamente, pensávamos que não, mas hoje sabemos que é possível manter atenção profunda em uma tarefa enquanto fazemos outras mais superficiais. Ainda estranhamos algumas coisas como o Twitter, por exemplo. O Twitter é um modelo da concisão que reina na internet. Como estudar bem uma coisa tão diminuída? O internetês não é aceito, os professores precisam se apoiar na linguagem acadêmica.É preciso, porém, deixar de lado o medo e o preconceito do computador e adaptar-se a essas novas formas de ensinar, pois ele é apenas um meio, um instrumento; quem aprende somos nós. O videogame, por exemplo, é um dos melhores meios de aprendizagem. Interativo, desafiador, colaborativo... O cenário muda, é possível discutir o jogo em fóruns... Demo citou o jogo SimCity, no qual a criança se torna prefeito de uma cidade que começa do zero e precisa encontrar soluções para os problemas que vão surgindo. Sempre falamos muito no lado positivo da internet, mas ela é ambígua e pode ser usada para o bem ou para o mal. É certo que rebeldes se organizam pelo Twitter ou pelo Facebook, mas os ditadores também se utilizam da rede para governar. A internet alimenta as ditaduras com informações. Sabemos que as crianças também estão expostas a riscos na rede, por isso é preciso controlar seu uso. Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/tecnologia/0038.html http:// 7 Introdução Olá, que tal iniciarmos esta Unidade com os versos de vanguarda de um de nossos maiores literatos nacionais? Sua veia poética no texto a seguir vai ao encontro de nossas expectativas em relação à escola do futuro: Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças Carlos Drummond de Andrade Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é em vocês natural. Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. Normal Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo. Deus. Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação. E que dessas coisas lhes ensinasse não só o conhecer, como também a aceitar, a amar e preservar. Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa história e a nossa terra de uma maneira viva e atraente. Eu queria uma escola que lhes ensinasse a usarem bem a nossa língua, a pensarem e a se expressarem com clareza. Eu queria uma escola que lhes ensinassem a pensar, a raciocinar, a procurar soluções. Eu queria uma escola que desde cedo Usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando... Oh! meu Deus! Deus que livre vocês de uma escola em que tenham que copiar pontos. Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, datas, fatos... Deus que livre vocês de aceitarem conhecimentos “prontos”, mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis. Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, repetindo, repetindo... Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a cooperar, a respeitar, a esperar, a saber viver em comunidade, em união. Que vocês aprendessem a transformar e criar. Que lhes desse múltiplos meios de vocês expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção. Ah! E antes que eu me esqueça: Deus que livre vocês de um professor incompetente 8 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Superando a escola instrucionista Para o pensador da educação, Pedro Demo (2004), a escola tradicional e seus imigrantes digitais mais conservadores sugerem baixo aproveitamento das TICs no ambiente escolar. De acordo com o estudioso e outros de pensamento correspondente, o ensino digital não ocupa lugar representativo nos currículos acadêmicos dos mais diferentes níveis de ensino. Salvo exceções, são raras as metodologias e práticas pedagógicas que avançaram para além da construção de laboratórios de informática e acesso Wi-Fi. Em parte, essa postura da escola tradicional se deve a dois fatores significativos: o primeiro fator seria o temor ao desaparecimento ou enfraquecimento da figura do professor; o segundo, seria a visão paradigmática da escola instrucionista, ou seja, aquela que acredita na construção hierárquica do conhecimento a partir da concessão de informações, numa via de mão única e unidirecional, entre professor e aluno (Figura 1). Paradoxalmente, a escola progressista e contemporânea promove a construção do conhecimento a partir da comunicação multidirecional e democrática entre estudantes e professores (Figura 2). Figura 1 - Comunicação Unidirecional - Via de mão única ConhecimentoProfessor Reprodução memorizada e incontestável do conhecimento adquirido Aluno Figura 2 - Comunicação Multidirecional Conhecimento e retroalimentação do conhecimento Professor Estudante O temor ao desaparecimento ou enfraquecimento da figura do professor é perfeitamente compreensível, tendo em vista que até bem pouco tempo era ele o protagonista de quaisquer processos de ensino-aprendizagem. Contudo, a sensação de insegurança por parte do docente desponta a partir da disseminação falaciosa de que a escola está defasada em relação ao conhecimento facilmente adquirido, assimilado e compartilhado via internet. 