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1 TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA 1 Sumário TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA ................................ 3 Introdução ........................................................................................................ 3 Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da comunicação (linguagem) .................................................................. 5 Importante saber .......................................................................................... 6 Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade .............................................. 7 Sintomas em crianças e adolescentes: ........................................................ 8 Tratamento ................................................................................................... 9 Transtorno de Oposição Desafiadora (DOD) ................................................... 9 Sinais e sintomas ....................................................................................... 10 Tratamento ................................................................................................. 11 Como reduzir os impactos negativos do transtorno do comportamento disruptivo? ................................................................................................................ 12 Transtornos Depressivos na Infância ............................................................ 13 Causas da depressão infantil ..................................................................... 15 Tratamento para a depressão infantil ......................................................... 16 Prevenção para a depressão infantil .......................................................... 17 Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil) ......................... 18 Como lidar com o TGD na escola? ............................................................ 19 Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são: ................... 20 Transtornos de Tique ..................................................................................... 21 Transtornos de Ansiedade na Infância .......................................................... 21 Como os sintomas da ansiedade se manifestam em crianças? ................ 22 Tratamento para a ansiedade infantil ......................................................... 23 Quando buscar auxílio médico ................................................................... 23 Referência ..................................................................................................... 24 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA Introdução O transtorno mental infantil é mais comum do que as pessoas podem imaginar. Assim como os adultos, as crianças e os adolescentes desenvolvem condições de saúde mental que, muitas vezes, desencadeiam problemas que afetam os campos ligados ao seu neurodesenvolvimento, bem como aspectos relacionados à sua cognição e funcionalidade. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que um em cada cinco adolescentes enfrenta condições de saúde mental. A organização estima que metade de todos os transtornos mentais começa aos 14 anos. Ainda segundo a OMS, existem duas grandes categorias dos transtornos que estão presentes na vida das crianças e dos adolescentes: transtornos do desenvolvimento psicológico e transtornos de comportamento e emocionais. Diagnosticar as condições mentais em crianças e adolescentes pode ser difícil, pois, diferentemente dos adultos, eles geralmente têm dificuldade em expressar seus sentimentos e problemas. Apesar do desafio, o diagnóstico adequado é parte essencial para a orientação do tratamento. O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem escrita, falada ou ainda de experimentar sentimentos não nascem com a criança, estando profundamente relacionados a seu desenvolvimento. Desde o nascimento, o bebê vai tendo experiências na relação com a mãe ou com quem o cuida que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, classificar "o que é igual ou diferente". Ao cuidar do bebê, a mãe deverá ser capaz de "traduzir", à sua maneira, as necessidades do mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados fazem com que o bebê aprenda a discriminar as suas sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma importância que o 4 cuidador tolere sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os cuidados necessários afetivamente, para que dessa maneira a criança construa uma integrada condição emocional. Existem, entretanto, transtornos psiquiátricos que podem ocorrer no desenvolvimento da criança, os quais examinaremos a seguir e que são: Causas associadas aos transtornos mentais Os transtornos mentais em crianças e adolescentes são causados por alguns fatores determinantes, que podem ser genéticos, biológicos ou até psicossociais. Eles são divididos em alguns grupos: Fatores genéticos: relacionados ao histórico familiar de transtorno mental; Fatores psicossociais: relacionados a casos de disfunções na vida familiar, no ambiente escolar e outros; e situações de estresse; Fatores biológicos: relacionados a situações de anormalidades do sistema nervoso central, sejam elas causadas por lesões, infecções, desnutrição ou exposição a toxinas, como as drogas; Fatores ambientais: relacionados a problemas enfrentados na comunidade (violência urbana) e tipos de possíveis abusos (físico, psicológico e sexual). Além disso, devido às condições de vida, discriminação, falta de acesso a serviços ou apoio de qualidade, algumas crianças e adolescentes possuem maior risco de desenvolverem esses problemas. Isso porque alguns destes jovens vivem em ambientes frágeis e situações de vulnerabilidade; sofrem com doenças crônicas, incapacidade intelectual ou outra condição neurológica. Por isso, as condições de saúde mental em crianças devem ser diagnosticadas e tratadas por um profissional especialista, com base em sinais, sintomas e pelas condições que afetam a vida diária de cada indivíduo. 