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Gestão e Planejamento Educacional 02 1. Gestão e Planejamento Educacional 4 2. Teoria das Organizações da Administração e Gestão Educacional 9 Planejamento 13 Organização 13 Execução 13 Avaliação 14 3. Modelos de Gestão Educacional 18 Na Escola 18 Instituições de Ensino Superior 22 Instituições de Ensino Superior Privadas 24 4. Planejamento como Meio de Implementação de Políticas Educacionais 30 Objetivos do Planejamento Educacional 31 Requisitos do Planejamento Educacional 31 Planejamento é 34 Plano é 36 Projeto é 37 Programa é 39 Programas e projetos com relevância no setor educacional 41 5. Referências Bibliográficas 45 03 4 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 1. Gestão e Planejamento Educacional Fonte: Carinena1 e acordo com Bentho (s/d, s/p) a gestão educacional e a forma- ção dos formadores devem ser ob- servadas conforme as reformas edu- cacionais e políticas públicas para a educação no Brasil. De acordo com Ferreira (2003), tratar da adminis- tração da educação no âmbito da formação de profissionais para a educação exige uma análise e refle- xão sobre a formação desses profis- sionais. Já o educador chileno Ca- sassus (1994), afirma que o desen- volvimento sistemático da educação deve ser fundamentado na ação e no conhecimento especializados, de maneira que a tomada de decisão a 1 Retirado em https://carinena.es/ respeito do que se aprende, sobre o que se ensina e sobre a organização mais adequada a essas práticas este- jam de acordo com: O progresso dos conhecimen- tos científicos e técnicos, de modo que as ações realizadas estejam fundamentadas na acumulação e na aplicação de conhecimentos, sejam eles específicos, sejam eles poliva- lentes; O quadro de responsabilida- des pré-estabelecidas, de mo- do que as ações sejam execu- tadas com pleno conhecimen- to do que delas se espera e que, consequentemente, possam ser submetidas normalmente D 5 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL à avaliação de resultados por parte dos superiores, dos pa- res, dos envolvidos ou da co- munidade; Os critérios éticos que regem as atividades, de modo a au- mentar a responsabilidade in- dividual, a confiança da comu- nidade e a credibilidade da profissão; Os diversos contextos e carac- terísticas culturais, pois estes são os que dão sentido e con- teúdo específico às ações. Isto posto, espera-se que a ges- tão escolar seja capaz de atuar de forma a capacitar, aperfeiçoar e con- ceder ferramentas ao professor para atuar no contexto da realidade do mundo moderno, bem como das atuais necessidades de nossa gera- ção. É necessário, portanto, que os educadores exerçam o múnus do- cente conforme o planejamento, a missão e a visão da escola como esta- belecidos no Projeto Político Peda- gógico (BENTHO, s/d, s/p). Ainda de acordo com Bentho (s/d, s/p) a gestão escolar e o plane- jamento educacional: O objetivo de qualquer gestão escolar é que o alu- no aprenda. Todo esforço converge para esse resultado: a aprendizagem do aluno. Todavia, nem sempre os professores atuam conforme a visão e o planejamento da instituição tra- zendo, às vezes, consequências ne- gativas para a formação e aprendiza- do do alunado. Nalgumas ocasiões o professor nega o processo de plane- jamento por conta de sua desorgani- zação; noutras, sua desmotivação é fruto da própria gestão educacional. Conforme Santos (2000, apud Bentho, s/d, s/p), muitos elementos contribuem para a desmotivação do professor em relação à elaboração do planejamento educacional. Des- taca-se, sobretudo, a exaustiva co- brança a que os professores são sub- metidos pelos coordenadores, orien- tadores e supervisores, a fim de que entreguem os planos em prazos cur- tíssimos. Além desse elemento, des- tacam-se, segundo o autor: a. O fato de os planos serem en- tregues e engavetados; b. O fato de a escola fazer seus projetos e estes ficarem esque- cidos; c. Escolas com textos belíssimos na sua filosofia, na agenda es- colar, no regimento, e práticas bastante arcaicas e contradi- tórias; d. Escola faz o projeto político- pedagógico; muda a direção (ou o governo), e o projeto é simplesmente arquivado; e. Escola faz proposta pedagógi- ca só porque a Delegacia de Ensino ou a mantenedora pe- diu “para cumprir lei” (projeto vitrine); 6 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL f. Planos copiados do livro didá- tico, do colega (da mesma es- cola ou de outras), ou de um ano para outro; g. Falta de interesse e motivação do professor que desistiu de combater as mazelas e os ví- cios do planejamento inflexí- vel, autoritário, hierárquico e cerceador. Porém, devemos destacar o fa- to de os professores desconfiarem do planejamento como um instru- mento controlador e que cerceia a criatividade em sala de aula. Embo- ra muitos educadores concordem com a ideia e necessidade do plane- jamento, os docentes percebem que o suposto planejamento é mera bu- rocracia, formalidade e destituído de propósitos educacionais práticos. Portanto, os fatores que atuam na desmotivação dos professores em relação ao planejamento podem ser classificados em: Intrínsecos: Desinteresse do professor por sua profissão; desmotivação para solucionar problemas em equipe; falta de argumentação teórica para combater os elementos des- toantes do planejamento, etc. Extrínsecos: Impossibilidade de agir conscienciosamente; de ser sujeito ativo e capaz de controlar todas as fases do planejamento; cobrança por parte da supervisão para que o planejamento seja cumprido sem alteração e no prazo de- terminado, etc. (BENTHO, s/d, s/p). Continuando sua explanação Bentho (s/d, s/p) afirma que uma gestão eficiente procurará dar signi- ficado ao planejamento. Para que is- to seja possível é necessário que: a. Haja percepção por parte dos gestores e docentes da necessi- dade de mudança; b. O planejamento seja ressig- nificado, resgatando sua ne- cessidade e possibilidade em dois níveis: geral e específico. Conforme Santos (2000, apud Bentho, s/d, s/p), a significa- ção do planejamento dependerá da dinâmica dos grupos. Pelo menos três dimensões básicas do plane- jamento devem ser consideradas: a realidade, a finalidade e o plano de ação. Segundo Santos (2000), “o plano de ação pode ser fruto da tensão entre a realidade e a fina- lidade ou o desejo da equipe”. Para o autor “o planejamento só tem sentido se o sujeito coloca-se numa perspectiva de mudança”. E, justamente aqui encontram-se os maiores desafios do planejamento. Uma vez que não é o planeja- mento que muda a escola, mas as pessoas – os sujeitos que refletem a 7 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL respeito de sua práxis e formação – o planejamento torna-se um her- cúleo desafio, pois são as pessoas que devem mudar. E todo processo de mudança implica em desafios. Portanto, segundo a perspecti- va do autor é preciso desejar mudar e comprometer-se com a trans- formação. Fonte: https://www.globaltec.com.br/ Para a completa efetivação do planejamento e sua relação com a gestão democrática da escola, San- tos (2000, apud Bentho, s/d, s/p) afirma que não há qualquer técnica, processo e instrumento de planeja- mento que faça milagre, mas o que existem são caminhos mais ou menos adequados. Todavia, não é apenas necessário como também plausível a valorização coletiva, a participação, o diálogo e a formação da consciência crítica para resgatar o lugar do planejamento na prática educacional. Afirma o autor que, a cons- ciência, a intencionalidade e a parti- cipação são fundamentos marcantes para romper com o planejamento funcional, tecnocrático e normativo. Por conseguinte,é imperativo que o professor exerça a práxis reflexiva a respeito de sua prática, a fim de ser sujeito capaz de mudar a realidade que o cerca. É imprescindível que o professor ressignifique o planeja- mento como elemento indispensável ao processo ensino aprendizagem, pois assim resgatará a necessidade e possibilidade do ato de planejar. (BENTHO, s/d, s/p). 8 9 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 2. Teoria das Organizações da Administração e Gestão Educacional Fonte: Pinterest2 e acordo com Gonçalves e Do Carmo (2001, p 20), Paro (1996), afirma que a administração geral pode ser vista, tanto na teoria quanto na prática, sendo dois campos que se interpenetram, a racionalização do trabalho e a coordenação, levando em conta respectivamente, os elementos materiais e conceituais, de um lado, e o esforço humano coletivo de outro. 