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Milena Marques 145 Neuro – Síndromes medulares, raízes, plexos e nervos. Introdução: Objetivo da aula – reconhecer a marca registrada das lesões da medula, das raízes e dos plexos. Cada uma dessas síndromes tem uma característica no exame físico (síndrome = sinais + sintomas) • Diagnóstico sindrômico = síndrome • Diagnóstico topográfico = local • Diagnóstico etiológico = causa • Diagnóstico nosológico = doença • Diagnóstico funcional = status Síndromes medulares: Relembrando a anatomia da medula: • Substância cinzenta Corno posterior – aferências exteroceptivas e proprioceptivas Corno anterior – motoneurônios para a musculatura: o Medial – responsável pela musculatura do tronco o Lateral – musculatura dos membros Corno lateral – na região toracolombar responsável pela inervação simpática (C8-L2) e na região sacral parassimpática. • Substância branca – relacionada com os tratos aferentes: Fascículo grácil e cuneiforme – responsável pela propriocepção consciente e pelo tato epicrítico (porção sacral mais medial e porção cervical mais lateralmente) Trato espinocerebelares – responsável pela propriocepção inconsciente Trato espinotalâmico (lembrando que ele apresenta um cruzamento próximo ao canal central da medula) – responsável: o Ventral – tato o Lateral – dor e temperatura. → tem uma distribuição de cervical mais medial e sacral mais lateral. • Substância branca – tratos eferentes Trato corticoespinhal o Localizado nas regiões Lateral e ventral da medula o Relacionados com a motilidade voluntária (cervical mais medial e sacral mais lateral) o Relembrando o trajeto deles: Milena Marques 145 Lembrando que existe uma desproporção entre a medula e os ossos da coluna vertebral = a medula termina no platô inferior de L1 e borda superior de L2 (a partir daí é cauda equina) → abaixo de L2 não é possível ter uma lesão medular, mas sim radicular. Atenção: A MARCA REGISTRADA DA SINDROME DE LESÃO MEDULAR É A PRESENÇA DE NIVEL MEDULAR. Nível medular (nível neurológico) = nível medular mais caudal, com sensibilidade e motricidade útil bilateralmente • Nível motor = nível medular mais caudal com força pelo menos 3 de 5 bilateralmente (força de 3 = realiza movimento contra a gravidade, porém sem resistência adicional) O nível motor é verificado por meio desses movimentos: • Nível sensitivo = nível medular mais caudal com sensibilidade normal bilateralmente O nível neurológico é diferente de nível ósseo (esquelético) devido a desproporção entre a coluna e a medula. O nível ósseo é importante para verificar o local de lesão da medula e o nível neurológico para dar o diagnóstico funcional e as condições de reabilitação. Classificação das síndromes medulares: 1 – Síndromes medulares transversas • Completa – abolição de toda a função abaixo do nível da lesão (secção medular completa) o de acordo com o nível da lesão vamos ter os seguintes comprometimentos: • incompletas – preservação de qualquer função, mesmo que apenas na área da sela. Milena Marques 145 Como diferenciar uma síndrome medular transversa completa e incompleta: • fase de choque medular = é a parada dos componentes motores, sensitivos e autonômicos. o Caracterizado pela: ▪ Paralisia flácida ▪ Perda de todas as modalidades de sensação ▪ Ausência de função autonômica ▪ Abolição dos reflexos ▪ Bexiga atônica o Pode durar de horas a semanas e costuma ser mais prolongado em lesões completas com vigência de infecção. Após o período de choque medular ocorre um retorno gradual dos reflexos e o primeiro a retornar é o reflexo bulbo cavernoso O reflexo bulbocavernoso (compressão do clitoris/glande ou tração rápida da SVD tem uma resposta de contração anal se presente) o retorno dele indica o fim do choque medular. Com o fim do choque medular pode-se analisar o exame do paciente para determinar se a lesão foi completa ou incompleta. Se ocorrer retorna da função abaixo do nível da lesão é incompleta e se não houver é completa. 