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A Funcao Social da Cidade - ALFONSIN, Jacques Tavora

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Impresso por Alessandra Mendes, CPF 179.674.447-60 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais
e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/10/2021 19:57:55
<sàst'. - i
Betânia Alfonsin 
Edésio Fernandes 
Organizadores e co-autores 
Direito à Moradia 
e a a Seguranç d Posse 
no o Estatut da Cidade: 
Diretrizes, s s e Instrumento e Processo d Gestão 
2a tiragem 
Belo Horizonte 
í^h Editora Fórum 
2006 
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A o l a Funçã Socia d Cidade 
e a e a d Propriedad Privad Urbana 
como s e Propriedade d Funções 
Jacques a Távor Alfonsin 
Assessor jurídico de movimentos populares, Procurador do Estado 
do Rio Grande do Sul aposentado, Professor de Direito da Unisinos 
Na divulgada concepção de Samuelson, uma 
economia é chamada a responder três questões 
fundamentais. Haverá que resolver os problemas de 
saber s que bens produzir, como o produzir e para 
quem o os produzir. As duas primeiras questões, s 
critérios de eficiência permitem dar resposta, embora 
não fixem uma solução única. Por tabela, essa 
resposta vem a determinar uma certa distribuição 
dos bens entre os agentes econômicos, mas, 
eventualmente, ela será inaceitável à luz de qualquer 
critério de justa repartição. Por seu turno, estes 
critérios visam proporcionar uma solução para a 
última daquelas questões. Reflexamente, tal solução 
impõe uma resposta aos dois primeiros problemas, 
não sendo de excluir que esta seja inteiramente 
insatisfatória. Eis, pois, o dilema entre a eficiência e 
a justiça social. (SANTOS, e . Jorg Costa Bem-estar 
Social e Decisão Financeira: Coimbra: Almedina, 
1993, . , s o p 141 grifo d autor.) 
Sumário: - o - Introduçã 1 s o o e Podere d proprietári d imóvel, 
em a r o e su peculia situaçã relativament ao entorno urbanístico. 
Possível o e a e s " 1 s "graduaçã d eficáci d tai poderes -1. O direitos 
como s m o e e , e o m linha e moviment qu s cruzam d acord co a 
intensidade e r e s m 2 s d pode qu o conforma -1. Possívei efeitos 
jurídicos s a a e e e o decorrente d diferenç entr capacidad d goz e 
capacidade e , s o o e d exercício presente n direit d propriedade 
privada 3 o a o l a - 1. O cumpriment d funçã socia d propriedade 
privada o e a o r e com responsabilidad objetiv d titula dess direito 
- 4 r e o r e a e s o 1. Pode d us e pode d troc sobr fraçõe d solo 
urbano. a a a a m e Relevânci dess diferenç par o fi d conferir-se 
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42 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
eficácia o l o o e e a à funçã socia d direit d propriedad privad urbana 
no u . s s se exercício Limite político-jurídico do Plano Diretor-
2 e a a a e A propriedad privad urban e su compatibilidad (ou 
incompatibilidade?) m s s s a , co a funçõe sociai d cidade aqui 
identificadas m m " e co o "be coletivo - 3 A propriedad privada 
urbana e u e m e a su compatibilidad o incompatibilidad co a 
satisfação a e l e r s o d necessidad vita d mora do nã proprietários, 
satisfação a i a o l o ess aqu identificad com a principa funçã social 
da e o cidad - Conclusã - Bibliografia 
Introdução 
Este o a r m e apontament procur coloca e debat questão 
relacionada m s " a a , co doi "sentidos d palavr propriedade naquilo 
em e s m r s e o , - qu ele possa gera efeito sobr o sol urbano consi
derada l o a e a r e a possíve relaçã dialétic qu poss existi entr as 
funções s a e s s s s sociai d cidad e a funçõe sociai da propriedades 
privadas a nel situadas. 
As " "referências de tais sentidos, porém, como adiante 
poder-se-á , o m . e verificar sã be diferentes Espera-s contribuir, 
talvez, m o o o e e m - co tod o esforç hermenêutic qu s te desenvol
vido o , a r o o l a n País par garanti a princípi constituciona d íünção 
social s s o o e e a s da cidade e d direit d propriedad urban o efeitos 
político-jurídicos e e m s s s o qu del espera toda a vítima d histórico 
desrespeito m e o o m o co qu o mesm princípi te sid tratado. 
É o o e a a a e s , que, ci pont d vist d eficáci d tai efeitos a 
partir a a e o o o o o a d form d distribuiçã d espaç urban com el se 
dá , i hoje aqu no Brasil, confrontada com o nosso ordenamento 
jurídico, e e o a particularment aquel express n Constituição 
Federal, o o a e o o o , n Estatut d Cidad e n nov Códig Civil correm 
o o e o m , a e e risc d nã sere alcançados n hipótes d a interpretação 
de o o á o tud quant est implicad em tais funções ficar reduzida 
ao o o o , e pur raciocíni técnic que diant da expressão mesma 
função , a o o o " social ignor o conteúd axiológic d "social da 
função a " o e d "função d social. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 43 
O e í e m o o e s a qu a parec u mer jog d palavra tent denunciar 
como , o , a a a imprópria n mínimo um postur ideológic corriqueira, 
em a matéri de interpretação de princípios, particularmente 
esse a o , a s m s s d funçã social avess a valore se o quai aqueles 
nunca m " a e a chega a "principiar nad — pass a redundânci — 
, s m l , m z e r o limitado a u pape que e ve d legitima o exercíci de 
um o direit na concretude fática das suas conseqüências — às 
vezes s e s s e o trágica — sobr outra pessoa e sobr o territóri das 
cidades, a a , e a legitim a su ineficácia quas sempre reduzid a 
intenção, a u , o o a a promess o programa nã tant pel vaguez do 
seu , , o , a a a enunciado mas muit mais pel estreitez daquel cultura 
privatista e e o " a a e r qu entend com "normal su form d ve "sujeitos 
de " , direito e "coisas" de forma conceituai e abstrata. 
Tal a z e r e cultur é incapa d supera a aparent contradição 
existente e m r e m e á entr u direito-pode d algué qu est autorizado 
a r o o e r s s s s exclui d territóri dess pode toda a outra pessoa {erga 
omnes, dimensão ) quantitativa e m r e u poder-deve d somente 
exercer e r aquel direito-pode sob a condição e incluir d o interesse 
e, , ou os direitos alheios (dimensão qualitativa).1 
Daí e o e , o chamar-s o direit d propriedade com o fazem 
vários , e m juristas d u "direito-função". 
Assim, a " i r a i a palavr "propriedade va se usad aqu com 
um o : , dupl sentido primeiro o de direito real, cuja referência 
não e e e e o m e r ignor a capacidad qu ess direit te d viola direitos 
alheios; , m o e o a segundo u sentid d adequaçã (cois apropriada 
para m o ) e a o z , u determinad fim d um funçã capa de senão 
impedir e , o s r o o a d todo pel meno inibi a máxim aquel violação. 
1 Inspirados m o a l e Eduard Novo Monrea e s , á s s o outro juristas j no dedicamo a desembaraço 
dessa l , m o , o difíci questão e estud anterior O acess è Terra como Direitos Conteúdo e d
Humanos Fundamentais à Alimentação e à Moradia (Porto : o , , Alegre Sérgi Fabris 2003) cuja 
complexidade, e o r a m m o , u e r a s nã fo enfrentad co u cuidad maior o pod desagua n negação 
do o , o o n t a e o direit subjetivo com o própri teo Dugui entendi a propriedad com função 
social, u e r a a a a , e u , e e o pod cai n malicios armadilh ideológic que queira-s o não serv d desculpa 
para r e e o ) r a e neutraliza a possibilidadd a funçã (instrumento alcança su finalidad (resultado). 
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44 a Betâni Alfonsin, o Edési Fernandes 
Deste , e e o " modo evita-s qu o possessiv "da — como 
quando e z o l " e u " s di funçã socia "da cidad o "da propr iedade 
(aqui a o ) e o entendid com direito — inviabiliz a mensuraçã da 
"p ropr i edade" i a o o o (aqu en tend id com adequaçã tant da 
cidade o o o e e a s s com d direit d propr iedad privad ao seu fins 
legais , e a e e e justos) jus tament par evitar-s qu a interpretação 
do " "social da função não fique cerceada pela interpretação 
da " "função do social. Como se esse tipo de função, ao contrário 
de r , o " , qualque outra nã "funcionasse (!) ou seja, não gerasse 
adequados s s s m r devere e responsabilidade imposto e favo da 
garant ia e s s s m r e alcanc do seu resultado e favo daqueles 
"todos" s o o a e excluído d objet d propr iedad privada. 
Uma a , , e r a e advertênci prévia porém dev se feit desd logo. 
