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NESTA AULA w Qualidade e Gestão w Total Quality Management - TQM w European Foundation for Quality Management w ISO 9000 w ISSO 9001 w TickIT METAS DE COMPREENSÃO w Compreender o conceito de qualidade e o gerenciamento da qualidade total w Fazer uso de ferramentas da qualidade w Reconhecer os principais elementos estabelecidos na família de normas ISO 9000 w Reconhecer os principais papéis e responsabilidades definidos pela ISO 9000 APRESENTAÇÃO Nesta aula vamos conhecer o conceito de qualidade, como o Ja- pão desenvolveu a gestão da qualidade e como esta foi levada ao ocidente sob a ótica do gerenciamento da qualidade total. Estudaremos também uma iniciativa europeia para a premiação da excelência pela qualidade, evidenciando a importância das or- ganizações adotarem políticas e procedimentos focados na qua- lidade e a iniciativa TickIT como um esforço voltado para facilitar a compreensão dos requisitos da ISO 9000 pelas empresas de tecnologia da informação, mais especificamente aquelas ligadas ao desenvolvimento de software. AULA 5 MELHORIA CONTÍNUA E QUALIDADE Governança da Tecnologia da Informação150 QUALIDADE E GESTÃO Quando implantamos a Governança de TI o aspecto da qualidade é primordial para a manutenção de um alinhamento dos objetivos es- tratégicos com as expectativas dos clientes, de modo a garantir um crescimento sustentável da organização. Nem sempre é fácil definir o que é qualidade, uma vez que seu con- ceito está ligado à percepção individual das pessoas, sendo influencia- do por fatores culturais, modelos mentais, necessidades e expectati- vas. Ou seja, a qualidade é um elemento subjetivo, sobre o qual é difícil estabelecer um conceito que sirva para todas as pessoas, atendendo todas as necessidades. De todo modo, quando falamos em qualidade estamos normalmen- te nos referindo à excelência de um produto ou serviço. Obviamente, quando nos referimos a um produto ou serviço temos ao menos duas óticas: a ótica do produtor e a ótica do cliente. Sob a visão do produtor, qualidade está associada aos processos de concepção e produção de um produto, de modo a atender as necessidades do cliente. Sob o pon- to de vista do cliente, qualidade está associada ao valor e à utilidade que ele reconhece no produto ou serviço adquirido. O amplo acesso à informação, proporcionado pelo avanço da área de tecnologia da informação e comunicação, aumentou consideravel- mente a exigência dos níveis de qualidade em relação aos produtos e serviços. Satisfazer um cliente passou a ser uma tarefa altamente complexa para as organizações, de modo que estas necessitam revisar seus processos produtivos de modo a garantir o êxito no atendimento de seus clientes, assim como o atendimento aos objetivos organizacio- nais e planos estratégicos. De uma maneira geral, todos falamos sobre qualidade diariamente. Quando vamos a um restaurante, por exemplo, e ao término de nos- sa refeição elogiamos a comida, estamos elogiando a qualidade desta refeição, assim como o processo pelo qual ela foi produzida. Quando estamos no trânsito e fazemos uso de um aplicativo para encontrar ca- minhos mais rápidos, indiretamente estamos buscando por caminhos melhores, ou seja, neste caso o conceito de caminho melhor pode ser Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 151151 atribuído ao caminho que nos faz chegar em menos tempo ao nosso destino, e este caminho será considerando de maior qualidade para aquele momento. Observou como qualidade é um conceito demasiadamente subjeti- vo, porém nós fazemos uso dele cotidianamente? Mas como torná-lo um pouco mais objetivo, de modo que possa ser utilizado pelas orga- nizações? Quando falamos em organizações, queremos adotar uma roupa- gem mais objetiva para a qualidade. Pensou em organização, pensou no uso de algum mecanismo de gestão. Gestão é outro termo demasiadamente utilizado no dia a dia. Ao acordarmos e planejarmos nossas atividades para o dia, estamos fa- zendo a gestão de nosso tempo. Ao gerenciar durante o mês nosso salário para que possamos cumprir com as nossas obrigações e, de preferência, economizar um determinado montante para nossas re- servas ou investimentos, estamos fazendo gestão de nossos recursos econômicos, despesas, obrigações, investimentos, etc. Então temos dois conceitos para os quais podemos tecer defini- ções e de que fazemos uso de maneira frequente: gestão e qualidade. Se juntarmos os dois temos: gestão da qualidade. Este é o tópico que vamos abordar nesta aula. Gestão da qualidade está relacionada ao modo pelo qual as organizações cuidam da qualidade de seus produ- tos e serviços, ou seja, ao modo como as organizações planejam e controlam a qualidade de seus produtos e serviços. Mas vamos um pouco mais além, não iremos falar apenas de ges- tão da qualidade nesta aula. Vamos abordar a qualidade sob o aspecto da qualidade total. O que vem a ser uma qualidade total? Qualidade total refere-se ao modo de administrar as empresas. Este termo sur- giu no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial. Por que o Japão? Bom, se você se recorda de suas aulas de história, o Japão sofreu o ataque de duas bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial, que destruíram boa parte do país. Ao término deste conflito, as empre- sas japonesas encontraram um desafio bastante complexo: crescer ao mesmo tempo mantendo-se competitivas em um mundo repleto de concorrentes. Para isto, estabeleceu-se o conceito de qualidade total, o que proporcionou produtos e serviços de alta qualidade sendo produzi- dos pelas empresas japonesas. Governança da Tecnologia da Informação152 Vamos conhecer então o que vem a ser a qualidade total e como as empresas fazem a Gestão da Qualidade Total (TQM – Total Quality Management). TOTAL QUALITY MANAGEMENT (TQM) A gestão da qualidade fundamenta-se em três grandes pilares: reduzir custos, aumentar produtividade e satisfazer o cliente. À primeira vista são pilares que parecem contraditórios. Imagine como uma empresa pode ao mesmo tempo em que reduz custos de produção, melhorar a qualidade de um produto, aumentando ainda a sua produtividade. É possível? A resposta é sim! Vamos conhecer como isto é possível! Vamos precisar voltar um pouco na história para compreender o conceito de qualidade total. A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1939 e 1945. Durante este período, os Estados Unidos de- cidiram concentrar seus esforços na produção de armamento bélico. Dessa forma, houve uma priorização pela produção de armas em detri- mento à produção de mercadorias que atendiam ao cidadão comum. Ao término da guerra, o cenário dos Estados Unidos – embora vence- dor neste grande conflito – foi de fábricas que produziam bens de con- sumo (vestuário, alimentos, eletrodomésticos) fazendo uso de equipa- mentos e métodos ultrapassados. Para que tais fábricas atendessem as demandas dos consumidores, era preciso reformular o processo produtivo, todavia, o que foi feito na época foi uma produção em quan- tidade maior de produtos, abrindo mão de elementos da qualidade. Outro ator da Segunda Guerra Mundial foi o Japão. Mesmo estando no lado perdedor da guerra, suas empresas tinham aprendido como melhorar a qualidade de seus produtos. Aprenderam, portanto, que é melhor prevenir os problemas antes que eles aconteçam. Nesta época criou-se o conceito de qualidade total. O Japão recebeu muito bem os conceitos e ideias da qualidade, de modo que suas empresas coloca- ram em prática diversas ferramentas e metodologias propostas pelos especialistas da área da qualidade. Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 153153 Antes do conceito da qualidade total, as organizações adotavam a qualidade por meio da inspeção de produtos. Sob este conceito, o objeti- vo era verificar os produtos um a um, para que mercadorias defeituosas não chegassem às prateleiras das lojas. Mas, espere um pouco: nesta lógica, produz-se um produto, para então verificar a sua qualidade. Se o produto nãofor de qualidade, é descartado. Imagine os prejuízos que as organizações encontravam quando os produtos estavam defeituosos. Na verdade, não era o produto que estava com defeito, e sim o defeito que estava no produto era uma consequência do defeito que se encon- trava ao longo do processo produtivo. Era preciso, portanto, adotar téc- nicas de gestão empresarial que buscavam a garantia da qualidade. você sabia? Um dos especialistas mais renomados na área de qualidade foi o físico americano William Edwards Deming. Para Deming “Contro- lar a qualidade do produto final é desperdício desnecessário” (DA SILVA, 2014, p. 37). O Japão fez isto por meio do conceito de Total Quality Control (TQC). No TQC japonês a qualidade estava em primeiro lugar, e buscava-se a satisfação do cliente. Os processos eram orientados ao cliente, sendo orientados por fatos, gerenciados e controlados. O TQC surgiu então no Japão, por volta da década de 50. Com ele, as empresas adotaram, desenvolveram e adaptaram à sua própria cultura e realidade as meto- dologias propostas pelos especialistas em qualidade. Ocorreu que o TQC japonês já era um destaque mundial na década de 60, principalmente pelos aspectos de ser conduzido por toda a em- presa e com o envolvimento dos colaboradores, a realização de trei- namentos em qualidade, as auditorias em controle da qualidade e as campanhas nacionais de promoção da qualidade. No mesmo período, entre as décadas de 50 e 70, as práticas de qualidade dos Estados Unidos mantiveram-se praticamente inalteradas, ocorrendo a perda de competitividade para a indústria Japonesa. Na década de 80, os Esta- dos Unidos iniciam o movimento de gestão pela qualidade total, deno- minado Total Quality Management (TQM). Governança da Tecnologia da Informação154 Vimos que os pilares da qualidade são: reduzir custos, aumentar produtividade e satisfazer o cliente. Este último pilar, satisfazer o clien- te, é o principal foco da TQM. O objetivo da TQM é agradar o cliente, com base na melhoria contínua. Externamente há o foco no atendi- mento dos requisitos do cliente, enquanto que internamente foca-se no compromisso da gestão, treinamento e educação dos colaboradores. A qualidade total tem como princípio o fato de que sua gestão não é de responsabilidade de um ou dois departamentos da organização. A gestão da qualidade só é classificada como total quando todos os se- tores se envolvem, desde o operário na linha de produção que aperta os parafusos que compõem uma peça, até os sócios que tomam as decisões mais importantes da organização. Enquanto TQC refere-se ao processo de melhorar os elementos da cadeira produtiva, incluindo fornecedores e escolhas de materiais, TQM foca no cliente. Você vai encontrar literaturas que definam as diferen- ças entre estes termos, assim como aquelas que buscam unificá-los. Na visão de Lélis (2012), é difícil dissociar os termos, uma vez que para falarmos da gestão da qualidade, vamos falar dos meios de controle que proporcionam a qualidade, de modo que – para fins de simplifica- ção – os termos podem ser consideramos a mesma coisa. Para alguns, o foco da TQM é a qualidade do ponto de vista do cliente, ao passo que o objetivo do TQC é melhorar todos os elementos da cadeira produtiva, incluindo fornecedores e escolhas de materiais, por exemplo. Porém, na prática, não há muita diferença entre um e outro. Cá en- tre nós, é impossível falar em gestão da qualidade sem criar meios de controle [...] A única diferença e á origem dessas abordagens. A TQM nasceu nos Estados Unidos, já o TQC, no Japão. Mas para que serve a TQM ou TQC? Antes de falarmos nisso, pre- cisamos entender que a empresa é semelhante a um carro: seu ‘mo- tor’ é formado por várias peças e engrenagens que, quando trabalham juntas, conseguem fazer a organização ‘sair do lugar’. Na prática, cada uma das peças é um sistema da empresa, como o sistema de planeja- mento, produção, vendas, atendimento a clientes, entre outros. Quando um desses sistemas não vai bem, a empresa ‘enguiça’. A TQM também é um sistema. A diferença é que sua meta não é pla- nejar, produzir nem vender. Seu objetivo é cuidar da qualidade. E onde fica o lucro nessa história? É claro que o lucro não deixa de ser impor- Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 155155 tante, mas dentro da lógica da TQM ele é visto como resultado da qua- lidade. Afinal, quando os clientes estão satisfeitos com a empresa, eles procuram seus serviços e produtos com mais frequência. (LÉLIS, 2012) Estamos vendo então que o foco da TQM é satisfazer o cliente. Na visão de Campos (2004), a TQM é um sistema de gestão que ajuda a satisfazer as necessidades das pessoas ligadas à empresa (clientes, acionistas, empregados, etc.). Dessa forma, os clientes devem se sen- tir satisfeitos com a compra de um produto ou com a utilização de um serviço. Os acionistas precisam ter garantido o retorno de seus inves- timentos e a lucratividade. Os empregados, por sua vez, precisam ser bem remunerados e respeitados, com oportunidade de crescimento. Para Campos (2004), a TQM ou o TQC podem ser definidos com base em onze tópicos, quais sejam (CAMPOS, 2004, p. 217-225): u Orientação pelo cliente – a empresa necessita atender o cliente da forma como ele espera/deseja ser atendido; u Qualidade em primeiro lugar – o lucro será uma consequência da qualidade; u Ação orientada por prioridades – precisamos resolver o que há mais de mais importante primeiro; u Ação orientada por fatos e dados – as decisões realizadas na empresa são embasadas em dados precisos; u Controle de processos – é preciso garantir a qualidade nos pro- cessos que resultam no produto final. Precisamos evitar os er- ros e não os tratar apenas quando o erro ocorre; u Controle da dispersão – é necessário descobrir as dispersões dos dados e suas causas, para tomar ações corretivas; u Próximo processo é seu cliente – Conhecer o cliente é primordial para a satisfação de suas necessidades. Se controlamos a qualidade do processo para que a sua saída seja adequada para atuar como a entrada de um novo processo, ao considerarmos o cliente o próximo processo estamos fazendo com que nossos processos produzam saídas adequadas às entradas (necessidades) dos clientes; Governança da Tecnologia da Informação156 palavra de autor Muitos estudiosos e pioneiros sobre o tema qualidade contribuíram de forma significativa na disseminação dos conceitos e práticas muito utiliza- dos pelas empresas em geral. Alguns destes pioneiros e suas contribuições são citados a seguir conforme levantamento de Campello e Oliveira (2005): 1. W. Edwards Deming, talvez o mais conhecido deles, desenvolveu um sistema para controle estatístico da qualidade, com ênfase no comprometi- mento e nas ações da gerência das organizações e na consciência da neces- sidade de contínua melhoria; 2. Joseph M. Juran é considerado o primeiro guru da qualidade com aplicação da mesma à estratégia empresarial e, segundo ele, os processos de negócio eram a maior e a mais negligenciada oportunidade de melhoria nas próprias empresas; 3. Armand Feigenbaum usou uma abordagem mais abrangente, o con- trole total da qualidade, com o objetivo de desenvolver, manter e aprimorar a qualidade para inibir a propagação de falhas ou erros; 4. Philip Crosby estabeleceu que um sistema para alcançar melhores ní- veis de qualidade deveria ser principalmente preventivo e, assim, estabeleceu o zero defeito como uma direção a seguir; foi quem obteve maior sucesso comercial promovendo seus pontos de vista sobre a qualidade; 5. Kaoru Ishikawa foi o japonês com maior destaque na área da qualida- de; insistia na prática da qualidade durante todo o tempo, de modo sistemáti- co, sem interrupções: “o processo subsequente é o seu cliente”; 6. Genichi Taguchi desenvolveu a estatística aplicada à qualidade e foi especialista mundial de desenvolvimento e design de novos produtos. CHAVES E CAMPELO (2016, p. 3) u