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Portifólio do 8 semestre

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11
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA – 8° SEMESTRE 
REGINALDO DOS SANTOS BEZERRA 
“HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS ORIGINÁRIOS”
GARANHUNS -PE 
2022
REGINALDO DOS SANTOS BEZERRA 
“HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS ORIGINÁRIOS”
Trabalho de Produção Individual Interdisciplinar – PTG apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral nas disciplinas do semestre.
Tutora à Distância: Janaina dos Santos Correia Rodrigues 
Garanhuns-PE
2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2. DESENVOLVIMENTO	5
2.1. HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS ORIGINÁRIOS	5
CONCLUSÃO	11
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS	12
1. INTRODUÇÃO
A análise do processo histórico da luta e conquista do direito dos povos indígenas a terra na sociabilidade capitalista exige uma breve caracterização da relação entre instâncias de poder e povos originários na nossa formação social brasileira. A histórica questão fundiária indígena envolve diversas problemáticas quanto ao acesso e uso da terra: violências sofridas por indígenas em conflitos diretos com a classe burguesa de ruralistas, donos do agronegócio acarretando consequências nefastas para os povos que ainda vivem no campo.
A invasão, ocupação e exploração do solo brasileiro foram e são determinantes para as transformações radicais que os povos originários passam no decorrer de cinco séculos. Um longo processo de devastação física e cultural eliminou grupos gigantescos e inúmeras etnias indígenas, especialmente através do rompimento histórico entre os índios e a terra. Por dentro da tradição da teoria social crítica, podemos captar elementos teórico-metodológicos muito significativos para análise do processo histórico social vivido por esses povos e apreender a teia contemporânea de ameaças à própria continuidade da existência da vida indígena e sua possibilidade de autodeterminação e auto-organização.
Destaca-se a importância de reconhecer as mudanças que ocorrem com a interação real entre a vida indígena no campo brasileiro (marcada por elementos singulares de ruralidade) e o compartilhamento de diversos elementos próprios da vida tipicamente capitalista em algumas regiões brasileiras (os processos de proletarização e assalariamento indígena, incorporação de tecnologia na vida cotidiana e na organização do trabalho).
A condição dos povos indígenas na realidade brasileira foi histórica e socialmente desprezada ou tratada com muito preconceito e violência. O próprio termo “índio” não tem unidade concreta, nem semântica, expressando a marca histórica contraditória da colonização. A diversidade dos grupos étnico-linguísticos da América Latina não cabe nesse termo genérico, porém ele passa a ser assumido historicamente como uma definição estratégica de um grupo social no processo geral de organização e reivindicação política.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS ORIGINÁRIOS
Para compreender a violência contemporânea contra os povos indígenas é necessário fazer uma análise sistêmica de longa duração. Sistêmica, porque não basta analisar dados estatísticos, é preciso compreender a subjetividade da violência, como ela é sentida, percebida e compreendida pelos próprios povos indígenas, a partir das suas cosmosvisões. Algumas ações que podem não parecer violência a um legislador ou administrador público, justificando como algo natural do exercício da administração pública, pode carregar elementos que rompem com historicidades e com continuidades de práticas sociais.
A reserva de terras devolutas já era objeto de garantia da Lei n° 601, de 1850, "para colonização, aldeamento de Indígenas nos distritos, onde existirem hordas selvagens". Desde então, por conseguinte, entendeu-se que tais terras pertenciam ao Estado brasileiro e não podiam ser apropriadas por particulares.
A Constituição de 1988 deu ao assunto uma regulação minuciosa e completa.
Reconheceu expressamente aos índios "sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens" (art. 231). Referindo-se a "direitos originários" dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, a Constituição deixou claro que não estava criando um novo direito.
Esclareceu o § 1º desse mesmo artigo que “são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”. Tais terras declarou o § 2º, "destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes". 
Note-se bem: a Constituição reconhece aos índios o "usufruto exclusivo" de tais terras. O que significa, em bom português e melhor direito, que ninguém tem o direito de ocupá-las como posseiro. Por isso mesmo, elas são declaradas "inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis" (§ 4º); vale dizer, não podem ser objeto de usucapião.
