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Tecnologia da 
Comunicação 
e da Informação
O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura 
da convergência
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Regina Tavares
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
5
O emergir da sociedade da informação e sua 
recente cultura da convergência
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Pressupostos teóricos e históricos das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (TICs)
• Novas noções de tempo e espaço
• Cultura da Convergência
Fonte: Thinkstock/Getty Im
ages
 · Disponibilizar arcabouço teórico a respeito do panorama de surgimento das TICs
 · Analisar de forma crítica a presença da tecnologia no cotidiano social
 · Conceder ao estudante o conhecimento a respeito das terminologias empregadas 
comumente em TICs
Olá,
Como vai?
Nesta unidade, trataremos do contexto de surgimento das Tecnologias da Informação 
e da Comunicação, também denominadas “TICs”. Portanto, serão abordados conceitos 
relacionados aos pressupostos históricos da Internet; à conceituação de tecnologia, 
comunicação e informação; à era da Sociedade do Conhecimento e demais formulações 
acadêmicas intrigantes – como Cultura da Convergência e Inteligência Coletiva. 
Esperamos que tenha se sentido motivado a iniciar seus estudos prontamente.
Excelente aprendizagem e saudações virtuais!
6
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
Contextualização
Olá,
Que tal conferir um debate de alta envergadura sobre os impactos das tecnologias da 
informação e da comunicação em nosso dia a dia? 
A nossa indicação como contextualização desta unidade fica por conta das discussões de 
alto nível levantadas pelos intelectuais brasileiros contemporâneos Vivian Mosé e Silvio Meira 
no renomado programa televisivo Café Filosófico, exibido pela TV Cultura. Na oportunidade, 
autores de referência como Pierre Levy são mencionados e abrilhantam ainda mais esse rico 
objeto de aprendizagem. 
Assista e produza reflexões entre amigos, familiares, estudantes e professores a respeito. 
7
Pressupostos teóricos e históricos das Tecnologias da Informação 
e da Comunicação (TICs)
“Nenhum homem é uma ilha”, adverte a epígrafe anônima. Entre inúmeros elementos de 
diferenciação em relação ao homem e aos demais animais, a comunicação consigo mesmo, 
com os semelhantes e com o meio ambiente é determinante para a definição de nossa cultura 
e sociabilidade. Mas, o que seria a comunicação? 
Poderíamos definir, suscintamente, comunicação como o ato de compartilhar informações 
entre indivíduos, em busca de um entendimento comum a respeito de um assunto ou de uma 
situação. De fato, a COMUNICAÇÃO é:
 · um dos fatores básicos da existência humana, pois o homem é o único ser da natureza 
dotado de emoções, pensamentos e opiniões;
 · responsável pela função do homem enquanto ser racional e social;
 · via de expressão de emoções, pensamentos e opiniões por meio da palavra.
COMUNICAR = TORNAR COMUM
Segundo Harold Lasswell (1948), percussor dos estudos em comunicação e linguagem, o 
processo da comunicação se caracteriza pelos seguintes elementos: 
 · Emissor: transmite a mensagem codificada ao receptor;
 · Receptor: é quem recebe, decodifica e interpreta a mensagem enviada;
 · Mensagem: é o objeto da comunicação. É constituída de um conjunto organizado de 
sinais (ou signos) pertencentes a um código linguístico ou não;
 · Código: é o conjunto de sinais (ou signos) linguísticos ou não, comuns tanto ao emissor 
como ao receptor, e das regras de utilização desse conjunto; 
 · Codifi cação: é a conversão de uma ideia ou de uma informação em mensagem, e 
dessa em código;
 · Canal de comunicação: é o meio (oral, escrito, visual ou corporal) por meio do qual 
a mensagem é transmitida e que serve de suporte físico à transmissão da mensagem;
 · Decodifi cação (ou descodifi cação): consiste na percepção e interpretação, por parte 
do receptor, do significado da mensagem recebida;
 · Resposta ou feedback: é a reação do receptor ao ato de comunicação e permite que 
o emissor saiba se sua mensagem foi ou não compreendida pelo receptor;
 · Ruído: é tudo aquilo que interfere na comunicação, ocasionando perda de informação 
durante a transmissão da mensagem. 
8
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
As principais fontes de ruídos são:
 · O emissor ou o receptor (mal-estar físico, psicológico, etc.);
 · O ambiente (excesso de barulho, falta de luminosidade, etc.);
 · A mensagem (velocidade da fala, uso de jargão ou gíria profissional diante de uma 
plateia mista, etc.).
Há muitos mecanismos simbólicos destinados ao ato de comunicar, entre eles a gestualidade, 
a fala, a escrita e até a troca de mensagens via a rede global de informação, a Internet.
Neste último caso, nos referimos a um tipo de comunicação muito específica: a mediada 
pela tecnologia. A comunicação mediada é o processo de comunicação em que está envolvido 
algum tipo de aparato técnico que intermedeia os interlocutores. 
No contexto contemporâneo, a comunicação mediada é marcada pelas tecnologias da 
informação e da comunicação, em outras palavras, tecnologias e métodos empregados em 
comunicação surgidos na segunda metade da década de 1970.
Tecnologia: estudo ou objeto sistemático sobre métodos, técnicas e processos de um 
determinado ofício da atividade humana;
Informação: ato ou efeito de informar; notícia, indagação; esclarecimento sobre algo; 
entre outras defi nições.
Notoriamente, o despontar da Internet nos anos de 1960 acrescenta significado à emersão 
das TICs na década seguinte.
Fonte: leituraprazerouobrigacao.blogspot.com.br 
9
A Internet surge no contexto histórico da Guerra Fria, a partir de pesquisas militares norte-
americanas interessadas em estabelecer comunicação, apesar de possíveis ataques inimigos 
que pudessem comprometer suas telecomunicações. 
Somente em 1990, com a popularização do WWW (World Wide Web), a Internet tornou-se 
acessível à população em geral. De lá para cá, já assistimos à evolução dos navegadores, ao 
surgimento das redes sociais e às revoluções sociais iniciadas no plano virtual e consolidadas 
presencialmente.
Numa perspectiva otimista, arriscamo-nos a dizer que muito ainda deve ser vivenciado 
quanto ao avanço das TICs, assim como em políticas públicas favoráveis à democratização do 
acesso à Internet.
Sobre perspectivas futuras, acesse o vídeo a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=g7_mOdi3O5E.
São exemplos de tecnologias da informação e da comunicação:
 · Computadores pessoais;
 · Dispositivos móveis;
 · Rádios e TVs on-line;
 · Tecnologias de acesso remoto (wi-fi, bluetooth, etc.);
 · Correios eletrônicos;
 · Redes virtuais colaborativas;
 · Telefonia móvel;
 · Webcams;
 · Cartões de memória;
 · Websites e homepages;
 · Terminais bancários eletrônicos;
 · Ambientes virtuais de aprendizagem;
 · Entre outros.
Atos cotidianos, como falar ao celular, 
realizar pagamentos via celular ou 
estudar on-line, demonstram novos 
comportamentos adotados pelo 
indivíduo em razão das TICs.
10
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
Alguns impactos das TICs podem ser observados no(a):
 · Maior facilidade e rapidez de acesso à informação; 
 · Desenvolvimento de novas máquinas e tecnologias voltadas para a produção de bens 
de consumo;
 · Incremento da possibilidade de participação dos colaboradores nas atividades de gestão 
dos seus superiores hierárquicos, etc.;
 · Fronteiras cada vez menos demarcadas em relação ao seu meio ambiente;
 · Aumento da produção de mercadorias em menos tempo;
 · Disseminação ampla do conhecimento e da cultura humana.
Novas noções de tempo e espaço
Não há dúvidas de que o momento vigente convive com novas noções de tempo e espaço, 
ora entendidos a partir de uma lógica não temporal ou geográfica. 
De forma segura, pode-se afirmar que não há mais distinção entre o tempo dotrabalho, 
do lazer, do ócio e da formação acadêmica, por conseguinte. É possível estar no ambiente 
de trabalho e ainda assim comunicar-se com amigos e familiares por meio das redes sociais. 
Paralelamente, é possível desfrutar de momentos de lazer e, de forma simultânea, responder a 
uma demanda emergente do trabalho sem deslocar-se fisicamente ao escritório, à fábrica, etc.
O livre trânsito da comunicação propiciada pelas tecnologias da informação e da comunicação, 
para além das amarras impostas pelas fronteiras espaciais ou pelas limitações do tempo, 
revolucionou diferentes ocasiões sociais, inclusive às relacionadas à formação acadêmica; 
designando a humanidade a vivenciar o que viria a ser denominada “Sociedade da Informação”.
Contudo, antes de nos debruçarmos sobre o detalhamento dessa terminologia, cabe atentarmos 
às principais alterações conceituais pelas quais perpassaram as noções de tempo e espaço.
Para Harvey, pensar a respeito dessas duas categorias tão relevantes para o indivíduo, o 
tempo e o espaço, constitui uma necessidade primordial, tendo em vista que “o espaço e o 
tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos 
o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou 
autoevidentes” (HARVEY, 2000, p. 187).
Ferrara acrescenta a essa imbricada discussão, quando revela que:
Estudar o espaço e o tempo supõe enfrentar uma complexidade, não apenas 
conceitual, mas da própria reflexividade que faz com que aqueles conceitos sejam 
não só revistos, mas, sobretudo, transformem-se em objetos de conhecimento, 
ou seja, o espaço e o tempo escapam da racionalização a que os reduziu o 
sistema Kantiano e passam a ser trabalhados por uma racionalidade na revisão 
do seu próprio conceito (FERRARA, 2008, p.25).
