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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Competências e Gestão de Talentos Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Evelin Cristine Elias Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Histórico – A Evolução da Área de Recursos Humanos do Departamento Pessoal à Gestão Estratégica de Pessoas; • O Modelo de Gestão de Pessoas por Competências; • As Escolas Influenciadoras; • O Modelo CHA; • Competências Organizacionais; • Competências Individuais. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Contextualizar o aluno nos fundamentos e conceitos teóricos da Gestão de Pessoas por Competências. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências Contextualização Convidamos você a iniciar esta unidade refletindo sobre o processo seletivo de uma empresa. O que faz com que a organização busque por determinados perfis com conhe- cimentos, habilidades e atitudes específicas para atuar em seu quadro de colaboradores? Toda organização possui uma competência essencial que se traduz no que ela faz de melhor e que a diferencia de seus concorrentes. As competências essenciais apoiam a organização no cumprimento de seu propósito e missão, visando sempre atender e, principalmente, surpreender as expectativas do mercado e de seus clientes. Este é um assunto de extrema relevância, pois sabemos que, quem manifesta essas competências e leva as empresas a atingirem a todos esses resultados são as pessoas que atuam nela. Faz sentido que uma empresa busque, então, por profissionais com perfis que estejam em acordo com a sua essência, seus valores e que contribuam para que objetivos estratégicos sejam atingidos. Por esse motivo, a área de Recursos Humanos precisa estar envolvida no planeja- mento estratégico da empresa a fim de trazer, movimentar, desenvolver e manter as pessoas adequadas aos times, dando o suporte para que atinjam seus objetivos com maestria, mantendo, dessa forma, a competitividade da empresa. A Gestão de Talentos por Competências é a estratégia que dá suporte a toda essa Gestão do Capital Humano, desde a identificação do perfil ideal para uma função até processos de promoção, rema- nejamentos, desenvolvimento, sucessões, desligamentos e outros. Vamos juntos compreender como surgiu essa ferramenta e quais são os seus princi- pais conceitos? O que uma empresa como a Google deseja encontrar nos candidatos a seus processos se- letivos? Neste vídeo “Entrevista com Daniel Borges – RH Google Brasil”, a repórter Luciana Corrêa, do Canal Conecta, faz essa e outras perguntas. Vamos conferir o que ele diz sobre competências pessoais e organizacionais? Disponível em: https://youtu.be/ykSWOijU2Jw 6 7 Histórico – A Evolução da Área de Recursos Humanos do Departamento Pessoal à Gestão Estratégica de Pessoas Nesta unidade, você verá um resumo breve da evolução da Gestão de Recursos Humanos. Com a Revolução Industrial, o relacionamento entre empregado e empregador ga- nhou uma complexidade de direitos e deveres que antes não havia registros de existir. O controle da vida laboral dos trabalhadores de uma empresa passou a ser realizado pelo então denominado Departamento Pessoal. As atividades eram basicamente pro- cessuais e burocráticas, como: admissão, pagamento do salário, cumprimento das obri- gações legais da empresa e demissão. Naquele momento, as pessoas eram vistas como mais um recurso para o alcance das metas de produção. O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, em 1936, apresenta por meio de comédia, forte crítica ao sistema de trabalho empregado nas fábricas da época. Para saber mais, assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, 1936. Disponível em: https://youtu.be/XFXg7nEa7vQ Ao longo do tempo, as fábricas passaram por processos de automatização e informa- tização da produção, o que foi conferindo às pessoas a mudança dos trabalhos manuais para os trabalhos pensantes. Gradativamente, segundo Girardi e Dalmau (2012), os estudos do comportamen- to humano, nas décadas de 1920, 30 e 40 promoveram uma maior proximidade no contato entre a administração e a psicologia, o que resultou em uma abordagem mais humana na gestão das pessoas. Surge então o conceito de Administração de Recursos Humanos, ampliando