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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO Disciplina: Nutrição Materno Infantil Professora: Andrea Silva de Oliveira Curso: Nutrição Alunas: Elienai Elisia Bastos Moraes Jacqueline Souza Márcia Verônica Marques Iglesias RELATÓRIO DA 3ª AULA PRÁTICA – ALEITAMENTO MATERNO. Aula realizada no Departamento de Saúde do Centro Universitário Jorge Amado no Campus Paralela. Objetivo – Elucidar a fisiologia da lactação, composição do leite humano e de vaca e técnicas de amamentação nas diversas situações específicas da lactação. ALEITAMENTO MATERNO As glândulas mamárias ou mamas são uma característica que distingue os mamíferos. Evoluíram como órgãos produtores de leite para fornecer nutrição aos filhos, apesar de desempenharem importante papel na sexualidade da mulher (MARTINS, 2002). As mamas, ao nascer, são rudimentares e assim permanecem nos homens. Nas mulheres iniciam o seu desenvolvimento e diferenciação na puberdade, reguladas por hormônios e a cada ciclo menstrual sofrem alterações estruturais atingindo o seu maior desenvolvimento por volta dos vinte anos de idade. Porém, o estágio final de seu crescimento, maturação e diferenciação se dá na gravidez sob a ação de vários hormônios sendo, a prolactina e o hormônio 2 lactogênio placentário os mais importantes neste processo. Por volta dos quarenta anos têm início alterações atróficas (MARTINS, 2002). A mama, durante a gravidez, passa por algumas alterações anatômicas e fisiológicas, nas primeiras semanas a gestante começa a apresentar uma hipersensibilidade acompanhada muitas vezes por relato doloroso e tensão mamária A partir desse processo, no segundo trimestre gestacional, devido a hipertrofia alveolar mamária, as veias subcutâneas tornam-se mais visíveis, chamada de rede de Haller. Ademais, as papilas e aréolas ficam mais pigmentadas e aumentam em número as glândulas sebáceas dispersas na região areolar, conhecido por tubérculos de Montgomery (ARAÚJO, REIS, 2012 – Cap. 2). Nesse processo a mama está sendo preparada para a amamentação (lactogênese fase I) sob a ação de diferentes hormônios, sobretudo do estrogênio e do progestogênio. Após o parto, a prolactina (hormônio secretado pela adenoipófise e tem como principal função estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias e o aumento das mamas), em conjunto com outros hormônios, estimula a secreção do leite. Com o nascimento da criança, há liberação de prolactina, iniciando-se a lactogênese fase II e a secreção do leite (GRAZIF, 2022). A ocitocina (hormônio produzido pelo hipotálamo e estimular a descida do leite no decorrer da amamentação), em resposta à sucção da criança, leva à contração das células que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contido. A produção de leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por hormônios e a apojadura (“descida do leite”) costuma ocorrer até o 3º ou 4º dia pós-parto, mesmo se a criança não sugar o seio. Após a apojadura, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoiese. Essa fase mantém-se por toda a lactação, depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama (GRAZIF, 2022). Grande parte do leite da mama é produzida, enquanto a criança mama, sob o estímulo da prolactina. 3 Anatomia da Glândula Mamária Fonte: modificado de Silverthorn, 2010. O aleitamento materno é considerado imprescindível e deve ser exclusivo nos primeiros 6 meses de vida, após esse período ele se torna insuficiente e a criança pode receber alimentos pastosos e sólidos de forma a complementar a alimentação e nutrição do bebê. No entanto, aconselha-se que o período da amamentação se estenda até o período de 2 anos. O aleitamento oferece vantagens, das quais fazemos destaque: para a mulher – facilita o vínculo afetivo mãe-filho, evita complicações hemorrágicas no pós parto, favorece na regressão do útero para