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AULA 2 WEB MARKETING (MARKETING DIGITAL) Profª Isadora Tonet Assad 2 TEMA 1 – PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR NO MARKETING 4.0 Até agora, na disciplina, vimos que a informação tem se tornado um elemento-chave no Marketing 4.0. Isso traz implicações na forma como o consumidor se relaciona com a empresa, fazendo com que os gestores de marketing precisem desenvolver estratégias para atingir esse público efetivamente, sobretudo na internet. Nesta aula, vamos tratar do processo de tomada de decisão do consumidor no web marketing, conhecendo as etapas pelas quais o cliente passa e as práticas de relacionamento que podem potencializar as ações de marketing na internet. Você já pensou no que significa a expressão “público-alvo”? Segundo Goward (2016), esse termo pode ser entendido como o grupo de pessoas para as quais você dirige suas mensagens de marketing, com o objetivo de alcançá-las e fazer com que tomem uma decisão positiva sobre o produto ou serviço oferecido. É importante deixar claro que a simples comunicação de algo nem sempre é suficiente para fazer com que o indivíduo escolha adquirir o produto que foi divulgado. Na grande maioria dos casos, existe um processo pelo qual o consumidor passa desde o momento em que estabelece o primeiro contato com a marca até a fase em que se torna um consumidor, o chamado “caminho do consumidor”. Em outras palavras, esse processo se refere aos passos dados por uma pessoa desde a descoberta da marca até tornar-se dela comprador recorrente ou até mesmo um fã. Podemos entender melhor esses passos chamando-os de 5As: (1) Assimilação, (2) Atração, (3) Argumentação, (4) Ação e (5) Apologia (Kotler, Kartajaya; Setiawan, 2017). Veremos cada um deles a seguir. 1.1 Passo 1 – Assimilação O primeiro passo do caminho do consumidor é a assimilação. Nessa fase, ocorre o primeiro contato entre a marca e o possível consumidor, também chamado de prospect, com a divulgação geral da marca, seja por meio de canais de comunicação ou por conversas informais com familiares e amigos. É importante que a empresa leve essa fase em sua estratégia de marketing para que os prospects tenham um primeiro contato relevante com a marca. Assim, podem se lembrar dela posteriormente, mesmo quando houver concorrência. 3 1.2 Passo 2 – Atração Sabe quando uma marca que você já viu uma vez chama sua atenção? Esse é o segundo passo no caminho do consumidor, denominado atração. Ocorre quando o prospect tem um novo contato com a marca e é atraído por ela. Um exemplo que caracteriza a fase de atração é quando o possível consumidor vê um anúncio online sobre a marca e decide clicar para saber mais. Vale destacar que, a partir dessa fase, o consumidor já começa a ter uma atitude em relação à marca, seja ela positiva ou negativa. Evidentemente, os gestores de marketing precisam buscar desenvolver a atitude positiva, fazendo com que esse possível novo consumidor se sinta confortável a ponto de dizer “eu gosto da marca”. Se ele chegar a esse ponto, segue para a próxima etapa. 1.3 Passo 3 – Argumentação Agora que o consumidor já conhece e gosta da marca, chegou a hora de conhecê-la um pouco melhor. No terceiro passo, que chamamos de argumentação, o consumidor vai analisar a marca, fazendo pesquisas, conversando com amigos e familiares, consultando blogs e vídeos de pessoas especializadas no tipo de produto em que está interessado. Ou seja, o consumidor coleta informações de diversas fontes antes de tomar sua decisão. Você consulta publicações de amigos ou familiares nas redes sociais antes de comprar um produto que ainda não conhece? Veja que interessante: estudos apontam que 64% dos usuários de mídias sociais consideram confiáveis as publicações de amigos e familiares sobre produtos e serviços (Goward, 2016). Assim, fica clara a tendência do consumidor em considerar a opinião de pessoas próximas antes de realizar uma compra. A atitude que se espera do possível consumidor ao final dessa etapa é estar convencido a adquirir determinado produto, passando para o passo seguinte. 