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1 Rafaela Pamplona Resumo II – Clínica Cirúrgica II UROLITÍASE ............................................................................................................................................................................................. 1 TRAUMA UROLÓGICO .......................................................................................................................................................................... 11 PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DO ESÔFAGO ......................................................................................................................................... 22 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA – HDB ............................................................................................................................................. 26 INFERTILIDADE ..................................................................................................................................................................................... 26 DISFUNÇÃO ERÉTIL .............................................................................................................................................................................. 30 UROLITÍASE Definição • É uma patologia decorrente da formação de concreções anormais, constituídas de compostos cristalinos incorporados em uma matriz orgânica localizada em qualquer segmento, no interior das vias urinárias • Entende-se que a formação do cálculo é consequência do rompimento do equilíbrio existente entre as substâncias promotoras e as inibidoras da cristalização Epidemiologia • A litíase tem atingido o homem desde a antiguidade. Foram encontradas múmias egípcias, em El Amrah, datadas de 4800 a.C. com litíase urinária • No século IV a.C. também Hipócrates na constituição do juramento, faz referência à litíase urinária a propósito da necessidade destes doentes deverem ser observados por especialistas da área: “Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam” (sic) • 3º enfermidade urológica mais comum, ultrapassada por ITU e patologias da próstata • 7-10/1000 admissões hospitalares • 15% dos pacientes são submetidos a algum procedimento Gasto de mais de 2 bilhões de dólares por ano • 20 a 40 anos de idade • Survey (NHANES) – tem demostrado aumento com crescimento linear da prevalência de cálculos na população americana nas últimas décadas Urina • É uma solução aberta, mista, saturada e em equilíbrio de solubilidade Água Sais minerais - Cálcio, Oxalato, Ácido úrico, Cistina Matrizes Inibidores - Citrato, Magnésio, Zinco, Pirofosfato Litogênese • Formação do cálculo Soluto X solvente As pedras podem se formar em qualquer porção coletora do sistema urinário – rins, ureteres, bexiga, uretra Geralmente ocorrem por desbalanço entre fatores protetores e fatores facilitadores à litogênese Um dos principais fatores de risco para a formação de cálculos é o baixo consumo hídrico • Promotores da litogênese Hipercalciuria – cálcio Hiperuricosuria – ácido úrico Hiperoxalúria – oxalato Cistinuria – cistina • Inibidores da calculose Cinética urinária Citrato de magnésio Glicosaminoglicanos Alteração do pH urinário Proteína de Tamm-Horsfall Outros 2 Rafaela Pamplona Fatores alteradores • Água Fluxo urinário mínimo de 1500ml/dia - ↓ Ingesta - ↑ Perda (sudorese) Metabolismo do cálcio • Na dieta ocidental, a quantidade média de cálcio ingerida é de 400 a 2000 mg/dia • Cerca de 1/3 é absorvido pelo intestino delgado • 95% do cálcio circulante é filtrado no glomérulo e reabsorvido a nível tubular • Cerca de 2% é excretado na urina Uma baixa ingestão de cálcio (400-500 mg/dia) pode reduzir a calciúria nos formadores de cálculos de cálcio, mas aumenta a saturação de oxalato de cálcio na urina devido ao aumento da oxalúria, decorrente do aumento da absorção intestinal. Logo, os pacientes devem manter uma dieta normal! Litíase urinária – Hipercalciuria • Hipercalciuria absortiva Absorção exagerada de cálcio pelo intestino delgado • Hipercalciuria reabsortiva Produção excessiva de PTH – hiperparatireoidismo - Aumenta a reabsorção óssea ~ PTH favorece a interação RANK-RANKL, que ativa os osteoclastos • Hipercalciuria renal Defeito na reabsorção de cálcio no túbulo renal Hipercalciuria absortiva • É a anormalidade mais comum em pacientes com cálculo de oxalato de cálcio Tipo I: aumento da permeabilidade da mucosa intestinal - É independente da dieta, isto é mesmo nas dietas restritivas em cálcio mantém-se a hipercalciuria Tipo II: aumento da ingesta - É dependente da dieta, portanto com valores de cálcio urinário normais em regimes dietéticos restritivos em cálcio Tipo III: alteração na vitamina D - É semelhante ao tipo I, no entanto o defeito primordial consiste numa perda renal anormal de fosfato - A hipofosfatemia resultante determina a estimulação do metabolismo da vitamina D, que por sua vez aumenta a absorção intestinal de cálcio e origina hipercalciuria • A hipervitaminose D geralmente é causada por ingesta excessiva do complexo vitamínico tomado por atletas Hipercalciuria renal • Formação da urina Transporte ativo e passivo Balanço de sódio, potássio, fosfato, cálcio e magnésio Secreção de hidrogênio Reabsorção e secreção de ureia e cloreto • Excreção = filtração glomerular – reabsorção tubular + secreção tubular 3 Rafaela Pamplona Cálculo de cálcio com calciúria normal • Hiperuricosuria (700mg) com pH urinário > 5.5 • Os cristais de ácido úrico funcionam como matriz Epitaxia: processo de crescimento de cristal, em que camadas depositadas acompanham a orientação do cristal de substrato Oxalato • Oxaluria normal 10 a 50mg/dia • 20% do oxalato ingerido, é efetivamente absorvido pelo intestino – forma com o cálcio um composto inabsorvível • 80% endógeno – fígado • Única via de eliminação é renal • Oxalato é insolúvel em pH entre 4.5 e 8.0 • Síndrome de má absorção: acúmulo de ácidos graxos ligados ao cálcio e aumentando a quantidade de oxalato disponível para absorção Cálculos não calcários • Cálculos de cistina > 250mg/24h Cistinuria: doença autossômica caracterizada por inabilidade no manuseio dos aminoácidos - Cálculos em pacientes jovens ou crianças - Sumário de urina com cristais hexagonais Cálculo de infecção – estruvita • Só se desenvolve na presença de bactérias produtoras de urease na urina • Fosfato, amônia, magnésio – fosfato amoníaco magnesiano • Desdobramento da ureia em amônia alcalinização da urina • Devem ser tratados com acidificação da urina • Tendência a formar cálculos coraliformes São cálculos geralmente assintomáticos que crescem de nodo a ocupar quase toda a pelve e cálices renais São associados a um mau prognostico do rim acometido (degeneração parenquimatosa) Sempre indicam terapia intervencionista, mesmo quando não produzem sintomas Cálculo de ácido úrico • Valor ácido úrico urinário >700mg/24h • Concentração urinária • Acidez < 5,5 • Devem ser tratados com alcalinização da urina Diminuição dos inibidores • Hipocitraturia Baixa concentração de citrato na urina O citrato inibe a formação e crescimento do cálculo É originado do metabolismo hepático de gorduras, carboidratos e proteínas • Hipomagnesuria Comum em pacientes que tem síndrome de absorção ?!?! Resumo – patogênese Quadro clínico • Assintomático • Sintomático Dor – cólica nefrítica - Deslocamento - Obstrução - Características típicas da cólica nefrítica ~ Dor lombar que irradia ↳ Na mulher: vulva e grandes lábios ↳No homem: testículo ~ Caráter ondulante ~ Sem posição de alívio ~ Localização mal definida, visceral ~ Piora com a ingesta hídrica irradiação ~ Inguinal ou genital homolateral Obstrução - Causa dor devido ao aumento do peristaltismo - Parcial - Hidronefrose - Pontos que mais impactam no ureter ~ Junção ureteropélvica ~ Cruzamento do ureter com os vasos ilíacos internos – terço médio do ureter ~ Junção vesicureteral ↳ O óstio ureteral tem em torno de 5mm 4 Rafaela Pamplona Infeção - Pielonefrite complicada - ITU de repetição - Sepse Hematúria (2º causa) - Micro ou macroscópica - 90% dos pacientes Diagnóstico diferencial • Aparelho digestivo Apendicite, colecistite, diverticulite, pancreatite • Vasculares Aneurisma, trombose veia renal, dissecção da aorta • Lombar Dor óssea, dor muscular • Outras Herpes, pneumonia Imagem – Raio X de abdômen • 90% radiopacos – imagem branca ou clara Fosfato de cálcio, oxalato, estruvita e cistina – opacidade • Ácido úrico: radio transparentes Cálculo coraliforme no rim direito Flebolito – calcificações no interior de veias pequenas Imagem – USG • Visualizar cálculos radio transparentes • Imagem hiperecoica – imagem clara • Sombra acústica • Hidronefrose • Parênquima renal Não mostra a função renal Litíase renal bilateral Imagens ecogênicas produtoras de sombra acústica posterior, em ambos os rins Seta grande: calculo Seta pequena: sombra acústica posterior 5 Rafaela Pamplona Cálculo no grupo calicial inferior direito Observar a intensa sombra acústica posterior Urografia excretora • Também chamada de pielografia intravenosa • Estudo radiológico dos rins, vias urinárias e bexiga utilizando o meio de contraste iodado endovenoso • A principal vantagem é a capacidade de avaliar indiretamente a função renal (atraso de enchimento, ausência de enchimento) • Também pode detectar cálculos mais distais na via urinária que não foram visualizados pelo ultrassom • A desvantagem é o uso do contraste iodado TC • Padrão ouro, pois fornece todas as informações que o raio x e a USG não conseguem dar • Fases – sempre comparar um rim ou o outro Sem contraste Com contraste - Concentração – analisa o parênquima - Excreção – analisa Hidronefrose + retardo funcional 6 Rafaela Pamplona Cisto renal + hidronefrose Pielonefrite RNM • Não usa contraste iodado • Mais utilizada para pacientes que precisam evitar exposição à radiação ionizante, como as grávidas Tratamento • Até à década de 80 existem muitas outras referências históricas desta patologia. No entanto, foi nesta altura que ocorreu uma mudança de comportamento • A litíase era um problema maior de saúde pública pelo fato da única opção terapêutica ser a cirurgia e da consequência da doença ser para uma proporção elevada de doentes a destruição renal • O aparecimento da litotrícia extracorpórea e o desenvolvimento da endoscopia urológica simplificaram a abordagem terapêutica da litíase, tornando-a menos agressiva e com morbilidade e mortalidade menores • Tratamento agudo Cólica nefrética – urolitíase sintomática - Analgesia: AINE ou opioides - Bloqueadores alfa-1-adrenergicos ou BRA ~ Relaxamento da musculatura lisa ureteral, facilita a movimentação e eliminação do cálculo - Dissolução química do cálculo ~ Útil em cálculos de ácido úrico ↳ Esse cálculo só se forma em urina ácida, a alcalinização urinaria (ex.: bicarbonato VO) é capaz de dissolvê-lo - Seguimento ~ A maioria deve ser conduzida de forma conservadora, pois a maioria dos cálculos são pequenos (<5mm) Intervenção urológica - Acima de 5mm a probabilidade de eliminação diminui de forma progressiva, sendo extremamente baixa com cálculos maiores que 10mm - Abordagem precoce ~ Calculo >10mm ~ Infecção urinaria associada – nefrostomia percutânea ou cateter duplo J ~ Sintomas refratários ao tratamento clínico – ex.: dor, náuseas e vômitos ~ Obstrução persistente e/ou progressiva ~ Insuficiência renal aguda • Modalidades de intervenção Litotripsia com ondas de choque extracorpórea (LOCE) Litotripsia ureterorrenoscopia (endourológica) Nefrolitotomia percutânea (cirurgia minimamente invasiva) Nefrolitotomia aberta (“anatrófica”) 7 Rafaela Pamplona • A escolha entre as modalidades é baseada Tamanho - < 10mm sem complicações: acompanhamento - > 10mm: intervenção cirúrgica Localização - LOCE: renal ou ureteral proximal - Ureterorrenoscopia: uretra Consistência - Coraliforme: nefrolitotomia percutânea + LOCE • Conduta Cálculos assintomáticos - Não intervir, exceto no caso de obstrução total, infecção renal obstruída ou cálculo coraliforme Cálculos sintomático ≤10mm - Terapia médica expulsiva por 4-6semanas - Abordagem intervencionista caso não haja eliminação após esse período Cálculos sintomático >10mm - Posição renal ou ureteral proximal < 2cm ~ Litotripsia com ondas de choque extracorpórea (LOCE) ~ Ureterorrenoscopia (2º escolha) - Posição renal ou ureteral proximal > 2cm ou no polo inferior renal ~ Nefrolitotomia percutânea - Posição ureteral média ~ Ureterorrenoscopia ou LOCE (tanto faz) - Posição ureteral distal ~ Ureterorrenoscopia ~ LOCE (2º escolha) - Calculo coraliforme ~ Nefrolitotomia percutânea + LOCE Cálculos complicados – obstrução total ou infecção - Desobstruir via urinária ~ Nefrostomia percutânea (cateter único-J) ~ Stent uretral (cateter duplo-J) Tratamento – cálculo ureteral • Tempo médio de eliminação do cálculo ureteral • Neste período, o paciente deve ser reavaliado a cada 7 dias em relação a Função renal Grau de hidronefrose Posição do calculo Quadro infeccioso Além de ser orientado a procurar o médico em caso de piora do estado geral • Pacientes com infecção renal associada, dor intratável, piora da função renal ou anuria por rim único obstruído devem ser desobstruídos o quanto antes Tratamento – cálculo ureteral distal • Cateter DJ • Ureterorrenoscopia Cálculos < 0,5cm • LECO Litotripsia extracorpórea para ondas de choque Procedimento não invasivo, ambulatorial e com baixo índice de complicações • Cirurgia convencional Incisão de Gibson para abordagem do terço inferior do ureter Utererolitotomia 8 Rafaela Pamplona Tratamento – calculo ureteral médio • Ureterorrenoscopia • LECO Tratamento – calculo ureteral proximal • Ureteroscopia semirrígida • LECO Cuidado com rim obstruído Cálculo de rim • < 10mm 1º LECO - As vezes mais de uma seção - Menor que 1000 UHF - Cálculo maior que 1,5cm – usar duplo jota - Cálculo com obstrução 2º Ureterorrenolitotripsia flexível (FLEX) • 10mm – 20mm 1º?? – LECO ou FLEX • >20mm 1º Nefrolitotripsia percutânea (NLP) 2º FLEX 3º VLAP / aberta (raramente) Cirurgia convencional Raio X de abdome Cálculo coraliforme, bilateral Observar que o cálculo molda a pelve e os cálices renais Nefrolitotripsia anatrófica 9 Rafaela Pamplona Tratamento clínico do cálculo – agudo • Analgésico: escopolamina, dolantina • Hidratação • Alcalinização da urina • Outras medicações Chá de quebra pedra AINE Corticoide Alfa bloqueador • Terapia expulsiva Condições - Dor controlada - Função renal normal - Ausência de sepse Tansulosina (0,4mg) tem sido a droga mais comumente utilizada Outros alfa-bloqueadores (Terazosina,Doxazosina) são igualmente efetivos Tratamento clínico do cálculo – crônico • Avaliação laboratorial Sangue - Cálcio - Ácido úrico - Fósforo - PTH (eventualmente) - Ureia, creatinina Urina de 24h - Cálcio - Oxalato - Citrato - Ácido úrico - Magnésio - Cistina • Tratamento Depende da constituição - As proteínas animais e o sódio são implicados como importantes fatores de risco para a formação de cálculos de cálcio (24) - O sódio pode provocar hipercalciurias por intercâmbio tubular renal com o cálcio - As proteínas determinam uma sobrecarga ácida afetando a composição da urina ao aumentar a excreção de cálcio e oxalato e diminuir a excreção de citrato e o pH urinário - É fundamental a limitação da ingestão de sódio e proteínas para as hipercalciurias 10 Rafaela Pamplona Se úricos - Reforço ingestão de água - Dieta pobre em proteínas - Fármacos - Alcalinizantes da urina - Fármacos hipourecimiantes Opções de tratamento • Hidratação Fluxo urinário > 1500ml Citrato de potássio: reposição do citrato e alcalinização da urina (ácido úrico e cistina) Diuréticos tiazídicos: diminuem a perda de cálcio pelos túbulos renais Cálculo vesical • São frequentes em pacientes com obstrução urinária, que usam sonda de demora