Controle amontante – significa controlar os problemas em sua nascente, não em sua desembocadura (que é o próprio cliente); u Ação de bloqueio – aqui, prevenção é regra; um erro não pode acon- tecer duas vezes pelo mesmo motivo; erros devem ser previstos; u Respeito pelo empregado como ser humano – é preciso que as pes- soas se sintam cooperando criativamente e cresçam com a empresa; u Comprometimento da alta direção – quando os líderes não se envolvem, a gestão da qualidade vai por ‘água abaixo’. Talvez você já esteja percebendo como estes 11 tópicos são comuns na Governança de TI. Veja que estamos alcançando a Governança de TI em uma organização por meio de blocos que juntos irão implemen- Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 157157 tá-la. A Gestão da Qualidade é mais um bloco necessário. Para que você possa de fato compreender o que é TQM, é importante apresentar mais algumas definições encontradas na literatura. Para Becker (1993), Qualidade Total é um sistema administrativo orientado para pessoas cujo objetivo é o incremento contínuo da satis- fação do cliente a custos reais decrescentes. Qualidade total é, portan- to, uma abordagem sistêmica e parte de uma estratégia de alto nível; funcionamento originalmente por meio de funções e departamentos, envolvendo todos os funcionários, fornecedores e clientes da empresa. Para Mears (1993), TQM é um sistema permanente e de longo prazo, voltado para alcançar a satisfação do cliente por meio da melhoria con- tínua da qualidade dos serviços e produtos da empresa. Aggarwal (1993) complementa estes conceitos, nos apresentan- do TQM como uma filosofia para conquistar a confiança do cliente e garantir a rentabilidade de longo prazo da empresa. Brocka e Brocka (1992) procuram estabelecer o conceito de TQM apresentando seus elementos básicos e as ferramentas e técnicas que podem ser empre- gadas nos programas de implementação de Qualidade Total. A maior parte dos princípios e práticas que suportam o TQM deriva de contribuições de um grupo restrito de estudiosos, tidos como gurus da qualidade. Dentre os gurus da qualidade que mais contribuíram para a TQM podemos citar Philip Crosby, Edward Deming, Armand Feigen- baun, Kaoru Ishikawa e Joseph Juran. FERRAMENTAS DA TQM O Conceito de TQM- elementos e ferramentas Fonte: (WOOD e URDAN, 1994, p. 48) Governança da Tecnologia da Informação158 TQM possui como elementos básicos o estabelecimento de uma visão organizacional, a eliminação de barreiras, a comunicação, a ava- liação contínua dos processos, a melhoria contínua, relacionamento cliente/fornecedor, o empowerment do trabalhador e treinamento. A visão organizacional refere-se ao fato de que a qualidade deve ser vista sob o ponto de vista da organização como um todo. Para isto, eliminam-se barreiras, encorajando a comunicação entre áreas e pro- cessos. A melhoria contínua se dá pela avaliação contínua dos proces- sos, a avaliação do cliente/fornecedor, ao mesmo tempo em que se enfatiza o papel do trabalhador na busca pela qualidade. Treinamento, por fim, é essencial para a capacitação e estabelecimento de cultura organizacional voltada à gestão da qualidade. Estes elementos ficam claros ao longo do estudo da Governança de TI e de outros tópicos relacionados à qualidade e melhoria contínua. De todo modo, fazemos uso das ferramentas de qualidade para auxiliar na gestão da qualidade total. Veremos agora as principais ferramentas da qualidade. BRAINSTORMING Brainstorming, ou tempestade de ideias, é uma técnica muito flexível em termos de possibilidade de aplicação. Trata-se de uma técnica de estimulação da criatividade de uma equipe, de modo a gerar e esclare- cer uma série de ideias, problemas ou questões. Esta técnica é utiliza- da para identificar possíveis problemas e oportunidades em potencial para a melhoria da qualidade. No contexto de gestão da qualidade total, podemos fazer uso desta técnica para o desenvolvimento de novos produtos (identificando, por exemplo, características dos produtos), para a implantação de sistemas trata-se de um con- ceito utilizado na área de administra- ção de empresas. Refere-se à descen- tralização dos po- deres, caracterizada por uma maior par- ticipação dos traba- lhadores nas ativida- des da empresa. Empowerment Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 159159 de qualidade (identificando, por exemplo, resistências à mudança na or- ganização), assim como na solução de problemas (por meio da lista- gem das causas prováveis de um problema e suas possíveis soluções). Para uso da técnica de brainstorming, normalmente define-se o ob- jetivo e os participantes da reunião. Os objetivos são informados an- tecipadamente aos participantes, assim como é definido com antece- dência o tempo de duração da reunião. Para o sucesso desta técnica, nenhuma ideia deve ser criticada ou discutida. Ao término da reunião, espera-se uma lista com ideias propostas ao longo da reunião. Logo, não há necessariamente a tomada de decisão em brainstormings, mas sim elencam-se as ideias que foram levantadas para o objetivo em questão, para posterior análise. CICLO PDCA Dentre as ferramentas para o TQM, talvez o ciclo PDCA seja a mais utilizada. Trata-se de um método de gestão que propõe abordagem organizada para solução de problemas ou acompanhamento de um processo. O PDCA é conhecido como Ciclo de Aperfeiçoamento Contínuo do Processo. Dessa forma, busca-se orientar de uma forma simples as etapas de preparação e execução de um conjunto de atividades, de modo a implantar e aprimorar um determinado processo. Este ciclo pressupõe quatro etapas: - Plan (P) – Planejar: estabelecer um plano (um cronograma por exemplo), definindo metas (o que fazer?) e o método a ser adotado (como fazer?). Governança da Tecnologia da Informação160 saiba mais Normalmente na etapa de planejamento (P) do ciclo PDCA es- tabelecem-se as respostas para as perguntas que compõem a téc- nica 5W1H, que vêm do inglês: Who? (Quem?), When (Quando?), Where? (Onde?), What (O quê?), Why? (Por quê?) e How (Como?). u Do (D) – Executar: nesta fase nós vamos executar as tarefas conforme planejado na fase anterior e coletar os dados neces- sários para a verificação do processo. u Check (C) – Verificar/Controlar: os dados coletados na fase an- terior são comparados com relação à meta planejada. u Act (A) – Agir/Aprimorar: na fase anterior do PDCA nós compa- ramos dados coletados com a meta estabelecida. Logo, pode haver discrepâncias entre o planejado e o realizado, de modo que precisamos propor ações corretivas ou de melhoria, no caso de algum problema for localizado durante a fase anterior. pense nisso Há diversos motivos para não ignorarmos uma fase do PDCA. Imagine que você deseja fazer uma receita de um prato delicioso que viu na TV. Você, então, decide pular a fase de planejamento e vai direto misturar os ingredientes. Mas, um momento, você misturou todos os ingredientes e esqueceu que um – eventualmente essencial para o sucesso da receita – está faltando. Ops! Você agora não pode mais continuar com a receita, assim como perdeu os ingredientes que foram misturados sem a devida verificação de que todos os ingredientes necessários estavam disponíveis. Viu como pode ser complica- do pular uma fase?!. Para este mesmo exemplo, quais seriam os efeitos de ‘ignorar’ a fase de Verificar/Controlar (C do PDCA)? A ideia geral consiste no fato de que para todos os processos da organização, estes devem ser planejados, sendo estabelecidos metas e métodos. Uma vez finalizado o planejamento, inicia-se a execução do processo, normalmente sendo precedida de ações de treinamento e educação (um dos elementos básicos da TQM). Estando o processo Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 161161 em execução, vamos em busca de verificar o que está dando certo e o que esta dando errado, avaliando as prováveis causas. Pronto, agora na quarta fase (Agir/Aprimorar) teremos elementos suficientes para em- basarnas decisões