Para completar esse quadro de reserva agrária em benefício dos índios, dispôs a Constituição vigente, no § 6º do art. 231, que “são nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção do direito a indenização ou ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé".
A lei complementar referida nesse dispositivo constitucional até hoje não foi votada. Nem por isso, no entanto, pode-se entender que ele não é autoaplicável.
Destaca-se, em primeiro lugar, que a Constituição emprega, mais de uma vez, a expressão “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”, sem exigir sua prévia demarcação. Além disso, não se pode deixar de considerar que a linguagem usada no texto constitucional não deixa a menor dúvida de que se trata de direitos fundamentais dos indígenas; como tais, de força superior à de qualquer direito ordinário de propriedade ou uso.
Aliás, se tais terras pertencem desde sempre ao Poder Público, e têm uma destinação específica e imutável, nenhum particular pode exibir, sobre elas, um título legítimo de aquisição onerosa. Menos ainda reivindicá-las por usucapião. O único direito que assiste aos posseiros desalojados, provada a sua boa-fé, é a indenização pelas benfeitorias lá realizadas.
A demarcação de uma terra indígena tem por objetivo garantir o direito indígena a terra. Ela deve estabelecer a real extensão da posse indígena, assegurando a proteção dos limites demarcados e impedindo a ocupação por terceiros.
A morosidade na demarcação de uma terra indígena ou mesmo a paralisação total do processo na esfera administrativa, em muitos casos tardando mais de duas décadas para acontecer, pode significar o rompimento de transmissão de conhecimentos entre gerações. Uma criança que se torna adulta debaixo de barraco de lonas em beira de estradas, ou mesmo em locais impróprios em fundos de fazenda, não terá a oportunidade de conviver com algumas práticas e conhecimentos tradicionais, como atividades de cultivo e manejo de sementes tradicionais, fundamental para a manutenção e reprodução da cosmológica.
Não é por acaso que o suicídio entre indígenas no Mato Grosso do Sul, um dos estados mais violentos a essas populações, ocorre principalmente entre a maioria adolescente e jovem (80% dos suicídios ocorreramcom pessoas na faixa etária de 13 a 30 anos, sendo que 17% deles ocorreram na faixa etária de 10-14 anos e 36% na faixa etária de 15 a 19 anos). Nos últimos 15 anos 707 indígenas se suicidaram somente naquele estado.
À análise sistêmica da violência podemos agregar também o conceito de violência simbólica, desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, incluindo nela toda forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência simbólica é a manifestação da legitimidade do discurso dominante. Para Bourdieu (1992), a violência simbólica “é o meio de exercício do poder simbólico”. A violência simbólica está estampada em grande parte dos livros didáticos e no cotidiano da maioria dos veículos de comunicação, ao reproduzir discursos de cunho racista e ideologicamente preconceituoso, como classificando e definindo quem é e não é indígena a partir de elementos externos; através de afirmações de que os indígenas possuem muita terra; que os indígenas não podem impedir o progresso da Nação; que os costumes indígenas precisam ser modificados para integrá-los à sociedade de consumo; e tantas outras formas de manifestação de cunho racista e preconceituoso. Porém, a violência simbólica também resulta em violência física, porque ao depreciar o outro, este se torna vulnerável a ações de terceiros, que justificam suas práticas pelo poder exercido sobre a suposta inferioridade do outro.
A violência sistêmica é resultado do processo histórico de inferiorização do outro, tratando-o como não sujeito portador de direitos a partir de classificações autoritárias, que em cada momento histórico se fazem representar pela sociedade dominante de forma diferenciada. Assim, no período colonial a inferiorização dos grupos indígenas ocorria pelo conceito da fé cristã, por serem pagãos ou hereges; no século XIX a inferiorização ocorria pelo conceito da ciência, já que os indígenas eram considerados pertencentes a sociedades fora da História; e, no tempo contemporâneo pela inexorabilidade do progresso, manifestada em todas as esferas da sociedade pela crença de que os indígenas não evoluíram e atrapalham o progresso.
