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8p - SP 2 - TCE e TRM

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Fernanda Louzada 97 
 
Situacao Problema 02 
TCE, TRM, Choque Neurogênico 
 
SP2: Perigos da serra 
Pedro, 17 anos, e seus amigos estavam de férias. Então, aproveitaram o dia de sol quente e foram na cachoeira mais 
famosa de Probemópolis. Pedro, muito eufórico porque era a primeira vez que iria naquele lugar, no caminho, já 
avisou: -“O primeiro mergulho é meu!”. Ansioso, não perdeu tempo. Chegou e logo já escolheu o lugar para o mergulho 
, ao se aproximar escorregou e caiu de uma altura de aproximadamente 7 metros , tendo sua queda amortecida pela 
vegetação, ao entrar em contato com a água, sentiu o choque da sua cabeça com o fundo raso do local. Os amigos 
angustiados foram imediatamente resgatá-lo. A ser colocado na margem, estava lúcido, porém com muita dor na 
cabeça do lado esquerdo e em região cervical posterior, múltiplas fraturas em face e fratura em membro superior 
direito com exposição óssea. Se encontrava com dificuldade de relatar o que tinha acontecido. Mas, em seguida referiu 
ter sentido um choque do pescoço para baixo e uma súbita perda de força no corpo todo. Os amigos fizeram contato 
com o resgate, que rapidamente chegou. No atendimento inicial: foi imobilizado na prancha longa com colar cervical 
e conduzido para o hospital referência. Pedro apresentou dois episódios de vômitos no percurso do hospital. Chegando 
ao pronto atendimento, o menor foi admitido e avaliado: apresentava-se desperto, lúcido e a ECG-13 com R.P=0 
(abertura ocular espontânea, orientado e retirado do membro a dor). Dr. Humberto realizou o exame que evidenciou: 
pupilas isocóricas e fotoreagentes, paresia dos MMSS e MMII, e reflexo bulbocavernoso ausente. PA: 90X40MMHG, 
FC: 55bpm, FR: 25irpm e TAX: 35 graus. Ao exame físico aparelho cardíaco, respiratório e do abdome estavam sem 
alterações. Pedro foi encaminhado ao setor de imagenologia para realização da rotina radiológica do trauma. Sendo 
evidenciada fratura de C7 com bloqueio facetário bilateral na radiografia da região cervical. Aproximadamente 6 horas 
após o trauma, apresentou novo episódio de vômito acompanhado de crise convulsiva tônico-clônica generalizada, 
tendo que voltar imediatamente para a sala de emergência. Onde houve a necessidade de IOT em sequência rápida, 
acoplado a ventilação mecânica com sedação e iniciado vasopressor. Dr Humberto reavaliou o paciente e detectou: 
pupilas anisocóricas (PE>PD) com labilidade hemodinâmica. O residente Alfredo, confuso diante do quadro, interrogou 
se isso era sinal de hipertensão intracraniana? Dr. Humberto, calado, não respondeu... Pedro foi rapidamente levado 
à realização da tomografia de crânio, e durante o exame, o Staff visualizou: um volumoso hematoma epidural e fratura 
temporal esquerda. Preocupado com o quadro do paciente, foi logo reavaliá-lo novamente e percebeu no seu exame: 
midríase fixa bilateralmente e ausência dos reflexos de tronco. Baseado nesses achados, a sedação foi suspensa e o 
serviço de Neurologia acionado. Após a avaliação do especialista, os familiares foram orientados a comparecerem na 
unidade. O residente Alfredo perguntou ao Neurologista sobre o protocolo de morte encefálica, considerando o 
paciente um potencial doador. O mesmo respondeu: “Vamos aguardar a família”. 
TERMOS IMPORTANTES: 
 Paraplegia: 
Paralisia, ausência de movimento nos membros inferiores (contração muscular zero, não existe movimento 
voluntário) é o que observamos em quem tem lesão na medula espinhal após acidentes, por exemplo. 
 Paraparesia: 
Fraqueza, diminuição da força muscular nos membros inferiores. Existe movimento voluntário, mas é diminuído. 
 Tetraplegia: 
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Paralisia, ausência de movimento dos membros superiores, inferiores e tronco. Pode ocorrer após uma lesão no 
pescoço, acometendo a medula espinhal nessa região. 
 Tetraparesia: 
Fraqueza, diminuição da força muscular. Existe movimento voluntário mas é diminuído e, nesse caso, acomete os 4 
membros, superiores e inferiores, e tronco 
 Parestesia: 
A parestesia é um sintoma caracterizado pela sensação de dormência ou formigamento de alguma parte do corpo. 
NEUROANATOMIA: 
Fontes: 
ATLS 
Moore 8ª edição 
COURO CABELUDO: 
Em razão da sua irrigação abundante, a laceração do couro cabeludo pode levar a perdas sanguíneas significativas, 
choque hemorrágico e mesmo morte. 
O couro cabeludo/Escalpo possui 5 camadas: 
 