11
Inicialmente, a Geografia concebia o tempo de forma sequencial e linear, à maneira de 
Kant, como sugere a crítica de Ferrara acima. Seu impacto era entendido por uma sucessão de 
fatos no espaço. Então, é compreensível a prevalência de uma perspectiva histórica sequencial 
nos discursos acadêmicos e de caráter geral. 
Com o tempo, a Academia incorporou uma visão do tempo diferenciada, agora entendida 
como ciclo, no qual, apesar da estabilidade presente na sucessão de fatos, a dinâmica sempre 
conduz à repetição do ciclo. Hoje, a visão crítica da Geografia entende o tempo como espiral, 
mas também como seta e ciclo, ou seja, determinação e possibilidade. 
Em parte, a presença e o avanço das tecnologias traçaram condições para essa nova noção 
de tempo e espaço, condicionaram a sociedade a eleger a informação como o seu bem maior. 
Tal perspectiva permitiu ao autor Manuel Castells (2006) instituir o termo “Sociedade 
da Informação”, também denominado “Sociedade Pós-Industrial”, ou ainda “Sociedade 
Informacional”. Trata-se de uma perspectiva conceitual ligada à reestruturação enfrentada pelo 
capitalismo desde os anos de 1980 e envolve privatização, desregulamentação, dissolução de 
fronteiras comerciais, entre outras atitudes favoráveis à nova economia. 
Notoriamente, os avanços tecnológicos em comunicação midiática, telecomunicação, 
telemática, eletrônica, tecnologia da informação são alguns dos principais pilares dessa sociedade. 
Ganhos expressivos trazidos pela consolidação da Sociedade da Informação, como a 
possibilidade de novas formas de sociabilidade por meio da Internet, endossaram expectativas 
como a de integração entre povos e o compartilhamento potencial do conhecimento humano. 
Sobre o assunto, Castells (2003, p.102) aponta que: “Se alguma coisa pode ser dita, é que a 
Internet parece ter efeito positivo sobre a interação social, e tende a aumentar a exposição a 
outras fontes de informação”.
Sobre a exposição a outras formas de informação, pode-se exemplificar os benefícios 
trazidos pela internet e por outras tecnologias à democratização do conhecimento e, 
consequentemente, da educação. 
A sensação de segurança trazida pela capacidade do computador em armazenar e 
difundir dados também tem sido encarada como uma vantagem substancial para a difusão da 
cultura humana. Afinal, diversos bancos de dados preservam o conhecimento humano e o 
compartilham exponencialmente.
Por meio das possibilidades engendradas pelas tecnologias, novas formas de conhecer e 
comunicar a cultura humana foram oportunizadas. Lev Manovich (2006), em seus estudos, 
acredita que a tela do navegador da internet substituiu outras telas – como a do quadro, da 
televisão, da página do livro, do cinema, etc. – e dissemina de forma muito particular a cultura. 
Nesse sentido, as tecnologias da informação e da comunicação não agem mais como um 
mecanismo neutro de transferência do conhecimento e da cultura humana decodificados em uma 
determinada linguagem; as TICs agem como outra cultura em si, segundo o autor de vanguarda.
Isso porque tal código estabelece sua visão de mundo, seu sistema lógico, sua ideologia. 
Para Manovich, “Em resumen, ya no nos comunicamos com um ordenador sino com la 
cultura codificada en forma digital”. (MANOVICH, 2006, p. 120)1. 
12
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
1Nesse sentido, a interface da informática também pode “Em resumo, já não 
nos comunicamos com um computador e sim com a cultura codificada em 
forma digital” (Tradução nossa).
Entretanto, não podemos incorrer apenas na via do enaltecimento das tecnologias como 
promotoras determinantes dos mecanismos de sociabilidade e difusão da cultura humana, uma 
vez que tais ganhos também abarcaram uma sensação de fragmentação da experiência e de 
descontrole em relação ao tempo.
O acúmulo de informações e a dificuldade em se apropriar daquilo que é definitivamente 
válido para cada indivíduo em particular apresentam-se como apenas algumas das grandes 
inquietações humanas trazidas pela eclosão da tecnologia digital a partir dos anos 2000.
Não há razão para superestimar os mecanismos de registro e armazenamento do 
conhecimento advindos das TICs. Devemos sim nos ater ao uso e à interação realizada junto 
a tais registros. Pierre Levy (1999, p. 273), especialista no tema, comenta: “O registro não é 
um valor em si. O que vale é a inteligência coletiva se autonutrindo”. Para o autor, para além 
da tecnologia, a interação humana é fundamental. 
Fica claro, a partir da consideração de Levy (1999), que apenas o registro não garante 
louros expressivos à construção da memória. O ideal é estabelecer a inteligência coletiva, 
isto é, um tipo de inteligência compartilhada que surge de processos interativos capazes de 
envolver diferentes indivíduos e grupos sociais.
Para Castells (2003), daí se impõe a necessidade de evoluirmos para o conceito de 
Sociedade do Conhecimento, no qual a humanidade munida de tamanha evolução tecnológica 
e, sobretudo, do conhecimento contribui para a dissolução das desigualdades sociais e o avanço 
do desenvolvimento científico.
Cultura da Convergência
Em um estágio de maior maturidade no que tange à convivência com as TICs, surgem novas 
formulações conceituais, tais como: a Cultura da Convergência. Tal definição foi cunhada por 
Henry Jenkins (2011), professor do programa de mídias comparadas do MIT, e reúne três 
definições teóricas centrais: a convergência midiática, a cultura participativa e a inteligência 
coletiva.
A convergência midiática prevê a utilização de uma única infraestrutura de tecnologia 
para prover serviços que, antes, requeriam equipamentos, canais de comunicação, processos 
determinados exclusivos.
Veja no excerto da matéria jornalística abaixo, a previsão de convergência midiática a ser 
contemplada no aparelho celular:
13
“Sobre a mesa, um computador traz o mundo para dentro de casa pela 
Internet, permite dialogar-se com pessoas em qualquer continente, telefonar 
para qualquer outro internauta via Skype (a telefonia grátis com protocolo IP), 
acessar jornais, ouvir rádios, ver televisão, consultar revistas, jogar videogamescom parceiros distantes, pesquisar qualquer assunto em sítios como o Google 
ou o Yahoo, que já reúnem mais de 400 bilhões de páginas de informação. 
Em breve, tudo isso poderá ser feito também pelo celular, a qualquer hora, em 
qualquer lugar.” (SIQUEIRA, Ethevaldo. Comunicações precisam de um 
novo modelo. O Estado de S. Paulo, 5/7/2005, com adaptações.)
Contudo, trata-se de um processo cultural e não somente tecnológico. O que está 
convergindo é o conteúdo e não a tecnologia. Note que, de forma exemplar, a linguagem 
televisiva subsiste independente do dispositivo. A mesma telenovela exibida em uma televisão 
tradicional pode ser contemplada via celular ou em computador pessoal graças à Internet.
A cultura participativa também é um emblema da cultura da convergência. As pessoas, 
segundo Jenkins (2011), além de consumirem, desejam viver uma experiência. Assim como, 
enunciara o intelectual Umberto Eco, todos – autores e apreciadores – querem vivenciar a 
experiência de uma obra aberta. Nesse sentido, o trecho a seguir é representativo: “Segundo 
o Datafolha (2007), 42% dos brasileiros acima dos 16 anos publicam o seu conteúdo”. 
Podemos definir o conteúdo colaborativo como sendo o ato de um cidadão, ou grupo de 
cidadãos, com papel ativo no processo de coletar, reportar, analisar e disseminar notícias e 
informações. O objetivo dessa participação é prover informação independente, confiável, 
precisa, abrangente e relevante, tal qual uma democracia requer.
Vemos uma economia afetiva que orienta os consumidores. Não basta apenas comprar um 
produto – cultural ou não –, os consumidores querem consumir os bens simbólicos do referido 
produto, defendê-lo e criticá-lo, numa espécie de lógica cultural participativa. 
Sendo assim, há aqui um fluxo de conteúdo que perpassa por vários suportes e mercados 
midiáticos. Portanto, velhas e novas mídias se encontram e mídias alternativas e tradicionais 
interagem em prol da difusão do conhecimento.
É possível notar que esse processo do consumo da informação se dá em conjunto, em 
coletivo, numa espécie de inteligência coletiva, como o termo cunhado por Pierre Lévy e já 
mencionado por nós anteriormente. É uma nova forma de lidar com a informação, que no 
futuro pode se tornar um poder em potencial e, inclusive, produzir intervenções no processo 
político contemporâneo.
A dita Primavera Árabe eclodida em 2011 é um exemplo de como a inteligência coletiva, 
propiciada pela Internet, também pode ser direcionada à justiça social e ao bem-estar da 
humanidade. Para saber mais, veja o vídeo: 
http://tv.estadao.com.br/link,revolucoes-politicas-na-internet,236624
 
14
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
Material Complementar
Vídeos:
Assista ao vídeo a seguir e compreenda a história da Internet no Brasil, sob a perspectiva 
do programa Olhar Digital: 
https://www.youtube.com/watch?v=rWI5cY-jMS0
Quer saber como será o futuro das TICs? Então confira o vídeo presente no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=g7_mOdi3O5E/
Site:
 http://www.googleartproject.com
Leituras:
O que é Interação Mediada por Computador?
http://www.ufrgs.br/limc/livroimc/oquee.htm
15
Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, vol. 1. A era da informação: economia, 
sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo:Aleph, 2011.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MANOVICH, L. El linguaje de los nuevos medios de comunicación – La imagen em 
la era digital. Buenos Aires: Paidós, 2006.