Desde a aprovação do Estatuto do Índio, em 1973, esse reconhecimento formal passou a obedecer a um procedimento administrativo, previsto no artigo 19 daquela lei (Lei 6001/73). Tal procedimento que estipula as etapas do longo processo de demarcação é regulamentado por decreto do Chefe do Poder Executivo e, no decorrer dos anos, sofreu seguidas modificações. A última modificação importante ocorreu com o decreto 1.775, de janeiro de 1996.
De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), o país tem atualmente 672 terras indígenas, 115 delas em estudo, ou seja, ainda não foi definido o tamanho dessa área, que pode vir a ser demarcada.
TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL*
	Fase do procedimento demarcatório
	Nº de terras indígenas
	Superfície   (em hectares)
	Em estudo
	115
	---
	Delimitada
	30
	2.024.366,0000
	Declarada
	51
	2.679.132,0452
	Homologada
	12
	513.762,0717
	Regularizada
	428
	104.616.529,3229
	Reserva Indígena
	36
	44.358,5230
	Total
	672
	109.878.147,9628
*Fonte: Funai, maio de 2013
A terra indígena não é apenas o espaço ocupado pelos índios, mas todo o espaço necessário para a sobrevivência de sua cultura.
O estudo para sua demarcação, portanto, leva em conta todo o território utilizado pelo índio para sobreviver e para manter suas crenças, em respeito à Constituição Federal. São 115 terras em estudo para demarcação no país (conforme tabela a cima).
A competência é da Funai. Cabe ao órgão o papel de tomar a iniciativa, orientar e executar a demarcação de terras, por meio da Diretoria de Proteção Territorial (DPT), conforme disposições da Lei nº 6.001, de 19/12/1973 (Estatuto do Índio), do Decreto nº 1.775, de 08/01/1996, e do Decreto nº 7.778, de 27 de julho de 2012 que determina as atribuições da Diretoria de Proteção Territorial (DPT) da Funai, conforme abaixo demonstrado:
I - planejar, coordenar, propor, promover, implementar e monitorar as políticas de proteção territorial, em articulação com os órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal;
II - realizar estudos de identificação e delimitação de terras indígenas;
III - realizar a demarcação e regularização fundiária das terras indígenas;
IV - monitorar as terras indígenas regularizadas e aquelas ocupadas por populações indígenas, incluídas as isoladas e de recente contato; 
V - planejar, formular, coordenar e implementar as políticas de proteção aos grupos isolados e recém contatados;
VI - formular e coordenar a implementação das políticas nas terras ocupadas por populações indígenas de recente contato, em articulação com a Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável; 
VII - planejar, orientar, normatizar e aprovar informações e dados geográficos, com objetivo de fornecer suporte técnico necessário à delimitação, à demarcação física e demais informações que compõem cada terra indígena e o processo de regularização fundiária;
VIII - disponibilizar as informações e dados geográficos, no que couber, às unidades da Funai e outros órgãos ou entidades correlatos;
IX - implementar ações de vigilância, fiscalização e de prevenção de conflitos em terras indígenas e retirada dos invasores, em conjunto com os órgãos competentes; e
X - coordenar e monitorar as atividades das Frentes de Proteção Etnoambiental. 
Que órgãos estão envolvidos no processo de demarcação de terras indígenas?
Segundo o Decreto 1.775/1996, que dispões sobre o procedimento administrativo para a demarcação de Terras Indígenas, além da Funai, o processo também se dá por estudos desenvolvidos por técnicos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), declaração do Ministro da Justiça e homologação pela Presidência da República.
Quando a terra é “declarada” pelo Ministro da Justiça, o título da propriedade é considerado nulo. O proprietário, por exemplo, o fazendeiro, perde o direito a terra e tem direito à indenização apenas pelas benfeitorias.
Portanto, nos conflitos entre a posse indígena e a propriedade particular, muitas vezes, vislumbra-se a proteção, respectivamente, do direito à vida, à dignidade da pessoa humana e à diversidade cultural dos índios, e, do outro lado, o direito ao patrimônio particular e os interesses econômicos. Entretanto, deve-se lembrar que a proteção que a Constituição garante à propriedade não é absoluta. Portanto, relativiza-se esse amparo sempre que outras razões em jogo mostram-se mais relevantes ao interesse público e à justiça social. É o caso das desapropriações por interesse social e público (arts. 5°, XXIV, 184 e 185 da CF) e as requisições civis e militares (art. 22, III, CF). De outro lado, é preciso assentar que, via de regra, a relação do índio com a terra é mais que uma relação econômica, porquanto se traduz numa relação de pertencimento e identificação com aquele habitat. Portanto, como os índios tendem a manter essa ligação cultural e histórica com o ambiente em que foram criados, a sua retirada poderia gerar um forte trauma.