9 O professor deve ter em mente a inviabilidade de qualquer TIC aplicada à formação acadêmica sem a sua indispensável e notória presença. É impensável não contar com o professor na articulação interativa entre tecnologia e aprendizagem, pois toda e qualquer proposta de alfabetização de crianças e de andragogia é mais duradoura e melhor sustentável se ocorrer no ambiente escolar e sob a articulação docente. Somente softwares ou hardwares sofisticados não são suficientes para promover a tão almejada inclusão digital e, por conseguinte, social. Por meio das TICs, num processo de retroalimentação contínua do conhecimento, o docente estimula a sua formação ad eternum, potencializando sua aprendizagem constante, independente das imposições geográficas ou temporais – assim como ocorre com o seu estudante, provavelmente, já um nativo digital. Sendo esse já habituado ao conhecimento ilimitado e não-linear disposto em sites e seus hipertextos, a conduzir de texto em texto, uma colcha de retalhos infinita de informações observada de forma aleatória e imprecisa ao sabor de seus cliques. Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links. Trata-se de um novo modo de leitura e de organização da escrita. O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns casos, até mesmo exige – a participação de diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos modelos tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a aquisição de informação de maneira cooperativa. Embora haja quem identifique o hipertexto exclusivamente com os textos eletrônicos, produzidos em determinado tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já que consiste numa forma organizacional que tanto pode ser concebida para o papel como para os ambientes digitais. É claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis: a conexão imediata, a comparação de trechos de textos na mesma tela, o “mergulho” nos diversos aprofundamentos de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos (RAMAL, 2002, p. 56). Tal lógica também se observa nos ambientes e-learnings gratuitos ou privados que libertam o usuário de uma ordem determinada do conhecimento, possibilitando selecionar o que se pretende observar primeiro, depois e em última instância. Tal configuração por si só já se revela como uma maneira mais flexível de aprendizagem, não mais submetida à transmissão instrucionista de informações. Em suma, cabe ao docente compreender as TICs como ferramentas capazes de aprimorar formas de estudar, pesquisar, criar,ensinar, aprender, compartilhar, comunicar e, principalmente, disseminar a cultura humana a partir da reinvenção da sala de aula. 10 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais A seguir, destacamos as demais contribuições das TICs: 1. Auxiliar à concepção de práticas de ensino-aprendizagem mais envolventes e dinâmicas, de acordo com as premissas do século XXI. Como exemplo, podemos destacar a “gamificação”. A partir dessa concepção, os estudantes adquirem habilidades e competências diversas, tais como superação de desafios, criatividade, estratégia, motivação, entre outras. Gamificação é o uso de técnicas de design de jogos que utilizam mecânicas de jogos e pensamentos orientados a jogos para enriquecer contextos diversos – normalmente não relacionados a jogos. » http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamificação Confira reportagem com 10 dicas para gamificar a sua aula: » http://www.opusphere.com/10-ideias-especificas-para-gamificar-sala-de-aula/ 2. Promover ações e conteúdos autônomos e autorais, tais como os conteúdos contemplados em blogs. Além dos professores incentivarem o uso de tal instrumento de comunicação em exercícios específicos, os estudantes podem se utilizar desse artifício para expor suas