seu tamanho normal e auxilia no retorno do peso pré-gestacional -, para o lactente – é um alimento completo (menores de 6 meses) no âmbito nutricional e digestivo, protege contra infecções, facilita a eliminação de mecônio e diminui o risco de icterícia (ARAÚJO, REIS, 2012 – Cap. 9). Composição do Leite Materno Desde o colostro, que reveste e veda a parede do estômago do recém- nascido, até o leite maduro, que fortalece o bebê, cada gota do leite materno contém milhares de componentes benéficos, como: ● anticorpos, que protege contra doenças; 4 ● hormônios, que promovem a criação de vínculos e regulam o apetite; ● células-tronco, que podem atuar no desenvolvimento e reparação de órgãos; ● glóbulos brancos, que combatem as infecções; ● bactérias benéficas, que protegem o sistema digestório do bebê; ● prebióticos, chamados oligossacarídeos, que ajudam a manter o intestino saudável; ● ácidos graxos de cadeia longa, que ajudam a desenvolver o cérebro, o sistema nervoso e os olhos do bebê; ● enzimas, que ajudam nos sistemas digestório e imunológico; ● nucleótidos e hormônios, que ajudam a desenvolver padrões de sono saudáveis. O leite humano fornece entorno de 70kcal/100ml, deste 51% representa lipídios , 43% carboidratos e 6% proteínas. A lactose é o carboidrato predominante e sua presença auxilia na proliferação de Lactobacilus bifidus que inibem o crescimento de microrganismos gram-negativos e impedem o aparecimento de infecções intestinais (ARAÚJO, REIS, 2012– Cap. 2). Uma das vantagens do leite materno em relação à fórmula é ser um fluido vivo. Ele se adapta às mudanças das condições do bebê. Por isso, se o bebê adoecer, seu corpo produz mais glóbulos brancos e anticorpos, que passam para o seu leite e ajudam a combater a infecção. Composição do leite de vaca a) Água (H2O) - A água é a substância em maior quantidade no leite. Em cada quilograma de leite, temos, em média, 873 gramas de água. b) Vitaminas - No leite estão presentes todas as vitaminas (A, complexo B, C, D, E e K), mas a quantidade delas não é tão relevante, já que, em um quilograma de leite, temos menos de um grama de vitaminas. Mesmo em pequena quantidade, as vitaminas presentes no leite apresentam ações bem diversificadas em nosso organismo. 5 c) Proteínas - No leite bovino estão presentes três proteínas, que são: A globulina é uma proteína cuja principal função é proteger anticorpos em nosso organismo; A albumina é uma proteína cuja função é auxiliar no transporte de diversas substâncias na corrente sanguínea. Juntas, a globulina e a albumina compõem cerca de 20% das proteínas do leite; A caseína possui uma grande variedade de aminoácidos e auxilia no desenvolvimento de massa muscular. No leite, é ela que une as moléculas de água com as de gordura. Constitui cerca de 80% das proteínas do leite. d) Sais minerais - Cloro (Cl): atua como um ativador de enzimas; Fósforo (P): participa da absorção de glicose; Potássio (K): participa da contração muscular; Sódio (Na): participa da regulação dos líquidos corporais; Cálcio (Ca): participa da formação de ossos e dentes; Magnésio (Mg): auxilia na ação das enzimas; Ferro (Fe): participa da constituição da hemoglobina; Zinco (Zn): participa da formação de diversas enzimas; Manganês (Mn): participa da formação dos constituintes do sistema enzimático. e) Enzimas -Lipases (responsáveis pela quebra de gorduras); Proteinases (quebram ligações peptídicas entre os aminoácidos); oxidorredutases (participam da transformação de lactato em piruvato); Fosfatases (têm a função de decompor fosfatos); Catalase e peroxidase (enzimas que decompõem o peróxido de hidrogênio). f) Gorduras - O triacilglicerídeo é o principal lipídio (gordura) presente no leite. A cada quilograma de leite, existem cerca de 39 gramas de gordura. g) Carboidrato - O carboidrato ou glucídio presente noleite é a lactose, que é originada pela união de dois monossacarídeos diferentes (glicose e galactose). A lactose é o componente sólido em maior quantidade do leite. Em um quilograma de leite, existem, em média, 46 gramas de lactose." Técnicas de Amamentação O momento da amamentação é único e especial, por isso merece ser tratado com extrema atenção e carinho. Para isso, existem algumas técnicas que ajudam as mamães a acharem a posição correta para acomodar os bebês. 