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Avaliação Nutricional
Aula 1: A importância do estado nutricional
Apresentação
Atualmente, o número de pessoas que procuram orientação nutricional vem aumentando, principalmente por uma busca
de melhorar a qualidade de vida.
A conduta do nutricionista deve ser pautada em um diagnóstico completo, com base em aspectos que são inerentes ao
indivíduo, como os hábitos alimentares, histórico de medidas antropométricas, preparações alimentares de rotina, exames
clínicos e bioquímicos para complementar o diagnóstico do paciente e, dessa forma, uma prescrição correta e de acordo
com os aspectos individuais.
De acordo com tais medidas de avaliação individual do paciente, é importante que o consumo dos alimentos promova,
dessa forma, o crescimento e o desenvolvimento ao atender as necessidades diárias do organismo e prevenir o agravo à
saúde.
Objetivo
Identi�car as formas de desnutrição e má nutrição;
De�nir avaliação e estado nutricional e sua importância na prática pro�ssional;
Apontar os métodos subjetivos e objetivos da avaliação do estado nutricional.
Palavras iniciais
Uma nutrição adequada tem importância para uma qualidade de vida saudável e, portanto, uma ingestão insu�ciente de
alimentos, seja por diminuição ou excesso, pode agravar a saúde.
Com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis – DCNT, principalmente pela redução da atividade física e
excesso na ingestão de alimentos (calorias e gordura), a de�nição do estado nutricional tem grande importância a �m de
melhorar as condições de saúde por meio de métodos de avaliação nutricional, que engloba diferentes ferramentas para
um diagnóstico amplo e seguro pelo pro�ssional nutricionista.
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 Fonte: shutterstock
A desnutrição ou subnutrição é de�nida como a falta de nutrientes no corpo, podendo ser relacionada à de�ciência de
calorias, proteínas, vitaminas e/ou minerais. Está ligada a uma série de distúrbios que compreendem as consequências de
ingestão baixa, jejum prolongado e/ou injúria. Pode ser classi�cada como:
Desnutrição primária
Causada pelo consumo de uma
dieta inadequada, causando
uma falta de nutrientes na
alimentação.
 
Desnutrição secundária
Oriunda de algo externo à
alimentação, como parasitas e
doenças que deixam o corpo
com di�culdades de absorver
os nutrientes.
Atenção
Existem diferentes causas que podem levar à desnutrição, como os distúrbios alimentares da anorexia nervosa, bulimia
nervosa e ortorexia. Tais distúrbios podem levar a pessoa a diminuir ou parar a ingestão alimentar, causando assim, grande
falta de nutrientes.
Dentre a classi�cação dos tipos de desnutrição, podemos citar a desnutrição calórico-proteica. Ela é dividida em:
1
Marasmo - é o estado avançado da desnutrição, devido à
ingestão reduzida ou à má absorção. Como sinais
clínicos, observam-se a redução de peso, de músculo
esquelético e de tecido adiposo;
2
Kwashiorkor - conhecido como a doença do primeiro �lho
quando o segundo nasce, por conta do desmame
recente. É causada pela diminuição da ingestão de
proteínas, e a de calorias é normal ou elevada. Como
características clínicas, incluem-se sobrecarga hídrica,
esteatose hepática, anormalidades na função imune e
depleção de proteínas viscerais;
3
Kwashiorkor-marasmático – É quando a reserva corporal
não é preservada e o edema está presente. Essa
condição pode ocorrer como consequência da Síndrome
da Imunode�ciência Adquirida – AIDS, certos tipos de
câncer, algumas doenças gastrointestinais e alcoolismo.
Por �m, a desnutrição tem como consequência a condição anterior do indivíduo, do tempo e da alteração nutricional que
existe e da presença de outras condições ou doenças. Com isso, ela aumenta as taxas de complicações, cicatrização
de�ciente de feridas e alteração dos mecanismos imunológicos, prolongando o tempo de hospitalização e aumentando o
risco de morte.
O cuidado nutricional tem como objetivo a utilização de métodos de resolução de problemas de forma segura e efetiva na
recuperação do paciente. Ele envolve métodos como: triagem do risco nutricional, avaliação nutricional, diagnóstico e
intervenções nutricionais e o monitoramento e avaliação dos resultados.