 
O Tecido Subaponeurótico Frouxo, contém as veias emissárias, facilmente rompidas em feridas profundas do couro 
cabeludo. Essa infecção pode se difundir facilmente daí para estruturas intracranianas, sendo assim, uma área 
“perigosa” das camadas do scalp. 
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CRÂNIO: 
É constituído por 22 ossos. 
Vários ossos do crânio (frontal, temporal, esfenoide, etmoide e maxila) são ossos pneumáticos, contendo espaços 
aéreos (células aéreas ou seios grandes), provavelmente para reduzir seu peso. O volume total dos espaços aéreos 
nesses ossos aumenta com a idade. 
Dois conjuntos de ossos formam suas duas partes: neurocrânio e viscerocrânio. 
 
 Neurocrânio: 
O neurocrânio é a caixa óssea do encéfalo. Em adultos é formado por oito ossos: quatro ossos ímpares centralizados 
na linha mediana (frontal, etmoide, esfenoide e occipital) e dois pares de ossos bilaterais (temporal e parietal). 
O neurocrânio tem um teto abobadado, a calvária, e um assoalho ou base do crânio. 
- Os ossos que formam a calvária são basicamente planos (frontal, temporal e parietal). 
- Os ossos da base do crânio são basicamente irregulares e têm grandes partes planas (esfenoide e temporal). A 
base do crânio é irregular, possibilitando a ocorrência de lesões quando o cérebro se desloca e desliza no interior 
do crânio, em decorrência de movimentos de aceleração e desaceleração. 
 Viscerocranio: 
O viscerocrânio forma a parte anterior do crânio e consiste nos ossos que circundam a boca (maxila e mandíbula), 
nariz/cavidade nasal, e a maior parte das órbitas (cavidades orbitais). O viscerocrânio é formado por 15 ossos 
irregulares: três ossos ímpares centralizados ou situados na linha mediana (mandíbula, etmoide e vômer) e seis 
ossos pares bilaterais (maxilas; conchas nasais inferiores; e zigomáticos, palatinos, ossos nasais e lacrimais) 
A fossa anterior aloja os lobos frontais, a fossa média aloja os lobos temporais e a fossa posterior aloja a porção 
inferior do tronco cerebral e o cerebelo. 
VISTA FRONTAL DO CRÂNIO: 
A vista frontal (facial) ou anterior do crânio é formada pelos ossos frontal e zigomático, órbitas, região nasal, maxila 
e mandíbula. 
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A interseção dos ossos frontal e nasal é o násio que, na maioria das pessoas, está relacionada a uma área 
visivelmente deprimida (ponte do nariz). 
 
Inferiormente aos ossos nasais está a abertura piriforme, a abertura nasal anterior no crânio. O septo nasal 
ósseo pode ser observado através dessa abertura, dividindo a cavidade nasal em partes direita e esquerda. Na 
parede lateral de cada cavidade nasal há lâminas ósseas curvas, as conchas nasais. 
VISTA LATERAL DO CRÂNIO: 
É formada tanto por viscero quanto pelo neurocrânio. Os principais constituintes do neurocrânio são a fossa 
temporal, o poro acústico externo e o processo mastoide do temporal. Os principais constituintes do viscerocrânio 
são a fossa infratemporal, o arco zigomático e as faces laterais da maxila e mandíbula. 
Na parte anterior da fossa temporal, há uma área clinicamente importante de junções ósseas: o ptério. Em geral, ele 
é indicado por suturas que formam um H e unem o frontal, o parietal, o esfenoide (asa maior) e o temporal. 
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VISTA OCCIPITAL DO CRÂNIO: 
A vista occipital ou posterior do crânio é formada pelo occipício (a protuberância posterior convexa da escama 
occipital, também chamada occipúcio), por partes dos parietais e partes mastóideas dos temporais. 
 
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VISTA SUPERIOR (VERTICAL)DO CRÂNIO 
A sutura coronal separa o frontal e os parietais, a sutura sagital separa os parietais e a sutura lambdóidea separa os 
parietais e temporais do occipital. O bregma é o ponto de referência craniométrico formado pela interseção das 
suturas sagital e coronal. O vértice, o ponto mais alto da calvária, está perto do ponto médio da sutura sagital. 
 
