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Farmacologia Aplicada - PENICILINAS

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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
PENICILINAS
Hoje vamos iniciar o módulo inteiro de antibióticos, vamos iniciar pela classe que é tida pela
ciência como primeira classe de antibióticos a ser descoberta que são as PENICILINAS.
As penicilinas não foram a primeira classe a entrarem em uso clínico, a primeira classe a entrar
em uso clínico foram as sulfas, mas a primeira classe a descoberta em 1928 foram as penicilinas, foi
descoberta pelo pesquisador Alexander Fleming.
#Introdução
● Alexander Fleming, 1928
● Cepas de Staphylococcus⇒ um fungo que contaminava as culturas causava lise das bactérias
presentes
● Fungo do gênero Penicillium
● Uma década depois a penicilina foi desenvolvida como agente terapêutico na Universidade de
Oxford
● 1940 o material produzia efeito terapêutico em infecções estreptocócicas
● 1941⇒ Estudos clínicos em infecções por Estrepto e Estafilococos
● Penicilina tinha pureza de apenas 10%, eram necessárias grandes quantidades extraídas das
colônias fúngicas ou da urina de paciente tratados
● 1942 ⇒ 122 milhões de unidades produzidas nos EUA e Ensaios clínicos em Yale e Mayo
Clinic
● 1943 ⇒ adotada para todos os serviços médicos das Forças Armadas dos EUA
● 1950 ⇒ Fermentação profunda no processo de fabricação ⇒ 200 trilhões de unidades
produzidas
Em 1928, Alexander Fleming estava cultivando cepas de Estafilococos em placas de petri e
observou que um fungo contaminou essas placas e ao redor da colônia fúngica as bactérias
morriam, ou seja, as culturas fúngicas causavam lise das bactérias presentes. Esse fungo era do
gênero Penicillium, por isso que ele denominou a substância de penicilina.
Apenas uma década depois, no fim dos anos 30, a penicilina foi desenvolvida como agente
terapêutico na Inglaterra na Universidade de Oxford. Achava-se inicialmente que era uma
substância capaz de matar o estafilococos.
Em 1940, um pouco tempo depois, observou que esse material, esse estrato das colônias fúngicas
também tinham efeito terapêutico em infecções por estreptococos, então, tinha efeito para
estafilococos e para estreptococos, que são bactérias do gênero gram positivas. Na época havia um
problema com relação à produção, esse extrato fúngico tinha uma pureza de apenas 10%, ou seja,
apenas 10% do líquido era penicilina. Então era preciso grandes quantidades extraídas dessas
colônias fúngicas ou da urina de pacientes, portanto, a penicilina é um fármaco inerte
farmacologicamente, ou seja, não sofre nenhum tipo de processo metabólico, a molécula de
penicilina conforme ela entra no corpo, ela sai. Então ela sai inteira e ativa na urina, portanto uma
maneira de se obter era "reciclar" a penicilina, pegando da urina dos pacientes que estavam usando
e injetar no próprio paciente ou em outro paciente.
Em 1942, 122 milhões de unidades de penicilinas foram produzidas e foram realizados ensaios
clínicos nos EUA, na Universidade de Yale e na Mayo Clinic. O início do uso clínico da penicilina na
verdade entra num contexto em que o mundo vivia a 2ª Guerra Mundial (GM). Um grande
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
problema da 2ªGM era a infecção da ferida, o soldado muitas vezes não morria da ferida, mas
morria da infecção secundária do seu ferimento. Em 1943, a penicilina já foi adotada para todos os
serviços médicos das Forças Armadas do EUA começando o uso em grande escala.
Na década de 50, descobriu-se um novo método de produção da penicilina através da fermentação
profunda dos fungos. Podemos ver que em 1942 foi produzido 122 milhões de unidades, já em 1950
essa produção já foi para 200 trilhões de capacidade, dá uma capacidade muito maior de produzir
esse antibiótico.
#Beta Lactâmicos
A penicilina faz parte de um grande grupo de antibióticos chamados Beta Lactâmicos. Além da
penicilina, nos Beta Lactâmicos temos outras três classes (Cefalosporinas, Monobactâmico,
Carbapenêmicos). Os Beta Lactâmicos têm em comum o anel beta lactâmico,
sendo a estrutura comum em quatro classes de antibióticos as próprias
penicilinas (penicilina natural, amoxicilina, oxacilina, ticarcilina, piperacilina), as
cefalosporinas (cefalexina, cefazolina, cefalotina, ceftriaxona, cefepime,
ceftazidima) o monobactâmico (aztreonam) e os carbapenêmicos (imipenem,
meropenem, ertapenem).
#Penicilina Natural
● Penicilina G ou Benzilpenicilina⇒ mais ativa, única penicilina natural utilizada clinicamente
● Modificações nas cadeias laterais "R"⇒ penicilinas semissintéticas
Temos atualmente no mercado as penicilinas naturais e penicilina semissintéticas. As
penicilinas naturais são a molécula exatamente como ela é extraída da cultura fúngica, é a
mesma molécula, sendo representada por letra e atualmente só usamos um tipo de penicilina
natural que é a penicilina G ou benzilpenicilina (é a mesma coisa), portanto, é a única
penicilina natural utilizada atualmente.
Todas as outras penicilinas que usamos são semissintéticas. Pega-se a cadeia principal da
penicilina, do anel penicílico ligado ao anel beta lactâmico. As outras penicilinas chamadas de
penicilina semissintética são obtidas por substituição da cadeia "R", cadeia lateral. Então as
penicilinas semissintética são obtidas por modificações nas cadeias laterais da penicilina
natural/benzilpenicilina, ela vai recebendo novos componentes, dando origem a todas as outras
penicilinas.
Portanto, a única natural é a penicilina G e todas as outras, amoxicilina, ampicilina, oxacilina,
piperacilina, ticarcilina, meticilina, todas as outras penicilinas são semissintéticas. No geral, no
dia-a-dia usamos muito mais penicilinas semissintéticas do que a penicilina natural, elas são bem
mais ativas.
#Sistema de Unidades de Penicilina
● Penicilina G é expressa em Unidades
● 1 mg de Penicilina G sódica equivale a 1.667 unidades
● 1 mg de Penicilina G potássica equivale a 1.595 unidades
● A dose e a potência das penicilinas semissintéticas é expressa em unidades de peso (mg)
As penicilinas são expressas em unidades, unidade internacional, ela não é expressa em unidade de
peso. Então, a penicilina natural, penicilina G, é expressa em unidade internacional. Ex.: 1 milhão
de unidades, 1 milhão e 200 unidades , 600 mil unidades.