para a melhoria do processo, normalmente aban- donando o que deu errado e incorporando o que deu certo ao processo, juntamente com novas melhorias que buscam aprimorar o processo. GRÁFICO DE PARETO O economista italiano Vilfredo Pareto estabeleceu, por meio da aná- lise da distribuição da renda entre os cidadãos, que a maior parte da riqueza pertence a poucas pessoas. Tal fato foi evidenciado em diver- sas situações, ficando conhecido como Princípio de Pareto ou relação 80-20. Nesta relação, e sob a ótica da qualidade, 80% dos processos são afetados por 20% dos defeitos. Ou, pensando ao contrário, 20% dos defeitos encontrados estão afetando 80% dos processos. Dessa forma, podemos identificar os problemas mais relevantes (20%), que estão impactando 80% dos processos e atuá-los. dica Assista ao vídeo “O princípio 80/20 - Pareto”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI para conhecer um pouco mais sobre este princípio. Um dos gurus da Qualidade, J. M. Juran, aplicou este princípio de- monstrando que poucos fatores são responsáveis pela maioria dos efeitos observados. Estabeleceu-se, assim, um método que permite classificar os problemas da qualidade, identificando os poucos proble- mas que são vitais, diferenciando-os dos muitos problemas triviais. Governança da Tecnologia da Informação162 Vamos construir um gráfico de pareto? Na essência, o gráfico de Pareto é um gráfico de barras comum. Ele apenas possui uma diferença: os itens que estão sendo comparados são representados pelas barras colocadas em ordem de importância, de modo que os problemas que mais impac- tam a qualidade sejam resolvidos com base nesta ordem de importância. Primeiramente, antes de sairmos construindo o gráfico, é importan- te termos um objetivo claro, para o qual vamos aplicar o princípio de Pareto. Vamos supor que desejamos aumentar a satisfação de nossos clientes. Após estabelecido o objetivo, vamos coletar os dados para elaborar o gráfico de Pareto. Em nosso exemplo, vamos supor que coletamos as quatro principais reclamações dos clientes, as quais representam nossos problemas, quais sejam: mal atendimento, embalagens mal identificadas, produ- tos em não conformidade e atraso na entrega. Coletamos os dados e verificamos que há 125 reclamações de mal atendimento, 48 de emba- lagens mal identificadas, 30 sobre produtos em não conformidade e 2 de atrasos na entrega. Vamos criar uma tabela para armazenar tais da- dos. A primeira coluna da tabela será a causa, seguida pela coluna que representa o número de ocorrências, além de duas colunas: percentual e percentual acumulado. A coluna percentual identifica o percentual da ocorrência em relação ao total de ocorrências, e o percentual acumu- lado é uma soma dos percentuais dos problemas. Note que a tabela já está ordenada, de maneira decrescente, pelo número de ocorrências. Dados coletados para a construção do gráfico de Pareto Uma vez coletados os dados, vamos criar um gráfico de barras, man- tendo as barras ordenadas com relação ao número de ocorrências. O eixo horizontal do gráfico será a causa, e haverá dois eixos verticais. O primeiro eixo representará a coluna percentual e o outro eixo o percen- tual acumulado. Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 163163 Gráfico de Pareto Observe no gráfico construído que ao resolvermos a primeira causa (mal atendimento) iremos eliminar 60% dos problemas. As duas cau- sas principais (algo próximo a 20%) resolvem mais de 80% dos proble- mas. Conseguiu enxergar o princípio de Pareto? DIAGRAMAS DE CAUSA E EFEITO O diagrama de causa e efeito, também é conhecido como diagrama de Ishikawa, em homenagem ao Dr. Kaoru Ishikawa, pelo fato dele ter sido o primeiro a utilizar este diagrama. Diagrama de Causa e Efeito – Ishikawa Governança da Tecnologia da Informação164 você sabia? Em virtude de seu formato, o diagrama de causa e efeito tam- bém é chamado de diagrama de Espinha de peixe (em inglês, fishbone diagram). Nós fazemos uso deste diagrama quando queremos analisar e ex- por as relações entre um determinado efeito e suas causas em poten- cial. Você se recorda da técnica de brainstorming? Podemos fazer uso da tempestade de ideias para levantar ideias sobre as eventuais cau- sas de um problema. Uma vez tendo estas causas, podemos fazer uso do diagrama Espinha de Peixe para representar causas e problemas. Para a construção deste diagrama, primeiro precisamos definir o problema ou o efeito cujas causas desejamos estabelecer. Uma vez finalizado este passo, identificamos os principais grupos de possíveis causas. De um lado do diagrama encontram-se as possíveis causas para o efeito em questão, representado do outro lado do diagrama. Veja como as ferramentas da qualidade se misturam! Podemos fazer um brainstorming antes e então geramos um causa e efeito. Podemos também fazer o inverso: criar um causa e efeito e levá-lo para brainstor- ming. Podemos também fazer uso do causa e efeito durante a fase de verificação e controle do PDCA, assim como podemos fazer uso do dia- grama de Pareto para, uma vez listadas as causas no diagrama de causa e efeito, estabelecer quais são as causas mais relevantes (20%) que resol- vem a maior parte (80%) dos meus problemas. Interessante, concorda?! EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT Em 1988, 14 empresas do Oeste Europeu formaram a Fundação para Gerenciamento da Qualidade (EFQM – European Foundation for Qua- lity Managament), tendo como um de seus objetivos o reconhecimento Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 165165 de resultados da qualidade. Para isto, esta fundação lançou o prêmio europeu da qualidade (EQA – European Quality Award). Para obter tal premiação, as empresas devem demonstrar que suas abordagens para o gerenciamento da qualidade total têm contribuído para satisfazer as expectativas dos clientes, empregados e outros interessados nas ativi- dades da organização. você sabia? O prêmio EQA (European Quality Award) reconhece que os pro- cessos são os meios pelos quais uma empresa utiliza e libera os talentos de seu pessoal para produzir resultados. Dessa forma, estabeleceu-se um modelo de excelência, o qual mate- rializa um conjunto de conceitos fundamentais relacionados à qualidade. dica No site http://www.clubexcelencia.org/reconocimiento/organi- zaciones-excelentes é possível visualizar um mapa com as empre- sas que ganharam o prêmio de excelência EQA. Governança da Tecnologia da Informação166 palavra de autor O modelo de excelência é um sistema de gestão estruturado, que integra na sua filo- sofia o conceito de qualidade total e que pretende proporcionar uma linguagem de ges- tão e ferramentas comuns. Através da partilha de boas práticas, tem por missão conduzir as organizações a um nível de desempenho excelente, tendo como base uma visão no mundo no qual as organizações possam apostar na excelência sustentável e ter êxito. [...] Os conceitos fundamentais da excelência são oito: u Orientação para os resultados. Excelência é alcançar resultados que encantam to- dos os stakeholders da organização. É necessário monitorar as necessidades e ex- pectativas, experiências e percepções dos stakeholders. A informação é reunida e usada para estabelecer, implementar e rever políticas, estratégias, objetivos, metas, indicadores e planos de curto, médio e longo prazo. u Focalização no cliente. Excelência é criar valor sustentável para o cliente. É neces- sário conhecer e compreender os clientes, e agir no sentido de ir ao seu encontro, fortalecendo a relação com estes, que são quem faz o juízo final da qualidade de um produto/serviço. u Liderança e constância de propósitos. Excelência é liderança visionária e inspira- dora, indissociada de uma constância de propósitos. Os lideres definem e comuni- cam um rumo claro para a organização. Assim, unificam e motivam outros líderes no sentido de comprometer os seus colaboradores. Estabelecem para a organi- zação comportamentos,valores, éticas, cultura