2 – Síndrome medulares longitudinais 2.1 – Síndrome de Brown-Sequárd (hemissecção medular): • Causa – lesões penetrantes na medula, tumores • Achados – o Ipsilateralmente – força e propriocepção o Contralateralmente – dor e temperatura 2.2 – Síndrome da artéria espinhal anterior • Causa – trauma, insuficiência do território da AEA • Achados - o Força e sensibilidade dolorosas 2.3 – Síndrome medular central • Causa – hiperextensão + alteração degenerativa da coluna + insuficiência vascular central • Achados – desproporção entre os sintomas motores do MMSS e MMII 2.4 – Síndrome cordonal posterior • Causas – sífilis terciária • Achados – ataxia sensitiva + romberg + marchca talonante 2.5 – Síndrome Mielose funicular • Causa – deficiência de cianocobalamina • Achados – sintomas parético-espásticos e sensitivos atáxicos 2.6 – Síndrome pontas anteriores • Causas – poliomielite aguda ou esclerose lateral amiotrófica. • Achados – fasciculações, atrofias e paralisai muscular. Milena Marques 145 Síndromes radiculares: A marca registrada de uma síndrome radicular é a dor radicular (que é uma dor muito típica que aumenta com o movimento de estiramento da raiz envolvida e nos fenômenos de aumento da pressão intra-raqueana) • Dor radicular o Aumenta com: Movimento de estiramento da raiz e pressão intraraqueana. o tem uma distribuição segmentar o se for bilateral – dor em cinta. Exemplos clínicos: • Hérnia discal Manobra de Lasegue: É elevação lenta e gradual do membro inferior que vai desencadear a dor do paciente que irradia para o território da raiz envolvida. • Raiz lombar alta = lasegue alta • Raiz sacral = Lasegue baixo. ATENÇÃO: Lasegue alto ou baixo não tem relação com o ângulo da perna, mas sim com o dermátomo correspondente a raiz. • Lasegue cruzado = paciente sente dor na elevação do membro assintomático = sinal ainda mais especifico de compressão da região lombo sacral. Outras manobras que podem ser utilizadas: • Manobra de Bragard = é a pesquisa realizando a manobra de Lasegue + dorsiflexão do pé. • Manobra de Sigard = é a pesquisa realizando a mabobra de Lasegue + flexão do hálux. • Manobra de Spurling ou chamado de mabobra de estiramento ou SLR test = Lasegue + bragard + sigard. Milena Marques 145 • Herpes Zoster o Envolvimento preferencial do gânglio da raiz dorsal (sensitiva) o Latência do vírus na raiz dorsal Apresentação clínica: o Dor (antes do aparecimento das vesículas) o Vesículas herpéticas o Neuralgia pós-herpética Síndromes dos plexos Os plexos são combinações de raízes que vão formar os nervos. Existem vários plexos no corpo e o único local onde não temos plexos é no tronco, pois as raízes formam diretamente os nervos intercostais. 1 – Plexo cervical – as lesões do plexo cervical comumente estão associadas com cefaleia principalmente com a presença de sintomas autonômicos. 2 – Plexo Braquial: O plexo braquial começa com raízes que se agrupam em troncos, divisões, fascículos e nervos. É formado por raízes de C5 a T1 (quando recebe contribuição de C4 é chamado de plexo pré-fixado e quando tem uma contribuição maior de T1 é chamado de pós fixado) Paralisia de Erb-Duchenne: • Associado com distocia de parto (RN macrossômico, distorção pélvica, abertura do ângulo entre o ombro e a cabeça) • Estiramento das raízes superiores do plexo braquial (C5, C6) ou destacamento (lesão do tronco superior do plexo braquial) • Quadro clínico – disfunção dos nervos o Movimento reduzido do braço afetado do mesmo lado o Postura anormal do braço- pronação Paralisia de Dejerine-Klumpke • Lesão do tronco inferior (T1 e C8) • Causas: o Fraturas de clavícula (segmento médio) ou costela cervical o Tumores do ápice pulmonar o Aneurisma de aorta o Lesões axilares o Tração excessiva do MS o Distocia de parto Milena Marques 145 • Manifestações distais dos nervos ulnar e nervo mediano. • Como existe contribuição do sistema nervoso autônomo pode ter sintomas de síndrome de horner (semiptose palpebral, miose, enoftalmo, redução da sudorese na hemiface afetada) Síndromes dos Nervos: A marca registrada da lesão dos nervos periféricos é a ABOLIÇÃO DOS REFLEXOS Os nervos periféricos quando lesados tem alteração dos componentes • Aferência o