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CM 12 - DISPNEIA 1 � CM 12 - DISPNEIA Aula dia 11/06/2022 TROMBOEMBOLISMO VENOSO TEV inclui a TVP e o TEP Trombose ilio-femoral (TVP) —> TEP Fatores de risco - tríade de Virchow Hipercoagulabilidade Hereditários: trombofilias (fator V de Leiden, mutante do gene da protrombina) Adquiridos: pós operatório, ACO, neoplasia maligna, imobilização Lesão endotelial Estase TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) Manifestação clínica Maioria é assintomática Edema Dor à palpação Empastamento da panturrilha Sinal de Homans: dor com a dorsiflexão do pé (baixa sensibilidade e especificidade) CM 12 - DISPNEIA 2 Quanto mais proximal o trombo, maior o risco de TEP (território ílio- femoral) Diagnóstico: USG Doppler (transdutor linear) Perda da compressibilidade (lúmen não colaba) Padrão ouro: venografia TROMBOEMBOLISMO PULMONAR Manifestação clínica Evento cardiorrespiratório súbito Taquipneia: principal sinal!!! Dispneia: principal sintoma!!! Hipoxemia (espaço bem ventilado, mas mal perfundido) Dor torácica pleurítica (ventilatória dependente) → DX IAM, pericardite Hemoptise Sibilos Exame físico pulmonar geralmente normal Se grave: TEP maciço (obstrução da artéria pulmonar) → instabilidade hemodinâmica Hipotensão por choque obstrutivo Cor pulmonale (insuficiência de ventrículo direito por alteração pulmonar) Exames complementares: nenhum desses exames fecha o diagnóstico!!! ECG para excluir IAM Achado mais comum: taquicardia sinusal Achado mais específico: padrão S1Q3T3 (onda S em D1, Q em D3, T invertida em D3) CM 12 - DISPNEIA 3 RX tórax: geralmente normal Sinal de Westermark: oligoemia localizada - área mais escura (“WesterDARK”) Sinal de Hampton: hipotransparência triangular periférica Ecocardiograma: disfunção de VD = pior prognóstico Marcadores: aumento do BNP e troponina devido à insuficiência do VD = pior prognóstico Gasometria: hipoxemia, hipocapnia (alcalose respiratória) D-dímero (PDF) não é específico de TEP, não fecha diagnóstico: alto valor preditivo negativo (VPN) → utilizado como “triagem” CM 12 - DISPNEIA 4 Escore de Wells: probabilidade de TEP E - episódio prévio de TVP ou TEP (1,5 pontos) M - malignidade (1 ponto) B - “batata inchada” ou clínica de TVP (3 pontos) O - sem Outro diagnóstico mais provável (3 pontos) L - lung bleeding ou hemoptise (1 ponto) I - imobilização ou cirurgia recente (1,5 pontos) A - alta FC > 100 (1,5 pontos) Algoritmo diagnóstico Wells ≤ 4: baixa suspeita → dosagem de D-dímero D-dímero normal: excluo diagnóstico de TEP D-dímero aumentado: pedir outros exames confirmatórios Wells > 4: alta suspeita → pedir exames confirmatórios direto e já inicia a terapêutica antes dos resultados Angio TC: exame de escolha Cintilografia Doppler de MMII: em gestantes Arteriografia (ouro) Tratamento Anticoagulante: evitar crescimento do trombo e formação de novos trombos Mínimo 3 meses Heparina + varfarina (começar junto, depois suspender heparina após 2 RNIs entre 2-3) Rivaroxabana ou dabigratana Filtro de veia cava inferior: se contraindicação ou falha da anticoagulação Se TEP maciço (instabilidade clínica, insuficiência VD): iniciar trombólise (rtPA, estreptoquinase) até o 14º dia Embolectomia: se contraindicação ou falha da trombólise CM 12 - DISPNEIA 5 ⚠ TVP distal não tem indicação de profilaxia antitrombótica ad eternum EMBOLIA GORDUROSA Fratura de ossos longos ou da pelve → micropartículas