VISTA INFERIOR DA BASE DO CRÂNIO: 
A vista inferior da base do crânio é constituída pelo arco alveolar da maxila (a margem livre dos processos 
alveolares que circundam e sustentam os dentes maxilares); pelos processos palatinos das maxilas; e pelo palatino, 
esfenoide, vômer, temporal e occipital. 
Encaixado entre o frontal, o temporal e o occipital está o esfenoide, um osso ímpar irregular formado por um corpo 
e três pares de processos: asas maiores, asas menores e processos pterigoides 
A parte posterior da base do crânio é formada pelo occipital, que se articula com o esfenoide anteriormente. As 
quatro partes do occipital estão dispostas ao redor do forame magno, o elemento mais visível da base do crânio. s 
principais estruturas que atravessam esse grande forame são a medula espinal (onde se torna contínua com o bulbo 
do encéfalo); as meninges do encéfalo e da medula espinal; as artérias vertebrais; as artérias espinais anteriores e 
posteriores; e a raiz espinal do nervo acessório. 
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VISTA SUPERIOR DA BASE DO CRÂNIO: 
A face superior da base do crânio tem três grandes depressões situadas em diferentes níveis: as fossas 
anterior, média e posterior do crânio, que formam o assoalho côncavo da cavidade do crânio. 
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 Fossa Anterior: 
As partes inferior e anterior dos lobos frontais do encéfalo ocupam a fossa anterior do crânio, a mais superficial 
(superior) das três fossas do crânio. Essa fossa é formada pelo frontal anteriormente, o etmoide no meio, e o corpo e 
as asas menores do esfenoide posteriormente 
 Fossa Média: 
A fossa média do crânio, em forma de borboleta, tem uma parte central formada pela sela turca no corpo do 
esfenoide e grandes partes laterais deprimidas de cada lado. A sela turca é a formação óssea em formato de sela 
situada sobre a face superior do corpo do esfenoide, que abriga a hipófise. 
 Fossa Posterior: 
A fossa posterior do crânio, a maior e mais profunda (inferior) das três, aloja o cerebelo, a ponte e o bulbo. É formada 
principalmente pelo occipital 
MENINGES: 
Consistem de três camadas: a dura-máter, a aracnóide e a pia-máter. 
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DURA-MÁTER: 
DEFINIÇÃO: 
É a + externa e espessa, sendo chamada também de paquimeninge. Na medicina tudo que é espesso é chamado de 
paqui. 
SEPTOS: 
Forma vários septos. Os septos da dura-máter se projetam para dentro da cavidade craniana e a subdividem 
parcialmente. Eles incluem: a foice do cérebro, o tentório do cerebelo, a foice do cerebelo e o diafragma da sela. 
 
O nervo óculo motor (III nervo craniano) passa ao longo da margem da tenda do cerebelo, podendo ser 
comprimido contra ela durante uma herniação do lobo temporal. Fibras parassimpáticas, que são constritoras das 
pupilas, repousam sobre a superfície do III nervo craniano. A compressão dessas fibras durante a herniação causa 
dilatação pupilar devida à atividade simpática sem oposição, frequentemente chamada de pupila dilatada. 
IRRIGAÇÃO ARTERIAL: 
A irrigação arterial da dura-máter consiste em: 
- Ramos meníngeos anteriores (ramos das artérias etmoidais) na fossa anterior 
- Artérias meníngeas média (ramo da artéria maxilar) e acessória (ramo da artéria maxilar) na fossa média 
- Artéria meníngea posterior na fossa posterior e outros ramos meníngeos 
Todas essas são artérias pequenas, com exceção da artéria meníngea média que é grande e irriga a maior parte da 
dura-máter 
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As artérias meníngeas correm entre a dura-máter e a superfície interna do crânio (espaço epidural). Fraturas 
cranianas acima dessas artérias podem lacerá-las e resultar em hematoma epidural. A artéria meníngea média, que 
se encontra localizada sobre a fossa temporal, é o vaso meníngeo lesado com maior frequência. 
DRENAGEM VENOSA: 
 