Muitas são as formas históricas de acesso, uso e apropriação da terra. Esses são processos que geram diversos conflitos na história da humanidade. No caso específico da realidade brasileira, a terra, na sua dimensão política e econômica, é um bem que envolve muitas tensões e conflitos de disputa. Por se tratar de um meio de produção de riqueza bastante valioso, dispondo de diferentes possibilidades de exploração, o seu acesso, uso e apropriação são desiguais, envolvendo violência institucional, material e estratégias políticas que promovem concentração e expropriação. Trata-se aqui da constituição do latifúndio.
A realidade do acesso, uso e apropriação das terras brasileiras é resultado de uma condição colonial de longa exploração. É importante recordar as consequências nocivas do sistema colonial secular que, além de devastar física e culturalmente as populações originárias, também garantiua instituição das grandes propriedades privadas nas mãos de poucos. Referimo-nos à grande concentração de terras nas mãos de classes agrárias que exerceram seu violento poder de dominação e exploração dos trabalhadores do campo através de múltiplas formas de expropriação.
Neste sentido o que ocorreu com Bruno Pereira e Dom Phillips é um caso lamentável que representa mais um episódio da trama violenta pela qual passam a região do Javari, a tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, a Amazônia. Nessas áreas, lideranças e jornalistas de diversos espectros são sistematicamente ameaçados e covardemente assassinados simplesmente por defenderem o meio ambiente e os povos tradicionais – indígenas, quilombolas e camponeses –, sem nenhuma atenção e respostas governamentais efetivas, colocando uma vírgula, em vez de um ponto final, no descaso com toda e qualquer questão que envolve esse importante bioma.
CONCLUSÃO
A situação contemporânea dos processos de demarcação das terras indígenas encontra-se no centro de grandes ameaças e pressões da bancada ruralista no Congresso Nacional brasileiro. Além das propostas e investidas relacionadas à reestruturação da Funai (sucateamento, terceirizações, nomeações de militares para presidência), persistem propostas de mudanças significativas nos processos de demarcação de terra e códigos que regulamentam a exploração de recursos naturais no território brasileiro por parlamentares conservadores da direita representantes do agronegócio. É o caso das propostas de leis que tramitam no Congresso Nacional que visam extinguir direitos indígenas já conquistados, ou “modificar (dificultar) e criar possibilidades para a exploração dessas áreas por não indígenas”.
Embora reconheçamos a impossibilidade da norma, de a lei transformar a vida concreta, por reconhecer os limites da igualdade formal, e da função social do sistema jurídico na sociedade capitalista, é importante destacar o avanço normativo que trata dos direitos dos povos indígenas no Brasil. A aceitação social de que as terras indígenas são "direitos originários", ou seja, antecedem a criação do próprio Estado brasileiro, é fundamental para os processos de demarcação, considerando as pressões constantes do grande capital através do agronegócio que amplia os processos de expropriação dos povos indígenas de suas terras.
Enquanto vivemos sob as determinações do sistema capitalista, as conquistas políticas e constitucionais dos povos originários ainda atuarão de forma significativa para garantir estratégias de proteção da vida dos nossos povos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHENTI, Clovis Antonio. Colonialidade do poder e a violência contra os povos indígenas. Disponível em: <https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724616322015 103/pdf_33>. Acesso em 27 ago de 2022.
SILVA, Elizângela Cardoso de Araújo. Povos indígenas e o direito a terra na realidade brasileira. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0101-6628.155>. . Acesso em 27 ago de 2022.
Roda Viva, TV Cultura. Entrevista ao indigenista e ativista social Sydney Possuelo em 13/06/2022. Disponível em: <https://youtu.be/h49HypMwcN4>. Acesso em: 27 ago de 2022.

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