6 Além das posições mais comuns, nada impede a mãe de achar uma forma mais agradável de se acomodar com seu filho na hora da mamada. Portanto, a posição ideal é aquela em que ambos estejam confortáveis. Além da busca pela melhor posição (e, consequentemente, a mais confortável) é importante atentar para que a pega também seja facilitada no momento da mamada. Depois de achar a posição adequada, é hora de colocar o seio na boca do bebê. A boca do bebê deve ser levada ao mamilo, e não o contrário (BEYBE). Seja qual for a posição, o importante é a mamãe estar relaxada, confortável e bem apoiada, ele serve para o pequeno. A amamentação feita de maneira correta não dói, pelo contrário, é um momento muito agradável de contato entre a mãe e seu bebê (BEYBE). Veja abaixo algumas posições para amamentar: Fonte: Blog Baybe Dificuldades na Amamentação No Brasil, o tempo médio de amamentação exclusiva, ou seja, quando o leite materno é o único alimento oferecido ao bebê, é de 54 dias, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) é de seis meses. Mas muitas mães deixam de amamentar devido a problemas encontrados durante este ato de amamentar o bebê. Grande parte das dificuldades iniciais da amamentação, ou seja, as do primeiro semestre de vida (em especial primeiro mês de vida), época em que deveria 7 prevalecer o aleitamento materno exclusivo (AME), está relacionada ao esvaziamento mamário inadequado durante o ato de sucção do bebê. Desta forma, o pediatra precisa estar capacitado para orientar tanto a técnica adequada de esvaziamento das mamas, como também oferecer suporte emocional e compreensão dos desconfortos que as lactantes sentem neste momento tão importante para o binômio mãe-filho (SANTIAGO, 2014). Ingurgitamento mamário Três componentes estão presentes: congestão/vascularização, acúmulo de leite e edema (devido à congestão e obstrução dos linfáticos). A distensão tecidual decorrente deste processo pode ser leve e benigna (fisiológica) ou excessiva (patológica), necessitando de tratamento. No último caso, as mamas ficam aumentadas, dolorosas, com áreas avermelhadas, quentes, brilhantes e edemaciadas, contribuindo para tornar os mamilos achatados, o que dificulta a pega do bebê e a fluidez do leite (leite mais viscoso ou empedrado). Geralmente, aparece entre o terceiro e quinto dia após o parto e pode ficar restrito à aréola, ao corpo da mama ou se estender a ambos (SANTIAGO, 2014). Orientação preventiva: recomenda-se iniciar a amamentação o mais cedo possível (sala de parto), regime de livre demanda, técnica correta e evitar bicos e suplementos. Mamilos doloridos e/ou trauma mamilar Uma discreta dor ou desconforto no início da mamada pode ser considerado normal, desde que a dor não seja intensa e não haja lesões mamilares. Neste caso, a causa mais comum é a técnica inadequada da amamentação. Tipos de traumas mamilares: eritema, edema, fissuras, bolhas etc. Orientação preventiva: técnica correta de amamentação; manter os mamilos secos e expô-los ao sol diariamente, não usando produtos que retirem a proteção natural dos mamilos; amamentar em livre demanda; ordenha manual da aréola antes das mamadas; evitar protetores de mamilo. (SANTIAGO, 2014). 