a atuação do Departamento Pessoal, incorporando ferramentas de atração, recrutamento, treinamento e desenvolvimento de pessoal. O RH passou a considerar que qualidade de vida no trabalho e fatores de motivação tornavam os trabalhadores mais produtivos. Esse olhar era ainda bem voltado para dentro da organização, ou seja, as técnicas e ferramentas utilizadas visavam conciliar os interesses da organização, gerenciar conflitos, desenvolver as pessoas a fim de que trabalhassem melhor e produzissem mais. Ao longo do tempo, as empresas compreenderam que as pessoas são as responsá- veis pela eficiência, resultados e sustentabilidade de seus negócios e a atuação da área de RH foi se expandindo e passou a ser conhecida, em uma evolução conceitual, como Gestão de Pessoas. A relação passa a ser mais ganha-ganha, em que as políticas de RH, como, por exemplo, os benefícios e programas de desenvolvimento, também tornam-se formas de atração e retenção de talentos. 7 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências Nas décadas de 1970 e 1980, o critério estratégico foi introduzido na Gestão de Pessoas, originando a Gestão Estratégica de Pessoas. Esse modelo buscava: vincular a Gestão de Pessoas às estratégias, às políticas e às práticas organizacionais; adaptar as necessidades da empresa; e promover as pessoas como elementos de diferenciação (GIRARDI, DALMAU, 2012, p. 41). O que é estratégia empresarial? Confira neste artigo do SEBRAE uma breve descrição sobre Estratégia Empresarial, disponí- vel em: https://bit.ly/2LYbShQ Podemos entender então, que, para que a Gestão de Recursos Humanos seja estra- tégica, é necessário que as estratégias de RH estejam diretamente conectadas com as estratégias organizacionais. Faz-se necessário, assim, que o RH seja envolvido e parti- cipante conhecedor do Planejamento Estratégico da organização e apoiador das estra- tégias sobre como as pessoas alavancam e sustentam a realização desse planejamento. Além disso, deve ser o agente disseminador e administrador dessa cultura e estratégia com os Gestores da organização, que, por sua vez, são os responsáveis pelos colabora- dores da empresa, fazendo com que estejam em acordo com a sua estratégia. O papel estratégico do RH consolida a Gestão de Pessoas como parceira na trans- formação e na busca pela competitividade organizacional. Empresas com clareza es- tratégica envolvem colaboradores e clientes nos seus objetivos e processos (GIRARDI; BENETTI; OLIVEIRA, 2008). Em síntese, a Gestão Estratégica de Pessoas tem um olhar voltado para o futuro, contra- tando, retendo,desenvolvendo e direcionando as pessoas para os objetivos corporativos de longo prazo. Ao entender os objetivos de longo prazo da organização, é possível contratar, rema- nejar, preparar, manter e alinhar os talentos que sustentarão a estratégia organizacional. Em contrapartida, o colaborador também se beneficia neste processo, tendo suas com- petências desenvolvidas, tornando-se um profissional bem mais preparado, não somente para sua empresa atual como para seus projetos futuros. Ainda hoje existem empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, que atuam apenas com o Departamento Pessoal ou com algumas ferramentas da Administração de Recursos Humanos. Essas empresas têm equipes pequenas que não justificariam uma es- trutura mais complexa, mas, ainda assim, podem se beneficiar de uma Gestão Estratégica de Pessoas por meio de um consultor ou consultoria que os apoiem nessa missão. No vídeo “O que é DP, RH, Gestão de Pessoas e Gestão Estratégica de Pessoas? | RH Academy”, Leandro Sassi da Silva apresenta as principais diferenças. Disponível em: https://youtu.be/KLW5wNCPGcw 8 9 O Modelo de Gestão de Pessoas por Competências Com as empresas tornando-se mais competitivas, surge em meados da década de 1980, a ferramenta de Gestão de Pessoas por Competências. O capital humano passou a ter grande papel no cumprimento, sustentação e reinvenção das estratégias organiza- cionais e atendimento às necessidades do mercado e expectativas dos clientes. E, por esse motivo, ter uma ferramenta que é capaz de trazer mais clareza sobre os conheci- mentos, habilidades e atitudes que as pessoas precisam ter e desenvolver para estarem alinhadas a esse contexto é fundamental. Na sua