de gordura no osso na circulação Obstrução + vasculite que demoram 12-72h para aparecer sintomas Tríade clínica Pulmão → hipoxemia SNC → alteração neurológica Pele → rash (petéquias) Tratamento de suporte Prevenção: tratamento ortopédico precoce DOENÇAS DO PARÊNQUIMA PULMONAR Fisiopatologia: obstrução ao fluxo aéreo crônica Obstrução reversível: asma Obstrução praticamente irreversível: DPOC Diagnóstico: espirometria O quanto de volume sai durante uma expiração forçada precedida por uma inspiração exagerada No primeiro segundo, sai mais ar → volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) Volume que sai no total do exame → capacidade vital forçada (CVF) Índice de Tiffenau: VEF1/CVF Normal > 0,75 CM 12 - DISPNEIA 6 Se obstrução: prova broncodilatadora → positiva se VEF1 > 200ml e >12% = asma; negativa = DPOC VEF1 CVF VEF1/CVF OBSTRUTIVO ⬇⬇ ⬇ ⬇ (< 70%) RESTRITIVO ⬇ ⬇ Variável (> 70%) ASMA Definição: inflamação crônica + hiperreatividade reversível e variável das vias aéreas → broncoespasmo e produção de muco → obstrução → remodelamento das vias aéreas (irreversível) Fenótipos da asma Alérgica (> 80%): IgE mediada - hipersensibilidade tipo 01 —> combate à umidade e mofo Não alérgica: responde mal ao CI Início tardio: responde mal ao CI Obstrução persistente Obesidade Maldades de prova Broncoespasmo desencadeado por exercício (clima frio e seco): fazer um aquecimento prévio, pode usar SABA antes do exercício Grávida asmática: pode melhorar, piorar ou ficar igual → tratar como se não estivesse grávida Muito beta 2 agonista durante o trabalho de parto pode ter hipoglicemia no RN Fatores de risco Genética Atopia Exposição à alérgenos Tabagismo CM 12 - DISPNEIA 7 Infecções virais Quadro clínico: variável, intermitente, pior de manhã e à noite, com gatilhos Dispneia Sibilos Tosse crônica seca Desconforto torácico Associação com rinite alérgica e outras atopias Diagnóstico: espirometria Padrão obstrutivo reversível Espirometria inicial: VEF1/CVF < 0,7 Pelo GINA: < 75-80% nos adultos, < 90% nas crianças Espirometria pós prova BD: VEF1 aumenta > 12% E > 200 ml Nas crianças somente VEF1 aumenta > 12% Se espirometria normal: bronco provocação com metacolina → confirma asma se VEF1 diminui > 20% Peak flow (pico de fluxo inspiratório) variável em 2 semanas Tratamento de manutenção - GINA 2021 Aderência ao tratamento: educação em saúde Cessar tabagismo Vacinação influenza Exercícios físicos Controle ambiental: diminuir umidade e mofo Pacientes ≥ 12 anos SOS para todos: CI dose baixa + LABA (”budesonida e formoterol”) 1 e 2. CI em dose baixa + LABA → apenas SOS / ou opção de CI dose baixa uso regular isolado 3. CI em dose baixa + LABA → uso regular 4. CI em dose média + LABA → uso regular CM 12 - DISPNEIA 8 5. CI em dose média + LABA + LAMA → uso regular → encaminhar para especialista e pensar em anti IgE/anti IL4 ⚠ Se não usar nenhum tratamento de alívio ou já usar BUD-FORM como manutenção: fazer BUD-FORM de alívio. Se usar outro LABA como manutenção: fazer SABA de alívio. Classificação da gravidade (retrospectivo) Leve: etapa 1 e 2 Moderada: etapa 3 e 4 Grave: etapa 5 Classificação do controle (nas últimas 4 semanas) A - atividades limitadas? B - broncodilatador de alívio ≥ 3x/semana (se ≥ 6 anos) ou ≥ 1x/semana (≤ 5 anos)? C - calada da noite tem sintomas? D - diurno tem sintomas ≥ 3x/semana (se ≥ 6 anos) ou ≥ 1x/semana (≤ 5 anos)? Controlada = nenhum ponto Parcialmente controlada = 1 ou 2 pontos Descontrolada = 3 ou 4 pontos ou internou com crise Asma controlada por 3 meses: volta um passo Asma não controlada: verificar ambiente, aderência e técnica de tratamento antes de subir um passo CRISE ASMÁTICA Classificação da gravidade: clínica e peak flow (PFE) LEVE A MODERADA PFE > 50%, desconforto respiratório leve SABA 4-10 jatos 20/20 min por 1h. Corticoide sistêmico GRAVE PFE ≤ 50%, fala frases incompletas, taquipneia Idem + SAMA 4 jatos 20/20 min por 1h CM 12 - DISPNEIA 9 (alcalose respiratória), taquicardia (FC > 120) MUITO GRAVE Sonolência e confusão mental, não sibila, taquipneia com acidose respiratória (via aérea fechada total) Idem grave + IOT e UTI Tratamento Salbutamol 100 mcg/dose 4 jatos 20/20 minutos por 1 hora → espaçar a cada 2 ou 4h Ipratrópio 20 mcg/dose 4 jatos 20/20 minutos por 1h Prednisona 40 mg VO ou EV 1x O2 suplementar: saturação alvo 93-95% (criança 94-98%) Alta da crise asmática Iniciar tratamento de manutenção (3º passo) ou subir umpasso Orientar medidas ambientais, aderência, técnica Manter corticoide VO 5-7 dias nos adultos ou 3-5 dias nas crianças Nova consulta em 2-7 dias Esclarecer dúvidas ⚠ Beta 2 agonista de curta duração (SABA): salbutamol / beta 2 agonista de longa duração (LABA): formoterol ⚠ Anticolinérgico de curta duração (SAMA): ipratrópio / anticolinérgico de longa duração (LAMA): tiotrópio Particularidades da asma em crianças < 6 anos Não conseguem fazer a espirometria Diagnóstico clínico empírico: “índice preditivo de asma” → 1 principal ou 2 secundários Principais: mãe ou pai com asma / paciente com dermatite atópica CM 12 - DISPNEIA 10 Secundários: rinite alérgica / sibilos sem resfriado / eosinofilia > 4% Classificação do controle da asma: idem no adulto, só muda a frequência dos sintomas diurnos e do uso de BD SOS (pelo menos 1x/semana) O uso crônico do CI pode atrasar o crescimento por 1-2 anos, mas geralmente não altera a estatura final Pacientes 6-11 anos SOS para todos: SABA 1. CI dose baixa + SABA SOS 2. CI dose baixa →uso regular 3. CI dose média ou CI dose baixa + LABA → uso regular 4. CI dose média + LABA → uso regular, encaminhar para especialista 5. CI dose média + LABA +/- anti IgE Pacientes ≤ 5 anos (0-3 anos usar máscara facial, 4-5 anos usar espaçador) 1 ou alívio: SABA SOS 2. CI dose baixa —> uso regular 3. CI dose baixa dobrada —> uso regular 4. Encaminhar para especialista DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) Definição: doença com sintomas persistentes e limitação ao fluxo aéreo, devido a alterações estruturais nas vias aéreas, causada por exposição significativa a partículas e gases nocivos Tabagismo é um grande fator de risco Tipos de DPOC Bronquite crônica obstrutiva (BB) Enfisema pulmonar (PP) CM 12 - DISPNEIA 11 Maldade de prova: deficiência de alfa 1 antitripsina Paciente jovem não tabagista, hepatopatia inexplicada, vasculite ANCA, história familiar Enfisema pan-acinar predominante em base pulmonar (não faz bronquite crônica) Quadro clínico Obstrução ao fluxo aéreo → hiperinsuflação: aumento do diâmetro ântero- posterior do tórax, retificação arcos costais, rebaixamento do diafragma Hipoventilação alveolar → MV reduzido difusamente, hipoxemia crônica (dispneia e cianose), hipercapnia Respiração dependente da hipoxemia: centro respiratório comanda a partir do nível de O2 CM 12 - DISPNEIA 12 Efeito Haldane: aumento de O2 diminui ligação da hemoglobina com o O2 Hipoxemia