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G RU PO SER ED U CACIO N AL AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APLICADA Avaliação N utricional Aplicada RAFAELLA DE ANDRADE SILVA CAVALCANTI RAFAELLA DE ANDRADE SILVA CAVALCANTI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APLICADA Capa para impressão_2022 1,3Capa para impressão_2022 1,3 27/07/2022 08:54:2527/07/2022 08:54:25 Avaliação Nutricional Aplicada Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 1Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 1 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Equipe de Designers Instrucionais: Gabriela Falcão; José Carlos Mello; Lara Salviano; Leide Rubia; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira e Talita Bruto. Equipe de Revisores: Camila Taís da Silva; Isis de Paula Oliveira; José Felipe Soares; Nomager Fabiolo Nunes. Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael Carvalho. Ilustrador: João Henrique Martins. CAVALCANTI, Rafaella de Andrade Silva. Nome: Avaliação nutricional aplicada/Rafaella de Andrade Silva Cavalcanti Recife: Grupo Ser Educacional - 2022. 84 p.: pdf ISBN: 978-65-81507-35-0 1. Avaliação 2. Nutrição 3. Saúde. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 2Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 2 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 3Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 3 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 SUMÁRIO UNIDADE 1 Objetivos...........................................................................................09 Introdução........................................................................................10 Avaliação Bioquímica do Estado Nutricional .................................11 Indicadores Hematológicos .........................................................................11 Glicemia ..............................................................................................................12 Estado Nutricional e Lipídeos Corporais ..................................................13 Colesterol Total e Frações .............................................................................13 Avaliação do Estado Nutricional Relativo às Proteínas ................14 Proteínas Totais ...............................................................................................14 Albumina ...........................................................................................................14 Transferrina ......................................................................................................15 Pré-Albumina (Transtirretina) ...................................................................16 Proteína Transportadora de Retinol ..........................................................16 Proteína C Reativa ............................................................................................17 Balanço Nitrogenado ......................................................................................17 Índice de Creatinina-Altura .........................................................................18 Avaliação Nutricional Subjetiva Global ..........................................18 Avaliação Nutricional Subjetiva do Idoso ......................................20 Referências Bibliográficas ..............................................................24 UNIDADE 2 Objetivos .........................................................................................25 Introdução........................................................................................26 Semiologia Nutricional....................................................................27 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 4Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 4 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 Semiologia nutricional nas fácies aguda e crônica .......................33 Desnutrição........................................................................................................33 Fácies aguda e crônica da desnutrição......................................................35 Semiologia na cavidade oral............................................................35 Exame físico da massa muscular.....................................................40 UNIDADE 3 Objetivos .........................................................................................43 Introdução........................................................................................44 Inquéritos alimentares....................................................................45 Recordatório de 24 horas..............................................................................46 Registro Alimentar..........................................................................................47 História alimentar ou história dietética...................................................58 Questionário de frequência alimentar......................................................49 Avaliação do estado nutricional de gestantes................................52 Avaliação antropométrica pré-gestacional............................................52 Avaliação do ganho de peso gestacional..................................................53 Avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes........56 UNIDADE 4 Objetivos .........................................................................................63 Introdução........................................................................................64 Avaliação antropométrica...............................................................65 Avaliação nutricional de adultos....................................................66 Peso......................................................................................................................66 Estimativa de peso atual..........................................................66 Peso ideal para pessoas amputadas.....................................66 Percentual de perda de peso...................................................68Altura...................................................................................................................70 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 5Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 5 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 Índice de massa corporal (IMC)..................................................................71 Circunferências................................................................................................72 Circunferência do braço (CB)...................................................73 Circunferência da cintura (CC)...............................................74 Circunferência do quadril e relação cintura/quadril (RCQ)................74 Índice de conicidade (Índice C)..............................................75 Relação cintura/estatura (RCE).............................................75 Circunferência do pescoço (CP).............................................76 Dobras cutâneas..........................................................................76 Avaliação nutricional de idosos......................................................77 Circunferência da panturrilha.....................................................................78 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 6Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 6 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 Apresentação Olá, alunas(os)! A partir de agora, iniciaremos uma jornada de construção de conhecimento na área de Avaliação do Estado Nutricional, na qual iremos, em conjunto, compreender a importância da avaliação nu- tricional para o trabalho dos nutricionistas e os benefícios para os indivíduos avaliados. Este material foi desenvolvido com muito ca- rinho para você! Você será apresentado a conceitos fundamentais, como uso de indicadores objetivos e subjetivos de avaliação nutricional, além de métodos detalhados de avaliação nutricional para cada fase da vida. Dominar estes conceitos lhe proporcionará uma visão mais crítica e ampla da sua futura atuação profissional frente à elabo- ração de estratégias nutricionais para a prática clínica. Cuidar da saúde das pessoas sempre foi e sempre será um desafio e uma ne- cessidade imprescindível à vida; esse cuidado começa com uma boa avaliação do estado nutricional. Como uma área de atuação profissional, a avaliação nutricio- nal possui o desafio de despertar o interesse em desenvolver solu- ções para chegar à melhor conduta nutricional, considerando sem- pre o ser humano além do aspecto da sua queixa principal ou sua doença, analisando cada indivíduo como um ser único e especial, o qual está conectado a aspectos familiares, econômicos, culturais e sociais. Agora, lhe convido a estudar e compreender melhor essa área tão importante para a sociedade que é a avaliação nutricional. Bons estudos! Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 7Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 7 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 Autoria Rafaella de Andrade Silva Cavalcanti A Professora Rafaella de Andrade Silva Cavalcanti é graduada (2008) em Nu- trição pela Universidade Federal de Per- nambuco (UFPE), especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência em Nutrição Clínica do Hospital das Clínicas da UFPE. É Doutora e Mestre em Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição da UFPE. Atua como docente do curso de graduação em Nutrição da UNINASSAU desde 2014.1 e como professora da Pós-Graduação em Nutrição Clínica da UNINASSAU desde 2016. Trabalhou como Nu- tricionista da área clínica por 5 anos no Hospital Miguel Arraes e por mais 5 anos no Hospital Agamenon Magalhães, também como Nutricionista da área clínica. Desde 2020 trabalha como Fiscal de Vigilância Sanitária/Nutricionista da Agência Pernambucana de Vi- gilância Sanitária (APEVISA). É docente do curso de graduação em Nutrição da UNINASSAU desde 2014.1 e professora da Pós-gradua- ção em Nutrição Clínica da UNINASSAU desde 2016. Currículo Lattes * Aponte a câmera do seu celular para ter acesso ao curriculo lattes ou acesse o seguinte link: http://lattes.cnpq.br/1573401602952120 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 8Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 8 14/09/2022 02:00:2214/09/2022 02:00:22 UN ID AD E 1 Avaliação Nutricional Aplicada Objetivos ◼ Aprender sobre a utilização de indicadores bioquímicos de avaliação do estado nutricional. ◼ Conhecer os aspectos da avaliação nutricional subjetiva global. ◼ Refletir sobre as modificações biológicas, fisiológicas e psicossociais do envelhecimento. ◼ Compreender a avaliação nutricional subjetiva global em idosos. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 9Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 9 14/09/2022 02:00:2414/09/2022 02:00:24 10 Introdução A avaliação do estado nutricional permite melhor identificar a situ- ação nutricional de cada indivíduo, identificando muitas vezes ca- rências nutricionais antes mesmo da ocorrência de sintomas e/ou doenças decorrentes dessas deficiências nutricionais, com a utiliza- ção dos indicadores bioquímicos. Além disso, métodos subjetivos de avaliação nutricional permitem avaliar os indivíduos sem técnicas invasivas e apresentam excelentes diagnósticos do estado nutricio- nal. Desse modo, pretendemos abordar neste material: • A avaliação bioquímica do estado nutricional; • A avaliação nutricional subjetiva global; • A avaliação nutricional subjetiva do idoso. Vamos agora iniciar uma nova jornada nesse universo da avaliação do estado nutricional, conhecer esses indicadores e qual a melhor forma de aplicá-los na prática clínica? Avante! Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 10Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 10 14/09/2022 02:00:2414/09/2022 02:00:24 11 Avaliação Bioquímica do Estado Nutricional A avaliação bioquímica do estado nutricional é geralmente realizada por meio de indicadores laboratoriais, dentre os quais estudaremos: os indicadores hematológicos, glicemia, lipídios corporais, proteí- nas, índice creatinina-altura e balanço nitrogenado. Acesse a Resolução CFN nº 306, de 24 de março de 2003, que dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de Nutrição Clínica, revoga a Resolução CFN nº 236, de 2000, e dá outras providências. É um conhecimento de suma importância para a nos- sa área! ACESSE Indicadores Hematológicos Os parâmetros hematológicos mais utilizados em avaliação nutri- cional relativos às proteínas são: hematócrito e hemoglobina. De acordo com Sampaio et al. (2012), a hemoglobina é uma proteína de transformação metabólica muito lenta e sua diminuição ocorre mais tardiamente, na depleção proteica. É um índice sensível, mas pouco específico da desnutrição, podendo alterar-se quando há perda sanguínea, estados de diluição sérica e transfusões sanguí- neas. O hematócrito está mais relacionado com as anemias, pois seu valor está reduzido nestas condições. A classificação da desnutrição dar-se-á de acordo com os seguintes valores de hemoglobina e hematócrito: Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 11Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 11 14/09/2022 02:00:2414/09/2022 02:00:24 12 Figura 1 – Valores de acordo com a Hemoglobina Fonte: Adaptado de Sauberlich; Skala; Dowdy (1974). Figura 2 – Valores de acordo com a Hematócrito Fonte: Adaptado de Sauberlich; Skala; Dowdy (1974). Glicemia A classificação do diabetes mellitus (DM) permite o tratamento ade- quado e a definição de estratégias de rastreamento de comorbidades e complicações crônicas. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda a classificação baseada na etiopatogenia do diabetes, que compreendeo diabetes tipo 1 (DM1), o diabetes tipo 2 (DM2), o diabetes gestacional (DMG) e os outros tipos de diabetes. O diagnóstico de DM deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia, conforme estabelecido pela SBD na Diretriz Ofi- cial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). Para isto, podem ser usados a glicemia plasmática de jejum, o teste de tolerância oral à glicose (TOTG) e a hemoglobina glicada (HbA1c). Em algumas situ- ações, é recomendado rastreamento em pacientes assintomáticos. No indivíduo assintomático, é recomendado utilizar como cri- tério de diagnóstico de DM a glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126mg/dl, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75g de glicose igual ou superior a 200mg/dl ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 12Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 12 14/09/2022 02:00:2414/09/2022 02:00:24 13 É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação. Figura 3 - Critérios laboratoriais para diagnóstico de DM2 e pré-diabetes. Fonte: Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022) Estado Nutricional e Lipídeos Corporais O perfil lipídico é uma combinação de testes laboratoriais sanguí- neos que inclui o colesterol total, as lipoproteínas de alta densidade (HDL), as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e os triglicerídeos. Embora seja usado para estimar o risco de desenvolvimento de do- enças cardiovasculares, o perfil lipídico alterado também pode estar associado à desnutrição. Colesterol Total e Frações Os seus níveis plasmáticos são reflexos da ingestão, da absorção da alimentação, da condição de síntese endógena e da capacidade de excreção. Seus valores baixos, incluindo as frações HDL e LDL, po- dem indicar desnutrição. Especialmente em idosos, o colesterol vem sendo usado como método de prognóstico, mostrando relação com o aumento da mortalidade e da permanência hospitalar. Níveis séricos baixos também são observados na insuficiência renal, hepática, na má absorção e no câncer. Apesar de estar relacionada com a desnu- trição, a redução do colesterol sérico manifesta-se apenas tardia- mente no seu curso, o que representa importante limitação do seu uso na avaliação nutricional. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 13Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 13 14/09/2022 02:00:2414/09/2022 02:00:24 14 Figura 4 - Interpretação dos valores de Colesterol Total, segundo faixa etária. Fonte: Kamimura et al. (2002). Avaliação do Estado Nutricional Relativo às Proteínas O plasma contém muitos tipos de proteínas com diferentes funções. O teste bioquímico denominado “proteínas totais” é a soma de to- das essas proteínas presentes, sendo as principais: a albumina, a transferrina, a pré-albumina e a proteína transportadora de retinol. Geralmente são produzidas no fígado e podem ser utilizadas como marcadores do estado nutricional proteico. Proteínas Totais A utilização das proteínas séricas como instrumento de avaliação de desnutrição é um importante e confiável medidor, uma vez que a síntese das proteínas hepáticas depende de aminoácidos disponí- veis e o paciente com desnutrição terá essa deficiência em seu orga- nismo. Comparados a outros métodos de avaliação da alteração do estado proteico-calórico, a mensuração das proteínas plasmáticas é rápida, mais precisa e mais barata. Albumina A albumina é a proteína mais abundante circulante do plasma e dos líquidos extracelulares. Possui meia-vida longa (18 a 20 dias) Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 14Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 14 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 15 e funções de ligação e transporte de inúmeras substâncias (cálcio, zinco, magnésio, cobre, ácidos graxos de cadeia longa, esteroides, drogas etc.), além de ser responsável pela manutenção da pressão coloidosmótica do plasma, preservando a distribuição de água nos compartimentos corporais. De acordo com Sampaio et al. (2012), a albumina tem baixa sensibilidade na avaliação da desnutrição aguda e, por possuir uma meia-vida longa, a concentração plasmática de albumina aumenta lentamente em indivíduos que se recuperam de estresse metabólico e desnutrição energético-proteica, podendo transcorrer vários dias (18 a 20 dias) para ocorrer uma resposta às variações na ingestão dietético-proteica. Prediz, acuradamente, a sobrevivência em 90% dos casos criticamente doentes. Valores de referência para Albumina sérica: • Normal > 3,5 g/dl • Depleção Leve 3,0 a 3,5 g/dl • Depleção Moderada 2,4 a 2,9 g/dl • Depleção Grave < 2,4 g/dl Fonte: Blackburn e Thornton (1979). Transferrina A transferrina é uma globulina transportadora de ferro que possui meia-vida curta (8 a 10 dias) e tem como função transportar o fer- ro sérico no plasma. Embora a meia-vida da transferrina seja mais curta que a da albumina, aquela ainda não responde de forma rá- pida nas situações de desnutrição. De acordo com Sampaio et al. (2012), devido à baixa especificidade, a proteína se torna somente um pouco mais útil em relação à albumina, como marcador do es- tado proteico-calórico. Além disso, não é um índice apropriado