opinião, de que forma as pessoas contribuem para o cumprimento e sustentação das estratégias organizacionais? Dutra (2004) afirma que o conceito de competência foi proposto pela primeira vez em 1973, por David McClelland (1973), um psicólogo americano estudioso dos fatores da motivação e que buscava uma efetividade maior nos testes de aptidão e inteligência usados nos processos de recrutamento e seleção nas organizações. Para ele, os testes até então utilizados não eram capazes de predizer o êxito que o candidato teria em sua carreira profissional ou em sua vida pessoal, além de desfavorecer as minorias, como mulheres e pessoas de menor poder socioeconômico. Por esse motivo, ele estudou mé- todos que contivessem mais fatores de análise – como os conhecimentos e habilidades – para que fossem mais eficazes em identificar a probabilidade de sucesso profissional – e pessoal – do candidato. Sabemos que você já deve estar ansioso para, enfim, saber como são o modelo e as ferramentas da Gestão de Pessoas por Competências. Mas, antes disso, vamos entender o que são Competências e como elas são mapeadas nas pessoas e nas organizações. Mas, afinal, o que são competências? Na atualidade, segundo Gramigna (2007), as definições para a palavra Competências são variadas e não apresentam consenso em livros, revistas ou publicações que tratam do tema. No entanto, a autora reforça que algumas definições já apontadas por diferen- tes autores possuem pontos de convergência, elencando as seguintes definições: • Levy Leboyer (1997) considera competência os “repertórios de comportamentos” que algumas pessoas ou organizações dominam melhor que outras, o que as tona eficazes e competitivas em determinadas situações; • Para Montmollin (1984), competência “é o conjunto de saberes, práticas, com- portamentos, procedimentos e tipos de raciocínio que se pode acessar em um novo aprendizado”; 9 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências • Para Gilbert e Parlier (1991), “é o conjunto de conhecimentos, capacidades de ação e comportamentos estruturados, colocados em disponibilidade de um objetivo ou meta, na busca de resultados”; • Valerie Marback (1998) define competências como um conjunto de elementos que estão em interação dinâmica e fazem o diferencial de uma empresa ou pessoa. São os saberes (conhecimentos), o saber-fazer (habilidades), os comportamentos (atitudes) e as faculdades cognitivas (qualidades pessoais); • Gramigna (2007) conclui que o ponto em comum entre as diversas definições é o reconhecimento das contribuições das pessoas diferenciando os resultados empre- sariais, ressaltando que o domínio de determinadas competências leva profissionais e organizações a fazerem a diferença no mercado. Mais à frente, indicaremos a você os componentes de uma competência e como as utilizaremos na prática, mas, antes disso, finalizamos este tópico com uma reflexão por meio de um trecho da palestra “A Gestão de Pessoas no Setor Público”, realizada em 11 de maio de 2005 por Joel Dutra, professor e escritor especialista em Recursos Huma- nos em que ele define o conceito de competência: As pessoas agregam valor não simplesmente porque elas têm conhe- cimentos e habilidades para fazer isso. Às vezes a pessoa tem um curso diferenciado, tem uma experiência interessante, mas ela não agrega valor. Agregação de valor pressupõe que a pessoa consegue perceber as demandas do contexto sobre ela e consegue a partir daí mobilizar seus conhecimentos e habilidades para atender a essa de- manda. Então a agregação de valor ou nosso conceito de competência não é a pessoa ter um conjunto de comportamentos, habilidades e atitudes adequadas. Competência é a pessoa pegar tudo isso e dar respostas para o contexto em que ela se insere. Gostou desta definição e quer explorar mais? Veja a palestra completa “A Gestão de Pes- soas no Setor Público” realizada em 11 de maio de 2005 pelo professor Joel Dutra, dispo- nível em: https://youtu.be/AOIlrkp5gf0 As Escolas Influenciadoras Além dos estudos de McClelland, temos outras influências de definições e classifica- ções das competências. Veremos a seguir: A escola francesa Phillipe Zariffian é um sociólogo francês que discorreu sobre o modelo de compe- tências. Apesar de ter dado diferentes interpretações, um