2 Retirado em https://www.pinterest.ca/ A administração surgiu nas so- ciedades mais primitivas em razão da necessidade de resolver proble- mas de interesse comum. Começan- do pela família, pela tribo, igreja, exército ou o Estado e acompa- nhando o desenvolvimento da com- plexidade da sociedade humana e com passar dos tempos surgiram novas propostas de administração. As exigências modernas, tanto do setor público como no privado, foram determinantes para o surgi- D 10 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL mento de estudos formais no campo da administração, em que Taylor estabelece, dentro dos princípios, a eliminação de desperdícios, o caráter científico dos processos produtivos e a eficiência da empre- sa. Frederick Winslow Taylor é considerado o “Pai da Administra- ção Científica” por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência e eficácia operacional na adminis- tração industrial. A Teoria Clássica da Administração foi idealizada por Henri Fayol. Caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional, pela visão do homem econômico e pela busca da máxima eficiência. Por sua vez Fayol propõe a precisão, a organização, o comando, a coor- denação e o controle com suas fases fundamentais através da adminis- tração como ciência. (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 20). Ainda de acordo com Gonçal- ves e Do Carmo (2001, p.21) outros estudos surgiram: Weber cria a bu- rocracia que estabelece uma estru- tura de poder e autoridade onde pro- põe que o trabalho só se torne pos- sível se baseado na competência téc- nica do indivíduo, e os cargos, na or- ganização, baseiam-se nos princí- pios de hierarquias e níveis de auto- ridades graduadas. Mayo (1940) apresenta a abordagem sistêmica que permite uma análise dos sis- temas sociais considerando o rela- cionamento com o ambiente. Mas adiante Kurt Lewin estabelece uma ligação entre a teoria social e a ação social através das ciências do com- portamento, contribuindo relativa- mente para os estudos da adminis- tração. A Teoria das Relações Huma- nas surgiu nos estados unidos como consequência imediata das conclu- sões obtidas na Experiência em Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi basicamente um movimento de rea- ção e de oposição à Teoria Clássica da Administração. Principais vultos: Elton Mayo (1880/1947), Kurt Lewin (1890/1947), John Dewey, Morris Viteles e George C. Homans), Historicamente, a Administra- ção da Educação no Brasil, em nome da racionalização, tem oscilado en- tre as ênfases na burocratização, na tecnocracia, na estrutura escolar e na gerência de verbas, com maior ou menor centralização e com todas as variações do uso das leis, das máqui- nas e dos modelos. Hoje, mais do que nunca se reivindicam e se esperam melhorias também na qualidade de serviços educacionais de modo geral e da for- mação básica de modo particular, apostando e considerando a capaci- 11 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL dade de cada pessoa para a constru- ção do conhecimento, na condição de agente, de sujeito que pensa, age, faz, reflete. O mundo da educação diz respeito às pessoas e ao seu con- texto sociocultural, aos sujeitos, aos acontecimentos, aos conflitos de li- berdade e de decisão e as condições de vida, tanto em plano individual como coletivo. A globalização do processo educativo torna imperioso que se busque um nível de inter- disciplinaridade e complementari- dade epistemológica para dar conta da consecução dos fins educacio- nais, (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 21). Explicando mais Gonçalves e Do Carmo (2001, p. 22) dizem que como parte da administração públi- ca a administração escolar é o estu- do da organização e do funciona- mento de uma escola ou de um sis- tema escolar, de acordo com uma finalidade de satisfazer as exigências da política da educação e aos requi- sitos da moderna pedagogia. É uma administração especializada, refe- rindo-se também a empreendimen- tos particulares visto que várias ins- tituições mantêm estabelecimentos de diferente grau de ensino, porém, com os mesmos princípios adminis- trativos. A Administração Escolar pressupõe uma filosofia e uma polí- tica que a norteiam, seguindo a prio- ridade estabelecida para a educação resultante de uma reflexão profun- da, sistemática e contextual dos pro- blemas educacionais da realidade. Paro (apud Silva Júnior, 1994) assim se expressa quanto a Administração Escolar: Se a ótica de quem es- tabelece a política educacional prio- riza o intelectualismo e o professor como centro do processo educacio- nal, se tem uma educação tradicio- nal. Se priorizar o aluno ativo e cen- tro do progresso educativo, se tem uma educação escolar novista. Se priorizar o aluno concreto, projeto político na sociedade, se tem uma educação progressista. Fonte: https://blogs.adobe.com/ A administração tem por fina- lidade conseguir economia do tem- po, enquanto que a administração escolar o objetivo é educar as crian- ças, os jovens e os adultos. É tarefa diferente de qualquer outra admi- nistração, muito mais complexa. A administração escolar envolve não só as crianças, pais, mestres e fun- 12 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL cionários, mas toda a coletividade e envolve também os próprios interes- ses nacionais. A educação é um tra- balho não-material em que o produ- to não se separa do processo de pro- dução, não se inscrevendo, portanto na esfera da produção material de cujo âmbito emergiu o modelo em- presarial de administração. A apropriação do conhecimen- to sobre o trabalho pelo administra- dor, sua categorização, classificação, estruturação etc., constituem para Taylor o primeiro grande princípio da organização do trabalho “dos ou- tros”. Por ele o processo de trabalho se dissocia das especialidades dos trabalhadores. Braverman destaca efetivamente o que ocorreu na esco- la das relações humanas. Pois, não ocorreu o deslocamento da preocu- pação com a situação de trabalho para a preocupação com a pessoa do trabalhador. O que houve foi a des- coberta, logo incorporada após fato- res de incremento da produtividade. Indiferente à felicidade ou a infeli- cidade pessoal do trabalhador, o capitalista persegue o objetivo básico e necessário: a expansão do seu capital. Pode-se reduzir, sem dúvida, a diferença entre trabalho necessário e trabalho excedente, aumentando a remuneração do trabalhador pela utilização de sua força de trabalho. A gerência “científica”, nos termos de Taylor e as “relações hu- manas no trabalho”, como querem Mayo e seguidores, encarregam-se de referendar e legitimar o paradoxo da condição humana no trabalho. Diante desta constatação está fada- do a erro aquele que deseja aplicar à Administração Escolar as inovaçõeshoje introduzidas na Administração da Empresa, pois a diferença entre ambas é inegável. Na escola não se tem setores de produção como com- pra, venda, distribuição, mercado que tem nas empresas onde o lucro faz peso nos objetivos. A escola deve ter objetivos muito mais elevados: formar cidadãos íntegros, que ve- nham a ser úteis à comunidade e ca- pazes de dirigir os destinos da pá- tria, ou seja, trabalhar com pessoas e suas diferenças individuais. Deve- se considerar a mão de obra especia- lizada exigida (hoje pela lei federal 9394/96 – cap. X, para todos os pro- fissionais da educação). Essa mão de obra é tanto mais eficiente quanto mais possuída pelo elevado ideal de educar. Assim ao examinar a impor- tância da administração na escola e suas peculiaridades, há que se con- siderar a influência e a relação da escola no seu contexto social e políti- co, especialmente, a subjetividade na construção do conhecimento, os valores e a hierarquia desses valores que presidem o estabelecimento de 13 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL metas e prioridade. O comporta- mento administrativo manifesta seu alcance pedagógico de várias manei- ras, considerando os conceitos rele- vantes e esclarecedores, relativos à administração, que podem subsidiar a prática administrativa escolar. (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 23-24). Segundo Maciel (1986, apud Gonçalves, Do Carmo, 2001, p. 25) os elementos estabelecidos por Fayol para administração em geral científica são basicamente os mesmos elementos da administra- ção escolar, apenas substituindo a previsão por planejamento. Mas não se trata somente de substituir palavras, pois há uma diferença significativa, na prática. Planejamento Tem como ponto de partida o conhecimento da realidade onde o processo educativo se desenvolverá. Para tal é necessário que se façam coletas de informações sobre os as- pectos significativos da realidade, seguindo-se a análise e interpreta- ção das mesmas e cujo resultado será subsídio ao planejamento. O planejamento deverá considerar os múltiplos aspectos que deverão ser abrangidos pela ação administra- tiva. O Planejamento deverá ser rea- lizado com maior esmero, devido à importância que representa quanto ao êxito da administração escolar e aos benefícios que oferecerá aos educadores e a sociedade. Organização É o ato de compor a estrutura da instituição escolar. Estruturação das unidades operacionais os colocando no setor correspondente. Seleção de pessoal capaz de desempenhar satisfatoriamente as tarefas. Estabelecimento claro das funções de cada um, especificando as inter-relações hierárquicas. Ela- boração de documentos, o manual de organização que contenha todas as informações necessárias ao bom funcionamento da instituição. Pro- vidências quanto aos recursos físi- cos, materiais e financeiro que garantam o êxito do empreendi- mento. A estrutura do sistema educacional já está estabelecida e qualquer alteração necessita da aprovação do Poder Legislativo. Execução Nesta etapa o administrador deve utilizar-se dos melhores recur- sos da comunicação, bom senso, da empatia, e, acima de tudo, integra-se ao grupo, pois o autoritarismo e a omissão são abomináveis. Mas a priori o administrador escolar deve 