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Saúde da Criança P5-2022 20/10/2022 Marília Miranda Santana Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 1 Sumário- Bloco II Saúde da Criança II-AULA 01- TCE na infância e Crises Epiléticas----Pág 2 Saúde da Criança I- AULA 01- Reidratação venosa em neonatologia e alojamento conjunto---Pág 14 Saúde da Criança II- AULA 02- Infecções do Trato Urinário-----Pág 22 Saúde da Criança I- AULA 03- Prematuridade -------- Pág 27 Saúde da Criança III- AULA 01- Doenças exantemáticas e doença do refluxo gastroesofágico--------Pág 33 Saúde da Criança I-AULA 04- Cardiopatias Congênitas----Pág 40 Saúde da Criança III-AULA 02- Glomerulopatias, obesidade e síndrome metabólica---Pág 46 Saúde da Criança I-AULA 05- Icterícia neonatal e encefalopatia bilirrubínica—Pág 52 Saúde da Criança III-AULA 03- Desnutrição, hipovitaminoses e dores recorrentes na pediatria—Pág 59 Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 2 Saúde da Criança II- TCE na infância e Crises Epiléticas Trauma Cranioencefálico Fisiopatologia O funcionamento básico do SNC requer o adequado aporte de O2, glicose e demais nutrientes para o metabolismo basal do tecido cerebral. Para tanto, depende do fluxo sanguíneo cerebral, garantido pela pressão de perfusão cerebral (PPC), que é fruto da diferença entre a pressão arterial média (PAM) e a pressão artéria intracraniana (PIC). Assim, para manter a PPC, incrementos da PIC causados por qualquer lesão cerebral pós-traumática vão requerer ajustes fisiológicos do SNC. Quando nenhum mecanismo consegue normalizar o sistema, instala-se a hipertensão intracraniana com dano secundário ao tecido cerebral. Se não tratada, pode culminar com a iminência de herniação no tecido cerebral, quando o organismo exibe a clássica tríade de Cushing: Esse dano cerebral depende ainda do tipo de lesão relacionada ao trauma, que pode ser primária ou secundária. Lesão Primária: Diretamente pelo impacto. É aquela que não pode ser evitada; Impacto direto do trauma; É proporcional à intensidade da força aplicada; Pode ser focal ou difusa. Lesão Secundária: Relacionada a distúrbios subsequentes intalados. Pode ser evitada ou, pelo menos, minimizada; Devido a uma cascata de resposta metabólica que leva a lesão secundária; Pode ocorrer minutos, horas ou dias depois. Complicações da lesão secundária. Hipoxemia; Hipercpnia ou hipocapnia; Hipotensão; HIC; Crises convulsivas; Hipertermia; Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos. A classificação do TCE baseia-se na escola de Coma de Glasgow (ECG), adaptada de acordo com a faixa etária. Normal Modificada Pontuação Abertura Ocular Espontânea Espontânea 4 Comando verbal Comando verbal 3 À dor À dor 2 Nenhuma Nenhuma 1 Resposta Verbal Orientado Balbucios 5 Conversa confusa Choro irritado 4 PPC= PAM- PIC Bradicardia Alteração Respiratória HAS Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 3 Palavras inapropriadas Choro à dor 3 Sons estranhos Gemido à dor 2 Nenhuma Nenhuma 1 Resposta motora Obedecer comandos Movimentos espontâneos 6 Localiza a dor Retirada ao toque 5 Flexão normal Retirada à dor 4 Decorticação Flexão anormal 3 Decerebração Extensão anormal 2 Nenhuma Nenhuma 1 TCE Leve- Glasglow- 14/15. TCE Moderado- Glasglow- 9/13. TCE Grave- Glasglow-<8. Tratamento do Traumatismo Cranioencefáico Leve Crianças sem quaisquer fatores de risco (citados mais abaixo no O que fazer?) são classificadas como baixo risco e não necessitam de TC de crânio. Em geral, com o paciente assintomático e decorridas pelo menos 2 horas do trauma, ele poderá ser liberado para observação domiciliar. Tratamento do Traumatismo Cranioencefálico moderado e grave O manejo do TCE moderado e grave requer assistência em UTI e vigilância constante para eventuais sinais de deterioração neurológica. Todos os pacientes graves (ECG<8) necessitam de intubação orotraqueal e ventilação mecânica, sob sedação e analgesia. Terapias de Primeira Linha Manter a cabeceira elevada em 30°, sedação e analgesia com benzodiazepínicos e opioide, minimizando estímulos externos; ventilação pulmonar mecânica em PaO2 entre 90-100mmhg e PaCO2 entre 35-40mmHg. Atentar para o controle direcionado de temperatura, com limite superior em 38°. Garantir também volume intravascular adequado através da monitorização da pressão venosa central (PVC) e do débito urinário. Tratar anemia (manter Hb superior a 7g/dL) e coagulopatias. Indicar a nutrição enteral o mais precocemente possível, por sonda. Lembrar que na suspeita de fratura na base do crânio está contraindicada a passagem de qualquer sonda via nasal. Drogas antiepilépticas são recomendadas para casos de crises convulsivas, epilepsias prévia e lesão focal na TC, em especial a Fenitoína e o levetiracetam. Anamnese: Identificar o mecanismo e a cinemática do trauma (como foi, qual a atura); Local da lesão; O tempo decorrido (quanto tempo faz desde que ocorreu a queda); Relato de convulsão; Vômito; Perda de consciência; Antecedentes de epilepsia; Uso de álcool ou drogas; Displasia sanguínea; Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 4 Exame de Imagem O exame de imagem indicado é a tomografia computadorizada de crânio, nas seguintes situações: Nos casos moderados e graves; Nos casos leves em que apresente: -Alteração no estado mental como sonolência, questionamento repetitivo ou resposta lenta à comunicação verbal; -Suspeita de fratura de crânio à palpação; -Hematoma subgaleal importante em região occipital, temporal ou parietal; -Perda de consciência; -Mecanismo de trauma grave: acidente com veículo com ejeção do paciente, morte de outro passageiro ou capotamento, quedas superiores a 0,9m em menores de 2 anos ou superiores a 1,5m em maiores de 2 anos; -O paciente não está agindo normalmente; -Critério médico baseado na sua experiência, de acordo com a avaliação individualizada. O que fazer? Crianças com menos de 2 anos Fator de Risco alto Fator de risco moderado Glasglow 14 Hematoma subgaleal parietal, temporal ou occiptal Alterações de consciência Perda de consciência >5 segundos Fratura de crânio palpável Mecanismo de trauma importante (queda acima de 90cm) Mudança de comportamento (pais) Criança com mais de 2 anos Fator de Risco Alto Fator de risco moderado Glasglow 14 Perda de consciência Alterações no nível de consciência Vômitos Sinais de fratura na base do crânio Mecanismo de trauma (queda acima de 150cm) Cefaleia importante Fluxograma com crianças com 2 anos de idade ou mais Se a criança tem sinal de alto risco, é preciso que esta passe por uma tomografia. Mas na ausência de sinais de alto risco ou com a presença de sinais de risco moderado, a criança pode ficar em observação ou fazer a tomografia, tendo em vista que isso depende dos sintomas e a referência dos pais. A tomografia não deve ser feita caso a criança não tenha risco moderado ou grave. Fluxograma com crianças com menos de 2 anos de idade Se a criança tem sinal de alto risco, é preciso que esta passe por uma tomografia. Mas na ausência de sinais de alto risco ou com a presença de sinais de risco moderado, a criança pode ficar em observação ou fazer a tomografia, tendo em vista que isso depende dos sintomas e a referência dos pais. A tomografia não deve ser feita caso a criança não tenha risco moderado ou grave. Raio-X: Não se faz raio-x de crânio para avaliartraumatismo cranioencefálico infantil. Crises Epiléticas na Infância A epilepsia é uma doença cerebral caracterizada por uma das seguintes condições: Ter no mínimo duas crises não provocadas ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas; Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 5 Ter uma crise não provocada e com probabilidade de recorrência; Diante de diagnóstico de uma síndrome epiléptica. A epilepsia é uma doença associada a crises recorrentes espontâneas. Já a convulsão é um evento clínico que pode ser único ou recorrente, provocado por diferentes fatores, como: Hipertermia; Abstinência, Alterações metabólicas; Toxicidade; Síncope; Infecção; AVC. Crise Focal: acomete só um grupo de neurônio; Crise Generalizada: acomete todo o encéfalo. Crise Simples: Não altera a consciência; Crise Complexa: Altera a consciência. O primeiro passo é definir se a crise teve início generalizado ou focal. Se o início foi focal, é importante definir se a criança estava ou não com a percepção intacta— algo difícil de identificar em neonatos e lactentes. Depois, deve-se identificar se a crise foi ou não motora. Síndromes Epilépticas do Período Neonatal A maioria das crises convulsivas que ocorrem em neonatos está relacionada ou é provocada por uma doença de base ou alguma condição patológica e deve ser considerada uma crise sintomática aguda. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 6 As síndromes epilépticas do período neonatal apresentam prognóstico variável e podem estar relacionadas anomalias do desenvolvimento cortical, a defeitos metabólicos (deficiência de Piroxidina) ou causas genéticas que podem levar a disfunção cortical. Síndromes Epilépticas do Lactente Espasmos Epilépticos e Síndrome de West Os espasmos epilépticos são caracterizados por contrações abruptas seguidas por uma contração tônica com duração de segundos que envolve o tronco e o pescoço com adução ou abdução dos braços. Os espasmos podem ser bilaterais simétricos ou assimétricos. Os espaços assimétricos são predominantemente observados nos casos lesionais, frequentemente associados a outros tipos de crises epilépticas. Há circadianismo evidente, sendo que os espasmos ocorrem predominantemente na fase N1 do sono (sonolência) ou ao despertar. A Síndrome de West é caracterizada por uma tríada: espasmos, hipsarritmia* e parada ou regressão do desenvolvimento neuropsicomotor. A SW é o subtipo mais frequente de espasmos epilépticos, com início nos dois primeiros anos de vida, predominantemente no primeiro semestre do primeiro ano. *Obs: A hipsarritmia é caracterizada por ondas lentas de amplitude elevada a muito elevada, com variação em amplitude, duração, morfologia e localização. Na maior parte dos casos, a etiologia é conhecida, com causas estruturais (adquirida ou congênita), infecciosas, metabólicas, imunológicas e anomalias genéticas. -Tratamento: o ACTH, a vigabatrina e os corticosteroides, em especial a prednisolona, são eficazes. A associação de vigabatrina e prednisolona parece ser mais eficaz do que a prednisolona usada isoladamente. Espasmos Hipsarritmia Parada/regressão do desenvolvimento neuropsicomotor Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 7 -Os espasmos tendem a cessar por volta dos 3-4 anos de idade, e a transição de espasmos para Síndrome de Lennox- Gastaut é relatada em 18% dos casos. O atraso no desenvolvimento é variável e geralmente está presente antes do início dos espasmos, agravando-se com a instalação destes. A deficiência intelectual e o transtorno do espectro autista, com gravidades variáveis, são frequentemente relatadas após a remissão dos espasmos. Síndrome de Dravet Há uma variação relacionada à idade. Os sintomas principais são crises epilépticas, atraso no desenvolvimento, deterioração cognitiva, comportamental e disfunção motora. A primeira crise ocorre no primeiro ano de vida, entre 5-8 meses, sendo predominantemente motora. Essa primeira crise pode ser febril ou ocorrer após a febre, vacinação, banho quente ou infecção. Após um breve intervalo de tempo, crises epilépticas farmacorresistentes aparecem e aumentam gradualmente a frequência. No segundo ano de vida, a gravidade e a frequência das crises podem levar ao estado de mal, e há regressão do desenvolvimento neuropsicomotor. -Tratamento: O tratamento desses pacientes é um desafio, considerando a refratariedade das crises. Os fármacos são utilizados em politerapia, com algoritmos de tratamento que incluem fármacos inespecíficos (valproato, clobazam, canabidiol) e mais específicos para essa síndrome (fenflumina e estirepentol). Síndromes Epilépticas da Infância Dentes as síndromes epilépticas cujas crises iniciam após o segundo ano de vida, tem-se: Síndrome de Lennox-Gastaut A síndrome é uma encefalopatia epiléptica grave caracterizada por crises polimórficas e declínio cognitivo. Os critérios diagnósticos clássicos consiste em uma tríada de múltiplos tipos de crise, eletroencefalograma anormal e regressão cognitiva. Crises Epilépticas Deterioração cognitiva e comportamental Disfunção motora Múltiplos tipos de crise Eletroencefalograma anormal Regressão cognitiva Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 8 -Múltiplos tipos de crise: A presença das crises tônicas durante o sono é um marco diagnóstico. Múltiplos tipos de crises são documentados: tônico, ausência atípica, atônicas e mioclônicas O estado de mal não convulsivo— crises de ausência atípica—tem duração de dias a semanas e ocorre em metade dos pacientes. -Declínio Cognitivo: É frequentemente acompanhado de distúrbios comportamentais. Os problemas comportamentais (hiperatividade, agressão e TEA) ocorrem na metade dos casos. -Tratamento: O objetivo do tratamento é a diminuição da frequência e gravidade das crises para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico, reconhecendo que o controle total das crises não é possível. Não há um consenso sobre o tratamento farmacológico ideal, podem ser usados: valproato, lamotrigina, topiramato, rufinamida, clobazam, felbamato. Epilepsia Ausência da Infância É definida por crises de ausência diárias e frequentes na idade escolar. A média de idade de início é de aproximadamente 6 anos (2-10 anos). As crises de ausência ocorrem várias vezes ao dia e são desencadeadas pela hiperventilação. A duração média de uma crise é de 10 segundos. Durante a crise, a criança frequentemente param suas atividades ou executam de forma mais lenta. Um discreto movimento da pálpebras pode ocorrer. -Tratamento: A primeira linha medicamenta é formada pela etossuximida, valproato e lamotrigina. Obs: Carbanazepina, oxcarbazepina, Fenitoína, vibatrina e gabapentina são ineficazes na EAI, e podem levar ao estado de mal de ausência. Epilepsia da Infância com Paroxismo Centro Temporais É uma das síndromes mais comuns da infância, representando 15-25% das síndromes epilépticas que ocorrem dos 4- 12 anos. Os sintomas são particulares e facilmente reconhecíveis, sendo caracterizados por: 1. Sinais motores orofaciais com clonias em um dos lados do rosto (predominante mente na comissura labial); 2. Alteração da fala; 3. Sialorreia; 4. Sintomas sensoriais com dormência e parestesia da língua, lábios, gengiva e porção inferior da bochecha. -Tratamento: muitos autores sugerem o não tratamento dessa síndrome por serem difíceis de controlar. O tratamento farmacológico deve ser considerado para pacientes com 3 crises, um pequeno intervalo entre as crises, idade precoce deSaúde da Criança Marília Miranda Santana Página 9 início, CTCG, crises durante os dias e queixas cognitivas. Síndromes Epilépticas da Adolescência Epilepsia mioclônicas juvenil A principal característica é a presença de crises mioclônicas que são frequentemente negligenciadas pelos pacientes. Essas crises afetam braços, ombros, pescoço e pernas e crises ocorrem predominantemente ao despertar, em especial após provação do sono. A percepção do meio é preservada ou brevemente diminuída. Os fatores preciptantes são privação do sono, fadiga, estresse e álcool. -Tratamento: é representado por uma associação entre