ponto em comum entre elas é que competência é o tomar iniciativa e o assumir a responsabilidade diante das situa- ções profissionais com as quais nos deparamos. Consiste em um entendimento prático 10 11 de situações, que se apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma à medida que aumenta a diversidade das situações (ZARIFFIAN, 2003). Isso significa que todas as esferas da competência são importantes: o conhecimento técnico, a habilidade de adaptar esse conhecimento no contexto em que será usado e a atitude proativa de se responsabilizar pelas situações profissionais. Uma pessoa pode, com a prática, adaptar e melhorar uma competência, bem como adquirir novas compe- tências de acordo com os desafios que lhe são apresentados. Segundo Maximiano (2014), a principal classificação francesa é chamada de trilogia dos saberes: saberes propriamente ditos, saber-fazer e saber-ser: Saberes propriamente ditos: conjunto dos conhecimentos gerais ou especializados para realizar uma atividade. Podem ser conhecimentos teóricos ou o domínio de determinadas linguagens científicas e técni- cas. O todo ou parte de um conhecimento teórico relativo à totalida- de. Por exemplo: “conhece os princípios termodinâmicos do motor a explosão, conhece a mecânica dos fluidos, conhece a escrita egípcia”. Saber-fazer: domínio de ferramentas e métodos para realizar uma atividade. É importante determinar quanto do saber-fazer é transfe- rível para outras situações de trabalho. Exercício da totalidade ou de parte das técnicas, das práticas e dos métodos de uso relativos a um saber. Por exemplo: “é capaz de diagnosticar uma disfunção em um motor a explosão, calcular o coeficiente de reabastecimento de um reservatório de água colocado em uma temperatura inferior a zero, decifrar hieróglifos egípcios e escrever um texto nessa linguagem”. Saber-ser: conjunto de aptidões e comportamentos no trabalho, ma- neiras desejáveis de agir e interagir. (MAXIMIANO, 2014 p.186) Parasaber mais sobre os conceitos de saber, saber ser e saber fazer, veja neste vídeo “Saber, Saber Fazer e Saber Ser – O conhecimento mudou ao longo dos tempos” a opinião de um professor e profissional Dr. Wilmer Botura Junior – Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta – em relação a esses conceitos. Disponível em: https://youtu.be/cg1k55QdStY Ele conseguiu esclarecer bem o conceito, não acha? O Modelo CHA Definições de Comportamento, Habilidade e Atitude A sigla CHA usada para designar os componentes de uma Competência significa respec- tivamente conhecimentos, habilidades e atitudes. Esse conceito tem sido difundido no Brasil por diversos autores e consultores empresariais especializados em Gestão de Pessoas. Embora com algumas diferenças conceituais entre eles, podemos concluir que esses são ingredientes importantes para mapeamento e medição do que se é esperado de um 11 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências colaborador em determinada função na organização ou ainda do que se é esperado da organização ao entregar o resultado de seu trabalho aos clientes internos e externos. Conhecimento De acordo com Gramigna (2007), conhecimento significa ter informações, fatos, procedimentos e conceitos, ou seja, saber. É aquele conhecimento adquirido ao longo da vida, por meio de educação formal ou informal, por meio de cursos, leituras e a própria experiência profissional. No entanto, ter conhecimento em algo não significa usar esse conhecimento em prol de uma situação. Nesses termos, temos então um conhecimento que pode ser tácito, ou seja, não formalmente expresso e um conhecimento que seja explícito, quando ele é expresso na atuação prática de uma pessoa. Veja um exemplo: João é um ótimo vendedor na loja de móveis em que atua e tem obtido resultados realmente interessantes nos últimos meses. Ele deseja alcançar um cargo de liderança na empresa e tem se aplicado a ler dezenas de livros sobre liderança. Acredita que, por ser um destaque em sua função atual, já pode coordenar a equipe. Por esse motivo, na semana seguinte em que terá uma Entrevista de desempenho com seu Gestor, pedirá a promoção. E aí, baseado no que falamos até aqui: João já está hábil para ser o Líder de um time de vendas? Habilidade A habilidade é a capacidade de colocar