Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIARREIA AGUDA AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Definição: “é a eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com uma frequência igual ou maior a três vezes por dai e duração de até 14 dias”. · Neonatos em LME podem ter esse padrão de evacuação · Persistente se estende além de 14 dias - O que é desinteria? É a diarreia com sangue e/ou leucócitos nas fezes - Anualmente ocorrem 2,5 bilhões de casos de diarreia entre crianças menores de 5 anos · UNICEF – estima uma taxa de óbito de 580.000 óbitos por ano, a maioria em menores de 2 anos vivendo em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento ETIOLOGIA - Causa infecciosas (mundialmente apresenta a maior prevalência e impacto) ou não infecciosas (alergias, intolerâncias e erros alimentares). - Causas infeciosas – vírus, bactérias e protozoários · No mundo inteiro são vírus os principais causadores, os mais prevalentes são o rotavírus, calicivírus, astrovírus e os adenovírus entéricos. · Os vírus são altamente infectantes e precisam de baixa carga viral para causar a doença · Rotavírus tem ocorrência universal – principal responsável, e representa 40% dos casos graves com hospitalização · Infecção autolimitada, com faixa etária de 6-24 meses · Norovírus – surtos epidêmicos de gastroenterites virais por água ou alimentos · 30 são assintomáticos · Ocorre em todas faixas etárias · Adenovírus – aparelho respiratório, mas pode ter gastroenterite · Astrovírus – menos prevalentes, pega mais lactentes e a diarreia é leve e autolimitada · Bactérias e parasitas – prevalentes em países em desenvolvimento com pico de incidência nas estações chuvosas e quentes · Parasitas – Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica e Cyclospora cayetanensis · Bactérias – E. coli enteropatogênica, enterotoxigênica, enteroinvasiva, enteroagregativa, enterohemorragica, Campylobacter spp., Shigella spp., Salmonella spp., Yersinia enterocolítica, Aeromonas, Plesiomonas, C. difficille, Vibrio cholerae. FISIOPATOLOGIA - Barreira de defesa do sistema digestório - Aderência à superfície celular -> fatores de virulência por meio da produção de enterotoxina, citotoxina e lesão da mucosa intestinal - Mecanismo osmótico, secretor, inflamatório e de alteração da motilidade - Diarreia osmótica – predomina causas virais · Rotavírus causa lesões focais com infecção das células vilositárias apicais que concentram as dissacaridases (em especial a enzima lactase). · O acúmulo dos açúcares não absorvidos aumenta a pressão osmótica na luz intestinal, passagem de H20 e eletrólitos. - Diarreia secretória – perda de grande volume de água e eletrólitos · Ação de enterotoxinas que estimulam AMPc, GMPc e Ca2+ que leva à diminuição da absorção de água e íons e à secreção ativa pelas criptas · E. coli enterotoxigênica e Vibrio cholerae - Diarreia inflamatória · Invasão da mucosa do delgado ou grosso ocasionando uma resposta inflamatória · Shigella spp. QUADRO CLÍNICO - Diarreia osmótica – predomina causas virais · Eliminação de fezes líquidas e volumosas, amareladas com caráter explosivo e com grande perda hidroeletrolítica · Pródromos não são frequentes, mas os vômitos e náuseas são frequentes e precoces (80-90% dos casos) precedendo a diarreia e causando a desidratação. · Lactentes – quadro mais grave · A febre geralmente é alta e ocorre aproximadamente em metade dos casos - Diarreia secretória – perda de grande volume de água e eletrólitos · Poucos sintomas sistêmicos · Febre ausente ou baixa · Vômitos surgem com desidratação que é a principal complicação - Diarreia inflamatória · Febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal tipo cólica e diarreia disentérica com fezes contendo muco, sangue e/ou leucócitos. · Micro-organismos podem atingir a circulação sistêmica, fígado, baço, articulação e SNC. - Desidratação – é a principal complicação da DA que pode