Esse o o o a a o esforç interpretativ nã guard nenhum ilusã quanto 
aos s s o o o conhecido limite d ordenament jurídic capitalista, 
relativamente a e e a s s à eficáci qu el reconheç ao direito humanos 
fundamentais e e , o frent à propr iedad privada com condição 
de a eficáci da função social da última. Por mais dura que seja 
a a e a , r , o a crític d Marilen Chauí po exemplo quand el examina 
os s s efeito jurídico do direito de propriedade, sua lição deve 
sei' a , a e o s e e e lembrad aqui par qu tud o mai qu s segu neste 
apontamento o a o o a o u - nã sej vist com divergênci a se pensa
mento, s m o a a s e ma si com um tentativ a mai d descobrir-se, 
no o o e , a própr i exercíci dess direito algum chance jurídica de 
ele o r s nã gera tanto malefícios: 
...vivemos m s e e o o , r e sociedade ond ess direit nã pode po natureza 
e r , r o m . s o e po definição se cumprid ne respeitado Mai d qu isso: 
em s , i , e m r nossa sociedades a le e o Estado qu deve protege a 
propriedade , e a m o o m privada porqu est é u direit d home e do 
cidadão, ó o a a s , s poderã defendê-l contr o sem-propriedade de 
forma e a o o e s a , qu a defes d direit d algun signific a coerção a 
opressão, o a e , o , e a repressã e a violênci sobr outros n caso sobr a 
maioria. m s , r o o m e E outra palavras a parti d moment e qu a 
' e a a o m o , - propriedad privad é definid com u direit que abstra
tamente, e s , , i e o é d todo e concretamente exclu dess direit a 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 45 
maioria, o z m e e a e a exclusã fa co qu a propriedad privad s ache 
ameaçada, o á l e o o ) e nã ser casua qu o crime (violaçã d direito em 
nossa e a l e sociedad sej preferencia e primordialment definido 
como e a e ) , s s crim contr a propriedad (... Assim somo forçado a 
reconhecer e s s s s s qu a declaraçõe moderna do direito humanos 
tragam o a m . o e consig a violênci e produza o medo Sã font de 
medo, m r e m e e e luga d sere font d emancipação.2 
Diante e o , e a dess realism cru val a pen continuar-se 
estudando o l o o e , s a funçã socia d direit d propriedade poi o 
desafio á m r e a e e , est e demonst ra qu ess realidad s deve em 
boa e o , o o e a o par t pel menos a descumpriment d um funçã que 
ele, , historicamente não respeitai 
Par t indo a e o d aparen t contradiçã exclusão-inclusão, 
anter iormente , e e r - enunciada tem-s d responde à pergunta
chave e : l e o dess debate É possíve entender-s a funçã social 
como a m s e o o s s inserid e direito d cuj objet o mesmo somente 
podem r , e a , exclui pessoas d form indeterminada sob a condição 
de incluir interesses e/ou direitos alheios, como dever próprio e de 
forma determinada? 
Pelo , o o o , á e e sim pel nã e pel talvez h d s encontrar 
explicação , , r i , a e justificativa o que po s só demonstr a dureza 
da a terr em que estamos arando. 
Para r m u o s , sustenta o si o quand meno o talvez escolhemos 
três s e o r , s s - caminho qu estã a segui separados ma todo conver
gindo a a n mesm direção. 
Primeiro, á o o r examinar-se- a extensã d pode jurídico 
do o direit de propr iedade , para reafirmar que a exigência de 
ele r a o l e o o e e respeita su funçã socia decorr d fat d qu o mesmo 
não ó e e e , o , s , s s exerc sobr coisas n caso imóvei urbanos como 
sobre , o , a a o e o pessoas n caso tod um multidã d nã proprietários, 
2 Direitos humanos e medo. São : , , . 5 o a Paulo Brasiliense 1989 p 2 (grif d autora). 
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46 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
conforme a e í e , a advertênci d Chau anteriorment transcrita os 
quais, o a a u o o o dependend d obediênci o nã d proprietári à 
dita , o s e , , função estã legitimado a s adjudicar justamente ao 
mesmo espaço urbano titulado por aquele direito. 
Depois, á o m , estudar-se- o chamad "be coletivo" o 
"bem-estar s , o a a do cidadãos" com referênci obrigatóri do 
exercício o o e e a , á d direit d propriedad privad urbana j em 
consonância m o o o . 2 a F co o dispost n caput d art 18 d C e o 
seu , m o . , o o o o a §2° alé d art Io parágraf únic d Estatut d Cidade 
(Lein° 10.257/2001). 
Finalmente, o s s s examinar-se-ã a necessidade vitai alheias 
ao do proprietário urbano, cuja satisfação traduz direitos 
humanos s e o s - fundamentai d nã proprietário — particular
mente a , o . a , a o d moradia segund o art 6o caput d CF n redação 
que o o u a l ° , a mesm de a Emend Constituciona n 26/2000 e, 
igualmente, . 9 o o a e , e m o art 3 d Estatut d Cidad — qu corre o 
risco e e m , o o e - permanent d sere inviabilizados n cas d descum
primento a o l e d funçã socia dess direito. 
Como e , s s s e s observa esse trê caminho dirigem-s a um 
"território" , o l o " o urbano n qua o espaç "apropriado pel direito 
de e o propriedad nã se constitua num espaço inapropriado à 
dignidade a e s s s e i ; human d todo o cidadão qu al residam que 
eles m r m a o l o possa vive e harmoni tant pessoa quant territorial 
com , e a r , o , m a e ela o qu implic dize que nã raro e matéri d solo 
urbano, a a a á o a chamad autonomi privad est mesm é "privada" 
de , autonomia se essa for entendida, como acontece freqüen-
temente m a e e , b e co a chamad liberdad d iniciativa so chav de 
leitura e exclusivament econômica.3 
3 Veja-se, , o o a o e , adiante n rum d conclusã dest apontamento a a e diferenç entr "oykonomia" 
e crematística". 
Direito o o a e à a Moradi e a a e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 47 
1 s o o e , m a Podere d proprietári d imóvel e su peculiar 
situação e o o . relativament a entorn urbanístico Possível 
"graduação e a e s d eficáci d tai poderes" 
Não á a e o e e o h dúvid sobr o fat d qu o tratament jurídico 
do o , o o l o sol rural destinad à produçã vegeta e à criaçã de 
animais, m e o o . e o e é be diferent d sol urbano O qu nã s pode 
deixar e , , e e o d considerar entretanto é qu o suport físic de 
ambos, , m s s a terra conté potencialidade indispensáveià vida, 
e a e s s , o e s à vid d toda a pessoas nã soment a do proprietários, 
coisa e e a o s qu freqüentement escap à cogitaçã do intérpretes 
das s s lei e do fatos: 
O o l m u , o a s sol é incomensuráve e se valor tant par o particulares 
como a o m u . e e m e par o pov e se conjunto Nel s radica a font de 
alimentação s , s s s s da gentes a riqueza criadora do instrumentos 
elementares a o s s s par a satisfaçã da incontávei necessidade vitais, 
e o a l s s . e e tod sistem habitaciona do sere humanos Del s extraem 
as s s substância curativa e de fortalecimento, as possibilidades 
inesgotáveis e o r , , e e , - d recrei e laze e sobretudo nel s exerce basica
mente, e l o m e r . o a liberdad essencia d home d i e vir O sol é toda 
a e e e hipótes e possibilidad d vida.' 
Encarado b o e a o r o so o pont d vist d pode jurídic atribuído 
ao o direit de propriedade, ninguém põe em dúvida a extraor-
dinária e e e o m e r capacidad qu ess direit te d inviabiliza aqueles 
destinos, r r a o a e po permiti um concentraçã aleatóri d espaço 
urbano a o e m r r o r n mã d que maio pode econômic tive para 
tanto. , o m l r e m o Assim quand a u ta pode impõe-s u víncul social, 
não e e o u , e necessariament interessant a se titular justament no 
sentido e r s s m r e s - d garanti tai destino e favo d terceiro necessi
tados, e m e a a dificuldad e ultrapassar-s a lembrad antinomia 
' HEDEMANN, s . o e o l Justu Wilhelm Tratad d Derech Civi - s . , . Derecho reales Madri 1955 In: 
CHAtUB, m . Melhi Namem Propriedade Função Outros Imobiliária, Social e Aspectos. Rio 
de : , , Janeiro Renovar 2000 p. 1. 
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48 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
exclusão-inclusão e r r a , parec pode se superad (?) justamente 
pelo e s s e s s , m a exam do grau d podere jurídico que e cad um 
daqueles , o termos o direit reconhece. 
Quando e z o o " e s di " direit reconhece pode-s esquecer 
que a o o o , m a própri aplicaçã d ordenament jurídico e matéria 
de e a propriedad privad de terra, freqüentemente ignora os 
limites a a o e , d sua própri "politizaçã d poder" supervalorizando 
um u gra de eficácia que ele, de fato, nem tem, como Nyklas 
Luhmann , m s m o adverte co mai u oportun realismo: 
Na a medid em que um sistema político é diferenciado, mostra-
se e e i o r m qu el possu outr pode alé d se i — primeiramente o de 
outras , s s , s m sociedades outro sistema políticos ma també o da 
propriedade a a s , , r d terr e mai tarde sobretudo o pode financeiro.5 
"Outro r m e " o o pode alé d si. Tomand posiçã inspirada 
na o comparaçã de algumas lições antigas com outras mais 
recentes , a s s s e - que embor consciente daquele "limite d poli
tização o , m e e o d poder" reflita a possibilidad d o direit de 
propriedade a a e r a a privad urban s adequa à su própri função 
e o s , á r a à funçã da cidades tentar-se- enfrenta o problem dos 
conflitos e m e s qu nasce entr esse poderes. 
