Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 1 de 8 DRGE TÓPICOS ABORDADOS: Conceito (2) Sintomas Típicos (2) Sintomas Atípicos (12 ou mais) Fatores de Risco (5) DRGE (erosiva x não erosiva) DRGE x HP Barret → Conceito e classificação → Neo esófago Recidivas DRGE Diagnóstico → Clínico/EDA/PH/IMP Anamnese Sinais de alarme Indicação de EDA Complicações da DRGE Indicações de manometria Indicações de pHmetria Objetivo de tratamento de DRGE Tratamento clínico Tratamento farmacológico Tratamento cirúrgico INTRODUÇÃO I A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo vindo do estômago provoca sintomas desagradáveis e/ou complicações. É um dos diagnósticos mais comuns no atendimento primário. I O diagnóstico é baseado na presença de sintomas típicos ou atípicos e extraesofágicos, através da terapia supressora de ácido com o uso de IBP, achados à endoscopia de lesões mucosas relacionadas ao refluxo e pelo monitoramento prolongado do refluxo pela pHmetria esofágica ou impedância-pHmetria esofágica. I Muitas vezes a DRGE está associada a alteração do sono → Pirose noturna e queixas da qualidade do sono estão relacionadas com refluxo gastresofágico patológico e o tratamento com IBP pode melhorar a qualidade do sono. FATORES DE RISCO I Idade: Aumenta com a idade. I Sexo: Mulheres. I Gestação. I Obesidade. I Hérnia hiatal: Relaciona-se com as formas mais graves. I Fatores genéticos. ETIOPATOGENIA, FISIOPATOGENIA E APRESENTAÇÃÕ FATORES PATOGÊNICOS I Episódios de refluxo: Frequência; Volume e extensão do refluxato; Esfíncter inferior esofágico: Aberturas transitórias; hipotensão esfincteriana (minoria). I Redução da capacidade de depuração esofágica. I Agressividade do material refluído: Ácido; Álcalis; Pepsina; Hiperosmolaridade. I Redução na resistência tecidual ao conteúdo refluído. I Natureza do refluxo: Liquido; Gasoso. I As lesões características da DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxato gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. → Normalmente, ocorrem episódios de refluxo de DRGE Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 2 de 8 curta duração e rápida depuração, denominado refluxo fisiológico. I Vários fatores podem contribuir para o refluxo se tornar patológico, dentre eles, podemos destacar: aberturas transitórias ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago. → Esses ocorrem independentemente da deglutição. I O refluxo que ocorre no período pós-prandial, se origina de um reservatório gástrico de ácido. Essa bolsa ácida recém-secretada não se mistura com a refeição e pode ser detectada após 20 min. da refeição. → Em paciente com DRGE, e com hérnia hiatal, a bolsa se estende mais. I O refluxo provoca diminuição da resistência do epitélio mucoso esofágico com dilatação do espaço intercelular (presente precocemente tanto na erosiva quanto na não erosiva) e presença de erosões. → A presença de erosões na mucosa pode não ocorrer! I A gravidade da esofagite é relacionada à duração, ao tempo de exposição ácida e ao pH do conteúdo gástrico refluído. I A DRGE pode ser classificada em erosiva ou não erosiva ao exame endoscópico. DRGE NÃO EROSIVA I É a mais frequente, caracterizada pela presença de sintomas associados ao refluxo, com ausência de erosões ao exame endoscópico. I A presença de edema e eritema por si só NÃO caracterizam a ocorrência de DRGE-NE. → A mesma pode ser diagnosticada com base na história clínica, embora a presença de sintomas típicos também não assegure o diagnóstico de forma definitiva. I Dessa forma, é preciso realizar um teste terapêutico, particularmente, < 45 anos. I É a ausência de alterações endoscópicas que, na dependência da ocorrência de sintomatologia típica, pode corresponder à forma não erosiva da enfermidade. DRGE EROSIVA I É a apresentação clássica, com sintomas clínicos e presença de erosões ao exame endoscópico, embora não tenha especificidade elevada. Dentre as classificações endoscópicas da esofagite, a mais adotada é a classificação de Los Angeles. LOS ANGELES GRAU ACHADO A Uma ou mais erosões menores do que 5 mm. B Uma ou mais erosões maiores do que 5 mm em sua maior extensão, não contínuas entre os ápices de duas pregas esofágicas. C Erosões contínuas (ou convergentes) entre os ápices de pelo menos duas pregas, envolvendo menos do que 75% do órgão. D Erosões ocupando pelo menos 75% da circunferência do órgão. HELICOBACTER PYLORI (HP) I A infecção por HP não tem relação com a DRGE e sua erradicação não agrava seus sintomas. Sendo então, não indicado a pesquisa do HP ou sua erradicação. ESÔFAGO DE BARRE T I O esôfago de Barret a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células intestinalizadas (metaplasia intestinal) em qualquer extensão do órgão. → Resultante do refluxo patológico crônico. I De início é diagnostico é pelo exame endoscópico, mas deve ser confirmado pela biopsia, no qual vai mostrar metaplasia intestinal incompleta com presença de células caliciformes. Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 3 de 8 I O uso da pHmetria de 24h mostra que o paciente fica exposto ao pH ácido < 4 por um período prolongado. I É uma condição pré-maligna, sendo o maior fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma do esôfago distal. O risco de malignidade está relacionado a extensão do epitélio metaplásico > 3 cm. RECIDIVAS I Pacientes com DRGE apresentam diferentes defeitos fisiopatológicos e as vezes não são efetivamente corrigidos com o tratamento, mas não amenizados pelo bloqueio do acido que provem do estomago. Sendo assim, é possível que, após o tratamento, possam ocorrer recidivas com a suspensão do tratamento, principalmente em casos mais graves. I O tratamento de manutenção deve ser considerado, sobretudo, nos casos de esofagite erosiva. DIAGNÓSTICO I O diagnóstico começa com uma boa anamnese. Esta deve identificar os sintomas característicos, bem como definir sua intensidade, duração e frequência. Devem ser observados os fatores desencadeantes e de alívio, além de ser determinado o padrão de evolução da enfermidade no decorrer do tempo, assim como o impacto na qualidade de vi da dos pacientes. Os sintomas considerados típicos são: ❖ Pirose: algumas vezes chamada de azia, que é a sensação de queimação retrosternal que se irradia do epigástrio à base do pescoço, podendo atingir a garganta. ❖ Regurgitação: definida como a percepção do fluxo do conteúdo gástrico refluído para a boca ou hipofaringe. I Pacientes que apresentam sintomas com frequência mínima de 2x por semana, há cerca de 04-08 semanas, devem ser considerados possíveis portadores de DRGE. A pirose costuma ocorrer 30 a 60 minutos após as refeições, especialmente quando estas são muito volumosas e/ou ricas em gordura. Associados aos sintomas típicos, também podem ocorrer sialorreia, eructação, sensação de opressão retroesternal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E ANAMNESE SINTOMAS ATÍPICOS Dor torácica não cardíaca Globus Histericus (faringeus) Asma Tosse crônica Hemoptise Bronquite Bronquiectasia Pneumonias de repetição Rouquidão/Pigarro Laringite posterior crônica Sinusite crônica Otalgia Desgaste do esmalte dentário Halitose Otite média Apneia do sono Fibrose pulmonar idiopática Aftas Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 4 de 8 I Pacientes que apresentam sintomas com frequência mínima de 2x por semana, há cerca de 04-08 semanas, devem ser considerados possíveis portadores de DRGE. I A intensidadee a frequência dos sintomas da DRGE são fracas preditoras da presença ou da gravidade da esofagite. I Os pacientes que apresentam manifestações de alarme são passíveis de uma conduta diagnóstica inicial mais agressiva. → São consideradas manifestações de alarme: disfagia (dor ao deglutir), odinofagia (dor de garganta), anemia, hemorragia digestiva e emagrecimento, história familiar de câncer, náuseas e vômitos, além de sintomas de grande intensidade e/ou de ocorrência noturna. TESTE DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO I O teste diagnóstico terapêutico é o uso de IBP, administrado em dose plena por um período de quatro semanas, para os pacientes com menos de 45 anos e com manifestações típicas. I Ainda assim, é recomendado que todo paciente com suspeita ou diagnóstico de DRGE realize a endoscopia digestiva alta (EDA) antes do início do tratamento. → Pois é seguro, baixo custo. A EDA permite a visualização direta da mucosa e aumenta a acurácia diagnóstica nos casos de DRGE erosiva. Isto, além de identificar precocemente as complicações ou outras eventualidades, como neoplasias de esôfago e estômago. I Entretanto o inicio do tratamento antes do teste terapêutico também é indicado. EXAME ENDOSCÓPICO E BIÓPSIA DE ESÔFAGO I É o método de escolha para o diagnóstico das lesões causadas pelo refluxo gastroesofágico. Permite