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EDEMA CEREBRAL AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO EDEMA CEREBRAL - O edema cerebral é o aumento do volume do cérebro devido ao aumento do teor de água e sódio. E diversos processos patológicos podem causar o edema. · Normalmente dividimos os edemas em 3 tipos: vasogênico, citotóxico e o intersticial. - Congestão vascular cerebral consiste no aumento do volume sanguíneo do cérebro que é causado por obstrução das veias e sistemas venosos do encéfalo ou por vasodilatação arterial. · Também é conhecida como hiperemia ou hiperperfusão, e não é sinônimo de edema cerebral - Quando bem discreto e localizado tem pouca ou nenhuma evidência clinica de disfunção neurológica, mas quando grave pode causar um efeito expansivo intracraniano grave e herniação do tronco. · Herniação é um deslocamento dos tecidos cerebrais causado pelo efeito expansivo compartimentalizados e diferenças de pressão dentro do crânio. · Os tipos de herniação são o central, transtentorial (ou do uncus), subfalcina (ou do cígulo) e o cerebelar. FISIOPATOLOGIA - Doutrina de Monro-Kellie – todos os três compartimentos estão em equilíbrio dinâmico, o tecido cerebral, sangue e o líquor. · Como a calota craniana é rígida, diante do aumento de volume de um dos componentes, ou por massa ou por edema do tecido cerebral, o sangue e o líquor escapam para evitar um aumento da PIC. · Essa saída de sangue e/ou líquor é feita de modo dinâmico, a fim de controlar a PIC de forma compensada. · Quando a compensação é exaurida, qualquer aumento do volume intracraniano causará um aumento rápido da PIC. - Artéria cerebral tem uma característica diferente das outras artérias do corpo – dilata na presença de CO2, e contrai na presença de O2. - Os conceitos da biopatogênia de cada edema serão descritos na classificação de cada um. Clínica - Síndrome de hipertensão intracraniana · Tríade – vômitos em jatos (sem vontade de vomitar, sem náusea), cefaleia (constante e progressiva) e papiledema (visão turva, fundo de olho observa um edema em papila) - Herniação de uncus - Herniação das amigdalas do cerebelo - Cerebelo para cima - Do cíngulo CLASSIFICAÇÃO Vasogênico - É um tipo de edema extracelular, e resulta do aumento da permeabilidade dos capilares da barreira hematoencefálica aos líquidos, solutos e macromoléculas (PTN plasmáticas). - E como a região subcortical (substância branca) tem mais capilares, o edema vasogênico predomina nessa região. - Na análise do liquido cerebrospinal – é um filtrado do plasma, inclusive proteínas plasmáticas. - Na TC ou RNM – intensificação pelo contraste administrado - Aumento do volume de liquido extracelular - Resulta de alterações na integridade de membrana, sobretudo pelos efeitos dos radicais livres e dos ácidos graxos poli-insaturados na peroxidação dos fosfolipídos da membrana. · Em si, resultam de situações em que há uma reação inflamatória localizada nos tecidos, quando a angiogênese é estimulada e quando hipertensão grave suplanta a capacidade de autorregularão do fluxo. · Por isso as principais causas são os tumores ou abscessos. - Patologias que causa – tumor cerebral, enfarto, abscesso, trauma, hemorragia, isquemia, cerebrites, infecções de um modo geral e meningite. - Tipo de tratamento · Corticosteroides são eficazes nos tumores ou abscesso cerebral · A normalização osmótica tem eficácica limitada quando há violação da barreira hematoencefálica. Celular (citotóxico ou osmótico) - Resulta do aumento do volume das células da glia, neurônios e células endoteliais, com isso há redução do volume do espaço ocupado pelos líquidos extracelulares. - A permeabilidade capilar não é alterada, logo tende a ocorrer em locais de maior celularidade, por isso o predomínio é na substância cinzenta (corpo neuronal) - O edema citotóxico puro, as concentrações de proteínas estão normais no LCS, e a TC e RNM não mostram intensificação com contraste. - Aumento do teor intracelular de água e sódio, com a permeabilidade normal. - A fisiopatologia envolve a sinalização do cálcio astrócitico e ativação dos canais de aquaporinas, principal via de entrada de H20. · O acúmulo de osmólitos intracelulares (sódio, lactato e íons hidrogênio) provocam uma entrada rápida de água para dentro das células. · Então, após um infarto, ocorre uma hipóxia-isquemia cerebral, o que resulta no edemaciamento dos tecidos, sobretudo pelo acúmulo de osmólitos. · Em situações de síndrome de desequilíbrio osmótico (por hemodiálise ou cetoacidose diabética) os solutos intracelulares excessivos resultam numa hidratação celular excessiva. · É uma regra osmótica básica · A hiposmolaridade aguda do plasma e do líquido extracelular resulta de uma hiponatremia dilucional aguda, síndrome de secreção inadequada de ADH ou depleção do sódio. Logo, diante de situações assim, vai ter edema citotóxico por osmose. - Patologias que causam – hipóxia, hiposmolaridade, síndromes de desequilíbrios hidro-eletrolítico, isquemias e meningites. - O edema intracelular causado pelos