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
As outras penicilinas, as penicilinas semissintéticas são todas expressas em unidades de peso (mg).
Ex.: o Benzetacil que é a penicilina G é uma penicilina natural (penicilina G benzatina), sendo
expresso por unidades internacionais.
Ex.: a Amoxicilina é expressa em mg, unidade de peso.
#Mecanismo de Ação
● São antibióticos bactericidas
● Inibem a síntese dos Peptidoglicanos da parede celular das bactérias ⇒ afetam a atividade
dos transpeptidases
● PLPs (proteína ligadora de penicilina) ⇒ afetam outros mecanismos além da atividade das
transpeptidases … o peptidoglicano
● Manutenção do formato da bateria
● Formação do septo na replicação bacteriana
A penicilina é um antibiótico bactericida, isso quer dizer que ele mata a bactéria, capaz de causar
algum dano nessa bactéria que irá levar à sua morte. A estrutura celular da bactéria que será
danificada pela penicilina é a parede celular, estrutura fora da membrana. A parede celular das
bactérias são formadas por nos gram positivos em grande parte e nos gram negativos em pequenas
partes por moléculas de peptideoglicanos.
A penicilina afeta a ação de enzimas chamadas transpeptidases, são enzimas que fazem ligação de
uma molécula de peptideoglicano com a molécula seguinte, ou seja, é o que faz ligação de um
peptideoglicano com outro. Se essa enzima estiver inativa, os peptideoglicano não vão conseguir se
ancorar na molécula seguinte, se não causo o ancoramento do peptideoglicano na parede celular,
essa parede celular irá se romper, levando a morte da bactéria.
Para agir nessas enzimas as penicilinas precisam se ligar a um receptor chamado de proteína
ligadora de penicilina (PLPs ou PBP). As PBPs ou PLPs são proteínas receptores presente na
membrana celularda bactéria, então, para inibir as transpeptidases ela precisa primeiro se ligar à
PBP, a inibição das peptidases se dá a partir da ligação de uma proteína ligadora de penicilina ou
PBP.
Qual o sítio de ligação da penicilina? proteína ligadora de penicilina, essa proteína de membrana,
não está na parede, essa proteína de membrana é responsável pelas transpeptidases e com isso não
ocorre o ancoramento das moléculas de peptideoglicano levando a lise da parede celular da
bactéria.
As PBPs e o peptideoglicano, ele é responsável por manter o formato da bactéria, dá estrutura à
parede bacteriana, dando o seu formato, e ele também tem importância na formação do septo
quando a bactéria vai se replicar por partição binária. A bactéria se reproduz por partição binária e
para se dividir em duas precisa formar um septo no meio da sua célula para que se replique e a
formação desse septo para a replicação também precisa da ação dos peptideoglicanos, se estou com
a ligação de um peptideoglicano com outro bloqueada pela penicilina a bactéria não conseguirá se
replicar. Então a penicilina é bactericida e bacteriostática, impede tanto a replicação da bactéria
quanto leva a sua morte por rompimento da parede celular.
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
A parede celular dos gram negativos é formada por uma membrana externa de lipopolissacarídeos
e uma membrana interna ou membrana celular e no meio das duas membranas tenho uma camada
de peptidoglicanos.
Portanto, a penicilina entra na membrana externa pelos canais de porinas e aí se liga à essas
proteínas de membranas que são as PBPs ou PLPs, que é o sítio de ligação da penicilina. Quando a
penicilina se liga leva a inibição da transpeptização dos peptideoglicano, não havendo o
ancoramento de uma molécula de peptideoglicano sobre a outra, há ruptura da parede celular
dessa bactéria.
Que estruturas dessa parede celular não existe nos gram positivos? a membrana externa de
lipopolissacarídeos.
Como é a parede celular de um gram positivo? é só peptidoglicano e membrana plasmática.
Aqui é o exemplo dos peptideoglicanos e quando tenho a
penicilina, ela impede essas pontes de ligação de um
peptideoglicano com a molécula seguinte e com isso a
ruptura da parede.
Aqui dá para diferenciarmos bem os gram positivos dos
gram negativos. Na parte de cima temos os gram positivos,
podemos reparar na parede deles que é uma grande
camada de 25 a 30 fileiras (camadas) de peptideoglicano.
Então para agir no gram positivo o beta lactâmico, essa
penicilina, precisa só atravessar a camada de
peptideoglicano e se ligar à proteína ligadora de penicilina.
No gram negativo a estrutura da parede é diferente, tendo uma membrana externa de
lipopolissacarídeos, no meio tem cerca de 5 camadas de peptideoglicano e por baixo tem a
membrana plasmática ou membrana interna. Para, então, atingir seu sítio de ligação no gram
negativo é um pouco mais difícil para a penicilina porque primeiro ela tem a membrana externa
como barreira, ela não consegue atravessar os lipopolissacarídeos de membrana, para penetrar na
parede celular e atingir a membrana plasmática onde está a proteína ligadora de penicilina precisa
entrar por canais presentes nessa membrana denominados canais de porinas, atravessa esse canal
e atinge a PLP que é seu sítio de ação. Quando atinge a PLP impede a transpetização do
peptideoglicano e rompe as camadas de peptideoglicano levando a lise da parede celular e
consequentemente a morte da bactéria.
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
A parede celular das gram positivas é 60% formada por peptideoglicano, então, a parte externa é
praticamente uma grande camada de peptideoglicano, para agir o antibiótico precisa atravessar
essa camada de peptideoglicano e se ligar à PLP. Já na gram negativa só 10% da parede celular é de
peptideoglicano, as camadas de peptideoglicano são o sanduíche entre a membrana externa de
lipopolissacarídeos e a membrana celular ou membrana plasmática, então, para atingir a
membrana celular onde estão as PLP é necessário atravessar a membrana externa pelos canais de
porinas.
Nas gram positivas não preciso dos canais de porina porque não tenho a membrana externa,
atravessando direto a camada de peptideoglicano.
A ação das penicilinas é impedir que um peptideoglicano se ancore sobre o seguinte, com isso levo
a lise da parede celular, mas como ele leva a lise da parede celular? os antibióticos beta-lactâmicos
interferem na síntese da parede celular, mas para agir precisa se acoplar à um receptor que está na
membrana interna ou membrana plasmática que é a PLP; quando se liga à essa proteína ela
interfere com as transpeptidase impedindo a transpeptidação do peptideoglicano.
● Os antibióticos beta-lactâmicos interferem na síntese da parede celular bacteriana. A
penicilina acopla num receptor presente na membrana interna bacteriana (PBP) e interfere
com a transpeptidação que ancora o peptideoglicano estrutural em volta da bactéria,
impedindo a síntese da parede celular bacteriana.