do estado proteico quando ambas, a anemia por deficiência de ferro e a desnutrição energético-proteica, estão presentes. Valores de referência para transferrina: Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 15Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 15 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 16 • Normal: 200 a 400mg/dl • Depleção: Leve 150 a 200mg/dl • Depleção Moderada: 100 a 150mg/dl • Depleção Grave: < 100mg/dl Fonte: Lima e colaboradores (2001). Pré-Albumina (Transtirretina) A pré-albumina tem como função transportar hormônio tireoidiano (tiroxina) e formar um complexo com a proteína ligante de retinol. É uma proteína de rápido turnover, com uma vida-média curta (2 a 3 dias). Por sua meia-vida curta, a pré-albumina é considerada um melhor indicador das mudanças nutricionais do que a transferrina e a albumina. Os valores se alteram em função da disponibilidade de tiroxina, para a qual funciona como proteína de transporte e na deficiência de zinco, responsável por sua síntese e secreção hepática (Sampaio et al., 2012). Valores de referência para Pré-albumina: • Normal: >20mg/dl • Depleção Leve: 10 a 15mg/dl • Depleção Moderada: 5 a 10mg/dl • Depleção Grave: < 5mg/dl Fonte: Lima e colaboradores (2001). Proteína Transportadora de Retinol Tem a função de transportar a forma alcoólica da vitamina A (re- tinol) no plasma. Possui uma meia-vida curta (12 horas), sendo, portanto, considerada aquela que tem o índice mais sensível às mu- danças nutricionais, em comparação às outras proteínas plasmáti- cas (pré-albumina, transferrina e albumina) (Sampaio et al., 2012). Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 16Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 16 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 17 Valores de referência para a Proteína Transportadora de Retinol • Normal: 3 a 5mEq/dl • Depleção: < 3mEq/dl Fonte: Adaptado de Rosa (2008). Proteína C Reativa A proteína C reativa possui meia-vida de algumas horas e é con- siderada indicadora de fase aguda, em situações de estresse me- tabólico. Seus valores estão relacionados com a intensidade da resposta metabólica, ou seja, quanto mais intensa for a agressão, maiores serão os níveis de proteína C reativa, sendo considerados valores normais < 0,9mg/dl. Seus valores elevados persistentes são considerados como mau prognóstico, pois indicam que a res- posta metabólica está sendo de difícil controle, o que aumenta os riscos de morbimortalidade dos pacientes. Seus valores retornam ao normal de forma espontânea com o fimda fase aguda. Assim, a proteína C reativa é considerada útil para monitorar o progresso das reações de estresse e iniciar uma intervenção nutricional mais agressiva quando este indicador mostrar que as reações inflama- tórias estão diminuindo. Balanço Nitrogenado O Balanço Nitrogenado (BN) permite avaliar o grau de equilíbrio ni- trogenado, verificando a eficácia da terapia nutricional, não sendo considerado, portanto, um indicador do estado nutricional. O BN é extremamente valioso no monitoramento da ingestão de indivídu- os que recebem nutrição parenteral total ou alimentação por sonda enteral. O BN deve ser medido, no mínimo, semanalmente, naqueles que recebem suporte nutricional de curta duração. O cálculo do BN baseia-se no fato de que, aproximadamente, 16% da massa proteica é nitrogênio e que a perda ocasionada pelo suor, fezes, mais o nitro- gênio não proteico é de aproximadamente 4g/dia . Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 17Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 17 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 18 Índice de Creatinina-Altura O índice de creatinina-altura (ICA) é a medida indireta da massa muscular e do nitrogênio corporal. É utilizado para estimar a massa proteica muscular, sendo assim um indicador de catabolismo pro- teico, apresentando correlação positiva entre ICA, Área Muscular do Braço (AMB) e Massa Corporal Magra. É calculado a partir do volu- me urinário de 24 horas. Os indicadores bioquímicos fornecem medidas objetivas das alterações do estado nutricional, tendo como vantagens principais: a confirmação das deficiências nutricionais; a identificação pre- coce de problemas nutricionais antes que qualquer sinal e/ou sin- toma clínico nutricional de deficiência e/ou excesso de nutrientes seja percebido pelo indivíduo ou nutricionista, e o monitoramento do indivíduo em tratamento. No entanto, tais indicadores possuem limitações por sofrerem influência de várias doenças; pela sua baixa especificidade para os problemas nutricionais; pela interação dro- ga/nutriente e pela ingestão recente, entre outras razões. Assim, re- comenda-se não utilizar, isoladamente, os indicadores bioquímicos para estabelecer o diagnóstico nutricional. (SAMPAIO et al., 2012). SAIBA MAIS Avaliação Nutricional Subjetiva Global Como aponta Silva (2000), a avaliação subjetiva global (ASG) anali- sa o estado nutricional de um paciente, a partir de dados como sin- tomas gastrointestinais, hábitos alimentares, perda de peso, exame físico e alterações funcionais. Ela classifica os pacientes em nutri- dos, com desnutrição suspeita ou moderada, ou gravemente des- nutridos, sendo uma avaliação que, além de facilitar o diagnóstico da desnutrição, também possibilita o prognóstico, identificando Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 18Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 18 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 19 A avaliação subjetiva global é dividida em três partes, a primeira é composta por cinco questões relacionadas aos dados já mencio- nados com o objetivo de identificar um possível histórico de perda de peso e doenças relacionadas à ingestão de nutrientes. A segunda parte é o exame físico que mensura, através de palpação e inspeção dos membros, a perda de gordura, de massa muscular e a presença de líquido no espaço extravascular. Por fim, a terceira parte é a clas- sificação quanto à nutrição desse paciente. A Avaliação Nutricional Subjetiva Global tem sido amplamen- te utilizada, por se tratar de método de fácil execução, dispensando recursos dispendiosos, que se torna útil não só para uso hospitalar, mas também para monitorar pacientes domiciliares. DICA ACESSE Para visualizar um exemplo amplifica- do da Avaliação Subjetiva Global, com as infor- mações do histórico, registros do exame físico e a classificação nutricional do paciente segundo DETSKY et al (1987), utilize o QR Code ao lado. Apesar de ser considerado padrão-ouro das avaliações subjetivas por conter certa abrangência nas perguntas, a avalia- ção subjetiva global é um método qualitativo, não sendo eficaz no acompanhamento de pacientes em curto prazo. pacientes que apresentam maior risco de complicações associadas ao estado nutricional. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 19Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 19 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 20 A partir de tudo o que vimos até aqui, podemos afirmar que a avaliação nutricional na práxis clínica deve ser prática, fácil de ser realizada, não invasiva, sem necessidade de aparelhos ou exames complementares, realizável à beira do leito, com sensi- bilidade e especificidade apropriadas e com resultado imediato. Com o propósito de complementar os métodos usuais de avalia- ção nutricional, vários autores têm utilizado a Avaliação Nutri- cional Subjetiva Global como uma opção para a detecção de pa- cientes com risco de desnutrição. De acordo com Silva (2002), a avaliação nutricional subjeti- va global é um método clínico de avaliação do estado nutricional, que considera não apenas alterações da composição corporal, mas também alterações funcionais do paciente. É processo simples, de baixo custo e não invasivo, podendo ser realizado à beira do leito. Embora tenha sido desenvolvida para avaliar pacientes cirúrgicos, vários estudos mostram seu uso em outras situações clínicas, como pacientes com insuficiência renal, pacientes oncológicos, hepato- patas, geriátricos e HIV positivos. Existem adaptações da avaliação nutricional subjetiva para seu uso em pacientes com insuficiência renal, pacientes oncológicos e hepatopatas, com bons resultados neste grupo de pacientes. Em pacientes oncológicos, a avaliação nutricional subjetiva global tem sido utilizada para identificar pa- cientes de maior risco nutricional e que necessitam de terapia nu- tricional agressiva. SAIBA MAIS Avaliação Nutricional Subjetiva do Idoso O envelhecimento é um processo contínuo que começa no momento da concepção e só termina com a morte. Com o passar dos anos, hou- ve no Brasil um crescimento na taxa de idosos, e hoje o nosso é um dos pa- íses que mais apresenta esse público. Isso se deve à transição demográfica, Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 20Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 20 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 21 em que existe uma redução da mortalidade global e da fecundidade, sendo possível observar, portanto, o envelhecimento da população. De acordo com Fernandes (2020), o processo de envelhe- cimento traz diversos fatores que afetam o estado nutricional do idoso, como a redução dos sentidos, problemas mecânicos na mastigação devido à falta dos dentes (as dores podem causar re- cusa de alimentos ou ingestão reduzida) e fatores fisiológicos e patológicos. Assim, são necessárias ferramentas que ajudem a identificar como está o estado físico e nutricional do idoso, e as- sim focar em suas necessidades, atentando para sua alimentação e para a identificação dos fatores que os afetam negativamente. Como apontam Najas, Yamatto e Nestlé, (2009), a Mini Ava- liação Nutricional (MAN) é uma ferramenta de avaliação nutricional que pode identificar, em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos, se eles estão desnutridos ou com risco de desnutrição. Con- siste em um questionário que pode ser completado em 10 minutos. Ele é dividido, além da triagem, em quatro partes: 1. avaliação antropométrica (IMC, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e perda de peso); 2. avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida, medicação, mobilidade e problemas psicológicos); 3. avaliação dietética (perguntas relativas ao número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); 4. autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional). A soma dos escores da MNA permite uma identificaçãodo estado nutricional além de identificar riscos. Para a triagem, o máximo de pontos a ser atingido é de 14. O score de 12 pontos ou mais considera o idoso como normal, sendo desnecessária a aplicação de todo o questionário; para aqueles que atingem 11 pontos ou menos, deve ser considerada a possibilidade de desnutrição e, portanto, o questionário deve ser continuado. