Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Beatriz Cavalcanti Regis MEDCURSO – Nefro Dia 1 e 2 2 glomerulopatias introdução · Lesões renais: (1) síndromes glomerulares; (2) síndromes tubulares; (3) síndromes vasculares; (4) distúrbio eletrolítico/AB; (5) síndrome urêmica. síndromes glomerulares Síndrome nefrítica (GNDA) · Recrutamento de leucócios obstrução das fendas de filtração oligúria (1º sinal clínico) congestão volêmica (continua a ingerir líquido) HAS e edema · Hematúria dismórfica (> 3 hemácias/campo) · Cilindros hemáticos Obs.: cilindros hialinos (proteínas de Tamm Horsfall produzidas na alça de Henle) – sem significado clínico. · Piúria/leucocitúria · Proteinúria 150mg-3,5g/dia (normal: até 150mg) · Aumento de Ur e Cr (devido a oligúria) · Etiologias: · Glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) · Causa mais comum de GNDA · 2-15 anos (2H:1M) · Sequela da infecção do S. pyogenes (faringotonsilite = > 1 semana lesão renal / piodermite = > 2 semanas lesão renal) Obs.: Faringe (ASO) / Pele (anti-DNAse B) · Clínica: síndrome nefrítica · História natural: oligúria (até 1 semana), queda transitória do C3 (até 8 semanas), hematúria microscópica (1-2 anos) e proteinúria <1g/dia (2-5 anos) – não são bons parâmetros para acompanhar a doença · Diagnóstico: Infecção recente? Período de incubação compatível? Infecção estreptocócica? Houve queda transitória do complemento? · Biópsia: quando houver dúvidas se é GNPE 1. Anúria/IR acelerada 2. Oligúria > 1 semana 3. Hipocomplementemia > 8 semanas 4. Proteinúria nefrótica 5. Hematúria macroscópica/HAS > 4 semanas (SBP) 6. Evidência de doença sistêmica · Diagnóstico de certeza: microscopia eletrônica GIBA (humps) – depósito subepitelial · Tratamento: restrição hidrossalina; diuréticos (furosemida); vasodilatadores (hidralazina); diálise se necessário; ATB (evitar transmissão) · Prognóstico muito bom · Infecciosas não-GNPE: bacterianas (endocardite, sepse e abscessos), virais (hepatites, caxumba e sarampo) e parasitárias (malária e toxoplasmose) · Complemento baixo · Primárias: Berger (nefropatia por IgA) · Sistêmicas: Goodpasture Alterações assintomáticas · Doença de Berger (nefropatia por IgA) · Glomerulopatia primária mais comum no mundo · 10-40 anos (2H:1M) · Incomum na população negra · Depósitos de IgA no mesângio · Clínica: hematúria macroscópica recorrente (50%) – após fatores precipitantes (infecções, exercício, estresse); hematúria microscópica persistente (40%); síndrome nefrítica (10%) – sem período de incubação e complemento normal (o que diferencia da GNPE) Obs.: púrpura de henoch-schonlein = artrite + dor abdominal + petéquias + depósito de IgA no mesângio · Laboratório: aumento de IgA no sangue e pele · Diagnóstico de certeza: biópsia · Associada a cirrose, doença celíaca e HIV · Tratamento: acompanhamento; IECA; corticoide (se mais grave) · Prognóstico variável (piores: idade avançada, sexo masculino, hematúria microscópica, ptn > 1g/dia, HAS e Cr > 1,5) GlomeruloNfrite Rapidamente Progressiva (gnrp) · Síndrome nefrítica que evolui de forma grave (insuficiência renal, crise hipertensiva e anasarca) · Presença de “crescentes” em mais de 50% dos glomérulos · Etiologia: · Anti-MBG: doença de Goodpasture (síndrome pulmão-rim) · Rara, 20-40 anos (6H:1M) · Associada a tabagismo · Anticorpo contra membrana basal glomerular e alveolar · Clínica: glomerulonefrite e hemorragia pulmonar · Complemento normal · Diagnóstico: anti-MB e biópsia renal (padrão linear à imunoflorescência) · Tratamento: plasmaférese (lavar os anticorpos circulantes) + corticoide + imunossupressor · Imunocomplexos: GNPE, Berger, LES · Pauci-imune: Wegener, poliangeíte Síndrome nefrótica · Proteinúria > 3,5g/dia ou 50mg/kg/dia (crianças = 40mg/m²/h) · Amostra aleatória: relação proteína/creatinina urinária > 2mg/mg (normal: até 0,2) · Hipoalbuminemia (< 2,5g/dL) + hipoproteinemia (antitrombina III, IgG, transferrina) · Diminuição da pressão oncótica edema (periorbitário, perimaleolar) · Síntese de lipoproteínas pelo fígado hiperlipidemia/lipidúria (cilindros