1.1 s s o s m o e O direito com linha e moviment qu se 
cruzam, e o m e e r d acord co a intensidad d pode que 
os conformam 
Usando a m a o o u , um image físic muit a se estilo afirma 
Pontes e e s s e , d Miranda qu o direito s movimentam lançam-se 
como s e m s s s s linha qu demarca a sociedade e o lugare onde 
elas : o o o a e e a vivem "Tod o direit subjetiv é linh qu s lanç em 
certa . é e e , u é e o e direção At ond pod ir o at ond nã pod ir, 
previsto a , u o u u , pel lei o se conteúd o o se exercício dizem-nos 
5 Poder. Trad. e t e e : , , , . Martin Creuso d Rezend Martins Brasília UNB 1985 p 76. 
Direito a a a o a e à Moradi e Seguranç d Posse o n Estatut d Cidad 49 
as s , e o s e e regra limitativas qu sã regra qu configuram, qu traçam 
a s s a a . o estrutura do direito e d su exercitação O conteúd dessas 
regras o s , e s sã a limitações. Aqui principalment no interessam 
as s limitaçõe ao conteúdo. O domínio não é ilimitável. A lei 
mesma e . m estabelec limitações Ne é irrestringível."6 
Independentemente e a a d a insuficiênci históric de 
ordenamento o r s s , - jurídic cobri toda a lacunas independen
temente o e e e a e a e d debat qu s trav sobr a diferenç entr as 
limitações s a o e o ) administrativa (cuj imposiçã cab a Estado e a 
função l a e r u o o - socia d propriedad (deve o obrigaçã d proprie
tário), e s s m s s s s tai linha representare o podere do proprietários 
privados, e r e e o u o pode-s dize qu a velocidad d se moviment e 
a o e s m r o , extensã qu ela pode percorre estã definidas quando 
menos o o e a a a " , o d pont d vist d su "qualidade jurídica pel que 
a o l a e o Constituiçã Federa cham d "pleno desenvolviment das 
funções s a " a a o r e sociai d cidade e d garanti d "bem-esta d seus 
habitantes" . 2 a (art 18 d CF). 
A a , a a o o mesm Constituição agor seguid pel Estatut da 
Cidade o o o , u e r e pel nov Códig Civil trato d fornece alguns 
instrumentos s s e s legai e referência tipicament externa ao 
direito e e , a o e d propriedad privada cuj aplicaçã traduziss essas 
duas s o , s s o o finalidade (Plan diretor sançõe diversa a desus e 
abandono s s , U , do imóvei urbanos IPT progressivo edificação 
e o , o a m parcelament compulsórios desapropriaçã pag e títulos 
da a , o dívid pública praz de usucapião reduzido, inclusive para 
ser o e a , usad d form coletiva etc). 
O o l a o l a princípi constituciona d funçã socia d propriedade 
urbana, e , e m r o e - ness quadro pod be significa o pont d inter
cessão s s s e e , o o dessa linha jurídica qu s cruzam nã havend como 
afastar-se, , a e s s - portanto a perspectiv d possívei conflito político
jurídicos a a e e s s s s pel escolh qu o intérpret da lei e do fato fizer, 
6 Tratado Direito Privado. de Rio e : , , . , . d Janeiro Borsoi 1971 v 11 p 18. 
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50 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
com a a , e , u , competênci par isso sobr a prevalência o não de 
uma a e , o o e r o m - linh sobr outra iss nã pod se feit se reexaminar
se, o r e , o é com a segui pretende-s fazer o tratament at aqui 
dispensado o o o o e a chamad direit adquirid d propriedade 
privada e sobr solo. 
Contudo, e a r e e a o qu precis fica assent desd agor é o 
fato e s m e s . 2 3 a d que, examinado e detalh o arts 18 e 18 d CF, 
com s s s , m o s s todo o seu parágrafos be com todo o instrumentos 
de a disciplin do solo urbano baixados com o novo Estatuto 
da e o o , l e Cidad e o nov Códig Civil é impossíve deixar-s de 
constatar e o o b o o á o qu o sol urban so domíni privad est tod ele 
direcionado e a s s o o hoj par fin transcendente a titulad por 
aquele , - direito pelos quais é responsável o proprietário, independen
temente s s s s e á da muita limitaçõe administrativa a qu est sujeito 
este o , s s e direit hoje alguma dela anteriorment lembradas.7 
Quando e s , s a o e ond tai fins decorrente d funçã social 
do o direit de propriedade privada urbana, temperam o poder 
"quantitativo" o u r a , m r o d se titula par excluir efavo d dever 
"qualitativo" e r s s e o d inclui interesse e direito d nã proprietários 
e s s s a , s e da funçõe sociai d cidade convergente sobr o próprio 
objeto o o e , a e e d direit d propriedade é cois qu exig análise 
mais a s s s s s s e atent ao lugare e ao modo pelo quai ess direito 
exprime o goz e exercício. 
Essa , e a r exigência qu poderi parece completamente 
dispensável r a , m o a - po su obviedade te amargad históric descon
sideração, m e é a a s s s que sab at pel maiori do intérprete da leis 
e s s e m s , a do fato qu envolve problema urbanos pel circunstância 
de m u o o m r produzire o se trabalh hermenêutic nu "luga social" 
de e l a r a a ond é impossíve a vist alcança tod a tragédi humana 
que e r a r s o pod se causad po aquele goz e exercício. 
7 Baseados m o , á s e Stefan Rodota j examinamo a o l a e o funçã socia d propriedad com o 
concreto o s s s m . . , . 7 t mod desse fin transcendente sere alcançados Op cit. p 17 e seq. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 51 
Convém e s e , , s s examinar-s mai d perto pois a causa pelas 
quais a a m e r , a e - ess distânci te d se encurtada par qu a conver
gência s s m o e s s e e da linha e moviment entr o direito qu s cruzam 
sobre s s s s a o l a cidade e a pessoa garant à funçã socia desses 
constituir-se m a o e um funçã "apropriada". 
1.2 s s s a Possívei efeito jurídico decorrentes d diferença 
entre e e o e e capacidad d goz e capacidad d exercício, 
presentes o o e e n direit d propriedad privada 
Os s s antigo manuai de direito civil, como, por exemplo, 
o e a , m a o r d Serp Lopes dedicava um atençã maio à diferença 
jurídica l s s s s s perceptíve na conduta do chamado sujeito de 
direito, m o s s , e m e relaçã ao ben patrimoniais qu era decisivas 
para r r s , e medi o pode do mesmos especialment para a cele-
bração e s . a a a d negócio jurídicos Ess diferenç separ a capacidade 
de o goz da capacidade de exercício do direito. 
É e e e o e : A a o qu s depreend d seguint texto " primeir — 
capacidade e o l o . d goz — é conatura a homem O próprio 
Código l o o u . o r e e Civi declara- n se art 2o ( auto s refer ao 
Código e : d 1916) lodo homem, e obrigações é direitos capaz e d na 
ordem civil. No o o o mund modern nã há s o a mai espaç par uma 
incapacidade e , m o . ó d gozo nu sentid geral S a incapacidade 
de o e e r e o , - exercíci é qu pod toma ess aspect geral compreen
dendo a a e r , o e a vedação d prátic d qualque ato com suced nas 
incapacidades e m o u r e 6 qu atinge o louc o o meno d 1 anos. 
Portanto, e e o e e r - a incapacidad d goz soment pod se enten
dida m o . ) , e e nu sentid especial (... Isto qu s denomina capacidade 
de , u r , , gozo passo a se chamado modernamente legitimação, 
fenômeno o , e , s , a nã recente refer Carnelutti ma que nad obstante, 
permaneceu a a r o , o n penumbr po long tempo confundid com 
a e e . i , , a capacidad d gozo Carnelutt traça então a diferenç entre 
a o e e e noçã d capacidad (de gozo) e a d legitimação. A primeira 
— e e a r , a capacidade — depend d um qualidade, que dizer de 
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52 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
um o mod de ser do sujeito em si, enquanto que a legitimação 
resulta e a , o , e m o e r u d um posição sua ist é d u mod d se se em 
relação s com o demais. Em : a , resumo par Carnelutti a legitimação 
consiste no dever ser ou não ser o agente, ou igualmente o paciente, 
sujeito de uma relação jurídica relativamente ao bem sobre o qual se 
desenrola o fato. Para que este produza determinadas conseqüências 
de direito. (...) E e e r o porqu pod atingi tant o r pode de dispor 
como e , o e r a r o d adquirir legitimaçã pod se tomad que num 
sentido o r o . o e ativ que n passivo Enquant a capacidad é um 
pressuposto o o o , o subjetiv d negóci jurídico a legitimaçã é um 
pressuposto subjetivo-objetivo."8 
Dessa o m r s s a e liçã pode se retirada outra par o qu aqui 
nos . a e , e o o ocupa A primeir é a d que diferentement d direit de 
propriedade , a s s e o e privada um da capacidade d goz d direitos 
"conaturais" s s e " s s s à pessoa e qu "legitimam a sua defesa perante 
outros s e a m m o m s direito qu porventur entre e conflit co ela é 
a a o e s s o s e d satisfaçã d necessidade vitai com a d alimentação 
e , r . m o z a moradia po exemplo Nenhu sentid fa um capacidade 
de o goz de tais direitos que não encontre espaço completa-
mente o a e e desobstruíd n capacidad d exercício. 
A a e e a " a segund é a d qu ess "legitimação é reconhecid a 
um o r a , sujeit po su "posição" um modo de ser frente aos demais 
sujeitos, , r i , z a e a o que po s só talve sej suficient par advertir 
quão s e m s s a - equivocado s encontra aquele defensore d proprie
dade a e m o s " privad qu continua repetind "antiga lições (Geraldo 
Vandré u o e a , o o e a canto iss d maneir genial) d tip qu reafirm o 
poder s s , o e o s erga omnes do direito reais com s o goz desse direitos 
dispensasse s s e m s s - seu titulare d ignorare a conseqüência ine
rentes o u , e s s a se exercício sobr interesse e direito alheios. 
SERPA , l o e : s , LOPES Migue Maria. Curso e d Direito Civil. Ri d Janeiro Freita Bastos 1988, v. 