e uma estrutura de administração que proporcionam uma identidade única e atrativa para os stakeholders. u Gestão por processos e por fatos. Excelência é garantir a organização através de um conjunto de sistemas, processos e fator interdependentes e inter-relacionados. Os pro- cessos têm de estar claramente definidos e integrados e melhorados numa base diá- ria, sendo importante a existência de indicadores de desempenho para a sua gestão. u Desenvolvimento e envolvimento de pessoas. Excelência é maximizar a contri- buição dos colaboradores através de seu desenvolvimento e envolvimento. É reconhecida a importância do capital intelectual das pessoas. As organizações recrutam e desenvolvem as suas pessoas de acordo com as competências neces- sárias à organização, reconhecendo e recompensando o seu trabalho, o que leva ao envolvimento e lealdade destas com a organização. u Aprendizagem, inovação e melhoria contínua. Excelência é desafiar o status quo e efetuar a mudança, utilizando a aprendizagem para desencadear a inovação e oportunidades de melhoria. As organizações excelentes aprendem conhecimen- to, não só com as suas próprias atividades e desempenho como os dos outros. As organizações realizam benchmarking interna e externamente. Existe abertura à identificação e utilização das ideias de todos os stakeholders. Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 167167 palavra de autor u Desenvolvimento de parcerias. Excelência é desenvolver e manter parcerias com valor acrescentado. As organizações procuram e estabelecem parcerias com ou- tras organizações, o que permite gerar valor acrescentado para os stakeholders através da otimização das competências cruciais. Apoiam-se na experiência, re- cursos e conhecimentos dos parceiros, construindo uma relação sustentável ba- seada na confiança mútua, respeito e transparência. u Responsabilidade social e corporativa. Excelência é exceder o enquadramento legal mínimo no qual a organização opera e empreender esforços para compreender e responder às expectativas dos stakeholders na sociedade. As organizações adotam abordagens éticas, de responsabilidade social e sustentabilidade ecológica, tanto para o presente como para o futuro da comunidade. (MARTINS, 2013, p. 69- 70) O modelo da EFQM operacionaliza os oito conceitos por meio de nove critérios de avaliação da qualidade. Neste modelo, resultados po- sitivos são provenientes de uma liderança que conduz políticas e estra- tégias, recursos e processos. Esta liderança leva a resultados positivos para o negócio, os quais conduzem à inovação e à aprendizagem. você sabia? O Brasil também possui uma iniciativa de prêmio para a quali- dade. Trata-se do Prêmio Nacional da Qualidade, estabelecido pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), uma enti- dade privada e sem fins lucrativos, a qual estabelece critérios de excelência que podem ser utilizados internamente pelas empresas, induzindo às melhorias em seus sistemas de gestão. Saiba mais em: http://www.fnq.org.br/perguntas-frequentes/3 A avaliação de uma organização sob o modelo EFQM é feita com base em um questionário de 50 questões. As questões versam sobre os seguintes tópicos: u Liderança; u Estratégias e políticas da organização; u Gestão de pessoas; u Recursos; u Processos; u Satisfação dos clientes; u Satisfação dos empregados; Governança da Tecnologia da Informação168 u Impacto na sociedade; u Resultados. ISO 9000 Vamos agora às normas da série ISO 9000. Estas normas foram lan- çadas pela ISO (International Organization for Standardization), a qual se caracteriza como uma entidade não governamental, com sede em Genebra – Suíça, cujas atividades se iniciaram no ano de 1947. A ISO – Organização Internacional de Normalização foi fundada em 23 de fevereiro de 1947. Hoje ela possui sede em Genebra – Suíça, e conta com 246 países membros. E qual o objetivo da série destas normas? De um modo simples, pen- se que as normas da família 9000 buscam orientar as organizações na implantação de um sistema da qualidade, de modo que fornecer produtos ou serviços de acordo com as necessidades dos clientes. Foi por meio destas normas que o conceito de gestão da qualidade foi consolidado, estabelecendo uma sistemática de caráter preventivo na condução do processo da qualidade. Similar a outras normas que vimos nesta disciplina, a família ISO 9000 é uma série de padrões internacionais para gestão e garantia da qualidade, não sendo destinada a um produto nem para alguma indús- tria específica. As normas ISO 9000 não são de natureza técnica, uma vez que não especificam critérios ou regulam produtos e serviços. O que a norma vem requerer é uma documentação dos procedimentos operacionais e ações gerenciais para alcançar expectativas dos clien- tes (REBELATO e OLIVEIRA, 2006). Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 169169 O que se espera da implantação das normas ISO 9000 em uma empre- sa? De modo geral, quando analisamos estudos de casos, vamos observar que há um aumento da produtividade, decorrente da redução de desperdí- cios, produtos não conformes e de retrabalho na execução das atividades. Similar ao que vimos no conceito de qualidade total, os princípios da ISO 9000 remontam à Segunda Guerra Mundial. Naquela época havia a necessidade de se produzir de maneira uniforme e com altos índices de produtividade. Embora os produtos fossem balas e bombas, tais produtos necessitavam operar corretamente, além de estarem dispo- níveis no tempo correto. A garantia da qualidade destes produtos era essencial para o sucesso na guerra. A família ISO 9000 é composta de uma série de normas. São elas: u ISO 9000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário; u ISO 9001 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos; u ISO 9004 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para Melhoria do Desempenho; Alguns pontos tratados ao longo da família ISO 9000 são: u O monitoramento de processos de modo a garantir que eles são efetivos; u Manter a documentação dos processos de negócios adequada as necessidades; u Verificar defeitos em produtos finais da produção, com o estabe- lecimento de ações corretivas; u Revisar regularmente processos, assim como a efetividade do sistema de gestão da qualidade; u Proporcionar a melhoria contínua dos processos. Dentre as normas que compõem a família ISO 9000, a ISO 9001 é a primeira observada pelas organizações, uma vez que abrange todo o ciclo de vida de um produto ou serviço, abordando tópicos tais como requisitos para a garantia da qualidade em projetos, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados. Uma empresa pode adequar seus processos para obter uma certifi- cação na ISO 9001. Isto não significa e nem garante que seus produtos ou serviços apresentam qualidade. Esta conformidade com a ISO 9001 significa que há processos de negócio e de produção sendo aplicados, com foco na qualidade de produtos e serviços. A ISO 9001 estabelece um conjunto de atividades que interagem formando um sistema de atividades de gestão da qualidade, com o objetivo de gerenciar os requisitos dos clientes na realização do pro- Governança da Tecnologia da Informação170 duto e entrega de pedidos. O certificado de conformidade/certificação em ISO 9001 por uma empresa atesta que seu sistema produtivo está capacitado para gerenciar o atendimento de requisitos de clientes. O modelo de gestão da qualidade estabelecido pela ISO 9001 re- quer que a organização estabeleça uma visão sistêmica de seus processos e atividades de realização de produto para gerenciar o atendimento dos requisitos dos clientes. A norma ainda requer que a organização gerencie seus recursos físicos e humanos, garantindo a eficácia do sistema de gestão da qualidade e que a direção assuma a responsabilidade pela definição de política e objetivos da qualidade e análise crítica para melhoria contínua do sistema da qualidade(CAR- PINETTI, 2012, p. 50). Continuando esta aula, agora vamos