14 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL verificar se todos os recursos neces- sários estão disponíveis, antes de iniciar a execução da atividade edu- cativa, a fim de que os seus execu- tores não tenham seus trabalhos prejudicados. O administrador du- rante a execução deve ter uma pos- tura de acompanhamento, apoio e cobrança, bem como de coordena- ção de esforços visando ao alcance de objetivos comum. Avaliação É realizada sobre os aspectos quantitativos e qualitativos. Em ter- mos qualitativos são considerados: número total de matrículas, fre- quência, rendimento escolar, evasão e repetência, recursos financeiros aplicados, cumprimento de crono- grama. Em termo qualitativo a ava- liação se traduz na credibilidade que a ação educativa adquiriu no seio do sistema social em que se desen- volveu, em face da satisfação, das necessidades e expectativas do mes- mo, sem deixar de estabelecer crité- rios de parâmetros, valores de con- cepção educativos que venham aten- der somente as classes dominantes em detrimento das classes po- pulares. Estabelecidos os objetivos e desencadeadas as ações, é preciso saber se realmente essas ações se di- rigem para os objetivos e até que ponto esses objetivos estão sendo al- cançados na educação. Durante lon- go período a administração da edu- cação, construiu uma tarefa bastan- te rudimentar. As transformações que surgiram, tanto no interior do sistema do ensino, quanto no meio social provocaram mudanças na concepção da educação, do papel da escola na sociedade bem como dos seus gestores. (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 25-26). Para Gonçalves, Do Carmo (2001, p. 27) o conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo peda- gógico, à participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante a um compromisso coletivo com resulta- dos educacionais cada vez mais sig- nificativos. Gestão é uma expressão que ganhou destaque no contexto educacional acompanhando uma mudança de paradigmas no cami- nho das questões desta área, ou seja, é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e planejamento do seu trabalho. A tomada de consciência política re- veste de importância fundamental para a participação e a criação de um sistema hegemônico, constituindo assim uma consciência crítica que não se dá espontaneamente, mas 15 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL ocorre em uma ação organizada. Assim a gestão como um novo modo de ser do novo intelectual deve consistir ativamente na vida prática. (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 27). Ainda para Gonçalves, Do Carmo (2001, p. 28) considerando o já exposto, podemos afirmar que ser administrador não é a razão da exis- tência da escola, mas sim o seu espaço-tempo da prática pedagógica em que a criança e o jovem relacionam-se entre si, com os professores, ideias, valores, ciências e arte cultural, livros, equipamentos, problemas e desafios, concretizando a missão da escola de criar a opor- tunidade para que ele se desenvolva, construam e reconstruam o saber. Não será a eliminação dos especia- listas, nem a abertura ou delegação de suas funções especificas a todos os professores, ou ainda a eleição direta para diretor de escola a garantia de sucesso no alcance de resultados satisfatórios da prática pedagógica de sua gestão demo- crática Caminhar na direção da democracia na escola, na construção de sua identidade como espaço- tempo como organização e com um projeto político pedagógico próprio, com base nas convicções que envol- vem o processo como construção coletiva, VEIGA (2001, p. 51, apud, Gonçalves, Do Carmo, 2001, p. 28), assim supõe ser necessário: Rompimento com as estrutu- ras mentais e organizacionais fragmentadas; Definição clara e princípios e diretrizes contextualizadas, que projetem o vir-a-ser da escola; Envolvimento e vontade polí- tica da comunidade escolar para criar a utopia pedagógica que rompe com o individua- lismo e estabelece a parceria e o diálogo franco; Conhecimento da realidade escolar baseado em diagnós- tico sempre atualizado e acompanhado; Análise e avaliação diagnóstica para criar soluções às situa- ções problemas da escola, dos grupos, dos indivíduos; Planejamento participativo que aprofunde compromissos estabeleça metas claras e exequíveis e crie consciência coletiva com basenos diag- nósticos: geral, das áreas, por componentes curriculares, por setor escolar, por grupos de professores, por pessoas nos grupos. Diante destas categorias pode- mos afirmar o quão é preciso pensar que existe uma administração esco- lar instalada, e que essa é conduzida por profissionais autorizados a um exercício legal com o mínimo de processo decisório. Sobre o que e a 16 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL partir de que o administrador decide e o que deverá ser encetado. Já as decisões mais frequentes do diretor da escola são as do ponto de vista técnico que segundo Celes- tino Junior (1990), são “decisões operativas” que dizem respeito ape- nas ao modo de execução de delibe- rações estabelecidas em instância mais altas do sistema. O que temos observado é que o mais das vezes, o diretor da escola decide como será a atuação mais aceitável que virá cola- borar para que administração do sis- tema resolva seus próprios proble- mas. (...) Para isso ele precisa decidir delegando de forma simples uma força institucionalizada. Que é cre- denciado pelo seu saber, ele detém o poder de decisão, pois é ele quem autoriza, credencia e detém a con- fiança de seus pares. (...) Pela crescente complexidade das organizações e dos processos so- ciais caracterizados pela diversifica- ção e pluralidade de interesses que envolvem e a dinâmica das intera- ções desses interesses, não se pode aceitar que essas organizações sejam administradas dentro de uma visão conceitual da administração científi- ca, onde a organização e as pessoas que nela atuam são consideradas como componentes de uma máqui- na manejada e controlada de fora para dentro. Ainda segundo esse en- foque os problemas recorrentes se- riam, sobretudo encarados como in- sumos em desconsideração ao seu processo e dinamização de energia social. Os estabelecimentos de ensi- no, como unidades sociais, são orga- nismos vivos e dinâmicos e como tal devem ser entendidos ao se caracte- rizarem por uma rede de relações entre os elementos que nelas inter- ferem, direta ou indiretamente a sua direção demanda um novo enfoque de organização. E é a essa necessida- de que a gestão tenta responder. (GONÇALVES, DO CARMO, 2001, p. 31). 18 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 3. Modelos de Gestão Educacional Fonte: Brasil El Pais3 Na Escola e acordo com Sousa (2008, s/p) a gestão educacional pas- sa pela democratização da escola sob dois aspectos: a. Interno: que contempla os processos administrativos, a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógi- cos; b. Externo: ligado à função so- cial da escola, na forma como produz, divulga e socializa o conhecimento. 3 Retirado em https://brasil.elpais.com/ O fato de que a ideia gestão educacional desenvolve-se associa- da a um contexto de outras ideias como, por exemplo, transformação e cidadania. Isto permite pensar ges- tão no sentido de uma articulação consciente entre ações que se reali- zam no cotidiano da instituição escolar e o seu significado político e social. A valorização da escola priva- da como solução para demorati- zação da educação está comprome- tendo algumas conquistas gestadas por ocasião da Constituição Cidadã D 19 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL de 1988. Não há dúvida que o mo- vimento de gestão democrática da educação avançou nas décadas de 80 até meados da década de 90. Ho- je, este movimento sofre retroces- sos, embora a Lei de Diretrizes e Ba- ses da Educação 9.394 de 20 de de- zembro de 1996 tenha confirmado a participação não só na gestão da es- cola, mas também na construção do projeto político pedagógico, de acor- do com a regulamentação em leis municipais. No entanto esta participação não se consolidou na gestão da edu- cação e muito menos nas propostas pedagógicas das escolas. Três moti- vos explicam esta situação precária da gestão da escola. Primeiro, o pro- jeto político conservador que está embutido nas práticas administrati- vas. A administração ou é excessiva- mente burocrática e controladora privilegiando a uniformidade, disci- plina e homogeneidade dificultando qualquer gesto de criatividade ou in- corpora práticas de programas em- presariais de qualidade total. Segun- do, a falta de formação ética e políti- ca dos gestores eleitos privilegiam interesses privados em detrimento dos coletivos e públicos. Terceiro, a confusão estabelecida pelo pragma- tismo das políticas neoliberais de privatização no setor administrativo público, de tal forma que nem diri- gentes em seus cargos administrati- vos nem dirigidos conseguem distin- guir mais o que é público e o que é privado. Como construir neste con- texto uma participação democrática na gestão e na construção da propôs- ta pedagógica da escola? Os gover- nos neoliberais entendem que pro- postas de participação da comunida- de na administração das escolas de- vam ser através de programas como: Amigos da