A laceração desses seios venosos pode resultar em hemorragia maciça. 
ARACNÓIDE-MÁTER: 
É a camada média, sendo uma membrana delgada avascular. 
Abaixo da dura-máter situa-se a segunda meninge, a membrana aracnóide, que é fina e transparente. Como a dura-
máter não está aderida à aracnóide subjacente, existe um espaço potencial (o espaço subdural) no qual podem 
ocorrer hemorragias. No trauma craniencefálico as veias que vão da superfície do cérebro para o seios venosos, no 
interior da dura (veias em ponte), podem romper-se levando à formação de hematoma subdural. 
No espaço subaracnóideo, a aracnóide forma cisternas, por onde o líquor vai circular. 
CIRCULAÇÃO DO LÍQUOR: 
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O líquor é formado pelos ventrículos laterais (produz o maior volume), pelo 3º ventrículo e pelo 4º ventrículo. Cada 
ventrículo lateral é conectado ao 3º ventrículo no diencéfalo através do forame interventricular. Através do 
aqueduto mesencefálico de Sylvius, o líquor passa do 3º ao 4º ventrículo. Do 4º ventrículo ele acessa o espaço 
subaracnóide. Esse ventrículo apresenta 2 saídas laterais chamadas de forames de luschka ou forames laterais, e 
uma saída medial chamada de forame de Magendie, ou forame mediano. Enquanto os forames de Luschka dão 
acesso ao espaço subaracnóideo encefálico, o forame de Magendie, dá acesso ao espaço subaracnóideo medular. 
 
O LCR é produzido constantemente nos ventrículos e é absorvido sobre a superfície do encéfalo. A presença de 
sangue no LCR pode prejudicar a reabsorção do LCR, produzindo aumento da pressão intracraniana. O edema e as 
lesões de massa (por exemplo, hematomas), podem provocar obliteração ou desvio dos ventrículos que usualmente 
são simétricos. Tais alterações podem ser facilmente identificadas na TC de crânio 
PIA-MÁTER: 
É a mais interna, sendo uma membrana fina e delicada, firmemente aderida ao encéfalo. É vascularizada. Entra nos 
sulcos e fissuras em sua superfície. A pia-máter junto com a aracnóide são chamadas de leptomeninge. 
ENCÉFALO: 
O encéfalo compreende cérebro, cerebelo e tronco cerebral. 
CÉREBRO: 
O cérebro é composto pelos hemisférios direito e esquerdo, separados pela foice. O hemisfério esquerdo contém os 
centros da linguagem em virtualmente todos os indivíduos destros e em mais de 85% dos indivíduos canhotos. O lobo 
frontal controla as funções de execução, as emoções, as funções motoras e, no lado dominante, a expressão da fala 
(área motora da fala). O lobo parietal dirige a função sensorial e a orientação espacial. O lobo temporal regula certas 
funções da memória. O lobo occipital é responsável pela visão. 
 
A região do cérebro que habitualmente hernia através da incisura tentorial é a parte mediai do lobo temporal, 
conhecida como uncus. Herniação do uncus também causa compressão do trato córtico-espinhal (piramidal) do 
mesencéfalo. O trato motor cruza para o lado oposto do forame magno, e a sua compressão resulta em défice motor 
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do lado oposto do corpo (hemiplegia contralateral). A dilatação da pupila ipsilateral associada à hemiplegia 
contralateral é a síndrome clássica de herniação do uncus. 
TRONCO CEREBRAL: 
O tronco cerebral é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. O mesencéfalo e a parte superior da ponte 
contêm o sistema ativador da formação reticular responsável pelo estado de alerta. No bulbo, que continua para 
formar a medula espinhal, alojam-se centros cardiorrespiratórios vitais. 
 