5 Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da comunicação (linguagem) Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança, seu quociente de inteligência (QI ) e grau de escolaridade. No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar,deixar cair coisas, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória. Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com frequência ou inábil para abotoar suas roupas ou amarrar os cadarços do sapato. Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por sintomas que incluem um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases condizentes com sua idade cronológica. Os problemas de linguagem também podem ser causados por perturbações na capacidade de articular sons ou palavras. Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em uma mesma criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço escolar, tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas especiais, dependendo da gravidade do problema. A baixa autoestima, a repetência escolar e o abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos. Assim, a abordagem psicopedagógico e o aconselhamento escolar são cruciais. Pode estar indicada também tanto a psicoterapia individual quanto a de 6 grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com medicação está indicado apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que exijam o uso de remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar. Importante saber O transtorno de aprendizagem é citado tanto pelo DSM-V como o CID-10 (Código Internacional de Doenças), na qual se consta uma “suposição de primazia de fatores biológicos, os quais não interagem com fatores não-biológicos”. Os manuais trazem consigo alguns pontos que não devem ser considerados como consequência do distúrbio, são eles: Doença cerebral ou traumatismo; Algum comprometimento visual ou auditivo que não foi corrigido; Comprometimento na inteligência global; Falta de oportunidade em aprender; Mudança de escola (ocasionando descontinuidade educacional). 7 Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade As crianças com esse transtorno são consideradas, com frequência, crianças com um temperamento difícil. Elas prestam atenção a vários estímulos, não conseguindo se concentrar em uma tarefa única e, assim, cometendo erros muitas vezes grosseiros. É comum terem dificuldade para manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas e com frequência parecem não escutar quando chamadas. Muitas vezes não conseguem terminar seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais. Têm dificuldade para organizar tarefas, evitando, antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante. Costumam perder facilmente objetos de uso pessoal. Esquecem facilmente atividades diárias. A hiperatividade aparece como uma inquietação, manifesta por agitação de mãos ou pés e não conseguir permanecer parado na cadeira. São crianças que quase sempre saem de seus lugares em momentos não apropriados, correm em demasia, têm dificuldade de permanecer em silêncio, estando frequentemente "a mil". Outra característica desse transtorno é a impulsividade, que aparece em respostas precipitadas mesmo antes de as perguntas terem sido completadas. Com frequência, são crianças que têm dificuldade de aguardar sua vez, interrompendo ou intrometendo-se em assuntos alheios. 8 O transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança. O tratamento inclui psicoterapia individual e, às vezes, terapia familiar. Quase sempre se faz necessário o uso de medicação com um resultado muito satisfatório. Sintomas em crianças e adolescentes: Agitação, inquietação, movimentação pelo ambiente, mexem mãos e pés, mexem em vários objetos, não conseguem ficar quietas (sentadas numa cadeira, por exemplo), falam muito, têm dificuldade de permanecer atentos em atividades longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes, são facilmente distraídas por estímulos do ambiente ou se distraem com seus próprios pensamentos. O esquecimento é uma das principais queixas dos pais, pois as crianças “esquecem” o material escolar, os recados, o que estudaram para a prova. A impulsividade é também um sintoma comum e apresenta-se em situações como: não conseguir esperar sua vez, não ler a pergunta até o final e responder, interromper os outros, agir sem pensar. Apresentam com frequência dificuldade em se organizar e planejar o que precisam fazer. Seu desempenho escolar parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual, embora seja comum que os problemas escolares estejam 9 