algo em prática, ou seja, é a habilidade que vai permitir que alguém use seus conhecimentos na execução de sua tarefa. É o saber fazer. Podemos conhecer um assunto tecnicamente sem que sejamos hábeis em colocá- -lo na prática. Voltemos ao caso de João, nosso destaque em vendas. Ele conversou com o seu atual Gestor durante a sua Entrevista de Desempenho e explicitou o desejo em ser promovido para um cargo de liderança. Entendendo o histórico e potencial de João, o atual Gestor indicou um ótimo curso sobre conceitos de Gestão e combinou que João começaria a apoiá-lo nas questões administrativas e estratégicas do departamento, bem como no acompanhamento e condução de algumas reuniões semanais com a equipe. E agora, será que João está um pouco mais preparado para sua promoção? Para que o conhecimento técnico (obtido nos livros e nos cursos formais) se trans- forme em competência de liderança, uma pessoa precisará treinar suas capacidades, praticar os conceitos, reavaliar acertos e erros, ajustar sua atuação e ir tornando-se, com o tempo e aprendizados práticos, hábil em realizar a tarefa de liderança a serviço da organização e das pessoas a que está relacionada. Atitude A atitude está relacionada ao querer fazer. É uma parte comportamental da com- petência. Trata-se da proatividade e postura da pessoa em relação ao entender o que 12 13 precisa ser feito e mobilizar-se para fazer. Nesse contexto, também podemos dizer que trabalhos motivacionais, percepção de justiça, clareza nos objetivos a serem atingidos etc. contribuem juntamente para a atitude entrar em ação. Vamos, então, ao caso de João: após alguns meses praticando suas habilidades de liderança, João começa a tomar a frente no ajuste de alguns processos que facilitam a vida do cliente e do vendedor. Já tem a segurança de propor novas formas de medir e atingir as metas e também busca estar inteirado das estratégias da empresa a fim de que possa sempre as transmitir a seus colegas. Podemos dizer, ao final dessa história, que João tem uma competência (conhecimen- tos, habilidades e atitude) de liderança? Competências Organizacionais Competências organizacionais são aquelas que mostram a identidade e trazem com- petitividade à organização. As competências precisam estar em acordo com o planeja- mento estratégico da empresa. Segundo Rabaglio (2015), cada informação, indicador ou palavras apontadas no planejamento estratégico indica evidência de competências necessárias para a sua execução, porque toda ação é precedida e regida por um grupo de competências. Neste artigo do SEBRAE, você pode conhecer mais a fundo quais são os componentes de um planejamento estratégico, disponível em: https://bit.ly/2MOi9Cg Não existe ação sem competências, por isso, quando se analisa a missão, visão, valores e estratégias, reconhecemos necessidades de competências nas ações que devem ser tomadas para chegar ao pla- nejado do mapa. A empresa planeja e desenvolve ações através das pessoas, que precisam de competências específicas para serem asser- tivas nas ações, por isso, desenvolver as competências certas os car- gos estratégicos é o caminho para a assertividade, eficácia e sucesso. (RABAGLIO, 2015 p.26) Em acordo com essa definição, Gramigna (2007) aponta que Gestão por Competên- cias é um conjunto de ferramentas, instrumentos e processos metodológicos voltados para a Gestão Estratégica de Pessoas e tem como base a definição do negócio, da mis- são, da visão de futuro e dos valores organizacionais. Ainda segundo a autora, por negócio, entendemos a definição dos desejos ou necessi- dades que a empresa quer satisfazer quando o cliente adquire seu produto ou serviço. Sua função é orientar o comportamento de todos os colaboradores e expressar seus valores. A missão dá significado ao negócio, define a razão da existência da empresa, indica os rumos para a excelência e revela sua essência. Orienta na tomada de decisões, na definição de objetivos e na formu- lação de estratégias e a visão é como a empresa quer ser vista pelos 13 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências seus usuários e clientes, fornecedores, parceiros e pessoal interno e serve como norteadora de ações para alcançar a excelência e por esse motivo deve ser compartilhada por todos da organização. Já