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ESPINHA BÍFIDA A espinha bífida ocorre devido a um defeito no fechamento do tubo neural. TUBO NEURAL A partir da 3ª semana do desenvolvimento embrionário, inicia-se a formação da placa neural que dará origem ao tubo neural. A placa neural, muda sua conformação, com elevação das suas bordas laterais (pregas neurais), passando a se chamar sulco neural. As pregas neurais vão se aproximando e o sulco neural se aprofundando, formando a goteira neural. Quando as pregas neurais se fundem, forma-se então o tubo neural. O tubo neural é a estrutura embrionária que origina o SNC (encéfalo e medula espinhal); O tubo neural desenvolve-se a partir da placa neural e começa a fundir-se aproximadamente no 27º dia de gestação e fecha-se no 28º dia gestacional; Defeitos durante o fechamento do Tubo Neural produzirão uma série de malformações (DISRAFISMO), dependendo do momento, extensão e altura da falha; ANENCEFALIA O tubo neural não fecha na parte superior, o RN nasce sem a calota craniana e sem pele. Defeito causado pela ausência da calota craniana e da pele que a recobre, ocorrendo exposição do tubo neural da porção craniana e degeneração secundária do encéfalo, sendo considerada uma anomalia incompatível com a vida extrauterina; ENCEFALOCELE É a herniação do tecido encefálico através da falha óssea. É habitualmente recoberta de pele íntegra e sua severidade é determinada pelo volume de tecido nervoso extracraniano. Também devido ao não fechamento do tubo neural na parte superior. ESPINHA BÍFIDA Se tem falha óssea nos arcos vertebrais, falta de fusão dos arcos vertebrais. Grave anormalidade congênita do sistema nervoso, que se desenvolve nos dois primeiros meses de gestação e representa um defeito na formação do tubo neural em sua porção inferior; Ela é causada pelo fechamento incompleto da coluna vertebral. Quando isso acontece, o tecido nervoso sai através do orifício, formando uma protuberância mole, na qual a medula espinhal fica sem proteção CAUSAS → História anterior de filho com diagnóstico de defeitos de fechamento do tubo neural; → Mães abaixo de 15 anos; → Uso de medicamento anticonvulsivante (Ácido Valpróico, Carbamazepina), antineoplásicos, anestésicos; → Síndromes de má absorção intestinal, inclusive aquelas relacionadas à cirurgias de redução de estômago; → Exposição a altas temperaturas no início da gravidez (por exemplo, febre alta); → Nutrição deficiente, particularmente em ácido fólico; → Causas genéticas; → Uso de drogas; → Exposição à radiação; TIPOS DE ESPINHA BÍFIDA OCULTA É benigna, caracteriza-se pelo não fechamento do arco vertebral, sem que haja outro defeito associado, ou seja, não há envolvimento da medula espinhal, portanto, não há paresias, plegias ou outros déficits neurológicos. Normalmente está localizada a nível de L5-S1; O aspecto externo pode ser normal, uma vez que a integridade da camada epidérmica se mantém, ou apresentar-se com tufos de pelos, depressão ou lesão circunscrita na pele. ESPINHA BÍFIDA ABERTA OU CÍSTICA Envolvem a protusão da medula espinhal e/ou das meninges através do defeito no arco vertebral. É a forma mais grave. Caracteriza-se pela perda da integridade da camada epidérmica, de forma a deixar em contato com o meio externo estruturas do sistema nervoso, como medula espinhal e meninges. Verifica-se a presença de cisto na região dorsal, que pode romper-se durante o parto, deixando a medula e/ou raízes nervosas que são cobertas pela pia-aracnoide, em contato com o meio ambiente. Encontra-se subdividida em: MENINGOCELE: Nesse caso, os arcos vertebrais não se fundiram como esperado, e existe herniação das meninges, que forma uma saliência que contém líquido cefalorraquidiano (LCR). O acometimento está restrito a pele, ossos e dura-máter. Este é um fenômeno considerado raro. → O saco herniado é recoberto com pele e contém somente as meninges; → Função motora preservada; → Rara associação com outras malformações do SNC; MIELOMENINGOCELE: Mais grave e mais comum do que a meningocele, a mielomeningocele acomete