1.4 Passo 4 – Ação O quarto passo é o momento em que o prospect se torna consumidor de verdade: é quando ele finalmente compra o produto ou serviço. Nessa fase, entra a experiência de compra e a utilização do produto. É importante que a empresa fique de olho nas reações que o consumidor tem em relação ao produto, 4 acompanhando os feedbacks. Caso ocorra alguma experiência negativa, a marca precisa se posicionar, apresentando soluções e melhorias. Quando você compra um produto de que gosta e tem boas experiências com ele, as chances de você continuar comprando da mesma marca é grande, não é mesmo? O processo de compra se torna muito mais rápido, pois quando você já conhece a marca, não precisa passar por todos os passos anteriores. Agora, caso a experiência seja negativa em um primeiro momento, é mais trabalhoso para a empresa reconquistar, por assim dizer, esse consumidor. É importante que a marca deixe abertos os canais que o consumidor pode utilizar para acessá-la e tentar resolver a questão. Se houver um bom atendimento em relação às crises, é possível recuperar e manter o cliente. Essas duas situações – experiências positivas ou negativas – podem levar para o próximo passo. 1.5 Passo 5 – Apologia/Depreciação No caso de ter uma experiência positiva com a marca na fase de ação, o consumidor pode se tornar um fã dela, recomendando-a sempre que possível e incentivando outros consumidores que estão nas fases iniciais a adquirir produtos e serviços da marca. Pode ser que você conheça alguém assim ou mesmo seja fã de alguma marca, recomendando-a sempre que possível. Vamos imaginar que você teve uma experiência bacana com a marca de seu computador ou smartphone, assim, você se sente bem em indicá-la para seus amigos e familiares. Os consumidores que fazem apologia à marca são muito desejados pelas empresas, pois contribuem para potencializar sua ação positiva no mercado, sem a necessidade de investimento massivo em propaganda. Todavia, as experiências negativas podem gerar a depreciação da marca em vez da apologia. Nesse caso, o consumidor critica publicamente a marca, destacando seus pontos fracos e indicando concorrentes com soluções mais eficientes. Tente pensar em uma marca que lhe ofereceu uma experiência ruim: um produto que falhou ou uma experiência muito cara e com poucos benefícios. A vontade que surge é de criticar e correr atrás de outras marcas para substituir aquela que nos fez mal. Evidentemente, essas experiências ruins devem ser evitadas ao máximo pelas empresas. Por isso, é muito importante realizar um monitoramento em relação ao que tem sido dito sobre a marca. Veremos mais sobre isso no tema 5 desta aula. 5 O quadro abaixo explica cada uma das fases do caminho do consumidor na visão dos 5As, apresentando o que ocorre em cada etapa e quais são as impressões que o consumidor tem ao final. Quadro 1 – Processo de decisão do consumidor (5As) Etapa O que ocorre na etapa Impressões do consumidor ao final da etapa Assimilação Consumidor descobre a existência da marca, aprende sobre ela e seus concorrentes. Ao ser exposto à marca, lembra- se da experiência. Eu sei que a marca existe. Atração Consumidor é atraído pela marca e começa a pensar em um conjunto de marcas que serão levadas em consideração para a escolha (comparação). POSITIVA: Eu gosto da marca. NEGATIVA: Eu não gosto da marca. Argumentação Consumidor busca informações sobre a marca: pede conselhos a amigos, pesquisa avaliações online, compara preços, testa o produto. POSITIVA: Estou convencido a adquirir a marca. NEGATIVA: Estou convencido a não adquirir a marca. Ação Consumidor compra o produtoe o utiliza, podendo ter uma experiência positiva ou negativa. POSITIVA: Estou comprando e usando a marca com frequência. NEGATIVA: Comprei, usei e tive uma experiência ruim. Apologia / Depreciação Consumidor torna-se defensor da marca, caso tenha uma experiência positiva, ou um depreciador, caso o teste tenha sido negativo. POSITIVA: Eu faço apologia da marca – recomendo e defendo. NEGATIVA: Deprecio a marca – não recomendo e defendo outras. Fonte: Adaptado de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017). 1.6 Por que mapear o caminho do consumidor? 