Objetivamente a penicilina impede a transpeptidação do peptideoglicano, ou seja, impede que uma
molécula de peptideoglicano se ancore sobre a seguinte. Impedindo assim a síntese da parede
celular da bactéria, levando a lise da parede celular da bactéria, levando a sua morte.
Portanto, o mecanismo de ação tem três passos, que são?
1. Se ligar à proteína ligadora de penicilina - faz isso diretamente no gram positivo e no gram
negativo para fazer isso precisa atravessar a membrana externa
2. Ao se ligar à proteína ligadora de penicilina, impede a ação enzimática de enzimas
denominadas transpeptidases
3. Com as transpeptidases inibidas, uma molécula de peptideoglicano não consegue se ancorar
na molécula seguinte, levando a ruptura/lise da parede celular bacteriana, levando a morte
da bactéria.
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
#Mecanismos de resistência bacteriana
● Todas as bactérias que têm parede celular têm PLPs
● Os Beta Lactâmicos são incapazes de destruir todas as bactérias
● PLPs com diferenças estruturais
● PLPs com afinidade diminuída (PLPs com alto peso molecular)
● Há recombinação homóloga entre genes de PLPs entre diferentes espécies bacterianas
● Incapacidade do fármaco penetrar no seu local de ação (Gram negativas, membrana externa
de lipopolissacarídeos)
● Penetração por porinas (aquafílicos e pequenos). Ex.: Pseudomonas⇒ Gonorrhoae
● Bombas de efluxo ativo. Ex.: Pseudomonas aeruginosas e Neisseria Gonorrhoae
● Destruição enzimática⇒ Betalactamases
Os mecanismos de resistência, todas as bactérias que têm parede celular tem PLP, mas os
beta-lactâmicos, as penicilinas fazem parte dos beta-lactâmicos são incapazes de destruir todas as
bactérias.
O primeiro e mais comum mecanismo de resistência é a destruição enzimática, é a bactéria
produzir enzimas capazes de hidrolisar o anel beta-lactâmico. Então, a destruição enzimática pelas
beta-lactamases é o primeiro mecanismo de resistência das bactérias.
O segundo é a bactéria expressar proteínas ligadoras de penicilina, com diferença estrutural.
Essas diferenças estruturais diminuem a afinidade do antibiótico pela proteína ligadora de
penicilina. A alteração estrutural mais comum das proteínas ligadoras de penicilina é aumentar o
peso molecular, é tornar a proteína ligadora de penicilina gorda/grande e com isso não vai haver a
ligação da penicilina no seu sítio, ela aumenta o tamanho da proteína ligadora de penicilina.
Esses genes que expressam esse mecanismo de resistência, produção de beta-lactamases, expressar
diferentes proteínas ligadoras de penicilina, podem haver recombinação entre diferentes espécies
bacterianas, uma bactéria pode adquirir um mecanismo de resistência de outra através de
fagocitose, de plasmídeo, de vírus bacteriófagos, pode passar de uma bactéria para outra. Esse
mecanismo de resistência não precisa ser obrigatoriamente inato da bactéria, pode ser adquirido e
uma espécie que antes eramsensível à penicilina passa ao longo do tempo se tornar resistente.
Temos uma grande resistência a penicilina naturais hoje em dia e isso se deve, principalmente, ao
fato da gente usar a penicilina à muito anos, usamos a penicilina clinicamente há 80 anos, imagina
os critérios de uso ao longo do tempo para esses antibióticos tão antigos, é lógico que os
mecanismos de resistência se propagaram muito ao longo do tempo.
O terceiro mecanismo de resistência é a incapacidade da penicilina de chegar ao seu local
de ação, isso é o mecanismo de resistência que ocorre nas Gram-negativas devido à membrana
externa de polissacarídeos. No Gram-negativo para atravessar essa membrana externa a bactéria
depende dos canais de porinas (penetração por porinas), são canais aquafílicos e bem pequenos,
então o antibiótico precisa entrar na bactéria junto com a água por esses canais de porinas.
Algumas bactérias deixam de expressar ou modificam seus canais de porinas, com isso não vai
haver a capacidade de penetração do antibiótico na parede celular do gram-negativo e ela não vai
conseguir atingir a proteína ligadora de penicilina que é o seu sítio de ação. Exemplo de um
gram-negativo capaz de fazer isso é um gram-negativo de origem hospitalar que é a Pseudomonas
aeruginosas e outras espécies de Pseudomonas, ela pode não ter canais de porinas, se não tiver os
canais de porinas ela vai se tornar resistente à grande parte dos antibióticos porque quase todos
eles precisarão entrar ou na parede ou na membrana ou dentro da célula para poder agir.
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
E o quarto mecanismo de resistência para a penicilina é a bomba de efluxo, é importante
mecanismo de resistência para antibióticos que hajam dentro da célula, no ribossomo, no
cromossomo. Nas penicilinas como ele age para fora da bactéria acaba não sendo um mecanismo
de resistência muito importante. Alguns gram-negativos como as Pseudomonas aeruginosas, o
gram-negativo hospitalar, e a Neisseria gonorrhoae, gonococo, podem se tornar resistentes às
penicilinas por bomba de efluxo, mas é raro.
Portanto, os mecanismos de resistência bacteriana contra a
penicilina o mais comum às penicilinas é a inativação
enzimática, produção pela bactérias de enzimas capazes de
hidrolisar o anel beta-lactâmico e com isso tirar todo o
poder/capacidade do antibiótico; o segundo é modificar o
sítio de ação, modificar o alvo, o alvo da penicilina é o PLP
ou PBP e aí normalmente modifica essa PLP aumentando o
seu peso molecular, transformando o PLP em uma proteína
grande e com isso diminuindo a afinidade dela pelo
antibiótico, esse não vai conseguir se ligar ao seu sítio de
ação; a diminuição da permeabilidade é o mecanismo de ação de bactérias gram-negativas
que modificam ou deixam de expressar os canais de porinas nas suas membrana externa com isso
impedindo que o antibiótico atravesse a membrana externa da bactéria e em consequência não
atinge o seu sítio de ação que está na membrana interna; e a bomba de efluxo, que é uma bomba
proteína na superfície da bactéria e expulsa ativamente por transporte ativo o antibiótico do
interior da célula, não importa muito esse mecanismo de ação para os beta-lactâmicos porque eles
atuam na proteína ligadora de penicilina que é uma proteína de superfície, sendo então, um
mecanismo de resistência importante para antibióticos que ajam dentro da célula, no ribossomo e
no cromossomo bacteriano, portanto, antibióticos que ajem no interior da célula no seu material
genético ou na sua síntese de proteína são susceptíveis à bomba de efluxo, já que eles precisam
entrar no citoplasma.