CASTELLS, M. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
FERRARA, L. D. A. Comunicação, espaço e cultura. São Paulo: Annablume, 2008.
LEMOS A. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e 
interfaces digitais. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/
interac.html. Acesso em: 10/04/2008. 
16
Unidade: O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da convergência
Anotações
.
Tecnologia da 
Comunicação e 
da Informação
A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Regina Tavares
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
5
A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva 
das TICs
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Conceitos, contribuições e reflexões sobre as TICs na educação
• A onda
• A reconfiguração dos saberes no ensino superior 
• EaD no contexto nacional
Fonte: Thinkstock / Getty Im
ages
Os objetivos desta Unidade são:
 · Estimular a compreensão do arcabouço teórico e reflexivo sobre as TICs no cenário da 
educação
 · Conhecer o histórico e os principais aspectos da educação a distância on-line
 · Analisar de forma crítica as principais alterações provocadas pelas TICs no ambiente 
escolar
Esta unidade contempla o papel das TICs para a democratização do ensino, especialmente 
do ensino a distância. Além disso, será possível conhecer o histórico e os principais aspectos 
da educação a distância on-line, as revoluções provocadas por ela na sala de aula, no currículo 
e no comportamento de docentes e discentes em diferentes situações de aprendizagem.
Esperamos que você se sinta envolvido com o conteúdo desta unidade.
Não se esqueça de acessar os demais itens de nosso material didático e bons estudos!
6
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Contextualização
Que tal aprender algo novo com a ajuda de vídeos e sem sair de casa?
Este é o tentador convite proposto pela Khan Academy. De álgebra à literatura inglesa, 
desde 2004, a plataforma de vídeos pretende revolucionar a educação. De lá para cá, não 
houve quem não se curvasse ao visionário e fundador da Khan Academy, Salman Khan. 
A volumosa lista de fãs do Khan traz nomes representativos, a exemplo de Bill Gates.
No começo, havia apenas a pretensão de auxiliar sua irmã mais nova com os deveres 
de casa, especialmente, os de matemática. Hoje, o jovem empresário já fi gura entre 
um dos mais bem-sucedidos de sua geração e sua organização se situa no Vale do 
Silício, ao lado de outras instituições renomadas como Intel, Microsoft, Yahoo, etc.
As aulas em vídeo são ministradas por pesquisadores e docentes das mais variadas 
instituições de ensino superior do mundo. Em vídeos curtos e descomplicados, Khan 
oferece aprendizagem sobre diferentes áreas do conhecimento, assim como ferramentas 
capazes de emitir informações sobre o desempenho de cada estudante ao longo dos 
cursos, entre outros aplicativos. Também é possível notar a pluralidade de cursos 
oferecidos em diferentes línguas. Khan assegura que suas videoaulas serão sempre 
disponibilizadas gratuitamente, e para todos.
O idealismo e a versatilidade de Khan já seduziram inúmeros executivos de áreas 
como Economia e Tecnologia da Informação a abandonarem seus trabalhos e se 
dedicarem à educação on-line.
Ao contrário do que muitos pensam, Khan acredita que a dita EaD (Educação a 
Distância) não comprometerá ou ameaçará o lugar cativo das aulas presenciais e 
tradicionais, nem tampouco a valorização dos educadores. Porém, Khan crê numa 
iminente revolução nas salas de aula. E alguns sinais já estão por aí, por exemplo, 
na presença da lógica dos games no ambiente escolar e na intitulada técnica da “sala 
de aula invertida”.
No primeiro caso, elementos como “superação de fases” ou “gratifi cações imediatas” 
– próprias do universo dos games – aspiram invadir a sala de aula, a fi m de cativar o 
público infanto-juvenil sempre ávido por jogos.
No segundo caso, a proposta é deixar de executar em casa exercícios refl exivos a 
partir de embasamentos teórico-conceituais ministrados na escola. O ideal, para 
essa tendência pedagógica, é usar a sala de aula para exercitar juntos – estudantes e 
professores – aquilo que foi apreendido em diferentes mídias sobre conceitos, noções 
e normas em qualquer lugar, inclusive no lar doce lar.
Pronto para o futuro? Então,se desafi e e conheça o projeto Khan.
Em português, já é possível encontrar mais de 1.000 vídeos e 100 mil exercícios pelo 
endereço: pt.khanacademy.org
Regina Tavares de Menezes (texto publicado no Blog Cruzeiro do Sul Educacional.) 
Disponível em: http://blog.cruzeirodosul.edu.br/?tag=ead)
7
Conceitos, contribuições e refl exões sobre as TICs na educação
“I can’t get no satisfaction”
Rolling Stones
A epígrafe acima faz analogia à postura que o docente e o discente devem assumir na 
contemporaneidade: a insatisfação. Não estar satisfeito motivará você a indagar sua condição 
na sociedade como sujeito histórico determinante, possibilitando avaliar suas atitudes e o 
estimulando a se reinventar a cada situação de ensino-aprendizagem, inclusive quando diante 
das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). 
Com as novas noções de tempo e espaço impostas pela Sociedade da Informação1 , assim 
intitulada por Manuel Castells (2006), e promovidas pelas tecnologias, a informação pode ser 
encontrada em diversos dispositivos e a qualquer hora do dia, modifi cando as relações sociais 
diversas, entre elas, as acadêmicas.
1 Ver mais na unidade O emergir da sociedade da informação e sua recente cultura da 
convergência, da disciplina Tecnologias da Comunicação e da Informação. 
Nesse sentido, o docente é um dos atores determinantes para a condução da reconfi guração 
de saberes, ou ainda para a construção de novos paradigmas educacionais. Cabe a esse 
relevante profi ssional de nossa sociedade, 
[...] o desenvolvimento da capacidade de aprender a descobrir sempre, 
atentando para o fato de que o importante nos dias atuais não é aprender, mas 
aprender a aprender, como um processo a ser cultivado por toda a existência. 
(GUEVARA, DIB, 2007, p. 177-178)
A nova postura de constante aperfeiçoamento e inquietação do corpo docente se caracteriza 
como um sinal da andragogia, em outras palavras, a arte ou ciência capaz de ajudar o adulto a 
aprender. Justamente o que vem ser a antítese do modelo tradicional pedagógico que se traduz 
em: a arte e a ciência de ensinar as crianças, apenas.
Nessa interação dialética e de andragogia, os que ensinam também são os que aprendem; 
afi nal, a geração dos estudantes que aí está representa os ditos “nativos digitais”, ou seja, 
aqueles nascidos em uma ocasião histórica na qual as TICs já vivenciavam seu auge. Sendo 
assim, por vezes, os estudantes possuem extrema habilidade no manuseio das tecnologias 
e diante das noções de virtualidade no cotidiano – principalmente quando são comparados 
aos referidos “imigrantes digitais”, indivíduos que nasceram anteriormente ao surgimento 
e boom das TICs.
8
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Nesse cenário, é inegável observar que jamais a informação e a comunicação foram tão 
facilmente produzidas, manuseadas e compartilhadas. A um clique, a geração de nativos digitais 
acessa bancos de dados diversos, sites, hipertextos, redes sociais e muito mais sem a imposição 
sistêmica e periódica do calendário letivo ou até mesmo a condução de um professor, o que 
propicia a sensação de que o acesso veloz e fl uído ao conhecimento condiciona a escola à 
defasagem. Em verdade, o aluno dessa geração sente-se autônomo e independente em relação 
à escola quando o assunto é acessar a cultura humana.
Assim, cabe aos docentes associarem suas experiências educacionais, seus valores, suas 
propostas pedagógicas às novas metodologias, novas proposições, aos novos currículos, 
entre outras possibilidades, possivelmente, advindas de jovens estudantes. Assim, o papel do 
professor deve ser o de articulador e não mais o de exclusivo detentor do conhecimento.
Tal atitude apresenta relação estrita com a construção cognitiva ideal do conhecimento, 
aquela já enunciada pelo educador Paulo Freire2. Como é possível deduzir, não se refere à 
tecnologia apenas e sim a uma nova postura do docente, a de eterno aprendiz.
2 Paulo Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) é 
provavelmente o mais influente pensador brasileiro, inspirou movimentos culturais e 
sociais nas últimas décadas, particularmente no Brasil, mas também por toda América 
Latina e em outros países do terceiro mundo. O diálogo, o engajamento e a dialética ação-
reflexão-ação são os elementos centrais de sua obra. 
9
Segundo os ensinamentos de Paulo Freire, a educação não deve ser “bancária”, ou seja, o 
aluno não deve ser considerado como mero receptor de conteúdos sem que se faça relevante 
no processo denominado “EDUCAR”. A interação, o dinamismo e o reconhecimento do 
indivíduo como sujeito histórico são fundamentais. 
Portanto, o estudante é decisivo no processo de construção e reconfi guração dos saberes 
promovidos no ambiente escolar. Ele deve ter representação de categoria para criticar, debater 
e sugerir alternativas para a formação acadêmica de si e de seus colegas, a fi m de atingir 
justiça, desenvolvimento e cidadania social. Os estudantes devem ter ainda a capacidade de 
selecionar os estilos de aprendizagem mais favoráveis à sua formação. 