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 21Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 21 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 22 Mudanças características da idade avançada podem se relacio- nar com problemas de saúde. Algumas doenças podem interferir na alimentação e no estado nutricional do paciente, como doenças no tra- to digestório, alteração no paladar, dificuldade para deglutir (disfagia), problemas na mastigação (devido a problemas bucais ou dentários), efeitos colaterais de medicamentos e fatores emocionais (depressão). A desnutrição no idoso predispõe a algumas complicações: maior risco de infecções, deficiência no processo de cicatrização, pro- blemas com a respiração, aumento do risco de complicações cirúrgi- cas, aumento do risco para câncer e desidratação (CAMPOS, 2000). CURIOSIDADE ACESSE Para visualizar o questionário desenvolvi- do por Najas e Yamato em parceria com o Insti- tuto de Nutrição da Nestlé, que tem como finali- dade a Mini Avaliação Nutricional para pacientes com 65 anos ou mais, utilize o QR Code ao lado. Para o questionário total da MNA, os escores que devem ser considerados são: • estado nutricional adequado: MNA ≥ 24; • risco de desnutrição: MNA entre 17 e 23,5; • desnutrição: MNA < 17 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 22Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 22 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 23 A RESOLUÇÃO CFN Nº 306, de 24 de março de 2003 resolve no Art. 1º que compete ao nutricionista a solicitação de exames labora- toriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente/paciente. No entanto, para definir a melhor conduta nutri- cional, deve-se utilizar a combinação de vários métodos de avaliação nutricional, além de utilizar indicadores bioquímicos para a avaliação nutricional, deve-se utilizar também a avaliação nutricional subjetiva global com atenção a faixa etária dos indivíduos/pacientes para apli- car métodos específicos para cada faixa etária, como, por exemplo, os idosos que precisam de atenção para as modificações decorrentes do processo de envelhecimento. SINTETIZANDO Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 23Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 23 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 24Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 24 14/09/2022 02:00:2514/09/2022 02:00:25 Avaliação Nutricional Aplicada U N ID AD E 2 Objetivos ◼ Definição e utilização da Semiologia Nutricional; ◼ Uso da Semiologia Nutricional na fácies aguda e crônica; ◼ Aplicação da Semiologia Nutricional na cavidade oral; ◼ Avaliação da massa muscular utilizando exame físico. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 25Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 25 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 Introdução A avaliação nutricional é o primeiro passo na identificação do pa- ciente. Dentre outros métodos, têm-se a semiologia, como um mé- todo simples, rápido, de baixo custo e de fácil aplicabilidade. Diante disso, pretendemos abordar neste material: • semiologia: conceito e aplicação; • semiologia nutricional na fácies aguda e crônica; • semiologia na cavidade oral; • exame físico da massa muscular. As condições nutricionais do paciente podem ser investigadas por meio da semiologia nutricional, que busca identificar os sinais e sintomas de carência ou excesso de nutrientes e relacioná-los com os hábitos alimentares dos indivíduos. A semiologia é considerada um indicador subjetivo, uma vez que sua utilização como método de avaliação nutricional não resulta em um valor, mas sim nas im- pressões individuais do avaliador e do avaliado. Vamos aprofundar os conhecimentos nessa área de avaliação nutricional? Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 26Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 26 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 27 Semiologia Nutricional O estudo dos sinais e sintomas do indivíduo é o objeto de estudo da semiologia. Assim sendo, a semiologia nutricional é um instrumen- to fundamental para a avaliação nutricional e, quando bem reali- zada, possibilita obter um adequado diagnóstico nutricional e um direcionamento mais apropriado da conduta nutricional. O termo semiologia, criado a partir do grego sèmeion (sinal) e logos (estudo, ciência), designa a ciência dos sinais, isto é, a ciência que estuda a organização dos sistemas significantes. DEFINIÇÃO O exame clínico nutricional consiste em avaliar as alterações orgânicas expressas nos tecidos externos do indivíduo, ou mesmo a evolução de patologias já existentes no organismo. Estas situações podem associar-se à inadequação alimentar, seja por deficiência ou excesso na ingestão. Assim, por meio da semiologia nutricional, busca-se determinar as condições nutricionais do paciente, iden- tificar os sinais e sintomas de carência ou excesso de nutrientes e relacioná-los com os hábitos alimentares. De acordo com Sampaio (2012), apesar da facilidade de apli- cação da semiologia nutricional, este método apresenta como prin- cipais limitações o fato de que as manifestações clínicas são eviden- ciadas apenas nos estados mais avançados de excesso e/ou carência nutricional, sendo assim, para adequada identificação, é necessário treinamento para melhorar a habilidade no reconhecimento dos si- nais clínicos nutricionais. Sampaio (2012) argumenta ainda que a realização do exame físico, tanto geral como específico, é de grande importância, pois irá complementar a história clínica, alimentar e nutricional e propor- cionar elementos capazes de apoiar hipóteses sobre o diagnóstico nutricional. O exame físico geral pode avaliar uma série de dados do paciente, incluindo os antropométricos e sinais clínicos. O exa- Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 27Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 27 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 28 me físico engloba observações dos diversos tecidos de proliferação rápida, os quais refletem precocemente os problemas nutricionais quando comparados a outros tecidos, sistemas corporais (cardio- vascular, respiratório, neurológico e gastrointestinal) dos tecidos adiposo e muscular e da condição hídrica do paciente, buscando sempre investigar a presença de alterações específicas. O exame deve ser realizado de forma sistemática e progressi- va, a partir da cabeça até a região plantar. Inicia-se pelo cabelo, se- guido dos olhos, narinas, face, boca (lábios, dentes, língua), pesco- ço (tireóide), tórax (abdome), membros superiores (unhas, região palmar) e inferiores (quadríceps, joelho, tornozelo, região plantar), pele e sistemas (cardiovascular, neurológico, respiratório e gas- trointestinal), conforme apresentado por Sampaio (2012) e descrito a seguir: Região/situação examinada Característica(s) a ser(em) avaliada(s) Características em condições normais Cabelo Coloração, brilho, quantidade, espessura, hidratação, ocorrência de alopecia. Brilhantes, firmes e difíceis de arrancar, aparência normal e espessa, crescimento normal, macios ao tato e coloração adequada. Face Estado geral, condição física. Presença de edema ou depleção (sinal de chave – exposição do arco zigomático). Apresentação de: palidez, atrofia unilateral ou bitemporal. Fácies agudo: exausto, cansado, não consegue Bom estado geral, sem sinais de depleção ou edema. Avaliação NutricionalAplicada_Ebook completo_SER.indd 28Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 28 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 29 manter os olhos abertos por muito tempo. Fácies crônico: aparência deprimida, triste, pouco diálogo. Olhos Aspecto, cor das mucosas e membranas, sinais de excesso de nutrientes – xantelasma, arco córneo lipídico, sinais de deficiência de nutrientes: desnutrição – olhos escavados, escuros e flacidez ao redor, hipovitaminoses – xeroftalmia, nictalopia etc Brilhantes, membranas róseas e úmidas, sem manchas e boa adaptação visual no escuro. Lábios Coloração da mucosa, presença de lesões decorrentes de hipovitaminoses. Lábios macios e sem inflamações. Língua Coloração, integridade papilar, edema, espessamento. Língua vermelha, sem edema, com superfície normal e paladar preservado. Gengivas Edema, porosidade e sangramento Ausência de sangramentos e edema. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 29Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 29 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 30 Peças dentárias Presença de cáries, ausência de peças dentárias, uso de prótese (bem adaptada ou não), alterações em função de excesso ou escassez de nutrientes. Arcada dentária íntegra, sem ausência de peças dentárias ou uso de prótese bem adaptada – não ocasionar comprometimento da mastigação. Pele Cor, pigmentação, integridade, turgor, presença de edema, brilho e temperatura, manifestações decorrentes de deficiência ou excesso de nutrientes. Cor uniforme, lisa, aparência saudável, turgor preservados ou compatíveis com a idade (no caso de idosos). Unhas Forma, ângulo, coloração, contorno, rigidez e presença de micoses. Uniformes, arredondadas, lisas e firmes. Abdômen Quanto à rigidez: flácido ou tenso; quanto ao volume: distendido, plano, globoso ou escavado; quanto à presença de gases: poucos gases (normal), maciez (quando há tumor) ou timpânico. Ausência das alterações referidas. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 30Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 30 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 31 Tecido subcutâneo Excesso de tecido adiposo, ou déficit de tecido subcutâneo – flacidez; presença de edema*. Ausência das alterações referidas. Tecido muscular esquelético Retração ou atrofia Ausência das alterações referidas. Sistema Nervoso Perdas no controle da contração ou parestesias Ausência das alterações referidas. Condição hídrica Desidratação ou edema* Ausência das alterações referidas. *O edema de causa nutricional deve ser: frio, mole, indolor, geralmente não forma cacifo e é bilateral. Fonte: Sampaio (2012 apud BEVILACQUA,1997); Martins (2008) Segundo Sampaio (2012), antes de dar início à realização do exa- me, deve-se ter atenção aos critérios de preparação e organização. • O profissional deve ter cuidado com a contaminação pessoal e do paciente: deve existir uma higiene criteriosa, tanto das mãos do avaliador, quanto dos equipamentos que serão uti- lizados. • O paciente deve ser preparado previamente para a realização do exame; o avaliador deve explicar todos os procedimentos a serem realizados, os equipamentos utilizados, as posições necessárias e dar uma prévia do tempo de duração. • A vestimenta deve ser adequada, tanto para o profissional como para o paciente, procurando sempre manter o corpo do avaliado o mais coberto possível, deixando descobertas so- mente as áreas a serem avaliadas. • Realizar os procedimentos sempre em locais adequados: o pa- ciente deve se sentir à vontade; é importante a privacidade, um ambiente silencioso, suficientemente iluminado e com temperatura confortável. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 31Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 31 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 32 • Para avaliação do abdômen, o paciente deve estar com a be- xiga vazia. Os procedimentos como a aferição do peso devem ser feitos, de preferência, antes das refeições. Em pacientes hospitalizados, recomenda-se que sejam feitas as aferições de peso com o paciente em jejum. • Expressar sempre interesse e respeito pelo problema do pa- ciente, por uma questão humanista e ética e pela contribuição que ele pode dar para o estabelecimento do diagnóstico. • Nunca manifestar tristeza ou formular julgamento a respeito do relato da história do paciente. Lembre-se: você não é um juiz. Esse comportamento induz à omissão ou exacerbação das respostas. De acordo com Sampaio (2012), na maioria das vezes, as di- ficuldades existentes na realização da avaliação do exame físico do paciente estão na deficiência de comunicação entre o paciente e o profissional de saúde. Sendo assim, este último deve estar bem preparado e deve saber como atuar nas diversas situações listadas a seguir: • deficiência na fonação do profissional ou do paciente; • deficiência na audição do paciente; • diferenças de linguagem entre o profissional e o paciente; • depressão do estado de consciência do paciente; • paciente com distúrbios mentais; • crianças: falta de objetividade, incoerência; • deficiência de memória e observação; • concepções errôneas sobre a moléstia; • falta de confiança na nutrição; • inibição e/ou distração causadas pela presença de outras pes- soas. SAIBA MAIS Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 32Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 32 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 33 Semiologia nutricional nas fácies aguda e crônica Fácies significa o conjunto de dados exibidos na face do paciente. É o conjunto dos traços anatômicos mais a expressão fisionômica, formado por ossos, músculos e pela parte anterior da cabeça. Assim sendo, pode ser utilizado para avaliar o estado nutricional dos pacientes. A desnutrição é um grave problema de saúde pública que afeta várias pessoas em diferentes partes do planeta, em especial países em desenvolvimento. A desnutrição pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais preocupante quando atinge crianças, as quais podem apresentar retardo no crescimento, queda de imunidade e até mesmo comprometimento intelectual. A desnutrição pode ser definida como uma deficiência nutri cional decorrente da carência de nutrientes fundamentais para o funcionamento adequado do organismo. Sua origem é complexa e pode ser desencadeada por diferentes fatores. De maneira geral, podemos dizer que a desnutrição ocorre devido a uma alimentação inadequada ou a uma incapacidade de absorção dos nutrientes ingeridos. A desnutrição pode afetar pessoas de qualquer idade, porém, alguns grupos são considerados mais vulneráveis a desenvolvê-la. No grupo de risco estão crianças com idade inferior a cinco anos, mulheres grávidas ou amamentando, idosos e pacientes com doenças crônicas. A desnutrição pode apresentar-se de forma aguda, crônica ou mista. A desnutrição aguda é caracterizada por início súbito de evolução rápida e curta duração, já a forma doença crônica apresenta uma progressão lenta e de duração prolongada. A forma mista é a combinação da desnutrição aguda e crônica. A desnutrição pode apresentar-se de forma leve até grave, sendo esta última a mais perigosa, podendo até mesmo levar à morte. O principal sintoma da desnutrição é uma acentuada perda de peso Desnutrição Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 33Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 33 14/09/2022 02:00:2714/09/2022 02:00:27 34 Acompanhado a isso, temos uma diminuição da disposição e também da capacidade de realizarmos as atividades do dia a dia. Podem ocorrer ainda alterações no cabelo e na pele, alterações psicológicas, como tristeza e apatia, alterações ósseas, anemia, entreoutras manifestações. Vale salientar, ainda, que a pessoa com desnutrição fica mais sujeita a infecções devido ao comprometimento de suas defesas. A desnutrição pode ter diferentes causas, sendo uma das mais importantes a pobreza, que pode dificultar o acesso da população ao alimento. Vale salientar que muitas pessoas têm acesso à alimentação, porém nela não há os nutrientes necessários para o funcionamento adequado do corpo. As causas da desnutrição podem ser divididas em três grupos: primárias, secundárias e terciárias, conforme apresentado a seguir: Causas primárias A pessoa apresenta uma alimentação que não fornece os nutrientes e calorias necessários para seu desenvolvimento, ou a pessoa está se alimentando pouco ou não está se alimentando de maneira adequada. Causas secundárias O indivíduo pode até mesmo alimentar-se bem, entretanto, a quantidade não é suficiente devido a uma maior demanda energética ou a outros fatores não diretamente relacionados ao alimento. Nessas causas encaixam-se situações como verminoses, anorexia, intolerâncias alimentares, problemas de absorção e câncer. Causas terciárias Ocorre como resultado do tempo prolongado de internação do paciente e por intercorrências nesse período. O Brasil vive uma condição de transição nutricional fundamentada na má alimentação, que resulta em casos de desnutrição e também de obesidade. A desnutrição apresenta um padrão de redução de prevalência à medida que a obesidade se eleva em proporções epidêmicas. A desnutrição e a obesidade podem ocorrer como resultado do desequilíbrio entre o aporte de nutrientes ingeridos e Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 34Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 34 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 35 as necessidades do indivíduo. O custo dos alimentos é um dos determinantes dos modelos de consumo, e os preços elevados dos alimentos podem levar a efeitos negativos importantes no conteúdo nutricional da população, principalmente da fração economicamente menos favorecida. Mas, a desnutrição vem sendo cada vez mais erradicada e banida globalmente, sendo substituída pela má nutrição (baseada no crescente consumo de alimentos industrializados) e pela obesidade. A conjectura global atual deriva dos padrões de vida inadequados provenientes do consumo alimentar hipercalórico e do sedentarismo. O Brasil também vive um período de transição epidemiológica, com mudança no perfil de saúde pública, com predomínio de doenças crônico-degenerativas sem, no entanto, resolver as doenças infectocontagiosas. O consumo de alimentos com