conhecer um pouco mais sobre a versão da ISO 9001 publicada em 2015, denominada ISO 9001:2015. Para fins de simplificação, vamos sempre nos referir à ISO 9001:2015 com uso do termo ISO 9001 apenas, ok? ISO 9001 Já vimos que há os gurus da qualidade, certo? Temos Deming, Juran, Crosby, Ishikawa, dentre outros. Os ensinamentos destes gurus formam a base para os princípios de gestão da qualidade existentes na ISO 9001. Os princípios de gestão da qualidade constituem a fundamentação da norma. Em sua versão de 2015, a ISO 9001 apresenta princípios de gestão da qualidade, quais sejam: u Foco no cliente: o atendimento aos requisitos do cliente é primor- dial e consolida-se como foco primário da gestão da qualidade; Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 171171 palavra de autor A adoção de um sistema de gestão da qualidade (SGQ) é, segundo a ISO 9001:2015, uma decisão estratégica da Organização, ou seja, tomada no mais alto nível de decisão para servir a um propósito específico e obter resultados. Ao endereçar a capacidade de satisfazer as necessidades e ex- pectativas dos clientes, aumentar a satisfação através de um SGQ e melho- rar o desempenho global da Organização, a ISO 9001 lida com o propósito fundamental da existência de uma Organização. Contribui para o pilar eco- nômico da sustentabilidade, o que por sua vez permite à Organização ter a capacidade e os meios para outras iniciativas de sustentabilidade. No segundo parágrafo da ISO 9001:2015 são apontados os quatro be- nefícios potenciais da adoção de um SGQ baseado nesta norma: a) a aptidão para fornecer de forma consistente produtos e serviços que satisfaçam tanto os requisitos dos clientes como as exigências estatutá- rias e regulamentares aplicáveis; b) facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente; c) tratar riscos e oportunidades associados ao seu contexto e objetivos; d) a aptidão para demonstrar a conformidade com requisitos especifi- cados do sistema de gestão da qualidade. Estes benefícios decorrem diretamente dos resultados pretendidos pela ISO 9001, tal como definido no seu âmbito. (APCER, 2015, p. 48). u Liderança: o comprometimento da liderança é fundamental para o estabelecimento de políticas e procedimentos, criando con- dições adequadas para que as pessoas se comprometam em atingir os objetivos da organização; u Comprometimento das pessoas: o comprometimento é um dos princípios de gestão da qualidade. Para que uma organização possa melhorar a sua capacidade de criar, proporcionando valor, é fundamental ser dotada de pessoas competentes, habilitadas e comprometidas em todos os níveis da organização; u Abordagem por processos: processos inter-relacionados fun- cionam muito bem como mecanismos para a obtenção de re- sultados consistentes e previsíveis; u Melhoria: não se implanta um processo sem a intenção de melhorar constantemente; u Tomada de decisões baseadas em evidências: evitamos o sub- jetivismo na tomada de decisões, de modo que as decisões pas- sam a ser tomadas com base na análise e avaliação de dados; Governança da Tecnologia da Informação172 u Gestão de relacionamentos: o resultado positivo nem sempre é totalmente dependente das ações da empresa. Às vezes o resul- tado é positivo apenas quando o fornecedor exerce seu papel e agrega valor. Manter este relacionamento é, portanto, primordial para o sucesso da organização. Interessantes estes princípios, não é? Você se recorda que nesta aula falamos do ciclo de melhoria contínua PDCA? Ele aparece aqui novamente! A ISO 9001 faz uso de uma abordagem de processos, os quais são melhorados continuadamente por meio do ciclo PDCA. Ao mesmo tempo em que há o ciclo PDCA norteando a norma, há também a evocação para a criação de uma mentalidade de risco. E é por meio dela que uma organização determina os fatores que podem causar desvios em seus processos e no seu sistema de gestão da qualidade. A abordagem por processos é uma abordagem adotada por diversas normas. Para a ISO 9001, ela é tida como essencial à eficácia e eficiên- cia da organização em atingir seus resultados pretendidos. Em um pro- cesso individual temos um conjunto de atividades, as quais possuem entradas e suas fontes, saídas e seus recebedores as quais, para serem desenvolvidas, precisam de recursos, informações, indicadores de de- sempenho e conhecimento, responsabilidades e autoridades. É possí- vel inserir controles e elementos de monitoramento do desempenho de processo desde as fontes de entrega até os recebedores de saídas. Abordagem por processos: representação esquemática dos elementos de um processo individual, de acordo com a ISO 9001:2015. Fonte: (ABNT, 2015, p. 9). Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 173173 Quando se implanta um sistema de gestão da qualidade, deve-se determinar o escopo de tal sistema. Dessa forma, a organização deve delimitar os limites e a aplicabilidade do sistema de gestão da qualida- de para estabelecer o seu escopo. Uma vez determinado o escopo, a organização deve estabelecer, im- plementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da qualidade. Os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade devem ser estabelecidos. Para cada processo, a organiza- ção deve determinar as entradas requeridas e as saídas esperadas, a sequência e a interação desses processos, os critérios e métodos para controle dos processos e os recursos necessários para os processos. Falando em recursos, normalmente temos que determinar as res- ponsabilidades e autoridades para estes processos, abordando riscos e oportunidades. Podemos fazer uso de matriz RACI e da análise SWOT para auxiliar nesta tarefa. Ao longo desta disciplina vimos que para a implantação de uma efe- tiva governança, o comprometimento da alta direção é fundamental, certo? Aqui não será diferente. A norma exige que a alta direção de- monstre liderança e comprometimento com relação ao sistema de ges- tão da qualidade, responsabilizando-se por prestar contas pela eficácia do sistema, assegurando que a política da qualidade, assim como os objetivos da qualidade, sejam estabelecidos e sejam compatíveis com o contexto e as metas estratégicas da organização. Se recorda que há pouco falei sobre a mentalidade de risco? Este é um termo que a norma nos apresenta e nos faz uma ressalva: é de competência da alta direção exercitar a mentalidade de risco. Logo, é de responsabilidade da alta direção avaliar os riscos e oportunidades. Se a gestão da qualidade total, TQM, tinha como foco o cliente com base na melhoria contínua, a ISO 9001 também estabelece o foco no clien- te. Para a norma, é dever da alta direção demonstrar liderança e compro- metimento com relação ao foco no cliente. A norma estabelece que com- pete à alta direção manter o foco no aumento da satisfação do cliente. Implantar um sistema de gestão da qualidade requer o estabele- cimento de políticas e de procedimentos da qualidade. A alta direção deve estabelecer, implementar e manter uma política da qualidade, adequando tal política ao seu direcionamento estratégico, provendo uma estrutura suficiente para o estabelecimento dos objetivos. Governança da Tecnologia da Informação174 Normalmente, quando do estabelecimento de uma política de quali- dade, a organização estabelece os objetivos da qualidade, normalmen- te descritos por níveis e processos pertinentes ao sistema de gestão da qualidade. A norma estabelece que os objetivos da qualidade de- vem ser mensuráveis, monitorados, pertinentes para a conformidade de produtos e serviços e para o aumento da satisfação do cliente, além de serem alvos de atualização sempre que necessário. Você se recorda que uma das técnicas do PDCA, na fase de plane- jamento, pode ser a 5W1H? Olha ela aqui de novo! A norma estabelece que ao planejar como alcançar seus objetivos da qualidade a organiza- ção deve determinar o que será feito, quaisrecursos serão necessários, quem será o responsável, quando será concluído e como os resultados