Exemplo
A obesidade é uma doença crônica, complexa e de muitas causas, sendo caracterizada pelo o acúmulo de gordura em
excesso. A obesidade pode ser classi�cada por meio de dados de peso e altura com de�nição do índice de massa corporal –
IMC. O IMC é considerado em baixo peso, eutro�a (dentro dos padrões normais) e excesso de peso de acordo com a
Organização Mundial da Saúde – OMS.
A obesidade ainda pode ser classi�cada com relação à distribuição de gordura:
 Representação da obesidade androide e ginoide. Fonte: correiobraziliense.com.brwww.bemestardehoje.com.br
Atualmente a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública e atinge todas as classes sociais e diferentes
idades. Podendo interferir em qualquer órgão, o depósito de gordura aumenta o risco de diferentes doenças crônicas
como as doenças cardiovasculares, câncer e diabetes.
Em associação à obesidade, podem ser citadas as dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes tipo 2, resistência à
insulina, distúrbios do sono, re�uxo gastroesofágico e vários tipos de tumores. A obesidade, assim como outras doenças,
afeta a qualidade de vida do indivíduo, aumenta a necessidade do uso de medicamentos para o controle de desordens
bioquímicas e diminui a expectativa de vida.
Dessa forma, é imprescindível entender a importância da avaliação e do estado nutricional, que pode ser de�nido como o
equilíbrio entre a ingestão e a necessidade de nutrientes que estão in�uenciados por vários fatores. A ingestão de
nutrientes cobre as necessidades básicas do indivíduo e leva em consideração fatores como peso, altura, idade, sexo,
além de fatores como condições �siológicas (gestação, lactação e a presença de patologias). Algumas condições, como
estresse �siológico, febre, infecção e doenças, alteram as necessidades de ingestão de nutrientes do indivíduo.
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A de�nição do estado nutricional objetiva identi�car os distúrbios nutricionais e, dessa forma, auxilia na realização de uma
intervenção completa na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do paciente por meio da coleta de diferentes
métodos de avaliação como antropométricos, bioquímicos, clínicos e alimentares. A demora no restabelecimento do
estado nutricional leva a um maior tempo de hospitalização, diferentes complicações e uma cicatrização de feridas lenta,
ocasionando um aumento na morbimortalidade desses indivíduos comprometidos.
Tais métodos são importantes para o diagnóstico nutricional, principalmente, por identi�car os pacientes que necessitam
de uma avaliação mais completa, bem como na recuperação ou manutenção do estado nutricional do indivíduo e ao
auxiliar na identi�cação da terapia nutricional que melhor se adeque à necessidade do paciente, com monitoramento da
e�cácia da terapia prescrita.
Os métodos de avaliação nutricional têm relação direta com a
identi�cação de manifestações dos problemas nutricionais de acordo
com medidas antropométricas – métodos diretos – e identi�cação de
causas desses problemas – métodos subjetivos.
Os métodos objetivos compreendem os exames antropométricos, exames laboratoriais e subjetivos ligados a semiologia
nutricional e os instrumentos de triagem nutricional como a avaliação subjetiva global – ASG.
A avaliação nutricional é um dos processos da Nutrição mais importantes, principalmente pelos métodos que estão
relacionados ao diagnóstico nutricional com o objetivo de determinar risco, além de detectar situações de de�ciências e
excessos nutricionais, prescrever terapia nutricional apropriada, monitorar a e�cácia da terapia instalada e reduzir,dessa
forma, o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
O diagnóstico nutricional descreve as alterações nutricionais do indivíduo ou do grupo, mudando conforme a resposta
desses pacientes.A partir da de�nição do diagnóstico, é possível que as intervenções possam ser direcionadas tanto na
etiologia como nos sinais e sintomas do indivíduo.
Para a avaliação do consumo alimentar, é utilizado o
inquérito alimentar, preenchido pelo nutricionista durante
o primeiro contato com o paciente e que tem dados sobre
sua alimentação. Pela ingestão alimentar, é possível
coletar dados de quantidade e qualidade dos nutrientes
ingeridos pelo indivíduo por meio dos alimentos.
Esses dados coletados devem ser comparados ao que
seria recomendado para o indivíduo ou população
considerando aspectos como idade, sexo e condição
�siológica. É muito utilizado o recordatório de 24 horas –
RA24h – e pode ser também utilizado o registro alimentar
de três dias em que o paciente leva para casa, com o
objetivo de anotar tudo o que consumiu durante os três
dias estabelecidos para que sua alimentação seja
acompanhada.