6 Afinal, por que é importante ter um mapa sobre cada passo dado pelo consumidor em direção à marca? Não seria mais fácil se concentrar apenas na fase de vendas, buscando aumentá-las ao máximo? Conforme mencionado, você viu que esse mapeamento das diferentes etapas do caminho do consumidor é importante porque contribui para que a empresa saiba quais ações desempenhar em cada um dos casos. Os gestores de marketing devem buscar alcançar impressões positivas com seus consumidores, pois isso fará com que avancem para a próxima etapa, influenciando positivamente os que estão nas fases anteriores. Vale ressaltar que a empresa precisa estar atenta e mapear tanto as experiências positivas quanto as negativas para evitar o surgimento de crises de marca, ou seja, avaliar determinado período em que um número considerável de consumidores divulgue suas experiências ruins e recomende outras marcas. Assim, fica claro que esse modelo de processo de decisão de compra não se preocupa simplesmente em levar um consumidor a fazer uma compra, mas em fidelizá-lo de modo a influenciar outros a fazerem parte da comunidade de consumidores daquela marca. Outro ponto importante a se destacar é que a ordem das etapas do caminho do consumidor pode se alterar, dependendo da categoria de produtos, dos tipos de benefícios ressaltados, da rede de contatos do consumidor, entre outros aspectos. Ou seja, nem sempre o consumidor vai passar por cada uma das fases até tomar sua decisão. Por exemplo, no caso de uma compra por impulso, o consumidor passa da fase de Assimilação direto para a Ação, e não necessariamente chega até a fase de Apologia. É possível também que um consumidor que está na primeira fase (Assimilação) tenha contato com alguém que está na última fase (Apologia) e que teve uma experiência positiva, então defende a marca. Assim, esse consumidor que está na fase de Assimilação terá o seu processo decisório acelerado, partindo direto para a fase de Argumentação ou até mesmo para a Ação, comprando e experimentando o produto. Como vimos anteriormente, o fácil acesso à informação é uma característica forte do Marketing 4.0. Isso contribui diretamente para que esse movimento de retroalimentação das fases aconteça. 7 Agora é com você Acesse o livro Marketing digital: uma análise do mercado 3.0 (autor Achiles Batista Ferreira Júnior), disponível no link abaixo, e leia o item “Momento Zero da verdade”, nas páginas 93 e 95. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra-chave “Marketing digital: uma análise do mercado 3.0”. A seguir, vamos conhecer um processo que aproveita esse movimento dos consumidores em busca de informações na internet para desenvolver a estratégia de web marketing. TEMA 2 – INBOUND MARKETING Agora que você conhece o caminho do consumidor no Marketing 4.0, fica claro que a forma como as pessoas se relacionam com a marcas impacta diretamente na sua tomada de decisão em adquiri-la ou não. Além disso, a facilidade de acesso à informação tem feito com que os consumidores estejam cada vez mais proativos na busca de produtos e serviços que venham a satisfazer suas necessidades. É nesse cenário que a estratégia de Inbound Marketing foi desenvolvida. Inbound Marketing se define como uma série de ações que buscam atrair os consumidores de maneira voluntária para os conteúdos gerados por uma marca (Gomes, 2018). Trata-se de uma prática que vem buscando mudar a perspectiva de relacionamento das marcas com seu público-alvo: em vez de a empresa ir atrás dos consumidores, ela cria conteúdos relevantes que satisfaçam as necessidades de informação do indivíduo e, posteriormente, levem-no a tornar- se cliente. Vamos entender melhor como essa estratégia funciona comparando a estratégia de Inbound com as ações tradicionais de marketing. 2.1 Marketing tradicional X Inbound Marketing Você já parou para observar que no marketing tradicional (também conhecido como Outbound Marketing) a marca se dedica a chegar até o consumidor? (Gomes, 2018). Com o mapeamento do público-alvo em mãos, os gestores desenvolvem estratégias de comunicação que focam diretamente no produto que se pretende vender. Aqui, podem entrar as divulgações por rádio, 8 televisão, panfletos, mídias sociais, entre outros meios possíveis de divulgação de ações focadas em venda. Mesmo sendo uma estratégia efetiva em diversos casos, especialmente para resultados a curto prazo e de produtos que exigem venda em escala, o objetivo principal do Outbound é a venda pura