ou com corpos estranhos intra vesicais • Tratamento Cistolitotomia - Endoscopia - Convencional Cálculo uretral • Geralmente migrou da bexiga • Tratamento de urgência: tentar passar sonda vesical usando bastante xilocaína 11 Rafaela Pamplona TRAUMA UROLÓGICO Introdução • 3º causa de morte nos EUA • 1º causa de morte por trauma externo em pessoas entre 1 e 44 anos • 56 mortes / 100.000 habitantes • 400 óbitos por dia • 57 crianças • 8/10 mortes em jovens entre 15 e 24 anos Trauma renal • Politraumatizados – 10% tem lesão de TGU 50% tem acometimento renal • Rim é o 3º órgão mais lesado, atras de baço e fígado • 50% em pessoas jovens • Homem 4x mais que mulher • Trauma genitourinário Rim – 67% Bexiga – 22% Genitais – 7% Uretra – 3% Ureter – 1% Anatomia renal • Importante conhecer a anatomia renal para entender o mecanismo do trauma e o tratamento • Irrigação Artéria renal - Alto fluxo, sai diretamente da aorta - Passa 10% do fluxo sanguíneo por minuto, em um trauma importante, o paciente pode chocar rapidamente - Não há anastomoses importantes entre os vasos terminais, sendo importante localizar a área da lesão para evitar isquemia Veia renal esquerda - Mais exposta → vaso mais lesado nos traumas • Histologia renal Córtex: camada mais externa Medula: camada mais interna • Sistema excretor • Artérias terminais: pouca ou nenhuma anastomose, cada artéria irriga uma região. Logo, uma lesão causa isquemia na região (quanto mais central, mais grave) Topografia • Os rins, estão localizados na região posterior do abdome, no retroperitônio, entre T12 e L3 • Antero-lateralmente protegidos por uma parede músculo- aponeurótica e pelas vísceras abdominais • Posteriormente protegidos pelas últimas costelas e pela camada muscular paravertebral • Em uma lesão penetrante ou perfurante muito provavelmente não irá afetar o rim e sim os órgãos adjacentes Classificação do trauma renal • Mecanismo gerador Aberto Fechado – contuso (+ frequente) - Compressão - Desaceleração • Intensidade – AAST 12 Rafaela Pamplona Trauma abdominal fechado • Maior causa de trauma renal – cerca de 80% • Causas Acidentes automobilísticos – compressão direta Agressões Quedas de nível Desaceleração: o rim é parcialmente móvel, em uma desaceleração brusca pode haver estiramento dos vasos, causando uma lesão na camada íntima e um trombo ou avulsão do pedículo renal Trauma renal penetrante 𝐾𝑒 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑥 𝑉² 2 𝑥 𝐺 • Por arma branca ou arma de fogo • De acordo com a formula, o potencial de destruição é proporcional ao quadrado da velocidade, portanto quanto maior a velocidade maior a lesão Velocidade baixa → baixo poder de destruição Velocidade alta → alto poder de destruição Intensidade • Escala de lesão renal – AAST Grau I - Há formação de um hematoma subcapsular não expansivo - Sem lesão do parênquima renal - Não há destruição importante do rim Grau II - Hematoma ou pequena laceração, atinge apenas a camada cortical - Lesão dos vasos terminais, não há sangramento intenso Lesão do córtex < 1cm - Sem extravasamento urinário Grau III - Lesão na camada cortical e medular - Lesão > 1cm - Sem extravasamento urinário Grau IV – possibilidade de trombo - Lesão na camada cortical, medular e sistema coletor - Há extravasamento urinário - Lesão da artéria ou veia renais segmentares com hemorragia contida Grau V - Avulsão total do pedículo renal ou a formação de um grande hematoma ou várias lesões grau IV (fratura renal) - Desvascularização renal O tratamento das lacerações depende de sua gravidade, podendo variar desde simples desbridamento com reparo primário e nefrectomia polares até a nefrectomia De forma geral, as lesões penetrantes do rim são tratadas cirurgicamente, enquanto os traumas renais fechados possuem um manejo conservador em 90% dos casos As lesões do tipo I a III permitem o tratamento conservador, enquanto os traumas de IV a V exigem intervenção cirúrgica Diagnóstico • O trauma renal é identificado a partir de exames de imagem • Suspeição Qualquer paciente com ferimento penetrante em flancos ou cuja trajetória inclui a região paravertebral abdominal pode apresentar lesão renal associada 13 Rafaela Pamplona • História clínica Velocidade Altura Tipo de arma agressora • Exame físico Sinais vitais Contusão, hematoma Hematúria macroscópica - Valor preditivo positivo - Não há associação importante entre a intensidade da hematúria e a intensidade do trauma - Todos os pacientes com instabilidade hemodinâmica e hematúria devem ser suspeitos e necessitam de prosseguimento com investigações específica Rim impalpável - Possível hematoma subcapsular, podendo estar associado ou não a uma lesão maior • Exames complementares Sumário de urina – hematúria - Sensibilidade e Especificidade - Intensidade (não tem relação com a gravidade) - Baixo valor • Exames de imagem USG Urografia excretora TC Angiografia seletivas Pielografia retrógrada RNM - Vantagem: fornece imagens detalhadas dos rins e das vias urinárias - Desvantagem: não há tempo hábil USG • Desvantagem Operador dependente Incapacidade de diferenciar urina de sangue • Rim normal Camada cortical: hipoecoica Sistema excretor: hiperecoico Área central bem delimitada • Fratura do rim Rim com uma área hipoecoica desde a camada cortical, indo em direção ao pedículo Fratura da parte inferior do rim Coleção subcapsular – grau I: possível área central com conteúdo líquido dentro do sistema coletor e uma ecografia distinta TC • Padrão ouro: caracteriza o trauma e classifica o grau de intensidade • Vantagens Visualização do parênquima renal Funcionamento do rim Lesão do sistema excretor • Desvantagem Paciente tem que estar estável Tempo para realizar o exame • Fases analisadas Fase arterial: avalia a lesão vascular e a presença de extravasamento ativo do contraste Fase nefrográfica ou parenquimatosa: demonstra contusões e lacerações parenquimatosas Fase excretora: identifica o sistema coletor14 Rafaela Pamplona Rim esquerdo: parente uma renal integro e uma coleção subcapsular – Grau I Rim esquerdo: integro e sem falhas Rim direito: área que não capta contraste, sinal de hematoma e uma lesão para em que mal comprometendo a camada cortical – Grau II ou Grau III Rim esquerdo normal Rim direito: pequena coleção de líquido de urina fora do rim ❤ Dá para saber que é urina, porque o contraste quando injetado só irá se tornar radiopaco quando ele for filtrado pelo rim. Então se há um contraste fora do sistema coletor é porque houve lesão e extravasamento Rim direito com uma coleção subcapsular (hematoma) Presença de halo com líquido de contraste, sinal de extravasamento de urina (radiopaca/branca após ser filtrada pelo rim), acumulando fora do rim – Grau IV Acometimento do parênquima até a região central do rim. Grau IV por acometer desde a cortical até o sistema excretor Urina fora do rim (a parte branca) e também dá para visualizar a urina dentro da pelve indo para o ureter Quando vai realizar a TC, injeta-se o contraste na veia e ele passa pelo rim, quando o rim está filtrando o contraste ele fica com uma opacificação do parênquima. Nessa imagem, vemos que o rim direito está filtrando, tendo contraste dentro do parênquima, já o rim esquerdo está totalmente escuro, sendo um sinal que ele não está filtrando, ou seja, funcionando e formando urina → isso muito provavelmente porque o contraste não está chegando no rim, possivelmente devido a um trombo na artéria renal Contraste chegando pela veia renal e acumula 15 Rafaela Pamplona TC de ferida ventricular direita – grau IV – demonstrando extenso extravasamento urinário e grande hematoma retroperitoneal Grau V – hematoma extenso, com comprometimento total Arteriografia renal • Confirmação diagnóstica Conseguimos visualizar que o contraste não passa de um lado → esse exame pode ser tanto diagnóstico, quanto terapêutico (dá para fazer uma embolectomia) Urografia excretora transoperatória • Ou