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Quando o pro�ssional pretende avaliar a frequência do consumo de alguns alimentos, seja por excesso ou de�ciência, e
que, dessa forma, compromete a saúde do paciente, recomenda-se que seja feito por meio do questionário de frequência
alimentar.
Além disso, é importante que o pro�ssional nutricionista realize uma entrevista mais detalhada sobre preferências e
aversões aos alimentos, horários e local onde é realizada a refeição, as formas de preparo, a ingestão habitual dos
alimentos, e,dessa forma, uma avaliação quantitativa e qualitativa da ingestão de nutrientes, por meio da avaliação da
ingestão de alimentos ou grupos alimentares e do padrão alimentar individual.
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A avaliação antropométrica é composta de dados como peso, altura e medidas secundárias, como circunferências e
percentual de gordura do paciente. O método da antropometria é um dos mais utilizados por ser de baixo custo e de fácil
aquisição, com técnicas não invasivas e com obtenção de respostas �dedignas por serem realizadas por pro�ssionais
treinados e capacitados.
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Um dos métodos utilizados é a medição do peso e da altura com de�nição do índice de massa corporal – IMC, peso ideal,
peso ajustado, circunferências (cintura, abdominal, quadril, braço, coxa, punho, panturrilha), dobras (tricipital, bicipital,
suprailíaca, subescapular, abdominal, coxa, panturrilha, torácica, axilar).
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Outro método utilizado é a bioimpedância elétrica, que utiliza o princípio da resistência dos tecidos corporais à passagem de
corrente elétrica, determinando a água corporal total com estimativa de massa livre de gordura e percentual de gordura. Para
esse método, é necessário levar em consideração alguns fatores como alimentação, bebidas alcoólicas, medicamentos,
desidratação e atividade física – que podem alterar o resultado do método.
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Além desses métodos, há o exame clínico, que evidencia sinais e sintomas, como excessos ou de�ciências nutricionais,
além de edema, atro�a muscular, perdas musculares leves, moderadas ou graves, excesso de gordura e presença de
patologias associadas. Pode ser utilizado um questionário que é a Avaliação Subjetiva Global (ASG), de boa
reprodutividade e con�abilidade, com classi�cação de bem nutrido, moderadamente desnutrido e gravemente desnutrido.
Comentário
Os exames bioquímicos conseguem detectar de�ciências nutricionais antes do aparecimento dos sinais clínicos. Alguns
exames podem ser realizados como o hemograma completo para identi�cação de anemias, bem como se há alguma
in�amação ou infecção em curso. A desnutrição pode ser identi�cada por meio de exames como a contagem total de
linfócitos – CTL – e testes cutâneos.
Os diferentes métodos de avaliação levam a intervenções precoces melhorando desta forma a qualidade de vida dos
pacientes de uma forma geral. A avaliação nutricional é dessa forma um instrumento que mede, de diversas formas, as
condições nutricionais determinadas pela ingestão, absorção, utilização e excesso de nutrientes, determinando o estado
nutricional do indivíduo pelo balanço entre a ingestão e perda de nutrientes.
Com relação aos instrumentos utilizados na triagem nutricional de um paciente, podemos citar:
Clique nos botões para ver as informações.
Muitas vezes descrita como ASG– é um dos instrumentos considerados padrão ouro na identi�cação de risco
nutricional em pacientes hospitalizados. Foi desenvolvida para pacientes cirúrgicos e depois adaptada para outras
patologias clínicas com o intuito de identi�car os pacientes em risco nutricional. A ASG consiste em uma avaliação
da história do peso, referente à perda de peso, perdas de gordura e músculo, mudanças na alimentação, o
aparecimento de sintomas gastrointestinais, bem como a alteração da capacidade funcional e exame clínico. Além
disso, faz-se uma análise da doença de base, anamnese clínica e exame físico observando a perda de gordura
subcutânea por meio da avaliação do tríceps e das costelas, presença de edema sacral e em tornozelos, e presença
de ascite, para que seja completa a avaliação. Por �m, ela classi�ca os pacientes em bem nutridos, moderadamente
ou gravemente desnutridos;
Avaliação Nutricional Subjetiva Global – ANSG 
Foi criado exclusivamente para idosos, com o objetivo de rastrear pacientes em risco de desenvolver complicações
clínicas relacionadas ao seu estado nutricional. São considerados itens como alterações da ingestão e hábito
alimentar, restrições dietéticas, morbidades associadas e sintomas gastrintestinais;
Índice de risco nutricional – NRI 
Foi desenvolvido e validado a �m de aumentar a vigilância da equipe de enfermagem na detecção precoce do risco
nutricional. Tem o objetivo de identi�car risco nutricional em pacientes de todas as faixas etárias hospitalizados;
Escore de risco nutricional – NRS 
Tem o objetivo de detectar a presença de desnutrição e de risco nutricional entre os idosos em tratamento domiciliar
e/ou ambulatorial e em hospitais. A triagem é composta por questões que englobam alterações da ingestão
alimentar (por perda de apetite, problemas digestivos ou di�culdade de mastigação ou deglutição), perda de peso,
mobilidade, ocorrência de estresse psicológico ou doença aguda, problemas neuropsicológicos e IMC.