serão avaliados. Similar ao 5W1H, não acha? Implantar a governança e, consequentemente, estabelecer um sistema de gestão da qualidade, requer mudanças na organização. Weill e Ross (2006) abordam a questão das mudanças e o setor de tecnologia da in- formação. Para os autores, é preciso garantir que a TI participe de tais mudanças, uma vez que se a TI só ficar sabendo das iniciativas estraté- gicas depois que as decisões forem tomadas, encontrar-se-á na posição de cumpridora de ordens. E então desenvolverá uma solução específica, em vez de uma plataforma alinhada à visão estratégica. Isto se aplica também para a implantação de um sistema de gestão da qualidade. O planejamento das mudanças deve ser efetivo e realizado de manei- ra sistemática. Precisamos considerar o propósito das mudanças e suas consequências, a disponibilidade de recursos, dentre outros elementos. E que recursos são estes? A nor- ma apresenta alguns tipos de recur- sos, quais sejam: pessoas, infraes- trutura, ambiente para a operação dos processos, recursos de monito- ramento e medição, e conhecimen- to organizacional. Conhecimento organizacional é algo que merece destaque. O ele- mento principal do conhecimento são os dados, os quais normalmen- 275800256 Recursos (pessoas, processos, monitoramento e medição, conhecimento, etc.) precisam ser gerenciados. Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 175175 te são gerados nos mais diversos processos da organização, e arma- zenados e mantidos por meio de sistemas de informação. Os dados, quando contextualizados, transformam-se em informação. Já as in- formações, quando associadas a outras variáveis, tornando-se objeto de valor para a organização, são denominadas conhecimento. Ou seja, dados geram informações e informações geram conhecimentos. Ge- renciar o conhecimento organizacional é fundamental para o sucesso de um sistema de gestão da qualidade. Outro elemento destacado na ISO 9001 é a documentação da infor- mação. Se informação gera conhecimento, faz todo o sentido em ge- rir a informação como um mecanismo essencial para a preservação e criação de conhecimentos organizacionais. Para a ISO 9001, a informa- ção requerida pelo sistema de gestão da qualidade precisa estar dis- ponível e adequada para uso, além de estar protegida suficientemente (confidencialidade, integridade e autenticidade). Para isto, a organização deve estabelecer atividades que atuem na de- terminação de procedimentos para a distribuição, acesso, recuperação e uso da informação documentada. Além disso, faz-se necessário ativi- dades para garantir o devido armazenamento e preservação, controle de alteração, retenção e descarte destas informações documentadas. RELACIONAMENTO COM TQM Você pode estar se perguntando qual o relacionamento da ISO 9001 com TQM. Vamos conhecer agora as principais diferenças e similarida- des entre estes dois conceitos, ok? Nosso trabalho será com base na comparação produzida por Rebelato e Oliveira (2006). Com relação ao objetivo, TQM visa à melhoria contínua dos proces- sos, enquanto a ISO 9000 tem por objetivo satisfazer as necessidades dos clientes. Para alcançar seus objetivos, TQM foca na satisfação do cliente interno e externo, no compromisso da gestão, treinamento e educação dos colaboradores. Já a ISO 9000 foca na gestão por pro- cessos e na satisfação dos clientes. Ambos os modelos de qualidade enfrentam barreiras na implanta- ção, decorrentes do processo de mudança que provocam nas organi- zações. TQM encontra como barreiras comuns a falta de envolvimento e comprometimento da direção, um entendimento limitado sobre qua- lidade, uma estrutura organizacional inflexível e a falta de treinamento Governança da Tecnologia da Informação176 e educação dos colaboradores. A ISO 9000, por sua vez, também en- contra como barreiras comuns a falta de envolvimento e comprometi- mento da direção, um excesso de burocracia gerado pela necessidade de documentar processos, e o receio por mudanças. E o que ambos os modelos trazem de vantagem? TQM busca tornar uma organização mais competitiva e viável impulsionando a mudan- ça e melhoria, proporcionando o aumento da lucratividade, redução de custos, e aumento da produtividade. A série de normas da ISO 9000 busca proporcionar uma alta percepção da qualidade, vantagem com- petitiva, redução do custo de auditorias, melhoria na demanda de clien- tes, melhor documentação e aumento da eficiência operacional. Interessante, não é? Ambos os modelos requerem um estudo mais aprofundado quando da decisão por adotá-los nas organizações. Espe- ro que você tenha compreendido os pontos principais da TQM e da ISO 9000 e como estes podem ser utilizados como norteadores e elemen- tos de conformidade para se buscar a qualidade dos processos orga- nizacionais, dos produtos e serviços produzidos por uma organização, atendendo as necessidades de seus clientes assim como a necessida- de de suas partes interessadas. leitura indicada INMETRO. ISO 9000. Certificar ou não certificar. Cartilha. 1 ed. O INMETRO elaborou uma cartilha ilustrativa e bastante didáti- ca sobre o processo de certificação em ISO 9000. A cartinha apre- senta as principais dúvidas sobre a certificação e como funciona este processo. A cartilha encontra-se disponível no endereço eletrônico: <https://goo.gl/qhLRv8>. E s t u d o d E C a s o O site eletrônico da British Standards Institution (https://goo.gl/4uT- QBQ) apresenta um conjunto de estudos de casos sobre a implantação da ISO 9001 em diversas organizações. Vamos analisar os resultados obtidos com a certificação da ISO 9001 pela empresa Capability Scotland. Esta empresa iniciou suas atividades Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 177177 em 1946, por um grupo de pais e profissionais focados em fornecer suporte e educação para pessoas com paralisia cerebral. Atualmente o foco da empresa é auxiliar pessoas portadoras de necessidades espe- ciais, atuando com uma série de serviços para estas pessoas, tais como emprego, educação, alojamento e uma vida independente. A missão da Capability Scotland é ser um grande aliado no apoio às pessoas com deficiência para alcançar a igualdade e ter a escolha e o controle de suas vidas. A obtenção da certificação ISO 9001 pela empre- sa é uma forma de comunicar seu comprometimento com suas metas. Com relação ao foco nas necessidades dos clientes, as atividades da empresa são regidas por um extenso conjunto de padrões legais e regulatórios que exigem um sistema de qualidade robusto. Com ser- viços em toda a Escócia, a organização iniciou com uma avaliação de suas práticas e procedimentos. Como resultado, observou-se que suas unidades não faziam uso de procedimentos comuns, sendo normal- mente operadas com bases em práticas locais. Por não fazer uso de procedimentos padronizados, os problemas eram resolvidos ad hoc, de modo que a alta administração não estava convencida de que não havia problemas sistêmicos que poderiam ser prevenidos, evitando-se suas ocorrências em todas as unidades. A adoção pela certificação ISO 9001 requereu à organização a cria- ção de um volume extensivo de documentação, haja vista a miríade de documentos necessários para manter a conformidade com requisitos regulamentares e estatutários, levando-se em consideração os clientes desta organização. Apesar do volume de documentação que foi necessário para padro- nizar os processos e procedimentos em suas unidades, a empresa ob- servou diversos benefícios com a implementação do sistema de ges- tão da qualidade, o qual está contribuindo para a melhoria da eficiência na prestação dos serviços. Diversos indicadores de desempenho foram estabelecidos, de modo que a empresa agora é capaz de mensurar a qualificação de seus pro- fissionais, incidentes, acidentes e feedback dos clientes, que são agora coletados e relatados para a alta direção da organização.Com uso da revisão recorrente de seus processos, a Capability Scotland busca me- lhorar continuamente seus