Escola, Dia da Família na Escola, Escolas de Paz, Associações de Apoio à Escola e/ou Organizações não governamentais. Os educadores e pesquisadores entendem que não é suficiente permanecer na denúncia. Isto a mídia o faz muito bem. (SOU- SA, 2008, s/p). Ainda de acordo com Sousa (2008, s/p) é fundamental lutar pa- ra manter as conquistas democráti- cas constitucionais. É preciso ir além e se comprometer com uma constru- ção democrática cotidiana em dife- rentes setores da sociedade e do Es- tado. As práticas do cotidiano esco- lar constituem um horizonte para o surgimento, crescimento e consoli- dação de um projeto democrático al- ternativo. A investigação das práti- cas docentes, administrativas e cul- turais é este horizonte que aponta uma direção. Afinal, a quem servem estas práticas? Que projeto de so- ciedade e de Estado está embutido no diálogo dos educadores e educan- dos? Que significado possui a inter- 20 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL locução entre saberes acadêmicos e saberes de experiência feitos? Con- forme ensinara Paulo Freire? A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determina- ções: Art. 14 - Os sistemas de ensino defi- nirão as normas da gestão democrá- tica do ensino público na educação básica, de acordo com as suas pecu- liari-dades e conforme os seguintes princípios: I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. Participação das comunidades escolares e local em conselhos esco- lares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino as- segurarão às unidades escolares pú- blicas de educação básica que os in- tegram progressivos graus de auto- nomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público. Cabe aqui, nesta regulamen- tação o princípio da autonomia dele- gada, pois esta lei decreta a gestão democrática com seus princípios vagos, no sentido de que não estabe- lece diretrizes bem definidas para delinear a gestão democrática, ape- nas aponta o lógico, a participação de todos os envolvidos. Nesse ínte- rim, o caráter deliberativo da auto- nomia assume uma posição ainda articulada com o Estado. É preciso que educadores e gestores se reedu- quem na perspectiva de uma ética e de uma política no sentido de criar novas formas de participação na es- cola pública, tais como ouvindo, re- gistrando e divulgando o que alunos e comunidade pensam, falam, escre- vem sobre o autoritarismo liberdade da escola pública e as desigualdades da sociedade brasileira. É tecendo redes de falas e de registros, ações e intervenções que surgirão novos movimentos de participação ativa e cidadã (SOUSA, 2008, s/p). Continuando Sousa(2008, s/p) diz que o novo paradigma da administração escolar traz, junto com a autonomia, a ideia e a reco- mendação de gestão colegiada, com responsabilidades compartilhadas pelas comunidades interna e externa da escola. O novo modelo não só abre espaço para iniciativa e partici- pação, como cobra isso da equipe escolar, alunos e pais. Ele delega po- deres (autonomia administrativa e orçamentária) para a Diretoria da Escola resolver o desafio da qualida- de da educação no âmbito de sua instituição. Em certa medida, esta nova situação sugere o papel do úl- timo perfil de líder mencionado: o que enfrenta problemas "intratá- veis", cuja solução não é técnica, mas de engajamento e sintonia com o grupo que está envolvido e que tem 21 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL muito a ganhar com a superação do desafio. No caso da escola, a qualidade da educação é interesse tanto da equipe escolar, quanto dos alunos e de suas famílias (além do Estado, das autoridades educacionais e da nação como um todo). Sua melhoria depende da busca de sintonia da escola com ela mesma e com seus usuários. Uma escola de qualidade tem uma personalidade especial, que integra os perfis (aspirações e valores) de suas equipes internas, alunos, pais e comunidade externa. Desenvolvimento profissional de professores e funcionários. Estados planejaram investir em programas de capacitação de professores e diri- gentes escolares, incluiu um pro- grama de capacitação em liderança de escolas estaduais inovador basea- do na escola. O enfoque da capa- citação prático e não teórico. Os programas e seu material de apoio são desenvolvidos por grupo de trei- namento central. O objetivo dos es- tados participantes é reforçar o con- teúdo de capacitação e desenvolver escolas para demonstração. O fator crítico para o alcance do objetivo do estado é de descentralizar o pro- cesso divisório das escolas. Por que incentivar o desenvolvimento dos professores e funcionários. As duas razões principais para que se tenha uma forte ênfase ao desenvolvimen- to dos funcionários e professores são: crescimento profissional e de- senvolvimento pessoal. Os funcio- nários devem se sentir motivados para treinar e aprender mais na área em que atua, isto vai ser lucro para ambas as partes escola e funcioná- rio. Os diretores poderão crescer mais em seus projetos e desenvolver cada vez melhor seu “perfil”, sendo capaz de solucionar problemas com decisões certas. Porque sem este de- senvolvimento os diretores toma- vam decisões baseadas apenas em experiências e muitas vezes sem di- nâmicas e sem percepção. Estratégias participativas do desenvolvimento de pessoal. Tanto os professores como os gestores de- vem ser envolvidos na concepção de programas de desenvolvimento de pessoal. Há cinco elementos chave de uma abordagem participativa de desenvolvimento pessoal. 1. Consultar o pessoal sobre o que consideram necessário para promover o seu próprio crescimento e aprimorar o seu desempenho. 2. Retribuir eu reconhecer o tem- po dedicado à participação em atividades de desenvolvimen- to de pessoal. 3. Utilizar os quatro princípios de programas de capacitação eficazes. Esses princípios são: 22 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL a. Envolver os participantes na apresentação de concertos, ideias, estratégias e técnicas; b. Planejar a aplicação dos conceitos acima. c. Dar aos participantes feedback sobre o uso de novos concei- tos. d. Permitir que os participantes aplicassem seus novos conhe- cimentos. 4. Certificar-se de que o diretor da escola está presente e parti- cipar de todos os programas realizados em serviços. 5. Acompanhar a utilidade de cada atividade de desenvolvi- mento profissional, após a rea- lização da mesma. (SOUSA, 2008, s/p). Instituições de Ensino Superior Segundo Nazareth (2009, s/p) na contemporaneidade o termo ges- tão é muito discutido em vários âm- bitos da sociedade. Em se tratando de gestão da educação muito são as óticas existentes. Alguns pesquisa- dores referem-se à gestão adminis- trativa de uma instituição e outros aos processos pedagógicos e admi- nistrativos. Apropriando-se dos co- nhecimentos de Bordignon, Gracin- do (2001), a literatura educacional utiliza os termos Gestão da Educação e Administração da Edu- cação ora como sinônimos, ora como termos distintos. O termo gestão, às vezes, é utilizado como sendo um processo dentro da ação administrativa; algumas vezes é apresentado como sendo a intenção de politizar a ação administrativa; outras vezes, ainda, aparece com a conotação de prática Gestão do ensino superior (IES). Ainda tratando-se de gestão, Nóbrega (2004 apud Braga, Montei- ro, 2005), afirma ser um processo pragmático, no qual o que interessa é o resultado e não o esforço. A ciên- cia da gestão tem tudo a ver com o aprendizado, ou seja, é uma ciência de aprender as circunstâncias e agir de acordo com elas. Partindo desse conceito, faz-se necessário conhecer os modelos de gestão que trilham as Instituições de Ensino Superior. De acordo com Lima (1999) um modelo de gestão normalmente é definido como: uma forma ideal, uma forma de estruturação, um con- junto articulado de preceitos legais, uma hierarquia, um conjunto estru- turado de princípios e regras, uma forma de alcançar a eficácia e a ma- ximização dos recursos. A literatura apresenta vários modelos de gestão, porém convêm destacar dois que são mais utilizados no IES, a gestão democrática participativa e o técnico-científico. Em se tratando da 23 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL gestão democrática participativa, Libâneo (2005), diz que a partici- pação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas deci- sões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de im- plementação, acompanhamento e avaliação. (NAZARETH, 2009, s/p). Assim diz Nazareth (2009, s/p), percebe-se como a gestão está relacionada com a tomada de deci- sões. Já a gestão técnica cientifica segundo Paro (2001) e Libâneo (2005) afirmam que nesse modelo, existem os técnico-formuladores das políticas que detinham o conheci- mento e que, portanto, traçavam os caminhos, as metas e as estratégias que a escola deveria seguir para as- segurar a boa condução do trabalho pedagógico, garantindo, assim, a efetivação de uma educação de qua- lidade. Efetivação de uma educação qualidade. Considerando esses modelos de gestão, acredita-se que para as Instituições de Ensino Superior há ainda um grande a ser desafio a ser contido. Em geral as instituições mesclam esses modelos, embora teoricamente se digam democrática participativa, mesmo ancorada pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de 1996. Essa negação à política federal prejudica a qualida- de educacional, perdendo de vista a administração geral, a administra- ção acadêmica e a integração social causando a falta de comprometi- mento com as necessidades dos clientes (NAZARETH, 2009, s/p). Segundo Tachizawa (2006, apud Nazareth, 2009, s/p), a quali- dade deve ser entendida como um processo de gestão em estreita inte- ração com a gestão estratégica da IES. A instituição moldada na gestão técnico-científica (também chama- do como científico-racional) preva- lece à estrutura organizacional, vi- sando atingir seus objetivos. Suas características baseiam-se na reali- dade como um todo estruturado e advogam a neutralidade da relação ente sujeito e objeto do conhecimen- to (Libâneo, 2005), contrariando a proposta democrática. Neste caso,é preciso aprimorar sempre seus pro- dutos, serviços e processos, e tam- bém adaptar sua estrutura organiza- cional à realidade de constantes in- certezas, que podem representar ameaças ou oportunidades da ins- tituição. Contudo superar as fraquezas e ameaças que rondam o IES é uma questão de honra para todos os ato- res do processo educacional. E é nes- sa perspectiva que a gestão escolar 24 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL pode contribuir valorizando a for- mação de lideranças, motivação, o desenvolvimento de novos conheci- mentos, habilidades e atitude funda- mentada em concepções e não mais em modelos (LIBÂNEO, 2005). Cabe ao IES ser uma instância crítica, com espaço para que todos possam ter participação garantida. Contribuir para a inclusão social, comprometendo-se explicitamente a favor da ecologia, de uma socieda- de menos desigual, contra a violên- cia, o racismo e a exploração. (NA- ZARETH, 2009, s/p). Instituições de Ensino Superior Privadas De acordo com Kobs, Reis (2008, p.8) para que uma universi- dade privada se torne competitiva no mercado de efetivo crescimento e de maior oferta que a demanda, deve procurar aperfeiçoar continuamente seus produtos, serviços e processos, e também adaptar sua estrutura or- ganizacional à realidade de cons- tantes incertezas, que podem repre- sentar ameaças ou oportunidades. O artigo 1º do Decreto 3860 classifica as IES em públicas e pri- vadas. São instituições públicas quando criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Po- der Público; e instituições privadas quando mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Conforme o artigo 3º do Decreto 3860, as pessoas ju- rídicas de direito privado, mantene- doras de IES, poderão assumir qual- quer das formas admitidas em di- reito de natureza civil ou comercial, e, quando constituídas como funda- ção, serão regidas pelo disposto no artigo 24 do Código Civil Brasileiro. As entidades mantenedoras de IES sem finalidade lucrativa publicarão, para cada ano civil, suas demonstra- ções financeiras certificadas por au- ditores independentes e com pare- cer do respectivo conselho fiscal, conforme disposto no artigo 5o do Decreto 3860. E as entidades man- tenedoras de IES com finalidade lu- crativa, ainda que de natureza civil, deverão elaborar, em cada exercício social, demonstrações financeiras atestadas por profissionais compe- tentes, segundo artigo 6º do mesmo decreto, (KOBS, REIS, 2008, p. 9). Segundo os autores as IES públicas podem ser: 1. Federais - mantidas e admi- nistradas pelo Governo Fe- deral; 2. Estaduais - mantidas e admi- nistradas pelos governos dos estados; 3. Municipais - mantidas e admi- nistradas pelo poder público municipal. 25 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL As IES privadas podem se organizar como: 1. Instituições privadas com fins lucrativos ou particulares em sentido estrito - instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado; As IES sem fins lucrativos podem ser: 1. Comunitárias - instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas ju- rídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que in- cluam, na sua entidade mante- nedora, representantes da co- munidade; 2. Confessionais - instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurí- dicas que atendam à orienta- ção confessional e ideológica específicas; 3. Filantrópicas - são as institui- ções de educação ou de assis- tência social que prestam os serviços para os quais foram instituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter complemen- tar às atividades do Estado, sem qualquer remuneração. (KOBS, REIS, 2008, p. 9-10). De acordo com Tachizawa (2004, apud Kobs, reis, 2008, p. 10), o setor educacional é composto pelas IES e quando analisados apenas os estabelecimentos de ensino de nível superior de caráter privado, caracteriza-se por: 1 Diferenciação das instituições de ensino em função de sua localização geográfica, tanto em termos qualitativos (porte, tipos de cursos oferecidos, qualificação do corpo docen- te), como em termos quanti- tativos, em face do diferente grau de concentração geográ- fica de IES, por região do país; 2 Baixa concentração de IES em suas áreas geográficas de atuação; 3 Interdependência entre as IES da mesma região, onde com- portamento e desempenho de uma instituição têm reflexo direto sobre as demais; 4 Não existência de grande di- versidade entre as tecnologias educacionais e a de processos utilizados pelas instituições; 5 Existência de barreiras legais e governamentais à entrada de novas instituições; 6 Elevada regulamentação esta- tal/governamental; 7 Competição básica via lança- mento de novos cursos, em busca de novos clientes; 26 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 8 Significativo volume de inves- timentos e de capital para em- trada no setor; 9 Produto gerado – alunos – de- tentor de alto conteúdo tecno- lógico e de conhecimento; 10 Pouca diferenciação de produ- tos por parte das instituições, em que a diferenciação dá-se no nível da qualidade e das especificações didático peda- gógicas; 11 Instituições de ensino já insta- ladas detêm significativo con- trole sobre o setor em sua área de atuação, com domínio dos fornecedores/docentes da re- gião. (KOBS, REIS, 2008, p. 11). Ainda Kobs, Reis (2008, p. 11) dizem que a gestão, segundo Nóbre- ga (2004 apud BRAGA; MONTEI- RO, 2005, p. 150), é um processo pragmático, no qual o que interessa é o resultado e não o esforço. A ciên- cia da gestão tem tudo a ver com o aprendizado, ou seja, é uma ciência de aprender as circunstâncias e agir de acordo com elas. Ainda para este autor, gestão é a busca de critérios para a tomada de decisão com base em evidência empírica e no seu valor preditivo. Em gestão, a evidência empírica vem do nosso aprendizado com a observação dos acontecimen- tos e seus resultados. Assim, como a gestão está re- lacionada com a tomada de decisões, convém observar o conceito de ges- tão estratégica, que, para Braga e Monteiro (2005, p.150), “é um pro- cesso administrativo que visa dotar a instituição da capacidade de ante- cipar novas mudanças e ajustar as estratégias vigentes com a necessá- ria velocidade e efetividade sempre que for necessário”. Para Sabia e Rossinholi (2001) as Instituições de Ensino Superior apresentam uma gestão tradicional, que possuem: uma estrutura organi- zacional verticalizada, com formato piramidal, na qual cada função hie- rarquicamente inferior está sob con- trole e supervisão da mais alta, quer dizer, daquela que lhe é imediata- mente superior, assegurando uni- dade de controle. A organização do trabalho é estabelecida por meio da departamentalização por função. O processo decisório é centralizado, ou seja, as decisões são tomadas pelo proprietário ou pelos sócios, de tal maneira que a figura do dono é muito forte. É ele quem detém o po- der, os níveis hierárquicos mais bai- xos praticamente não possuem po- der de decisão. O planejamento é rudimentar, existindo apenas em al- gumas áreas específicas e estas des- vinculadas umas das outras. Por ou- tro lado, não existem instrumentos efetivos de controle. A configuração 27 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL organizacional é essencial para um melhor desempenho no processo de gestão. Normalmente prevalece nu- ma instituição de ensino a estrutura tradicional, do tipo verticalizada e funcional. (TACHIZAWA, 2006, apud KOBS, REIS, 2008, p.). Para Kobs, Reis (2008, p. 10) como propõe o Decreto n. 2026, qualquer que seja a alternativa orga- nizacional adotada, deve-seobser- var os seguintes aspectos: Administração geral: efetivi- dade do funcionamento dos órgãos colegiados com eficiên- cia das atividades-meio em re- lação aos objetivos finalísticos; Administração acadêmica: adequação dos currículos dos cursos de graduação e da ges- tão da sua execução, e dos cri- térios e procedimentos de ava- liação do rendimento escolar; Integração social: avaliação do grau de inserção da instituição na comunidade, por meio de programas de extensão e de prestação de serviços; Produção científica, cultural e tecnológica: avaliação da pro- dutividade em relação à dispo- nibilidade de docentes, quali- ficados considerando-se o seu regime de trabalho na insti- tuição. Conforme modelo de gestão proposto por Tachizawa (2006), procura-se estabelecer uma com- preensão dos processos sistêmicos como um todo, através do instru- mento analítico fluxo básico da ins- tituição (instrumento analítico cria- do com a aplicação do enfoque sis- têmico e destinado à solução de pro- blemas organizacionais), com base na configuração organizacional esta- belecida. Processos sistêmicos é um conjunto de tarefas – partes em que se desdobram o processo sistêmico, ou seja, é o conjunto de atividades que produzem um resultado/pro- duto/serviço – com um ou mais itens de controle, realizado por vá- rias pessoas. Deve haver um gestor de processo, podendo ser o respon- sável por um determinado órgão. Um chefe de departamento de en- sino pode ser o coordenador do cur- so, ou o gestor do processo ensino- aprendizagem de um determinado curso. Para a gestão estratégica na IES, é importante conhecer os pro- cessos, que, segundo Tachizawa (2006), compostos por um conjunto de tarefas executadas a partir de insumos e transformadas em produ- tos, devem ser caminhos lógicos e fluentes para a concretização dos objetivos e estratégias, desde que exista a finalidade para o processo sistêmico. Incorporando-se as enti- dades relevantes do processo (forne- cedores e clientes) no contexto da IES como um todo, tem-se o fluxo básico da instituição. 