ideias, manifestarem opiniões ou ainda aprofundarem conhecimentos acadêmicos adquiridos em sala de aula. Tal atitude pode fundamentar ações cidadãs e democráticas, por excelência. Exemplo: A autora do blog Diário de Classe expunha suas inquietações na rede social a fim de buscar melhorias reais para a escola pública na qual estudava. www Confira as conquistas da garota referida acima após um ano de publicações no referido blog. Trata-se de uma lição de cidadania. Link: http://goo.gl/QU5XAa 3. Possibilitar novas oportunidades de pesquisa acadêmica, adversas do “imperi- alismo” imposto pelas antigas enciclopédias. Graças à Internet, inúmeras fontes de informação, em diversas línguas e características, podem suprir a pesquisa de um estudante por um tema qualquer. Trata-se de uma excelente forma de lidar com opiniões complementares e divergentes sobre um mesmo assunto. Entretanto, não há como negar a existência de determinados riscos, tais como: a facilidade do plágio, a disseminação de preconceitos, dualismos, fascismos ou a simples reprodução de conteúdos sem credibilidade ou apuração. Nesse sentido, cabe à escola habilitar o estudante a distinguir o “joio do trigo”, ou seja, a selecionar o que é ou não oportuno a sua formação acadêmica. Uma possibilidade relacionada à questão da pesquisa e muito discutida na atualidade está no conceito Flipped classroom – numa possível tradução, Sala de aula invertida. Nela, o estudante entra em contato com os conteúdos básicos antes da aula, tais como vídeos, textos, games, etc. – geralmente, a partir de pesquisas acadêmicas realizadas http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamifica%C3%A7%C3%A3ov http://www.opusphere.com/10-ideias-especificas-para-gamificar-sala-de-aula/ http://goo.gl/QU5XAa 11 on-line. Em sala de aula, o professor aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos adicionais. A ideia não é importar a didática estrangeira a qualquer custo, mas nada impede que, no Brasil, o método seja adaptado à nossa realidade e que traga contribuições efetivas para o delineamento da escola ideal. 4. Contribuir para relações mais interativas entre professores, escola, estudantes e o conhecimento, tendo em vista a promoção de autonomia e produção autoral. 5. Incluir digitalmente, na medida em que a incorporação das TICs em ambientes acadêmicos podem promover o acesso ao conhecimento e a democratização da educação e, por conseguinte, inspirar a inclusão social. Nesse sentido, a educação a distância (EaD) é exemplo de inclusão digital e social. Os infográficos abaixo (figuras 3 e 4) evidenciam o uso das TICs no ensino superior e no ensino básico, respectivamente. Figura 3 12 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Figura 4 A seguir, nos familiarizaremos com personagens e objetos presentes no cenário da EaD. 13 A educação a distância vista por dentro Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) Um AVA é um software, geralmente baseado na Web, que auxilia na organização de cursos ou disciplinas amparadas pelas TICs. AVAs possuem o seguinte conjunto de ferramentas: • Gerenciamento de conteúdo; • Possibilidade de inserção de materiais digitais (ou links para os mesmos) de diversos formatos; • Comunicação síncrona e assíncrona: ferramentas de chat, fórum e transmissões ao vivo; • Avaliação, mecanismos de autoavaliação e avaliação automatizada; e • Gerenciamento de tarefas. Deve-se ressaltar que as ferramentas disponíveis variam de ambiente para ambiente. Os AVAs também podem ser denominados AVEA (Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem), LMS (Learning Management System) e LCMS (Learning Content Management System). Exemplo de AVA, o BlackBoard é amplamente empregado no Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Vide Figura 5 a seguir: Figura 5 Outro exemplo de AVA muito utilizado no Brasil é o http://moodle.org/. O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é um AVA disponibilizado como um software livre, criado em 2001 por Martin Dougiamas. Refere-se a um ambiente gratuito, seu uso está bastante difundido no Brasil e no mundo. Visite o site Moodle.org 14 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais O que são Objetos de Aprendizagem (OAs)? A definição mais aceita para OAs engloba qualquer, item digital ou não digital, que possa ser utilizado, reutilizado ou referenciado durante o aprendizado suportado por