I, p. 268 et seq. (grifos do autor). 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 53 
A a e e a o á , m terceir é d qu ess legitimaçã est situada te de 
ser a m o , e , o aferid nu determinad lugar o qu significa n contexto 
da e a , e propriedad privad urbana ter-s de compatibizar o 
"subjetivo" o o e a o u o m d proprietári qu goz d se direit co o 
"objetivo" o o o u o , d exercíci d se mesm direito condicionado 
por m o e s , m s u entorn d outro sujeitos co outros interesse e 
direitos, e e m o m s s sobr d u territóri co outra exigência não 
exclusivamente privadas. 
Na a perspectiv de que, pelo menos no sistema econômico 
capitalista e m o , o e s vigent e noss País o direit qu mai conflita 
com s " s s e aquele "conaturais direito humano é justament o 
direito e , o e l o r d propriedade a pont d ta conflit se reconhecido 
como permanente, como explica Paulo Renato Souza, quando 
retrata o o l e o chamad "exércit industria d reserva",9 parece 
lógico e o l e o e a qu a funçã socia dess direit soment alcanç alguma 
chance e a e e e o e o d eficáci s a capacidad d goz inerent a mesmo 
não r r l o e , a a a - obtive pode igua a d inviabilizar n pont d capaci
dade e , r e e o a d exercício qualque possibilidad d espaç par quem 
não e e titul propriedad imobiliária. 
Então, , s o l a a possível ma pouc prováve futur imposição 
do o o " chamad "módul máximo de propriedade privada sobre 
solo , e e o o o e o e urbano limit d expansã d direit sobr espaç qu já 
conta m s s o o o o , co tanta proposta n âmbit d Direit Agrário teria 
de r a , b se examinad agora so as diferenças que esse solo impõe; 
estudo e , a a e , o ess que pel su complexidad e relevância nã caberia 
ser o feit aqui. 
9 Em O e : , , . ) e r qu são e Salários Emprego (São Paulo Brasiliense 1981 p 42-43 ess auto afirma 
que . m a , o a a a á ".. e su expansão o núcle capitalist d economi est permanentementegerando 
seu o l e " o o . o o e e exércit industria d reserva (grif d autor) Nã é precis grand capacidad de 
discernimento a e , m e a s s s a a e , par identificar-s aí alé d um da causa visívei d lut d classes o 
contingente s s s e o a o l a e , r da muita vítima d violaçã d funçã socia d propriedad que po sua 
condição e a u , e e r u o e r d pobrez o miséria soment consegu garanti o se direit d mora nas 
cidades, r , a s s s o , e o r po exemplo for do lugare admitido com "legais" justament pel valo do 
salário e qu recebe. 
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54 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
Em o , e o , tod o caso parec clar que se o poder de excluir 
for o a a e o o o prevenid n esfer d goz d direit (sob a condição de...) 
e r e r r o u o o deve d inclui prevalece n se exercíci (com a finalidade 
de...), essa e a e o aparent antinomi d exclusão-inclusã pode 
perder o o u , á , e " muit d se apelo racional j que s o "social não 
for o o o e o o r a separad d goz e s a funçã nã fo separad do 
exercício, o o a r á á tant a autorizaçã par exclui j nascer limitada 
no , o r gozo quant o deve de incluir já nascerá instrumentalizado 
no exercício. 
A , o e e e e propósito n qu s refer à propriedad imobiliária 
da , z r a terra Fran Wieacke cheg ao ponto de afirmar que, 
pela o a e e o e , a funçã dess espéci d direit d propriedade el está 
"determinada o o u , r m enquant a se conteúdo po u proceder 
apropriado , o o e a o à coisa" nã passand d "um atribuiçã de 
administração e a s fiduciária".10 D form jurídica, poi — e não 
de o a tod estranh ao novo Estatuto da Cidade, reconheça-se 
— r a e a e o auto demonstr a possibilidad significativ d a função 
social r a a e a se garantid pel "propriedad d função." 
Aliás, o b o a o a exclusã so a condiçã d inclusã é muito 
freqüente o o o o e s n goz e n exercíci ci outros direito gravados 
por . , função Considere-se o voto por exemplo, um direito-
função s s s a r e do mai relevante par marca o regim democrático 
de r o qualque Estad de Direito; o eleitor exclui todos os candi-
datos e o r r s a r s e qu nã que ve eleito par inclui aquele qu ele 
quer; e a s o e , a considere-s um simple reuniã d condomínio n qual 
os s e s m r condômino o qu mai faze é exclui comportamentos 
inadequados a , a r s e à bo vizinhança par inclui postura qu melhor 
garantam r e . e s o bem-esta d todos Considerem-s o relevantes 
direitos s s s s s - implicado na discussõe do orçamento participa
tivos; , s s s s m ali o participante da assembléia exclue a destinaçáo 
10 In: , g t . o e . . e s RAISER Ludwi e ai Tratado e d Derecho Civil (Derech d Cosas) Trad d Bla Pérez 
Gonzalez é . : a l , , . , . e Jos Alguer Barcelona Cas Editoria Bosch 1970 v I p 327. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 55 
das s e m o s a r verba qu considera nã prioritária par inclui as 
prioritárias. é a : ) z Considere-se at a sentenç judicial o (a jui (a) 
exclui o a e a s s a a argumentaçã e a prov d um da parte par incluir 
a o a e argumentaçã e a prov d outra... 
1.3 o a o l a O cumpriment d funçã socia d propriedade 
privada o e a o com responsabilidad objetiv d titular 
desse direito 
Visto o a o l o o o cumpriment d funçã socia d direit de 
propriedade , e o , o privada d outr lado com responsabilidade 
do u , o se titular e tend em conta as balizas constitucionais que 
tanto a o o o a o l par o mei urban quant par o mei rura estão 
previstas a o o e , e par o goz e exercíci dess direito parec claro 
que l e a a o ta responsabilidad é objetiva, sej par aferiçã dos 
efeitos s e a , o o o jurídico qu el desencadeia n plan d direito 
material, a a o o s a , o sej par a distribuiçã d ônu d prova n plano 
do o direit processual. 
Outra o , o m e s liçã antiga a respeit també d Ponte de 
Miranda, e . a a m e e esclarec o ponto N époc e qu o volum 5 do 
seu o o e m o , conhecid Tratado vei à lum e 3a ediçã (Rio Borsoi, 
1970), o s s s s r s quand o interesse difuso ferido po mau exercícios 
do o direit de propriedade ainda não tinham recebido tratamento 
adequado e , o o l , r d defesa com a açã civi pública po exemplo, 
quando o e a o r m a o Códig ci Defes d Consumido ne tinh sido 
promulgado, a a a s s s e elej fazi referênci ao ato danoso qu um 
determinado r e o a r a titula d direit poderi pratica contr terceiros, 
independentemente e e r a : a d s investiga d sua culpa "Aind que 
se a tenh de chegar à conclusão de que o dever de indenizar 
nada tem m co o r s s s s , deve da pessoa sujeito passivo totais é 
preciso a o e e e e a que, n investigaçã s examin o qu s encontr no 
mundo , o o m a e a jurídico com fat se culp qu obrig à indenização. 
Tem-se o m , m , r m s s levad e conta e demasia o se e tai ato ligados 
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56 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
à s u s s . , á í á , indústria o atividade ilícita (?) Ora j a h confusão e 
grave, e e a a u e entr a periculosidad d indústri o atividad e a 
ilicitude o o m , o o a a d fat se culpa ocorrid dentr dess indústri ou 
atividade. e e a a , e s S s pass à outr espécie qu é a da indenizações 
por r e , u , e a have interess público o privado d importânci maior, 
bem a a e e o o m a o à mostr fic qu algo preexist a at se culp alg a 
que e m e r r e e á e r s te d atende e po conseguint s h d repara o 
dano. o i o , á a a , á Tant al quant aqui h esfer jurídic alheia h direitos, 
quase , e s s s e e a sempre d sujeito passivo totai a qu s caus dano. 
A o e m a a , e infraçã d que explor a indústri perigosa s ocorre 
dano, o r e o r , m e é d deve d nã lesa o direito e qu o explorador 
de l a o : e o o m ta indústri é sujeit passivo respond pel fat se culpa, 
porque a á a o a ; a a caus est n exploraçã d indústria a ofens é à 
relação a o o , o á o a jurídic d direit lesado e nã h relaçã jurídic da 
permissão a a . o o publicístic d indústria Nã é o direit privado 
que e a ; o . e permit a indústri perigosa é o direit público D modo 
que a o o o á a a ofens a direit privad est à base d responsabilidade 
pelo o m , e r e fat se culpa porqu é anterio a ess e independente 
desse; , s e o m , r e a há ante dess fat se culpa o deve d pesso que 
está a a e s s s s incluíd n totalidad da pessoa sujeito passivo da 
relação a e e o u o o . jurídic d qu é conteúd o efeit o diret lesado A 
discussão e o a a a e sobr o fundament d regr jurídic d reparação 
pode r m e e o a a a - varia se qu vari o fundament d outr regr jurí
dica, e u a e . a qu sugeri a regrajurídic d reparação Ess é assunto 
dos s s s ; , o ato ilícito e fato ilícitos aquela a respeit do dever." u 
A r a o a e o e parti daquel expressã oportun "D mod qu a 
ofensa o o o á " r o a direit privad est à base... e a parti d dever que 
o r u a e l e , o á auto sublinho n part fina dess texto nã h como 
afastar-se o e e a l o e , o fat d qu um ta liçã s aplica exatamente, 
aos s o o a o l a efeito d descumpriment d funçã socia d propriedade. 