os valores são normas ou padrões sociais aceitos por um grupo, uma instituição ou uma sociedade. Na organização, orientam a condu- ta das pessoas. Definem os padrões de comportamento e contribuem para o estabelecimento da cultura interna. (GRAMIGNA, 2007, p.19) É importante ressaltar que a empresa pode identificar quais são suas competências essenciais – ou a expressão comumente usada nas empresas, na versão em inglês, core competences – como aquelas totalmente inerentes às atividades que agreguem valor à marca e ao cliente, para focar no desenvolvimento delas. Essenciais são as competências que suportam a empresa a entregar aquilo que ela faz de melhor e que é difícil de ser reproduzido por seus concorrentes, trazendo ou manten- do vantagens competitivas no mercado. As competências organizacionais também podem ser: • Diferenciais: aquelas percebidas pelos clientes; • Básicas: a que todos os colaboradores da empresa necessitam ter; • Terceirizáveis: as que não são ligadas diretamente ao negócio e podem ser terceirizadas. Além disso, como vimos anteriormente, na Gestão Estratégica de Pessoas, o RH par- ticipa do planejamento estratégico, estando alinhado às competências necessárias para o seu cumprimento e auxiliando a empresa a, além de disseminá-las e trazer clareza aos colaboradores a respeito das competências esperadas, apoiar os gestores no desenvolvi-mento das pessoas. Esse desenvolvimento pode tanto ser para os desafios do presente quanto ao preparo dos talentos para os desafios futuros da organização, garantindo a sustentabilidade do negócio. Leiamos um relatório de sustentabilidade da empresa 3M em 2011. Nele, podemos ver na prática os conceitos que aprendemos até aqui. Você consegue identificar qual a competência essencial desta empresa? A 3M é uma companhia do setor de indústria química que tem como missão primordial inovar por meio da criação e da combinação de tec- nologias para encontrar soluções que contribuam para o sucesso de seus clientes ou tornem suas atividades diárias mais práticas e seguras. Para mais detalhes, conheça o relatório completo da empresa 3M: Inovar mais e Crescer com o Brasil, disponível em: https://bit.ly/2IzFMvN Para você faz sentido que a competência essencial que se destaca nessa organização é a inovação? A empresa divulga que sua principal estratégia é inovar em produtos, processos e modelos de negócios. Mesmo possuindo outras competências essenciais, inovação é a palavra que dá o norte para decisões, pesquisas, projetos etc. E as competências individuais. Onde entram nessa história? 14 15 Competências Individuais Como o conceito indica, as competências individuais são aquelas manifestadas pelas pessoas. Seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Quando no ambiente de trabalho, as competências individuais se manifestam no trabalho e resultado em equipe. Sendo assim, as competências individuais devem ser alavancas para a realização com excelência do processo ou da função exercida pelo colaborador. Para Leme (2005), competência é a soma de competências técnicas e comportamen- tais, como mostra a tabela a seguir: Tabela 1 Conhecimento Saber Competência Técnica Habilidade Saber fazer Atitude Querer fazer Competência Comportamental Fonte: LEME, 2005, p.18 As competências técnicas são facilmente identificadas por meio do currículo do co- laborador, como, por exemplo, por meio de seus cursos realizados. Já as competências comportamentais são mais difíceis de serem identificadas. Ainda é possível, para a organização, ao mapear as competências requeridas para o de- sempenho de um processo ou função, estabelecer níveis de proficiência ou especialização dessas competências. Nos próximos módulos, você terá um detalhamento prático de como re- alizar esse mapeamento e identificar ou desenhar diferentes níveis de atuação do colaborador. A competência individual pode ser observada, de acordo com Dalmau e Tosta (2009), por meio de seus des- dobramentos, que são: seu conhe- cimento, sua capacidade intelectual, emocional e física, as habilidades que ele possui e as tarefas que ele é capaz de desempenhar, os resultados que se espera dele e que ele é capaz de al- cançar e seu grau de motivação para demonstrar tais características. Como você pode ver na figura ao lado: O importante a ressaltar é que as competências individuais devem estar, então, ali- nhadas às competências requeridas para a função exercida, pois esta é desenhada para o atingimento dos objetivos estratégicos da organização. Neste vídeo, Competências Organizacionais e Individuais | Rede Índigo – temos uma breve conceituação de competências individuais e organizacionais. Confira! Disponível em: https://youtu.be/0qieX02OeyM Competências Habilidades Conhecimento Capacidade emocional Capacidade física Grau de motivação do indivíduo Resultados esperados Tarefa Capacidade Intelectual Figura 1 15 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências Acreditamos que, com todo o material que estudou até aqui, você já é capaz de contar a um colega o porquê de uma empresa escolher aplicar essa metodologia em sua Gestão de Pessoas. Convidamos você a compartilhar esse conhecimento com alguém de sua em- presa e usar os conteúdos para tirar as dúvidas que possam surgir. E aí, aceita o desafio? Motivos para realizar uma Gestão de Pessoas por Competência Como vimos até aqui, podemos inferir que o modelo de competências apoia a em- presa em todos os principais processos de Gestão de Pessoas, a saber: Tabela 2 Agregar Pessoas Quem deve trabalhar na empresa· Recrutamento e Seleção Aplicar Pessoas O que as pessoas deverão fazer· Descrição cargos/ Avaliação Desempenho Recompensar Pessoas Como recompensar as pessoas· Remuneração/ Benefícios/ Incentivos Desenvolver Pessoas Como desenvolver as pessoas· Treinamento/ Comunicação/ Mudanças Manter Pessoas Como manter as pessoas na empresa· Gestão da Cultura/ Plano de Carreira/ Comunicação/ Saúde e Segurança Monitorar Pessoas Como saber o que fazem e quem são· Sistema de Informações Gerenciais/ Banco de Dados (Talentos) Fonte: CHIAVENATO, 2004 Em termos práticos e para finalizarmos esta unidade, apresentamos alguns benefícios que a Gestão de Pessoas por competências proporciona à organização: • Clareza nos conhecimentos e habilidades necessários para a realização da estraté- gia do negócio; • Ter uma equipe preparada para atingir os objetivos da organização; • Clareza nos objetivos é um fator motivacional para as equipes; • Recrutar, desenvolver, medir o desempenho das pessoas de forma mais assertiva e sustentável para o negócio; • Ter um banco de talentos para promoções internas; • Possível redução de turnover por i nserir as pessoas em suas áreas de ótimo desempenho; • Reconhecimento dos profissionais; • Boa gestão do capital intelectual da organização; • Pessoas valorizadas e mais satisfeitas em estar na organização. Turnover: Rotatividade de colaboradores em uma empresa, ou seja, a quantidade de pro- fissionais que deixam uma empresa em determinado período e precisam ser substituídos. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Competências – conceitos, instrumentos e experiências DUTRA, J. S. Competências – conceitos, instrumentos e experiências. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. (ebook) Vídeos O Profissional do Futuro | Michelle Schneider | TEDxFAAP https://youtu.be/9G5mS_OKT0A 17 UNIDADE Conceitos da Gestão de Pessoas por Competências Referências CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. São Paulo: Campus, 2004. DALMAU, M. B.; TOSTA, K. B. Estratégia de Gestão de Pessoas. Curitiba, IESDE Brasil, 2009. DUTRA, J. S. Competências – Conceitos e Instrumentos para a Gestão de Pessoas na Empresa Moderna. São Paulo: Atlas, 2004. GIRARDI, D.; BENETTI, K. C.; OLIVEIRA, D. C. Gestão de Recursos Humanos. Florianópolis: Pandion, 2008. GIRARDI, D. M.; DALMAU, M. B. L. Administração de Recursos Humanos I. 2. ed. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2012. GRAMIGNA, M. R. Modelo de Competências e Gestão de Talentos. 2. ed. São Paulo: Person, 2007. LEME, R. Aplicação Prática de Gestão de Pessoas por Competências: Mapeamento, treinamento, seleção, avaliação e mensuração de resultados em treinamento. Rio de Ja- neiro: Qualitymark, 2005. MAXIMIANO, A. C. A. Recursos Humanos – Estratégias e Gestão de Pessoas na so- ciedade global. Rio de Janeiro: LTC, 2014. RABAGLIO, M. O. Como Implantar Gestão por Competências: passo a passo. São Paulo: Edição Eletrônica do Autor, 2015. ZARIFFIAN, P. O Modelo da Competência. São Paulo: Senac, 2003. 18