tecnologias. Para que um objeto de aprendizagem possa ser reutilizado, é preciso que esse objeto seja devidamente indexado e armazenado em um repositório. Há vários repositórios mantidos por governos, universidades ou organizações públicas e privadas. Conheça alguns: » Portal do Professor, mantido pelo MEC (acesse o site “Recursos Educacionais”): http://portaldoprofessor.mec.gov.br/; » Portal MERLOT (em inglês – clique nos itens abaixo de ‘Browse Collection’): http://www.merlot.org/; » Portal do governo chileno (em espanhol): http://www.educarchile.cl/; » Projeto Labvirt - Faculdade de Educação da USP (OAs de Física e Química): http://www.labvirt.fe.usp.br/; » Portal de OA do Instituto de Física da USP: http://efisica.if.usp.br/; » Núcleo de OA em Física – Univ. Federal da Paraíba Núcleo de AO em Física Recursos Educacionais sobre Química, Biologia, Física, Matemática e Ciência da Computação: http://www.ilumina-dlib.org/; » Recursos multimídia em várias áreas – tais como matemática, física, biologia, química, história, geografia: http://rived.mec.gov.br/; » Recursos educacionais de várias áreas da UFRGS: http://www.lume.ufrgs.br Softwares educativos Tratam de softwares cujo principal propósito é o ensino ou a autoaprendizagem. O objetivo principal é que o aprendiz faça uso do software, tenha prazer em lidar com ele e que possa praticar ações nele de maneira clara e objetiva. Há vários desses softwares gratuitos à disposição na Internet, uma relação deles, que estão disponíveis para download e favoráveis ao ensino de física, encontra-se em: http://www.saintmarys.edu/~rtarara/DOWNLOADS.html. Atores do processo de ensino-aprendizagem em EaD O docente pode atuar de inúmeras formas em EaD, seja de maneira presencial, semipresencial ou a distância plenamente. O docente pode ser: » Conteudistas – especialistas em uma determinada área do conhecimento responsáveis pela produção do material didático, a ser disponibilizado em AVAs; http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ http://www.merlot.org/ http://www.educarchile.cl/ http://www.labvirt.fe.usp.br/ http://efisica.if.usp.br/ http://www.ilumina-dlib.org/ http://rived.mec.gov.br/ http://www.lume.ufrgs.br http://www.saintmarys.edu/~rtarara/DOWNLOADS.html 15 » Tutores – professores responsáveis pelo acompanhamentodos alunos em cursos ou disciplinas a distância. São esses importantes agentes que respondem mensagens em fóruns, participam em chats, acompanham os mecanismos de avaliação, entre outras funções. Após a conclusão do material didático pelo conteudista, entra em ação o tutor cujo papel é o de prover a interação e o relacionamento de todos os participantes dos AVAs. Ao tutor, é necessário ter uma série de habilidades e competências, conforme explicita Maia (2002, p.13): » Competência tecnológica – domínio técnico suficiente para atuar com naturalidade, agilidade e aptidão no ambiente que está utilizando. É preciso ser um usuário dos recursos de rede, conhecer sites de busca e pesquisa, usar e-mails, conhecer a netiqueta, participar de listas e fóruns de discussão, ter sido mediador em algum grupo (e-group). O tutor deve ter um bom equipamento e recursos tecnológicos atualizados, inclusive com plug-ins de áudio e vídeo instalados, além de uma boa conexão com a Web. O tutor deve ter participado de pelo menos um curso de capacitação para tutoria ou de um curso online; preferencialmente, utilizando o mesmo ambiente em que estará desenvolvendo sua tutoria. » Competências sociais e profissionais - deve ter capacidade de gerenciar equipes e administrar talentos, habilidade de criar e manter o interesse do grupo pelo tema, ser motivador e empenhado. É provável que o grupo seja bastante heterogêneo, formado por pessoas de regiões distintas, com vivências bastante diferenciadas, com culturas e interesses diversos, o que exigirá do tutor uma habilidade gerencial de pessoas extremamente eficiente. Deve ter domínio sobre o conteúdo do texto e do assunto, a fim de ser capaz de esclarecer possíveis dúvidas referentes ao tema abordado pelo autor, conhecer os sites internos e externos, a bibliografia recomendada, as atividades e eventos relacionados ao assunto. A tutoria deve agregar valor ao curso. Outros profissionais, com formação docente ou não, podem atuar em outras funções na EaD, são elas: » Designers instrucionais – profissionais especialistas no uso das TICs e que auxiliam os conteudistas na preparação do material e na organização geral do curso; » Profissionais de comunicação audiovisual – indivíduos responsáveis pelo manuseio de equipamentos eletrônicos de radiodifusão necessários à gravação e difusão de videoaulas gravadas e transmitidas ao vivo; » Profissionais de Tecnologia da Informação – responsáveis pelo controle e a gestão dos dados envolvidos nos AVAs. Bom, nossa unidade chegou ao fim e esperamos que você tenha apreciado as discussões aqui levantadas. Acompanhe nosso material didático na íntegra e consulte o seu tutor, caso haja necessidade. Saudações virtuais! 