"o e , , . , . Tratado e d Direito Privado. Ri d Janeiro, Borsoi 1970 v 5 p 434-435. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 57 
O o e o s s risc dess descumpriment e a conseqüência que 
ele a e a e e e a provoc sobr tod a cidad e a sociedad qu nel vive, 
não r e m m e a a po s verificare se a visibilidad d indústri perigosa, 
deixam e r é s s o e d se at mai danoso d qu essa. 
Talvez í a o s s s s a tenh habitad alguma da razõe pela quais 
Leon , e o m a e o Duguit sempr lembrad e matéri d funçã social, 
tenha o e a é u r e negad à propriedad privad at o se caráte d direito. 
Eduardo a Espínol e Eduardo Espínola Filho recordam-no: "De 
uma a , a o a a , maneir geral tod situaçã jurídic subjetiv é em 
verdade, a o e a a a o um afetaçã d um cert riquez (objet material, 
execução e m ) m m , d u trabalho a u fi determinado individual 
ou , o a r a a coletivo afetaçã garantid po um vi de direito. (...) A 
propriedade a o ; s a o m é protegid pel direito ma el nã é u direito; 
ela a , a , a . ) u , é um coisa um utilidade um riqueza (... O bem o 
proprietário a m o m o m r coloca- e us e e goz se encontra resistência 
e o o o . u m e a a - entã a sançã nã intervém O be el encontr um resis
tência, , o m e e então a sançã social intervé sobr a sua demanda 
para r . , a a remove o obstáculo A propriedade é a cois el mesma. 
(...) a o e o . a o e : Um situaçã d direit objetivo.. um situaçã d fato a 
afetação e a e l a a m m d um utilidad tota d cois a u fi determinado."'2 
Sem , a a a o a saudosismo pel teori positivist tã antig desse 
conhecido r o , e e s . , - pensado d direito parec qu o arts 1° pará
grafo , 9 o o o a e e único e 3 d nov Estatut d Cidad dão-lh quando 
menos o , e e r e a o razã parcial s s considera qu a cois sol urbano 
consistente m e a m s s m - e utilidad e riquez te doi fin be determi
nados e o s : m o s qu vã analisado adiante o be coletiv e a necessidades 
dos cidadãos. 
12 ESPÍNOLA, ; A , . o Eduardo ESPÍNOL FILHO Eduardo Tratado e d Direito Civil Brasileiro. Ri de 
Janeiro: s , , . , s s , . , . e , Freita Bastos 1941 v IX Do Direito Subjetivos p 83-84 trad livr nossa do 
francês o o transcrit pel autor. 
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58 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
Para , o e e o o e Duguit a funçã social s exprim n fat d que 
"... o o m a e a a o tod indivídu te n sociedad um cert funçã a cumprir, 
uma a a . í e a e cert obr a executar E a s encontr precisament o 
fundamento a o e e , da regr de direit qu se impõ a todos grandes 
e , s pequenos governante e governados".13 
Algumas s , o o o página antes o equilíbri tã procurad entre 
direito-poder , m s : A e poder-dever dize o Espínola " realidade, 
segundo , e a a , r o DUGUIT é qu ' regr objetiva po iss mesmo 
que , a a s s s , existe implic par toda a vontade individuais e isso 
nos s s a a , r e mesmo termo e n mesm medida quaisque qu sejam 
os s s , titulare dessa vontades u d u dm poder e querer m efeito e direito, 
um pouvoir-vouloir, um Wollendurfen. Inversamente, um dever 
de querer se e impõ a a e ; a tod vontad individual um vontade 
individual, r e , e o r t e qualque qu seja dev nã quere (doi n pas 
vouloir) a a e a a e um cois qu seri contrári à solidariedad social, 
deve o r a , e a a r nã forma um vontade qu seri determinad po um 
fim o o a a nã reconhecid pel regr de direito."14 
Ora, e o e o , e - conform tant tem-s insistid aqui ess "direito
poder" e e á e m a e e d propriedad j nasc co a su capacidad d gozo 
vinculada e l , e à solidariedad socia e aquela conform esclarece 
a o , e e e r liçã anterior soment pod exercer aquel direito-pode sob 
o r s s e - dever-pode de não querer outra finalidade dess direito
poder e o o m o o o s qu nã a d be coletiv e d respeit à necessidades 
dos s outro cidadãos. 
Existe, , a a m , o , pois um respost si ou quand menos talvez, 
à e e o a o l e possibilidad d o princípi d funçã socia traduzir-s por 
uma " o o e a a "propriedade n sentid d apropriad à mesm função. 
Casuisticamente, a r u r s par preveni o remedia conflito que 
envolvam o e e s o o direit d propriedad e posse nã tituladas, 
13 0p. , . cit p 76. 
14 Op. , . cit p 69. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 59 
bastará o r , í o , a Pode Público a incluíd o Judiciário aproximar 
o u e a o a . b l se exam d "situaçã d coisa" So o instrumenta do 
plano , á e e , r , e m diretor h d s convir po exemplo qu u vazio 
urbano o o e a S s á situad dentr d um ZEI jamai poder oferecer 
defesa o u , s a r a a - a se proprietário poi sinaliz po su própri visibi
lidade a a a e e um ausênci complet d "solidariedad social". 
1.4 r e o r e a e s o Pode d us e pode d troc sobr fraçõe d solo 
urbano. a a a a m Relevânci dess diferenç par o fi de 
conferir-se a o l o o eficáci à funçã socia d direit de 
propriedade a a o u . privad urban n se exercício Limites 
político-jurídicos o o d Plan Diretor 
Para e o o o e e qu o exercíci d direit d propriedad privada 
urbana e a o l m s a , harmoniz su funçã socia co a d cidade por 
tudo e e u é , e e o qu s observo at aqui é d grand significação 
jurídica a a a r x e o r diferenç sublinhad po Mar entr valo (poder) 
de o r ) us e o valo (poder de troca de que são dotados os bens, 
para e s s o s s s e o qu a ausência tã comun da garantia d acess das 
pessoas s , o e m , o ao últimos com ocorr co a moradia nã encontrem 
"justificativa" a e a e s , n desigualdad econômic qu no aflige como 
se , a a a e , e r essa pel pobrez e miséri qu reflete devess se aceita 
como fatalidade. 
Naquele , a , e r raciocínio a palavr valor pod se aproveitada 
pela o , m s s o interpretaçã jurídica co sentido diverso quand a 
sua a r o o referênci fo o us e quand a sua referência for a troca. 
No o , o e r a primeir caso à sua expressã pod se reconhecid uma 
característica , z e r o o s - axiológica capa d julga o us com mai ade
quado u s o s s s e m o meno adequad ao fin sociai qu u determinado 
espaço , r , ; o o territorial po exemplo possibilite n segund caso, 
essa o e a e m e - interpretaçã rarament pass d u horizont mercado
lógico, o l e e e o o n qua o exam d interess d proprietári consulta, 
apenas, a a m r u o r a su conveniênci e aliena o nã aliena o mesmo 
espaço, r m o r u po u preç maio o menor. 
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60 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
Isso a e o s , s s signific qu sã o latifúndios o espaço urbanos 
que s s á m , , seu proprietário j destina à troca originalmente (às 
vezes é a a a a s a e at pel form especulativ d simple "reserv d valor" 
em s ) s vazio territoriais aquele de quem se deve exigir o cumpri-
mento a o . e r o e e d funçã social S qualque funçã soment s justifica 
pela a , o o e o su "propriedade" n sentid d adequaçã a uma 
determinada , o o e finalidade à obtençã nã merament hipotética 
de um determinado resultado, parece claro que, no solo urbano, 
o l o o o o e r a principa obstácul à extensã d direit d morapar todos 
(função ) o o r e a e social é representad pel valo d troc qu preside 
o o e e a e e direit d propriedad privad sobr el (preço). 
Assim, r e o e o a " o pode d us dess espaç fic "privado apenas 
para m m r o e . que te pode econômic d adquiri-lo Ninguém 
questiona , a i e e z l isso embor aqu s encontr talve a principa razão 
pela l s s s s s a qua do trê principai direito imposto pel burguesia 
triunfante a o a a e - n Revoluçã Frances o d propriedad antecipa
damente a a s m " o u reservad par algun — "e função d se poder 
econômico , a z m a , — negou e cad ve co forç maior a "função" 
da e liberdad e da fraternidade para os demais. 
E , , a e r " ingrata pois a taref d torna "apropriada a função 
social a e , e a á e d propriedad privada s el j nasc contrariando 
essa e , m o , o poderosa realidad anterior u dad que introjetad e 
geralmente o r a a , a aceit po tod a cultur ocidental acentu e reclama 
muito s a a e á , mai a defes d propriedad j adquirida a pretexto 
de e a e a e qu el é qu é a verdadeir garant da liberdade (liber-
dade e a a m e a d iniciativ identificad co liberdad econômic de 
mercados), o e o e s s s d qu o acess d todo a ben indispensávei à 
vida o o a . r o o a com é o cas d terra Po iss a privatizaçã d água 
vem o r í e z é o r a vind po a a galop e talve at a d a venh permitir 
no o a futur a su mercancia. 