tratamento farmacológico e esquiva dos fatores precipitantes. Os fármacos de primeira são valproato de sódio e levetiracetam. Causas de Crises Epilépticas Infecciosas; Neurológicas; Trauma; Uso de drogas Metabólicas (hipoglicemia no período neonatal); Endócrinas Hiperpirexia (febre). Crise Febril A definição de convulsão febril é “um evento na primeira infância ou na infância que geralmente ocorre entre 3 meses e 5 anos de idade, associado a febre, mas sem evidências de infecção intracraniana ou causa definida para a sua convulsão”. -Crise epiléptica que ocorre na vigência de doença febril (excetuando-se as do SNC e as causas metabólicas). -A crise febril ocorre quando a temperatura aumenta além do basal -A crise usualmente é tônico-clônica com duração inferior a 15 minutos -Sem alteração no sistema neurológico. Etiologia: Causas diversas- quadros febris; Imaturidade do SNC; Hereditariedade. Clínica Em geral, as convulsões febris ocorrem no início da rápida elevação da temperatura e a maior parte nas primeiras 24 horas do começo da febre. Pode ocorrer um período de sonolência após o evento ictal de até algumas horas. Se o período pós-ictal for prolongado ou se as crises tiverem características focais, é importante avaliar a presença de doença aguda subjacente do sistema nervoso central. As convulsões febris ocorrem durante infecções virais ou bacterianas. Vacinação para sarampo, caxumba e rubéola pode ser a causa de febre. As crises podem ser simples ou complexas: --Crises Febris Simples: são generalizadas e têm curta duração. A breve duração deve ser menor que 15 minutos e habitualmente não ocorrem mais de uma vez em 24 horas, se resolvendo espontaneamente. --Crises Febris Complexas: são mais duradouras, têm sintomas mais focais e podem recorrer dentro de 24 horas ou na mesma doença febril. Obs: O estado epiléptico é caracterizado por convulsões contínuas ou intermitentes Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 10 com duração > 20 minutos, sem recuperação do nível de consciência entre elas, e geralmente requer a administração de anticonvulsivante para sua interrupção. Fator de risco: História familiar de risco; Internação hospitalar no período neonatal; Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Diagnóstico As convulsões são diagnosticadas como febris após a exclusão de outras causas. Exames de rotina não são necessários para convulsões febris simples, exceto para diagnosticar a origem da febre, mas, se as crianças têm convulsões complexas, período pós-ictal prolongado, déficts neurológicos ou sinais de uma doença grave, é necessário prosseguir a investigação. Clínico Crises Febris Simples 6 meses a 6 anos; Tipo de crise: tônico-clônico generalizada; Dura menos de 15 minutos; Período pós-ictal: sonolência leve, exame neurológico normal; Crise única em 24 horas. Crises Febris Complexas Pode ser parcial ou generalizada; Dura mais de 15 minutos; Pode ter sinais focal ou sonolência duradoura; Recorre em 24 horas. Exames Laboratoriais --Análise líquor para excluir meningite e encefalite em crianças menores de 6 meses de idade, caso estejam presentes sinais meníngeos, sinais de depressão do sistema nervoso ou que têm convulsões após vários dias de doença febril; crianças que não estão totalmente imunizadas ou em uso de antibióticos também devem ter avaliação liquórica; --Teste de função hepática e renal e dos níveis séricos de glicose, sódio, cálcio, magnésio e potássio se houver história recente de vômitos, diarreia ou ingestão de líquidos escassa; se houver sinais de desidratação ou edema; ou se ocorrerem convulsões febris complexas; --Exame de imagem (TC ou RN de crânio) se o exame neurológico detectar anormalidades focais ou se características focais ocorrerem durante a convulsão ou período pós-ictal; --Eletroencefalograma se convulsões febris têm características focais ou são recorrentes. Sequelas Neurológicas Convulsões febris simples não causam anormalidades neurológicas. Entretanto, em algumas crianças com distúrbios neurológico não reconhecido, uma convulsão febril pode ser a primeira manifestação da doença. Estado de mal epiléptico pode estar associado a alterações no hipocampo. Mortalidade não é relatada. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 11 Conduta Pacientes com crises febris não devem ser hospitalizados se o exame clínico for normal e se a fonte da infecção for clara. A criança pode receber alta após um período de observação. Hospitalização para observação é necessária quando uma criança apresenta sinais e sintomas de alerta, ou achados neurológicos residuais. SITUAÇÃO 01: Se a criança teve uma convulsão em casa e na unidade está bem, deve-se avaliar a via aérea, monitorar (FC, saturação e temperatura), ofertar oxigênio (se necessário), fazer glicemia capilar, ter um acesso venoso e antitérmico quando necessário. Após os passos iniciais, deve-se colher a anamnese, realizar o exame físico, identificar e tratar a causa da febre e conversar com os pais. Os exames solicitados devem ser solicitados para avaliar a causa da febre. Quando colher o líquor: sinais de irritação meníngea, toxemia, período pós- ictal muito prolongado ou com alterações no nível de consciência e no período neonatal (até 6 meses). Quando fazer ECG: se for crise única, não é necessário fazer. Obs: para fazer TC, RNM, USF transfontanela vai do bom senso do médico. Exames Subsidiários: Quando fazer TC História de trauma; Doença neurocutânea; Ventrículo peritoneal; Sinais clínicos de HIC (alteração de fundo de olho); Crises focais; Estado pós-ictal prolongado; Estado hipercoagulável; Doenças hemorrágicas. SITUAÇÃO 02:cSe a criança que chegou na unidade em crise, deve parar pelo ABCDE. Anticonvulsivantes de 1ª linha No episódio agudo no pronto- socorro, as indicações para administração de fármacos anticrise são: -Convulsões com duração superior a 5 minutos; -Convulsões recorrentes; -Estado de mal epiléptico. Os fármacos de escolha são: Diazepam EV (não é diluído) ou via retal; Midazolam IV, IM ou VN; Lorazepam IV, Im. Os benzodiazepínicos podem ser usados em crianças que apresentem crises frequentes em um curto período de tempo ou para crises que durem mais de 15 minutos, ou se as drogas antiepiléoticas forem previamente necessárias para interromper as convulsões. -APLICAR 3 DOSES COM INTERVALOS DE 5 MINUTOS. -SEMPRE AVALIAR VIA ÁEREA POR CAUSAR DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA. Anticonvulsivantes de 2ª linha Fenitoína; Fenobarbital. DOSE MÁXIMA 40MG. OBS: PARA OS BEBÊS COM ATÉ 2 MESES, A DROGA DE ESCOLHA É O FENOBARBITAL, DEVIDO A UMA MELHOR RESPOSTA AO FÁRMACO. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 12 Se mesmo a criança passando por um tratamento para a crise, ela está em estado de mal epilético que são crises reentrantes sem recuperação da consciência, durando acima de 30 minutos. Tratamento das crises prolongadas O tratamentodas convulsões febris é de suporte se durarem menos de 15 minutos, fármacos podem ser necessários para cessá-las, com cuidados de monitoramento das condições circulatórias e respiratórias. A terapia medicamentosa é geralmente intravenosa, com bezodiazepínico de ação rápida (midazolam ou diazepam). Fenitoína, na dose de 15-20mg/Kg, IV, deve ser administrado durante 15-30 minutos se convulsão persistir. Em crianças de até 5 anos, pode-se administrar 0,5mg/Kg de diazepam retal uma vez e repetir em 4-12 horas se o benzodiazepínico não puder ser administrado por via IV. Estado de Mal Epiléptico É a emergência neurológica mais frequente em crianças, e nele, claramente, o tempo está relacionado com alta morbidade e mortalidade. Não é uma entidade única, ocorrendo em diferentes formas e de diferentes etiologias. O tratamento precoce reduz significativamente a morbidade e a mortalidade. Fisiopatologia Depleção de glicose Acidemia acentuada Hipotensão Hipertermia Rabdomiólise Hiperpotassemia Lesão neurológica Lesão tenal Mioglobinúria Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 13 ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 14 Saúde da Criança I- Reidratação venosa em neonatologia e alojamento conjunto Reidratação Venosa em Neonatologia A condução que diz respeito à nutrição terá impacto no desempenho da criança na unidade neonatal e em toda a sua vida. A terapia nutricional é fundamental na unidade neonatal, pois garante uma resposta adequada às inúmeras adversidades que o RN precisa superar. No planejamento da terapia nutricional parenteral, é fundamental verificar a cota hídrica do paciente a fim de garantir que haja menor perda insensível de água, situação comum em que o RN pré-termo em decorrência da menor queratinização da pele. Metas do Suporte Nutricional Manter ou restituir o status nutricional; Promover o crescimento; Evitar complicações relacionadas à desnutrição Indicações A nutrição parenteral está indicada como suporte nutricional para recém- nascidos que não atingem de forma adequada as necessidades nutricionais pelo trato gastrointestinal. Assim, condições diversas, como prematuridade, insuficiência respiratória, enterocolite necrosante e exclusão do trato gastrointestinal, decorrentes de anomalias congênitas, fazem com que a nutrição parenteral seja um dos procedimentos mais utilizados na unidade de terapia intensiva neonatal. A nutrição parenteral pode ser administrada para o recém-nascido através de veias periféricas ou cateter central. Essa nutrição está indicada para os recém-nascidos que a utilizam por um período relativamente curto (10 a 14 dias). A nutrição parenteral através de cateter central está mais indicada para recém-nascidos com falta de acesso venoso periférico, com aumento das necessidades calóricas ou que necessite de restrição hídrica, e, especialmente, quando utilizada por período superior a 2 semanas. Necessidade Hídrica de acordo com o peso O estado hídrico deve ser avaliado por parâmetros clínicos, variação de peso, volume e densidade urinários, natremia e osmolaridade plasmática. Um dos principais parâmetros é a avaliação da necessidade hídrica a partir do peso do neonato. Peso Classificação 2500-2999g RN com peso insuficiente 1500-2499g RN Baixo peso 1000-1499g RN Muito baixo peso <1000g Extremo baixo peso A partir da classificação do peso do recém-nascido, é possível avaliar a necessidade hídrica diária deste. Peso Volume Hídrico* Extremo baixo peso 100 mL/Kg/dia Muito baixo peso 90 mL/Kg/dia Baixo peso 80 mL/Kg/dia Peso adequado 70 mL/Kg/dia *Obs: Soro glicosado Uma observação importante é que o bebê não nasce no seu primeiro dia, ele nasce no dia zero e os cálculos feitos para a Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 15 hidratação começam a partir do primeiro dia de vida do recém-nascido. Ocorre sempre uma progressão de 10ml/Kg/dia nos valores da necessidade hídrica. Isso significa que se uma criança começou uma hidratação de 90mL/Kg/dia no primeiro dia, no segundo dia ela irá receber 100mL/Kg/dia. Essa progressão se mantém até o 28º dia da criança e após isso, os cálculos serão baseados na Regra de Holliday-Segar. Peso Volume Hídrico Até 10Kg 100mL/Kg/dia 10-20Kg 1000mL/Kg/dia + 50mL/kg/dia (para cada kg acima de 10Kg) >20Kg 1500ml/Kg/dia +20mL/kg/dia (para cada kg acima de20Kg) Figura 1- Regra de Holiday-Segar Eletrólitos Cálcio No primeiro dia de vida do recém- nascido, o primeiro eletrólito que ele pode receber é o cálcio que é utilizado na forma de gluconato de cálcio 10%, isto por ter menor reatividade. Os valores adequados são baseados a partir da idade gestacional do recém-nascido. Idade Gestacional Valores RN a termo 300mg/Kg/dia RN pré-termo moderado 400mg/Kg/dia RN pré-termo extremo 450mg/Kg/dia Sódio O sódio deve ser administrado a partir do segundo dia de vida na quantidade de 3-3,5mEq/Kg/dia. Os valores adequados são baseados a partir da concentração de sódio na solução. 1mL de NaCl 10%----1,7 mEq de Na 1mL de NaCl 20%----3,4 mEq de Na 1mL de NaCl 3%-----0,5 mEq de Na 1mL de SF-----------0,153 mEq de Na *OBS: Caso se tenha uma criança convulsionando devido à hiponatremia, faz-se 88mL de água destilada com 12mL de SF 20% em uma posologia de 3mL/Kg/dia. Potássio É um importante íon no metabolismo da glicose e na síntese de glicogênio. Deve ser adicionado à nutrição parenteral a partir do terceiro dia de vida. Os valores adequados são baseados a partir da concentração de sódio na solução. 1mL de KCl 19,1%-----2mEq 1mL de KCl 10%------1,3mEq Cálculos Para prescrevermos de forma correta os volumes de hidratação parenteral da criança precisamos seguir algumas etapas: 1. Cálculo das necessidades hídricas de macronutrientes; 2. Análise de velocidade de infusão da formulação final. 1ª Etapa Determinar as necessidades hídricas; As necessidades glicídicas (g/dia, velocidade de infusão de glicose); Necessidades hídricas= Peso da criança X mL pré-determinados de acordo com o peso Grama de glicose por dia= VIG X Peso (grama) x 1.44 Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 16 *Obs: A VIG/TIG é definida: Idade Gestacional VIG/TIG RN pré-termo 6/8mg/Kg/min O professor usa 6 RN a termo 4/6 mg/Kg/min O professor usa 5 Volume da solução glicídica conforme concentração selecionada. Obs*: Os eletrólitos variam de acordo com os dias, então deve-se fazer o cálculo de quantos eletrólitos aquela criança recebe e, a partir disso, subtrair do volume total. 2ª Etapa Cálculo da Velocidade de Infusão Concentração de Glicose Exemplo João, 3Kg 2 dias de vida, é um recém-nascido a termo que em decorrência de uma infecção bacteriana teve que permanecer no hospital para tratamento. O neonatologistas vendo a necessidade de uma nutrição parenteral para auxiliar o recém-nascido no aporte nutricional, prescreve um acesso venoso para tal com as seguintes indicações : VIG: 5mg/Kg/min; Ca: 300mg/Kg/dia; NaCl 20%: 3mEq/Kg/dia 1ª Etapa -Determinar as necessidades hídricas João tem 3Kg, ou seja, é uma criança com peso estável. Para ele, usa-se 70mL/Kg/dia. A necessidade hídrica de João é 210mL/Kg/dia. -Determinar as necessidades glicídicas Grama de Glicose= 5mg/Kg/min x 3000g x 1.44 As gramas de glicose que João deve receber por dia é 21,6g/dia. Eletrólitos João está no segundo dia de vida, portanto recebe sódio e cálcio. Cálcio: 300mg/Kg/dia de cálcio e João tem 3Kg900mg/dia 1mL está para 100mg, então 900mg tem9mL/ dia Sódio:9mEq/dia 1mL de NaCl a 20% tem 3,4 mEq, então em 9mEq/dia 2,6mEq/dia. Volume de Glicose a 50%= (21,6 g x 20) - 210mL- 9mL de gluconato de cálcio - 2,6mEq de sódio 432- 198,4233,6233,6/925,9 198,4mLvalor do soro glicosado sem os eletrólitos; Volume de Glicose a 50%=25,9 Volume= (grama de glicose x 20) – volume total de líquido sem eletrólito* 9 Venóclise (mL/H)= Peso x mL (definido por idade gestacional) 24 horas Concentração de Glicose= grama de glicose x 100 Volume total Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 17 2ªEtapa Venóclise: 3Kg x 210mL/248,75 mL/Hora Prescrição HVM 24/24 horas em BIC SG 5% 198mL de Soro Glicosado; Glicose 50% 25,9; Gluconato de Cálcio 9mL/dia NaCl 20% 2,6mL/dia Alojamento Conjunto É uma enfermaria em que a mãe a criança ficam até receber a alta hospitalar. É indicado em todas as situações em que o bebê com peso de nascimento superior a 1.800 gramas, idade gestacional maior do que 34 semanas e Apgar maior do que 6 no quinto minuto e encontre-se clinicamente estável. As mães podem ficar no mínimo até 48 horas e não podem sair com menos de 24 horas. Os berços