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CÂNCER DE BEXIGA É um câncer que atinge três vezes mais homens do que as mulheres, principalmente na população branca, sendo que o risco aumenta com a idade (com uma média de idade do diagnostico de 65 anos). É o segundo câncer mais comum no trato geniturinário, perdendo apenas para o de próstata Os principais FATORES DE RISCO para o câncer da bexiga são: 1. Tabaco Indivíduos tabagistas possuem uma incidência até quatro vezes maior em comparação com os não fumantes, isso porque os carcinógenos contidos no tabaco são filtrados do sangue para a urina e mantêm contato com as células uroteliais que revestem a bexiga, os ureteres e a pelve renal. O risco de câncer é dose-dependente e se reduz com a cessação do uso (levando uma média de 20 anos de cessação para retornar aos níveis de um não-tabagista). 2. Abuso de analgésicos derivados de fenacetina 3. Consumo de carnes vermelhas 4. Irradiação da pelve, exposição ao quimioterápico ciclofosfamida e exposição ocupacional, principalmente a aminas aromáticas (tinta, couro, borracha, indústria têxtil, gráfica) 5. Estados inflamatórios crônicos (pacientes com esquistossomose e pacientes paraplégicos com cateteres de demora de uso crônico) → Principalmente o subtipo de células escamosas APRESENTAÇÃO CLÍNICA E ROTINA DIAGNOSTICA Hematúria é o sinal de apresentação mais comum, tendo como características: 1. Ser intermitente 2. Ser indolor, exceto quando estiver associada a coágulos e obstrução 3. Pode ser macroscópica ou microscópica Além disso, é comum o paciente apresentar também sintomas irritativos do trato urinário inferior, como polaciúria, urgência e disúria, estando especialmente associados a carcinoma in situ ou tumores invasivos. Todo paciente acima de 40 anos com hematúria, deve ser investigado para a presença de câncer urotelial, principalmente tabagistas Além disso, o paciente pode apresentar ainda uma massa pélvica com obstrução urinaria e edema de membros inferiores com envolvimento linfonodal Em casos de suspeita de câncer da bexiga, a rotina deve ser: 1. Citologia urinária 2. Cistoscopia 3. Exame de imagem do trato superior CISTOSCOPIA É a conduta padrão no diagnóstico e acompanhamento do câncer de bexiga. Nesse procedimento, o urologista insere um cistoscópio através da abertura externa da uretra. Quando o citoscópio está na bexiga é injetado soro fisiológico para expandir a bexiga e permitir a visualização do seu interior. Se uma área anormal é observada durante a cistoscopia, será feita uma biópsia (ressecção transuretral do tumor), sob anestesia, pegando a camada muscular da bexiga. Com auxílio de um instrumento inserido através do cistoscópio, é removida uma amostra do tecido/tumor e de algumas células próximas ao tumor, que depois é enviada para um laboratório de patologia para análise, dando assim o diagnostico definitivo de câncer da bexiga. Lembrar que o componente superficial do tumor deve ser ressecado separadamente de seu componente profundo (base da lesão) e que deve ser feito palpação bimanual antes e após a ressecção da lesão, com o propósito de fornecer informações sobre a mobilidade vesical. Uma segunda ressecção transuretral deve ser realizada se: a. O material retirado na primeira ressecção for insuficiente para avaliar apropriadamente a lesão, especialmente profundidade b. Estratégia terapêutica quando a ressecção for incompleta c. Casos de estadiamento T1 de alto grau CITOLOGIA URINARIA É usualmente empregada no diagnóstico de pacientes com suspeita de câncer de bexiga e no seguimento destes após terapêutica e consiste em analisar uma amostra de urina sob um microscópio para ver se existe qualquer tipo de células pré-cancerígenas ou cancerígenas. As vantagens desse tipo de exame são a facilidade de coleta e de não ser invasiva. Já as desvantagens residem na subjetividade de critérios e experiência do citopatologista e também na baixa sensibilidade do método, especialmente para tumores de baixo grau. Por outro lado, a especificidade do método é extremamente elevada, o que significa que, na presença de citologia positiva, é muito alta a existência de câncer urotelial, mesmo com exame cistoscópico normal. Biópsias de mucosa vesical normal só estão indicadas na presença de citologia positiva, a fim de detectar carcinoma in situ plano e na presença de tumores sésseis. Na suspeita de Cis plano vesical, biópsias de uretra prostática também devem ser realizadas. EXAMES DE IMAGEM Além da citologia urinaria, deve-se fazer uma avaliação radiográfica dos rins e do trato urinário superior por meio de urotomografia, que substituiu em grande parte a urografia excretora devido a maior sensibilidade e menor necessidade de utilizar contraste IV. a. Urotomografia: tomografia com a utilização de contraste IV b. Urografia excretora: É feito um raio X abdominal antes do início do exame. Depois de ser injetado um contraste de iodo, são feitos novos exames de Raio X, onde o médico conseguirá ver todo o trato urinário (por onde passou o contraste, que será eliminado pela urina). A urotomografia pode ser substituída por urografia por ressonância magnética (RM) em pacientes com insuficiência renal ou alergia ao contraste Dependendo da fonte, essa investigação com o exame de imagem é restrita a pacientes de alto risco, sendo utilizada inicialmente uma USG abdominal (que detecta tumores vesicais com mais de 0,5 cm) ou de vias urinarias no restante da população → Podendo estar associada a TC (UROTC) PATOLOGIA 1. Carcinoma de células transicionais (Carcinomas utorelial) → 90-95% Esse tipo de câncer pode surgir em outros órgãos revestidos por epitélio transicional, como pelve renal, ureter e os dois terços proximais da uretra. Clinicamente, esse tipo de câncer exibe um fenótipo bifásico, caracterizado por tumores papilares de baixo grau, que frequentemente sofrem recidiva, mas que raramente são invasivos ou apresentam metástases, e tumores de alto grau, com invasão precoce, resultando em doença metastática letal. Em ambos os fenótipos, a perda de partes dos cromossomos 9q e 9p por análise de perda de heterozigose constitui um evento molecular precoce, cujo significado exato não está bem estabelecido. 