pielografia endovenosa (PIV) • Pacientes instáveis que serão submetidos à cirurgia Injeta 2ml/kg de contraste venoso Após 10 min faz Rx • Altamente específica para extravasamento • Confirma a presença e a função do rim contralateral • Evita exploração cirúrgica em 32% dos casos Tratamento • Cirúrgico Indicações absolutas - Paciente instável - Hematoma em expansão - Lesão do sistema coletor Indicações relativas - Lesão pequena do sistema coletor - Lesão da artéria segmentar - Tecido desvitalizado (quantidade) • Clínico Vias de acesso • Incisão mediana: trauma agudo, realiza-se laparotomia • Lombotomia: incisão subcostal Abordagem extraperitoneal Vantagem: não acessa a cavidade, portanto tem um risco de contaminação e de peritonite menor Ex.: Paciente que teve um acidente de moto em que o hematoma aumentou de um dia para o outro Conduta intraoperatória • Depende da situação e da gravidade do paciente • Pode-se fazer uma sutura no parênquima renal • Nefrectomia parcial: se for uma lesão extensa com uma área desvascularizada (necrosada), tirando a parte necrosada • Opções de reparo Trauma vascular: vimos que a veia renal é a mais exposta, portanto quando há uma agressão por arma de fogo ou arma branca, ela tem mais chances de sofrer um trauma Pode-se fazer a sutura ou chama o vascular para fazer um enxerto 16 Rafaela Pamplona Tratamento clínico • Grau I, II, III e às vezes IV → tratamento inicial é conservador • Observação no hospital: internação hospitalar em UTI, repouso e acompanhamento. Pode evoluir com gravidade e necessitar de abordagem cirúrgica • Dosagem diária de hematócrito, hemoglobina e leucograma Se houver uma queda de hemoglobina é sinal que teve um sangramento • Acompanhamento com imagens • Antibiótico terapia Complicações • Precoces Sangramento Coleção de urina (urinoma) Abscesso Fistula arteriovenosa • Tardias Hipertensão arterial Atrofia renal Insuficiência renal Algoritmo – trauma renal Trauma ureteral • Anatomia Órgãos adjacentes: cólons (ascendente e descendente), artéria uterina Variações anatômicas • Mais comum: lesões penetrantes e 1/3 inferior • São silenciosas nas fase iniciais, manifestando mais tarde com fístulas, urinoma e abscessos intrarrenais • Diagnóstico UROTOMOGRAFIA/Urografia excretora ou retrógrada • Tratamento Desbridamento + anastomose sem tensão e cateter de duplo J Mecanismos de lesão • Trauma abdominal fechado • Trauma penetrante Mais comum Lesões viscerais associadas - Intestino delgado 39 – 65% - Colón 28 – 33% - Rim 10 – 28% • Iatrogenia Mais importantes e frequentes Após diversos procedimentos cirúrgicos, como histerectomia (54%), cirurgia colorretal (14%), cirurgia pélvica de ovário e de bexiga (8%), cirurgias vasculares abdominais (6%) e nas ureteroscopias (2%) Procedimentos que fazem a manipulação endoscópica, como: ureteroscopia, ureterorrenoscopia, LECO, etc Ex.: oncologistas que vão retirar um câncer de útero e tem que limpar todo o ureter para retirar todos os linfáticos, podendo levar a tirar a irrigação também (não é tão raro de acontecer) e, posteriormente, leva a uma necrose do ureter 17 Rafaela Pamplona Acotovelamento: a parte abaixo do acotovelamento fica privada de circulação e pode levar a necrose Desvascularização Diagnóstico • História clínica e exame físico História de trauma ou cirurgia abdominal Dor na região lombar e no flanco ipsilateral Íleo paralítico, náuseas, vômitos, febre Peritonite Fístula urinária: cicatriz cirúrgica ou pela vagina • Exames laboratoriais Sumário de urina: de 25 a 45% das lesões penetrantes de ureter não apresentam, nem mesmo, hematúria microscópica Creatinina urinária - Líquido saindo pela incisão, colhe o líquido, a urina e sangue - Dosa a creatinina dos 3 - Diferencia o diagnóstico de outras secreções • Métodos de imagem Raio X de abdômen - Pouco utilizada – pouco específico - O máximo que se pode ver é um borramento do m. psoas Urografia excretora - Bom - Normalmente não são pacientes que estão instáveis a ponto de não conseguir realizar o exame - Injeta o contraste e acompanha (a urina se torna radiopaca depois que é filtrada pelo rim, podendo visualizá-la na pelve renal e nos ureteres) - Urografia excretora single shot pode ser realizada para avaliação dos ureteres, sobretudo nos casos de instabilidade hemodinâmica, embora não tenha a mesma acurácia que a pielografia ascendente nem a mesma sensibilidade da TC Lado esquerdo normal Lado direito há coleção de urina fora do ureter, ou seja, extravasamento de urina para fora do ureter → provavelmente é uma lesão ureteral durante um procedimento cirúrgico Pelve, bexiga, e uma estrutura com umas haustrações (isso quem tem é o intestino), portanto, tem uma fístula ureteroentérica TC - Permite avaliação das lesões ureterais ~ Realizar cortes mais tardios para avaliação das vias excretoras (15 a 20min pós-contraste) - Melhor exame para avaliação do retroperitônio, identificando e quantificando hematomas e coleções Hidronefrose do lado direito Lado direito há dilatação da pelve renal Extravasamento de contraste no ureter esquerdo no terço distal 18 Rafaela Pamplona Tratamento • Quando o diagnóstico da lesão ureteral é feito no ato intraoperatório ou no período pós-operatório precoce a correção cirúrgica imediata é a conduta mais adequada •Princípios Desbridamento Anastomose sem tensão Fios absorvíveis (inabsorvível – matriz para formação de cálculo) Pontos separados Drenagem interna com Duplo J: orienta a cicatrização Drenagem sentinela (Penrose): funciona como uma ureterostomia, benigna que fecha rapidamente. Se não deixar o dreno, pode formar um processo inflamatório e uma fístula com o intestino ou com a vagina • Lesão terço médio ou terço superior Anastomose término-terminal Transureterostomia ou transuretero-uretero anastomose - Anastomose de um ureter no outro (anastomose do coto proximal do ureter lesado lateralmente ao ureter contralateral) - Desvantagem: pode gerar uma complicação nos dois • Lesão ureter distal Reimplante ureteral - Faz uma nova anastomose do ureter com a bexiga, é fundamental que não haja tensão no local da anastomose - Elevado índice de complicações, como fístulas e estenoses - Se distante da bexiga ~ Bexiga psoica (levanta a bexiga e prende ao músculo psoas e faz a anastomose do ureter, deixando a tensão na área de sutura entre a bexiga e o psoas, mas não na anastomose do ureter com a bexiga ~ Retalho de Boari: retira um pedaço da bexiga para fazer um caminho (“tubo”) para anastomosar a bexiga com o ureter 19 Rafaela Pamplona ~ Substituir o ureter por uma alça intestinal ligando a pelve renal na bexiga ↳ Quando não der para fazer nenhuma das outras • Ureterostomia Coto ureteral na pele ou sonda para manter a função do rim enquanto se analisa como irá resolver o problema Trauma de bexiga • Responsável por 2% das indicações de laparotomia • Mais frequente no trauma fechado • Associado ao trauma no baixo abdome Fratura pélvica (85%) e proximal do fêmur (9%) Lesões penetrantes no abdômen • Tríade clássica Dor suprapúbica ou perineal Dificuldade ou incapacidade para urinar Hematúria Anatomia • Contato com peritônio • Espaço retropúbico • Ramos do púbis: protegem a bexiga quando está vazia Mecanismo do trauma • Trauma abdominal fechado Contusões: lesão mais simples, acompanhada de hematoma intramural Ação sobre o púbis: extravasamento para o espaço retropúbico - Laceração extraperitoneal: associado as fraturas pélvicas. A bexiga é rompida pela tração dos ligamentos pubovesicais ou perfurado diretamente por espícula ósseas Ação direta sobre a bexiga: extravasamento de urina para a cavidade abdominal - Laceração intraperitoneal: aumento súbito da pressão, a bexiga “explode”, extravasando urina para dentro da cavidade peritoneal • Lesão perfurante da bexiga Mais difícil – proteção Mesmas características Quando suspeitar de lesão de bexiga • Ferimento penetrante OU contusão no hipogástrio com hematúria • Fratura de