desequilíbrios osmóticos é muito mais sensível ao tratamento do que o citotóxico resultante de uma lesão hipóxico-isquêmica. - Não é correto dizer que um edema é citotóxico ou vasogênico, na grande maioria se misturam, então dizemos “o edema é de predomínio citotóxico”. Intersticial - É típico dos pacientes com hidrocefalia obstrutiva, e resulta do aumento de líquido intersticial do cérebro, devido ao bloqueio de absorção do LCR, o líquido extravasado é o LCR. - Por isso, é um edema estritamente periventricular nas imagens de TC e RNM, com predomínio nas regiões anterior e posterior dos ventrículos laterais. - A permeabilidade dos capilares está normal - A barreira hematoencefálica, e o liquor está se insinuando na barreira. - Manifestações de demência, lentidão psicomotora e distúrbio da marcha, difícil de diferenciar das manifestações que ocorrem nos pacientes com hidrocefalia normotensiva. - Patologias que causam – hidrocefalia obstrutiva e pseudotumor cerebral ABORDAGEM GERAL - O tratamento ideal depende da causa, então como abordagem geral mantemos as vias respiratórias patentes, estabilizamos a PA e evitamos hipoxia. - Administração de líquidos parenterais suficientes para atender as necessidades do paciente é essencial. - Líquidos hipotônicos (sem sódio) – evitar, por a hiposmolaridade sérica agrava o edema. - Edema vasogênico inflamatório – resposta favorável à dexametasona. - Edema citotóxico – responde favoravelmente ao tratamento osmótico. - Descompressão neurocirúrgica da cavidade craniana – primeira e última consideração quando os pacientes estão em risco de deterioração secundária pelo efeito de massa intracraniana. - Monitor da PIC em pacientes comatosos: · Que se suspeite elevar a PIC; · Exames de imagem mostrando efeito expansivo secundário ao edema cerebral; · Há necessidade de internar em UTI. - Medidas gerais para todos os pacientes · Evitar hipotensão e hipóxia · Administrar apenas líquidos isotônicos · Elevar a cabeça a 30º · Controlar a febre · Considerar profilaxia para crises epilépticas - Tratamento progressivo inicial para uma crise de HIC (PIC >20 há mais de 10 minutos) em paciente monitorado 1. Intervenção neurocirúrgica, inclusive drenagem ventricular ou craniotomia 2. Sedação para alcançar um estado de imobilidade tranquila com fentanila e propofol 3. Otimização da pressão de perfusão cerebral (em geral, 70 a 100 mmHg) para reduzir a vasodilatação excessiva causada pela hipotensão ou elevação da pressão de perfusão 4. Tratamento osmótico em infusão rápida com manitol (0,5 a 1,51 g/kg IV) ou solução salina hipertônica (23,4%) repetido a cada 30 min, conforme a necessidade 5. Hiperventilação para reduzir os níveis de PCO2 a 30 a .34 mmHg 6. Hipotermia a 35°C por resfriamento externo ou por cateter - Resumo do tratamento TRATAMENTO - Por que esse paciente desenvolveu o edema cerebral? Deve-se tratar a causa - Hiperventilação · Baixa CO2 e aumenta O2 – causa vasoconstrição das artérias cerebrais (melhora o edema, por dar mais espaço para o cérebro crescer) · Serve para situações específicas· Se o paciente não estiver ventilando bem – aumenta o CO2 causa vasodilatação e piora o edema cerebral - Manitol, acetazolamida e furosemida · Manitol – é uma glicose destrogena não absorvível que age como agente osmótico, puxando água para o soluto, basicamente desidrata os tecidos cerebrais. · Feito com a monitorização da PIC (ondas em platô), se começar a aumentar, pode usar o manitol · O paciente precisa estar sondado, pois vai urinar muito · Manitol a 20% 0,25-1,5g/kg · Reduz a PIC entre 10-30 minutos · Reduz a PIC por reduz o volume do parênquima cerebral · Aumenta a PPC e FSC, por uma vasoconstrição e redução do volume sanguíneo cerebral por diminuir viscosidade. · PIC = PAM – PPC · Furosemida – aumento do débito urinário, diminuir o líquido intravascular · Acetazolamida – edema e hidrocefalia crônicos, onde se pretende reduzir a produção de liquor - Hidratação, soro glicosilado NÃO · O soro glicosado aumenta o edema, por isso todo paciente com suspeita de edema cerebral, não se faz por ser hiposmolar · Ringer Lactato – é o melhor soro para edema, pode-se colocar glicose para fornecimento do SNC. · Soluções salinas hipertônicas – efeito osmótico com efeito favorável na FSC que reforça a PPC. · Reposição de líquidos hipertônicos pós-choque impede a elevação da PIC - Corticoide · Principal forma de tratar o edema vasogênico, ao ponto de que aviso que o paciente vai melhorar, mas não significa que ele está bem ou curado. · Geralmente se usa a Dexametasona 10mg dose de ataque depois uma dose de manutenção 4-6mg 4x/dia. - Neuroproteção · Necessidade constante de O2 e glicose, sem esses recursos morre, a depender da temperatura do ambiente. · Substâncias para desligar ou diminuir a função cortical – uma delas é o gelo (hipotermia) · Em um primeiro tempo, foram usados os barbitúricos · Hoje, se usa o propofol – sedativo e anestésico pela função inibitória do GABA pelo receptor-GABA-A ativado por ligante.
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