devem ser separados por 2 metros entre a cama da mãe e o berço, devendo ter uma poltrona para cada mãe para a amamentação. Equipe e Quarto Destaca-se a recomendação de uma área mínima de 5m2 para cada conjunto de leito materno e berço, sendo permitidas, no máximo, seis díades mãe- filho por ambientes. Os berços devem ser preferencialmente de acrílico para o banho e devem ser posicionados com uma separação mínima de dois metros entre si. Ressalta-se a importância de uma cadeira que possa ser utilizada para a amamentação para cada díade mãe-filho. Devem ser atendidas, também, as recomendações quanto às necessidades de recursos humanos para o atendimento à díade mãe-bebê. A equipe mínima deve ser composta por um pediatra diarista exclusivo para vinte recém-nascidos, um obstetra para vinte mães, um enfermeiro para trinta díades e um auxiliar de enfermagem para oito díades. Indicações O melhor local para o recém- nascido é ao lado da mãe. Dessa forma, o alojamento conjunto deve ser indicado sempre que possível, considerando as condições maternas e neonatais. A única contraindicação absoluta ao alojamento conjunto é a presença de doença infecciosa aguda com risco de contaminação do bebê. Crianças com malformações maiores meningocele, onfalocele, gastrosquise, cardiopatias graves, infecções contagiosas (varicela 5 dias antes ou 2 dias depois) têm contraindicações para o alojamento conjunto. A criança deve receber o leite do banco de leite e está contraindicada a amamentação. A criança deve receber a imunoglobulina contra varicela zoster até 96 horas. Parto cesáreo, doença mental, icterícia, depressão puerperal, dificuldades de deambulação, dentre outras não são contraindicações para alojamento conjunto, mas trazem a necessidade de maiores cuidados por parte da equipe multiprofissional. Nesses casos, é indispensável que seja garantido à mãe o direito ao acompanhante e, em algumas situações, uma supervisão direta de um membro da equipe. Ressalta-se que situações como o uso de antibióticos, fototerapia, controle de glicemia e hematócrito, necessidade de hemograma seriado não são, por si só, motivo para afastar o bebê de um contato contínuo com a mãe. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 18 Também devem ser referenciados para o sistema de alojamento conjunto bebês portadores de sífilis congênita, toxoplasmose, anomalias congênitas menores, HIV e dentre outros. Vantagens Aumenta o vínculo de amor entre mãe e bebê; Troca de experiência entre as mães; Diminui a probabilidade de infecção pré-natal; Momento de educação em saúde; Incentivar o aleitamento materno. Avaliação do bebê Segundo normas do MS, apenas recém-nascidos com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico devem ficar com suas mães em alojamento conjunto, após o nascimento. Condições para ir ao alojamento Normotermia; Exame físico adequado; Peso > 1.800 Kg; Idade > 34 semanas; Reflexos presentes (sucção e respiração); A primeira avaliação do bebê é feita ainda na sala de parto, quando o pediatra assistente deve realizar um exame inicial em busca de anormalidades como malformações aparentes, desconforto respiratório, alterações da corda pele, dentre outras. O exame físico neonatal mais detalhado deve ser realizado após a 6ª hora de vida. Passo a Passo Se o bebê nasce em boa vitalidade, recebe o bebê em campo de algodão aquecido, coloca em contato pele a pele com mãe, enxuga o bebê, despreza os campos úmidos, faz corte umbilical tardio e fica 1 hora em observação. Após 1 hora, faz-se: PC; Peso; Estatura; Idade Gestacional; Idade Gestacional x Peso; Capurro Somático; Aplicar Vitamina K; Prescrever Clorexidina para prevenir onfalite; (se a mãe tiver uma infecção não tratada ou mães de más condições) Aplicar Tetraciclina. Contraindicações para a amamentação HIV e HCT contraindica o aleitamento materno. Mãe portadora de tuberculose não contraindica o aleitamento ou o alojamento conjunto. Crianças portadoras de galactosemia têm contraindicação para o aleitamento materno e receber leite do banco de leite. 1ª Prescrição médica após a hora dourada RN de... nome da mãe 1. Alojamento materno; 2. Ar ambiente; 3. Dieta (seio materno em livre demanda); 4. Paracetamol 200mg, 1gota/kg/dose, 6/6 horas, S/N. 5. Simeticona 75mg, 1gota/kg/dose, 6/6 horas, SN. 6. Vacina de BCG+ Hepatite B; 7. Realizar testes de triagem neonatal; 8. Solução de Clorexidina Gel Solicito 0,5% após o banho; Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 19 9. Vitamina K, aplicar IM em dose única; 10. Pomada de tetraciclina; 11. Exames para recém-nascido (Hemograma, PCR)* 12. Peso diário; 13. Sinais Vitais 6/6 horas ; 14. CG 6/6 horas. 15. Banho 24 horas; 16. Controle glicémico se PIG, GIG ou mãe diabética; *Obs: Quando mãe tem pielonefrite ou infecção não tratada ou tratada e sem cura. *Solicita a glicose quando a criança for GIG ou PIG ou quando for filho de mãe diabética. Se a medida de glicose for menor de 40mg/dL é imprescindível o leite materno do banco de leite ou fazer uso de fórmula infantil. Se a criança apresentar uma hipoglicemia sintomática (sudorese, desconforto respiratório, choro gritável, cianose de extremidades ou convulsões), qualquer valor com a criança sintomática, já encaminha para unidade neonatal e com o HGT inferior a 25mg/dL, mesmo sem sintomas, é encaminhada para a unidade neonatal. *Em casos de mãe com HIV, não se faz sorologia no bebê pois sempre dará negativo. Faz-se a carga viral, 14 a 28 dias após o nascimento. Descarga o caso com duas cargas virais não reagentes ou indetectáveis com intervalo de 2 meses + sorologia não reagente a partir do 18° dia de vida. A criança pode retornar até 28 dias pós-parto para o hospital de origem ou, em casos de prematuro, até completar 2.500g. A Vacina BCG deve ser aplicada em dose única o mais precocemente possível. Não se recomenda mais a revacinação de crianças que não apresentem cicatriz no local da aplicação após 6 meses. A primeira dose da vacina Hepatite B deve ser aplicada idealmente nas primeiras 12 horas de vida. Crianças com peso de nascimento igual ou inferior a 2Kg ou idade gestacional <33 semanas devem receber, obrigatoriamente, além da dose de vacina ao nascer, mais três doses da vacina. Orientações Se tiver febre, deve voltar para a unidade; Icterícia, deve voltar para a unidade; Aleitamento materno; Banho de sol; Banho 2-3 por dia (podendo ser apenas 1); Limpeza da região anal (da vagina para o ânus em mulheres), água morna, sabonete líquido e algodão; Início da Vitamina D3, com início no 7º dia; Orientar acerca do uso de tela que deve ser evitado até os 2 anos de idade; Posição de dormir. Sinais de má técnica 1. Bochecha encurvada; 2. Ruídos da língua; Mama esticada ou deformada; 3. Dor. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 20 Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 21 ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 22 Saúde da Criança II-Infecção do Trato Urinário A infecção urinária é a principal causa de insuficiência renal crônica na infância. Isso em decorrência do processo de cicatrização no parênquima renal em função da infecção o que compromete a funcionalidade do órgão. Conceito É a fixação de multiplicação de bactérias no trato urinário. Pode-se classificar em cistite quando acomete o trato urinário baixo ou pielonefrite quando acomete o trato urinárioalto. Epidemiologia A ITU é uma infecção bacteriana comum em pediatria, atingindo aproximadamente 8% das meninas e menos de 2% dos meninos menores de 7 anos de idade. Maior incidência no primeiro ano em meninos ou meninas; Após o primeiro ano a incidência sobre as meninas em decorrência de uma menor uretra. Fatores de risco Sexo feminino; Não circuncisão; Higiene vulvar inadequada; Infestação por enteróbios; Constipação intestinal; Anomalias do sistema urinário; Desnutrição, imunodepressão. Patogênese Via ascendente E.Coli; Fímbria P: aumenta a adesão da bactéria no trato urinário; Antígeno capsular K: polissacarídeo que protege a bactéria contra lise; Hemolisinas aerobactina: causam lise no epitélio, desencadeando um processo inflamatório para obtenção de nutrientes. Quadro Clínico A ITU pode ser dividida em duas categorias: cistite (infecção urinária baixa) e pielonefrite (acometimento do parênquima renal) . Além disso, nesse contexto um quadro clínico de importante reconhecimento pelo pediatra é denominado bacteriúria assintomática. A apresentação clínica é amplamente variável, dependendo da faixa etária e da localização da infecção. RN Lactentes Escolares Adolescen tes** Vômitos Febre Febre Disúria Palidez Hiporexia Disúria* Urgência Recusa alimentar Baixo ganho de peso Urina fétida Polaciúria Baixo peso Dor abdominal Enurese Adinamia Anorexia Vômitos Urgência Irritabilidade Hipoatividade Convulsões *Obs: Quando um paciente escolar vai ao consultório com quadro de disúria é importante investigar as genitálias para assegurar que não tem lesões. **Obs: Em pacientes adolescentes que estão com infecção urinária é importante também investigar a vida sexual. Cistite - Polaciúria, disúria e urgência. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 23 Pielonefrite - Febre, prostração e dor lombar. Diagnóstico Além da história clínica detalhada, o exame físico deve ser completo, incluindo o crescimento ponderoestatural e o desenvolvimento neuropsicomotor. Diagnóstico Clínico A palpação abdominal pode revelar rins ectópicos, a presença de fecalomas; Na pielonefrite o sinal da punho- percussão lombar revela desconforto forte; O exame da genitália externa avalia a conformação anatômica, a aparência e localização do meato da uretra, o hímen e sinéquia de pequenos lábios nas meninas e, estreitamento do prepúcio, que dificulta ou impede a exposição do meato uretral nos meninos; É importante observar o jato urinário para avaliar a continuidade, o volume e a força de expulsão*. Examinar a região sacral verificando desvios da fenda glútea, manchas, presença de pelos, fossetas e lipomas, que podem estar associados à bexiga neurogênica. *Obs: Gotejamento urinário e o jato fino e curto podem sugerir obstrução baixa, disfunção vesical ou válvula de uretra posterior dos meninos. Diagnóstico Laboratorial A adequada coleta de urina é essencial, e qualquer falha nessa etapa poderá resultar em informações não confiáveis, com resultados falso-positivos ou falso-negativos. Sempre avaliar as condições de higiene e normalidade da genitália, coleta amostra no laboratório, procedendo à limpeza da genitália com água com sabão ou sabonete. Coleta de Urina -Se a criança tem controle esfincteriano: primeira urina do dia, despreza o jato inicial e colhe o jato médio. -Se a criança não tem controle esfincteriano: Clean catch, saco coletor, cateterismo vesical, punção suprapúbica (padrão ouro). Obs: Sempre fazer higiene da vulva/glande para coleta da urina, bem como a mão do responsável. No saco coletor, é importante que ele não fique mais do que 30 minutos. Não precisa ser a primeira urina do dia quando a criança não tem controle esfincteriano. Interpretação dos Resultados Sumário de Urina Simples A presença de leucócitos ou piócitos (piúria) é muito sugestiva de ITU, principalmente de grumos de piócitos. C Piúria: >5 piócitos ou leucócitos em campo de aumento ou mais de 10 mil piócitos por mL; Cilindros piocitários sugerem processo pielonefrítico; Bacteriuria assintomática; Baixa densidade urinária; pH alcalino. Se a urina for colhida por aspiração subprapúbica, qualquer bactéria que aparecer já confirma ITU. Se for Cateterização, é preciso aparecer entre 1000-50.000 de bactéria. Em casos de jato médio é preciso que haja mais de 105 de um patógeno. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 24 Outros: Hemograma, PCR, Pró-calcitonina. Tratamento 1. Erradicar o agente infeccioso; 2. Realizar o estudo morfológico do trato urinário. Erradicar o agente infeccioso E.Coli Enterobcter Proteus Klebisiela Serratia Se é uma criança maior de 3 meses, sem toxemia, BEG, boa capacidade de deglutiçãotratamento ambulatorial. Depois de tratar é importante reavaliar a criança em 48-72horas. Se a infecção urinária é febril, utiliza- se: Cefuroxima Gentamicina Amicacina Se a infecção for afebril: Nitrofurantoina Cefalexina Sulfametoxazol-trimetropima Em casos de pacientes recém- nascido é importante ter uma maior atenção para um possível caso de sepse e para infecção por Estreptococo agalactie. Profilaxia: Durante a investigação do trato urinário após o primeiro episódio de ITU- bom senso; Anomalias obstrutivas do TU; Refluxo vesicuoretal; Recidivas frequentes, mesmo com estudo morfofuncional. Em todos os pacientes infantis com ITU bem documentados (urocultura) é importante fazer ao menos uma USG das vias urinárias. Exames: Ultrassonografia É um método seguro, não invasivo, sem efeitos colaterais, de baixo custo, com Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 25 capacidade de rastreamento do trato urinário superior e inferior, e pode ser realizado na fase aguda do processo. Permite também a avaliação da dinâmica das vias de drenagem e da micção. É o exame de escolha para o início da investigação. Inclui a avaliação do volume e tamanho renal, espessura da parede vesical, resíduo pré e pós- miccional. Uretrocistografia Exame importante na abordagem da criança com ITU, é o método que melhor define a morfologia do trato urinário inferior, com avaliação da uretra, da bexiga e dos ureteres. Permite identificar anomalias na forma e espessura da parede vesical. A uretrocistografia miccional deve ser realizada somente após o término do tratamento erradicador, para evitar a disseminação da infecção e com a criança em uso de antibioticoprofilaxia para reduzir os riscos de ITU iatrogênica. É útil para saber se tem refluxo vesicuoretal. Ressonância Magnética Exames de grande acurácia para identificação da anatomia do trato urinários, e estudo dos vasos renais, principalmente na identificação de vasos anômalos que fazem compressão renal. Não é um exame muito utilizado DMSA e DTPA A DMSA permite a avaliação morfológica e funcional quantitativa (captação relativa ou absoluta) e a presença de lesões no parênquima. É sensível para o diagnóstico precoce das lesões corticais agudas, retratando as alterações vasculares e tubulares decorrentes do processo infeccioso local. A DTPA permite a aquisição de imagens sequenciais, desde sua captação pelos rins até a eliminação para a bexiga. Permite avaliar se o sistema excretor urinário está pérvio, diferenciando os processos obstrutivos funcionais dos anatômicos. Estudo Urodinâmico Consiste na avaliação urológica da função vesical para estudar a capacidade, a pressão vesical, a atividade do detrusor e da musculatura do assoalho pélvico, durante o enchimentovesical. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 26 ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 27 Saúde da Criança I- Prematuridade Nascimento de recém-nascido de crianças com menos de 37 semanas. Crescimento, desenvolvimento e alimentação do prematuro são feitos a partir da idade corrigida. O prematuro recupera o perímetro cefálico com 6 a 12 meses de idade corrigida, o comprimento no 2º ano de idade corrigida e o peso no 3º ano de idade corrigida. Até 40 semanas é feita a idade gestacional corrigida e após isso será a idade corrigida. Classificação Idade Pré-termo tardio Acima de 34 semanas até 36 semanas e 6 dias Pré-termo moderado 30 semanas a 33 semanas e 6 dias Pré-termo muito prematuro 28 semanas a 30 semanas Pré-termo extremo Menos de 28 semanas Obs: O crescimento fetal restrito é o recém-nascido que não atinge no intraútero todo o seu potencial de crescimento. Causas Iatrogenia: cesariana eletiva com IG erroneamente calculada; Sobredistensão uterina: Principalmente em gestação gemelar e polidrâmnio; Amniorexe prematura; Gestação de alto risco; Hemorragias de 2ª metade da gestação; Malformações uterinas; Incompetências istmocervical; Infecções. Fatores de risco Infecções; Uso de drogas; Malformações uterinas; Estresse. História de prematuridade.