alta densidade energética declina a qualidade nutricional, levando ao ganho ponderal e ingestão inadequada de micronutrientes, o que pode estar ligado à baixa renda. A diminuição das atividades físicas e do lazer ativo, em detrimento da televisão e dos jogos eletrônicos, favorecem o sedentarismo e o ganho de peso. Na fácies aguda da desnutrição o paciente apresenta aspecto de cansaço e não consegue manter olhos abertos por muito tempo. Músculos orbiculares palpebrais são os primeiros que se cansam. Na fácies crônica, o paciente parece deprimido e triste. Muitas vezes o que está motivando um paciente a se comportar como um deprimido é a desnutrição (o paciente deve passar por uma avaliação psicológica e nutricional). Não se deve administrar antidepressivo em quem precisa nutrir, ou renutrir quem precisa de medicamento. Estar atento(a) aos sinais do paciente é fundamental para definir a conduta nutricional mais adequada para um tratamento eficaz. A boca é um órgão complexo para o qual se atribuem funções motoras e sensitivas, além das funções estéticas e simbólicas. Rea- Fácies aguda e crônica da desnutrição Semiologia na cavidade oral Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 35Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 35 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 36 lizar a anamnese e avaliar o histórico médico de doenças associadas à saúde bucal do paciente fazem parte da avaliação do risco de doenças na cavidade oral dos indivíduos. As doenças periodontais são infecções que atingem as gengivas e tecidos de sustentação dos dentes, podendo levar a perda dos mesmos. São causadas pela má higiene oral ou pela falta de nutrientes para mantê-los saudáveis. A doença periodontal e obesidade são doenças inflamatórias crônicas multifatoriais e complexas que apresentam uma elevada incidência na população mundial, que aumentaram consideravel- mente nas últimas décadas, tendo uma relação positiva estabeleci- da. Nutricionistas e demais profissionais de saúde devem alertar os pacientes obesos das consequências que o excesso de peso acarreta não só para saúde geral como também para a sua saúde oral, aler- tando especialmente para a periodontite e outras possíveis compli- cações orais, como a cárie dentária, xerostomia, úlceras e até câncer de cavidade oral (DELGADO, 2016). VOCÊ SABIA? O principal causador das cáries é o açúcar. Alimentos com grandes quantidades dessa substância provocam a queda do pH do dente e a desmineralização do esmalte, facilitando o aparecimento das cáries. Figura 1 – Saúde bucal e alimentação. Fonte: Freepik. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 36Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 36 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 37 A saúde oral depende do estado nutricional e do estado de saúde do indivíduo. A deficiência ou o excesso de oligoelementos como cálcio, cobre, cobalto, ferro, flúor, zinco, entre outros, pode ter um efeito sobre a saúde bucal, com manifestações importantes na cavidade oral. Conforme apresentado por Sampaio (2012), o câncer da boca (também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral) é um tumor maligno que afeta lábios e estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua. O Instituto Nacional de Câncer (INCA/Ministério da Saúde) confirma que o câncer de lábio e cavidade oral é uma doença de importante magnitude no Brasil, com variações regionais significativas, tanto na incidência quanto na mortalidade. A doença é mais frequente em homens a partir dos 40 anos e apresenta melhor prognóstico quando diagnosticada e tratada em estágios iniciais. Dados do INCA estimam 11.180 casos novos da doença em homens e 4.010 em mulheres para cada ano do triênio 2020-2022. As regiões Sudeste e Sul do Brasil apresentam as maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 37Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 37 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 38 Figura 2 – Alimentação saudável. Fonte: INCA/Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu. sti.inca.local/files//media/document//infografico-alimentacao-saudavel-protecao- contra-o-cancer.jpg Acesso em: 13 de abr. 2022. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 38Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 38 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 39 De acordo com o INCA, os principais fatores de risco para o câncer de boca: o tabaco, o consumo de álcool, a exposição dos lábios ao sol, a infecção pelo HPV, a imunossupressão, ser homem com a idade acima de 40 anos, além do uso de próteses dentárias mal adaptadas. O diagnóstico precoce do câncer de lábio e cavidade oral está associado ao melhor prognóstico dos casos. Contudo, é necessário garantir o início imediato do tratamento oncológico dos casos confirmados com o objetivo de diminuir o risco de morte e auxiliar na manutenção da qualidade de vida do paciente. No Brasil o tratamento para câncer de lábio e cavidade oral considera as três modalidades terapêuticas: cirurgia, quimioterapia e radioterapia, disponíveis na Autorização deProcedimento de Alta Complexidade (APAC) e Sistema de Informação Hospitalar (SIH) (ATTY et al., 2020). O tratamento oncológico (quimioterapia e/ou radioterapia) pode resultar em uma série de alterações na cavidade oral, tais como mucosite, hipossalivação e até mesmo provocar disfagia, segundo Sampaio (2012). As crianças que apresentam um quadro de desnutrição e baixa absorção de Cálcio e de Vitamina D podem apresentar má-formação da coroa dos dentes permanentes, contudo, é importante ressaltar que não existe um índice mínimo para a ingestão do Cálcio, mas que cada organismo pede uma quantidade diferenciada. Os alimentos, assim como o leite e seus derivados, além das verduras de cor verde escura, são sempre recomendados para quem quer ter dentes bonitos e saudáveis. O motivo diferencial destes é que estes alimentos são ricos em cálcio, nutriente fundamental para a formação dos dentes. SAIBA MAIS A saúde da cavidade oral é importante não apenas para manter uma mastigação saudável e ter boa aparência estética, mas também resulta na preservação da saúde do corpo em geral. Muitas doenças infecciosas na boca podem ser a causa, ou podem agravar outros problemas de saúde. Por isso, uma higiene bucal adequada previne Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 39Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 39 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 40 o acúmulo de bactérias e resíduos alimentares, que podem ser aspirados para os pulmões e causar pneumonias aspirativas, principalmente em pessoas com imunidade comprometida, estado nutricional debilitado e em idosos. Alguns cuidados simples, como ter uma alimentação saudável e ter atenção com a higiene e a saúde bucal podem evitar doenças graves, como pneumonias aspirativas, que podem levar o indivíduo a óbito. Para fazer a higienização da boca e dos dentes é importante primeiro, ter uma escova dental (adequada para sua necessidade), creme dental com flúor e fio dental. Reduzir o consumo de açúcar também ajuda a evitar cáries e o crescimento de fungos e bactérias. Exame físico da massa muscular De acordo com Sampaio (2012), o exame físico da massa muscular visa observar a atrofia de determinados grupamentos musculares, correlacionando-a com a atividade do músculo afetado. Esta é uma técnica facilmente aplicada por observadores treinados, pois não requer o uso de equipamentos e pode ser complementada pela história clínica. É de grande utilidade para a avaliação e o acompanhamento clínico da atenção nutricional por sua capacidade de detectar alterações morfológicas na musculatura responsável pela mastigação, deambulação e vida laborativa. Em pacientes hospitalizados, vários métodos de avaliação nutricional têm sido propostos, mas as condições que os pacientes hospitalizados apresentam (como edema, a falta de padrões de referências específicos para populações brasileiras, os extremos de idade e peso, a doença aguda, a atividade do paciente, o custo elevado e a indisponibilidade de equipamentos apropriados), na maioria dos hospitais, podem ser fatores que dificultam a avaliação nutricional. Assim sendo, a utilização da semiologia e do exame físico da massa muscular torna-se fundamental para o completo diagnóstico nutricional em pacientes hospitalizados. Através do exame físico criterioso, na busca de sinais clínicos de deficiências nutricionais específicas ou de atrofia de massa muscular podemos caracterizar a condição nutricional do paciente e definir a melhor terapia nutricional. Os métodos subjetivos de avaliação nutricional Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 40Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 40 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 41 são práticos, simples, não invasivos e sem custo adicional e, quando associados aos parâmetros objetivos (antropométricos e laboratoriais), melhoram a precisão e a acurácia do diagnóstico das desordens nutricionais. O exame físico da massa muscular é orientado para investigar quatro grupamentos musculares, envolvidos obrigatoriamente nas atividades rotineiras diárias, sendo apresentado por Sampaio (2012), conforme descrito a seguir: 1. Músculo temporal superficial e masseter, relacionados com a mastigação: a. atrofia leve: sem exposição do arco zigomático; b. atrofia moderada: exposição do arco zigomático; c. atrofia grave: quando é possível a visualização do contorno ósseo, envolvendo a órbita, o arco zigomático e o ramo ascendente da mandíbula, sugerindo o desenho de uma “chave”. 