pele, ossos, dura-máter, medula espinhal e raízes nervosas, que podem se encontrar externa ao canal vertebral. → O saco herniado contém, além das meninges (dura- máter e aracnóide), tecido nervoso; → Associada com malformações neurológicas: hidrocefalia, Arnold-Chiari, estenose do Aqueduto de Sylvius. MIELOMENINGOCELE Vai haver uma displasia (crescimento anormal) da medula espinhal e das membranas que a envolvem, provocando uma deficiência neurológica (sensitiva e motora) abaixo do nível da lesão, que podem gerar paralisias (principalmente flácidas) e hipoestesias (diminuição de sensibilidade) dos membros inferiores. MEDULA E RAÍZES NERVOSAS A medula espinhal pode se encontrar presa na parte inferior do canal vertebral, fazendo com que as raízes nervosas passem horizontalmente pelos buracos de conjugação, ao invés de se dirigirem para baixo. Isto pode causar uma série de deficiências, dentre elas: → Hiperreflexia; → Paresias musculares; → Diminuição de sensibilidade; → Alterações ocorrem abaixo do nível do tumor formado. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Paralisia flácida; → Diminuição da força muscular; → Atrofia muscular; → Diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos; → Diminuição ou abolição da sensibilidade exterioceptiva (superficial) e proprioceptiva (profunda); → Incontinência dos esfíncteres de reto e bexiga; → Deformidades de origem paralíticas e congênitas; → Hidrocefalia. MANIFESTAÇÕES SECUNDÁRIAS → Úlceras de decúbito, já que há perda de sensibilidade, má nutrição da epiderme e o paciente passa muito tempo na mesma posição (acamado ou em cadeira de rodas); → Alterações vasomotoras graves; → Osteoporose e com ela, fraturas; → Atraso do desenvolvimento mental, físico e psíquico, devido a incapacidade da criança de se locomover e explorar seu ambiente e relacionar-se com outras crianças; → Contraturas dos tecidos moles; → Deformidades ósseas, devidas a falta de oposição à ação dos músculos, da gravidade e da postura MANIFESTAÇÕES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS ASSOCIADAS → Luxações da coxo-femural; → Pé equino-varo; → Lábio leporino; → Fenda palatina; → Malformações cardíacas; → Malformações das vias urinárias. PROGNÓSTICO Quanto mais alta for a lesão pior o prognóstico. Ele pode tornar-se ainda pior se houver hidrocefalia, deformidades da coluna ou ainda lesões adicionais somadas ao quadro. DIAGNÓSTICO → Ultra-sonografia; → Aminiocentese: Elevado nível de alfafetoproteína (AFP), que é a proteína circulante no início da vida fetal e encontra-se aumentada quando as membranas e superfícies vasculares sanguíneas fetais estão expostas e o tubo neural aberto. EXAMES COMPLEMENTARES: → Radiologia Simples: avaliação do grau de escolioses e cifoses, além de detectar anomalias ósseas nos corpos das vértebras e lâminas; → Tomografia Computadorizada: malformações anatômicas dessa patologia; → Ressonância Magnética: verificação de anormalidades na coluna vertebral e na medula espinhal. TRATAMENTO Equipe Multidisciplinar CIRÚRGICO: É realizada para o fechamento da lesão e normalmente solicitada até 48 horas após o nascimento para reduzir ao mínimo o risco de infecções e novas lesões medulares. Consiste em técnicas microcirúrgicas que buscam a reconstituiçãoanatômica da medula espinhal e a preservação da maior quantidade possível de tecido nervoso funcionante; É importante que a hidrocefalia, se presente, seja tratada simultaneamente. CIRURGICO INTRA-ÚTERO: O propósito dessa cirurgia é recolocar o tecido nervoso no canal vertebral e cobrir o defeito espinhal. Esse tratamento precoce diminui a possibilidade de infecção e danos posteriores à medula neural exposta. (Cirurgia deve ser feita 18ª e 26ª semanas). Diagnóstico geralmente é feito com 12ª semana) TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO OBJETIVOS: → Promoção das habilidades físicas que levam a independência; → Aquisição da mobilidade independente, seja deambulando ou através de cadeira de rodas; → Prevenção da instalação de deformidades. PERÍODO NEONATAL: → Avaliação; → Possibilitar