Para esse nível de autonomia estudantil é preciso priorizar o objetivo da educação 
contemporânea como sendo a formação de cidadãos críticos, conscientes, refl exivos e 
“insatisfeitos”. Dessa forma, a educação será interativa, democrática, inteligível, socialmente 
responsável e holística.
10
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
A onda
Fonte: Vern Evans / Wikimedia Commons
O autor norte-americano Alvin Toffl er acredita que o mundo foi interpelado por três ondas. 
A primeira está sob a ótica da agricultura, na qual o homem cultivava o necessário ao seu 
próprio sustento. Nessa circunstância, a educação era excludente para com os menos abastados 
economicamente, os negros, as mulheres, entre outras categorias sociais. 
Já a segunda onda é orientada pelo signo da industrialização. Nessa fase, o modelo de 
educação prevalecente é uma reprodução do sistema de produção industrial de massa, como 
afi rma Litto (1996), no qual as estruturas hierárquicas tendem a se reproduzir. 
Nos regimes de trabalho taylorista e fordista, a divisão do trabalho foi imposta àquele que 
participava do processo integral de um artefato, inclusive da concepção prazerosa presente de 
sua criação artístico-intelectual. Dessa forma, a satisfação e a justifi cativa presentes no trabalho 
dos “tempos modernos”3 são insufi cientes para garantir o entusiasmo necessário às metas 
audaciosas dos donos da fábrica. 
11
3 Referência ao filme Tempos 
Modernos, no qual focaliza-se 
a vida na sociedade industrial 
caracterizada pela produção 
do sistema de linha de 
montagem e especialização 
do trabalho. É uma crítica à 
“modernidade” e ao capitalismo 
representado pelo modelo de 
industrialização.
Em meados da década de 1970, logo após a “década dourada” do capitalismo, como 
assim denominou Eric Hobsbawm, as sociedades industriais ocidentais, em especial os países 
ditos subdesenvolvidos, têm sofrido diversos impasses no que concerne à empregabilidade. “A 
história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou 
para a instabilidade e a crise” (HOBSBAWN, 1995, p. 393).
Segundo Harvey (1996), a reestruturação produtiva tornou o mercado de trabalho altamente 
competitivo e instável. Novos aspectos o invadem e fazem sofrer os que não conseguem se 
adaptar. Alguns desses aspectos são: visão totalitária do processo de trabalho, sensibilidade 
aguçada no relacionamento interpessoal, empresa afetuosa e acolhedora, fl exibilização 
hierárquica, entre outros. Para atender às expectativas desse novo perfi l de empregador, faz-
se necessária a presença de um profi ssional altamente capacitado, habilidoso, crítico, entre 
outras características.
Obviamente, não seria possível reduzir a crise da empregabilidade a essa mudançade 
paradigmas no mercado de trabalho, aos avanços tecnológicos ou ao processo de globalização. 
Outros fatores são determinantes, como: força de trabalho excedente; enfraquecimento do 
poder sindical; inserção de novos trabalhadores – como mulheres, idosos e imigrantes; a 
convergência de segmentos profi ssionais; o surgimento de novas profi ssões; a fl exibilização 
legislativa-trabalhista; a virtualização de determinadas áreas; a terceirização; a quarteirização, 
etc. (SCHWARTZ, 2000).
Como resultado da segunda onda, o ensino-aprendizagem é controlado de forma soberana 
pelo corpo docente. O conhecimento é excessivamente compartimentado em inúmeras 
disciplinas, de pouco ou quase nenhum sentido relacional aos estudantes; a memorização 
extremada é valorizada e a fragmentação/espacialização formam profi ssionais para ingresso 
imediato no sistema produtivo capitalista tradicional.
Sendo assim, é cabível concluir que o taylorismo e o fordismo universalizaram a educação no 
mundo, porém, também a degradaram para fi ns específi cos. Já faz algum tempo que a formação 
técnica se sobrepôs à cidadã e que tal realidade deve ser modifi cada pela terceira onda.
A teoria da terceira onda de Toffl er vem alertar para o surgimento de uma nova era 
econômica e social, baseada no ritmo frenético e veloz da informação e da comunicação e 
que, como esperado, interfere sobremaneira no ambiente escolar.
12
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Face ao ritmo frenético pelo qual a comunicação transita para além do espaço e do tempo, 
o ensino-aprendizagem tradicional pouco se modifi cou. Estamos diante da disposição física 
da sala de aula, da avaliação, da metodologia, entre outras práticas pedagógicas similares às 
empregadas no século passado. O mundo mudou, mas a escola ainda se mostra relutante à 
renovação de sua essência. 
Em um cenário confl itante, a escola torna-se desinteressante aos olhos do estudante que, 
ao se queixarem de aulas enfadonhas, mal assimilam a chateação dos professores ao serem 
vitimados pela indisciplina e o descaso.
Enquanto isso, o mundo do trabalho exige profi ssionais que saibam lidar com o encolhimento 
do mercado de trabalho, a fl exibilização legislativa-trabalhista em determinadas áreas, a 
virtualização, as barreiras etárias, entre outros fatores. Paralelamente, é evidente a exigência 
por profi ssionais que compreendam a redefi nição do mercado de trabalho e suas características 
atuais: conhecimento, atualização, cidadania e autenticidade. 
Para Schwartz (2000, p. 23), a pró-atividade também deve ser uma premissa, pois “é o 
trabalhador que precisa se adaptar com rapidez ao mercado, em vez de fi car esperando que 
surjam, vindas do próprio mercado, as oportunidades que correspondam ao seu perfi l atual”. 
Em suma, são necessários profi ssionais multifuncionais; não os chamados generalistas, 
mas aqueles capazes de se renovar diante dos desafi os da contemporaneidade, independente 
das habilidades adquiridas ou não na escola. Destaca-se, ainda, a exigência por pessoas 
capazes de combinar habilidades e técnicas profi ssionais a interesses, gostos, preferências, 
valores éticos e a aspectos mais subjetivos ainda, como respeito, humildade, motivação, 
etc. Isso porque a preservação das estruturas hierárquicas será substituída pela formação 
de grupos de interesses similares. 
Esse aspecto entra em concordância com as duas características primordiais da Terceira 
Onda, levantadas por Toffl er (1980, p. 356): “Uma é a mudança para um nível mais alto de 
diversidade na sociedade – a desmassifi cação da sociedade de massa. A segunda é a aceleração 
– o andamento mais rápido a que ocorre a mudança histórica”.
Por fi m, vale dizer do clamor do mercado de trabalho por um profi ssional que preze a 
formação continuada, ou seja, o constante aperfeiçoamento técnico, ético, estético e, 
principalmente, teórico. Por tudo o que foi exposto, notamos a demanda por um cidadão 
munido de competências e habilidades ímpares, tais como a insatisfação com o status quo. 
13
A reconfi guração dos saberes no ensino superior 
Em agosto de 2015, vários profi ssionais tiveram a 
oportunidade de participar do Fórum de Lideranças 
– Desa� os da Educação – promovido pelas empresas 
Blackboard e Grupo A. Diante de inúmeras discussões 
sobre as práticas pedagógicas vigentes em diversas 
partes do mundo, inclusive no plano nacional, uma 
palestra foi extremamente oportuna para refl etir sobre 
a prática docente no ensino superior.
Tratava-se da palestra de Peter Dourmashkin, professor de cátedra do Massachusetts 
Institute of Technology (MIT). Repleto de generosidade e carisma, o pesquisador e docente 
revelou como sentia orgulho de seus estudantes. Não pelo fato de serem atentos à toda e 
qualquer aula expositiva, mas pela reconhecida competência de resolverem problemas. Para 
o acadêmico, o mérito está na aplicação de competências e habilidades de diversos campos 
científi cos perante a resolução de problemas. 
No MIT, o professor não inicia sua aula com uma exposição, mas com um problema a ser 
resolvido em conjunto, numa sala de confi gurações distintas do habitual, sempre à luz do que 
se leu dias anteriores em casa.
Em suma, a preocupação de Peter se situa na formação de espíritos pesquisadores. Não 
à toa, alunos egressos do MIT têm se destacado pelo número considerável de prêmios 
Nobel ganhos – é a pesquisa a grande retroalimentadora da prática docente no cotidiano do 
ensino-aprendizagem.
O exemplo relatado acima nos remete à vivência efetiva da terceira onda de Toffl er e nos 
permite refl etir sobre a escola que almejamos em nosso país.
Veja abaixo um exemplo de aplicação da metodologia ativa do MIT no Brasil. Na imagem, 
nova confi guração de sala de aula da Universidade de São Paulo (USP)
14
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Leia uma reportagem sobre a importação da metodologia ativa do MIT para as 
Universidades brasileiras: http://goo.gl/J1KvUH
EaD no contexto nacional
Perante as limitações do Estado brasileiro em um país de dimensões continentais – no 
que tange à democratização do ensino, em especial, o superior –, as TICs permitem ofertar 
a educação a distância como resposta a demanda de escolarização e profi ssionalização de 
qualidade imposta pela Sociedade da Informação.
Os métodos antigos de educação mostram-se incapazes de serem adequados à crescente 
demanda por aprendizagem distribuída e, com isso, surgem conceitos como: aprendizagem 
aberta, educação a distância, aprendizagem fl exível e aprendizagem eletrônica (e-learning) 
(GUEVARA; DIB, 2007, p. 178).
A conclusão de Guevara é oportuna, pois tendo em vista que a modalidade a distância 
não exige a presença física de docentes e estudantes em uma ocasião síncrona, o acesso 
à educação se amplia exponencialmente. Graças à expansão da Internet e de ferramentas 
interativas de multimídia, torna-se possível a conexão de pessoas oriundas de diferentes 
localidades geográfi cas e contextos culturais diversos.