NEUROFISIOLOGIA: 
Os conceitos fisiológicos relacionados ao trauma craniencefálico incluem a pressão intracraniana, a doutrina de 
Monro-Kellie e o fluxo sanguíneo cerebral. 
PRESSÃO INTRACRANIANA: 
A pressão intracraniana elevada pode reduzir a perfusão cerebral e causar ou exacerbar a isquemia.A PIC normal no 
estado de repouso é aproximadamente 10 mm Hg. 
DOUTRINA DE MONRO-KELLIE: 
A doutrina de Monro-Kellie é um conceito simples, mas de vital importância para a compreensão da dinâmica da PIC. 
Ela afirma que o volume total do conteúdo intracraniano deve permanecer constante, já que o crânio é uma caixa 
rígida não expansível. O sangue venoso e o LCR podem ser comprimidos para fora do recipiente dando algum grau 
de compensação à pressão. Assim, na fase inicial após o trauma, uma massa tal como um coágulo sanguíneo pode 
aumentar e a PIC permanecer normal. Entretanto, uma vez atingido o limite de deslocamento do LCR e do sangue 
intravascular, a PIC aumenta rapidamente. 
FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL: 
A lesão cerebral suficientemente grave para produzir coma pode causar redução importante do FSC durante as 
primeiras horas após o trauma. Habitualmente aumenta nos próximos 2 a 3 dias, mas nos doentes que permanecem 
em coma, o FSC permanece abaixo do normal por dias ou semanas após o trauma. Há evidências crescentes que 
tais níveis baixos de FSC são inadequados para satisfazer a demanda metabólica do cérebro e por isso, a isquemia 
cerebral regional, e mesmo global, são comuns após o trauma craniencefálico grave. Os vasos cerebrais pré-
capilares têm normalmente a capacidade de contrair ou dilatar reflexamente em resposta a mudanças na pressão 
arterial média (PAM). Para efeitos clínicos, a pressão de perfusão cerebral (PPC) é definida como pressão sanguínea 
arterial média (PAM) menos a pressão intracraniana (PPC = PAM - PIC). 
A PAM entre 50 e 150 mm Hg é "auto regulada" para manter o FSC constante (auto-regulação pressórica). O trauma 
craniencefálico grave pode prejudicar a auto-regulação pressórica de tal modo que o cérebro fica incapaz de 
compensar adequadamente as mudanças na PPC. Assim, se a PAM for muito baixa pode ocorrer isquemia e infarto 
e se a PAM for muito alta pode ocorrer inchaço com aumento da PIC. O vasos cerebrais também normalmente se 
contraem ou dilatam em resposta a alterações na pressão parcial de oxigênio (Pa02) ou na pressão parcial de dióxido 
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de carbono (PaC02) do sangue (auto-regulação química). Portanto, a lesão secundária pode ocorrer por hipotensão, 
hipóxia, hipercapnia ou por hipocapnia iatrogênica. 
TCE (TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO): 
INTRODUÇÃO: 
O objetivo principal do tratamento dos doentes com suspeita de trauma craniencefálico (TCE) grave é prevenir a 
lesão cerebral secundária. Fornecer oxigenação adequada e manutenção de pressão arterial suficiente para 
garantir a perfusão do cérebro são medidas essenciais para essa prevenção. 
Após a aplicação dos ABCDE é crucial que se identifiquem lesões de massa que necessitam de intervenção cirúrgica. 
Isso é conseguido da melhor maneira pela realização imediata de tomografia computadorizada (TC) do crânio. 
EPIDEMIOLOGIA: 
 Encontram-se entre os tipos de trauma mais frequentemente vistos nos Serviços de Emergência. Muitos doentes 
com lesões cerebrais graves morrem antes de chegar ao hospital. 
 Quase 90% das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem lesão cerebral. 
 Aproximadamente 75% dos doentes com trauma craniencefálico que recebem cuidados médicos podem ser 
classificados como vítimas de trauma leve, 15% como vítimas de trauma moderado e 10% como vítimas de 
trauma grave. 
CLASSIFICAÇÕES DAS LESÕES CRANIOENCEFÁLICAS: 
As lesões cranioencefálicas são classificadas principalmente quanto a gravidade e a morfologia da lesão. 
GRAVIDADE DA LESÃO: 
O Escore de coma de Gasglow é usado como medida clínica objetiva da gravidade do trauma craniencefálico. 
- Escore < 9: coma ou trauma craniencefálico grave. 
- Escore de 9 a 12: trauma cranioencefálico moderado 
- Escore > 12: trauma cranioencefálico leve 
OBS: ao avaliar o escore de coma de gasglow, quando existe assimetria direita/esquerda ou superior/inferior, é 
importante que se use a melhor resposta motora no cálculo do escore porque esta é o preditor mais confiável do 
resultado. 
MORFOLOGIA: 
O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de crânio e lesões intracranianas tais como contusões, hematomas, 
lesões difusas e inchaço resultante de edema/hiperemia. 
FRATURAS DE CRÂNIO: 
As fraturas de crânio podem ocorrer na calota ou na base do crânio: 
- A calota é o teto do neurocrânio, sendo composta por ossos planos: frontal, temporal e parietal. 
- A base do crânio é o assoalho do neurocrânio, sendo composto por ossos irregulares: esfenoide e temporal. Os 
sinais clínicos de fratura de base de crânio incluem a equimose periorbital (olhos de guaxinim), a equimose 
retroauricular (sinal de Battle), fístula liquórica através do nariz (rinorreia) ou do ouvido (otorreia) e disfunção dos 
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sétimo e oitavo nervos cranianos (paralisia facial e perda de audição) que podem ocorrer imediatamente ou poucos 
dias após a lesão inicial. 
Elas podem ser lineares ou estreladas e abertas ou fechadas. 
LESÕES INTRACRANIANAS: 
Lesões intracranianas podem ser classificadas como focais ou difusas, embora as duas formas de lesão 
frequentemente coexistam. 
 Lesões Cerebrais Difusas: 
 Lesões cerebrais difusas variam de concussões leves, nas quais a TC da cabeça é habitualmente normal, até lesões 
hipóxicas isquêmicas graves. 
- Com concussões, o doente tem um distúrbio neurológico não focal transitório que frequentemente inclui perda de 
consciência. 
- Lesões difusas graves resultam mais frequentemente de agressão hipóxica, isquêmica ao cérebro devido a choque 
prolongado ou apneia que ocorrem imediatamente após o trauma. Nesses casos, a TC pode ser inicialmente normal, 
ou o cérebro aparece com inchaço difuso com perda da distinção normal entre cinza e branco. Outro padrão difuso, 
frequentemente visto em impactos de alta velocidade ou em lesões por desaceleração, pode produzir hemorragias 
pontilhadas por todos os hemisférios cerebrais, concentrando-se nos limites entre as substâncias cinzenta e branca. 
Essas "lesões por cisalhamento" mencionadas como LAD (lesão axonal difusa) definiram uma síndrome clínica de 
lesão cerebral grave. 
 Lesões cerebrais focais: 
As lesões focais incluem os hematomas epidurais, os hematomas subdurais, contusões e hematomas 
intracerebrais. 
OBS: em geral, a conduta frente aos hematomas é a craniotomia com drenagem da lesão e monitorização 
intraventricular intermitente da pressão intracraniana (PIC). A craniotomia só não é realizada em hematomas 
laminares (espessura ≤ 0,5cm) localizados na fossa anterior. 
- Hematomas Epidurais: 
 Hematomas epidurais são relativamente raros. Localizam-se entre a tábua óssea e a dura-máter. Esses hematomas 
tipicamente adquirem a forma biconvexa ou lenticular à medida em que empurram a dura aderente em direção 
oposta à da tabua interna do crânio. Estão mais frequentemente localizados na região temporal ou temporoparietal 
e habitualmente resultam da ruptura da artéria meníngea média causada por uma fratura. O intervalo lúcido entre 
o momento da lesão e a deterioração neurológica é a apresentação clássica do hematoma epidural, o doente “fala e 
morre”. 
 