28 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL O modelo da IES proposto por Tachizawa (2006) se dá como um fluxo de processos ou fluxo básico da instituição, o qual deve iniciar com a descrição da finalidade, que é o propósito maior da IES, devendo guardar estreita coerência com a missão da IES. A finalidade diz res- peito ao cliente externo (admissão, matrícula, ensino, avaliação e certi- ficação). Posteriormente à explicita- ção da finalidade, devem ser inse- ridos, no fluxo básico da instituição, os produtos e respectivos clientes extraídos da própria descrição da finalidade do processo, associando cada produto às tarefas pertinentes, e a estas, os insumos e respectivos fornecedores. (KOBS, REIS, 2008, p. 12) Os indicadores de gestão po- dem ser classificados, conforme Ta- chizawa (2006), na forma de: indi- cadores de negócio, indicadores de desempenho global e indicadores de qualidade e de desempenho. (...) Cada instituição deve ter seu pró- prio conjunto de indicadores, no qual podem ser considerados alguns fatores básicos, ou áreas de abran- gência das métricas, tais como: ges- tão global (podem ser aferidos indi- cadores voltados para o grau de lide- rança da alta direção, responsabili- dade comunitária e resultados eco- nômicos); satisfação do cliente (po- dem ser mensurados os requisitos e as expectativas dos clientes, recla- mações e resultados inerentes ao grau de satisfação, por exemplo); qualidade dos produtos, bens ou ser- viços (podem ser considerados lan- çamentos de produtos/serviços no mercado, qualidade do processo do negócio e dos serviços de apoio e melhoria contínua); e recursos hu- manos (podem ser mensurados itens como gestão de recursos hu- manos, envolvimento dos funciona- rios, reconhecimento e desempe- nho, e bem-estar e motivação do pessoal da IES). (KOBS, REIS, 2008, p. 14). 29 30 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 4. Planejamento como Meio de Implementação de Políticas Educacionais Fonte: Engenharia Urbana4 ara Teixeira (2005, s/p) a educação é hoje em dia conce- bida como fator de mudança, reno- vação e progresso. Por tais circuns- tâncias o planejamento se impõe, neste setor, como recurso de organi- zação. É o fundamento de toda ação educacional. Como toda inovação ou mudança vai encontrar resistências. O planejamento é a forma de geren- ciar essas mudanças para que sua implantação se realize com o míni- mo de resistências. A educação, por ser considera- da um investimento indispensável à globalidade desenvolvimentista, 4 Retirado em https://www.engenhariaurbana.com.br/ passou, nos últimos decênios de nosso século a merecer maior atenção das autoridades, legisla- dores e educadores, pelo menos no mundo desenvolvido. Amparados em legislação pertinente, foram de- sencadeados processos de acelera- ção, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos. O planejamento educacional põe em relevo esta área, integrando- a, ao mesmo tempo, no progresso global do país. Nessa ampla perspec- P https://www.engenharia/ 31 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL tiva constatamos que planejamento educacional é: Processo contínuo que se pre- ocupa com o “para onde ir” e “quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibili- dades futuras, para que o de- senvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da socie- dade, quanto às do indivíduo. (COARACY, 1972, p.79, apud TEIXEIRA, 2005, s/p). Processo de abordagem racio- nal e científica dos problemas da educação, incluindo defini- ção de prioridades e levando em conta a relação entre os di- versos níveis do contexto edu- cacional. Objetivos do Planejamento Educacional Fonte: https://dfprojetos.com.br/ São objetivos do planejamento educacional, segundo Joanna Coa- racy: Relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país, em geral, e de cada comu- nidade, em particular; Estabelecer as condições ne- cessárias para o aperfeiçoa- mento dos fatores que influem diretamente sobre a eficiência do sistema educacional (estru- tura, administração, financia- mento, pessoal, conteúdo, procedimentos e instrumen- tos) Alcançar maior coerência in- terna na determinação dos ob- jetivos e nos meios mais ade- quados para atingi-los; Conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sistema. Conforme Teixeira (2005, s/p) é condição primordial do processo de planejamento integral da educa- ção que, em nenhum caso, interesses pessoais ou de grupos possam des- viá-lo de seus fins essenciais que vão contribuir para a dignificação do homem e para o desenvolvimento cultural, social e econômico do país. Requisitos do Planejamento Educacional Os requisitos fundamentais do planejamento educacional são: Aplicação do método científico na investigação da realidade educativa, cultural, social e econômica do país; 32 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Apreciação objetiva das neces- sidades, para satisfazê-las a curto, médio e longo prazo; Apreciação realista das possi- bilidades de recursos huma- nos e financeiros, a fim de as- segurar a eficácia das soluções propostas; Previsão dos fatores mais sig- nificativos que intervêm no desenvolvimento do planeja- mento; Continuidade que assegure a ação sistemática para alcançar os fins propostos; Coordenação dos serviços da educação, e destes com os de- mais serviços do Estado, em todos os níveis da adminis- tração pública; Avaliação periódica dos planose adaptação constante destes mesmos às novas necessida- des e circunstâncias; Flexibilidade que permita a adaptação do plano a situações imprevistas ou imprevisíveis; Trabalho de equipe que garan- ta uma soma de esforços efica- zes e coordenados; Formulação e apresentação do plano como iniciativa e esforço nacionais, e não como esforço de determinadas pessoas, gru- pos e setores. (UNESCO, 1958, apud TEIXEIRA, 2005, s/p). O planejamento educacional tem como pressupostos básicos: O delineamento da filosofia da Educação do País, eviden- ciando o valor da pessoa e da escola na sociedade; A aplicação da análise siste- mática e racional ao processo de desenvolvimento da educa- ção, buscando torná-lo mais eficiente e passível de respon- der com maior precisão às ne- cessidades e objetivos da so- ciedade (TEIXEIRA, 2005, s/p). Continuando Teixeira (2005, s/p) diz que podemos, portanto, considerar que o planejamento edu- cacional constitui a abordagem ra- cional e científica dos problemas da educação, envolvendo o aprimora- mento gradual de conceitos e meios de análise, visando estudar a eficiên- cia e a produtividade do sistema educacional, em seus múltiplos as- pectos. Na esfera educacional o pro- cesso de planejamento ocorre em diversos níveis, segundo a magnitu- de da ação que se tem em vista rea- lizar. O planejamento educacional é o mais amplo, geral e abrangente. Prevê a estruturação e o funciona- mento da totalidade do sistema edu- cacional. Determina as diretrizes da política nacional de educação. A se- guir, temos o planejamento curri- cular, que está intimamente relacio- nado às prioridades assentadas no planejamento educacional. Sua fun- ção é traduzir, em termos mais pró- ximos e concretos, as linhas-mestras 33 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL de ação delineadas no planejamento imediatamente superior, através de seus objetivos e metas. Constitui o esquema normativo que serve de base para definir e particularizar a linha de ação proposta pela escola. Permite a inter-relação entre a esco- la e a comunidade. Logo após, temos o planejamento de ensino, que parte sempre de pontos referenciais esta- belecidos no planejamento curricu- lar. Temos, em essência, neste tipo de planejamento, dimensões: Filosófica, que explicita os ob- jetivos da escola; Psicológica, que indica a fase de desenvolvimento do aluno, suas possibilidades e inte- resses; Social, que expressa as carac- terísticas do contexto socioe- conômico e cultural do aluno e suas exigências. Este detalhamento é feito ten- do em vista o processo ensino- aprendizagem. Assim, chegamos ao nível mais elementar e próximo