2. Músculo adutor do polegar, relacionado com a vida laborativa e déficit muscular: a. atrofia leve e moderada: depressão em graus variados do relevo muscular; b. atrofia grave: possibilidade de visualização de um contorno ósseo do indicador e do polegar, formando uma concha. 3. Músculos interósseos da mão, relacionados com a vida laborativa e déficit muscular: a. tróficos: ausência de depleção; b. não tróficos: visualização de depleção (perda importante da musculatura). 4. Músculos da panturrilha, relacionados com a deambulação e déficit muscular: a. tróficos: ausência de depleção; b. não tróficos: visualização de depleção (perda importante da musculatura). Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 41Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 41 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 42 Vimos que a utilização da Semiologia Nutricional como método de avaliação nutricional é de extrema relevância para melhor defini- ção do estado nutricional do indivíduo, pois avalia detalhadamente as características do paciente desde a cabeça até os pés, buscando sinais de carências nutricionais. No entanto, para definir a melhor conduta nutricional, deve-se utilizar a combinação de vários méto- dos de avaliação nutricional. Vimos também que a desnutrição ainda apresenta elevada pre- valência entre a população brasileira, especialmente entre pacientes hospitalizados. Sendo assim, faz-se necessário utilizar a Semiologia Nutricional e saber diferenciar a fácies aguda e a crônica da desnutri- ção. Considerando a importância da saúde da boca para manter um bom estado nutricional, a Semiologia Nutricional na cavidade oral deve fazer parte dos cuidados para obter a melhor conduta nutricional. Assim como a utilização da avaliação da massa muscular através do exame físico do paciente deve ser considerada como parte integrante das técnicas de avaliação dos indivíduos hospitalizados ou não. Por hoje é só, estudante! Espero que o conhecimento adquirido até aqui tenha sido enriquecedor. Até a próxima! SINTETIZANDO Por se tratar de um método subjetivo de avaliação nutricional, o exame físico da massa muscular tem sua precisão diagnóstica dependente do observador (REZENDE, 2007). Dessa forma, o nutricionista deve estar devidamente preparado e em constante treinamento para realizar esse tipo de avaliação nutricional em diversos tipos de pacientes (hospitalizados ou não) e obter bons resultados do estado nutricional do indivíduo. IMPORTANTE Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 42Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 42 14/09/2022 02:00:2814/09/2022 02:00:28 UN ID AD E 3 Avaliação Nutricional Aplicada Objetivos ◼ Estudar os métodos prospectivos e retrospectivos de investi- gação do consumo alimentar. ◼ Conhecer a avaliação do estado nutricional de gestantes. ◼ Abordar a avaliação do estado nutricional de crianças e ado- lescentes. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 43Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 43 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 44 Introdução Olá, estudante! Tudo bem com você? Vamos dar início ao nosso conteúdo. Para melhor compreender a relação entre alimentação e a ocorrência de doenças, é preciso utilizar os métodos de inquéritos alimentares na AvaliaçãoNutricional. Por meio dos inquéritos ali- mentares, investiga-se a participação dos nutrientes na manuten- ção da saúde e, consequentemente, na prevenção de morbidades. Dessa forma, segundo Sampaio et al. (2012), é possível identificar indivíduos ou grupos em risco nutricional, além de avaliar a inges- tão alimentar de forma qualitativa e/ou quantitativa; direcionar a prescrição dietética, avaliando a eficiência da intervenção; monito- rar tendências de ingestão; promover a educação alimentar e plane- jar e avaliar políticas públicas de alimentação e nutrição. Em gestantes, a Avaliação Nutricional tem um papel fun- damental, pois, com as informações sobre o estado nutricional da mãe, é possível garantir o fornecimento adequado de nutrientes para a mãe e para o bebê. Após o nascimento, a criança recebe uma avaliação nutricional (peso ao nascer) e, por apresentar intensa ve- locidade de crescimento, sobretudo no primeiro ano de vida, os be- bês são considerados um grupo extremamente vulnerável do ponto de vista nutricional, demandando bastante atenção do nutricionista na realização da avaliação nutricional. Preparado(a) para aprofundar os conhecimentos nessa área? Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 44Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 44 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 45 Inquéritos alimentares Considerados como instrumentos fundamentais na avaliação nutricional, os inquéritos alimentares permitem ao nutricionista realizar um melhor acompanhamento do estado nutricional do indivíduo. Os inquéritos alimentares não devem ser utilizados de forma isolada, pois não são capazes de fornecer todas as informações sobre o estado nutricional do paciente. Os inquéritos podem ser aplicados junto a outros indicadores, como, por exemplo, os bioquímicos, antropométricos, socioeconômicos e clínicos, com o objetivo de aumentar a precisão do diagnóstico nutricional. Sampaio et al. (2012) definem que, ao escolhermos o método de inquérito do consumo alimentar, devemos entender a finalidade da investigação, conhecer o público-alvo, os recursos disponíveis e o tipo de estudo a ser desenvolvido. Sua validade e reprodutibilidade dependem muito da habilidade do avaliador e da cooperação do entrevistado. É de extrema importância ressaltar que não há, entre todos os métodos, aquele que poderia ser considerado como o método perfeito, entretanto, nós podemos definir, a partir de nossa expertise como nutricionistas, o método mais adequado para cada situação. Os inquéritos alimentares podem fornecer dados quantitativos que avaliam a quantidade de alimentos e bebidas consumidos em determinado período de tempo e também dados qualitativos que fornecem informações sobre a qualidade da dieta. Sampaio et al. (2012) também apresentam algumas definições básicas necessárias para entender e escolher o melhor método a ser aplicado em uma determinada situação e estes podem ser classificados em: 1. Prospectivos - os métodos utilizados dentro desta categoria são o recordatório 24 horas, o registro alimentar diário, a pesagem direta e o orçamento familiar. 2. Retrospectivos – neste caso, são a frequência alimentar, a história dietética e os recordatórios periódicos de 24 horas. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 45Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 45 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 46 Os métodos prospectivos de investigação do consumo alimentar são aqueles que registram informações recentes do consumo ali- mentar e estão associados à dieta atual. Enquanto os métodos re- trospectivos de investigação do consumo alimentar são aqueles que colhem dados do passado imediato ou de longo prazo (SAMPAIO et al., 2012). DEFINIÇÃO Recordatório de 24 horas Segundo Sampaio et al. (2012), o recordatório de 24 horas (R24) consiste em definir e quantificar todas as bebidas e os alimentos (descrevendo também os horários e tipos de preparações) consumidos nas últimas 24 horas anteriores à entrevista, mais comumente, no dia anterior. Um R24 deve apresentar os dados de consumo alimentar de um dia típico, a fim de tornar o relato do entrevistado mais próximo e real da sua dieta atual. As quantidades de alimentos e bebidas consumidos pelo paciente entrevistado, geralmente, são estimadas em medidas caseiras e é de competência do nutricionista que aplica o R24 estabelecer um elo de comunicação compreensível com o entrevistado, no propósito de colher as informações da maneira mais detalhada possível, sem induzir o entrevistado a responder algo que ele não consumiu, mas o que ele acha que deveria responder. Segundo Kamimura e colaboradores (2005), o R24 apresenta vantagens e limitações, descritas a seguir: Vantagens: • baixo custo, fácil e rápida aplicação; • quando realizado em série, fornece estimativa da inges- tão usual do indivíduo; • pode ser aplicado em diferentes faixas etárias e em analfabetos; Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 46Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 46 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 47 • pode ser utilizado para estimar a ingestão energética e de macronutrientes; • não altera a dieta usual; • descreve hábitos culturais. Limitações: • depende da memória do entrevistado; • requer treinamento do investigador para evitar indução; • a ingestão prévia nas últimas 24 horas pode ter sido atí- pica; • não reflete diferenças entre a ingestão de dias da sema- na e fim de semana; • dificuldade em estimar o tamanho das porções; • bebidas e lanches tendem a ser omitidos. Registro Alimentar De acordo com Sampaio et al. (2012), neste tipo de inquérito alimentar, o paciente deve ser orientado a registrar detalhadamente todos os alimentos e bebidas consumidos em um determinado espaço de tempo, descrevendo os tipos de preparação, ingredientes, marca do alimento, porção em medidas caseiras e horário das refeições. Assim, é aconselhado o registro de 3 a 7 dias, possibilitando a avaliação da ingestão habitual sem induzir modificações no hábito alimentar. A aplicação deve ser realizada em dias alternados, incluindo, se possível, um