O gene que expressa esse mecanismo de resistência, ele pode ser adquirido pela bactéria ao longo
da sua vida através de transformação, que é a fagocitose do material genético de uma bactéria
morta por outra e aí esse gene é incorporado ao material genético da bactéria e passa a expressar
aquele mecanismo, seja a produção de uma enzima, seja não expressando porinas, seja o aumento
do peso molecular da PLP; um outro mecanismo de aquisição desses genes é por conjugação que
é via plasmídio, o plasmídio de uma bactéria atravessa para outra carreando consigo o gene que vai
dar a capacidade de resistência; o terceiro mecanismo de aquisição é o por transdução que é via
vírus bacteriófago, é um vírus que infecta a bactéria e adquiriu o seu material genético, o seu gene
com expressão do mecanismo de resistência e infectar outra bactéria carreando esse gene que vai
ser incorporado ao material genético da bactéria e ela vai passar a expressar aquele mecanismo.
#Betalactamases
● Hidrolisam os ATB betalactâmicos
● 4 grupos de A a D
● Classe A ou Betalactamase de espectro ampliado (BLEA/ESBL) ⇒ degradam as penicilinas,
cefalosporinas e alguns carbapenêmicos (KPC)
● Classe B⇒ destroem todos os carbapenêmicos, exceto aztreonam
● Classe C ⇒ ativas contra cefalosporinas
● Classe D⇒ degradam a cloxacilina
● Inibidores de Betalactamases⇒ clavulanato, tazobactam e sulbactam
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
As betalactamases são enzimas que
hidrolisam o anel dos antibióticos
beta-lactâmicos, elas podem ser de quatro
grupos diferentes essas enzimas, que são
denominadas por letras e que vão de A a D.
A Classe A são chamadas de Betalactamases de espectro ampliado dificilmente ou nunca
vamos ver a sigla em português BLEA, falamos se aquela bactéria é ou não produtora de ESDL
(extended spectrum betalactamase). São betalactamases capazes de destruir todas as classes de
carbapenêmicos, por isso espectro ampliado, elas degradam não só as penicilinas como também as
cefalosporinas e até mesmo alguns carbapenêmicos. O carbapenêmico é um antibiótico muito
potente, foi feito sinteticamente produzido para resistir à ação das betalactamases, então, quando
uma bactéria é capaz de produzir uma betalactamase que destrói um carbapenêmico, ela é uma
bactéria muito virulenta, uma bactéria potencialmente causadora de infecções muito graves e de
difícil tratamento, um exemplo é um gram-negativo chamado klebsiella pneumoniae - KPC,
quando acrescente esse "C" quer dizer que essa klebsiella pneumoniae é produtora de
carbapenemase. Portanto, quando ouvir que o paciente está infectado com KPC, é uma Klebsiella
pneumoniae que produz uma betalactamase de espectro ampliado capaz de destruir
carbapenêmicos (klebsiella pneumoniae carbapenemase). Não só a klebsiella produz o ESBL,
vários gram-negativos hospitalares produzem a ESBL (até a escherichia coli, um gram-negativo
comunitário que normalmente é resistente a tudo, já possui cepas produtoras de ESBL).
A Classe B é um pouco diferente da A que destroem todos os carbapenêmicos, exceto o
monobactâmico (aztreonam), lembra que os betalactâmicos eram 4 classes, penicilinas,
cefalosporinas, carbapenêmicos e o monobactâmico. Então, a Classe B destroem os
carbapenêmicos, mas não destrói o monobactâmico que é o aztreonam.
A Classe C é ativa contra cefalosporina (destrói as cefalosporinas) e a Classe D é a que destrói as
penicilinas, oxacilina e a cloxacilina que são as penicilinas antiestafilocócicas, portanto a Classe D
degrada a oxacilina, a cloxacilina, a meticilina que são as penicilinas feitas para agir contra os
estafilococos.
No dia-a-dia a gente utiliza de um artifício para tentar inibir essas enzimas beta-lactamases que são
substâncias inibidoras de beta-lactamase, a gente usa três, não são antibióticos, esses inibidores de
beta-lactamase não são antibióticos, eles não fazem nada na bactéria, o que eles fazem é atrair para
si as beta-lactamases são eles o clavulanato (ácido clavulânico - usamos muito associado à
amoxicilina, penicilina semissintética e também a ticarcilina), tazobactam (associado a
piperacilina) e sulbactam (associado a ampicilina). Damos essas substâncias junto com o
antibiótico porque elas funcionam como um substrato suicida, ou seja, a beta-lactamase se liga, é
inativada e também inativa o clavulanato, tazobactam e o sulbactam,funcionam como falso
substrato, tendo uma afinidade muito grande para beta-lactamase (faz para enganar a bactéria,
esta produz a beta-lactamase, essa beta-lactamase vem no clavulanato e deixa a amoxicilina agir,
por isso que essas substâncias são associadas - essas substâncias normalmente vem juntos, não
precisa prescrever separado).
Se repararmos na estrutura dos beta-lactamases
tem uma estrutura muito parecida com o anel
beta-lactâmico, por essa semelhança a
beta-lactamase tem muita afinidade pelo inibidor,
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FARMACOLOGIA APLICADA Bruna Pitanga - MED 104
ai ela vai e se liga ao inibidor e deixa o antibiótico agir.
obs.: Clavulanato = Amoxicilina + clavulanato ⇒ clavulin, sinot clav; Sulbactam = Ampicilina +
sulbactam (VO ou IV) ⇒ é semelhante ao clavulanato, espectro: gram-positivas (incluindo S.
aureus), gram-negativos e anaeróbios; Tazobactam = Piperacilina + tazobactam (IV) ⇒ tazocin;
com essas associações amplio o espectro e consigo pegar a maioria dos gram-positivos e negativos.
#Classificação das Penicilinas
● Penicilina G e Penicilina V (oral) ⇒ ativos contra cocos gram-positivos. Facilmente
hidrolisadas por penicilinase. Ineficaz contra S. aureus
● Penicilinas Resistentes à Penicilinase: meticilina, nafxilina, oxacilina, cloxacilina e
dicloxacilina. Tratamento de infecções por S. aureus e S. epidermidis não resistentes a
meticilina
● Aminopenicilinas: Amoxicilina e Ampicilina. Espectro ampliado para alguns
gram-negativos. Haemophilus influenzae, E. coli e Proteus mirabilis. Administrado
frequentemente associados a inibidores de betalactamase
● Anti-pseudomonas:
○ Ticarcilina: inferiores a ampicilina contra gram-positivo e Listeria. Ampliada para
cobrir espécies de Pseudomonas, Enterobacter e Proteus
○ Piperacilina: Ampliada para Pseudomonas, Enterobacter e outros gram-negativos.