bacia com hematúria e/ou retenção Diagnóstico • Uretrocistoscopia Vantagem: possibilidade de documentar as imagens Desvantagem - Ruim para lesões muito pequenas - Necessita sedação • Cistografia retrógrada Melhor exame Indicação absoluta: fratura de bacia e hematúria macroscópica Indicação relativa: fratura isolada de bacia, hematúria macroscópica isolada e sinais clínicos sugestivos 400ml de contraste a 30% Lesão de bexiga extraperitoneal – contraste na pelve 20 Rafaela Pamplona Lesão de bexiga intraperitoneal – contraste na cavidade peritoneal • TC com contraste Vantagem: visualiza todo trato urinário Desvantagem: politraumatizados com diurese diminuída por perda volêmica e não alcançam a repleção vesical necessária somente com débito urinário, necessitando injeção de contraste ou volume intravesical para realizar o exame Tratamento • Cateterismo • Sutura • Drenagem • Laparotomia • Lesão intraperitoneal: acesso abdominal e sutura por planos • Lesão extraperitoneal Tratamento conservador com cateter vesical de Foley • A cura espontânea é esperada 10 a 14d Complicações • Precoces Hematúria persistente Ascite urinosa Infecção Sepse Óbito • Tardias instabilidade vesical incontinência urinária fistula Pseudodivertículo Algoritmo trauma vesical Trauma de uretra • Raro após trauma externo (fraturas de bacia ou queda cavaleiro) • Sinais: hematoma perineal, sangue no meato uretral, uretrorragia • Anatomia anterior Peniana Bulbar • Anatomia posterior Membranosa Prostática Proximidade do ramo do púbis com a uretra membranosa Trauma horizontal: lesiona a bexiga Trauma vertical: lesiona a uretra 21 Rafaela Pamplona Uretra posterior • Mecanismo de lesão Fratura de bacia – púbis atua como uma guilhotina, seccionando a uretra • Diagnóstico História de trama da bacia Retenção Sangue no meato – uretrorragia Ausência da próstata o toque retal Uretrocistografia - Injeta o contraste pela uretra e observa-se o extravasamento de contraste na altura da lesão - Lesão completa: extravasamento de contraste com ausência de delineação da uretra proximal e da bexiga - Lesão parcial: extravasamento com chegada de contraste até a bexiga Tratamento • Tratamento Fase aguda - Urologista: alinhamento através de endoscopia - Não urologista: cistostomia Fase tardia (2/3 meses após a correção da fratura de bacia) - Técnica de correção ~ Convencional ~ Endoscópica • Complicações Impotência: 13 a 30% (temporária) Incontinência: 2% Estenose: 15 a 20% Uretra anterior • Mecanismo de lesão Queda cavaleiro: compressão da uretra contra o púbis • Tratamento Fase aguda - Urologista: alinhamento através de endoscopia - Não urologista: cistostomia Fase tardia - Decidir após cistografia Uretra feminina • Anatomia: menos exposta, menos lesada • Cirurgia vaginal mais complexa devido ao difícil acesso Considerações finais • A presença de sangue no meato uretral é um sinal mais importante relacionado à lesão traumática uretral • Todo paciente com suspeita de lesão uretral deve ser submetido ao uretrografia retrógrada • Sondagem vesical às cegas pode piorar o trauma uretral e transformar as lesões parciais em lesões completas • Lesões de uretra anterior devem ser corrigida primeiramente se não for possível o alinhamento endoscópico • Lesões de uretra posterior devem ser corrigido após 6 a 12 semanas caso não seja possível o realinhamento primário Trauma de pênis • Relativamente raro • Mecanismos Aberto: parafimose (emergência), agressão, acidente Fechado: fratura (rompimento da túnica albugínea) - Abordagem cirúrgica: incisão em cima do hematoma ou uma incisão circular para sutura da túnica - Outros traumatismos penianos fechados, sem ruptura da túnica albugínea, podem ser tratado com compressas de gelo e analgesia 22 Rafaela Pamplona Trauma de saco escrotal/testículo • Lesões esportivas , agressões ou acidentes motociclísticos • Sangramento entre as túnicas do saco escrotal e edema • Tratamento: suspenção do testículo, compressa de gelo, antiinflamatório e na maioria das vezes é reabsorvido • Lesão perfurante: o tratamento é desbridamento, sutura e cuidados de higiene • Nas lesões testiculares, o ato operatório costuma revelar lesão transversa da túnica albugínea e extrusão dos ductos seminíferos necróticos, que devem ser desbridados, seguindo-se, então, o fechamento do defeito na túnica PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DO ESÔFAGO Anatomia • Órgão tissular: tubo que liga a cavidade oral ao estômago • Desprovido de serosa • Musculatura circular (interna) •Musculatura longitudinal (estriada e lisa) Patologias mais comuns • Acalasia • DRGE • CA de esôfago Acalasia • Definição Doença neurogênica com lesão das células ganglionares no plexo mioentérico (Auerbach) levando a distúrbio do peristaltismo esofagiano e da função do E.I.E Caracteriza-se pelo aumento da pressão basal do EEI, com relaxamento incompleto desse esfíncter à deglutição e aperistalse no corpo do esôfago • Alteração motora primária melhor conhecida e caracterizada • Fisiopatologia Ocorre perda da peristalse no corpo do esôfago, traduzida por ausência de contrações ou contrações simultâneas Com a evolução do processo, o esôfago se dilata, surgindo então o megaesôfago, uma alteração anatômica secundária a um distúrbio funcional A ocorrência de carcinoma de esôfago é mais frequente em portadores de acalasia do que na população geral, sendo o carcinoma de células escamosas o tipo histológico mais frequente • Incidência Idiopática 10% (1 por 100.000) Adquirida 90%: muito relacionada a doença de Chagas = Megaesôfago 5ª – 6ª década – ♀ 1: 1 ♂ Sintomatologia • Disfagia Sólidos Pastosos Líquidos – Regurgitação • Emagrecimento • Dor torácica – 30 a 50% • Desnutrição • Sialorreia • Broncoaspiração, tosse – 10% 23 Rafaela Pamplona Sequência dos exames • Disfagia História persistente de disfagia e com EDA normal, - Esofagograma, EDA e manometria 1º EED – esofagograma: padrão ouro Mais fácil e mais prático que a EDA Contraste + raio X Mostra o esôfago dilatado com um estreitamento distal “sinal de bico de pássaro” 2º EDA – endoscopia Descartar CA 3º Manometria Confirma a dismotilidade Diagnóstico de exclusão • Acima de 50 anos com disfagia progressiva • Alterações de retenção do alimento, dilatação, espessamento, friabilidade, leva a ulcerações, que podem evoluir com agressão na mucosa e alteração celular, aumentando o risco de neoplasia • Carcinoma Complicação tardia da acalasia 5 a 10% = 10 a 15 anos – 33x superior a população geral • Dilatação do corpo • Friabilidade e ulcerações da Mucosa Tratamento • Medidas terapêuticas Farmacológica Bloqueio com toxina botulínica: diminui o tônus do EEI, permite a descida do alimento pela força da gravidade Dilatação instrumental • Tratamento cirúrgico Cardiomiotomia extramucosa – Heller Fundoplicatura Lind: medida antirrefluxo Pinotti – Ressecções - Esofagectomia Subtotal (Grau IV - recidiva) - Parciais – Merendino – cardiectomia e ressecção do esôfago distal – jejuno - Mistas: cardioplastia + gastrectomia “Y de Roux” Serra Dória • Cardiomiotomia extramucosa Eficácia - Reduz a PEIE 83 a 91% - Remissão 10 a 12 anos - Antirrefluxo – Pinotti: redução de 96% do refluxo DRGE • Definição É uma desordem crônica resultante do fluxo retrógrado do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adjacentes, produzindo um espectro variável de sintomas, com ou sem danos teciduais e/ou complicações Epidemiologia • Uma das doenças mais comuns na prática clínica • Prevalências diferentes de acordo com a região • 10 a 20% no mundo ocidental • Menor prevalência na Ásia Manifestações clínicas • Típicas Pirose (queimação) Regurgitação • Atípicas Disfagia e odinofagia Sensação de globus Náuseas Sialorreia Eructação Sensação de opressão retroesternal Manifestação oral - Perda do esmalte dentário - Halitose - Úlceras aftosas Manifestação otorrino - Rouquidão - Sinusite crônica - Laringite posterior - Otalgia Manifestação