a caracterização da presença de erosões da mucosa esofágica e possibilita a realização de biópsias. Além de possibilitar a classificação da DRGE erosiva ou não. I As biópsias de esôfago têm indicação limitada apenas às complicações da doença: esôfago de Barrett, úlceras de esôfago e estenose, além de caracterizar o adenocarcinoma esofágico. → É aconselhável a classificação de Los Angeles, devido a existência de numerosas classificações endoscópicas. RAIO-X CONTRASTADO DE ESÔFAGO (ESOFAGOGRAMA OU SERIOGRAFIA) I Tem hoje indicação restrita em função dos avanços da avaliação endoscópica. → O exame pode auxiliar na investigação de pacientes que referem disfagia e odinofagia, tornando-se fundamental para caracterizar estenoses e ajudar na decisão terapêutica dessa complicação. CINTILOGRAFIA I Pode demonstrar o refluxo do conteúdo gástrico após ingestão de contraste marcado com 99Tc. → O exame é caro e pouco disponível, mas por ser uma técnica não invasiva, tem sido utilizado para o diagnóstico da DRGE em crianças. MANOMETRIA CONVENCIONAL E MANOMETRIA ESOFÁGICA DE ALTA RESOLLUÇÃO I Primeiramente, a DRGE não pode estar baseada nos resultados do esofagograma ou da manometria. MANOMETRIA CONVENCIONAL I A manometria convencional tem valor bem limitado. Entretanto, está indicada nas seguintes condições. ❖ Antes da realização do exame pHmétrico, para localizar de forma mais precisa o EEI para localização para colocação do sensor de pH. ❖ No pré-operatório da DRGE, para afastar acalasia (perda de peristaltismo esofágico e falha no relaxamento do esfíncter esofágico inferior em resposta à deglutição) e distúrbios importantes de motilidade esofágica, pois estes contraindicam a fundoplicatura. A presença de peristalse diminuída é menos importante antes da cirurgia porque estas alterações não têm se correlacionado com a predição de disfagia pós-fundoplicatura. Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 5 de 8 ❖ Na investigação complementar de disfagia, principalmente quando existe suspeita de alterações motoras do esôfago, como p. ex. esôfago em quebra-nozes e espasmo esofágico difuso. 1: Esôfago em quebra-nozes. MANOMETRIAL DE ALTA RESOLUÇÃO I A manometria de alta resolução, possibilita o emprego de vários sensores de pressão, inclusive sensibilidade circunferencial, que faz com que a imagem final seja contínua e espacial. Apresenta maior especificidade na identificação dos tipos acalasia, obstrução funcional da junção esofagogástrica e na definição do espasmo esofágico. PHMETRIA DE 24H I O monitoramento do pH intraesofágico pode ser realizado via cateter transnasal ou com cápsula telemétrica sem fio e pode detectar episódios de refluxo medindo as diminuições do pH esofágico. Assim, este último método é capaz de medir refluxos ácidos e não ácidos. I Dentre suas limitações, a pHmetria prolongada é incapaz de determinar o volume ácido do refluxato. Mas ainda assim, é um método especifico e sensível para o diagnóstico do refluxo e sua correlação com os sintomas referidos pelos pacientes. I Indicações: ❖ Documentar a exposição ácida em paciente com endoscopia negativa, quando considerado para intervenção endoscópica ou cirúrgica. ❖ Na avaliação de pacientes com sintomas típicos de refluxo que apresentam endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. ❖ Na documentação da adequação do tratamento com IBP para controle ácido gástrico em pacientes com complicações como esôfago de Barrett. ❖ Na avaliação de pacientes com sintomas atípicos que apresentam a endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. PHMETRIA SEM FIO: CÁPSULA BRAVO I Esse método dispensa o uso de sondas, fios ou cabos. O sistema é um aperfeiçoamento da pHmetria de 24h. I A cápsula é afixada temporariamente por sucção na mucosa do esôfago distal, de onde transmite, via radiotelemetria, sinais para o receptor que é preso ao cinto do paciente. Após o período de exame, a cápsula se desprende espontaneamente e é eliminada pelo tubo digestivo, e os sinais são analisados por um programa instalado em computador. I O sistema permite o registro prolongado do pH esofágico por até 96h. A cápsula também dispensa o uso de sedação para sua instalação. I Entretanto, sua utilização é restrita, por ser de alto custo. Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 6 de 8 IMPEDÂNCIA ESOFÁGICA I É capaz de detectar fluxo de líquidos e gás ao longo do esôfago por meio de um cateter intraluminar. Portanto, a determinação da impedância detecta a ocorrência de alterações na resistência à corrente elétrica por meio de eletrodos em pares posicionados no interior do esôfago (de maneira sequencial), por meio de um dispositivo de sonda. O método é capaz de diferenciar o trânsito esofágico de sólidos ou líquidos, tanto no sentido anterógrado quanto no sentido retrógrado (refluxo gastroesofágico). I A impedância não caracteriza o refluxo de natureza ácida e, por isso, a monitoração do volume e conteúdo ácido do material refluído não pode ser determinado pelo método. Para obviar essa deficiência, é incorporado ao sistema um eletrodo de pH (impedância-pHmetria), que permite que o refluxato possa ser categorizado nas seguintes categorias: ❖ ácido (pH < 4); ❖ fracamente ácido (pH entre 4 e 7); ❖ fracamente alcalino (pH > 7). I É recomendo que o uso desse método (impedância- pHmetria) seja usado nos seguintes casos: ❖ Avaliação de pacientes com pirose e regurgitação e endoscopia negativa, a despeito de terapia adequada com IBP. ❖ Pacientes com queixas primárias de DTNC ou sintomas extraesofágicos (refratários ao tratamento). TRATAMENTO I O objetivo é controlar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir as complicações, podendo ser clínico e cirúrgico. TRATAMENTO CLÍNICO I Deve abranger medidas comportamentais e farmacológicas simultaneamente. TRATAMENTO COMPORTAMENTAL I As medidas comportamentais visam prevenir condições e alimentos que promovam ou facilitam o refluxo. ❖ Elevação da cabeceira da cama: Evitar distúrbios do sono, que pode ser consequência da pirose noturna. ❖ Redução de peso: Para pacientes obesos ou com sobrepeso, devido a relação do IMC com o aparecimento de sintomas relativos à DRGE. MEDIDAS COMPORTAMENTAIS Elevação da cabeceira da cama (15 cm). Moderar a ingestão de alimentos gordurosos, cítricos, café, bebidas alcoólicas,bebidas gasosas, menta, hortelã, produtos à base de tomate, chocolate. Cuidados especiais com medicamentos potencialmente “de risco”, como colinérgicos, teofilina, bloqueadores de canal de cálcio, alendronato. Evitar deitar-se nas duas horas posteriores às refeições. Suspensão do fumo. Evitar refeições copiosas (grandes quantidades). Redução do peso corporal em obesos TRATAMENTO FARMACOLÓGICO I A inibição da secreção ácida gástrica é benéfica no tratamento dos pacientes com DRGE, haja vista ocorrer a melhora dos sintomas e a cicatrização da esofagite. I Alcalinos (ou antiácidos) e sucralfato: São usados para neutralizar a secreção ácida gástrica, servindo apenas no controle imediato dos sintomas. → São raramente usados. I Alginato: Quando exposto ao conteúdo gástrico é formado uma matriz de gel sobrenadante ao ácido e assim é estabilizado por íons de cálcio. Tem se usado para prevenção do refluxo originário da bolsa ácida. A combinação de um IBP com o alginato tem ganhado interesse após a recente descoberta da bolsa ácida na porção proximal do estômago. Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 7 de 8 I Bloqueadores dos receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina): Bom na cicatrização de esofagite erosiva leve, mas não são ideias para o tratamento de doença moderada a intensa ou por longo período, já que apresentam taquifilaxia. → Geralmente prescritos quando não se pode utilizar o IBP. I Procinéticos (metoclopramida, domperidona e bromoprida): Usado no alívio da pirose. São medicamentos de exceção, pois não aumentam o índice de cicatrização da esofagite. → Podem ser usar apenas em associação com IBP em pacientes com quadro de dismotilidade associada à DRGE (ex., empachamento pós-prandial). I IBP: É o mais indicado na DRGE, com altos índices de cicatrização, eficazes para o tratamento prolongado. I Os IBPs devem ser considerados medicamentos de escolha (em ciclo de 04-08 semanas de tratamentos para a fase aguda). ❖ Dose plena: Para o tratamento inicial da DRGE não complicada. ❖ Dose dobrada: Pacientes complicados (estenose, úlcera ou esôfago de Barret) ou com manifestações atípicas (por período prolongado, em geral, de 06 meses de tratamento). I As doses do tratamento de manutenção costumam ser inferiores àquelas utilizadas no tratamento da fase aguda. I Administração do IBP: Deve ser feita em jejum, 30- 60 minutos antes da ingestão alimentar. I Efeitos colaterais: Cefaleia, diarreia, constipação e dor abdominal. IBPs