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FUNDAMENTOS DA PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA: ENSINO MEDIO COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO DOCENTE DE HISTÓRIA 2 SUMÁRIO 1. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO DOCENTE ................................................................................... 4 2. COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................................ 4 3. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 9 3 INTRODUÇÃO “Eu tô aqui pra quê? / Será que é pra aprender? / Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer? / [...] Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci / Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi/Decoreba: Esse é o método de ensino / Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino / Não aprendo as causas e consequências só decoro os fatos / Desse jeito até história fica chato.” Estudo errado. Gabriel, o Pensador. Dezenas são as competências e as habilidades apontadas como necessárias a prática do docente de História, conforme diferentes autores. E todas elas são necessárias. Em um concurso para professores do Estado de São Paulo, por exemplo, foram apontadas 38 competências no edital (SÃO PAULO, 2013). De acordo com os anais do XXII Encontro Estadual de História de ANPUH- SP (ANPUH, 2014), “O futuro professor precisa dominar os principais conceitos de História, compreender os fundamentos teórico-metodológicos de seu ensino e desenvolver habilidades relacionadas a essas áreas do conhecimento, buscando fundamentar uma ação pedagógica reflexiva e transformadora”. Outros apontam necessidades como organização, preparação, compromisso, capacidade de adaptação, tolerância, capacidade de trabalho em equipe, planejamento e projetos, postura dialógica, e muitos outros. Vamos falar um pouco sobre competências, habilidades e o papel do docente na prática diária. 4 1. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO DOCENTE “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Paulo Freire A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) está organizada, de início, em 10 competências gerais, além das específicas de cada área de conhecimento. O documento define competência e habilidades como: “[...] competência é a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. [...] habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências." Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Curricular Comum. Vamos conhecer e analisar as competências gerais apresentadas na Base Nacional Curricular Comum do Ensino Médio (BRASIL, 2020). 2. COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA O documento BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM DO ENSINO MÉDIO, publicado em 2020, traz as seguintes competências gerais: 5 1. “Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.” Valorizar a experiência e a vivência do aluno, não o tratar como alguém sem conhecimento prévio, uma folha em branco. Estimular o aprendizado contínuo e buscar a construção de um mundo melhor e mais justo. Competência ativada: conhecimento prévio. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. Levar o aluno a enxergar o estudo das diferentes disciplinas como complementares, desfazendo a ideia do conhecimento fragmentado em favor da ideia de conhecimento integrado. Competência ativada: interdisciplinaridade, visão de todo. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- cultural. Enxergar e interagir com a arte, percebendo nela tanto aspectos sociais & culturais quanto de diversão e de prazer. Competência ativada: cultura. 6 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Levar o aluno a se expressar e reconhecer expressão, interagir e reconhecer a interação, se perceber e perceber o outro. Se enxergar como parte e enxergar o outro e o todo. Competência ativada: utilização dos diferentes sentidos. Comunicação. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Passar de um usuário tecnológico comum e acrítico para um usuário consciente, protagonista e questionador, melhorar a consciência tanto própria quanto de demais pessoas. Competência ativada: cultura digital. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Relacionar mundo do trabalho com interesses pessoais buscando, assim, aliar trabalho e satisfação pessoal; elaborar um projeto para a vida profissional. 7 Competência ativada: noção do mundo de trabalho e gostos pessoal. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Formar um cidadão consciente com relação a direitos humanos e meio ambiente, atuante tanto em nível local quanto global, embasado sempre em dados confiáveis e não em notícias tendenciosas. Competência ativada: argumentação e preservação do mundo para gerações futuras. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo- se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Valorizar os cuidados com o corpo e com as emoções, desenvolver resiliência, próprio e de terceiros. Competência ativada: autoconhecimento, consciência das pessoas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades,culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Trabalhar e aprofundar as relações humanas e de vida social, valorizar as diferenças, combater todos os tipos de preconceito. 8 Competência ativada: cooperação, empatia. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Pautar atitudes em princípios éticos, entendendo que o interesse do grupo deve prevalecer sobre interesses individuais, respeitar decisões da maioria – democracia – e praticar a solidariedade. Competência ativada: consciência do todo, de grupo, social. “E o que todos esperamos de um professor hoje? 1. esperamos que seja um expert em uma área específica; 2. que tenha uma boa ideia da inter-relação dessa área com outras; 3. que consiga se atualizar nessa velocidade estonteante de hoje; 4. que seja um bom líder da classe e consiga manter o controle do que está acontecendo; 5. que seja um bom psicólogo, ponto de apoio e suporte desses grupos de crianças; 6. que se dê bem com todo o resto do corpo docente... Bom, acabou a conversa. Só é possível achar o que todos nós achamos: um ou dois bons em toda a nossa história.” SEMLER, R., DIMENSTEIN, G., COSTA, A. C. G. Escola sem sala de aula. 3ª edição. Campinas. Papirus & Mares. 2014. 9 Muito mais que registro de fatos e personagens, a prática do docente de História, e dos docentes em geral, conforme nos diz as competências gerais da educação básica da BNCC, é a preparação básica do estudante para o trabalho, o aprimoramento dele como pessoa humana e como cidadão, e provê-lo de fundamentos científico-tecnológicos para as diversas situações. Essa tarefa vai muito além do conhecimento acadêmico e pedagógico, requer do docente o domínio desses mesmos requisitos e, muitas vezes, mais. Na prática diária, muitas vezes o docente é chamado a ser o suporte emocional do aluno, a mediar conflitos, ouvir pais e muito mais. Um desafio imenso. Com igual recompensa. 3. REFERÊNCIAS ANPUH. Associação Nacional de História. Fundamentos e Métodos do Ensino de História: algumas reflexões sobre a prática. Anais Eletrônicos do XXII Encontro Estadual de História de ANPUH-SP. Santos, 2014. BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Zahar, 2002. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. – Brasília: Ministério da Educação, 1999. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + Ensino Médio. – Brasília: Ministério da Educação, 2019. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base Nacional Curricular Comum – Ensino Médio. – Brasília: Ministério da Educação, 2020. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 58ª edição. São Paulo. Paz & Terra. 1997. 10 GAROFALO, Débora. Que habilidades deve ter o professor da Educação 4.0. Nova Escola. 26 de abr. de 2018. <https://novaescola.org.br/conteudo/11677/que- habilidades-deve-ter-o-professor-da-educacao-40> MELLO, Ricardo Marques de. As três durações de Fernand Braudel no Ensino de História: proposta de atividade. Revista História Hoje, v. 6, nº 11, p. 237-254 - 2017. SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Resolução SE - nº 52. 14 de ago. de 2013. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 2013. SEMLER, R., DIMENSTEIN, G., COSTA, A. C. G. Escola sem sala de aula. 3ª edição. Campinas. Papirus & Mares. 2014. SERRAZES, Karina Elizabeth. Fundamentos e Métodos do Ensino de História: algumas reflexões sobre a prática. Anais do XXII Encontro Estadual de História da ANPUH-SP. 2014. https://novaescola.org.br/conteudo/11677/que-habilidades-deve-ter-o-professor-da-educacao-40 https://novaescola.org.br/conteudo/11677/que-habilidades-deve-ter-o-professor-da-educacao-40
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