Mantém a atividade contra cocos gram-positivos e Listeria
As penicilinas são classificadas em quatro grupos: penicilinas naturais (Penicilina G que é
injetável e a Penicilina V, que é a mesma Penicilina G em sua forma oral - são as mesmas moléculas
benzil-penicilina), penicilinas resistentes às penicilinase (que são principalmente a
meticilina e a oxacilina - utilizada na prática), aminopenicilinas (que são as penicilinas
semissintéticas, a amoxicilina e a ampicilina) e as penicilinas anti-pseudomonas (que são
penicilinas mais resistentes, feitas para gram-negativo de origem hospitalar, são a ticarcilina e a
piperacilina).
Os estafilococos são divididos pela meticilina
(penicilina resistente à penicilinase) em dois
grupos: MRSA (meticilino-resistente) ou à
meticilino-sensível. As penicilinas naturais
praticamente só pegam os estreptococos,
gram-positivos. As penicilinas resistentes à
penicilinase, ampliam o espectro para os
estafilococos que são sensíveis à meticilina. As
aminopenicilinas, a amoxicilina e a ampicilina,
ampliam para pegar alguns gram-negativos de
origem comunitária. As penicilinas
anti-pseudomonas pegam quase tudo, só não tem um bom espectro para estafilococos
meticilino-resistente, pegando desde o estafilococos meticilino-sensível até os gram-negativos de
origem hospitalar.
Na penicilina natural basicamente pega alguns estreptococos, pega muito bem o Streptococcus
pyogenes (aquele das amigdalites e das doenças cutâneas) e também espiroqueta, pegando muito
bem para sífilis (treponema). As penicilinas resistentes às penicilinases usamos basicamente para
infecções causadas por estafilococos, desde que eles sejam sensíveis à meticilina, então as
penicilinas resistentes à penicilinases temos a meticilina e a oxacilina, a meticilina uso para testar
no laboratório, então quando o laboratório fala que esse estafilococos é sensível à meticilina na
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prática usamos a oxacilina. As aminopenicilinas que usamos muito, principalmente
ambulatorialmente que é a amoxicilina e a ampicilina que pegam bem os streptococcus (pyogenes e
pneumoniae) servindo bastante para infecções de vias aéreas e ainda pega bem alguns
gram-negativos de origem comunitária (H.influenzae), então serve bastante para infecções de vias
aéreas, a ampicilina que é uma aminopenicilina pega bem gram-negativos entérico (E.coli, shigella,
salmonelas). A penicilina anti-pseudomonas usamos para infecções de gram-negativos de origem
hospitalar.
Portanto, a penicilina G ou Penicilina V, que é a Penicilina G na forma oral, ativa contra cocos
gram-positivos, são hidrolisadas facilmente por penicilinases, sendo ineficazes contra S. aureus. As
penicilinas resistentes à penicilinases no laboratório testamos a resistência ou sensibilidade à
meticilina e na prática prescrevemos oxacilina, para infecções do tipo staphylococcicas, S. aureus,
S.epidermidis não resistentes a meticilina. As aminopenicilinas, amoxicilinas e ampicilinas, pegam
bem os cocos gram-positivos e ampliam a sua ação para alguns gram-negativos, incluindo o H.
influenzae (via aérea), E.coli (gram-negativo entérico que gosta de contaminar e causar infecção
urinária) e o Proteus mirabilis (que é bastante comum no trato urinário), sendo frequentemente
associadas à inibidores de betalactamase. As penicilinas anti-pseudomonas servem justamente
para os gram-negativos de origem hospitalar, são frequentemente associadas a inibidores de
betalactamases.
As drogas resistentes à penicilina e anti-pseudomonas só existem na forma intravenosa (IV), não
tem apresentação via oral, sendo restritas para uso hospitalar. Dessas quatro classes de penicilina a
classe que mais usamos são as aminopenicilinas por terem apresentação intravenosa (IV) e via oral
(VO), podemos internar e fazer na veia ou ambulatorialmente por via oral.
A penicilina natural que é a G (venosa e intramuscular) e a V (oral) serve para cocos gram-positivos
e alguns cocos gram-negativos (mais especificamente que é o meningococo, Neisseria
meningitidis). Portanto, a penicilina natural a Penicilina G pode ser usada para tratar meningite
meningocócica, por ser única penicilina que concentra adequadamente no líquor, Penicilina G
cristalina, desde que se meningococo seja sensível. As penicilinas resistentes à penicilinase são as
anti-estafilococica, usamos a meticilina no laboratório e prescrevemos oxacilina na prática servindo
para Staphylococcus. As aminopenicilinas, amoxicilina e ampicilina, pegam cocos gram-positivos e
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gram-negativos. As anti-pseudomonas servem para todos os gram-negativos, incluindo os
gram-negativos de origem hospitalar.
#Farmacocinética
● Distribuem-se amplamente por todo o corpo após absorção
● Menores concentrações na secreção prostática, líquor e intra-ocular
● Concentração liquórica <1% da concentração sérica e 5% se meninges inflamadas
● Rapidamente eliminadas por filtração glomerular e secreção tubular
● Meia vida de 30-90 minutos
Em relação a farmacocinética da penicilina se distribui amplamente por todo o corpo após a
absorção, tem menor concentração em três locais, ou seja, exceto na próstata, o líquor e o olho
(locais de menor concentração das penicilinas). A concentração no líquor é menos de 1% da
concentração sérica com a meninge íntegra e com a meninge inflamada chega a 5% da
concentração sérica, parece pouco, mas é suficiente para tratar uma meningite desde que seja
causada por um germe sensível à penicilina e para a concentração adequada do líquor só tem uma
penicilina que é a penicilina G (natural) venosa que é chamada de penicilina G cristalina e a
intramuscular é chamada de benzatina (Penicilina G ou Benzilpenicilina benzatina é o benzetacil é
intramuscular e a Penicilina G cristalina é venosa).
A penicilina é uma molécula que não sofre processo metabólico, sendo eliminada inteira, in-natura
e ativa na urina, ou seja, ela é rapidamente eliminada na urina por filtração glomerular e secreção
tubular, tendo uma meia vida curta entre 30-90 minutos, a penicilina natural (Por isso, quando se
faz penicilina G cristalina,normalmente é feita na veia de 4-4h ou 6-6h. Devido a isso, tem-se as
formas sintéticas, que possuem meia-vida maior, como a benzetacil (penicilina de depósito
intramuscular), que possui tempo de ação médio de 21 dias).