Portanto, inegavelmente, a EaD possui relevância social na medida em que inclui socialmente 
os que não ingressaram no ensino superior por indisponibilidade de tempo ou por morarem 
distante de instituições de ensino. A partir dessa modalidade em questão, foi e é possível 
promover cursos profi ssionalizantes, campanhas de alfabetização, capacitação e interação 
entre líderes e empregados de diferentes perfi s e segmentos, além de formações educacionais 
formais em diferentes níveis de ensino.
A noção de Educação a Distância brasileira é defi nida no Decreto n. 5.622 de 19 de 
dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), conforme se observa a seguir:
Art. 1º - Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a Distância 
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos 
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e 
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores 
desenvolvendoatividades educativas em lugares ou tempos diversos. 
O processo educativo caracterizado pelas vivências a distância contempla o estudo e a 
leitura dos materiais didáticos autorais, ou seja, do conteúdo teórico, das videoaulas, dos 
exercícios, etc.; além de mecanismos de interação com tutores, tais como fórum, chat, e-mail, 
entre outros recursos.
15
Sobre os tutores, pesquisadores como Lázaro e Asensi (apud SILVA, 2008, p. 37) defi nem que: 
[...] ser tutor é ser professor que se encarrega de atender diversos aspectos 
que não são tratados nas aulas. O tutor também é o professor, o educador 
integral de um grupo de alunos. A tutoria é uma atividade inerente à função do 
professor, que se realiza individual e coletivamente com os alunos em sala de 
aula a fim de facilitar a integração pessoal nos processos de aprendizagem; é a 
ação de ajuda ou orientação ao aluno que o professor-tutor pode realizar além 
de sua própria ação docente e paralelamente a ela.
Com a evolução da EaD no contexto nacional, o aumento da produção científi ca na área, o 
ótimo desempenho dos alunos egressos no Exame Nacional dos cursos, o reconhecimento da 
qualidade de seus cursos por parte das comissões de avaliação do Ministério da Educação, essa 
modalidade de ensino tem sido respeitada e equiparada aos cursos presenciais de tradição.
Na reportagem a seguir, contempla-se reportagem sobre o excelente desempenho dos 
alunos EaD no Exame Nacional de Curso (ENADE): http://goo.gl/RZYbIv
16
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Material Complementar
 » Como a escola pode fazer uso das TICs?
Esta e outras indagações são discutidas amplamente por especialistas do assunto 
no vídeo produzido pela TV Escola e intitulado As novas tecnologias em sala de 
aula. Em meio ao debate, fi ca claro que as tecnologias precisam ser associadas 
a inúmeros fatores para o pleno desenvolvimento do indivíduo, entre eles: à 
valorização e à capacitação docente. De fato, não há como reconfi gurar os 
saberes educacionais sem revolucionar o pensamento acadêmico tradicional. 
Participe dessa refl exão e acesse ao link: https://youtu.be/2s861rPUAEY2.
 » Compreenda a história da EaD no Brasil e no mundo no artigo publicado 
pela ABED – Associação Brasileira da Educação a Distância: http://goo.gl/3gkKf0
 » Interessantes referências bibliográfi cas estão à disposição digitalmente para 
download no site: http://livros.universia.com.br/
 » O site http://www.dominiopublico.gov.br/ pode ser uma dica de repositório de 
objetos de aprendizagem. Lá você econtra vídeos, livros e muitos outros 
elementos .
17
Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, vol. 1. A era da informação: economia, sociedade 
e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
GUEVARA, Arnoldo Jose de Hoyos; DIB, Vitória Catarina. Da sociedade do conhecimento 
à sociedade consciência: princípios, práticas e paradoxos. São Paulo: Saraiva, 2007.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2011.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
TOFLER, Alvin. A terceira onda. 16. ed. Rio de Janeiro: Record, 1980. H A R V E Y , 
David. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 6 ed. 
São Paulo: Loyola, 1996.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LITTO, Fredric M. Repensando a educação em função de mudanças sociais e tecnologias 
recentes. In: OLIVEIRA, Vera Barros (org.). Informática em psicopedagogia. São Paulo: 
SENAC, 1996. p. 85-110.
PORTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Educação a Distância. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/busca-geral/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12928-
educacao-a-distancia. Acesso em: 18 jan. 2016
SCHWARTZ, Gilson. As pro� ssões do futuro. São Paulo: PubliFolha, 2000.
SILVA, Marinilson Barbosa. O processo de construção de identidades individuais e 
coletivas do ser-tutor no contexto da educação a distância, hoje. Tese de doutorado – 
Programa de Pós-graduação em Educação, UFRGS, Porto Alegre, 2008.
18
Unidade: A reconfiguração dos saberes sob a perspectiva das TICs
Anotações
.
Tecnologia da 
Comunicação 
e da Informação
A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Regina Tavares
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
5
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Introdução
•	 Superando	a	escola	instrucionista
•	 A	educação	a	distância	vista	por	dentro Fonte: iStock / Getty Im
ages
Os objetivos desta Unidade são:
 · Administrar a tensão existente entre docente e discente frente às TICs
 · Habilitar o docente a conceber com criatividade e coerência o emprego das TICs em 
ocasiões de aprendizagem
 · Compreender os pormenores da EaD
Vamos tratar nesta Unidade de elementos primordiais existentes nos cursos de EaD, são eles: 
os ambientes virtuais de aprendizagem, os objetos, recursos e softwares educacionais, etc.
Além disso, será possível refletir sobre o emprego das TICs em situações de aprendizagem 
variadas com criatividade.
A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
6
Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Contextualização
Pedro Demo é um dos estudiosos mais prestigiados em EaD e nas demais reflexões a 
respeito da comunhão entre tecnologia, comunicação e ensino-aprendizagem. A seguir, 
recuperamos um excerto de palestra recente do pensador sobre as aplicações futuras das TICs 
em educação. De certa forma, boa parte dessa reflexão é levantada pela presente Unidade.
[...] Pedro Demo diz que o mais importante é manter-se sempre aprendendo. De tempos 
em tempos, deve-se renovar o diploma, aprendendo novos conteúdos de forma dinâmica e 
praticando o autoestudo. As universidades não apoiam o autoestudo por deterem o monopólio 
acadêmico, mas a sociedade caminha no sentido de quebrar esse monopólio do conhecimento. 
As formas de aprender estão cada vez mais dinâmicas, e as universidades parecem igrejas, fiéis a 
rituais, nas quais não se muda nada com o passar dos tempos. Nós aprendemos reconstruindo 
o conhecimento, mas nossas instituições são instrucionistas, baseadas na aula expositiva. O 
conteudismo tem sido ineficiente para nossas crianças – que já não deveríamos chamar de alunos, 
e sim de pesquisadores. As crianças dessa geração já crescem integradas aos computadores, 
jogos e celulares e têm curiosidade natural para aprender investigando por conta própria o que 
lhes interessa. Em relação à tecnologia, elas são as nativas; nós, os imigrantes – bem diferente do 
que acontece na sala de aula.
Em alguns países, como o Japão, os professores já ensinam com material de autoria própria. 
Infelizmente, aqui no Brasil todas as instituições educacionais ensinam com base na aula 
instrucionista. Esse tipo de aula não tem nada a ver com o conhecimento; os países desenvolvidos 
já se deram conta disso há algumas décadas. Entretanto, esse modelo conteudista, em que os 
professores se apoiam no livro didático e no material de outros autores, ainda persiste nos países 
em desenvolvimento.
A importância da tecnologia no mundo atual deve ser considerada pela escola, pois não 
há nenhuma função importante na sociedade que não utilize computador. As crianças 
aprendem muito virtualmente, embora também seja possível aprender bem sem tecnologia. 
É incompreensível para as gerações atuais pensar em conhecimento sem a internet. A criança 
não aprende mais como nós aprendíamos. O cérebro humano é tão plástico que é capaz de 
prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo. Antigamente, pensávamos que não, mas 
hoje sabemos que é possível manter atenção profunda em uma tarefa enquanto fazemos outras 
mais superficiais. 
Ainda estranhamos algumas coisas como o Twitter, por exemplo. O Twitter é um modelo da 
concisão que reina na internet. Como estudar bem uma coisa tão diminuída? O internetês não 
é aceito, os professores precisam se apoiar na linguagem acadêmica.É preciso, porém, deixar de 
lado o medo e o preconceito do computador e adaptar-se a essas novas formas de ensinar, pois 
ele é apenas um meio, um instrumento; quem aprende somos nós.
O videogame, por exemplo, é um dos melhores meios de aprendizagem. Interativo, desafiador, 
colaborativo... O cenário muda, é possível discutir o jogo em fóruns... Demo citou o jogo SimCity, 
no qual a criança se torna prefeito de uma cidade que começa do zero e precisa encontrar 
soluções para os problemas que vão surgindo.
Sempre falamos muito no lado positivo da internet, mas ela é ambígua e pode ser usada para 
o bem ou para o mal. É certo que rebeldes se organizam pelo Twitter ou pelo Facebook, mas 
os ditadores também se utilizam da rede para governar. A internet alimenta as ditaduras com 
informações. Sabemos que as crianças também estão expostas a riscos na rede, por isso é preciso 
controlar seu uso.