* Método New Balard Para o cálculo da idade gestacional são utilizados 6 parâmetros físicos e 6 parâmetros neurológicos para estimar a idade gestacional de um prematuro. Ele permite avaliar um recém-nascido a partir de 20 semanas de idade gestacional. Físicos Neurológicos Pele Postura Lanugo Janela quadrada* Superfície plantar Retração do braço Glândula mamária Ângulo poplíteo Olho/orelha Sinal do Xale Genitalia Calcanhar-orelha *ângulo de flexão do punho. Distúrbios do recém-nascido O recém-nascido pode fazer, hipoglicemia, hipocalcemia (porque a maior quantidade de cálcio absorvida pelo feto ocorre no 3º trimestre). Apneia da prematuridade: pausa respiratória superior a 20 segundos ou uma pausa associada com bradicardia (100bpm). O tratamento é feito com aminofilina e/ou cafeína; SDR; Sepse Neonatal: Isso porque o recém-nascido não tem a camada gordurosa que serve como barreira natural; Hemorragias peri ou intraventricular: Isso em Idade Corrigida= Idade cronológica – (40- Idade Gestacional) Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 28 decorrência de uma fragilidade neural, a partir disso pode desenvolver neucomalacia que é uma área necrosada e inativa cerebral; Retinopatia da prematuridade: pode evoluir com cegueira; Osteopenia: Ocorre porque não ocorreu a absorção de cálcio no 3º trimestre; Cardiopatias congênitas: Ocorre principalmente pela permanência do canal arterial; Cardiopatia- PCA (); Hipoglicemia*, hipocalcemia, hipomagnesemia; Enterocolite Necrosante: processo inflamatório de alças intestinais que podem evoluir para necrose intestinal (durante 5-7 dias a criança não pode comer, sonda a criança por uma sonda de grosso calibre fazendo por via oroenteral, deixando a sonda aberta para escape). Todo prematuro com menos 29 semanas deve receber o palivizumabe no primeiro ano de vida. (Recebe durante 5 meses 1 dose). Se for um prematuro com displasia broncopulmonar ou cardiopatia descompensado recebe o palivizumabe no 1º e no 2º ano de vida. Obs*: O recém nascido PIG pode desenvolver hipoglicemia por ter uma pequena quantidade de glicose hepática. Obs*: Recém-nascidos nascidos de mães diabéticas sofrem de uma resistência à insulina e devem ser monitorizados nas primeiras 24 horas de vida, para evitar um quadro de hipoglicemia. Corticoide antenatal Corticoide estimula a síntese e a liberação do surfactante no alvéolo pulmonar. Sua utilização no período antenatal está associada à redução não apenas na incidência da SDR, como também outras complicações, como a hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular, retinopatia da prematuridade, enterocolite necrotizante, persistência do canal arterial e, principalmente, da mortalidade neonatal. Entre 24-34 semanas de gestação um dos seguintes corticoesteroides podem ser utilizados: Betametasona 12 mg, IM, 24/24 horas (só duas doses); Dexametasona 6mg, IM, 12/12 horas por 2 dias (4 doses); O efeito máximo da medicação ocorre 24 horas após a administração da última dose. É inútilacelerar a maturidade de pré-maturos extremos com menos de 24 semanas já que o pulmão do concepto não responde, como desejado, ao fármaco prescrito. Crescimento em UTI neonatal A avaliação do crescimento e ganho de peso do recém-nascido pré- termo na UTI neonatal deve ser uma das prioridades da equipe do paciente, pois ela espelha a adequação das medidas adotadas no intuito de promover a nutrição apropriada. Portanto, monitorar e garantir o ganho de peso ideal é essencial em todo o aspecto gestacional, bem como no período neonatal, para evitar complicações em longo prazo. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 29 O prematuro recupera o perímetro cefálico com 6 a 12 meses de idade corrigida, o comprimento no 2º ano de idade corrigida e o peso no 3º ano de idade corrigida. Avaliação do Crescimento Peso: deve ser aferido diariamente, até a recuperação do peso do nascimento e 2 vezes por semana, após recuperação do peso, até a alta hospitalar. Ex: Toda criança nasce inchada e perde 10% do peso corporal. Se uma criança nasceu com 3000g e após 30 dias estava com 4000g, ela ganhou 43,6 gramas por dia. Pois é preciso subtrair 10% do peso que ela nasceu, para poder realizar o cálculo. Comprimento: plotar semanalmente em curva de crescimento até atingir 50-64 semanas de idade gestacional corrigida, de acordo com a curva selecionada. PC: Deve ser aferido semanalmente em curva de crescimento até atingir de 50-64 semanas. -2 e +2: normal; Acima de +2: elevado para a idade; Entre -2 e -3: abaixo do esperado para a idade: Abaixo de -3: muito abaixo do esperado para a idade. IMC -2 e +1: eutrófica; -2 e -3: magreza; Abaixo de -3: magreza acentuada; De 0 até 4 anos e 11 meses, entre +1 e +2: risco de sobrepeso; entre +2 e +3: sobrepeso e acima de +3: obesidade. A partir dos 5 anos, não tem risco de sobrepeso, já sendo sobrepeso, após obesidade e após obesidade grave. Nutrição enteral Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 30 O leite da própria mãe deve ser priorizado, sendo o leite humano de banco a 2ª opção. Para as altas demandas dos recém-nascidos deve-se suplementar com aditivos de leite humano (FM-85 e TCM, 4 dietas com FM-85 e 4 dietas com TCM). No uso de fórmulas deve ser feito o lactamil- pré. Lei das Consultas Por lei, o prematuro deve ser acompanhado semanalmente até completar 2.500 gramas, com 6 meses de idade corrigida deve ser acompanhado mensalmente. E após isso, as consultas devem ser bimestrais até 12 meses da idade corrigida, trimestrais após 24 meses de idade cronológica e semestrais a partir de 24-48 meses de idade cronológica. Método Canguru O recém-nascido passa pela primeira fase do método canguru assim quando a mãe tem risco de parto prematuro. A incubação deve ser feita até a criança atingir 1250g quando já consegue fazer nutrição enteral plena, após isso ela entra na segunda fase do método canguru é realizada após saída de incubadora e permanece em contato pele a pele 24 horas por dia. Condições para alta da 2ª fase Só é feita quando o recém-nascido está: A. Hemodinamicamente estável B. Quando faz a própria regulação térmica em berço de acrílico e vestido C. Quando realiza amamentação em seio materno D. Quando faz sucção, deglutição e respiração, E. Quando está a 8 dias sem apneia (caso antes ele tivesse). F. Quando ganha 20 gramas por dia em 3 dias consecutivos. A terceira fase é realizada em domicílio e termina quando completa 2.500g de peso. Vacinação O calendário vacinal do prematuro segue a idade cronológica, com a particularidade de BCG somente a partir de 2.000g. Se estiver internado não deve receber a vacina de vírus vivo (Rotavírus, VIP). A VIP pode ser recebida quando a criança tem mais de 1.000g. Suplementação para Prematuros A reserva limitadas de vitaminas e minerais peculiar ao prematuro requer que a oferta seja constante desde o início da vida, sendo que a falta de micronutrientes pode afetar o funcionamento adequado dos órgãos, aumentar o risco de complicações e comprometer o crescimento e o desenvolvimento, principalmente nos primeiros anos inicias de vida. (Anexado ao final do