esofágica - Dor torácica não cardíaca - Globus faríngeo Manifestação pulmonar - Tosse crônica - Asma - Pneumonia de repetição 24 Rafaela Pamplona Exames • Endoscopia digestiva alta (EDA) Excluir outras doenças Avaliar grau de gravidade da esofagite – Los Angeles Hoje só se considera DRGE a partir do grau B Pelo menos uma erosão > 5mm de extensão, sendo todas restritas ao fundo das dobras da mucosa A – Uma ou mais erosões menores do que 5mm B – Uma ou mais erosões maiores do que 5mm em sua maior extensão, não-contínuas entre os ápices de duas pregas esofágicas C – Erosões contínuas (ou convergentes) entre os ápices de pelo menos duas pregas, envolvendo menos do que 75% do órgão D – Erosões ocupando pelo menos 75% da circunferência do órgão Padrão-ouro para o diagnóstico de DRGE na forma erosiva Detecta complicações Permite realizar biópsias Baixa sensibilidade e alta especificidade • pHmetria de 24h Sintomas típicos e não respondem a terapia Sintomas atípicos para confirmar diagnóstico Avaliação pós cirurgia antirrefluxo para avaliar se DRGE persiste pHmetria normal não exclui porque só detecta refluxo ácido, não pega refluxo não ácido. Tem que fazer impedanciometria, detecta refluxo ácido e não ácido Complicações da DRGE • Complicações da DRGE Erosões e úlceras esofágica Estenose péptica do esôfago Esôfago de Barrett Carcinoma de esôfago Tratamento • Elevação da cabeceira da cama (15 cm) • Moderar a ingestão dos seguintes alimentos, na dependência da correlação com sintomas Gordurosos, cítricos, café, bebidas alcoólicas, bebidas gasosas, menta, hortelã, produtos à base de tomate, chocolate • Cuidados especiais com medicamentos potencialmente “de risco”, como colinérgicos, teofilina, bloqueadores de canal de cálcio, alendronato • Evitar deitar-se nas duas horas posteriores às refeições • Evitar refeições copiosas • Suspensão do fumo • Redução do peso corporal em obesos Esôfago de Barret • Metaplasia intestinal • Definido como a substituição do epitélio estratificado e escamoso do esôfago pelo epitélio colunar com células intestinalizadas ou mistas, em qualquer extensão do órgão Diagnóstico • Independe de extensão da área metaplásica • Segmento < 3cm → “Barrett curto” • >3cm → CA, é uma lesão precursora do câncer Esôfago de Barret e Adenocarcinoma • 30-40 maior o risco • Segmentos maiores de EB (> 3cm) → Aumenta o risco Mucosa de cor salmão (Barret) - Lesão 4cm 25 Rafaela Pamplona • Fechamento do hiato Sutura para apertar os pilares diafragmáticos ao redor do esôfago, que normalmente está frouxo O fundo do estômago é puxado, enrolado ao redor do esôfago e fixado – Fundoplicatura feita por videolaparoscopia, serve como válvula antirrefluxo • Tratamento para esôfago de Barret curto Fundoplicatura, que pode ser a Lind, quando é 270° ou a Nissen quando é 360° • Tratamento Barret longo É igual a carcinoma in situ de esôfago Mucosectomia + Fundoplicatura CA de esôfago • Epidemiologia Está entre as 10 neoplasias malignas mais incidentes no Brasil Predomina no sexo masculino Acima de 40 anos Tipo escamoso mais como em negros Tipo adenocarcinoma mais como em branco Carcinoma escamoso • Epitélio estratificado não queratinizado • Característico da mucosa normal do esôfago • Localizado no terço médio e superior • Fatores de risco Tabagismo e etilismo Fator alimentar: nitrosaminas e deficiência de vitamina A Doenças esofágicas: acalasia, estenose cáustica Infecções fúngicas crônicas HIV Tilose palmoplantar Adenocarcinoma • É derivado do epitélio de Barrett – metaplasia intestinal que complica na DRGE erosiva • Localizado no 1/3 inferior • Fatores de risco Presença de epitélio de Barret Tabagismo e obesidade Uso de Bifosfonatos orais (alendronato) Manifestações clínicas • Inespecíficos Dor retroesternal mal definida Queixas de indigestão • Disfagia progressiva, odinofagia, regurgitação e vômitos • Perda ponderal • Halitose• Tosse, rouquidão (compressão do nervo laríngeo recorrente) • Hematêmese Diagnóstico e tratamento • Esofagografia Baritada Preferencialmente com 2 técnicas de duplo contraste Achado radiológico: súbita redução do lúmen (aspecto de degrau de escada ou maça mordida) • Endoscopia digestiva alta com biopsia • Estadiamento Comportamento extremamente agressivo, disseminando-se localmente e a distância Metástase a distância mais importante são: fígado, pulmão, ossos e rins TNM • Tratamento Mucosectomia endoscópica definitiva Esofagectomia + linfadenectomia regional Paliativo 26 Rafaela Pamplona HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA – HDB Definição • Sangramento intraluminal distal ao ligamento de Treitz • Mortalidade das HDB maciças é de 10 a 15% • Etiologia de acordo com a faixa etária Principais causas de acordo com a idade < 12 anos Adolescentes Adultos > 60 anos Divertículo de Meckel Divertículo de Meckel Doença diverticular dos cólons Doença diverticular dos cólons Pólipos juvenis DII DII Angiodisplasia DII Pólipos juvenis Neoplasias Neoplasias Colón esquerdo – divertículos perfuram mais Colón direito – divertículos sangram mais Causas de HDB grave Causas Incidência Diverticulose 42 - 47 % Angiodisplasia 3 - 12 % Neoplasia de cólon e reto 9 - 10 % Colite isquêmica 9 % Hemorroidas 3 - 5 % Hemorragia pós-polipectomia 4 - 6 % Retocolite ulcerativa ou D. de Crohn 2 - 4 % Colite actínica 2 % Outras causas 10 % Indeterminadas 17 - 19% Clínica e tratamento • Anamnese: diarreia e sangramento • Exame físico: inspeção anal e toque retal • Exames complementares Endoscopia: afastar HDA Colonoscopia: intestino grosso e parte terminal do íleo - Vantagens: localização precisa do sangramento, permite intervenção terapêutica - Desvantagens: precisa de preparo e sedação Retossigmoidoscopia: avalia o canal anal, reto e colón sigmoide (porção final do intestino grosso) Cintilografia - Vantagens: barato, acessível, não invasivo e alta sensibilidade - Desvantagem: localização grosseira e não permite intervenção Arteriografia: localização precisa do vaso sangrante, desvantagem o sangramento grande e ativo e complicações INFERTILIDADE Definição • Taxa de fertilização para casais férteis 20 a 25% em 1 mês 70% em 6 meses 90% em 12 meses • Casal infértil Ausência de gravidez após 1 ano de relações regulares, sem uso de método anticoncepcional Infertilidade: é temporal. Resultado de distúrbio dos órgãos reprodutores, gametas ou da fecundação Esterilidade: é definitivo. É a impossibilidade em produzir gametas (óvulos e espermatozoide) Infertilidade conjugal • Quem investigar primeiro Masculino X feminino • Causas de infertilidade Fatores femininos – 30% - Problema ovulatório, fator tubo peritoneal, endometriose, problema uterino, deficiência de fase lútea, problema do muco Fatores masculinos – 30% - ausência total ou parcial de espermatozoide, alteração na motilidade, forma, anticorpos anti espermáticos, varicocele Fatores masculinos e femininos – 30% Idiopático – 10% Fator masculino • Não invasivo • Rápido • Fácil 27 Rafaela Pamplona Exames específicos – casal • No homem Espermograma • Na mulher Ovulação Integridade anatômica Efeitos hormonais Fatores imunológicos Anatomia e função masculina • Túbulos seminíferos 90% do volume testicular • Tipos celulares Células germinativas Células de Sertoli: nutrição dos espermatozoides, barreira hematotesticular, secreção aquosa Células de Leydig: síntese de testosterona • Bolsa escrotal Bolsa muscular que abriga os testículos fora da cavidade pélvica, proporcionando uma temperatura mais baixa que favorece a espermatogênese • Testículo Gônada masculina que produz espermatozoide e testosterona • Epidídimo Maturação: motilidade e poder de fertilização Transporte Armazenamento: 440.000.000 de espermatozoides • Ducto deferente Armazena e conduz os espermatozoides • Vesícula seminal Glândula que produz o liquido seminal rico em frutose para a nutrição dos espermatozoides • Próstata e ducto ejaculatório Produz o liquido prostático – liquido