#Penicilina G e V
● G e V espectro semelhante. Exceto para Neisseria e anaeróbios (G é 5-10 vezes superior)
● Resistência crescente nos cocos gram-positivos, inclusive pneumococo
● 90% das cepas de S. aureus resistentes
● Gonococos resistentes
● Meningococos maioria sensíveis
● Maioria dos anaeróbios (Clostridium) sensíveis. Bacteroides fragilis resistente
● Treponema é o microrganismo mais sensível a penicilina G
As penicilinas G e V são as penicilinas naturais, benzilpenicilina, na forma parenteral a G e na
forma oral a V, tendo espectros semelhantes, exceto para Neisseria, que só serve a G, assim como
bactérias anaeróbias, os clostridium (causa tétano, por exemplo) são bastante sensível à penicilina,
somente a G (a V não tem espectro).
As resistências às penicilinas está cada vez maior, os gram-negativos em geral são resistentes, mas
tem crescido a resistência mesmo entre os gram-positivos, incluindo o streptococcus pneumoniae,
chamado pneumococo, que antes era bastante sensível, o pneumococo causa infecção de via aérea e
infecção de sistema nervoso central, meningite meningocócica. Esse pneumococo de sistema
nervoso central, causador de meningite tem uma resistência à penicilina cerca de 60%, tanto que
não fazemos penicilina empírica para meningite, a droga empírica para meningite é ceftriaxona, só
faço a penicilina depois que identifico o agente e vejo que ele é sensível à penicilina.
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O estafilococos é resistente à penicilina natural, não serve, para ele usamos a oxacilina; o gonococo,
gonorréia, resistente, Neisseria gonorrhoeae é resistente, se trata com ceftriaxona, uma
cefalosporina de 3ª geração; o meningococo, coco gram-negativo Neisseria meningitidis que a
maioria é sensível.
A maioria dos anaeróbios do gênero clostridium é sensível, mas o Bacterioides fragilis, que é um
anaeróbio que causa infecção abdominal e um anaeróbio de difícil tratamento, ele é resistente,
portanto não adianta fazer penicilina G benzatina para infecções abdominais que podem ter
acometimento pelo Bacterioides fragilis.
Agora o microrganismo mais sensível de todos à penicilina G é a Sífilis, o Treponema pallidum,
sendo o microrganismo mais sensível à penicilina natural, tanto que o tratamento da sífilis é até
hoje com o uso de benzetacil (penicilina G benzatina). Um paciente é considerado adequadamente
tratado da sífilis quando usa penicilina G benzatina, é a primeira grande opção para o tratamento
da sífilis.
A penicilina G benzatina ou benzetacil fica em reservatório intramuscular e é liberado aos poucos,
então causa uma concentração sérica baixa, mas por muito tempo, o que faz com que
microrganismos bem sensíveis sejam mortos pelo benzetacil. Então basicamente hoje a gente
utiliza benzetacil para duas doenças: sífilis e amigdalite (Streptococcus pyogenes), então, os dois
microrganismos mais sensíveis à penicilina natural são o streptococcus pyogenes, que é o estrepto
da amigdalite e o treponema pallidum que é o causador da sífilis.
● Penicilina G é instável em meio ácido e Penicilina V é estável
● Penicilina V atinge concentrações séricas de 2 a 5 vezes maior
● Penicilina G Benzatina: combinação de amônio + penicilina. Absorção lenta e contínuo com
concentrada atividade antimicrobiana média de 26 dias
● Penicilina cristalina ou aquosa: restrita ao uso endovenoso. Apresenta-se meia-vida
curta (30 a 40 min), eliminada do organismo rapidamente (cerca de 4 horas). Distribui-se
amplamente pelo organismo, alcançando concentrações terapêuticas em praticamente todos
os tecidos. É a única benzilpenicilina que ultrapassa a barreira hemato-encefálica com
concentrações terapêuticas, e mesmo assim, somente quando há inflamação
● Penicilina G procaína: apenas para uso intramuscular. A associação com procaína retarda
o pico máximo e aumenta os níveis séricos e teciduais por um período de 12 horas.
● Penicilina G benzatina: é uma penicilina de depósito, pouco hidrossolúvel, e seu uso é
exclusivamente intramuscular. Os níveis séricos permanecem por 15 a 30 dias, dependente
da dose utilizada. Utilizada em situações de profilaxia.
● Penicilina V: apenas para uso oral. Os níveis séricos atingidos por esta preparação são 2 a 5
vezes maiores do que os obtidos com as penicilinas G.
Essas são as apresentações de penicilina natural que temos: a penicilina G tem na forma
cristalina ou aquosa sendo de uso venoso, então, a penicilina G é a penicilina cristalina na sua
forma venosa; a penicilina G procaína era intramuscular de 12 em 12 horas, duração de 12
horas, mas essa saiu do mercado; benzetacil, a penicilina G na sua forma benzatina ou
benzilpenicilina benzatina é de depósito, mantém o nível sérico baixo, porém constante, por 15 a 30
dias, em média dura 21 dias (se faz a cada 21 dias); e a penicilina que a gente usa nas situações
profiláticas, na situação de profilaxia para evitar o contato com estreptococos beta-hemolítico,
streptococcus pyogenes.
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Que doença temos que fazer penicilina G benzatina a cada 21 dias para profilaxia do streptococcus
pyogenes que a pessoa não pode ter contato com ele? Na Febre reumática é uma reação
imunológica cruzada, onde produzo o anticorpo contra o streptococcus pyogenes e esse anticorpo
destrói minhas articulações, meu tecido valvar cardíaco e aí a pessoa nunca pode ter streptococcus
pyogenes infectando-a, por isso que ela toma benzetacil de 21 em 21 dias como profilaxia da febre
reumática.
A penicilina V é a penicilina G na sua forma oral, tendo uma concentração sérica por via oral de 2
a 5 vezes maior do que a penicilina G, quase não se usa, ou usamos penicilina G cristalina na veia
ou usamos a benzatina intramuscular ou quando tenho que usar oral usamos a amoxicilina que é
muito melhor e também via oral e é feita em 12 em 12 ou de 8 em 8 horas, a penicilina V oral é 4
vezes ao dia, de 2 a 5, usamos de 6 em 6 horas, sendo ruim de tomar, a posologia é ruim; acaba que
quando precisa fazer oral se faz a amoxicilina ou ampicilina.