2. Carcinoma escamoso → 3-5% 3. Adenocarcinoma → 2% 4. Outros → 1% ESTADIAMENTO O estadiamento é feito através do sistema TNM, sendo que o objetivo é determinar se a doença é: A. Superficial/sem invasão muscular (CBSIM) a. Carcinoma in situ (Cis e Ta) – Quando acometem apenas a camada epitelial imediata de células b. T1 – quando penetram apenas no tecido conectivo abaixo do urotélio B. Com invasão muscular (CBCIM) a. Tumores que invadem muscular própria (T2) → começa a ficar mais agressivo b. Tumores que atravessam a muscular própria e acometem a serosa adjacente (T3) c. Tumores que invadem órgãos pélvicos imediatamente adjacentes – reto, próstata, vagina ou colo do útero (T4) C. Com metástase a. Qualquer doença com disseminação além da pelve verdadeira – M1 Os exames utilizados para determinar o estadiamento são: 1. TC/RM abdominal e pélvica → Para avaliar a extensão local do tumor e na pesquisa de metástases intra-abdominais + RM para avaliar linfonodomegalia 2. Raio x de tórax → Para avaliar metástases pulmonares, podendo ser complementada com TC torácica 3. Cintilografia óssea → Não é feita de rotina, apenas em casos de pacientes com sintomas sugestivos de comprometimento ósseo ou fosfatase alcalina elevada 4. Pode-se pedir ainda: hemograma completo e bioquímica do sangue TRATAMENTO PACIENTES TA, TIS E T1 Aproximadamente 70% a 80% dos tumores de bexiga são superficiais, sendo a maioria estádio Ta e o restante, T1 ou Tis. Nesse estágio, a ressecçãotransuretral é o procedimento padrão para diagnóstico, estadiamento e tratamento do tumor superficial de bexiga. Ao iniciar o procedimento, deve- se realizar uma inspeção detalhada da uretra e de toda a bexiga. Além disso, deve-se fazer vigilância urológica por tempo indefinido, o que inicialmente consiste em cistoscopia e citologia urinaria a cada 3 meses, para avaliar recorrência local após o tratamento inicial. Como a recorrência é alta nos casos de câncer de bexiga sem invasão muscular, pode-se dividir os pacientes em: Em pacientes de risco intermediário e alto, pode-se considerar ainda terapia intravesical adjuvante com agentes como: 1. BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), com ou sem interferon (mais agressivo) OU 2. Agentes quimioterápicos como mitomicina C ou doxorrubicina (menos agressivo) A possibilidade de cistectomia radical em caso de câncer de bexiga não invasivo da muscular é ocasionalmente considerada para pacientes com recorrências frequentes, tumores múltiplos a despeito de terapia intravesical ou com intolerância a esse tipo de tratamento. T2-T4 Tratamento padrão: cistectomia radical com dissecção bilateral dos linfonodos pélvicos. Em pacientes do sexo feminino: procede-se a exenteração anterior que consiste em remoção da bexiga e uretra (que pode ser preservada se não estiver envolvida e houver previsão de reconstrução ortotópica de bexiga), da parede ventral da vagina e do utero. Nos pacientes do sexo masculino: quando há envolvimento do estroma prostático com câncer ou quando há CIS concomitante na uretra, o tratamento preferencial é cistoprostatouretrectomia. ➔ Abordagens seletivas com preservação da bexiga (cistectomia parcial) Em pacientes com ausência de CIS e de hidronefrose, pode- se aplicar quimioterapia com preservação da bexiga, sendo necessário uma citorredução máxima de todo tumor visível por RTUTB antes de iniciar a terapia de modalidade combinada Em pacientes com carcinoma urotelial T2 clínico solitário no ápice da bexiga: cistectomia parcial com preservação da bexiga QUIMIOTERAPIA Apesar da cirurgia agressiva, apenas metade dos pacientes submetidos à cistectomia obtém uma cura com cirurgia apenas, o que sugere a ocorrência de micrometástases em muitos casos no momento do diagnóstico inicial. Por essa razão, muitos ensaios clínicos investigaram o papel da quimioterapia sistêmica antes (neoadjuvante) ou depois (adjuvante) da cirurgia. ➔ Neoadjuvante à base de cisplatina Os objetivos da quimioterapia neoadjuvante são erradicar focos de micrometástase e aumentar as taxas de cura. Contra-indicações para a cisplatina são: má capacidade funcional ou comorbidades (função renal deficiente) ➔ Adjuvante à base de cisplatina Melhora semelhante àquela do tratamento neoadjuvante, porém os dados são menos robustos e muitos pacientes não são adequados para tratamento adjuvante (alguns pacientes podem não se recuperar o suficiente da cirurgia dentro do período ideal para a administração da quimioterapia). DONEÇA METASTÁTICA O câncer de bexiga caracteristicamente se dissemina aos linfonodos pélvicos. A disseminação tanto linfática quanto hematogênica pode produzir metástases em órgãos distantes, incluindo pulmões, ossos, fígado e cérebro, sendo a quimioterapia sistêmica o padrão de tratamento.
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