graxos) · Única proteína que não é perdida: alfa 2 globulina · Duas barreiras: podócitos (segura macromoléculas) e membrana basal (segura carga negativa, como a albumina) · Clínica: urina espumosa, edema e complicações (TVP – trombo na veia renal podendo causar dor lombar, hematúria, piora da proteinúria e varicocele súbita à E; infecção – PBE/pneumococo; aterogênese acelerada pela hiperlipidemia; anemia ferropriva refratária ao sufalto ferroso) Obs.: veia gonadal D drena para VCI / veia gonadal E drena para veia renal E · Condições de síndrome nefrótica mais relacionadas a trombose da veia renal: nefropatia membranosa, GN mesangiocapilar e amiloidose · Etiologia: · Primárias = biópsia: · Lesão mínima - Causa mais comum em crianças (1-8 anos) - Lesão somente vista pela microscopia eletrônica: fusão e retração podocitária - Associação: linfoma de Hodgkin e uso de AINES - Evolução: episódios intensos de proteiúria + nada - Tratamento: corticoide (única forma de síndrome nefrótica que responde muito bem e que não precisa de biópsia) e restrição salina - Não consome complemento · Glomeruloesclerose focal e segmentar (GEFS) - Causa mais comum em adultos - Glomérulos que não tem a lesão da GEFS, têm a lesão mínima - Secundária à outras condições (LES, sobrecarga/hiperfluxo) - Associação: HAS, DM, obesidade mórbida, anemia falciforme, uso de heroína, pré-eclâmpsia, HIV, refluxo vesico-ureteral e pós-transplante - Evolução: HAS - Tratamento: corticoide / “pril-sartan” - Não consome complemento · GN proliferativa mesangial - Não cai em prova! · Nefropatia membranosa - 2ª causa mais comum nos adultos - Espessamento da membrana basal - Associação: neoplasia oculta, LES, hepatite B e uso de medicamentos (captopril, sais de ouro e D-penicilamina) - Evolução: variável / complica com trombose da veia renal - Tratamento: corticoide / “pril-sartan” / profilaxia anti-trombótica - Não consome complemento · GN mesangiocapilar (membranoproliferativa) - Principal diagnóstico diferencial com GNPE (hipocomplementemia por > 8 semanas) - Expansão mensangial (aspecto de duplo contorno à microscopia óptica) - Associação: hepatite C - Evolução: complica com trombose da veia renal - Tratamento: corticoide / “pril-sartan” - Única que consome o complemento · Secundárias: · Nefropatia diabética - Principal causa de IRC no mundo (20-40% desenvolve estágio de rins terminais em 10 anos) - Evolução: (1) hiperfluxo/sobrecarga glomerular e aumento dos rins; (2) microalbuminúria (30-300mg/dia); (3) proteinúria (>300mg/dia de albuminúria) – lesão renal diabética declarada (HAS, retinopatia e edema); (4) aumento de Cr Obs.: amostra aleatória (albumina/creatinina = 30-300mg/g) - DM tipo 1: 5 anos após começo a rastrear para lesão renal / DM tipo 2: no momento do diagnóstico começo a rastrear - Rastrear anualmente com microalbuminúria os pacientes com DM tipo 2 - Associação com doença cardiovascular - Glomerulopatia: hiperfluxo/sobrecarga glomerular (glicose puxa água – filtra 30% a mais) espessamento da membrana basal + expansão mesangial colapso da alça capilar (focal/glomeruloesclerose nodular/kimmelstiel-wilson ou difusa/glomeruloesclerose difusa) - Tratamento: controle rigoroso da glicemia (HbA1c ≤ 7%); IECA ou antagonistas de ATII; controle da PA (PA < 130x80); restrição proteica (avaliar risco-benefício) Obs.: DM aumenta risco de ITU, necrose de papila e acidose tubular renal tipo IV (hipoaldosteronismo hiporreninêmico) · Nefroesclerose hipertensiva - Lesão arteriolar (estreitamento) isquemia glomerular (leva à GEFS) · Nefropatia pelo HIV - É uma GEFS colapsante · Nefropatia por refluxo vesico-ureteral (pielonefrite e cicatrizes nos glomérulos) - É uma GEFS (glomérulos que sobram ficam sobrecarregados) · Amiloidose renal - Coloração do material de biópsia: vermelho do Congo Trombose glomerular (síndrome hemolítico-urêmica) · E. coli O:157-H7 dano endotelial ao glomérulo plaquetas rede de fibrina (trombos) prejuízo na filtração + hemácias são destruídas ao passar pelos trombos· Tríade: anemia hemolítica, plaquetopenia e insuficiência renal
Compartilhar