A Penicilina G Cristalina ou Aquosa é a penicilina intravenosa (IV), dura de 4 a 6 horas o
efeito, então a gente administra em intervalo de 4 em 4 ou de 6 em 6 horas; a Penicilina G
Procaína é aquela intramuscular de 12 em 12 horas que saiu do mercado; a Penicilina G
Benzatina é o famoso benzetacil é intramuscular de depósito que dura 3 semanas, de 21 em 21
dias, mantém nível sérico constante, porém baixo; e a Penicilina V é oral de 500 mg, o,5 g, de 6 em
6 horas, 4 vezes ao dia.
A penicilina G cristalina atinge alta concentração e dura
pouco tempo; o benzetacil não, ele atinge baixa
concentração por um longo período de tempo, portanto,
ele só é capaz de matar bactérias que tenham o MIC
baixo, índice de reprodução baixa, de multiplicação
celular baixa da bactéria. Basicamente o benzetacil serve
para a amigdalite e para sífilis, e para streptococcus
pyogenes e para o treponema pallidum que são doenças
causadas por microrganismos bem susceptíveis à
penicilina G.
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#Indicações
Para que posso usar penicilina G cristalina na veia:
● Infecções pneumocócicas ⇒ desde que seja sensível, mas cada vez mais usamos menos dada
a crescente resistência do pneumococo
● Pneumonia
● Meningite ⇒ não pode ser empírico; a penicilina G cristalina é só se for um meningococo ou
pneumococo sensível à penicilina, o empírico para meningite é a ceftriaxona, uma
cefalosporina de 3ª geração
● Infecções estreptocócicas (endocardite, celulite, faringite, …) ⇒ usada para outra infecção
estreptocócica que não o pneumococo, S. pyogenes, S. viridans, faringite, amigdalite,
celulite, endocardite, mas tem que conhecer o perfil desse estreptos, exceto nafaringite e na
amigdalite se pode usar, aí usamos para esses dois penicilina G benzatina e não a cristalina
● Infecções por anaeróbios (clostridium). Exceto B. fragilis
● Infecções meningocócicas⇒ sensível em sua maioria
● Sífilis⇒ que é a doença mais sensível ao tratamento com penicilina
● Difteria ⇒ é uma doença imunoprevenível e praticamente erradicada do nosso meio, causava
uma amigdalite formando membranas na faringe e levando a criança a uma insuficiência
respiratória por uma ação dessas membranas, que a partir da vacinação em massa, a DDP,
não vemos mais
● Actinomicoses ⇒ são doenças de pele causadas por actinomicetos, é aquele bicho entre
bactéria e fungo
● Listerioses⇒ listeriomonocitogenes é um gram-positivo que causa infecção pulmonar
● Usos profiláticos ⇒ penicilina G benzatina, benzetacil, de 21 em 21 dias para profilaxia da
febre reumática ou outras situações em que a pessoa não pode ter contato com
estrepto-beta-hemolítico do grupo A de lancefield
obs.: Febre reumática: Se o paciente está ou já teve febre reumática, faz-se Penicilina G Benzatina.
Terá que ficar tomando Benzetacil de 21-21 dias para evitar o contato com Strepto e ter novo surto
da doença, que é causado não pela bactéria, mas sim por uma reação cruzada à bactéria, pois ele
produz um anticorpo contra o Strepto pyogenes que lesa articulações e o tecido valvar cardíaco.
 ‣ Se o paciente teve febre reumática somente na forma articular e não teve cardite (forma
cardíaca): faz-se o benzetacil por 5 anos ou até o paciente completar 18 anos, o que durar
mais tempo.
 ‣ Se o paciente teve febre reumática com cardite (forma cardíaca), mas não ficou sequelas:
faz-se o benzetacil por 10 anos ou até o paciente completar 21 anos (o que durar mais
tempo).
 ‣ Se o paciente teve febre com cardite (forma cardíaca) e ficou sequelas: faz-se benzetacil
por tempo indeterminado, de 21 em 21 dias.
Endocardite infecciosa: Quando o paciente já possui lesão cardíaca/valvar é irá fazer um
procedimento que poderá causar bacteremia (Ex: procedimento dentário), deverá ser feito
amoxicilina 1h antes (2g - 4 comprimidos antes do procedimento.- dose quadriplicada). O objetivo
aqui é usar uma Penicilina que faz um nível sérico alto e por um curto período de tempo -
Aminopenicilina (Amoxicilina).
#Aminopenicilinas
● Amoxicilina e Ampicilinas
● Espectro para gram-positivos (igual a penicilina) e alguns gram-negativos. Meningococo e
Lysteria
● Pneumococos, S. viridans e H. influenzae com resistência variável
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● Resistência crescente nos gram-negativos (E. coli, Proteus e Enterobacter)
● Aumento do espectro, inclusive para anaeróbios, com associação a inibidores de
betalactamases
● Vantagem da amoxicilina é maior biodisponibilidade oral
● Resistência a penicilinas naturais = resistência a aminopenicilinas
A aminopenicilinas, aquelas semissintéticas, a amoxicilina e ampicilina, tem um espectro para
gram-positivo bom, igual a penicilina natural, pega bem os estreptococos, e pega alguns
gram-negativos, como a listeria e o meningococo, porém não serve para fazer na meningite, se
testar no laboratório pode vir um meningococo sensível à amoxicilina ou ampicilina, mas não serve
para meningite porque não tem adequada concentração (não concentra bem) no líquor, a única
penicilina que tem boa concentração liquórica é a penicilina G cristalina.
O pneumococo, S. viridans e H. influenzae tem resistência variável, mas no geral são sensíveis. A
resistência crescente à esses antibióticos em gram-negativos, comuns como E. coli, Proteus e
Enterobacter. Aumentamos o espectro inclusive para alguns anaeróbios, do gênero clostridium
também, quando associamos a amoxicilina ou ampicilina a inibidores de betalactamases. No geral
a gente faz a amoxicilina com clavulanato ou a ampicilina com o sulbactam, com o objetivo de
melhorar o espectro, principalmente para o gram-negativo. Apesar que a penicilina não é a uma
opção inicial para o trato urinário, para isso a gente utiliza como primeira opção são as quinolonas
de 2ª geração, ciprofloxacina, mas em algumas situações que não possamos utilizar as quinolonas,
pode ser que a gente use penicilina para o trato urinário.
Em duas populações especiais que não podemos usar quinolonas que são as gestantes e as
crianças. Podemos associar uma amoxicilina com clavulanato ou uma ampicilina com sulbactam
para tratar uma infecção urinária na gestante, por exemplo.
A amoxicilina tem uma pequena vantagem sobre a ampicilina que é a maior biodisponibilidade por
via oral, por isso que habitualmente no ambulatório por via oral prescrevemos amoxicilina.