8 Infecções mamilares Causadas principalmente por Staphilococcus aureus e Cândida albicans. No primeiro caso, o tratamento sistêmico é preferível ao tópico e é feito com dicloxacilina ou cefalexina. Para o fungo em questão recomenda-se manter os mamilos secos após as mamadas e o uso tópico de nistatina, clotrimazol, miconazol ou cetoconazol por 14 dias (tratar também o bebê). Em certos casos, pode ser necessária a utilização de fluconazol oral sistêmico por 14 a 18 dias. Lembrar que os bicos de chupetas e chucas são veículos e causas de infecções iniciais e reinfecções. (SANTIAGO, 2014). Bloqueio de ductos lactíferos O bloqueio manifesta-se tipicamente pela presença de nódulos mamários sensíveis e dolorosos, sem outras alterações da mama, podendo ainda ocorrer sinais inflamatórios sem febre alta. Orientação preventiva: medidas que favoreçam o esvaziamento completo das mamas, a técnica adequada de amamentação e o uso de sutiãs adequados. Mastite Trata-se de um processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama que pode ou não caminhar para uma infecção bacteriana. Os germes mais comumente envolvidos são os Staphylococcus (aureus e albus) e em menor frequência a Escherichia coli e Streptococcus (alfa, beta e não hemolítico). As fissuras mamilares costumam ser a porta de entrada. (SANTIAGO, 2014). Orientação preventiva: as mesmas para o ingurgitamento mamário e fissuras. Abcesso mamário e galactocele O abcesso é consequente à mastite não tratada, tratada tardiamente ou de forma ineficaz. Já a galactocele é uma formação cística nos ductos mamários contendo fluído leitoso, que, mais tarde, pode tornar-se viscoso. A ultrassonografia estará bem indicada nestes casos, já que ajuda a confirmar o diagnóstico e indica o melhor local para a punção ou incisão. (SANTIAGO, 2014). 9 Orientação preventiva: as mesmas para os bloqueios, fissuras e mastites. Outras dificuldades enfrentadas pelas lactantes: Despreparo materno pela falta de orientações específicas no pré-natal; Dificuldades para amamentação na sala de parto; Amamentação de prematuros internados em UTI neonatais; Falta de grupos de apoio ao AM na comunidade; Dificuldade para sanar dúvidas mais frequentes de forma imediata; Encontrar profissional, em especial pediatra, capacitado em AM. RELATÓRIO DA 4ª AULA PRÁTICA – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE CRIANÇAS Aula realizada no Departamento de Saúde do Centro Universitário Jorge Amado no Campus Paralela. Objetivo – Avaliar o estado nutricional de crianças a partir da interpretação de parâmetros utilizados no atendimento nutricional. ANTROPOMETRIA EM CRIANÇAS “Avaliação Antropométrica” é o nome dado a um conjunto de medidas que podem ser feitas para avaliar aspectos do Estado Nutricional e do Crescimento. A importância da avaliação nutricional é reconhecida tanto na atenção primária, para acompanhar o crescimento e a saúde da criança e do adolescente, quanto na detecção precoce de distúrbios nutricionais, seja desnutrição ou obesidade. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). De acordo com Mello (2002), a avaliação do estado nutricional é uma condição fundamental no estudo da criança e do adolescente, sendo possível verificar/averiguar/investigar se o crescimento está se afastando do padrão adotado e esperado, seja por doença e/ou condições sociais desfavoráveis. 10 O método de avaliação do estado nutricional está diretamente relacionado com o objetivo da avaliação, qual seja: diagnosticar a magnitude dos problemas nutricionais, identificar e analisar os seus determinantes para o estabelecimento de medidas de intervenção adequadas. (VASCONCELOS, 1995). O acompanhamento sistemático do crescimento e do desenvolvimento infantil é de grande importância, pois corresponde ao monitoramento das condições de saúde e nutrição da criança assistida. Os índices antropométricos são utilizados como o principal critério desse acompanhamento. Essa indicação baseia-se no conhecimento de que o desequilíbrio entre as necessidades fisiológicas e a ingestão de alimentos causaalterações físicas nos indivíduos, desde quadros de desnutrição até o sobrepeso e a obesidade. O uso de indicadores