O m o e m o o to apocalíptic qu te marcad tod o discurso 
jurídico o e a s s e ético-polític qu denunci a dramática violações 
de s s s o u o direito humano praticada pel ma us do direito dessa 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 61 
propriedade a o u r e a á o reduzid a se pode d troc est muit longe 
de r a a abala ess form de distribuição do espaço, conforme 
advertiu, e a , a e a d maneir irretorquível Boaventur d Souz Santos 
no u se Pela Mão d ne Alice. O Social e o Político a Pós-Modernidade. '5 
A e e m l , s e enormidad d u ta desafio multidõe d pessoas 
sem-teto e a m o m s e d sem-terr tê respondid co ocupaçõe massivas 
de s e solo sobr os quais os correspondentes direitos de proprie-
dade o m u l . m o á estã be o ma exercidos E context j identificado 
por a í a , s s s s Marilen Chau (not 3 supra), a reaçõe a tai gesto de 
defesa e s s s m d direito humano fundamentai diverge segundo 
o r l e s , , e s s , luga socia dond ela partem mas d ambo o lados com 
poderosos s e m : s argumento d orde jurídica do proprietários, 
cujas s m " u , e e terra fora "invadidas o "ocupadas" trata-s d crime 
passível e ; s , e e a d pena dessa multidões trata-s d defes legítima 
do o a s , direit à vid dela ou na pior das hipóteses, gestos excluídos 
de e r o ilicitud po configurarem estad de necessidade. 
A a o á a e primeir reaçã est sustentad preferencialment pelo 
poder ) e a a , - (valor d troc d terra, e a segunda inquestionavel
mente, o r ) e o e . o o pel valo (poder d us dess bem N moment em 
que o o e s s s tud iss sob à hipótese legai que descrevem esta 
realidade, , o e portanto nã é qu as funções sociais da proprie-
dade a e m o privad urbana encontrem-s se fundament suficiente 
e l m s a . e o s compatíve co a d cidade É qu a ponderaçã do "valores", 
aí , , principiais axiológicos de tais funções, não pode ser afastada 
do e horizont de qualquer intérprete da lei e dos fatos. 
Isso o e a r e e - é motiv suficient par convence d qu a instru
mentação l a o l a e constituciona d funçã socia d propriedad privada 
urbana, e m e r a o , o s te qu se previst no Plan Diretor nã será 
aferida o s , o e muit meno garantida pelo Plan Diretor. 
15 " [ s0 o a segund axiom o r á auto est e o referind a s axioma da ] modernidade é o da 
legitimidade a e a e a d propriedad privad independentement d legitimidade d do o us a 
propriedade." o : , , . (Sã Paulo Cortez 1999 p 321). 
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62 Betânia , o Alfonsin Edési Fernandes 
Entendimento o a o m contrári transformari o mei e fim, 
dando o , e o e r e o m e a tijolo qu nã distingu valo d us ne d troca, 
poder e a , e o independent d mão consagrando-s err denunciado 
por s o : . o e a Ero Robert Grau ".. nã s interpret a Constituição 
em , s a e s a , tiras ao pedaços."16 Par o qu no interess aqui isso 
significa , e . , , a o r que s o art 182 §2° apont o Plan Direto como 
o o o e a a o l o instrument básic d disciplin d funçã socia d direito 
de , . , o , r r o propriedade o art 5o incis XXIII po esta inserid no 
capítulo s s s s , do direito e devere individuai e coletivos adverte 
qualquer e e e e a e intérpret d qu exist precedênci d vinculação 
adequada a e a , b e d propriedad privad urbana so a chav de 
leitura s s e a s , da condiçõe d eficáci daquele direitos grande 
parte , o e , m e e e - deles com s sabe e cris permanent d efetivi
dade , e r e m m o material justament po s encontrare e conflit com 
o o e direit d propriedade. 
As s s a o dificuldade inerente à exat configuraçã da função 
social o o e , , m d direit d propriedade então condená-la-ia ao 
limbo a , e a e e o o o d ineficácia s el s reduziss a desenh abstrat do 
plano, m r s e o e a e se conferi podere d us e d troc qu o exercício 
daquele o o e a a a e mesm direit qu el vincul provoc sobr o solo 
urbano, a e r o s s cois qu o bem-esta coletiv e a necessidade dos 
cidadãos s o o a e m - prevista n Estatut ci Cidad desmente categori
camente, o o l o o e submetend a funçã socia d direit d propriedade 
às s s funçõe sociai da cidade onde ele se exerce. 
De , resto se a função social desse direito tivesse de ser 
aferida s e o , a r apena conform o plan diretor poder-se-i chega à 
conclusão, m a , e e s s s se dúvid absurda d qu toda a milhare de 
cidades s e o m e a i e brasileira qu nã dispusesse d um le dess tipo 
teriam o m , a ficad se a possibilidade antecipad e automaticamente, 
16 A Ordem Econômica a Constituição e n d 1988. São : a s , Paulo Revist do Tribunais 1990, 
p. 181. 
Direito a a e o o a e à Moradi e a Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 63 
de r exigi de todos os proprietários privados residentes nos 
seus s o a o l e u território o cumpriment d funçã socia d se direito.17 
O o o " o o e chamad "núcle essencial d direit d propriedade 
privada o o á o , a a m e urban nã est send violado pel form co qu a 
função l e o e a e á o socia dess direit frent à d cidad est send aqui 
considerada? e r e m Pretende-s responde negativament a u tal 
questionamento , e e s - a seguir desenvolvendo-s o exam da refe
rências e o a e e s s qu o Estatut d Cidad exig da funçõe sociais, 
para m e r s s e i u be poder-s ajuiza da prioridade qu a le de ao 
destino o o , e o s o r ) e a d sol urbano s sã a d valo (poder d troc ou 
as do valor (poder) de uso que nele estão presentes. 
2 e a a a A propriedad privad urban e su compatibilidade 
(ou ) m s s s incompatibilidade? co a funçõe sociai da 
cidade, i s m m aqu identificada co o "be coletivo" 
Para e o l o o e qu o núcle essencia d direit d propriedade 
privada o e o o o e i urban foss considerad ferid pel qu fo dito 
anteriormente, a e r o e e o ter-se-i d considera o fat d qu nã se 
encontra, o o , a o salv equívoc nosso nenhum conceituaçãou 
defesa s e u a o o " mai eloqüent o acirrad d "núcle essencial daquele 
direito, e e , m r qu s compare em poder (!), co qualque "núcleo 
essencial" e m o o l o d u direit human fundamenta com é o da 
moradia, r po exemplo, e se o respeito que se deve a esse não 
" e s s o o , m a a e o a r Sobr efeito jurídico d plan diretor co tod a influênci qu o mesm poss te na 
investigação o o a o l a , o s s d cumpriment d funçã socia d propriedade sã muito o estudos já 
desenvolvidos o , s , s s o o a . n Brasil algun anteriores outro posteriore a Estatut d Cidade Dão 
exemplo o , é o . o : diss SILVA Jos Afons da Direito Urbanístico Brasileiro. Sã Paulo Malheiros, 
1995; E , . SAUL JR. Nelson Novas Direito Urbanístico Perspectivas o d Brasileiro. Ordenamento 
constitucional a . o a o . o : da polític urbana Aplicaçã e eficáci do plan diretor Port Alegre Sérgio 
Fabris, ; , o . 1997 FERNANDES Edési (Org.) Direito e Brasil. Urbanístico Política Urbana o n
Belo : l , ; , ; , a e . Horizonte De Rey 2001 FERNANDES Edésio ALFONSIN Betâni d Moraes A Lei e 
a a o Ilegalidade n Produção d Espaço Urbano. Belo : l , . , Horizonte De Rey 2003 LEAL Rogério 
Gesta. o : . o A Função Social a e a Brasil. d Propriedade d Cidade o n Port Alegre Liv d Advogado, 
1998; , a s . OSÓRIO Letíci Marque (Org.) Estatuto a Cidade d e Reforma Urbana: novas 
perspectivas a s s . o : o , . , par a cidade brasileiras Port Alegre Sérgi Fabris 2002 MATTOS Liana 
Portilho . o : , (Org.) Estatuto a d Cidade Comentado. Bel Horizonte Mandamentos 2002. 
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64 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
pode r o a o a e se excluíd d funçã social d propriedad privada 
urbana, u e r " e o o e o "gra d pode eficaz dess direit nã pod ser 
maior o e o u e r " d qu " gra d pode eficaz daquele. 
O e e o a , , qu ess apontament volt a sublinhar portanto é 
que, m a , i e a o e - co a vêni devida aqu s consider o direit d proprie
dade a , a a o e privad urbano n form com el é exercido sobre 
grandes s e a s s , o - extensõe d terr situada na cidades com o prin
cipal l a a e o o a responsáve pel falt d espaç físic par o exercício 
de s s s direito humano fundamentai de não proprietários, como 
o a , e o a o d moradia e é justament o cumpriment d funçã social 
desse o e m e r o r e o e direit qu te d se cobrad po ess estad d coisas. 
Não i r o m o i a e r va have espaç ne temp aqu par s valoriza a 
instrumentação l e e e o s m o lega d hoj existent n Paí alé d Plano 
Diretor l o , o o e r ma lembrad anteriormente n sentid d soma à 
força a e a o , s s - vinculativ d su funçã social a limitaçõe adminis
trativas e à propriedad privada. 
Reafirma-se, , o e o á todavia o fat d que, quand est em 
debate o m , o r s o chamad "be coletivo" " bem-esta do cidadãos" 
de a a s algum form implicado no art. 182 caput da CF e expres-
samente s o . , o o o o referido n art Io parágraf únic d Estatut da 
Cidade, s s s s velhíssima polêmica ideológica estabelecida entre 
os s s muito modelo de interpretação das leis e dos fatos vêm à 
tona, o o s o o e o nã rar mai enfraquecend d qu fortalecend o 
princípio l a o constituciona d funçã social. 