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- Hematomas Subdurais: 
Os hematomas subdurais são mais comuns que os hematomas epidurais ocorrendo em aproximadamente 30% dos 
traumas craniencefálicos graves. Localizam-se entre a dura-máter e o encéfalo Eles ocorrem mais frequentemente 
por dilaceração de vasos superficiais pequenos ou vasos ponte do córtex cerebral. Contrastando com a forma 
lenticular do hematoma epidural à TC, os hematomas subdurais frequentemente parecem assumir a forma do 
contorno do cérebro. O comprometimento cerebral subjacente ao hematoma subdural costuma ser muito mais 
grave do que nos hematomas epidurais devido à presença de lesão parenquimatosa concomitante. 
 
- Contusões e Hematomas Intracerebrais: 
Contusões cerebrais são bastante comuns (presentes em cerca de 20%a 30% dos traumas craniencefálicos graves). 
A maioria das contusões ocorre nos lobos frontal e temporal, embora possam ocorrer em qualquer parte do 
cérebro. As contusões podem, em um período de horas ou dias, evoluir para formar um hematoma intracerebral 
ou uma contusão coalescente com efeito de massa suficiente para exigir evacuação cirúrgica imediata. Isso ocorre 
em aproximadamente 20% dos doentes que apresentam contusão na TC de crânio inicial. Por esta razão, doentes 
com contusão devem ser submetidos a TC repetidas para avaliar as mudanças nos padrões da contusão nas 24 
horas após a TC de crânio inicial. 
 