antropométricos na avaliação do estado nutricional de indivíduo ou coletividades é, entre várias opções, a mais adequada e viável para ser adotada em serviços de saúde, considerando as suas vantagens como: baixo custo, a simplicidade de realização, sua facilidade de aplicação e padronização, amplitude dos aspectos analisados, além de não ser invasiva. A avaliação antropométrica é um método de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas de alguns segmentos ou da composição corporal global. É aplicável em todas as fases do curso da vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Outra vantagem da utilização de indicadores antropométricos é a grande quantidade de ferramentas e recursos metodológicos e técnicos já disponíveis para a análise da situação nutricional de indivíduos ou populações e, principalmente, para comunicação e comparação dos resultados. Assim, o método antropométrico estimula o agrupamento dos diagnósticos individuais e permite traçar o perfil nutricional dos grupos de situação nutricional mais vulnerável em faixas etárias, regiões ou em nível nacional. Índices antropométricos Os índices antropométricos mais amplamente usados, recomendados pela OMS e adotados pelo Ministério da Saúde para a avaliação do estado nutricional de crianças, são: 11 O índice peso por idade (P/I) é amplamente usado no diagnóstico e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, sendo construído a partir da relação entre o peso observado e o peso de referência (ou peso padrão) por idade e sexo. (ASSIS & VASCONCELOS, 2007). O índice E/I (estatura por idade) é constituído pelas variáveis de estatura, idade e sexo, revela o crescimento longitudinal do corpo. As deficiências quantitativas e/ou qualitativas de consumo alimentar acarretam alterações no crescimento ponderal, podendo persistir e ocasionar atrasos reversíveis ou irreversíveis no crescimento linear, sendo assim déficits de E/I revelam ocorrências de deficiências nutricionais de longa duração ou pregressos. (ASSIS & VASCONCELOS, 2007). O índice P/E (peso por estatura), demonstra o equilíbrio das dimensões do corpo ou do processo de crescimento, este índice é constituído pelas variáveis de peso, estatura e sexo (ASSIS & VASCONCELOS, 2007). Índice de Massa Corporal/Idade (IMC/I) – Expressa a relação entre o peso da criança/adolescente e o quadrado da estatura. Utilizado principalmente para identificar déficit nutricional e o excesso de peso entre crianças e adolescentes, tem a vantagem de ser um índice empregado em outras fases da vida. Este indicador é recomendado internacionalmente no diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais, já que incorpora a informação da idade do indivíduo e foi validado como indicador de gordura corporal total nos percentis superiores. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009) Além das medidas em si, existem dois cuidados para fazer uma análise adequada: a idade exata em meses e o sexo da criança. O motivo disso é que o padrão observado em meninos nem sempre é o mesmo que em meninas. 12 É muito simples fazer a medida, mas alguns cuidados são necessários: ● a criança não deve estar inquieta no momento de obter os valores; ● os instrumentos devem ser devidamente posicionados de acordo com o que é preconizado pela técnica; ● além do posicionamento, devem estar bem calibrados para serem precisos. Por fim, é importante informar toda a história da criança, até mesmo na vida intrauterina. Isso porque as intercorrências na gestação ou durante o parto podem comprometer o desenvolvimento após o nascimento. Algumas condições, como icterícia prolongada ou traumatismo craniano podem influenciar no metabolismo e prejudicar o crescimento. As medidas de peso serão obtidas por meio de balanças, doravante chamada de balança pediátrica, a ser utilizada com crianças até 2 anos de idade e com peso inferior a 15 quilogramas (kg). A