e simples do produto. Nesse caso, nem sempre se estabelecem canais de relacionamento com o consumidor, o que pode causar uma lacuna, deixando de aproveitar oportunidades de novas vendas. É no sentido de evitar essa lacuna que estratégia de Inbound Marketing foi desenvolvida. O principal objetivo dessa série de ações é atrair e fidelizar clientes com base no relacionamento. As empresas começaram a gerar conteúdo relevante para que o consumidor encontre a marca, em vez de a marca buscar incessantemente a atenção do consumidor. Torna-se um movimento mais natural, aproveitando um comportamento já corriqueiro do consumidor, entregando o que ele espera. Para que isso funcione bem, é necessário que a marca saiba como se posicionar nos primeiros resultados nos mecanismos de busca. Veremos isso na próxima aula. Afinal, o que é melhor: Inbound ou Outbound? A resposta é: depende! Depende do tipo de produto, da fase em que a empresa está, do nível de conhecimento que o mercado tem do produto, dos objetivos e das metas da empresa, entre outros fatores. Quando se trata de estratégia, o melhor caminho é aquele que contribui para alcançar os objetivos que se pretendem atingir. Em alguns casos, as ações de Outbound serão mais eficazes, em outros, o Inbound será a melhor solução. A seguir, vamos entender quais são e como funcionam as etapas do Inbound Marketing. 2.2 Etapas do Inbound Marketing Para você ficar por dentro da estratégia de Inbound marketing, é importante conhecer as etapas que o compõem. São elas: (1) Atrair, (2) Converter, (3) Relacionar, (4) Vender, (5) Analisar (Resultados Digitais, 2018). Para explicar o que ocorre em cada uma das fases, partiremos para um caso prático: vamos entender como funcionaria uma estratégia de Inbound Marketing para uma empresa que comercializa softwares de gestão comercial, chamada Xyz Software. Seu público-alvo são gestores de pequenas e médias empresas, responsáveis pela tomada de decisão. 9 Partindo do ponto de vista de um prospect, ou seja, de possível comprador desse software, temos um diretor de uma empresa de médio porte diante de uma necessidade: melhorar a gestão dos processos internos da sua organização. Atualmente, tudo é registrado por meio de planilhas que não estão integradas, causando falhas de comunicação e impactando negativamente a tomada de decisão. Para tentar resolver o problema, esse diretor pode fazer uma pesquisa em um mecanismo de busca usando uma frase, que poderia ser “como organizar os processos da minha empresa?”. Essa busca é uma oportunidade para colocar em prática algumas ações da primeira etapa do Inbound: a atração. Para atrair esse gestor, a Xyz Software pode gerar um conteúdorelevante para ele. Poderia ser, por exemplo, uma publicação com o título “Cinco dicas para organizar os processos na sua empresa”. No conteúdo, a empresa oferece orientações sobre como melhorar os processos e, entre essas dicas, podem constar algumas funcionalidades do software que comercializa. Nesse momento, ainda não há uma comunicação direta relativa à compra, mas a empresa já está demonstrando suas competências e criando autoridade e confiança junto ao possível consumidor, que começa a desenvolver uma atitude positiva em relação à empresa. Se o conteúdo cumpre seu papel de ser relevante para o gestor, é possível que ele se sinta disposto a fazer uma troca: fornece um contato pessoal seu (e- mail, telefone) para poder ter acesso a conteúdos específicos. Nesse momento, a Xyz Software passa para a segunda fase do Inbound Marketing: a conversão. A conversão é quando esse possível cliente deixa de ser um mero visitante do site e se torna um contato com quem a Xyz Software pode se relacionar. Um termo muito usado para se referir aos visitantes convertidos é lead, que se refere a esses possíveis clientes já qualificados como potenciais. O visitante se torna um lead quando aceita fazer um cadastro fornecendo dados pessoais para poder acessar vídeos, textos e notícias específicas que a empresa pode oferecer. Observe que a venda propriamente dita ainda não ocorreu, mas já houve uma troca, na qual a empresa conseguiu avançar no objetivo do Inbound, que é atrair e fidelizar. O cliente já foi atraído pelo conteúdo e, nesse momento, passa para a próxima fase: o relacionamento. Nessa etapa, a empresa precisa identificar os anseios do consumidor para demonstrar de que forma o produto a ser vendido pode ajudar a resolvê-los. A Xyz Software pode oferecer uma 10 consultoria gratuita para o lead, indicar novos conteúdos e iniciar uma abordagem que comece a direcionar para a próxima etapa, que é a venda. Somente na quarta fase é que o prospect se torna efetivamente cliente. Nesse ponto, a estratégia de Inbound sugere que o produto não seja apenas vendido, mas que a experiência que o usuário tem com o produto ou serviço seja monitorada. A empresa que utiliza a técnica de Inbound deve estar atenta para que o consumidor tenha boas experiências e opte por continuar leal à marca. Por fim, cada uma das etapas gerou informações: quantas pessoas acessaram a publicação inicial, quanto tempo investiram consumindo o conteúdo, quantas se tornaram leads e quantas efetivamente compraram produtos. Assim, a última fase do Inbound Marketing é a análise desses dados para verificar quais são os pontos de melhoria. Por fim, forma-se um ciclo, que visa gerar aprendizado com o processo e otimizá-lo ao máximo. Atualmente, existem sistemas de controle digital dos processos de Inbound, o que facilita a coleta e a análise de dados. Esses sistemas são os chamados softwares de automação de marketing, em que podem ser citados como exemplos o RD Station e o LeadLovers. As etapas do Inbound Marketing também podem ser chamadas de Funil de vendas, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1 – Funil de vendas no Inbound Marketing Fonte: Adaptado de Resultados Digitais, 2018. O formato de funil demonstra o volume de público que está em cada uma das fases. Ou seja, na fase de atração, a quantidade de indivíduos é maior que nas demais fases ao longo do processo. Perceba que as etapas dos Inbound Marketing são fortemente relacionadas com o processo decisório de compra, como vimos no tema 1 desta aula. 11 No próximo tema, vamos entender alguns aspectos relevantes do comportamento do consumidor na estratégia de Inbound. Agora é com você Acesse o livro Planejamento de Marketing Digital (autores Lima-Cardoso, Salvador e Simoniades), disponível no link abaixo, e leia o item “Planejamento de Marketing Digital”, no capítulo 1. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra-chave “Planejamento de Marketing Digital”. TEMA 3 – COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E ESTRATÉGIAS DE INBOUND MARKETING Você já pensou sobre o que motiva uma pessoa a tomar decisões de compra? Rocha (2015) identificou que a tomada de decisão de consumo é baseada no comportamento do consumidor, que é diretamente influenciado por suas emoções. O autor destaca que uma forma eficiente de impulsionar as estratégias de Inbound Marketing é despertar alguns gatilhos mentais que evocam a emoção dos consumidores. O primeiro gatilho citado por Rocha (2015) refere-se à autoridade. Nós humanos estamos sempre em busca de referenciais que nos tragam segurança e diminuam os riscos no momento de tomar uma decisão. Por exemplo, se uma pessoa está com algum problema de saúde, um caminho seguro é procurar um médico que seja referência na área da doença em questão. Esse médico conquistou essa posição em virtude de sua experiência. As marcas também precisam desenvolver esse senso de autoridade em seu público-alvo, despertando no consumidor a percepção de que aquela marca é referência no setor que atua. Segundo Troiano (2016), para que uma empresa conquiste essa autoridade no contexto digital, é preciso que seja competente e efetiva na área em que pretende ser reconhecida. Assim, ocorre um processo de transparência: ao desenvolver conteúdos sobre a área em que atua, a empresa vai buscar transparecer o que já é em essência, conseguindo corresponder às expectativas do consumidor que pretende atrair, fidelizar e tornar um advogado de marca. Outros dois gatilhos apresentados por Rocha (2015) que têm ligação com o Inbound Marketing são o senso de comunidade e a necessidade de conversa. O senso de comunidade consiste na necessidade de o ser humano 12 estar cercado por um grupo que compartilha dos mesmos valores e interesses. Esse elemento, junto à necessidade das pessoas de participarem de diálogos, abre