Sensibilidade – perda da sensibilidade dolorosa, temperatura, tato e propriocepção o Paciente refere dor e parestesia • Eferência o Motora – ▪ Fasciculação e espasmo muscular → paralisia e hipotonia → atrofia o Autonômica ▪ Sudorese, edema, rubor → alterações tróficas da pele, unhas e articulações Classificação da lesão de nervo periférico: 1. Neuropraxia • Bloqueio transitório da condução • Não produz paralisia completa e não se acompanha de degeneração periférica. • Recuperação rápida e completa • Ex – posicionamento cirúrgico 2. Axonotmese • Degeneração do axônio • Preservação do epineuro e endoneuro (preservação da bainha conjuntiva) • Pode haver recuperação 3. Neurotmese • Divisão completa do nervo • Degeneração completa e permanente do nervo e das unidades motoras e sensitivas associadas ao nervo • Pode haver perda de função Regeneração – Fases • Neurotização – retorno dos componentes do neurônio cerca de 1mm/dia o Neuromas – defeitos da regeneração associado com neurotização • Maturação o Autonômica – melhora cor e textura da pele (1ª fase de melhora) o Sensibilidade – protopática, epicrítica, dolorosa, sensibilidade articular (2 fase e nessa ordem) Milena Marques 145 o Motora – tônus + força Nomeclatura da lesão de nervo periférico • Neuropatia – lesão de nervo periférico (causas – carencial, toxica, traumática, metabólica, tumoral) • Neurite – lesão de nervo periférico normalmente relacionado com causa infecciosa • Mononeuropatia – lesão de um único nervo periférico → afecção importante com envolvimento intenso da aferencia e eferencia. • Polineuropatia – processo disseminado envolvendo nervos das porções distais das extremidades → predomínio do quadro sensitivo, motor ou misto → distribuição em bota ou luvas • Mononeurite múltipla – envolvimento de 2-3 nervos em diferentes partes do corpo normalmente de origem infecciosa. 1. Nervo torácico longo • Formado pelas raízes de C5-C7 • Inerva o músculo serrátil anterior (mantém a escapula colada no tórax) • Quando ocorre uma lesão do nervo torácico longo a escapula se destaca do tórax pela parte borda medial da escápula → escápula alada (diferente da lesão do nervo acessório onde a região da escapula que se destaca é a espinha da escapula) • Lesão – o Compressão o Trauma o Tumores • Local da lesão – o Supraclavicular o Axilar • Era uma lesão muito associado com carteiros – síndrome do carteiro (carregar peso nessa região supraclavicular) 2. Nervo radial • Formado pelas raízes de C5-T1 • Relacionada com a PSN – paralisia do sábado à noite (paciente bêbado dorme na praça com compressão da região axilar) • Pode ocorrer nas lesões espirais do úmero • Sinal da mão caída ou mão em gota (incapacidade de extensão dos músculos do MMSS) • Músculos inervados pelo nervo radial o Tríceps o Braquiorradial o Extensores do punho e dedos Milena Marques 145 3. Nervo mediano • Síndrome do túnel do carpo • Formado pelas raízes de c5, c6 e T1 • O nervo mediano inerva músculos relacionados com a flexão do MMSS o Pronador o Flexores do punho e dedos o Abdutor e oponente do polegar o Palmar longo o Lumbricais • Sinal de Tinel o Percussão da porção do nervo mediano (retinaculo dos flexores) • Teste de phalen o Ocorre dormência nos dedos inervados pelo nervo mediano com a flexão do punho • Teste de durkan – compressão da região do nervo mediano 4. Nervo ulnar: • É formado por raízes de C8-T1 • Em lesões crônicas pode haver diminuição do volume da região tenar e a posição especifica chamada mão em garra • Sinal do Jornal ou Frament – paciente tem dificuldade de segurar um objeto com a pinça ulnar. (dificuldade pois o ulnar inerva o músculo adutor do polegar) Milena Marques 145 5. Nervo fibular comum • Raízes de L4-S2 • Marcha escarvante (steppage) → risco de queda • Incapacidade de realizar a dorsiflexão do pé • Incapacidade de afastar os dedos e realizar a eversão do pé. Síndrome de Guillan Barré Parestesia seguida de perda de força ascendente com acometimento de raízes com LCR – dissociação albumina-citológica • Meningopolirradiculoneurite.
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