precisão desta balança é de 5 gramas (g) para as medidas até 5 kg e de 10 g para as medidas entre 5 e 15 kg. Para crianças com peso superior a 15 kg deve ser utilizado a balança de plataforma, com capacidade até 200 kg e precisão de 100 g. A altura é feita em pessoas maiores de 2 anos de idade. Para fazer essa medida, será utilizado um estadiômetro. O comprimento, mesma distância que a altura, é o nome da medida para crianças de zero a 2 anos de idade, pois equivale ao tamanho dela deitada. Essa medida pode ser realizada, em casos excepcionais, em crianças com mais de 2 anos de idade substituindo a medida da altura, desde que a criança meça até 100 cm, valor máximo do infantômetro. Em hipótese alguma devem ser realizados arredondamentos nas medidas de peso e comprimento/altura obtidas. A utilização de referenciais de crescimento, gráficos inclusive, na prática clínica visa basicamente contribuir para: 1. Analisar a normalidade, ou não, do crescimento alcançado; 2. Elaborar o diagnóstico de estado nutricional; 3. Acompanhar a evolução do crescimento e do estado nutricional. 13 Gráficos de Avaliação do Crescimento e de Massa Corporal As curvas de crescimento permitem uma avaliação seriada do peso e da estatura através do tempo. A utilização das curvas de crescimento, em pelo menos três mensurações sucessivas de peso e estatura, com intervalos compatíveis com sua velocidade de crescimento em função da idade, permite aferir se a criança está em risco nutricional (SIGULEM, DEVINCENZI; LESSA 2000). As curvas mais utilizadas são as preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (2006 e 2007), que são adotadas pelo Ministério da Saúde. 14 Casos Clínicos Apresentados CRIANÇAS MARIA BEATRIZ OLIVEIRA IDADE 6 meses PESO 7 kg COMPRIMENTO 63cm = 0,63m INDICADORES INDICADORES P/I (Peso para idade) P/I = (7 ÷ 6) P/I = 1,17 Diagnóstico criança com peso baixo para a idade. E/I (Estatura para idade) E/I = (0,63 ÷ 6) E/I = 0,11 Diagnóstico Muito baixa estatura para idade. P/A (Peso para estatura) P/E = (7 ÷ 0,63) P/E = 11,11 Diagnóstico criança com peso adequado para sua altura. IMC/I (IMC para idade) IMC/I = 17,63 ÷ 6 IMC/I = 2,94 Diagnóstico Magreza IMC IMC = Peso ÷ (altura)2 = 7 ÷ (0,63)² = 17,63 Kg/ m2 Diagnóstico IMC adequado ou Eutrófico, Valor maior e mais próximo de P50 (17.341) 15 Analisando os índices separadamente, observa-se que a criança apresenta baixo peso, baixa estatura, peso adequado , magreza e IMC eutrófico. Mas esses parâmetros obtidos não podem ser analisados de forma isolada sem, o ideal é que sejam analisados em conjunto observando todas as vertentes a fim de obter um “diagnóstico” mais claro e assertivo. Portanto, Maria Beatriz é uma criança que mesmo com aparente baixa estatura encontra-se com peso adequado para sua altura e IMC adequado (eutrófico). Diante desse quadro recomenda-se o acompanhamento e verificação da sua estatura ao longo do tempo a fim de avaliar se o crescimento corporal está adequado e caso não, averiguar quais as possíveis causas e agir a fim de corrigir alguma deficiência nutricional específica. 16 CRIANÇAS JOÃO VITOR NASCIMENTO IDADE 12 meses PESO 6 kg COMPRIMENTO 70cm = 0,70m INDICADORES INDICADORES P/I (Peso para idade) P/I = (6 ÷ 12) P/I = 0,5 Diagnóstico criança com peso baixo para a idade. E/I (Estatura para idade) E/I = (0,70 ÷ 12) E/I = 0,06 Diagnóstico Muito baixa estatura para idade. P/A (Peso para estatura) P/E = (6 ÷ 0,70) P/E = 8,57 Diagnóstico criança com risco de baixo peso para sua altura. IMC/I (IMC para idade) IMC/I = 12,24 ÷ 12 IMC/I = 1,02Diagnóstico Magreza IMC IMC = Peso ÷ (altura)2 = 6 ÷ (0,48)² = 12,24 Kg/ m2 Diagnóstico Baixo IMC para idade, Valor menor e mais próximo de P1 (14.054) 17 Analisando os índices separadamente , observa-se que a criança apresenta baixo peso, muito baixa estatura, risco de baixo peso , magreza e IMC baixo para a idade. Mas esses parâmetros obtidos