TRATAMENTO INICIAL: 
TRAUMA CRANIENCEFÁLICO LEVE (ECG > 12): 
É definido por uma história de desorientação, amnésia, ou perda transitória da consciência em um doente que está 
consciente e falando. A maioria dos doentes portadores de trauma craniencefálico leve evolui com recuperação sem 
intercorrências (apenas 3% apresentam intercorrências). 
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A avaliação secundária é de particular importância na avaliação dos doentes com TCEL. Identifique o mecanismo de 
lesão, com particular atenção para a ocorrência de qualquer perda da consciência, incluindo o tempo de duração de 
estado não responsivo, qualquer episódio de convulsão e o nível subsequente do estado de consciência. Determine 
a duração da amnésia tanto antes (retrógrada) quanto depois (anterógrada) do evento traumático. 
Se o doente estiver assintomático, completamente acordado e alerta, e neurologicamente normal, ele poderá ser 
observado por algumas horas, reexaminado, e se estiver ainda normal, receber alta com segurança. Em condições 
ideais, o doente recebe alta devendo ficar aos cuidados de um acompanhante que possa ficar junto dele e observá-
lo durante as próximas 24 horas. 
 Quando fazer a TC? 
 
TRAUMA CRANIENCEFÁLICO MODERADO (ECG 9 – 12): 
Esses pacientes são ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou sonolentos e 
podem apresentar défice neurológico focal como hemiparesia. 
Na admissão no serviço de emergência, antes da avaliação neurológica deve-se obter uma história breve e assegurar 
a estabilidade cardiopulmonar. A TC do cranio é realizada e um neurocirurgião é contatado. 
TRAUMA CRANIENCEFÁLICO GRAVE (ECG < 9): 
Doentes que sofreram trauma craniencefálico grave não são capazes de obedecer ordens simples mesmo após 
estabilização cardiopulmonar. Para tais doentes, a abordagem à maneira "vamos esperar para ver como fica" pode 
ser desastrosa e o diagnóstico e o tratamento imediatos são de suma importância. 
Em doentes portadores de trauma craniencefálico grave, a hipotensão na admissão é acompanhada de taxa de 
mortalidade que é maior que o dobro da mortalidade de doentes sem hipotensão. A presença de hipóxia somada 
à hipotensão está associada a um aumento relativo no risco de mortalidade de 75%. Portanto, em doentes 
portadores de trauma craniencefálico grave, é imperativo que a estabilização cardiopulmonar seja alcançada 
rapidamente. 
VIA AÉREA E VENTILAÇÃO: 
A parada respiratória transitória e a hipóxia são comuns em doentes portadores de lesão cerebral grave e podem 
causar lesão cerebral secundária. 
O doente é ventilado com oxigênio a 100% até que seja colhida gasometria e sejam feitos os ajustes apropriados da 
FiO2. Oximetria de pulso é um suplemento útil e saturações de 02 > 98% são desejáveis. Os parâmetros ventilatórios 
devem ser ajustados para manter a PC02 de aproximadamente 35 mm Hg. 
A intubação endotraqueal precoce deve ser realizada em doentes comatosos. 
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CIRCULAÇÃO: 
De modo geral, a hipotensão não é consequência da lesão cerebral por si só exceto em estágios terminais, quando 
sobrevém a insuficiência medular ou quando existe lesão de medula espinhal concomitante. A hemorragia 
intracraniana não pode causar choque hemorrágico. Se o doente está hipotenso, deve-se estabelecer a 
normovolemia logo que possível utilizando-se produtos de sangue, sangue total ou soluções isotônicas conforme a 
necessidade. Deve-se enfatizar que o exame neurológico do doente hipotenso não é confiável. Doentes hipotensos 
que não respondem a qualquer forma de estímulo podem recuperar-se e melhorar substancialmente tão logo a 
pressão seja restabelecida para níveis normais. 
DISFUNÇÃO: 
Tão logo tenha sido estabilizado o estado cardiopulmonar do doente, realiza-se um exame neurológico rápido e 
direcionado. Esse exame consiste primariamente em avaliar o escore da Escala de Coma de Glasgow a resposta 
pupilar ao estímulo luminoso e a ocorrência de défice neurológico localizado. 
No doente comatoso, a resposta motora pode ser produzida beliscando o músculo trapézio, pressionando o leito 
ungueal ou pressionando a região supraorbitária. Se o doente apresentar diferentes respostas à estimulação, 
devemos valorizar a melhor resposta motora. 
Os movimentos de olho de boneca (óculo-cefálico), a resposta calórica (óculo-vestibular) e o reflexo corneal são 
referidos para um neurocirurgião. Testar movimentos de olho de boneca nunca deve ser tentado antes de excluir 
lesão da coluna cervical. 
 