16 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Material Complementar Vídeos: Mundo S/A: Educação a distância se torna uma tendência no Brasil Assista a uma reportagem especial sobre os avanços da EaD no Brasil e no mundo, elaborada pela Globo News em: http://goo.gl/2UzVhK Sites: TelEduc Confira um ambiente e-learning gratuito para criação e compartilhamento de conteúdo a distância. Basta fazer o download em: http://www.teleduc.org.br/ Coursera Você conhece a Coursera? Trata-se de uma empresa de tecnologia educacional dos Estados Unidos, com sede em Mountain View, fundada pelos professores de ciência da computação Andrew Ng e Daphne Koller da Universidade Stanford. Ela oferece cursos gratuitos de renomadas instituições de ensino do mundo. Selecione o seu curso por meio do link: https://pt.coursera.org/. Leituras: O que é educação a distância Neste texto, o autor José Moran sintetiza o conceito de EaD. Leia o artigo em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf http://goo.gl/2UzVhK http://www.teleduc.org.br/ https://pt.coursera.org/ http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf 17 Referências CASTELLS, M. A sociedade em rede, v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2006. DEMO, P. Aprendizagem no Brasil: ainda muito por fazer. Porto Alegre: Mediação, 2004. JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2011. LEMOS A. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interac.html. Acesso em: 10/04/2008. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. MAIA, C. Guia Brasileiro de Educação a Distância. São Paulo: Esfera, 2002. MANOVICH, L. El linguaje de los nuevos medios de comunicación – La imagen em la era digital. Buenos Aires: Paidós, 2006. CASTELLS, M. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. 18 Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais Anotações . Tecnologia da Comunicação e da Informação Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Regina Tavares Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Os dispositivos móveis e as novas noções de mobilidade e interatividade • Demais avanços tecnológicos Fonte: Thinkstock / Getty Im ages Os objetivos desta Unidade são: · Refletir a respeito de novas tecnologias atuantes no cenário recente da educação: vídeos digitais, softwares educativos, etc. · Compreender o impacto das tecnologias digitais móveis no ambiente acadêmico tradicional. · Entender a atualização de noções de mobilidade e interatividade. Nesta Unidade, abordaremos novas tendências em tecnologia da informação e da comunicação, assim como trataremos de novas noções de mobilidade e interatividade. Nossos objetivos são refletir a respeito de novas tecnologias atuantes no cenário da educação recente, compreender o impacto das tecnologias digitais móveis no ambiente acadêmico tradicional, entre outros. Não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas. 6 Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Contextualização www O vídeo a seguir sintetiza, objetivamente, o papel das redes sociais na vida do brasileiro atualmente. Assista ao breve filme e se identifique. Link: https://youtu.be/QOJ-Dvi6hcw https://youtu.be/QOJ-Dvi6hcw 7 Os dispositivos móveis e as novas noções de mobilidade e interatividade Notoriamente, os avanços tecnológicos em comunicação midiática, telecomunicação, telemática, eletrônica, tecnologia da informação, entre outros elementos similares presentes na contemporaneidade são alguns dos principais pilares da do que chamamos de Sociedade da Informação, as quais incidem, claro, sobre o ensino-aprendizagem. Mais recentemente, as tecnologias digitais móveis – existentes em smartphones, tablets, ipads, etc. – corroboraram ainda mais para o surgimento de novas dinâmicas sociais, jamais vistas outrora, entre