Miniavaliação nutricional – MAN 
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Atividades
1. Paciente M.R.F., sexo feminino, 35 anos, procurou o ambulatório de Nutrição com o objetivo de recuperação da
autoestima. Sua história clínica envolve perdas de peso constantes sem ajuste da alimentação, ou seja, as várias
tentativas foram por meio de dietas da moda que levaram ao desenvolvimento de alguns sintomas como fraqueza, dor
nas pernas, desânimo e um apetite descontrolado por doces, dando início a uma alteração na glicemia da mesma.
Relata hipertensão, sem história familiar de diabetes e doença cardíaca. Nega alergias, tabagismo e etilismo. Suas
refeições são divididas em três refeições ao dia, sem muitas mudanças alimentares, mas que ao longo do dia ingere
muitos alimentos gordurosos, como frituras. Além disso, não realiza atividade física, com grande concentração de gordura
na região abdominal, quadril e coxas.
Diante do exposto, responda:
a) Qual a importância de um diagnóstico nutricional?
b) Quais fatores de risco a paciente pode apresentar?
c) Quais métodos podem ser utilizados para avaliar o estado nutricional dessa paciente antes e depois da primeira
consulta?
d) Diante dos dados apresentados, será que podemos dizer que a paciente tem desnutrição?
2. Qual a diferença entre estado nutricional e avaliação nutricional?
3. Sabendo da importância de saber identi�car quais os tipos de obesidades existentes para um melhor tratamento, relate
a diferença entre esses tipos.
Notas
Referências
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DEAN, A.G.et al. Epi-Info versão 6: um sistema de processamento de texto, banco de dados e estatística para epidemiologiaem
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DUARTE, A. C. G. Avaliação Nutricional: Aspectos Clínicos e Laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007.
ISBERG, R. M.; SLATER, B.; MARCHIORO, D. M. Lobo Inquéritos alimentares: métodos e bases cientí�cas. Barueri: Manole, 2005.
GUEDES, D. P. Composição Corporal: princípios, técnicas e aplicações. 2. ed. Londrina: APEF, 1994.
HEYWARD, V. H. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000. 243p.
NACIF, M.; VIEBIG, R. F. Avaliação antropométrica nos ciclos da vida: uma visão prática. São Paulo: Metha, 2007.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. Physical Status: The Use and Interpretation of Anthropometry. Technical Report
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PETROSKI E L Antropometria: Técnicas e Padronizações Porto Alegre: Pallotti 1999
PETROSKI, E. L. Antropometria: Técnicas e Padronizações. Porto Alegre: Pallotti, 1999.
ROSA, G. Avaliação Nutricional do Paciente hospitalizado. São Paulo: Guanabara Koogan, 2008.
ROSSI, L.; CAIUSO, L.; GALANTE, A. P. Avaliação Nutricional: Novas perspectivas. São Paulo: Roca, 2015.
TIRAPEGUI, J.; RIBEIRO, S. A. L. Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. São Paulo: Guanabara Koogan, 2009.
VASCONCELOS, F. A. G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis: DAUFSC, 2000. 145p.
Próxima aula
Avaliação clínica no diagnóstico nutricional;
Sinais e sintomas clínicos de de�ciências e excessos nutricionais;
Semiologia nutricional.
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SILVA, P. L. N. et al. Per�l Nutricional de Portadores de Doenças Cardiovasculares Internados em um Hospital
<//dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i3.626-631> : Estudo Prospectivo
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https://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i3.626-631
https://www.cbers.inpe.br/

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