mais ligados ao comportamento do que ao rendimento. Meninas têm menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas são igualmente desatentas. Tratamento O TDAH deve ser tratado de modo múltiplo, combinando medicamentos, psicoterapia e fonoaudiologia (quando houver também transtornos de fala e ou de escrita); orientação aos pais e professores e ensino de técnicas específicas para o paciente compõem o tratamento. Transtorno de Oposição Desafiadora (DOD) Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento são os transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São caracterizados por um padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo, desafiador, indo contra as regras de convivência social. Tal comportamento deve ser suficientemente grave, sendo diferente de travessuras infantis ou rebeldia "normal" da adolescência. O Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que meninas. Tem como característica um comportamento opositor às normas, discute com adultos, perde o controle, fica aborrecido facilmente e aborrece aos outros. No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que crianças e é mais comum também entre meninos, o padrão disfuncional de comportamento é mais grave que no Transtorno de oposição e desafio. Eles frequentemente agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias violações de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse transtorno está frequentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais 10 como: instabilidade familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e sinais de severa perturbação dos pais. A morbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega a quase 50%. O tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve principalmente psicoterapia individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades corretivas. O tratamento das morbidades é fundamental e pode necessitar de medicação (nos casos de TDAH) ou até internação (em quadros graves de dependência química). Sinais e sintomas Entre os sinais mais evidentes desse problema destacam-se: Não aceitam obedecer a regras, principalmente as de conduta social ou civil; Apresentam muita dificuldade em desenvolver habilidades sociais; Gostam de culpar os outros pelos seus próprios erros; Encaram seu mau comportamento como algo normal; Desafiam os adultos ou pessoas mais velhas; São extremamente rancorosas e vingativas; Gostam de argumentar contra os adultos; Aborrecem as pessoas por mero prazer. 11 Tratamento Como a maioria dos sintomas envolvem as relações familiares, esse distúrbio exige que o tratamento seja feito paralelamente à psicoterapia dos pais ou responsáveis. Em algum caos, podem ser prescritos medicamentos para reduzir a irritabilidade.Problemas de base comportamental associados a disfunções familiares tendem a piorar o quadro, já que aumentam o risco para doenças psíquicas coexistentes. Nesse sentido, quanto antes for o diagnóstico, melhores serão as chances de recuperação. Por isso, esses desajustes devem ser identificados e corrigidos com vistas à reestruturação dos laços familiares. O tratamento objetiva também estabelecer condições para promover o convívio social harmônico. Inicialmente, o tratamento pode ser baseado em programas terapêuticos de modificação do comportamento. Isso permite moldar as ações da criança ou adolescente em direções mais benéficas, e em prol de condutas sociais mais equilibradas. Em alguns casos, o psiquiatra adota a terapia medicamentosa utilizada em transtornos depressivos ou para tratar a ansiedade. O prognóstico costuma ser positivo, já que esses remédios ajudam a restaurar o equilíbrio na liberação de substâncias cerebrais que controlam as emoções. Assim, o tratamento para o DOD se resume em: Psicoterapia para estimular a mudança no comportamento; Aconselhamento psicológico para pais e filhos; Terapias alternativas combinadas; Uso ocasional de medicamentos. 12 Como reduzir os impactos negativos do transtorno do comportamento disruptivo? Infelizmente, o estilo de vida contemporâneo faz com que muitos pais se dediquem somente ao trabalho e não reservem tempo para dar atenção aos filhos. Às vezes, essas questões podem atingir dimensões irreversíveis e comprometer seriamente a estrutura familiar. Por isso, a presença dos pais e um diálogo aberto tornam-se fundamentais à promoção da autoestima e da saúde emocional de muitas crianças e adolescentes. Sobretudo daqueles que compõem o perfil de “órfãos de pais vivos”. O aconselhamento combinado com terapia comportamental cognitiva para pais e filhos traz bons resultados. Porém, essa orientação se restringe aos casos mais simples: quando o indivíduo não representa risco social. Para alcançar êxito nessa investida e reduzir os impactos negativos do transtorno do comportamento disruptivo é necessário adotar algumas alternativas. A disciplina e a organização da rotina da criança e do adolescente são essenciais. 