o correto fechamento da incisão cirúrgica; → Possibilitar o correto posicionamento no leito; → Movimentos passivos e alongamentos para manter ou melhorar a ADM, manter o trofismo e a força muscular; → Desenvolvimento prejudicado: tempo de internação hospitalar; → Orientar os pais a promoverem estímulos, orientar como carregar; FASE DE LACTAÇÃO E PRÉ-ESCOLAR: → Reabilitação; → Potencializar o desenvolvimento Neurossensoriomotor e o autocuidado; → Aprimorar as funções musculares; → Aumentar o controle postural; → Prevenir disfunções musculoesqueléticas; → Orientação à família; → Acompanhamento psicopedagógico; → Inserção escolar/social; FASE ESCOLAR, ADOLESCÊNCIA E TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA: → Reabilitação; → Aumentar a capacidade funcional; → Aprimorar a tolerância ao exercício; → Adquirir e aprimorar a mobilidade e o autocuidado; → Prevenir o ganho de peso; → Aumentar a participação; → Melhorar a qualidade de vida TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO TRATAMENTO ORTOPÉDICO: → Correção das deformidades; → Facilitar posicionamento; → Evitar complicações (lesões de pele, problemas respiratórios); → Promover função (marcha); TRATAMENTO UROLÓGICO → Avaliação clínica; → Diagnóstico a disfunção; → Orientação esvaziamento vesical; NÍVEL MOTOR TORÁCICO Caracterizado por uma paralisia flácida total, ou seja, nenhuma sensibilidade nem musculatura ativa nos quadris e abaixo deles. Com tendência à contratura e rotação externa. → Poderão se sustentar em pé com o auxílio de órteses (RGO - órtese de reciprocação, HKAFO (quadril-joelho-tornozelo- pé), parapodium ou andador articulado), porém serão dependentes de cadeira de rodas. → Essa criança dependerá de força em seus membros superiores e ajuda para suas atividades de vida diária. → Ortostatismo importante: redução da osteopenia, melhora do intestino e da bexiga, e evita deformidades LOMBAR ALTO (L1, L2, L3) → Tem funcionante o músculo psoas, adutores e eventualmente o quadríceps; → Predomínio dos flexores e adutores do quadril, mínima extensora e flexora de joelho. → Prognóstico de deambulação regular (marcha domiciliar e comunitária para curtas distâncias) com uso de órteses longas com cinto pélvico e andador. Cadeirante na vida adulta. → Órteses indicadas: RGO, ParaWalquer, HKAFO ou parapodium. LOMBAR ABAIXO (L4, L5) → Músculos adutores, psoas, quadríceps, flexores mediais do joelho e eventualmente o músculo tibial anterior e glúteo médio; → Prognóstico de deambulação é bom com o uso de órteses suropodálicas (AFO - Tutor curto - órtese tornozelo-pé ou KAFO - Tutor Longo – órtese joelho-tornozelo-pé) e com o uso de muletas canadense. Quando crianças podem necessitar de tutor longo com cinto pélvico para a deambulação. SACRAL → Tem funcionante os músculos psoas, adutores, quadríceps, flexores mediais do joelho, músculo tibial anterior, glúteo médio, flexores plantares e extensores do quadril; → Podem ou não necessitar de órteses (AFO – órtese tornozelo-pé) para a deambulação; → Cuidar pé neuropático Trabalhar os membros inferiores com movimentos para engatinhar. A partir do 7 mês a criança deve ficar em pé, nessa fase saltitante vai ter impacto e vai formar o encaixe do acetábulo com o fêmur. Ao nascer o acetábulo é raso. AVALIAÇÃO → Escala de Mobilidade Funcional (FMS); → GMFM; → Teste de caminhada; ATENÇÃO Em torno dos 12 meses, nas lesões altas, estão indicadas AFO ou OSM para a colocação da criança com MMC de pé pelo fisioterapeuta e pelos pais ou no estabilizador. Nas lesões mais baixas, quando a criança adquire controle do tronco e equilíbrio independente para sentar-se, recomendam-se AFO e ortostatismo no estabilizador diariamente; Aos 18 meses, há a possibilidade de iniciar o treinamento de marcha com aparelhos e andador de quatro apoios, desde que habilidades cognitivas ou emocionais estejam desenvolvidas para aprender os padrões de marcha; Aos 3 a 4 anos, indica-se a introdução das muletas canadenses em substituição ao andador de quatro apoios.
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