crônica → vasoconstrição da artéria pulmonar → insuficiência VD (cor pulmonale) Gasometria típica: ph normal ou levemente reduzido, PaCO2 alta, PaO2 muito baixa, bicarbonato alto, BE alto Diagnóstico: espirometria Padrão obstrutivo praticamente irreversível Espirometria inicial: VEF1/CVF < 0,7 Espirometria pós prova BD: VEF1 não reverte Cuidado com a pegadinha: VEF1/CVF pós BD entre 0,6 a 0,8 precisa repetir o exame para confirmar DPOC Classificação GOLD: grau da obstrução (VEF1 % previsto) GOLD 1 (leve): VEF1 ≥ 80% GOLD 2 (moderado): VEF1 ≥ 50% GOLD 3 (grave): VEF1 ≥ 30% GOLD 4 (muito grave): VEF1 < 30% Classificação ABCD: sintomas (questionários CAT, MMRC ou SGRQ) + exacerbação CM 12 - DISPNEIA 13 Tratamento de manutenção Aderência ao tratamento Cessar tabagismo Vacina influenza, pneumococo, dtpa, COVID-19, herpes zoster CM 12 - DISPNEIA 14 Exercícios físicos Reabilitação pulmonar para B-C-D Medicamentos (de acordo com a classificação ABCD) A - LABA ou LAMA regular / SABA ou SAMA SOS B - LABA ou LAMA regular C - LAMA regular D - LAMA + LABA → se D com fenótipo de asma ou eosinofilia ≥ 300: LABA + CI Se D continua exacerbando LAMA + LABA: ver eosinófilos —> se < 100 adicionar azitromicina profilática ou roflumilast; se ≥ 300 adicionar CI LABA + CI: adicionar LAMA Medidas que reduzem a mortalidade Cessar tabagismo O2 domiciliar (cateter nasal de baixo fluxo > 15h/dia): alvo sat 02 ≥ 90% PaO2 ≤ 55 mHg ou saturação ≤ 88% em repouso PaO2 56-59 mmHg + Ht > 55% ou cor pulmonale (insuficiência VD) Em paciente estável e em repouso, pelo menos 60 dias após descompensação Cirurgia de pneumo-redução em enfisema apical grave DPOC descompensada Definição: piora aguda do quadro respiratório DPOC pode ter IAM, TEP, IC, PTX, FA (diagnósticos diferenciais) Principal causa de descompensação: infecção pulmonar viral > bacteriana (Haemophilus e pneumococo) Se grave ou ATB recente: Pseudomonas Como suspeitar? Um ou mais sintomas cardinais Mudança de característica do escarro Aumento do volume do escarro CM 12 - DISPNEIA 15 Piora da dispneia Na descompensação: a gasometria apresenta acidose respiratória → após ventilação mecânica, ocorre alcalose metabólica Tratamento A - ATB: secreção purulenta OU indicação de VNI/IOT → amoxicilina com clavulanato ou macrolídeo 5-7 dias B - broncodilatador: SABA (salbutamol) +/- SAMA (ipratrópio) por máscara C - corticoide: prednisona 40 mg 5-7 dias D - dar O2: alvo sat 02 88-92% VNI: acidose respiratória descompensada (ph ≤ 7,35 e PaCO2 ≥ 45), hipoxemia persistente, sinais de fadiga respiratória IOT: rebaixamento do nível de consciência ou falha de VNI ⚠ Beta 2 agonista de curta duração (SABA - salbutamol): 4 a 8 puffs a cada 20 min por 1 hora, depois 2/2 ou 4/4 h ⚠ Anticolinérgico de curta duração (SAMA - ipratrópio): 2 a 4 puffs junto com o salbutamol PNEUMOPATIAS INTERSTICIAIS DIFUSAS Macete do RX tórax Fibrose Superior → Silicose e Sarcoidose Fibrose Inferior → fibrose pulmonar Idiopática PNEUMOCONIOSE Doença pulmonar ocupacional por inalação de micropartículas → fibrose difusa (restrição à entrada de ar) CM 12 - DISPNEIA 16 Diagnóstico: história ocupacional + RX tórax Asbestose (amianto): construção civil, demolição Silicose: pedreira, jateamento de areia e de vidro → infiltrado e fibrose em zonas superiores + linfonodos calcificados na sua periferia (”em casca de ovo”) Aumenta risco de tuberculose
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