emissores, interlocutores, conhecimento, espaço físico e virtualidade. O que nos faz esbarrar aqui no conceito de mobilidade digital. A respeito, Cordeiro e Bonilla (2015, p. 260) dizem: A mobilidade digital, presente no cotidiano de milhares de pessoas, permite tanto o acesso instantâneo à comunicação, como a possibilidade imediata de responder, opinar, reagir às mensagens e informações recebidas ou acessadas, independentemente da localização dos interagentes. Entre as novidades comportamentais reservadas pelas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) está o acesso instantâneo, fácil e veloz à comunicação. Com o simples manuseio do celular, faz-se possível compartilhar informações, criticar, opinar, aprender, ensinar, conceber e veicular novos conteúdos, independente da localização dos indivíduos interlocutores ou do suporte dado por determinada indústria da comunicação. Afora os monopóliosda comunicação, qualquer indivíduo amparado pelas TICs pode produzir e compartilhar informações sem a chancela das grandes corporações da comunicação. Em tal conclusão, observa-se o viés do conceito de ‘midiatização’. O tema é amplamente debatido por autores como Fausto (2008), Matta (1999) e Sodré (2002), mas dificilmente sugerem consenso, dada a sua complexidade. Para Fausto, A midiatização resulta da evolução de processos midiáticos que se instauram nas sociedades industriais, tema eleito em reflexões analíticas de autores feitas nas últimas décadas e que chamam atenção para os modos de estruturação e funcionamento dos meios nas dinâmicas sociais e simbólicas (FAUSTO, 2008, p. 90). Sendo assim, os meios de comunicação ultrapassam seu caráter de mediação em relação às dinâmicas sociais e simbólicas e tornam-se em si uma realidade paralela que organiza a vida em sociedade a partir de suas próprias formas de interação (FAUSTO, 2008). Trata-se da constituição da mídia como uma nova forma de vida, como bem definiu Sodré (2002), um bios midiático. Nesse sentido, o termo ‘midiatização’ ultrapassa a concepção de coadjuvante da mídia, tão presente na sociedade dos meios, e assume “uma referência engendradora no modo de ser da própria sociedade, e nos processos de interação entre as instituições e os atores sociais” (FAUSTO, 2008, p. 93). Em suma, pode-se dizer que na sociedade dos meios poucos detinham os monopólios da comunicação de massa e que na sociedade midiatizada, graças aos meios tecnológicos – frequentemente digitais –, todos podem ocupar o posto de emissores da comunicação. Sendo assim, de fato é substituída a noção de mídia “representacional-institucionalizada-organizacional” por uma noção de mídia diferenciada, presente em qualquer tipo de comunicação interpessoal, grupal, organizacional e massiva. 8 Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Martin-Barbero (2004) sintetiza melhor tal cenário. Para o autor latino-americano, a presença das tecnologias, em especial as móveis, permitiu o amplo direito à comunicação interativa e, por que não acrescentarmos, à educação, à exemplo dos avanços significativos da EaD em nosso país. Inegavelmente, esse cenário tem colaborado para tecermos reflexões pertinentes sobre o conceito de ‘interatividade’. É comum atribuir o título de interatividade às tecnologias que possuem apelos midiáticos e de visualidade expressiva – tais como: audiovisuais diversos, displays múltiplos, games etc. –, contudo, não necessariamente tais recursos tornam uma relação em interativa. Fonte: GC/Blog Vambora A imagem acima se refere ao Museu do Futebol. Apesar da visualidade espetacular propiciada pela tecnologia, nada assegura que a comunicação estabelecida ali seja interativa; pelo contrário, o excesso tecnológico pode até comprometer a compreensão do visitante, em determinados casos. Para entender esse impasse é necessário revisitar o termo interatividade, que vem sendo empregado, eventualmente, sem critérios (LEMOS, 2000). Para não perder o rumo, buscou- se aqui amparo nos autores Silva, Lèvy, Lemos e Manovich. Antes, importa explicar que o termo interatividade despontou nos anos de 1990 como extensão das mídias digitais e tem sido empregado amplamente na concepção de espaços midiáticos diversos. 