resultar em distúrbio hidroeletrolítico, acidobásico, choque e até morte. · Crianças abaixo de 1 ano são mais vulneráveis, além da desnutrição e uso ATB que predispõe a infecções. DIAGNÓSTICO - O diagnóstico é eminentemente clínico, anamnese deve conter: · Duração, característica das fezes, número de evacuações/dia, vômitos (nº/dia), febre, diurese (volume, cor e tempo decorrido da última), uso de medicamentos, sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos oferecidos, estado geral (REG/BEG), queixas de outros sistemas, viagem recente (diarreia do viajante ETEC), contato, ingestão de alimentos suspeitos e uso prévio de ATB. - Exame físico – classificar de acordo com o grau de hidratação (A, B e C) - Exames laboratoriais – não é feito na rotina, pois a maioria da DA é autolimitada · Quando pedir? · Evolução atípica, grave ou arrastada · Presença de sangue nas fezes · Lactentes <4 meses · Imunodeprimidos · O que pedir? · Hemograma completo – anemia, leucócitos · Função renal – ionograma, ureia e creatinina · Exame de fezes – pH fecal, substâncias redutoras, leucócitos, sangue oculto e coprocultura (dificuldade de transporte e refrigeração), ELISA viral, pesquisa de toxina de Clostridium · Dicas: · Se pH fecal igual ou menor 5,5, e a presença de substâncias redutoras nas fezes – intolerância a carboidratos · Presença de leucócitos – inflamação e organismos que invadem a mucosa intestinal TRATAMENTO - Criança com DA sem desidratação (perfil A) · Oferta de líquidos após cada evacuação diarreica · Oferecer SRO · de 50-100 ml para menores de 2 anos · de 100-200 ml para crianças de 2 a 10 anos · Crianças acima de 10 anos oferece o quente aceitar · Não pode substâncias contendo glicose – sucos, refrigerantes, energéticos e outras substâncias hiperosmolares. · Manter alimentação habitual · Zinco VO 10-14 dias · Se acima de 6 meses faz 20mg/dia · Se até 6 meses 10mg/dia - Criança com DA e desidratação leve-moderada (perfil B) · Ofertar 50-100 ml/kg em 3-4 horas em pequenos volumes · Se vômitos persistentes – SRO por sonda nasogástrica (gastroclise) · 20ml/kg/h durante 4 a 6 horas · Não alimentar no período de reidratação, exceto se estiver em aleitamento materno · Hospitalização? · Só se diarreia e desidratação acima de 10%, pois precisa de hidratação EV · Se o paciente estiver reidratado? · Volta para o plano A (domiciliar) - Quando indicar a terapia venosa? Quando será preciso internar o paciente · Vômito intratável · Falha na TRO por via oral ou sonda nasogástrica · Diarreia profusa · Contraindicação de hidratação oral – íleo paralítico, abdome agudo, alteração do nível de consciência ou convulsões · Choque hipovolêmico · Ausência de melhora após 24h de SRO - Criança com DA e desidratação grave/choque (perfil C) · Faz uma terapia de reidratação parenteral · A via IO é uma via de emergência, que só dura 24horas, mas deve-se considerar quando não consegue via parenteral. · 1ª etapa · Crianças abaixo de 5 anos – SF 0,9% 20ml/kg inicia e repete até que seja hidratado, crianças RN ou cardiopatas faz 10ml/kg. · Crianças acima de 5 anos – expansão 1ª opção com SF 0,9% 30ml/kg em 30 minutos + Ringer Lactato 70ml/kg em 2horas e 30 minutos. · Terapia de manutenção - Antieméticos – ondrasertrona se necessário - Probióticos – não muda desfecho da doença - Rececadotrila – é uma droga antisecretora que inibe a cefalinase intestinal, reduz a duração da diarreia e o volume de fezes - Como são autolimitadas, a maioria, não precisam de ATB, e são indicados de forma excepcional · Quando indicar? · Casos mais graves – diarreia com sangue · Imunodeprimidos · Lactentes jovens · Menores de 4 meses · Cólera – Azitromicina · Shigella – Azitromicina, ceftriaxona · Ameba invasiva – metronidazol + nitazoxanida · Giardíase – metronidazol, tinidazol e secnidazol · Campylobacter – azitromicina e ciprofloxacino · E. coli – ciprofloxacino e ceftriaxona · C. difficile – metro e vanco
Compartilhar