capítulo) Sinais de riscos: Se 1º semestre não ganha 20g ao dia e no 2º semestre não ganha 12,5g; Quando depois de duas aferições está abaixo do percentil 5; Quando cresce menos de 18cm no primeiro ano de vida; Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 31 Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 32 ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 33 Saúde da Criança III-Doenças exantemáticas e doença do Refluxo Gastresofágico Doença Exantemática São moléstias infeciosas em que a erupção cutânea é frequente. Tem o principal mecanismo relacionado ao sistema imunológico. Sarampo -Conjuntiva vermelha -Olhos fechando (fotofobia) -Catarro Prodromo -Tosse (se arrasta por mais dias do que os outros sintomas) -Coriza -Manchas de Koplik (sinal patognomômico) -Se a febre persistir após o 4º dia, pode ocorrer uma complicação comum como a coinfecção por bactéria. Sendo a otite média a complicação mais comum e a maioria dos óbitos em decorrência da pneumonia. Convalescência -Descamação fufurácea Rubéola O exantema é maculopapular róseo, eventualmente pode coalescer no tronco, e tem curta duração, de três ou menos dias. Em alguns casos observa-se, no palato mole, lesões petequiais, achado característico mas não patognomônico. Um achado marcante é a adenomegalia que pode anteceder em sete dias o exantema. São acometidos principalmente os gânglios da cadeia cervical e retroauricular, essa adenomegalia pode se prolongar mais do que os demais sintomas. Outro achado é a conjuntivite sem fotofobia. A grande importância da rubéola é na gestação pela possibilidade de promover dano fetal, a rubéola congênita que acarreta ao bebê situações como catarata, surdez e cardiopatia. Exantema Súbito É causado pelo herpes vírus humano 6 e 7. Acomete apenas crianças entre 6 meses e os 6 anos de idade, predominando nas menores de 2 anos. A linfonodomegalia cervical é um achado muito frequente, assim com a febre alta com longa duração (contínua). Após três a quatro dias de febre, quando esta cessa bruscamente, aparece o exantema, de modo súbito, constituído por lesões maculopapulares rosadas que se iniciam no trocam e se disseminam para a cabeça e extremidades. Um achado característico são as manchas de Nagayama. Figura 2--Manchas de Nagayama. Exantema Infeccioso É causada pelo parvovírus B19. Em geral, não há pródromos e o primeiro sinal costuma ser o exantema que se inicia na face como maculopápulas que confluem tornando-se uma placa vermelho rubra, Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 34 com concentração, principalmente, nas bochechas, poupando a região perioral, a testa e o nariz, conferindo um aspecto de asa de borboleta (Face esbofeteada). No tronco, as lesões têm aspecto rentilhado, ou seja, uma parte da pele sem exantema e outra parte com. Fases do Exantema Infeccioso 1ºFase- Face Esbofeteada 2º Fase- Exantema Rentilhado. 3º Fase- Ressurgimento dos sintomas cutâneos depois da melhora 1 a 3 semanas depois em situações corriqueiras (sol, calor, estresse). O paciente pode seguir com uma crise asplática transitória que simboliza a capacidade do vírus em causar problemas de anemia grave. Escarlatina A escarlatina é uma doença infeciosa aguda que ocorre com maior frequência na infância, provocada por bactérias. Caracteriza-se pelo início súbito de febre, faringite, seguido de exantema que confere à pele uma cor escarlate. A pele fica com aparência lixa, ou seja, áspera ao toque. Na cavidade oral ocorre alterações na língua nos primeiros 2 dias, sendo revestida de uma camada branca e as papilas ficam vermelhas e edemaciadas (língua em framboesa), na face ocorre uma palidez na região perioral—Sinal de Filatof. As lesões avermelhadas ficam mais intensas nas dobras cutâneas como virilha, axila e nádegas (Sinal da Pastia). Após 3 a 4 dias do início dos sintomas o exantema e a febre desaparecem, dando origem a uma descamação da pele, começando pela face e depois para o tronco em direção às pernas. Vesículas Varicela Inicia-se com pródromos virais que consistem em febre, mal-estar, mialgia, cefaleia e artralgia, seguida pelas manifestações cutâneas. A transmissão ocorre por gotículas de aerossol do trato respiratório durante o pródromo e até que todas as lesões vesiculares evoluam com crosta. A erupção é centrífuga com lesões em diferentes estágios de evolução, iniciando com máculas eritematosas, seguidas por vesículas (comparadas a gotas de orvalho). A erupção cutânea costuma ser pruriginosa e com localização mais proeminente no tronco, seguida pelo couro cabeludo e membros proximais, com o envolvimento da mucosa. As lesões seguem um polimorfismo das lesões cutâneas, ou seja, uma sequência de mácula, pápula, vesícula e crosta. Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 35 Complicações: A complicação mais frequente é a infecção cutânea secundária, sendo mais raro o comprometimento pulmonar e neurológico. Tratamento: limpar as lesões, anti- histamínico (coceira) e esperar. Herpes-zóster O herpes zoster apresenta-se como erupção cutânea com vesículas agrupadas em uma base eritematosa e edematosa, a distribuição é unilateral e segue o trajeto do nervo afetado. Geralmente não apresenta sinais prodrômicos na infância e a neuralgia pós- herpética é pouco frequente, diferentemente do observado em adolescentes e adultos. Tratamento: sintomático, sendo a terapia antiviral reservada para casos específicos*. *Obs: pacientes imunocomprometidos ou com doenças crônicas de pele, crianças com mais de 12 anos de idade, pacientes em uso de corticoide por longo prazo. Síndrome Mão-Pé-Boca Considerada uma enfermidade altamente contagiosa, sua transmissão ocorre de pessoa a pessoa geralmente por via oro-fecal. A 1ª semana após o início dos sintomas é o período de maior transmissibilidade da infecção. A doença pode cursar com pródromos como febre, odinofagia, dor abdominal e diarreia, que por vezes antecede o surgimento das lesões cutâneas. Depois, surgem enantema oral (exantema de mucosas) e rash maculopapular ou vesicular, sendo que, na cavidade oral, as lesões são aftosas. As lesões têm um aspecto de grão de arroz nas mãos e nos pés. A doença tem predileção por crianças menores de 5 anos de idade, e a evolução é benigna na maioria dos pacientes. Complicações: são raras e incluem encefalite, meningite asséptica, edema pulmonar e insuficiência cardíaca. Entretanto, a complicação mais frequente é a desidratação, decorrente da dificuldade de ingesta de líquidos pelas lesões da cavidade oral. Tratamento: Bismuget + Alimentos Gelados Herpangina A herpangina é causada pelo vírus Coxsackie que afeta bebês e crianças entre os 3 e os 10 anos, causando sintomas como febre repentina e alta, aftas na boca e dor de garganta. A herpangina faz aparecerem pequenos pontos, parecidos com bolhas e, mais tarde úlceras no céu da boca e na parte de trás da garganta. Refluxo Gastroesofágico O refluxo gastroesofágico (RGE) consiste na passagem do conteúdo gástrico para o esôfago, com ou sem regurgitação e/ou vômito. Pode ser um processo considerado normal, fisiológico, que ocorre Saúde da Criança Marília Miranda Santana Página 36 várias vezes ao dia, após as refeições ocasionando pouco ou nenhum sintoma. Por outro lado, o RGE pode também apresentar uma doença (doença do refluxo gastroesofágico—DRGE) quando causa sintomas ou complicações que podem se associar a importantes morbidades. Muitas vezes os pais procuram o pediatra, pois a maioria dos lactentes regurgita nos primeiros meses de vida, sem que isso signifique que eles sejam portadores da DRGE. Quadro Clínico Os sintomas da DRGE variam de acordo com a idade do paciente e a presença de complicações
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