da ação educativa. É através dele que, em relação ao aluno: Prevemos mudanças compor- tamentais e aprendizagem de elementos básicos; Propomos aprendizagens a partir de experiências anterio- res e de suas reais possibili- dades; Estimulamos a integração das diversas áreas de estudo. Como vemos, o planejamento tem níveis distintos de abrangência; no entanto, cada nível tem bem de- finido e delimitado o seu universo. Sabemos que um nível particulariza um ou vários - aspectos delineados no nível antecedente, especificando com maior precisão as decisões to- madas em relação a determinados eventos da ação educativa. A linha de relacionamento se evidencia, en- tão, através de escalões de complexi- dade decrescente, exigindo sempre um alto grau de coerência e subor- dinação na determinação dos objeti- vos almejados (TEIXEIRA, 2005, s/p). Fonte: https://medium.com/ Já para Baffi (2002, s/p) as ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de plane- jar parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos mes- mos. Assim sendo, o objetivo (...) é procurar explicitar o significado bá- sico de termos, tais como planeja- 34 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL mento, plano, programa, projeto, plano estratégico plano operacional, e outros, visando a dar espaço para que o leitor possa estabelecer as re- lações entre eles, a partir de expe- riências pessoais e profissionais. Cabe ressaltar que, não se pre- tende abordar todos os níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83, apud, Baffi, 2002, s/p), é impossível enu- merar todos tipos e níveis de plane- jamento necessários à atividade hu- mana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre en- saiando processos de transformar suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e atitudes para trans- formá-la. Planejamento é 1. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre me- ios e fins, entre recursos e ob- jetivos, visando ao melhor fun- cionamento de empresas, ins- tituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de pre- visão de necessidades e racio- nalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visan- do à concretização de objeti- vos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PA- DILHA, 2001, p. 30). 2. Planejar, em sentido amplo, é um processo que “visa a dar respostas a um problema, es- tabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos an- tes previstos, pensando e pre- vendo necessariamente o futu- ro”, mas considerando as con- dições do presente, as expe- riências do passado, os aspec- tos contextuais e os pressupos- tos filosófico, cultural, econô- mico e político de quem plane- ja e com quem se planeja. (PA- DILHA, 2001, p. 63). Planejar é uma atividade que está den- tro da educação, visto que esta tem como características bási- cas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer ca- minhos que possam nortear mais apropriadamente a exe- cução da ação educativa, pre- ver o acompanhamento e a 35 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL avaliação da própria ação. Pla- nejar e avaliar andam de mãos dadas. 3. Planejamento Educacional é “processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequa- das para chegar lá', tendo em vista a situação presente e pos- sibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do in- divíduo”. (PARRA, apud SANT’ANNA, et al, 1995, p. 14). Para Vasconcellos (1995, p. 53, apud Baffi, 2002, s/p), “o planejamento do Sistema de Educação é o de maior abran- gência (entre os níveis do pla- nejamento na educação esco- lar), correspondendo ao pla- nejamento que é feito em nível nacional, estadual e muni- cipal”, incorporando as polí- ticas educacionais. 4. Planejamento Curricular é o “processo de tomada de deci- sões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida es- colar do aluno”. Portanto, essa modalidade de planejar cons- titui um instrumento que ori- enta a ação educativa na esco- la, pois a preocupação é com a proposta geral das experiên- cias de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estu- dante, através dos diversos componentes curriculares. (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). 5. Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professo- res, no cotidiano de seu traba- lho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em cons- tante interações entre profes- sor e alunos e entre os pró- prios alunos (PADILHA, 2001, p.33). Na opinião de Sant'anna, et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento trata do “processo de tomada de decisões bem informadas que visem à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino- aprendizagem”. 6. Planejamento Escolar é o pla- nejamento global da escola, envolvendo o processo de re- flexão, de decisões sobre a or- ganização, o funcionamento e a proposta pedagógica da ins- tituição. “É um processo de ra- cionalização, organização e coordenação da ação docente, 36 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1992, p. 221). 7. Planejamento Político-Social tem como preocupação funda- mental responder as questões “para quê”, “para quem” e também com “o quê”. A preo- cupação central é definir fins, buscar conceber visões globa- lizantes e de eficácia; serve para situações de crise e em que a proposta é de trans- formação, em médio prazo e/ou longo prazo. “Tem o plano e o programa como expressão maior”. (GANDIN, 1994, p. 55). 8. No Planejamento Operacio- nal, a preocupação é respon- der as perguntas “o quê”, “como” e “com quê”, tratando prioritariamente dos meios. Abarca cada aspecto isolada- mente e enfatiza a técnica, os instrumentos, centralizando- se na eficiência e na busca da manutenção do funcionamen- to. Tem sua expressão nos pro- gramas e, mais especificamen- te, nos projetos, sendo sobre- tudo tarefa de administrado- res, onde a ênfase é o presente, momento de execução para so- lucionar problemas. (GAN- DIN, 1994, p. 55). Plano é Sobre o plano de acordo com BAFFI (2002, s/p) é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a discussão sobre fins e objetivos, culminando com a defi- nição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder as questões indicadas acima. 1. O plano é a “apresentação sis- tematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar” (FERREIRA, apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotação de pro- duto do planejamento. 2. Plano é um guia e tem a função de orientar a prática, partindo da própria prática e, portanto, não pode ser um documento rígido e absoluto. Ele é a for- malização dos diferentes mo- mentos do processo de plane- jar que, por sua vez, envolve desafios e contradições. 3. Plano Nacional de Educação é “onde se reflete toda a política 37 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL educacional de um povo, inse- rido no contexto histórico, que é desenvolvida a longo, médio ou curto praz”. (MEEGOLLA, SANT’ANNA, 1993, p. 48). 4. Plano Escolar é onde são re- gistrados os resultados do pla- nejamento da educação esco- lar. “É o documento mais glo- bal; expressa orientações ge- rais que sintetizam, de um lado, as ligações do projeto pe- dagógico da escola com os pla- nos de ensino propriamente ditos”. (LIBÂNEO, 19-93, p. 225). 5. Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão ser ensinadas e desen- volvidas em uma instituição educacional, durante o perío- do de duração de um curso. Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano é a “sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada discipli- na ou área de estudo, numa dada realidade”. 6. Plano de Ensino “é o plano de disciplinas, de unidades e ex- periências propostas pela es- cola, professores, alunos ou pela comunidade”. Situa-se no nível bem mais específico e concreto em relação aos outros planos, pois define e opera- cionaliza toda a ação escolar existente no plano curricular da escola. (SANT'ANNA, 1993, p. 49, apud BAFFI, 2002, s/p). Projeto é 1. Projeto é também um docu- mento produto do planeja- mento porque nele são regis- tradas as decisões mais con- cretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e intencional do ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a ideia de mudança, de movi- mento. Projeto representa o laço entre o presente e o futu- ro, sendo ele a marca da passa- gem do presente para o futuro. Na opinião de Gadotti (apud Veiga, 2001, p. 18), todo proje- to supõe ruptura com o pre- sente e promessas para o fu- turo. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado me- lhor do que o presente. Um 38 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL projeto educativo pode ser to- mado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, com- prometendo seus atores e autores. 