DISPONÍVEIS NO MOMENTO Omeprazol 40 mg Lansoprazol 30 mg Pantoprazol 40 mg Rabeprazol 20 mg Esomeprazol 40 mg TRATAMENTO CIRÚRGICO CONDUTAS OPERATÓRIAS: INDICAÇÕES, TÉCN ICAS E TÁTICAS I O tratamento cirúrgico é indicado nas seguintes condições: ❖ Esofagites recidivantes após tratamentos bem conduzidos, de no mínimo 06 meses. ❖ Complicações da DRGE, inclusive as extraesofágicas. ❖ Uso de IBP por longos anos. ❖ Hérnias de grande volume em pacientes com risco de volvo ou perfuração. ❖ Baixa idade. I Quando os sintomas afetam a qualidade de vida do paciente, a indicação pode ser também subjetiva. I A normalização da motilidade esofágica e o aumento da pressão do esfíncter esofágico inferior com o uso de medicamentos ainda não foram totalmente alcançados. I Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são as fundoplicatura totais e parciais feitas pela via laparoscópica, nos quais o esôfago distal é envolvido pelo fundo do estomago em 360° e 270°, respectivamente. Associa-se a elas o fechamento do hiato esofágico, fazendo-o retornar ao seu diâmetro normal. → Nesses casos, o objetivo e restaurar o segmento intra-abdominal do esôfago, mantendo-o em posição anatômica, recriando uma zona de alta pressão na junção esofagogástrica. FUNDOPLICATURA TOTAL I Dentre elas, a mais utilizada é a fundoplicatura total, para os quadros de DRGE sem alteração da motilidade. → Neste caso é corrigido o refluxo e o Maria Luiza Fernandes – @marialuizaffernandes – Página 8 de 8 esôfago volta ao movimento peristáltico normal. Importante realizar um estudo manométrico nesses casos, para descartar dismotilidade por outra causa, como p.ex., a acalasia. FUNDOPLICATURA PARCIAL I Caso se comprove que há alteração motora orgânica e não somente funcional reacional, as fundoplicatura parciais são aceitas como indicação preferencial e realizadas com válvulas longas. I As hérnias paraesofágicas tem a mesma forma de abordagem cirúrgica que as de deslizamento, devendo ser adicionada ao procedimento a ressecção do saco herniário, que normalmente é volumoso. LINX I Mais recentemente, foi introduzida uma nova tecnologia à abordagem cirúrgica, o Linx, ainda não disponível no Brasil. I É um sistema que utiliza um pequeno anel expansível composto por contas de titânio magneticamente imantadas que promove o aumento mecânico da função do esfíncter esofágico inferior. O aparelho é implantado por via laparoscópica no esôfago distal ao nível da junção esofagogástrica. A atração magnética entre cada conta aumenta a pressão do esfíncter esofágica inferior. Quando ocorrem pressões maiores, as forças magnéticas são sobrepassadas, permitindo funções com deglutição, eructação e vômitos. ACOMPANHAMENTO PÓS-OPERATÓRIO I O acompanhamento é realizado com os mesmos métodos utilizados para o diagnóstico, ou seja, EDA, pHmetria esofágica de 24h, esofagograma com videofluoroscopia, se possível, e manometria. I Esôfago de Barret: Há necessidade de acompanhamento preferencialmente endoscópico e biópsia da seguinte maneira: ❖ Sem a presença de displasia: O seguimento pode ser a cada três anos. ❖ Com displasia de baixo grau: A cada ano ❖ Com displasia de alto grau: Revisão da lâmina por outro patologista independente. No caso de confirmação de diagnóstico, o paciente deve ser encaminhado à cirurgia ou à ablação endoscópica. I Alguns pacientes apresentam recidiva dos sintomas que podem estar relacionados às desordens da motilidade esofágica e não causadas pela fundoplicatura. Exemplos mais frequente são a acalasia e espasmos esofágicos difusos associados ao quadro. → Nesses casos, o acompanhamento pós-operatório é necessário, e a melhor avaliação se faz com o uso do esofagograma baritado e idealmente com deglutograma. I A disfagia em vários níveis de intensidade é o sintoma mais frequente relatado pelos pacientes no pós-operatório. Porém, em 50% dos casos, ela desaparece ao redor de cinco ou seis semanas. Poucos são os persistentes e, quando existirem, há necessidade de dilatações endoscópicas que podem melhorar o quadro. Contudo, se no prazo de seis meses, apesar das dilatações, o quadro disfágico continuar, há necessidade de considerar o fechamento exagerado do anel hiatal. A fibrose que se forma é muito resistente e não cede ao processo dilatatório. Assim, é preciso ter em mente que houve complicação no hiato e nova abordagem cirúrgica laparoscópica deve ser considerada.
Compartilhar