alcalino que regula o pH da uretra e da vaginal, protegendo o espermatozoide • Uretra Conduz a urina e o esperma durante a ejaculação Regulação hormonal da reprodução • Os espermatozoides são produzidos a partir da puberdade nos testículos, no interior dos túbulos seminíferos, com o auxílio das células de Sertoli, sob o estimulo do hormônio FSH • Espermatogênese Duração média de 60 dias 28 Rafaela Pamplona Avaliação do homem fértil História clínica ↓ Exame físico ↓ ↙ Análise seminal (mín 2 amostras) ↘ Anormal → ↙ ↓ ↘ Avaliação feminina ← Normal Excluir agentes gonadotóxicos Avaliação endócrina Testes adicionais Testes funcionais do sêmen - Integridade do DNA espermático - Anticorpos anti- espermatozoides Avaliação genética USG transretal, RNM, USG de bolsa escrotal e vias urinárias Avaliação de ejaculação retrograda Biopsia de testículo Vasografia • História clínica Fatores físicos – externos - Poluição do ar - Obesidade sedentarismo: podem intensificar conversão da testosterona em estrogênio - Consumo de bebidas alcoólicas - Cocaína e crack - Tabagismo - Alimentação deficiente - Anabolizantes - Tratamento capilar: alguns aditivos químicos podem ser prejudiciais - Uso de anti-hipertensivo - Exposição a elementos químicos • Exame físico Tireoide, mamas Virilização do paciente Cicatrizes cirúrgicas Testículos: tamanho, consistência, nodulações, inflamações Epidídimo: nodulações, inflamações Escroto: varicocele Pênis - Hipospadia: abertura do orifício uretral em posição anormal - Epispádia: defeito presente ao nascimento, na abertura da uretra Espermograma • Valores de corte dos parâmetros seminais segundo a OMS Características do sêmen OMS 2010 Volume (ml) ≥ 1,5 Concentração (106/ml) ≥ 15 Contagem total (106) ≥ 39 Motilidade total (%) ≥ 40 Motilidade progressiva ≥ 32% (a+b) Vitalidade (%) ≥ 58 Morfologia (%) ≥ 4* Número de leucócitos (106/ml) < 1,0 • Morfologia estrita A análise da morfologia pela técnica de Krüger (morfologia estrita) consiste em uma análise detalhada das caracterí- sticas dos espermatozoides após coloração específica, sob aumento de 1500 vezes Em muitos casos em que não se descobre uma causa de infertilidade no casal, a realização da morfologia estrita de Krüger possibilita o diagnóstico de um fator masculino oculto de infertilidade. 29 Rafaela Pamplona De acordo com a porcentagem de espermatozoides considerados normais, o médico poderá decidir sobre a melhor forma de tratamento - Normal quando mais de 14% dos espermatozoides analisados mostram-se normais pelos critérios de Krüger - Leve: se 10 a 14 % de espermatozoides são normais, a teratozoospermia melhor prognóstico, podendo-se optar pela inseminação intrauterina em casos selecionados - Moderada: se 5 a 9% de espermatozoides são normais, a teratozoospermia - Severa: se a morfologia revelar menos de 5% de espermatozoides normais, trata-se de teratozoospermia severa, estando indicada a ICSI • Capacitação O número de espermatozoides recuperados após a capacitação auxilia o médico na escolha da técnica de reprodução assistida mais apropriada para o casal Não se deve realizar a inseminação intrauterina quando houver menos de dois milhões de espermatozoides com boa motilidade após a capacitação, devidoaos índices de sucesso extremamente baixos Quando menos de 1 milhão de espermatozoides com boa motilidade são recuperados após capacitação, a ICSI é a técnica mais indicada • Nomenclatura Aspermia: ausência de sêmen Hipoespermia: menos de 2 ml de ejaculado Hiperespermia: mais de 5 ml de ejaculado Azoospermia: ausência de espermatozoides Oligozooespermia: moderada (entre 10 e 20 milhões/ml) Severa (<10 milhões/ml) Polizoospermia: + de 250 milhões de espermatozoides/ml Astenospermia: menos de 30% de espermatozoides progressivos rápidos Teratozoospermia: mais de 50% de espermatozoide anormais Necrospermia: todos os espermatozoides mortos • Espermograma – normal Testes funcionais do sêmen - Integridade do DNA espermático - Anticorpos anti-espermatozoides • Espermograma - anormal Dosagem hormonal - Alteração hormonal < 3% - Alteração na quantidade de espermatozoides - FSH - LH - Testosterona - Prolactina - Oligozoospermia ~ FSH elevado ~ FSH diminuído - Azoospermia com FSH normal Avaliação genética USG transretal, RNM, USG de bolsa escrotal e vias urinárias Avaliação de ejaculação retrograda Biopsia de testículo Vasografia Varicocele • É a dilatação anormal das veias testiculares • Causa infertilidade, mas não provoca impotência • Exame físico + USG • População normal 10 a 15% • População avaliada para infertilidade 21 a 40% • Fisiopatologia Refluxo Hipertermia Estagnação com hipoxia Criptorquidia • Ou testículos não descidos, ou ausência de um dos testículos no saco escrotal 30 Rafaela Pamplona Tratamento do homem infértil • Apesar de todos os métodos de investigação, em 50% dos casos, os homens têm “infertilidade idiopática” • Tratamento depende do problema encontrado Causas pré testiculares – raras Síndrome de Callmann – ausência de GnRH Síndrome do eunuco fértil – deficiência isolada de LH Deficiência isolada de FSH Hiperprolactinemia Retirada das gonadotoxinas: cocaína, maconha, arsénico, tabaco, chumbo, quimioterapia, alguns antibióticos e esteroides Causas testiculares - Anormalidades acrossômicas – intratáveis ~ Síndrome de Klinefelter (46XXY) ~ Síndrome XYY (46XYY) ~ Síndrome de Noonan (46XO) ~ Síndrome do desaparecimento do testículo Causa pós-testiculares - Reversão de vasectomia ~ Tratamento potencial ↳ Reconstrução microcirúrgica ↳ RTU-DE - Eletroestimulação em TRM • Tratamento empírico X métodos alternativos de fertilização Tratamento empírico - Citrato de clomifeno 25mg/dia - Pentoxifilina - Vitamina E Reprodução assistida - FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) Prevenção da infertilidade • Tratar criptorquidia até aos 2 anos de idade • Vacinação para caxumba • Acompanhar varicocele em adolescente – intervir quando necessário DISFUNÇÃO ERÉTIL Definição • A ereção peniana é um processo neurovascular complexo que se inicia pela estimulação sexual através de fenômenos físicos e/ou psicológicos, mediado por substâncias que atuam no endotélio vascular para garantir um ato sexual satisfatório Psiquismo normal Adequada circulação do pênis Ambiente endócrino adequado Apropriada função do SN • Disfunção erétil é a incapacidade, persistente, de obter e/ou manter a ereção para uma atividade sexual satisfatória Epidemiologia • Kinsey – 1948: 12000 participantes 1% abaixo de 19 anos 3% até os 45 anos 6,7 entre 45 e 55 anos 25% até os 75 anos • MMAS – 1987 a 1989: 1200 homens entre 40 a 70 anos 10% completamente impotentes 25% moderadamente impotentes 17% minimamente impotentes Vascularização • A ereção peniana é um processo neurovascular complexo que envolve três fenômenos Relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso Aumento do fluxo arterial peniano Restrição do fluxo venoso de saída • Suprimento arterial As artérias penianas são ramos indiretos da artéria pudenda interna, ramo da artéria ilíaca interna (hipogástrica) Artéria pudenda interna se trifurca - Artéria do corpo esponjoso – corpo esponjoso - Artéria do corpo cavernoso – corpo cavernoso ~ Cursam por cada corpo cavernoso longitudinalmente e formam artérias helicoidais, que são responsáveis pelo fluxo nos espaços vasculares do corpo cavernoso, levando à ereção - Artéria dorsal do pênis – glande ~ A artéria dorsal do pênis segue abaixo da fáscia de Buck dando ramos circunflexos para os corpos cavernoso e esponjoso 31 Rafaela Pamplona • Drenagem venosa Dividida em profunda e superficial - Sistema superficial: drena todo o tecido acima da fáscia de Buck para a veia safena magna - Sistema venoso profundo: drena o tecido abaixo da fáscia de Buck, drena para o plexo da veia pudenda interna A veia dorsal profunda drena o sangue dos corpos cavernosos e esponjoso e da glande Especialmente, a drenagem venosa do corpo