13 Os portadores desses transtornos podem ser ajudados quando o ambiente domiciliar é organizado, existe cumprimento de regras, as técnicas dos pais ou responsáveis são firmes e os limites são bem definidos. No entanto, quando as dificuldades em casa persistem, os pais devem ser encorajados a procurar assistência profissional. As opções por treinamentos baseados em técnicas de controle comportamental são imprescindíveis ao êxito desse processo. Algumas sugestões para promover a recuperação do controle comportamental são: Oferecer acompanhamento psicológico. Melhorar a afetividade e a comunicação no seio familiar. Incentivar atitudes de gentileza e de respeito para com os superiores. Ajudar a criança ou adolescente a melhorar sua relação e integração com os ambientes de rotina; Submeter esses indivíduos à terapia multidisciplinar e incluir as abordagens dos pais e dos professores em relação ao comportamento apresentado. Transtornos Depressivos na Infância O reconhecimento de transtornos depressivos na infância ocorreu no final da década de 60. Surgiram então três conceitos: Sintomas depressivos análogos aos dos adultos não existem; A depressão manifesta-se por sintomas específicos nessa faixa etária; A sintomatologia depressiva surge mascarada por outros sintomas ou síndromes, tais como hiperatividade, enurese, encoprese, déficit de aprendizagem e transtorno de conduta. 14 Transtornos depressivos ocorrem tanto em meninos quanto em meninas. Os sintomas de depressão podem ser: isolamento, calma excessiva, agitação, condutas auto e hetero-agressivas, intensa busca afetiva, alternando atitudes prestativas com recusas de relacionamento. A socialização está geralmente perturbada: pode haver recusa em brincar com outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades. As queixas somáticas são freqüentes: dificuldade do sono (despertar noturno, sonolência diurna), alteração do padrão alimentar. Queixas de falta de ar, dores de cabeça e no estômago, problemas intestinais e suor frio também são freqüentes. A criança deprimida apresenta incapacidade para divertir-se, algumas vezes queixando-se de estar aborrecida. Assistem muita televisão não se importando qual seja o programa. A baixa auto-estima e a culpa excessiva, além da diminuição do rendimento escolar são característicos da depressão. Apresentam também muita irritabilidade, sendo descritas pelos pais como mal humoradas. Os transtornos depressivos da infância podem ser classificados em duas formas bem distintas. A primeira delas, a distimia que, etmológicamente significa "mal- humorado", é uma forma crônica de depressão com início insidioso, podendo durar toda a vida da pessoa. Para firmar este diagnóstico é preciso que o humor seja depressivo ou irritável e esteja presente quase todos os dias por pelo menos um ano. A outra forma de depressão, transtorno depressivo maior é caracterizada por períodos ou crises apresentando uma síndrome depressiva completa (todos os sintomas descritos anteriormente) por pelo menos duas semanas, causando importantes prejuízos na vida da criança. Podem estar presentes alucinações, ideação ou condutas suicidas. Essa crise é nitidamente diferente do funcionamento habitual da criança. Os transtornos depressivos são bastante tratáveis hoje em dia, obtendo-se bons resultados. Pais que desconfiem que um filho sofra desse mal devem levá-lo a um psiquiatra ou serviço de psiquiatria para uma avaliação. O tratamento utiliza medicações antidepressivas e acompanhamento psicológico. Internações são necessárias em duas situações: quando o paciente fica psicótico (fora da realidade), o que é raro, ou quando existe risco de suicídio. 15 Causas da depressão infantil A depressão em crianças pode ser ocasionada por uma disfunção dos neurotransmissores e neuroreceptores, tendo influências de fatores genéticos e hereditários. Também é ocasionada por fatores de natureza psicológica, emocionais, como a mudança de cidade, de casa, de escola, de professores, a separação dos pais, presenciar discussões em casa, pertencer a famílias disfuncionais e com altos níveis de depressão, além de abuso de substâncias, ansiedade e comportamentos antissociais por parte dos pais. Filhos de mães deprimidas têm maior chance de não desenvolverem sistemas normais de regulação da atenção, da excitação e dos estados emocionais, ou seja, as primeiras interações com o cuidador podem compor a base para o desenvolvimento da depressão infantil. Patologias ou situações como, por exemplo, enfermidades crônicas, intervenções cirúrgicas, malformações corporais, diabetes, fibrose cística e hospitalizações prolongadas, podem gerar ansiedade ou quadros depressivos na infância. 16 Repetidos eventos estressantes experiências na infância como, por exemplo, vivências repetidas de fracasso, podem alterar a conduta de crianças, gerando sentimentos e pensamentos depressivos e facilitando, assim, o desenvolvimento do transtorno. Problemas de sono também parecem ser fatores importantes para o desenvolvimento de sintomas depressivos. A quantidade e variedade dessas experiências vivenciadas formam um conjunto de fatores de risco potenciais para o desenvolvimento da depressão. Tratamento para a depressão infantil Quando os sintomas são percebidos tanto pela escola quanto pelos pais, muitas vezes eles não sabem exatamente o que trata esses sintomas, levando a criança à profissionais de saúde que não dão a importância necessária aos sintomas depressivos apresentados pelas crianças e adolescentesou que encontram dificuldade para realizar o diagnóstico, contribuindo, assim, para o agravamento do quadro depressivo. 