processos, satisfazendo seus clientes. expressão latina cuja tradução é “para isto”, “para um fim específico”. Quando desenvolvemos uma solução ad hoc, esta é uma solução para um problema em específico. Ad hoc Governança da Tecnologia da Informação178 TICKIT Desde a publicação da primeira versão da família de normas ISO 9000, em 1987, o Departamento de Comércio e Indústria (DTI – Depart- ment of trade and industry) do Reino Unido documentava o estado da qualidade de software e de sua aplicação em empresas de desenvol- vimento de software, podendo então observar que havia certo desin- teresse em produtores de softwares e prestadores de serviços de TI em adotar a ISO 9000, os quais alegavam que a família de normas ISO 9000 apresentavam um alto nível de generalização e a terminologia utilizada pelas normas não era de fácil compreensão pelas empresas de desenvolvimento de software (ROMÁN e JOSÉ, 2007). Foi então que, no ano de 1991, o governo britânico iniciou o projeto TickIT. O principal objetivo do projeto era proporcionar um marco de gestão da qualidade para as empresas de desenvolvimento de soft- ware, contemplando um conjunto de procedimentos de suporte para a avaliação e certificação, em conformidade com a norma ISO 9001. Este método assegura conformidade com a norma ISO 9001. En- tenda que o TickIT não adiciona nenhum requisito à ISO 9001, uma vez que o mesmo consiste apenas de uma interpretação da ISO 9001 foca- da no público de desenvolvimento de software. Embora o TickIT não te- nha acompanhado a evolução das normas ISO 9000, tendo como sua última versão um guia no ano de 2001, este tornou-se conhecido como um esforço histórico em se expandir a ISO 9000 para outras áreas, no caso, a área de desenvolvimento de software. você sabia? Em 2011 houve o surgimento de uma nova iniciativa do TickIT denominada TickITPlus. O TickITPlus não apenas busca conformi- dade com a ISO 9000, mas também com a ISO 20000 e ISO 27001. Maiores informações podem ser encontradas no endereço eletrô- nico: http://www.tickitplus.org/en/ Se você se interessar em obter a certificação ISO 9001 com base nos TickIT deve buscar por sua evolução: TickITPlus, que contempla não apenas a ISO 9001, mas diversas outras normas. Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 179179 Como estamos estudando a ISO 9000 apenas, vamos voltar a focar no TickIT e sua interpretação desta família de normas, ok? O TickIt foi concebido para ser aplicado qualquer que seja o processo de desenvolvimento de software adotado por uma organização. A ideia principal consiste em fazer com que desenvolvedores de softwares re- flitam sobre os conceitos da qualidade e seus significados no âmbito das atividades de desenvolvimento de software, isto é, os processos necessários, como a qualidade pode ser obtida e como o sistema de gerenciamento de qualidade pode ser aplicado ao desenvolvimento de software em busca da melhoria contínua. O TickIT gerou um guia, denominado TickIT Guide, que foi dividido em 6 partes, quais sejam: u Parte A: introdução ao TickIT e ao processo de certificação: esta parte do guia apresenta informações gerais sobre a operação do TickIT e como ele está relacionado ao processo de gestão da qualidade, além de abordar o processo de certificação TickIT endossando a conformidade com a ISO 9001. u Parte B – Guia para Clientes: Esta parte do guia é voltada para clientes que estão fazendo uso dos serviços de uma empresa de desenvolvimento de software, cobrindo aspectos relacionados aos sistemas de gerenciamento da qualidade e como os clientes podem contribuir para a qualidade dos processos e produtos. u Parte C - Guia para Fornecedores: Esta parte do guia cobre como sistemas de gerenciamento da qualidade devem ser construídos com base nos procedimentos sugeridos pelo TickIT. Esta seção também discute a avaliação e melhoria dos sistemas de gestão da qualidade. u Parte D – Guia para Auditores: Esta parte do guia é voltada para auditores que irão realizar avaliações em organizações com base nos princípios estabelecidos pelo TickIT. u Parte E – Requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade: Provê um guia para interpretar os requisitos da ISO 9001 para organizações que atuam no desenvolvimento de softwares. u Parte F – Requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade – Pers- pectiva de Processos: Esta seção discute boas práticas que podem ser utilizadas para prover um controle efetivo e contínuo do sistema de gerenciamento da qualidade de desenvolvimento de software. Governança da Tecnologia da Informação180 u Apêndices, glossário e índice: esta parte do guia apresenta apên- dices que abordam o gerenciamento e avaliação de processos de TI, juntamente com estudos de casos comentados. Há a apresentação de um glossário e um índice remissivo. A evolução da TickIT para a TickITPlus, de modo a produzir um guia que ‘traduza’ não apenas as normas da família 9000, mas normas da família 20000, 27000, dentre outras, é um elemento que deve ser consi- derado quando da decisão pela implantação de sistemas de gestão da qualidade em empresas do ramo de tecnologia da informação. síntese A qualidade é um atributo muito cobiçado pelas organizações, de pre- ferência aliado a outros atributos, tais como: produtividade, lucratividade, crescimento. A gestão da qualidade busca permitir a uma organização en- contrar tais atributos, seja pelo aprimoramento de seus processos, assim como pela implantação de um processo de Governança. A gestão da qualidade está associada a um processo de Governança de TI, a qual atua nos processos e na cultura organizacional, criando instru- mentos de qualidade e conformidade com normas, tais como a ISO 9000. Nesta aula conhecemos o conceito de Total Quality Management (TQM), suas ferramentas da qualidade (brainstorming, ciclo PDCA, gráfico de Pareto e diagrama de causa e efeito), além de abordarmos como as organizações podem buscar certificação na área da qualidade, por meio da família de normas ISO 9000. Abordamos também iniciativas que premiam a excelên- cia pela qualidade, como a European Foundation for Quality Management (EFQM). Por fim, conhecemos a iniciativa TickIT, a qual buscou interpretar as determinações e requisitos da ISO 9000 para a área de desenvolvimento de software, como um esforço de levar a gestão da qualidade para áreas correlacionadas à tecnologia da informação. Atividades 01. Praticar a qualidade é uma atividade cotidiana ao longo da im- plantação de um processo de gestão da qualidade. Suponha que você implantou a gestão da qualidade em sua empresa, obtendo certificação ISO 9001, e um incidente está afetando a produção Aula 5: Melhoria Contínua e Qualidade 181181 do produto “carro-chefe” da sua empresa. Você então recorreu à ferramenta da qualidade de brainstorming para elencar um con- junto de ideias sobre o que pode estar causando este problema. A reunião durou 2 horas e você a considerou muito produtiva, ge- rando cerca de 10 causas prováveis. Você agora precisa prepa- rar uma apresentação para a alta direção, de modo a apresentar as prováveis causas do problema, para que eles deliberem sobre possíveis ações que possam garantir a continuidade deste ser- viço. Qual ferramenta da qualidade você pode utilizar para apre- sentar as possíveis causas deste problema? Governança da Tecnologia da Informação182 02. Crie um gráfico de Pareto para identificar as principais causas de problemas relatadas em uma Central de Atendimento ao Cliente para uma empresa de telefonia. De um total de 400 reclama- ções, 290 estão relacionadas à indisponibilidade do serviço, 80 referem-se a erros de cobrança aos clientes, 15 referem-se a erros na entrega de serviços, 10 à demora de atendimento e 5 a problemas recorrentes que não foram resolvidos corretamen- te na primeira solicitação. Elabore o gráfico dePareto e indique o percentual de causas que são resolvidas quando resolvemos 20% dos problemas.
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