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/tecnologia/0038.html
http://
7
Introdução
Olá, que tal iniciarmos esta Unidade com os versos de vanguarda de um de nossos maiores 
literatos nacionais? Sua veia poética no texto a seguir vai ao encontro de nossas expectativas 
em relação à escola do futuro:
Para	Sara,	Raquel,	Lia	e	para	todas	as	crianças
Carlos Drummond de Andrade
Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
Usasse materiais concretos para que vocês 
pudessem ir formando corretamente os 
conceitos matemáticos, os conceitos de números, 
as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... 
fazendo vocês aprenderem brincando...
Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo...
Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
cooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente
8
Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Superando a escola instrucionista
Para o pensador da educação, Pedro Demo (2004), a escola tradicional e seus imigrantes 
digitais mais conservadores sugerem baixo aproveitamento das TICs no ambiente escolar. De 
acordo com o estudioso e outros de pensamento correspondente, o ensino digital não ocupa 
lugar representativo nos currículos acadêmicos dos mais diferentes níveis de ensino. Salvo 
exceções, são raras as metodologias e práticas pedagógicas que avançaram para além da 
construção de laboratórios de informática e acesso Wi-Fi.
Em parte, essa postura da escola tradicional se deve a dois fatores significativos: o primeiro 
fator seria o temor ao desaparecimento ou enfraquecimento da figura do professor; o segundo, 
seria a visão paradigmática da escola instrucionista, ou seja, aquela que acredita na construção 
hierárquica do conhecimento a partir da concessão de informações, numa via de mão única 
e unidirecional, entre professor e aluno (Figura 1). Paradoxalmente, a escola progressista e 
contemporânea promove a construção do conhecimento a partir da comunicação multidirecional 
e democrática entre estudantes e professores (Figura 2).
Figura 1 - Comunicação Unidirecional - Via de mão única
ConhecimentoProfessor
Reprodução memorizada
e incontestável do
conhecimento adquirido
Aluno
Figura 2 - Comunicação Multidirecional
Conhecimento e
retroalimentação
do conhecimento
Professor Estudante
O temor ao desaparecimento ou enfraquecimento da figura do professor é perfeitamente 
compreensível, tendo em vista que até bem pouco tempo era ele o protagonista de quaisquer 
processos de ensino-aprendizagem. Contudo, a sensação de insegurança por parte do docente 
desponta a partir da disseminação falaciosa de que a escola está defasada em relação ao 
conhecimento facilmente adquirido, assimilado e compartilhado via internet. 
9
O professor deve ter em mente a inviabilidade de qualquer TIC aplicada à formação acadêmica 
sem a sua indispensável e notória presença. É impensável não contar com o professor na articulação 
interativa entre tecnologia e aprendizagem, pois toda e qualquer proposta de alfabetização de 
crianças e de andragogia é mais duradoura e melhor sustentável se ocorrer no ambiente escolar e 
sob a articulação docente. Somente softwares ou hardwares sofisticados não são suficientes para 
promover a tão almejada inclusão digital e, por conseguinte, social.
Por meio das TICs, num processo de retroalimentação contínua do conhecimento, o 
docente estimula a sua formação ad eternum, potencializando sua aprendizagem constante, 
independente das imposições geográficas ou temporais – assim como ocorre com o seu 
estudante, provavelmente, já um nativo digital. Sendo esse já habituado ao conhecimento 
ilimitado e não-linear disposto em sites e seus hipertextos, a conduzir de texto em texto, uma 
colcha de retalhos infinita de informações observada de forma aleatória e imprecisa ao sabor 
de seus cliques.
Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros 
conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo 
acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente 
links. Trata-se de um novo modo de leitura e de organização da escrita.
O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns casos, até 
mesmo exige – a participação de diversos autores na sua construção, 
a redefinição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos modelos 
tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para 
se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de 
trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação e 
a aquisição de informação de maneira cooperativa. Embora haja 
quem identifique o hipertexto exclusivamente com os textos 
eletrônicos, produzidos em determinado tipo de meio ou de 
tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já que consiste numa 
forma organizacional que tanto pode ser concebida para o papel 
como para os ambientes digitais. É claro que o texto virtual permite 
concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente 
inviáveis: a conexão imediata, a comparação de trechos de textos 
na mesma tela, o “mergulho” nos diversos aprofundamentos de 
um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos 
(RAMAL, 2002, p. 56).
Tal lógica também se observa nos ambientes e-learnings gratuitos ou privados que libertam 
o usuário de uma ordem determinada do conhecimento, possibilitando selecionar o que se 
pretende observar primeiro, depois e em última instância. Tal configuração por si só já se 
revela como uma maneira mais flexível de aprendizagem, não mais submetida à transmissão 
instrucionista de informações.
Em suma, cabe ao docente compreender as TICs como ferramentas capazes de aprimorar 
formas de estudar, pesquisar, criar,ensinar, aprender, compartilhar, comunicar e, principalmente, 
disseminar a cultura humana a partir da reinvenção da sala de aula.
10
Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
A seguir, destacamos as demais contribuições das TICs:
1. Auxiliar à concepção de práticas de ensino-aprendizagem mais envolventes e 
dinâmicas, de acordo com as premissas do século XXI. Como exemplo, podemos 
destacar a “gamificação”. A partir dessa concepção, os estudantes adquirem habilidades 
e competências diversas, tais como superação de desafios, criatividade, estratégia, 
motivação, entre outras.
Gamificação é o uso de técnicas de design de jogos que utilizam mecânicas de jogos e 
pensamentos orientados a jogos para enriquecer contextos diversos – normalmente não 
relacionados a jogos. 
 » http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamificação
Confira reportagem com 10 dicas para gamificar a sua aula:
 » http://www.opusphere.com/10-ideias-especificas-para-gamificar-sala-de-aula/
2. Promover ações e conteúdos autônomos e autorais, tais como os conteúdos 
contemplados em blogs. Além dos professores incentivarem o uso de tal instrumento 
de comunicação em exercícios específicos, os estudantes podem se utilizar desse artifício 
para expor suas ideias, manifestarem opiniões ou ainda aprofundarem conhecimentos 
acadêmicos adquiridos em sala de aula. Tal atitude pode fundamentar ações cidadãs e 
democráticas, por excelência. 
Exemplo:	 A autora do blog Diário de Classe expunha suas inquietações na rede social 
a fim de buscar melhorias reais para a escola pública na qual estudava. 
www
Confira as conquistas da garota referida acima após um ano de publicações no referido 
blog. Trata-se de uma lição de cidadania. 
Link: http://goo.gl/QU5XAa
3. Possibilitar novas oportunidades de pesquisa acadêmica, adversas do “imperi-
alismo” imposto pelas antigas enciclopédias. Graças à Internet, inúmeras fontes 
de informação, em diversas línguas e características, podem suprir a pesquisa de um 
estudante por um tema qualquer. Trata-se de uma excelente forma de lidar com 
opiniões complementares e divergentes sobre um mesmo assunto. Entretanto, não 
há como negar a existência de determinados riscos, tais como: a facilidade do plágio, 
a disseminação de preconceitos, dualismos, fascismos ou a simples reprodução de 
conteúdos sem credibilidade ou apuração. Nesse sentido, cabe à escola habilitar o 
estudante a distinguir o “joio do trigo”, ou seja, a selecionar o que é ou não oportuno 
a sua formação acadêmica. 
Uma possibilidade relacionada à questão da pesquisa e muito discutida na atualidade 
está no conceito Flipped classroom – numa possível tradução, Sala de aula invertida. 
Nela, o estudante entra em contato com os conteúdos básicos antes da aula, tais como 
vídeos, textos, games, etc. – geralmente, a partir de pesquisas acadêmicas realizadas 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamifica%C3%A7%C3%A3ov
http://www.opusphere.com/10-ideias-especificas-para-gamificar-sala-de-aula/
http://goo.gl/QU5XAa
11
on-line. Em sala de aula, o professor aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos 
de caso e conteúdos adicionais. A ideia não é importar a didática estrangeira a qualquer 
custo, mas nada impede que, no Brasil, o método seja adaptado à nossa realidade e que 
traga contribuições efetivas para o delineamento da escola ideal. 
4. Contribuir para relações mais interativas entre professores, escola, estudantes e o 
conhecimento, tendo em vista a promoção de autonomia e produção autoral. 
5. Incluir digitalmente, na medida em que a incorporação das TICs em ambientes 
acadêmicos podem promover o acesso ao conhecimento e a democratização da 
educação e, por conseguinte, inspirar a inclusão social. Nesse sentido, a educação a 
distância (EaD) é exemplo de inclusão digital e social.
Os infográficos abaixo (figuras 3 e 4) evidenciam o uso das TICs no ensino superior e no 
ensino básico, respectivamente.
Figura 3
12
Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Figura 4
 
A seguir, nos familiarizaremos com personagens e objetos presentes no cenário da EaD.
13
A educação a distância vista por dentro
Ambientes	Virtuais	de	Aprendizagem	(AVAs)
Um AVA é um software, geralmente baseado na Web, que auxilia na organização de cursos 
ou disciplinas amparadas pelas TICs. AVAs possuem o seguinte conjunto de ferramentas: 
•	 Gerenciamento de conteúdo;
•	 Possibilidade de inserção de materiais digitais (ou links para os mesmos) de diversos formatos;
•	 Comunicação síncrona e assíncrona: ferramentas de chat, fórum e transmissões ao vivo;
•	 Avaliação, mecanismos de autoavaliação e avaliação automatizada; e
•	 Gerenciamento de tarefas.
Deve-se ressaltar que as ferramentas disponíveis variam de ambiente para ambiente. Os 
AVAs também podem ser denominados AVEA (Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem), 
LMS (Learning Management System) e LCMS (Learning Content Management System).