17 O diagnóstico de depressão nas crianças é realizado a partir do Manual DSM- V, como a depressão também é sintoma de outros transtornos, acaba não sendo a primeira opção de diagnóstico, alguns profissionais acabam diagnosticando a criança com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de conduta, transtorno desafiador opositivo e transtorno de ansiedade. Prevenção para a depressão infantil O ambiente familiar saudável reflete diretamente no desenvolvimento emocional equilibrado, pois é necessário que supra adequadamente a necessidades básicas da criança, como de proteção e acolhimento. É importante fornecer aos filhos todo o amor e carinho, compreensão, amparo e construindo uma relação de confiança com eles. O conhecimento do transtorno depressivo infantil por parte das pessoas que estão envolvidas com a criança, como pais e professores, a fim de contribuírem para a identificação precoce dos sintomas. A criança, quando é bem-sucedida na escola, participa de atividades extracurriculares, tem sua capacidade intelectual e social preservada, tem relações positivas com outros adultos fora da família, tem uma percepção positiva de si mesmo e recebe os suportes sociais adequadamente, têm menores chances de desenvolverem a depressão. Para prevenir que mais problemas se desenvolvam na adolescência e na idade adulta, visto que este transtorno é capaz de comprometer o desenvolvimento das crianças e seu processo de amadurecimento psicológico e social, é necessário que seja realizado um tratamento adequado na infância. Caso contrário, os problemas podem evoluir do menos grave como, por exemplo, ter baixo rendimento escolar e social, ao mais grave, como grande problema de autoestima, dificuldades de relacionamento e de desempenho que podem evoluir para comportamento suicida. Por isso, é importante o papel da psicoterapia, com abordagem individualizada, para o diagnóstico e tratamento desse transtorno. Quem realiza a psicoterapia com crianças é um psicólogo. Este verificará os sintomas, e em alguns casos encaminhará para um psiquiatra a fim de refutar e confirmar a hipótese diagnóstica, além de que 18 em alguns casos é necessária a medicação, que é feita por um psiquiatra. A psicoterapia pode ser a única forma de tratamento, ou pode haver a medicação caso haja um fator genético ou hereditário. O psicólogo e psiquiatra irão trabalhar em conjunto. O diagnóstico precoce é muito importante para que o tratamento seja logo iniciado e torne mais fácil a modificação dos comportamentos depressivos, tendo em vista que, ao longo do tempo, estes podem se tornar mais resistentes à mudança. Quanto mais tempo demorar para estabelecer o diagnóstico do transtorno e dar início ao tratamento, mais difícil poderão ser essas modificações, visto que os comportamentos depressivos poderão continuar com o passar do tempo. Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil) Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas anormalidades nas interações sociais recíprocas, nos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, além de um estreitamento nos interesses e atividades da criança. Costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida. Existem várias formas de apresentação dos transtornos globais, não havendo até o presente momento um consenso quanto à forma de classificá-los. A forma mais conhecida é o Autismo Infantil, definido por um desenvolvimento anormal que se manifesta antes dos três anos de vida, não havendo em geral um período prévio de desenvolvimento inequivocamente normal. As crianças com transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funcionamento, dependendo do QI, da capacidade de comunicação e do grau de severidade nos seguintes itens: Prejuízo acentuado no contato visual direto, na expressão facial, posturas corporais e outros gestos necessários para comunicar-se com outras pessoas. 19 Fracasso para desenvolver relacionamentos com outras crianças, ou até mesmo com seus pais. Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por exemplo: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse). Atraso ou ausência total da fala (não acompanhado por uma tentativa para compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas). Em crianças com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversa. Uso repetitivo de mesmas palavras ou sons. Ausência de jogos ou brincadeiras variadas de acordo com a idade. A criança parece adotar uma rotina ou ritual específico em seu ambiente, com extrema dificuldade e sofrimento quando tem que abrir mão da mesma. Movimentos repetitivos ou complexos do corpo. Preocupação persistente com partes de objetos. Como lidar com o TGD na escola? Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam diferenças e merecem atenção com relação às áreas de interação social, comunicação e comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de aprendizagem, esses alunos devem ser incluídos em classes com os pares da mesma faixa etária. Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de convívio social são atitudes de extrema importância para garantir o desenvolvimento na escola. Boa parte dessas crianças precisa de ajuda na aprendizagem do autor regulação. 20 Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que ajuda no processo de aprendizagem desses alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e conte com a ajuda do profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Invista em ações positivas, estimule a autonomia e faça o possível para conquistar a confiança da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como 'porto seguro' e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o desenvolvimento. Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são: Autismo atípico, Síndrome de Rett, Transtorno desintegrativo da infância, Síndrome de Asperger. O tratamento do transtorno autista visa principalmente uma educação especial com estimulação precoce da criança. A terapia de apoio familiar é muito importante: os pais devem saber que a doença não resulta de uma criação incorreta e necessitam de orientações para aprenderem a lidar com a criança e seus irmãos. Muitas vezes 21 se faz necessário o uso de medicações para controlar comportamentos não apropriados e agressivos. O prognóstico destes transtornos é muito reservado e costumam deixar importantes sequelas ou falhas no desenvolvimento dessas pessoas na idade adulta. Transtornos de Tique A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um tique é uma produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente (repetido) e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos), sem propósito aparente e que tem um início súbito. Os tiques motores e vocais podem ser simples ou complexos. Os tiques simples em geral são os primeiros a aparecer. Podem ser: Tiques motores simples: Piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer caretas. Tiques vocais simples: Tossir, pigarrear, fungar. Tiques motores complexos: Bater-se, saltar. Tique vocal complexo: Coprolalia (uso de termos chulos), palilalia (repetição das próprias palavras), ecolalia (repetição de palavras alheias). O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o isolamento social que comumente ocorre nesse transtorno.Transtornos de Ansiedade na Infância A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivados de uma antecipação de perigos. As crianças em geral não reconhecem quando seus medos são exagerados ou irracionais. Uma maneira prática de diferenciar ansiedade normal de ansiedade 22 patológica é avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento. Os sintomas de ansiedade podem ocorrer em várias outras condições psiquiátricas tais como: depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre outros. A causa dos transtornos ansiosos infantis é muitas vezes desconhecida e provavelmente multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais diversos, com o peso relativo de cada fator variando de caso a caso. Como os sintomas da ansiedade se manifestam em crianças? Os sintomas podem surgir em sequências alternadas, com períodos mais ou menos frequentes e de maior ou menor intensidade e duração. É importante estar atento ao grau de prejuízo funcional que eles estejam causando. Alterações no apetite. Dificuldades no sono. Queda no rendimento escolar. Desmotivação. Medos e preocupações excessivas. 23 Dores de cabeça. Tonturas. Retraimento social. Oscilação de humor. Irritabilidade ou apatia. Tratamento para a ansiedade infantil O diagnóstico e tratamento precoce podem evitar repercussões negativas na vida da criança. O tratamento da ansiedade na infância é eficaz com o uso de medicamentos apropriados, associados à psicoterapia, em especial a terapia cognitiva comportamental. Quando buscar auxílio médico É importante ressaltar que medos, preocupações e angústia podem ser considerados normais durante as etapas do desenvolvimento psíquico infantil, porém, são considerados patológicos quando exagerados, desproporcionais aos estímulos e com duração prolongada. 24 Referência Brasil. Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. [Internet]. [citado 4 de janeiro de 2018]. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm Brasil. Lei no 12.764, de 27 de dezembro de 2012. [Internet]. [citado 4 de janeiro de 2018]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12764.htm Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica n. 33 - Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010 Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: norma técnica. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica n. 24: Saúde na escola. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Triagem neonatal biológica: manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para 25 elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Brasil. Ofício nº 44-SEI/2017/CGSCAM/DAPES/SAS/MS. Documento de consensos da Oficina de alinhamento sobre a da Lei 13.438/2017. 2017. Disponível em: http://medicalizacao.org.br/documento-de-consensos-da-oficina-de- alinhamento- -sobre-a-da-lei-13-4382017/. Acesso em: 23 de novembro de 2017. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde. Linha do Cuidado do Recém-Nascido após alta da Maternidade - Estratégia Acolhimento Mãe-Bebê Na Unidade Básica. Rio de Janeiro: SMS/RJ, s/a. 22 Secretaria Municipal de Saúde. Subsecretaria de Atenção Primária, vigilância e promoção da saúde. Superintendência de Atenção Primária. Avaliação do risco de suicídio e sua prevenção. 1 ed. Rio de Janeiro: SMS, 2017. Organização Mundial da Saúde. Manejo da desnutrição grave: um manual para profissionais de saúde de nível superior (médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros) e suas equipes auxiliares. Genebra/Brasília: Organização Mundial da Saúde/Organização Panamericana da Saúde, 2000.