Elas s r a o sentem-se interpelada po um questã recidiva 
que e a a o a decorr d própri movimentaçã econômic que "dina-
miza" o o , m a o chamad mercad imobiliário nu sistem capitalista 
como , l e o l s o nosso a qua opõ o direit individua a muito direitos 
sociais: m o z e o a e "U direit capa d expansã ilimitad sobr um 
espaço o , o a e a físic limitado com é o d propriedad privad sobre 
solo , l m a o urbano é compatíve co um funçã social?" 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 65 
Em o mei ao ruído que esse debate provoca, de volume 
que s e o e , e a mai ensurdec d qu esclarece repete-s tod a discussão 
político-jurídica a s s " u ligad à chamada "invasões o "ocupações" 
urbanas. s s a e , O defensore d propriedad privada especialmente 
a e á b a e o r a o qu est so suspeit d nã cumpri su funçã social, 
sustentam a m e o o u o a form co qu estã exercend o se direit na 
liberdade e a a a o l d iniciativ previst pel Constituiçã Federa (art. 
1.170, . á s e m a caput, especialmente) J o qu questiona aquel forma 
de , exercício de regra envolvendo multidões pobres que já não 
encontram e r , m e ond assenta o pé exibe a sua necessidad de 
teto e o o l - legitimados constitucionalment pel direit socia corres
pondente, o o . , a . o e previst n art 6o caput, d CF O curios é qu a 
primeira s s o o e o s o dessa posiçõe nã rar apóia-s n mai d que 
estudado m , o o . a i e "be comum" previst n art 5o d le d Introdução 
ao o , o Códig Civil com se fosse possível um bem comum num 
mundo e e o m r a s - qu justament nã é comu po forç da desigual
dades e o e e a , o qu o direit d propriedad privad gera quand o 
seu o e o o e o mod d exercíci nã cumpr a sua funçã social... 
E , , e e s s e - o caso então d retornar-s ao "limite d politi
zação o " s r s d poder referido anteriormente po Nykla Luhmann, 
para e r m e s m " tentar-s aferi e qu condiçõe o "be coletivo e o 
"bem-estar s , i s o e do cidadãos" aqu identificado com o d acesso 
presumivelmente o s s s e garantid a toda a pessoa qu residem 
nas , m o s s s o cidades faze o sentid da funçõe sociai d direito 
de e s s , , propriedad e da cidade corresponder efetivamente às 
suas referências. 
Em o context no qual faz interagir "juridicização" com 
"democratização", e r a o aquel auto demonstr com o contrato 
(entenda-se a a e o a a form dinâmic d reproduçã d propriedade 
privada), r r o o m s s - po te sid enclausurad e fin considerado exclu
sivamente , u r r o privados acabo po se julgad convenientemente 
como , a e s e r "apolítico" cois qu no permit conclui como esse 
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66 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
tipo e , e , e r d artifício visivelment ideológico pod bloquea a 
cogitação o o l a e d princípi constituciona d propriedad privada 
para r r o a u l presidi qualque decisã administrativ o judicia sobre 
solo , e s s s urbano especialment aquela mai urgente relacionadas 
com s s u s í conflito possessório o reivindicatório a travados: 
A o l e o o o u m distinçã fata entr direit privad e públic varre co esta 
relação e o o m , a e d tod o direit co a política embor exatament o 
direito o a o o , privad tenh sid originariamentejus civilis, ist é direito 
político. , o e o ó Conseqüentemente o Estad d Direit s é discutido 
com o o o . o e o respeit a direit público Tã important quant o 
controle o a a a jurídic d violênci polític é a atingibilidade da forma 
jurídica o o e s n relacionament entr o particulares.18 
Três s s e m a m importante efeito d orde jurídic pode ser 
daí s a , m , s s retirado par compatibilizar que sabe a funçõe sociais 
da e m cidad co a ds a propriedade privada: primeiro, a impos-
sibilidade e m " u m r s d o "be coletivo o o "be esta do cidadãos" 
ficar a e o s s a for d cogitaçã do conflito mer e aparentemente 
interindividuais e m e mm qu eclode sempre qu estivere e causa 
multidões s s e s ; pobre e proprietário d latifúndio urbanos tais 
conflitos o m s r s s nã pode mai se julgado e solucionado pelo 
direito l e , a e o civi purament "privado" cois qu Pietr Perlingieri19 
e o " e m Ricard Lorenzetti2 particularment també condenam 
com s ; , m s qualificada razões segundo o sere aquela mesmas 
funções s o o o s s devedora d respeit devid ao direito humanos 
fundamentais e s o s , á e d pessoa nã proprietária urbanas j qu "o 
controle o a a " m e " jurídic d violênci política te d "atingir o 
"relacionamento e s , a a entr o particulares" violênci ess que 
aparece e o o s s s , - justament n desrespeit à referida funçõe e conse
qüentemente, a " s s à "eficáci horizontal do direito humanos 
18 LUHMANN, . , . op cit. p 79. 
19 Perfis do Direito Civil - o Introduçã ao o l . . a Direit Civi Constitucional Trad Mari C de Cicco, 
Rio e : , d Janeiro Renovar 1997. 
20 Fundamentos do Direito Privado. Trad. a a b e . o : Ver Mari Jaco d Fradera Sã Paulo Revista 
dos , Tribunais 1998,. 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 67 
fundamentais; , o a a s terceiro e com decorrênci lógic do dois 
primeiros, e e e r a s a justiciabilidad qu dev se garantid ao titulares 
de s s s s o o direito humano fundamentai ferido pel desrespeit às 
ditas funções. 
Quando n a e e Luhman reclam control sobr a violência 
política o a , e r assemelhando- à violênci privada parec prova que 
todos s s e a s s s o grau d eficáci do direito correspondente a tais 
controles o s e o m r e serã medido d acord co o pode qu lhes 
emprestar e s s s e o intérpret do ordenamento jurídico qu os 
disciplinam, e e a , s o - realidad suficient par explicar ma nã justi
ficar, e a a grand diferenç de eficácia que se garante aos direitos 
humanos s , s s s civi e políticos e ao direito humano sociais. 
Isso a , , a r r seri suficiente porém par explica e justifica a 
função l a , o a a socia d propriedade com form privilegiad de 
equilibrar s , o ó r r e o a tai poderes nã s po deve d Estad par com 
a e a a a e o , dignidad d pesso human qu nã é proprietária mas 
como o s s a m o obrigaçã do proprietário par co o mesm Estado 
e a e l m o a l o tod a sociedad civi e funçã d qua o primeir existe. 
Aliás, e a a , o e a dignidad d pesso humana tã present nos 
primeiros s a , m r e m o o artigo d CF é u valo qu te sid afastad de 
cogitação o o o a o , o n âmbit interpretativ d funçã social nã sem 
razão, e r m e , e deve-s dize co grand constrangimento porqu ela 
transpira s , s é , - valore éticos psicológico e at sentimentais consi
derados s l . e s s impertinente a ta horizonte Entr o primeiro está 
a , a l o e e solidariedade par a qua o direit d propriedad privada 
historicamente a u e a , nunc mostro afinidad jurídic ou até 
mesmo, simpatia. 
Enquanto s s a m a z o cidadão (palavr co a mesm rai de 
cidade...) s o m a a - necessitado nã alcançare um consciênci ético
política e e a a a e a d qu a defes d su dignidad própri é pessoal 
e e , m r e r espacialment indelegável se deixa d se solidária, 
territorial e , o e temporalment improrrogável e enquant os 
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68 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
proprietários s s e s s e privado urbano d grande extensõe d terra 
não m r a a a conseguire compatibiliza a su autonomi privad com 
a , a o i a m solidariedade tod discussã aqu desenvolvid e torno 
do m o o á be coletiv nã passar de um mero exercício da razão: 
"Dizemos e e a e a a a e qu s trat d um exigênci d solidariedad porque 
esta o s e a o a e é alg mai qu a mer constataçã d necessidad do 
outro: e m o o o exig u comportament enquant valorizaçã ética 
da o m relaçã co os demais".21 "A solidariedade requer não só 
assumir s s o o o , m o interesse d outr com próprios se quebrar 
sua a , o m r s própr i identidade com també assumi o interesses 
comuns o o a a o a s d grup ( velh intuiçã roman da res comunes 
omnium) assumindo m també a e responsabilidad coletiva."22 
3 e a a a A propriedad privad urban e su compatibilidade 
ou e m o incompatibilidad co a satisfaçã da necessidade 
vital e r s o , o a d mora do nã proprietários satisfaçã ess aqui 
identificada o l o l a com a principa funçã socia d cidade 
Uma o a e " distinçã teóric entr "crematística e "oykonomia" 
parece o r o a o o o , nã se muit considerad n mund d direito mas 
não r , o e r m , a po isso com pode-s constata e seguida deix de 
prestar s s a e a a o bon serviço à garanti d eficáci d funçã social 
do o direit de propr iedade em sua relação inseparável com a 
da cidade: 
...a a ) a o o s e oykonomi (1 consider o long praz mai qu o imediato, 
(2) a s s s consider o custo e benefício para toda a comunidade e não 
somente a s s m o ) a par o participante nu negóci e (3 focaliz o valor 
concreto e o s s o s u r e a d us da coisa e nã apena o se valo d troc (...). 
Tudo e r o : a a pod se resumid assim "par a oykonomi existe algo 
!l Tradução e , o l a livr nossa d espanho par o s a e r e s portuguê retirad d Javie d Luca {El Concepto 
de Solidaridad. México: s , , Distribucione Fontamara 1998 p. 30). 
!2 Op. , . cit. p 27-28. 