2. Projeto Pedagógico, segundo Vasconcellos (1995, p. 143) é um instrumento teórico- metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do coti- diano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de traba- lho que possibilita resignifi- car a ação de todos os agentes da instituição (BAFFI, 2002, s/p). Para Veiga (2001, p. 11) o pro- jeto pedagógico deve apresentar as seguintes características: Ser processo participativo de decisões; Preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que des- vele os conflitos e as contra- dições; Explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à par- ticipação de todos no projeto comum e coletivo; Conter opções explícitas na di- reção de superar problemas no decorrer do trabalho educati- vo voltado para uma realidade específica; Explicitar o compromisso com a formação do cidadão; Nascer da própria realidade, tendo como suporte a explici- tação das causas dos proble- mas e das situações nas quais tais problemas aparecem; Ser exequível e prever as con- dições necessárias ao desen- volvimento e à avaliação; Ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a rea- lidade da escola; Ser construído continuamen- te, pois como produto, é tam- bém processo. (BAFFI, 2002, s/p) 3. Projeto Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar- se num horizonte de possibili- dades, a partir de respostas a perguntas tais como: que edu- cação se quer, que tipo de cida- dão se deseja e para que proje- to de sociedade? (GADOTTI, 1994, p. 42). Dissociar a tarefa pedagógica do aspecto político é difícil, visto que o “educador é político enquanto educador, e o político é educador pelo próprio fato de ser político”. (GADOTTI, FREIRE, GUIMA- 39 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL RÃES, 2000, p. 26-26, apud BAFFI, 2002, s/p). Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto de um processo partici- pativo, onde o passo inicial é a ela- boração do marco referencial, sendo este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que tratam do planejamento, como por exemplo, Moacir Gadotti, falam simplesmente em referencial, mas outros, como Danilo Gandin, distin- guem nele três marcos: situacional, doutrinal e operativo (BAFFI, 2002, s/p). Programa é 1. Padilha (2001, p. 42), citando Bierrenbach, explica que um programa é “constituído de um ou mais projetos de deter- minados órgãos ou setores, num período de tempo defi- nido”. Gandin (1995) comple- menta dizendo que o progra- ma, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de ação do planeja- dor, visando a aproximar a realidade existenteda realida- de desejada. Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar quatro dimensões: “a das ações con- cretas a realizar, a das orien- tações para toda a ação (atitu- des, comportamentos), a das determinações gerais e a das atividades permanentes”. (GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104, apud BAFFI, 2002, s/p). Ainda de acordo com Baffi (2002, s/p) a preocupação com a melhoria da qualidade da Educação levantou a necessidade de descen- tralização e democratização da ges- tão escolar e, consequentemente, participação tornou-se um conceito nuclear. Como aponta Luck, et al (1998, p. 15), “o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas anali- sando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto”. Fonte: https://br.pinterest.com/ De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do 40 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL latim participatio (pars + in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir. “Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, res- ponsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre ela”. (BENINCÁ, 1995, p. 14). Para Luck, et al. (1998) a participa- ção tem como característica funda- mental a força de atuação conscien- te, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica, da cultura da unidade social, a partir da competência e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto. Trabalhar em conjunto, no sentido de formação de grupo, requer compreensão dos processos grupais para desenvolver competências que permitam real- mente aprender com o outro e construir de forma participativa (BAFFI, 2002, s/p). Para Pichon-Rivière (1991, p. 65-66) grupo é um “conjunto restri- to de pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, arti- culadas por sua mútua representa- ção interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa que constitui sua finalidade.” O que se diz explícito é justamente o observável, o concreto, mas abaixo dele está o que é implícito. Este é constituído de medos básicos (diante de mudanças, ora alter- nativas transformadoras ora resis- tência à mudança). Pichon Rivière (1995, p. 65-66) diz que a resis- tência à mudança é consequência dos medos básicos que são o “medo à perda” das estruturas existentes e “medo do ataque” frente às novas situações, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de instrumento. Continuando sua explanação Baffi (2002, s/p) diz que a partir desses breves comentários, pode-se compreender a importância do tão divulgado “momento de sensibiliza- ção” na implementação de planos, programas e projetos. Sensibilidade é “qualidade de ser sensível, faculda- de de sentir, propriedade do orga- nismo vivo de perceber as modifica- ções do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada” (FERREIRA, s/d). Sensibilizar, por- tanto, é provocar e tornar a pessoa sensível; fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Por outro lado, lembra Pichon- Rivière (1991, p. 53) que “um grupo obtém uma adaptação ativa à reali- dade quando adquire insight, quan- do se torna consciente de certos as- 41 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL pectos de sua estrutura dinâmica. Em um grupo operativo, cada sujeito conhece e desempenha seu papel específico, de acordo com as leis da complementaridade”. Como diz Libâneo (2001), a participação é fundamental por ga- rantir a gestão democrática da esco- la, pois é assim que todos os envol- vidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de pro- postas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação. Finalizando, cabe pergun- tar: como estamos trabalhando, no sentido do desenvolvimento de gru- pos operativos, onde cada sujeito, com sua subjetividade, possa con- tribuir na reconstrução de uma es- cola de que precisamos? (BAFFI, 2002, s/p). Programas e projetos com relevância no setor educa- cional Para Araújo, Casimiro (s/d, s/p) a extensão universitária é a possibilidade que o estudante tem de colaborar com a nação, socia- lizando o conhecimento, estreitando as barreiras existentes entre a comunidade e a universidade. Trata- se do relacionamento entre a teoria e a prática, ou seja, faz com que o conhecimento ultrapasse as salas de aula, indo além, permitindo o aprendizado também pela aplicação, fazendo e praticando (SILVA, 1996, apud, ARAÚJO, CASIMIRO, s/d, s/p). Fonte: https://juristas.com.br/ De acordo com Araújo, Casi- miro (s/d, s/p) Silva (1996), aponta que a extensão universitária atua na realidade como: uma forma de inte- ração que deve existir entre a uni- versidade e a comunidade na qual está inserida. É uma espécie de pon- te permanente entre a universidade e os diversos setores da sociedade. Funciona como uma via de duas mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e recebe dela influxos positivos como retroalimentação tais como suas reais necessidades, seus anseios, aspirações e também aprendendo com o saber dessas co- munidades. Ocorre, na realidade uma troca de conhecimentos, em que a universidade também aprende com a própria comunidade sobre os 42 GESTÃO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL valores e a cultura dessa comunida- de. Assim, a universidade pode pla- nejar e executar as atividades de ex- tensão respeitando e não violando esses valores e cultura. A universi- dade, através da Extensão, influen- cia e também é influenciada pela co- munidade, ou seja, possibilita uma troca de valores entre a universidade e o meio. A extensão universitária revela-se como uma obrigatoriedade constitucional disposta no artigo 207, da Constituição Brasileira. De- clara que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e da gestão financei- ra e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. O conceito de Extensão defini- do pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públi- cas Brasileiras de 2001 sobressai que: a extensão universitária é o processo educativo que articula o ensino e a pesquisa de forma indis- sociável e viabiliza a relação trans- formadora entre universidade e a sociedade. A extensão é uma via de mão dupla com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que en- contrará na sociedade a oportuni- dade da elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retor- no às universidades docentes e dis- centes terão um aprendizado que submetido à reflexão teórica, seria acrescido àquele conhecimento. Es- te fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados acadêmico e popular, terá como consequência a mudança de conhecimento acadê- mico e a participação efetiva da co- munidade na atenção da universi- dade (FORUM, 2001, apud ARAU- JO, CASIMIRO, s/d, s/p). Fonte: http://www.clinicaludere.com/ Por meio da extensão a uni- versidade vai até a comunidade, ou a recebe em seu “campus”, dissemi- nando o conhecimento de que é de- tentora. Verifica-se que “é uma for- ma de a universidade socializar e de- mocratizar o conhecimento, levan- do-o aos não universitários (Silva, 1996)”. Neste contexto, entende-se a indissociabilidade entre ensino, pes- quisa e extensão. Pela pesquisa, são produzidos
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