A ampicilina tem oral e venosa é 500 mg de 6 em 6 horas; a amoxicilina é de 500 mg de 8 em 8
horas ou de 175 de 12 em 12 horas, a amoxicilina pura só tem oral e com clavulanato tem oral e
venosa.
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#Indicações
Para que serve as aminopenicilinas:
● IVAS - S. pyogenes e S. pneumoniae ⇒ infecções de vias aéreas superiores em que o agente
causador seja S. pyogenes e S. pneumoniae em sua maioria
● ITU - Ampicilina. E. coli (resistência) ⇒ como segunda/terceira opção, em quem não pode
usar quinolona; sabemos que é crescente a resistência dos gram-negativos como a E. coli à as
aminopenicilinas, mas podemos usar associado ao inibidores de betalactamases
● Salmonelose - pode ser usado, mas não é 1ª linha ⇒ gastroenterite, enterobactérias, como a
salmonela, pode ser usado, mas não a 1ª linha, sendo que a primeira linha é a quinolona
● Meningite - não deve ser usado ⇒ apesar de ter sensibilidade do meningococo e do
pneumococo, não tem boa concentração liquórica
A oxacilina e a meticilina só têm IV, venoso, testamos no laboratório a meticilina e fazemos na
prática a oxacilina, servem para infecções causadas por estafilococos, são as nossas penicilinas
antiestafilocócicas ou penicilina resistente à penicilinase; a ticarcilina e a piperacilina também só
tem na forma venosa e são as nossas penicilinas antipseudomonas, servem para infecções graves
causadas por gram-negativos em sua maioria com origem no ambiente hospitalar, então, servem
para infecções graves por gram-negativos de origem hospitalar ou infecções graves por
gram-negativo em pacientes imunossuprimidos.
Então, por exemplo, interno uma pessoa que está fazendo quimioterapia com neutropenia febril,
qual penicilina posso escolher para fazer para ela? o neutropênico pode ter uma infecção grave por
gram-negativo, então, dessas penicilinas que vou escolher para esse paciente é ticarcilina ou
piperacilina (ambas são drogas venosas de uso restrito no ambiente hospitalar).
#Inibidores de Betalactamases
● Ácido clavulânico: inibidor "suicida", liga-se irreversivelmente às betalactamases. É bem
absorvido por via oral e também pode ser feito parenteral. Combinado com amoxicilina ou
ticarcilina (aumenta o espectro da ticarcilina contra S. aureus, gram-negativos e anaeróbios
incluindo B. fragilis)
● Sulbactam: semelhante ao clavulanato. Combinado a ampicilina VO ou IV. Espectro para
gram-positivo (incluindo S. aureus), gram-negativos e anaeróbios
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● Tazobactam: combinado com piperacilina IV, fica com espectro semelhante a ticarcilina +
clavulanato
Os inibidores de betalactamases, todos eles são inibidores suicidas, se ligam irreversivelmente às
betalactamases. O clavulanato tem uma boa absorção por via oral e é combinado com a
amoxicilina, podendo ser oral ou intravenoso, pode ser combinado também com ticarcilina
intravenosa, e aumenta o espectro, da ticarcilina, por exemplo passa a pegar S. aureus sensível à
meticilina, gram-negativos, anaeróbios até mesmo o B. fragilis, que é aquele anaeróbio de barriga.
O sulbactam é semelhante ao clavulanato, é um inibidor suicida, tem na via oral ou intravenoso,
combinado a ampicilina, aumentando o espectro para gram-negativo e anaeróbios.
O tazobactam é combinado com piperacilina, só têm IV,não tem oral, o fármaco piperacilina com
tazobactam o nome comercial é tazocin e fica com o espectro igual ao da ticarcilina com
clavulanato, pega desde estafilococos sensível à meticilina até os gram-negativos de origem
hospitalar, tem um espectro muito grande, exceto o estafilo meticilino-resistente.
Então a amoxicilina com clavulanato tem via oral e intravenoso; a ticarcilina com clavulanato é só
venosa; a ampicilina com sulbactam tem via oral e intravenosa; e o tazocin = piperacilina +
tazobactam é uma droga venosa; piperacilina + tazobactam e ticarcilina com clavulanato são
restritos para infecções graves por gram-negativos de origem hospitalar ou em um paciente
imunossuprimido.
#Reações adversas
● Reações de hipersensibilidade⇒ 0,7 a 4%
● Causa mais comum de alergia a fármacos
● Alergia "cruzada" (Cefalosporinas e Carbapenêmicos)
● Desde erupções cutâneas até Stevens Johnson e anafilaxia
● Depressão da medula óssea, granulocitopenia
● Hepatite (Oxacilina)
● Comprometimento da agregação plaquetária (Piperacilina e Ticarcilina)
● Reações nos locais de aplicação
A penicilina é o fármaco mais comum a causar reação de hipersensibilidade verdadeira, então a
causa mais comum de alergia a fármacos é a penicilina, causando reação de hipersensibilidade com
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liberação de histamina, imunoglobulina E em até 4% dos pacientes. O sítio mais comum de
manifestação de alergia à penicilina é na pele, reações cutâneas, desde erupções cutâneas leves
(exantema, urticária) até a síndrome de Stevens Johnson (formação de várias lesões cutâneas e
mucosas e a formação de úlceras, parece queimaduras) e anafilaxia sistêmica (choque anafilático -
raro), normalmente se manifesta como uma farmacodermia, como a manifestação cutânea do uso
do fármaco.
Além dessas, pode causar redução do número de leucócitos, depressão medular com
granulocitopenia; a oxacilina, antiestafilocócica, pode causar uma hepatite medicamentosa; as
antipseudomonas, a piperacilina e ticarcilina, podem reduzir a agregação plaquetária. Uma outra
coisa que é relativamente comum é a reação no local de aplicação, principalmente com benzetacil, a
penicilina G benzatina, é um óleo, isso faz com que ela lese o tecido quando aplicada fora do
músculo, por exemplo: lesão de tendão, quando ao aplicar no braço atravessa o deltóide e aplica no
tendão da cabeça longa do bíceps e destrói/rompe esse tendão ficando com perda de função do
bíceps, por conta da injeção intra-tendínea ou então vai fazer glútea e faz no local errado e lesiona o
nervo ciático e aí a pessoa fica com o pé caído, sem a função mais do nervo ciático por causa da
aplicação do benzetacil no lugar errado.
#Referências:
● Goodman e Gilman - capítulo 53
● Walter Tavares - Antibióticos e quimioterápicos para o clínico, capítulo 11
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