dia do fim de semana. Essa metodologia proporciona uma melhor estimativa da ingestão alimentar habitual do indivíduo. O registro alimentar pode apresentar uma variação e ser realizado com a pesagem dos alimentos, onde o indivíduo deve fazer uso de uma balança para pesar os alimentos, tornando esta avaliação de consumo alimentar mais precisa e exata quanto às porções ingeridas. Neste método, todos os alimentos, bebidas e sobras devem ser pesados e os seus respectivos pesos devem ser registrados. Suas limitações incluem o custo elevado, por conta da aquisição da balança, bem como sua calibração, além de uma possível tendência em modificar os hábitos alimentares simples. No entanto, apesar de ser mais preci- Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 47Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 47 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 48 so que o registro alimentar estimado, a aplicação dessa variação requer investimento, treinamento e colaboração do cliente, o que torna mais rara a sua utilização na prática. Ainda de acordo com Kamimura e colaboradores (2005), o registro alimentar também apresenta vantagens e limitações, apresentadas a seguir: Vantagens: • não depende da memória; • proporciona maior acurácia e precisão quantitativa dos alimentos; • identifica os tipos de alimentos, preparações e intervalos entre as refeições. Desvantagens: • pode interferir no padrão alimentar; • requer tempo; • exige que o indivíduo saiba ler e escrever; • dificuldade para estimar as quantidades ingeridas. História alimentar ou história dietética De acordo com Sampaio et al. (2012), a história alimentar ou dietética é realizada por meio deuma ampla entrevista, na qual o paciente relata a ingestão dos alimentos do ponto de vista qualitativo e quantitativo, coletando informações referentes ao: histórico dos hábitos alimentares; tratamento dietético anterior; modificações nas condições de vida e na ingestão alimentar; preferências, intolerâncias e aversões alimentares. Além destes aspectos, também são contemplados fatores relacionados ao estilo de vida e ao uso de medicamentos e/ou suplementos. A entrevista para coletar a História Alimentar ou História Dietética pode incluir o recordatório de 24 horas, o registro alimentar (se possível) e/ou o questionário de frequência alimentar. É muito utilizada em atendimentos de primeira consulta. Kamimura e colaboradores (2005) descrevem vantagens e desvantagens deste método: Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 48Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 48 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 49 Vantagens: • leva em consideração as variações sazonais; • fornece uma completa e detalhada descrição quantitati- va e qualitativa da ingestão alimentar; • elimina as variações do dia a dia; • fornece uma boa descrição da ingestão usual; • informa o hábito alimentar; • importante para o estudo da relação entre o alimento e doença/problemas nutricionais na clínica. Desvantagens: • alto custo; • requer um nutricionista altamente treinado; • depende da memória do entrevistado; • tempo de administração longo; • dificuldade de padronização da informação na aborda- gem coletiva. Questionário de frequência alimentar O Questionário de Frequência Alimentar avalia a ingestão habitual de alimentos ou nutrientes específicos, de acordo com uma lista criada com diferentes alimentos e suas respectivas frequências de consumo por dia, semana, mês ou ano. Dessa forma, segundo Sampaio et al. (2012, p. 108) o padrão alimentar pode ser avaliado qualitativamente e semi-quantitativamente, uma vez que, neste último, há a padronização prévia do tamanho da porção de cada alimento/preparação, de acordo com o hábito do grupo ou população que está sob investigação. Através da elaboração prévia de um questionário direcionado (lista de alimentos e/ou preparações), é possível avaliar o consumo e as necessidades alimentares específicas de diferentes populações. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 49Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 49 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 50 De acordo com Kamimura e colaboradores (2005), o Questionário de Frequência Alimentar (QFA) apresenta vantagens e desvantagens, descritas a seguir: Vantagens: • baixo custo, simples administração, não requer tanta especialização do entrevistador; • não altera o padrão de consumo; • estima a ingestão habitual; • pode descrever padrões de ingestão alimentar; • pode ser utilizado para associar nutrientes específicos às patologias e necessidades fisiológicas; • pode ser autoaplicável; doença/problemas nutricionais na clínica. • gera resultados padronizados. Desvantagens: • impossibilidade em saber as circunstâncias em que o alimento foi consumido; • quantificação pouco exata; • pode haver subestimação, por não contemplar todos os alimentos consumidos pelo indivíduo; • dificuldade da análise sem uso de computadores e pro- gramas especiais; • necessidade em elaborar questionários direcionados; • listas pequenas (< 50 itens) podem subestimar a inges- tão e as grandes (> 150 itens) podem gerar fadiga; • depende da memória do entrevistado e, caso seja auto- aplicado, dependerá do grau de escolaridade. Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 50Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 50 14/09/2022 02:00:3014/09/2022 02:00:30 51 Os métodos recordatório de 24 horas e de alimentação diária habi- tual (inquéritos quantitativos) permitem a avaliação dos nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, cálcio etc.) e da ingestão calóri- ca. Já o QFA é usado para avaliar os alimentos (produtos de origem vegetal, animal ou sintéticos) ou grupos de alimentos (pirâmide alimentar). Portanto, é preciso que vocês lembrem, caros(as) alu- nos(as), de definições básicas como nutrientes, alimentos e grupos de alimentos, para que saibam como apresentar os dados obtidos. Alimentos são constituídos pelos nutrientes e os alimentos de cada grupo fornecem certos nutrientes-chaves. SAIBA MAIS Em resumo, por meio dos inquéritos podemos identificar o quanto a alimentação é rica ou pobre em um determinado nutriente; quais alimentos consumidos são ricos em determinados nutrientes (ferro, cálcio etc.); quais são os grupos alimentares predominantes na alimentação da pessoa e os que não estão presentes. Para alguns pacientes hospitalizados, ou não hospitalizados, pode não ser adequado avaliar o consumo do paciente pelo QFA utili- zando as porções da Pirâmide Alimentar estabelecidas para pesso- as saudáveis, pois o paciente pode consumir um menor número de porções por causa da modificação dietoterápica necessária para sua doença (como é o caso do paciente com doença renal em tratamento conservador que precisa restringir proteínas; não temos uma pirâ- mide para casos como esse, e outros). Mesmo assim, nesse caso, o uso do QFA é útil, pois podemos acabar identificando que é hábito do paciente ingerir porções diárias consideráveis de alimentos/grupos de alimentos ricos em proteí- nas, o que vai nos mostrar que ele está consumindo muita proteína, embora pelo QFA esse nutriente não seja quantificado. Pode mostrar VOCÊ SABIA? Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 51Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 51 14/09/2022 02:00:3114/09/2022 02:00:31 52 mostrar também que o paciente não está aderindo às orientações previamente fornecidas. Para outros casos, que não exijam dieto- terapia específica, pode ser útil a análise conforme as porções da Pirâmide. Assim, cada caso é um caso, por isso a avaliação individu- alizada é tão importante. Avaliação do estado nutricional de gestantes A avaliação nutricional adequada de gestantes contribui para con- trolar fatores de risco que podem trazer complicações para a saúde da mulher e do bebê. O organismo de uma gestante normal e bem nutrida experimenta uma série de adaptações fisiológicas que ga- rantem o crescimento e o desenvolvimento do feto e asseguram as reservas biológicas necessárias ao parto, à recuperação pós-parto e à lactação. Segundo a OMS, o monitoramento do ganho ponderal du- rante a gestação é um procedimento de baixo custo e de grande utilidade para o estabelecimento de intervenções nutricionais visando à redução de riscos maternos e fe- tais. A orientação nutricional pode proporcionar um ga- nho de peso adequado, prevenindo o ganho excessivo (...) ou diagnosticando o ganho ponderal insuficiente (KON- NO; BENICIO; BARROS, 2007, p. 997). A avaliação nutricional de gestantes deve abranger a história clínica, a anamnese alimentar, a semiologia nutricional, a coleta de dados antropométricos, de exames hematológicos e bioquímicos. Sendo assim, o diagnóstico nutricional dependerá da avaliação do maior número possível desses parâmetros, em conjunto, interpretados pelo nutricionista. De acordo com o Ministério da Saúde, para avaliar o estado nutricional das mulheres antes do início da gestação deve ser calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). Para o cálculo desse índice é necessário a informação da altura e do peso anteriores à Avaliação antropométrica pré-gestacional Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 52Avaliação Nutricional Aplicada_Ebook completo_SER.indd 52 14/09/2022 02:00:3114/09/2022 02:00:31 53 gestação, registrados na caderneta da gestante, ou àqueles informados pela paciente. O peso pré-gestacional poderá ser o valor registrado
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