Direito a a e o e à Moradi e Seguranç da Poss no Estatut da Cidad 69 
como ; a a e r suficiência par a crematístic sempr é melho o mais", 
quer , a o m o e s o . dizer el nã te sentid d limite a crescimento Qualquer 
pessoa e a a e á e d median cultur hoj reconhecer qu a ciência 
econômica e a hoj é pur crematística. Existe em seu estudo a fé 
implícita e e a a e e d qu um riquez crescent será realment benéfica 
para s . o e m r l a a pessoas Julg qu u olha superficia par o mundo 
pobre e , o s o o e a o , d hoje pel meno d pont d vist d "Sul" manifesta 
sem a e a é o e e r o o dúvid qu est f nã s pod sustenta n mund real 
empírico m e s s s e qu todo comemo e procuramo abrigo.23 
Note-se e a , a e r a opor tunidad dess lição par s faze bom 
juízo s s e o o o - da relaçõe qu o ordenament jurídic urbanístic brasi
leiro e , e s s s a e pre tend garantir entr a funçõe sociai d cidad e as 
do o direit de propr iedade. 
Se "a p rop r i edade urbana cumpre sua função social 
quando e s s s e o a tend à exigência fundamentai d ordenaçã da 
cidade s o o , o expressa n plan diretor assegurand o atendimento 
das s s , o e e , necessidade do cidadãos quant à qualidad d vida à 
justiça l o o s s socia e a desenvolviment da atividade econômicas, 
respeitadas s s s o . a , a diretrize prevista n art 2o dest Lei" como 
se l nê o art. 39 do Estatuto da Cidade, esse texto mostra que 
num o e s s o e a a m u n d ci relaçõe humana com ess d oykonomi e 
da , , , , crematística o movimento a mudança a transformação a 
construção o o , o . d espaç urbano sã contínuos Confirma-se 
integralmente, , o e n , pois o ensinament d Milto Santos segundo 
o l o s s e i e m a e qua o sol da cidade s constitu d u sistem d ações 
combinado m m a e , e e co u sistem d objetos ond separam-s espaços 
ent re s , s s m e área " luminosas" na quai vive segurament as 
pessoas m e a a i , co capacidad econômic par al viverem e "opacas", 
"espaços o o o o s s d aproximativ e nã(com a zona luminosas) 
PIXLEY, e ) m o a : r r a e s . : Jorg (Coord. U Apel d Bíblia luta po um sociedad mai humana In Por 
um Mundo Diferente. Alternativas a par um o . . mercad global Trad de o s Orland do Reis. 
Petrópolis: , , . Vozes 2003 p 76. 
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70 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
espaços a , s , s o d exatidão espaço inorgânicos aberto e nã espaços 
racionalizados , s a o e racionalizadores espaço d lentidã e não 
da vertigem".24 
É , , m l o e o evidente então nu ta quadr d variaçã trepidante, 
que a e e a e s - a referênci qu a propr iedad privad dev à necessi
dades , r o e a o , alheias po obrigaçã inerent à su funçã social não 
agüenta r m o o e , convive co o direit adquirid sobr terra pelo 
menos, s s s e m - no molde hermenêutico qu preside a compre
ensão e o dess direit atualmente. 
As , , referências pois do "bem coletivo" do "bem-estar 
dos " s s cidadãos da "necessidade dos cidadãos", tão enfatizadas 
pelo o a , o e m s o o Estatut d Cidade nã s separa mai d sentid que 
aquele o , e a e s m direit tem o qu signific qu ela merece ser 
julgadas m r o o r o o a co pode idêntic a titula d domíni d terra 
urbana, e m u o o m . , qu te o se títul registrad e cartório Aliás pelos 
própr ios s e m m s valore qu explica e justifica essa referências, 
a a o l o a e , o - su expressã lega nã pass d declaratória nã pare
cendo l e o o r razoáve considerar-s com diminuíd o pode do 
proprietário e o o u . e e sobr o objet d se direito O qu houv foi 
explicitaçáo e m , a , e r d u poder cuj grandeza jus tament po força 
do o descurnpriment da sua função social, vinha sendo historica-
mente superestimado. 
É e , , e e m s justament nisso todavia qu resid u do maiores 
obstáculos a e o o à efetiv operacionalidad d princípi constitucional 
da o l funçã socia da propriedade. No viés patrimonialista, cercado 
de o l preconceit histórico-cultura de interpretação desse direito, 
predomina , e e a crematística associando-s a impossibilidad de 
quest ionamento o , a , o o d tamanho d intensidade d mod de 
exercício e r o o o o e e r dess pode d proprietári a fat d el te pagado 
pelo : e u , o m o e u direito "s e comprei faç co iss o qu e quero". 
Técnica Espaço Tempo. Globalização e o o . o mei técnico-científic informacional Sã Paulo: 
Hucitec, , . 1996 p 83 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 71 
Basta r s s r e e a abri o olho e constata qu a grand maiori do 
povo e e o e o , a é pobr e o qu nã pod mesm é comprar par se 
concluir , a o , o r que n expressã anterior a pode aparentemente 
absoluto e o o a - da capacidad de goz econômic da compr corres
ponde e a e e o o a relatividad d capacidad d exercíci d querer, 
pois a e s a , m a e a falt d limite par a primeira e matéri d aquisição 
de , a terras result em monopólio do espaço, que o comprovem 
as s s m o estatística relacionada co a concentraçã da propriedade 
privada o o n mei urbano. 
Se r o pode de comprar eqüivalesse ao estabelecimento 
de um poder absoluto, isso eqüivaleria à autorização para o 
proprietário o r o e r e s nã exerce direit d dispo sobr espaço físicos 
urbanos r e , s m e s e po el titulados ma si sobr vida d pessoas, 
comportamento e a e a qu — embor tragicament aind presente 
nos s á o a a a a i e i fato — est vetad pel própri letr d le qu aqu se 
estuda. 
Assim, o e a e s s quand s acus d inconstitucionai toda as 
atitudes a e l m a a a s d sociedad civi e defes d vid e dó direitos 
humanos , o o o u s fundamentais tod at administrativ o toda as 
sentenças , e a , m u m que d algum forma limita o restringe a 
liberdade e a o o e o d iniciativ d proprietári sobr o sol urbano, 
esquece-se e e a e o e qu a propr iedad privad qu nã cumpr sua 
função l a , , , socia é el sim e antes inconstitucional legitimando 
antecipadamente s s e a a m r o gesto d defes contr u pode que 
não l m , é lega ne legítimo por mais que o poder do sistema 
econômico e a e e o u qu o sustent super d fat o se correspondente 
poder jurídico. 
Ninguém e m , r , s s põ e causa po exemplo a disposiçõe do 
Código l s m o o Civi relacionada co o chamad "desforç imediato" 
que o u r o e m o proprietár i o possuido urban d u determinado 
imóvel e r m a o u . e p o d usa e defes d se patrimônio Parec hora 
de se conceber uma fidelidade tal ao princípio constitucional 
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72 a , o Betâni Alfonsin Edési Fernandes 
da o funçã social da propriedade e das cidades que legitime 
um o o desforç imediat em favor da dignidade humana dos 
munícipes s e , a , o l necessitado d espaço cois que n atua estado 
de o distribuiçã do solo urbano, justamente pela diferença de 
poder e a o o e e o entr a defes d direit d propriedad e a d direito 
à , a s o a o e dignidade explic ma nã justific o amontoad d gente 
necessitada e a e e s s s d moradi qu resid na zona apelidada de 
"clandestinas", , , "irregulares" "favelas" "vilas". 
Aí se encontra mais um sinal de que a responsabilidade 
do o o o o o proprietári privad urban pel cumpriment da função 
social e u o m e r a o d se direit te d se considerad mesm como 
objetiva, s o e l e o e a poi nã parec raciona qu o gest d defes da 
satisfação e a e l r a d um necessidad vital, visíve po su própria 
natureza, o e s s s o com ocorr naquele espaço tido com clandestinos 
e , a o o o o , irregulares sej tratad com ilícit pel direito e o exercício 
raramente l o o a o l visíve d descumpriment d funçã socia da 
propriedade a o o sej tratad com lícito. 
Ao r pode do desforço imediato para excluir (urgência 
em r favo d ue m direito patrimonial que não precisa esperar 
nenhum o o ) o e r - "devid process legal" nã pod continua corres
pondendo o o e m o o nã reconheciment d u desforç imediato 
para r a m r e s s - inclui (urgênci e favo d direito humano funda
mentais a s s à vid do mesmo excluídos). 
A indenização, pois, que o poder público paga (portanto a leitora 
ou leitor dessas linhas paga) nas desapropriações efetivadas sobre a 
propriedade privada urbana ou rural que não cumpre sua função social 
é o único caso, talvez, em que o direito brasileiro reconhece como legal 
e justo o pagamento devido a, mais do que um ato, uma atitude ilícita. 
A o e , r , s propósit d desapropriação po sinal Carlo Frederico 
Marés a m e a e r s - mostr e qu medid pod leva a equívoco a inter
pretação a o l a , o a d funçã socia d propriedade com reduzid a 
esse , o e o o a o o e direito nã s dand a atençã devid a objet sobr o 
Direito a a a e o o a e à Moradi e Seguranç d Poss n Estatut d Cidad 73 
qual o e . í e , e , o mesm s exerce A s esconde d novo a relevante 
diferença e e e a o m e o qu exist entr a terr com be d produçã e 
poder e a a o m r e , d troc e a terr com be e pode d uso como 
anteriormente á e j s denunciou. 
Dando o o o l o o com exempl a funçã socia d direit de 
propriedade o o , a s . 4 a n mei rural lembr Maré o art 18 d CF, 
para r e a a a a r demonstra qu a própri Cart Magn sublinh se "o 
imóvel

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