Exemplo de AVA, o BlackBoard é amplamente empregado no Grupo Cruzeiro do Sul 
Educacional. Vide Figura 5 a seguir:
Figura 5
 
Outro exemplo de AVA muito utilizado no Brasil é o http://moodle.org/. O Moodle (Modular 
Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é um AVA disponibilizado como um software 
livre, criado em 2001 por Martin Dougiamas. Refere-se a um ambiente gratuito, seu uso está 
bastante difundido no Brasil e no mundo. 
Visite o site Moodle.org 
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Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
O	que	são	Objetos	de	Aprendizagem	(OAs)?
A definição mais aceita para OAs engloba qualquer, item digital ou não digital, que possa 
ser utilizado, reutilizado ou referenciado durante o aprendizado suportado por tecnologias. 
Para que um objeto de aprendizagem possa ser reutilizado, é preciso que esse objeto seja 
devidamente indexado e armazenado em um repositório. Há vários repositórios mantidos por 
governos, universidades ou organizações públicas e privadas. 
Conheça alguns: 
 » Portal do Professor, mantido pelo MEC (acesse o site “Recursos Educacionais”):
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/;
 » Portal MERLOT (em inglês – clique nos itens abaixo de ‘Browse Collection’):
http://www.merlot.org/;
 » Portal do governo chileno (em espanhol): http://www.educarchile.cl/;
 » Projeto Labvirt - Faculdade de Educação da USP (OAs de Física e Química):
http://www.labvirt.fe.usp.br/; 
 » Portal de OA do Instituto de Física da USP: http://efisica.if.usp.br/; 
 » Núcleo de OA em Física – Univ. Federal da Paraíba Núcleo de AO em Física Recursos 
Educacionais sobre Química, Biologia, Física, Matemática e Ciência da Computação: 
http://www.ilumina-dlib.org/;
 » Recursos multimídia em várias áreas – tais como matemática, física, biologia, química, 
história, geografia: http://rived.mec.gov.br/;
 » Recursos educacionais de várias áreas da UFRGS: http://www.lume.ufrgs.br 
Softwares	educativos
 Tratam de softwares cujo principal propósito é o ensino ou a autoaprendizagem. O objetivo 
principal é que o aprendiz faça uso do software, tenha prazer em lidar com ele e que possa 
praticar ações nele de maneira clara e objetiva. Há vários desses softwares gratuitos à disposição 
na Internet, uma relação deles, que estão disponíveis para download e favoráveis ao ensino de 
física, encontra-se em: http://www.saintmarys.edu/~rtarara/DOWNLOADS.html.
Atores	do	processo	de	ensino-aprendizagem	em	EaD
O docente pode atuar de inúmeras formas em EaD, seja de maneira presencial, semipresencial 
ou a distância plenamente. O docente pode ser:
	» Conteudistas	–	especialistas em uma determinada área do conhecimento responsáveis 
pela produção do material didático, a ser disponibilizado em AVAs;
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
http://www.merlot.org/
http://www.educarchile.cl/
http://www.labvirt.fe.usp.br/
http://efisica.if.usp.br/
http://www.ilumina-dlib.org/
http://rived.mec.gov.br/
http://www.lume.ufrgs.br
http://www.saintmarys.edu/~rtarara/DOWNLOADS.html
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	» Tutores	–	professores responsáveis pelo acompanhamentodos alunos em cursos ou 
disciplinas a distância. São esses importantes agentes que respondem mensagens em 
fóruns, participam em chats, acompanham os mecanismos de avaliação, entre outras 
funções. Após a conclusão do material didático pelo conteudista, entra em ação o tutor 
cujo papel é o de prover a interação e o relacionamento de todos os participantes dos 
AVAs. Ao tutor, é necessário ter uma série de habilidades e competências, conforme 
explicita Maia (2002, p.13):
	» Competência	 tecnológica	 –	 domínio técnico suficiente para atuar com naturalidade, 
agilidade e aptidão no ambiente que está utilizando. É preciso ser um usuário dos 
recursos de rede, conhecer sites de busca e pesquisa, usar e-mails, conhecer a netiqueta, 
participar de listas e fóruns de discussão, ter sido mediador em algum grupo (e-group). 
O tutor deve ter um bom equipamento e recursos tecnológicos atualizados, inclusive 
com plug-ins de áudio e vídeo instalados, além de uma boa conexão com a Web. O 
tutor deve ter participado de pelo menos um curso de capacitação para tutoria ou 
de um curso online; preferencialmente, utilizando o mesmo ambiente em que estará 
desenvolvendo sua tutoria.
	» Competências	sociais	e	profissionais	- deve ter capacidade de gerenciar equipes e administrar 
talentos, habilidade de criar e manter o interesse do grupo pelo tema, ser motivador e 
empenhado. É provável que o grupo seja bastante heterogêneo, formado por pessoas 
de regiões distintas, com vivências bastante diferenciadas, com culturas e interesses 
diversos, o que exigirá do tutor uma habilidade gerencial de pessoas extremamente 
eficiente. Deve ter domínio sobre o conteúdo do texto e do assunto, a fim de ser capaz 
de esclarecer possíveis dúvidas referentes ao tema abordado pelo autor, conhecer os sites 
internos e externos, a bibliografia recomendada, as atividades e eventos relacionados ao 
assunto. A tutoria deve agregar valor ao curso.
Outros profissionais, com formação docente ou não, podem atuar em outras funções na 
EaD, são elas:
	» Designers	instrucionais	– profissionais especialistas no uso das TICs e que auxiliam os 
conteudistas na preparação do material e na organização geral do curso;
	» Profissionais	 de	 comunicação	 audiovisual	 – indivíduos responsáveis pelo manuseio de 
equipamentos eletrônicos de radiodifusão necessários à gravação e difusão de videoaulas 
gravadas e transmitidas ao vivo;
	» Profissionais	de	Tecnologia	da	Informação	– responsáveis pelo controle e a gestão dos 
dados envolvidos nos AVAs.
Bom, nossa unidade chegou ao fim e esperamos que você tenha apreciado as discussões 
aqui levantadas. Acompanhe nosso material didático na íntegra e consulte o seu tutor, caso 
haja necessidade.
Saudações virtuais!
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Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Material Complementar
Vídeos:
Mundo	S/A:	Educação	a	distância	se	torna	uma	tendência	no	Brasil
Assista a uma reportagem especial sobre os avanços da EaD no Brasil e no mundo, 
elaborada pela Globo News em: 
http://goo.gl/2UzVhK
Sites:
TelEduc
Confira um ambiente e-learning gratuito para criação e compartilhamento de conteúdo a 
distância. Basta fazer o download em:
http://www.teleduc.org.br/
Coursera
Você conhece a Coursera? Trata-se de uma empresa de tecnologia educacional dos Estados 
Unidos, com sede em Mountain View, fundada pelos professores de ciência da computação 
Andrew Ng e Daphne Koller da Universidade Stanford. Ela oferece cursos gratuitos de 
renomadas instituições de ensino do mundo. Selecione o seu curso por meio do link: 
https://pt.coursera.org/.
Leituras:
O	que	é	educação	a	distância
Neste texto, o autor José Moran sintetiza o conceito de EaD. Leia o artigo em:
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf
http://goo.gl/2UzVhK
http://www.teleduc.org.br/
https://pt.coursera.org/
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf
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Referências
CASTELLS, M. A sociedade em rede, v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
DEMO, P. Aprendizagem no Brasil: ainda muito por fazer. Porto Alegre: Mediação, 2004.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2011.
LEMOS A. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces 
digitais. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interac.html. 
Acesso em: 10/04/2008.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MAIA, C. Guia Brasileiro de Educação a Distância. São Paulo: Esfera, 2002.
MANOVICH, L. El linguaje de los nuevos medios de comunicación – La imagen em 
la era digital. Buenos Aires: Paidós, 2006. CASTELLS, M. A galáxia da Internet. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. 
Porto Alegre: Artmed, 2002.
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Unidade: A imbricada relação entre imigrantes e nativos digitais
Anotações
.
Tecnologia da 
Comunicação 
e da Informação
Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Regina Tavares
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
5
Novas tendências em tecnologias da informação e 
da comunicação
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Os	dispositivos	móveis	e	as	novas	noções	de	mobilidade	e	interatividade
•	 Demais	avanços	tecnológicos
Fonte: Thinkstock / Getty Im
ages
Os objetivos desta Unidade são:
 · Refletir a respeito de novas tecnologias atuantes no cenário recente da educação: 
vídeos digitais, softwares educativos, etc.
 · Compreender o impacto das tecnologias digitais móveis no ambiente acadêmico tradicional.
 · Entender a atualização de noções de mobilidade e interatividade.
Nesta Unidade, abordaremos novas tendências em tecnologia da informação e da 
comunicação, assim como trataremos de novas noções de mobilidade e interatividade.
Nossos objetivos são refletir a respeito de novas tecnologias atuantes no cenário da educação 
recente, compreender o impacto das tecnologias digitais móveis no ambiente acadêmico 
tradicional, entre outros.
Não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as 
atividades propostas.
6
Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação
Contextualização
www O vídeo a seguir sintetiza, objetivamente, o papel das redes sociais na vida do brasileiro 
atualmente. Assista ao breve filme e se identifique. Link: https://youtu.be/QOJ-Dvi6hcw
https://youtu.be/QOJ-Dvi6hcw
7
Os dispositivos móveis e as novas noções de mobilidade e interatividade
Notoriamente, os avanços tecnológicos em comunicação midiática, telecomunicação, 
telemática, eletrônica, tecnologia da informação, entre outros elementos similares presentes 
na contemporaneidade são alguns dos principais pilares da do que chamamos de Sociedade 
da Informação, as quais incidem, claro, sobre o ensino-aprendizagem. 