não podem ser analisados de forma isolada sem, o ideal é que sejam analisados em conjunto observando todas as vertentes a fim de obter um “diagnóstico” mais claro e assertivo. Portanto, João Vitor é uma criança cujo quadro de desenvolvimento requer muita atenção tendo em vista que em todos os índices estão abaixo do recomendado para a sua idade, desnutrição, baixo desenvolvimento corporal e de massa corporal. Nesse quadro há perigo de anemia, baixa imunidade, alterações ósseas e distúrbios nos crescimento. Necessita de uma rápida intervenção a fim de resgatar a saúde da criança e reverter esse quadro. 18 CRIANÇAS LAURA CABRAL E SANTOS IDADE 2 anos e 6 meses = 30 meses PESO 13 kg COMPRIMENTO 63 cm = 0,63m INDICADORES INDICADORES P/I (Peso para idade) P/I = (13 ÷ 30) P/I = 0,43 Diagnóstico criança com peso baixo para a idade. E/I (Estatura para idade) E/I = (0,63 ÷ 30) E/I = 0,02 Diagnóstico Muito baixa estatura para idade. P/A (Peso para estatura) P/E = (13 ÷ 0,63) P/E = 20,63 Diagnóstico criança com peso adequado para sua altura. IMC/I (IMC para idade) IMC/I = 32,75 ÷ 30 IMC/I = 1,09 Diagnóstico Magreza IMC IMC = Peso ÷ (altura)2 = 13 ÷ (0,63)² = 32,75 Kg/ m2 Diagnóstico Obesidade, Valor maior e mais próximo de P99 (19.127) 19 Analisando os índices separadamente, observa-se que a criança apresenta baixo peso, baixa estatura, peso adequado, magreza e IMC obesa para a idade. Mas esses parâmetros obtidos não podem ser analisados de forma isolada sem o ideal é que sejam analisados em conjunto observando todas as vertentes a fim de obter um “diagnóstico” mais claro e assertivo. Portanto, Laura Cabral é uma criança cujos índices apontam um quadro de obesidade 20 CRIANÇAS BERNARDO JUNQUEIRA DA SILVA IDADE 4 anos e 2 meses = 50 meses PESO 24 kg COMPRIMENTO 115cm = 1,15m INDICADORES INDICADORES P/I (Peso para idade) P/I = (24 ÷ 50) P/I = 0,48 Diagnóstico criança com peso baixo para a idade. E/I (Estatura para idade) E/I = (1,15 ÷ 50) E/I = 0,02 Diagnóstico Muito baixa estatura para idade. P/A (Peso para estatura) P/E = (24 ÷ 1,15) P/E = 20,87 Diagnóstico criança com peso adequado para sua altura. IMC/I (IMC para idade) IMC/I = 18,14 ÷ 50 IMC/I = 0,36 Diagnóstico Magreza IMC IMC = Peso ÷ (altura)2 = 24 ÷ (1,15)² = 18,14 Kg/ m2 Diagnóstico Obesidade, Valor maior e mais próximo de P97(17.983) 21 Analisando os índices separadamente , observa-se que a criança apresenta baixo peso, baixa estatura, peso adequado, magreza e IMC obesa para a idade. Mas esses parâmetros obtidos não podem ser analisados de forma isolada sem, o ideal é que sejam analisados em conjunto observando todas as vertentes a fim de obter um “diagnóstico” mais claro e assertivo. Portanto, Bernardo é uma criança cujo quadro de desenvolvimento requer atenção pois encontra-se com quadro de obesidade para a idade e estatura, conforme os gráficos apresentados acima. Essa atenção é inicialmente de forma a acompanhar se está havendo crescimento e como o corpo da criança está se apresentando quanto ao peso. 22 A partir dessas avaliações antropométricas das crianças estudadas, pode-se afirmar que a utilização de apenas um índice para analisar o quadro de desenvolvimento e massa corporal da criança se torna desvantajoso, tendo que ser analisado todo o conjunto e as diversas situações para que possamos ter um diagnóstico mais preciso e adotar medidas que possam ajudar o crescimento da criança. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Aires, M. M. (org.). Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. ARAUJO, L. de A., REIS, A.T. Enfermagem na prática materno-neonatal. Enfermagem na prática materno-neonatal | Rio de Janeiro; Guanabara Koogan; 2012. 298 p. ilus, tab, graf. Cap. 2 e Cap. 9. Coleciona SUS. ASSIS, F. de; VASCONCELOS, G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis: Ed. UFSC, 2007. BEYBE, Beybe. 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