cavernoso ocorre através das veias subtúnicas, as quais são comprimidas e ocluídas pela expansão dos espaços sinusoidais durante a ereção A compressão das veias subtúnicas é condição essencial para uma ereção adequada e esse fenômeno é chamado de “mecanismo oclusivo venoso • Inervação do pênis Inervação autônoma formam os nervos cavernosos, os quais entram nos corpos cavernosos e esponjoso para iniciar os eventos neurovasculares que levam à ereção e à detumescência. Inervação somática consiste em fibras sensoriais que percebem estimulação sensorial da genitália e fibras motoras que induzem a contração dos músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso Fisiologia da ereção – Intrapeniana • Ereção Estimulação do plexo pélvico e dos nervos cavernosos Fibras parassimpáticas sacrais • Detumescência Fibras simpáticas toracolombares Estimulação do tronco simpático • Atividade simpática • Atividade colinérgica Nervos estão localizados muito próximos à cápsula prostática e podem ser facilmente lesados em caso de radical excisão radical de reto, bexiga e próstata 32 Rafaela Pamplona Fisiologia da ereção • Ereção psicogênica Estimulo: olfato, visual, pensamento, É oriunda da ativação direta no núcleo cerebral que modula os centros da ereção na medula espinal Intensa e duradoura A disfunção erétil psicogênica é bastante comum em homens jovens, que estão iniciando a vida sexual São os casos de pessoas que não possuem nenhum problema físico, mas que não conseguem manter uma ereção • Ereção reflexogênica Estímulo: o contato com a genitália, alcança os centros de ereção espinais via nervos dorsais do pênis e pudendo, os quais ativam o núcleo autônomo A ativação do núcleo autônomo induz a liberação de óxido nítrico (NO) e acetilcolina pelas terminações nervosas cavernosas e consequente relaxamento do músculo liso cavernoso Emissão • A emissão consiste na formação do esperma • Este é composto por espermatozoides e por líquidos produzidos pelas vesículas seminais e próstata • Tais líquidos constituem o meio para a sobrevivência dos espermatozoides • É comandada pelo centro situado em T11-L2 Ejaculação • A ejaculação é a expulsão do esperma através da uretra • Para que isto ocorra, são necessárias contrações de grupos musculares da região pélvica • Neste momento, o esfíncter se fecha ou permanece fechado, para que o esperma siga para fora do corpo e não entre em contato com a urina • Tais comandos se dão pelos centros medulares T11-L2 E S2, S3 E S4 Lesão medular • Lesão acima da cauda equina e do cone medular Ausência da ereção psicogênica, pois os comandos que partirem do cérebro em direção aos órgãosgenitais serão bloqueados no ponto onde existe a lesão Ereção reflexa estará presente, pois o arco-reflexo fica preservado • Lesão ocorra no cone medular ou na cauda equina ou em ambos Ausência da ereção reflexa, pois o arco reflexo não existirá Ereção psicogênica estará presente, pois os estímulos que partem do cérebro chegarão até os órgãos genitais 33 Rafaela Pamplona • Lesão extensa, que atinja desde o cone medular até o nível T11 ou superior Ausência de ereção psicogênica e reflexa por meios naturais, pois tanto o centro da ereção reflexa como o ponto de onde parte da medula os comandos para ereção psicogênica, estarão lesados Para estes casos, foram desenvolvidos alguns artifícios para a obtenção da ereção Fisiologia da ereção – ato sexual Fisiopatologia • Classificação Psicológica Orgânica Mista Orgânica Psicogênica Início Gradual Súbito Ejaculação Normal Alterada – precoce Libido Mantida - exceto no hipogonadismo Diminuída Ereções noturnas e matinais Ausente Presente Depressão, perturbações da ansiedade, conflitos pessoais Ausente Presente Exame objetivo Alterado de acordo com a causa Normal Causas • Psicologias • Orgânicas • Prostáticas • Endócrinas • Drogas Antipsicóticos, antidepressivos (tricíclicos, inibidores da MAO, inibidores da serotonina) Ansiolíticos Anti-hipertensivos: bloqueadores beta, diuréticos, simpaticolíticos centrais, bloqueadores ganglionares, bloqueadores dos canais de cálcio Diuréticos: tiazídicos e espironolactona Drogas cardiovasculares Bloqueadores H2 Antineoplásicos, antiandrogênicos e outros Avaliação básica • História clínica sumária Anamnese e exame físico dirigidos as principais etiologias e fatores de risco História sexual • Exames complementares OBRIGATÓRIOS Dirigidos às principais causas de DE Independente dos casos da história clínica Hemograma Glicemia Testosterona total perfil lipídico – colesterol, LDL e HDL, triglicerídeos 34 Rafaela Pamplona Histórica clínica sumária – DE • Questionário para a função sexual (IIFE) Quantificar e objetivar o grau de disfunção erétil Avaliar o resultado das terapias instituídas • História sexual – caracterização do sintoma Início, duração e evolução Existência de gerações noturnas e matinais Sintomas associados: diminuição da libido ou alterações da ejaculação A DE ocorre com uma ou mais parceiros sexuais • Sintomatologia de outros órgãos e sistemas Cardiovascular Endócrino Sistema nervoso central e periférico Exame físico • Exame dos órgãos genitais Atrofia testicular - sugere hipogonadismo Placas penianas - doença de Peyronie • Exame dos caracteres sexuais secundários Alteração da distribuição pilosa Ginecomastia • Exame do sistema cardiovascular A medição da TA Palpação dos pulsos periféricos – femorais e distais nos MMII Terapêutica • Descontinuação das drogas implicadas • Substituição por drogas menos tóxicas • Tratamento das comunidades • Alteração do estilo de vida • Instituição de tratamento dirigidos a DE • Terapia farmacológica • MUSE • Injeção intracavernosa • Dispositivo de vácuo • Cirurgia de revascularização • Prótese peniana Inibidores da 5PDE • Sildenafil, Tadalafil, Vardenafil e Lodenafil • Efeitos colaterais Muito frequente (≥ 10%) Frequente (1 – 10%) Raro (<1%) Vardenafil Cefaleia Rubor Rinite Dispepsia Náuseas Tonturas HTA Síncope fotos sensibilidade alterações visuais hipertonia Tadalafil Cefaleia Dispepsia Tontura Rubor congestão nasal Lombalgias Mialgia Hiperemia conjuntiva Edema Palpitação dor ocular Sildenafil Cefaleia Rubor Dispepsia congestão nasal alterações visuais tonturas dores musculares • Contraindicação Angina Infarto Uso de nitratos Dispositivo intrauretral – MUSE • Trata-se de gel de prostaglandina que, ao ser aplicado na uretra momentos antes da relação sexual, causa a ereção • Alprostadil Drogas para uso intracavernosa • Papaverina • Prostaglandina • Fentolamina 35 Rafaela Pamplona Dispositivo a vácuo Prótese Intrapeniana Novos tratamentos • Marcadores bioquímicos Fornecem informações sobre a eficiência da espermatogênese e a presença de estresse oxidativo • Marcadores biológicos Função é determinar as falhas de funcionamento dos espermatozoides, é o teste que mede a geração de radicais livres de oxigênio (ROS) Produzidas em níveis fisiológicos, essas moléculas são extremamente importantes para os espermatozoides, pois dão início ao processo de capacitação Entretanto, quando produzidos em quantidades excessivas, oxidantes, como o peróxido de hidrogênio, podem interromper a função dos espermatozoides causando dano peroxidativo à membrana plasmática e inclusive alterações no DNA do espermatozoide • Liquefação do sêmen Processo fisiológico que ocorre espontaneamente de 5 a 20min após a ejaculação Os elementos responsáveis pela coagulação são encontrados nas vesículas seminais, enquanto as enzimas proteolíticas que iniciam a liquefação derivam da próstata • Anticorpos anti-espermatozoides Podem ser determinados tanto no sêmen como no sangue Os testes diretos, que medem a presença de anticorpos anti-espermatozoides na superfície do espermatozoide do paciente, são os preferidos No caso de poucos espermatozoides móveis ou de contagens muito reduzidas, sangue ou sêmen do paciente podem ser usados em testes indiretos
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