Mais recentemente, as tecnologias digitais móveis – existentes em smartphones, tablets, 
ipads, etc. – corroboraram ainda mais para o surgimento de novas dinâmicas sociais, jamais 
vistas outrora, entre emissores, interlocutores, conhecimento, espaço físico e virtualidade. O 
que nos faz esbarrar aqui no conceito de mobilidade digital. A respeito, Cordeiro e Bonilla 
(2015, p. 260) dizem:
A mobilidade digital, presente no cotidiano de milhares de pessoas, permite 
tanto o acesso instantâneo à comunicação, como a possibilidade imediata de 
responder, opinar, reagir às mensagens e informações recebidas ou acessadas, 
independentemente da localização dos interagentes.
Entre as novidades comportamentais reservadas pelas tecnologias da informação e da 
comunicação (TICs) está o acesso instantâneo, fácil e veloz à comunicação. Com o simples 
manuseio do celular, faz-se possível compartilhar informações, criticar, opinar, aprender, 
ensinar, conceber e veicular novos conteúdos, independente da localização dos indivíduos 
interlocutores ou do suporte dado por determinada indústria da comunicação. Afora os 
monopóliosda comunicação, qualquer indivíduo amparado pelas TICs pode produzir e 
compartilhar informações sem a chancela das grandes corporações da comunicação.
Em tal conclusão, observa-se o viés do conceito de ‘midiatização’. O tema é amplamente 
debatido por autores como Fausto (2008), Matta (1999) e Sodré (2002), mas dificilmente 
sugerem consenso, dada a sua complexidade. Para Fausto, 
A midiatização resulta da evolução de processos midiáticos que se instauram 
nas sociedades industriais, tema eleito em reflexões analíticas de autores 
feitas nas últimas décadas e que chamam atenção para os modos de 
estruturação e funcionamento dos meios nas dinâmicas sociais e simbólicas 
(FAUSTO, 2008, p. 90).
Sendo assim, os meios de comunicação ultrapassam seu caráter de mediação em relação 
às dinâmicas sociais e simbólicas e tornam-se em si uma realidade paralela que organiza a 
vida em sociedade a partir de suas próprias formas de interação (FAUSTO, 2008). Trata-se 
da constituição da mídia como uma nova forma de vida, como bem definiu Sodré (2002), um 
bios midiático. Nesse sentido, o termo ‘midiatização’ ultrapassa a concepção de coadjuvante 
da mídia, tão presente na sociedade dos meios, e assume “uma referência engendradora no 
modo de ser da própria sociedade, e nos processos de interação entre as instituições e os 
atores sociais” (FAUSTO, 2008, p. 93). 
Em suma, pode-se dizer que na sociedade dos meios poucos detinham os monopólios 
da comunicação de massa e que na sociedade midiatizada, graças aos meios tecnológicos – 
frequentemente digitais –, todos podem ocupar o posto de emissores da comunicação. Sendo 
assim, de fato é substituída a noção de mídia “representacional-institucionalizada-organizacional” 
por uma noção de mídia diferenciada, presente em qualquer tipo de comunicação interpessoal, 
grupal, organizacional e massiva. 
8
Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação
Martin-Barbero (2004) sintetiza melhor tal cenário. Para o autor latino-americano, a 
presença das tecnologias, em especial as móveis, permitiu o amplo direito à comunicação 
interativa e, por que não acrescentarmos, à educação, à exemplo dos avanços significativos 
da EaD em nosso país.
Inegavelmente, esse cenário tem colaborado para tecermos reflexões pertinentes sobre o 
conceito de ‘interatividade’. 
É comum atribuir o título de interatividade às tecnologias que possuem apelos midiáticos e 
de visualidade expressiva – tais como: audiovisuais diversos, displays múltiplos, games etc. –, 
contudo, não necessariamente tais recursos tornam uma relação em interativa.
Fonte: GC/Blog Vambora
A imagem acima se refere ao Museu do Futebol. Apesar da visualidade espetacular propiciada 
pela tecnologia, nada assegura que a comunicação estabelecida ali seja interativa; pelo 
contrário, o excesso tecnológico pode até comprometer a compreensão do visitante, em 
determinados casos.
Para entender esse impasse é necessário revisitar o termo interatividade, que vem sendo 
empregado, eventualmente, sem critérios (LEMOS, 2000). Para não perder o rumo, buscou-
se aqui amparo nos autores Silva, Lèvy, Lemos e Manovich. Antes, importa explicar que o 
termo interatividade despontou nos anos de 1990 como extensão das mídias digitais e tem 
sido empregado amplamente na concepção de espaços midiáticos diversos.
9
Segundo Silva (1999), a interatividade é o caminho para a melhor comunicação em 
relações presenciais ou virtuais entre máquinas e indivíduos, ou entre indivíduos apenas. Já 
Lemos (2000) acredita que é necessário falarmos de um caso específico, a ‘interatividade 
digital’, aquela estabelecida entre homem e máquina. Por fim, para Manovich (2006), assim 
como para Lèvy (1999), todas as experiências culturais podem ser definidas como uma forma 
de interatividade, mas realmente há a necessidade de se desenvolver diferentes termos para 
diversos tipos de interatividade – como bem sinalizou Lemos, acima. 
Também concordamos ser necessário considerar terminologias específicas para diferentes 
situações de interatividade, assim como é relevante compreender que a existência de 
tecnologias sofisticadas não garante a interatividade plena. A humanização – em especial a 
presente nas relações entre professores e alunos – atribui significado às tecnologias digitais. 
Os indivíduos são os verdadeiros responsáveis por transformar as relações não-dialógicas em 
relações interativas, inclusive no ambiente escolar.
A temática até aqui levantada não esgota a revolução das TICs nos ambientes escolares. 
Prova disso, é que a miniaturização de aparelhos como os smartphones, tablets e ipads permitiu 
a articulação das noções de presencialidade e virtualidade em sala de aula, tornando-a, assim, 
um ambiente híbrido. Podemos, por exemplo, estar em sala de aula e relatar as vivências 
daquele espaço físico, em tempo real, nas nossas redes sociais para um público-alvo interessado 
ou não em formação acadêmica.
Instantaneamente, somos conduzidos ao pensamento de Henry Jenkins (2011), quando esse 
revela a atual ânsia humana por aquilo que ele denominou como sendo “cultura participativa”. 
Os indivíduos nas mais variadas esferas de seu cotidiano se relacionam afetivamente com a 
produção autoral e protagonista de conteúdo. 
Para Pierre Levy (1999), é nesse ambiente que surge a possibilidade de renovações do 
status quo a partir da internet, tendo em vista a participação livre, interativa e opinativa 
dos indivíduos.
Por tudo o que dissemos, somos levados a crer que a escola se tornou um ambiente múltiplo 
de interações presenciais e on-line, orquestrado por uma conectividade ininterrupta e uma 
nova noção de mobilidade física e digital. Sendo assim, não cabe mais ao docente interpretar 
pejorativamente o estudante que fotografa a lousa, registra o selfie durante a explanação do 
professor ou grava uma aula expositiva para estudar posteriormente em função de avaliações. 
Apesar da sensação de possível ameaça advinda das TICs em sala de aula, alunos e professores 
podem aproveitar tal condição para potencializar aprendizagens, desde que amparados pela 
premissa aprender a aprender.
10
Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação
Demais avanços tecnológicos
A seguir, algumas inovações tecnológicas, para além dos dispositivos móveis, capazes de 
aprimorar as relações de ensino-aprendizagem presentes no século XXI:
Fonte: iStock/Getty Images
Realidade Aumentada Tecnologia que permite visão ampliada de forma digital. Entenda mais em: 
Vídeo da National Geographic esclarece de forma exemplar o conceito de 
Realidade Aumentada.
Acesse: https://youtu.be/oqCFJIRK6wU
Fonte: iStock/Getty Images
QR Code: Trata-se de um código de barras que pode ser escaneado pela maioria 
dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. Esse código, após a 
decodificação, passa a ser um trecho de texto e/ou um link que irá redirecionar 
o acesso ao conteúdo publicado em algum site. Para saber mais a respeito e até 
aprender a criar um código para uma finalidade qualquer em particular, basta 
acessar o artigo presente no link em questão.
Acesse: http://www.tecmundo.com.br/qr-code/42599-como-criar-um-qr-code.htm
https://youtu.be/oqCFJIRK6wU
http://www.tecmundo.com.br/qr-code/42599-como-criar-um-qr-code.htm
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Fonte: iStock / Getty Images
Tecnologia Vestível Refere-se a uma nova abordagem tecnológica, redefinindo a interação 
“humano-máquina”. Nesse caso, os dispositivos estão diretamente 
conectados no usuário por meio de vestimenta ou acessórios. 
Fonte: iStock / Getty Images
Tecnologia Vestível Refere-se a uma nova abordagem tecnológica, redefinindo a interação 
“humano-máquina”. Nesse caso, os dispositivos estão diretamente 
conectados no usuário por meio de vestimenta ou acessórios. 
Fonte: iStock / Getty Images
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Unidade: Novas tendências em tecnologias da informação e da comunicação
Livestream Tecnologia que permite a transmissão just in time de eventos síncronos 
para públicos em larga

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