oportunidades para que as marcas desenvolvam em sua estratégia alguns meios de promover a criação de comunidades e a troca de experiências. Assim, é possível acelerar o processo de conversão. A antecipação e a escassez também são gatilhos importantes na estratégia de Inbound Marketing. Quando uma marca que já tem autoridade consolidada oferece conteúdos exclusivos, pode gerar uma expectativa do consumidor (antecipação), que fica ansioso para acessar essa novidade. Se for, por exemplo, um curso online com vagas limitadas, cria-se a sensação de que aquilo não vai estar disponível por muito tempo (escassez), gerando uma urgência no consumidor, o que contribui para agilizar seu processo decisório. Considerando tudo isso, Rocha (2015) sugere que esses gatilhos sejam considerados no momento de lançar de um novo produto por meio do web marketing. A estratégia deve buscar alinhar e relacionar cada um deles. Leia a seguir o modelo de lançamento proposto por Rocha (2015), em que estão destacados os gatilhos em cada um dos momentos da comunicação do novo produto. Fórmula de Lançamento A Fórmula de Lançamento estende o processo de vendas para 10 a 14 dias, em média, utilizando conteúdos de pré-lançamento (CPL). No CPL1, você fornece informação de extremo valor, que seja capaz de resolver o problema do consumidor em potencial. Isso aumentará a percepção de autoridade que você tem daquela pessoa, além de gerar reciprocidade nela. Ao dar oportunidade para as pessoas comentarem um vídeo, por exemplo, você já estabelece uma comunidade, porque elas percebem que não estão sozinhas. Dias depois, você disponibiliza o conteúdo de CPL2, que reforça todos os gatilhos do primeiro e indica que uma solução mais completa está por vir. Isso desperta o gatilho da antecipação nas pessoas. No CPL3, você potencializa os gatilhos anteriores e insere o da escassez. Informa que a oportunidade é limitada e vai durar por pouco tempo. Isso gera uma explosão de vendas. (Rocha apudPakes, 2015. p. 168). Agora é com você Acesse o livro Marketing Digital: uma análise do mercado 3.0 (autores Ferreira Júnior e Azevedo), disponível no link abaixo, e leia o item “A cybercultura e os novos modelos de comunicação”, nas páginas 114 a 120. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra- chave “Marketing digital: uma análise do mercado 3.0”. 13 TEMA 4 – MÍDIAS SOCIAIS Quando se trata do caminho do consumidor na internet, é importante que você conheça a visão estratégica de um dos meios de comunicação que mais tem feito parte do cotidiano virtual: as mídias sociais (MS). Possivelmente, você tem contato com as MS como usuário, desfrutando das conexões e atividades sociais que essas plataformas oferecem. Contudo, do ponto de vista do web marketing, precisamos entender o papel da mídias sociais na estratégia. Conforme apresentam Carr e Hayes (2015), mídias sociais são plataformas de comunicação pessoal baseadas na internet. Sua principal característica é o fato de o conteúdo disponível nessas mídias ser gerado pelos próprios usuários, trazendo a possibilidade de interação por meio de comentários, compartilhamentos e demonstrações pontuais de opinião sobre o conteúdo (reações e curtidas). Nessa definição, são considerados como exemplos de mídias sociais as plataformas sociais de conteúdos diversos, como Facebook, Instagram e Youtube, bem como as plataformas sociais profissionais, como o LinkedIn, e jogos com interação social, como o Farmville. Também é importante ter em mente o que não é mídia social: para Carr e Hayes (2015), os canais digitais, como sites de notícias ou informativos, não entram nessa categoria. Da mesma forma, o e-mail e as plataformas de ligações e de streaming não são considerados mídia social, pois não geram a amplitude de interações, características das MS. O Quadro 2 apresenta um comparativo entre as plataformas, identificando quais são mídias sociais e quais não são, segundo a categorização de Carr e Hayes (2015). Quadro 2 – Mídias sociais x outros canais É MÍDIA SOCIAL NÃO É MÍDIA SOCIAL Plataformas sociais de conteúdos diversos – Ex: Facebook, Instagram, Youtube Plataformas sociais profissionais – Ex: LinkedIn, IBM’s Beehive Jogos sociais – Farmville Sites de notícias – Ex: The New York Times Sites informativos – Ex: Wikipedia Plataformas de ligação – Ex: Skype Plataformas de streaming – Ex: Netflix E-mail ou e-mail marketing Fonte: Traduzido e adaptado de Carr e Hayes (2015). As mídias sociais trouxeram mudança na forma como acessamos e absorvemos conteúdo, visto que qualquer pessoa com acesso à internet tem poder de gerar conteúdo, já que o cadastro nas plataformas, em sua maioria, é 14 gratuito. Como destaca Ferrari (2014), as MS influenciam a mudança de comportamento dos usuários em diversos âmbitos, inclusive em suas atitudes de compra. Isso afetou a forma como o conteúdo é produzido pelas empresas, que buscam melhorar a interface com o consumidor. A base das mídias sociais é o compartilhamento, a troca, a conversa e o engajamento. Isso não ocorre se não houver interesse da parte dos consumidores no assunto apresentado. Por isso, quando se trata do uso das MS na estratégia de web marketing, é preciso direcionar o conteúdo tendo em vista o que terá maior impacto na atenção do consumidor. 4.1 Escolhendo as mídias sociais para sua estratégia de web marketing A presença nas mídias sociais tem sido cada mais relevante para as empresas. Isso porque a existência das marcas nesses canais aumenta sua visibilidade, contribuindo com seu reconhecimento e elevando sua autoridade (McLeod, 2017). Além disso, o bom uso das MS contribui para o aumento do tráfego no site e a distribuição do conteúdo desenvolvido pela marca, melhorando o desempenho nos mecanismos de busca online (McLeod, 2017). Veremos essa questão das buscas com mais detalhes na próxima aula. Contudo, simplesmente criar uma conta empresarial em uma rede social não garante que a empresa desenvolva uma presença digital relevante para seu público. É preciso fazer isso tendo em vista contribuir com a estratégia da empresa. Nesse sentido, McLeod (2018) apresenta algumas orientações sobre como escolher o melhor tipo de mídia social para cada tipo de empresa. A autora sugere que o gestor de marketing deve se basear em três questionamento iniciais: 1. Quais são as características principais do público-alvo? 2. A empresa atende o consumidor final (B2C), atende outras empresas (B2B) ou atende ambos? 3. Qual é o objetivo da marca em se posicionar no meio digital? Ter conhecimento das características do consumidor ajuda a identificar a rede social mais adequada. A montagem da persona, como vimos na aula anterior, pode auxiliar muito, pois deixa claro onde o público está, qual é a faixa etária, o gênero, o poder aquisitivo, entre outros aspectos. A forma como os consumidores se relacionam com as mídias sociais está em constante mudança. Uma rede social que hoje está em alta com determinado 15 público pode sofrer mudanças em curto espaço de tempo. Desta forma, especialistas da área sugerem que sejam consultados dados atualizados sobre que tipo de público utiliza cada plataforma e verificados se há alinhamento com o público-alvo desejado. Também se orienta que o time de marketing procure focar em monitorar, publicar e responder aos consumidores nas mídias sociais. No caso de empresas que vendem para outras empresas, o processo no funil de vendas é mais lento e exige o desenvolvimento de um maior volume de conteúdo. Desta forma, a empresa deve buscar qualificar esses possíveis clientes, gerar interesse pelo produto por meio de conteúdos relevantes, como estudos de caso e e-books, compartilhando conteúdo em plataformas empresariais. Se a empresa atende mais o consumidor final, devem ser levados em consideração vários aspectos: o tipo de produto, a frequência com que o consumidor compra, o ciclo de vida do produto, a força da marca, a tendência de serem feitas compras por impulso, entre outros aspectos. O objetivo da inserção da empresa no meio digital tem a ver com o que ela pretende ganhar com isso. Alguns objetivos foram vistos na aula passada: melhorar a proposta de valor, dar suporte à proposta de valor, contribuir com a construção da marca por meio da interatividade e criar de plataformas baseadas em interesses-chave (Aaker, 2016). Outros podem ser mais pontuais ou específicos, como aumentar a visibilidade da marca e chamar atenção para um novo produto. O objetivo deve estar claro para equipe de marketing e totalmente alinhado com o público que se pretende atingir. Agora é com você Acesse o livro Marketing Digital: uma análise do mercado 3.0 (autores Ferreira Júnior e Azevedo), disponível no link abaixo, e leia o item “A força das redes sociais em um mundo cada vez mais conectado”, na página 129. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra- chave “Marketing digital: uma análise do mercado 3.0”. TEMA 5 – A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO Kotler e Keller (2015) apresentam o conceito de posicionamento, que trata da forma como a marca é vista pelo mercado, seja por consumidores ativos ou não. A empresa pode planejar como deseja ser vista pelo consumidor, definir seu 16 posicionamento pretendido de maneira estratégica. Contudo, nem sempre a empresa consegue alcançar o posicionamento que projetou. Isso ocorre porque a forma como o mercado percebe uma empresa depende de diversos fatores. Como vimos nos modelos dos 5As, na fase de argumentação, o consumidor passa a verificar diversas informações sobre os produtos e serviços que pretende adquirir, para então tomar sua decisão de compra. Esse comportamento do consumidor leva às empresas à necessidade de tomaruma atitude para compreender a forma como tem sido vista no mercado. Assim, é importante que busquem desenvolver práticas de monitoramento do que tem sido dito sobre ela, seja por meio de seus canais de atendimento, mídias sociais, notícias ou plataformas de avaliação de serviços. Existem diversas plataformas que permitem ao consumidor avaliar o atendimento e os produtos que consome. No Brasil, a plataforma que tem maior abrangência de setores diferentes de produtos e serviços é o Reclame Aqui (https://www.reclameaqui.com.br/), site no qual os consumidores podem publicar reclamações sobre produtos e serviços e as empresas têm a possibilidade de responder e se posicionar. Esse site tem sido considerado referência na análise de reputação de marcas. Devido a isso, tem sido usado até mesmo em ações offline, como alguns computadores que vêm com um adesivo sinalizando “Melhor assistência técnica – Reputação ótima do Reclame Aqui”. Em suma, é importante monitorar o que tem sido dito sobre a empresa nos diversos canais. Mas, antes, é preciso oferecer produtos e serviços de qualidade, de modo que entregue valor ao consumidor e conquiste reputação positiva no mercado. Agora é com você Acesse o livro Planejamento de Marketing Digital (autores Lima-Cardoso, Salvador e Simoniades), disponível no link abaixo, e leia o item “Planilha de priorização de canais”, no capítulo 3. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra- chave “Planejamento de Marketing Digital“. 17 REFERÊNCIAS AAKER, D. Four ways digital works to build brands and relationships. Journal of Brand Strategy, v. 4, n. 1, p. 37-48, 2015. CARR, C. T.; HAYES, R. A. Social media: Defining, developing, and divining. Atlantic Journal of Communication, v. 23, n. 1, p. 46-65, 2015. FERRARI, P. A força da mídia social: interface e linguagem jornalística no ambiente digital. 2. ed. São Paulo: Editora Estação das Letras e Cores, 2014. GOMES, S. Inbound Marketing e Outbound Marketing: qual a diferença? Resultados Digitais, 7 nov. 2018. Disponível em: <https://resultadosdigitais.com.br/blog/inbound-outbound-marketing/> Acesso em: 12 nov. 2019. GOWARD, C. Você deve testar: otimização de conversão para mais leads, vendas e lucro, ou a arte e a ciência da otimização de websites. São Paulo: Novatec, 2016. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. _____.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MCLEOD, B. The best social media platforms for businesses 2019 (and how to choose the right ones). Blue Corona, 18 nov. 2018. Disponível em: https://www.bluecorona.com/blog/which-social-media-platforms-best-for- business. Acesso em: 12 nov. 2019. O GUIA definitivo do Inbound Marketing. Resultados Digitais. Florianópolis: Resultados Digitais, 2018. ROCHA, E. Fórmula de Lançamento. In: PAKES, A. (Org). Negócios Digitais: aprenda a usar o real poder da internet nos seus negócios. 7. ed. São Paulo: Editora Gente, 2015. p.179-168. TROIANO, J. As marcas no divã: uma análise de consumidores e criação de valor. 2. ed. São Paulo: Troiano Editora, 2016.
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