9 Segundo Silva (1999), a interatividade é o caminho para a melhor comunicação em relações presenciais ou virtuais entre máquinas e indivíduos, ou entre indivíduos apenas. Já Lemos (2000) acredita que é necessário falarmos de um caso específico, a ‘interatividade digital’, aquela estabelecida entre homem e máquina. Por fim, para Manovich (2006), assim como para Lèvy (1999), todas as experiências culturais podem ser definidas como uma forma de interatividade, mas realmente há a necessidade de se desenvolver diferentes termos para diversos tipos de interatividade – como bem sinalizou Lemos, acima. Também concordamos ser necessário considerar terminologias específicas para diferentes situações de interatividade, assim como é relevante compreender que a existência de tecnologias sofisticadas não garante a interatividade plena. A humanização – em especial a presente nas relações entre professores e alunos – atribui significado às tecnologias digitais. Os indivíduos são os verdadeiros responsáveis por transformar as relações não-dialógicas em relações interativas, inclusive no ambiente escolar. A temática até aqui levantada não esgota a revolução das TICs nos ambientes escolares. Prova disso, é que a miniaturização de aparelhos como os smartphones, tablets e ipads permitiu a articulação das noções de presencialidade e virtualidade em sala de aula, tornando-a, assim, um ambiente híbrido. Podemos, por exemplo, estar em sala de aula e relatar as vivências daquele espaço físico, em tempo real, nas nossas redes sociais para um público-alvo interessado ou não em formação acadêmica. Instantaneamente, somos conduzidos ao pensamento de Henry Jenkins (2011), quando esse revela a atual ânsia humana por aquilo que ele denominou como sendo “cultura participativa”. Os indivíduos nas mais variadas esferas de seu cotidiano se relacionam afetivamente com a produção autoral e protagonista de conteúdo. Para Pierre Levy (1999), é nesse ambiente que surge a possibilidade de renovações do status quo a partir da internet, tendo em vista a participação livre, interativa e opinativa dos indivíduos. Por tudo o que dissemos, somos levados a crer que a escola se tornou um ambiente múltiplo de interações presenciais e on-line, orquestrado por uma conectividade ininterrupta e uma nova noção de mobilidade física e digital. Sendo assim, não cabe mais ao docente interpretar pejorativamente o estudante que fotografa a lousa, registra o selfie durante a explanação do professor ou grava uma aula expositiva para estudar posteriormente em função de avaliações. Apesar da sensação de possível ameaça advinda das TICs em sala de aula, alunos e professores podem aproveitar tal condição para potencializar aprendizagens, desde que amparados pela premissa aprender a aprender. 10 Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Demais avanços tecnológicos A seguir, algumas inovações tecnológicas, para além dos dispositivos móveis, capazes de aprimorar as relações de ensino-aprendizagem presentes no século XXI: Fonte: iStock/Getty Images Realidade Aumentada Tecnologia que permite visão ampliada de forma digital. Entenda mais em: Vídeo da National Geographic esclarece de forma exemplar o conceito de Realidade Aumentada. Acesse: https://youtu.be/oqCFJIRK6wU Fonte: iStock/Getty Images QR Code: Trata-se de um código de barras que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. Esse código, após a decodificação, passa a ser um trecho de texto e/ou um link que irá redirecionar o acesso ao conteúdo publicado em algum site. Para saber mais a respeito e até aprender a criar um código para uma finalidade qualquer em particular, basta acessar o artigo presente no link em questão. Acesse: http://www.tecmundo.com.br/qr-code/42599-como-criar-um-qr-code.htm https://youtu.be/oqCFJIRK6wU http://www.tecmundo.com.br/qr-code/42599-como-criar-um-qr-code.htm 11 Fonte: iStock / Getty Images Tecnologia Vestível Refere-se a uma nova abordagem tecnológica, redefinindo a interação “humano-máquina”. Nesse caso, os dispositivos estão diretamente conectados no usuário por meio de vestimenta ou acessórios. Fonte: iStock / Getty Images Tecnologia Vestível Refere-se a uma nova abordagem tecnológica, redefinindo a interação “humano-máquina”. Nesse caso, os dispositivos estão diretamente conectados no usuário por meio de vestimenta ou acessórios. Fonte: iStock / Getty Images 12 Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação Livestream Tecnologia que permite a transmissão just in time de eventos síncronos para públicos em larga
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