Junto a essa pontuação, fazemos também o reflexo fotomotor, que pode alterar ou não, a ECG: 
o Nenhuma pupila reage ao estímulo da luz: 
- 2 pontos na escala 
o Apenas uma pupila reage ao estímulo da luz: 
- 1 ponto na escala 
o Ambas pupilas reagem ao estímulo da luz: 
Fernanda Louzada 97 
 
A escala não se altera 
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: 
Devem ser realizados exames seriados (escore GCS, lateralização, e resposta pupilar) para detectar piora 
neurológica logo que possível. Sinal precoce bem conhecido de herniação do lobo temporal (do uncus) é a dilatação 
da pupila e perda de sua resposta à luz. 
PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS: 
Uma TC de urgência deve ser realizada logo que possível após a normalização hemodinâmica. Deve ser repetida 
sempre que houver mudança no estado clínico do doente e rotineiramente durante as 24 horas após o trauma 
naqueles com contusão ou hematoma à TC inicial. 
Os achados cruciais na TC são hematoma intracraniano, contusões e desvio da linha média (efeito de massa) e 
obliteração das cisternas da base. Um desvio de 5 mm ou mais é frequentemente indicativo da necessidade de 
cirurgia para evacuar o coágulo ou contusão causadores do desvio. 
TRATAMENTO CLÍNICO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO: 
O objetivo principal dos protocolos de cuidados intensivos é prevenir a lesão secundária em um cérebro já lesado. 
O princípio básico é que, se ao tecido nervoso lesado for oferecido um ambiente ótimo para a recuperação, esta 
pode ser alcançada e o neurônio pode recuperar sua função normal. O tratamento clínico do trauma craniencefálico 
inclui líquidos intravenosos, hiperventilação temporária, manitol, solução salina hipertônica, barbitúricos e 
anticonvulsivantes 
LÍQUIDOS INTRAVENOSOS: 
A hipovolemia nestes doentes é prejudicial. Também deve-se tomar o cuidado de não sobrecarregar o doente com 
líquidos. Não se devem usar líquidos hipotônicos. Além disso, o uso de soluções que contêm glicose pode produzir 
hiperglicemia. Portanto, para a reanimação, recomenda-se o uso de solução salina isotônica ou de Ringer lactato. 
Os níveis de sódio devem ser monitorados muito cuidadosamente. A hiponatremia está associada ao edema 
cerebral e deve ser prevenida. 
HIPERVENTILAÇÃO: 
A normocapnia é preferida na maioria dos casos. A hiperventilação age reduzindo a PaC02 e produzindo 
vasoconstricção cerebral. Hiperventilação agressiva e prolongada pode, na verdade, produzir isquemia cerebral, 
no cérebro já lesado, por causar vasoconstricção cerebral grave, prejudicando, portanto, a perfusão cerebral. Isto é 
particularmente verdadeiro quando se permite que a PaC02 caia abaixo de 30 mm Hg. Em geral é preferível 
manter a PaC02 em 35 mm Hg, o limite inferior do intervalo de normalidade (35 mm Hg a 45 mmHg). 
MANITOL: 
O manitol é usado para reduzir a pressãointracraniana elevada. O manitol não deve ser administrado a doentes 
hipotensos porque manitol não abaixa a PIC em situação de hipotensão além de ser um diurético osmótico 
potente. Isso pode exacerbar a hipotensão e a isquemia cerebral. 
SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA: 
Fernanda Louzada 97 
 
A solução salina hipertônica também é usada para reduzir a PIC elevada. São usadas concentrações de 3% a 23,4% e 
esse pode ser o agente preferido para ser usado em doentes hipotensos pois ela não age como diurético. 
BARBITÚRICOS: 
Os barbitúricos são eficientes na redução da pressão intracraniana refratária a outras medidas. Estas drogas não 
devem ser usadas na presença de hipotensão ou hipovolemia. 
ANTI-CONVULSIVANTES: 
A epilepsia pós-traumática ocorre em cerca de 5% de todos os doentes admitidos no hospital com traumatismos 
craniencefálicos fechados e em 15% daqueles com traumatismos craniencefálicos graves. Os três fatores principais 
ligados à alta incidência de epilepsia tardia são as convulsões que ocorrem durante a primeira semana, o 
hematoma intracraniano e a fratura com afundamento de crânio. As convulsões agudas podem ser controladas 
com anticonvulsivantes, porém o uso precoce de anticonvulsivantes não muda a evolução das convulsões pós 
traumáticas de longo prazo. Os anticonvulsivantes também podem inibir a recuperação do cérebro, portanto eles só 
devem ser usados quando absolutamente necessários. Atualmente a fenitoína ou fosfenitoína são os agentes 
habitualmente empregados na fase aguda. 
O controle de convulsões contínuas pode exigir anestesia geral. E imperativo que a convulsão seja controlada tão 
logo que possível porque convulsões prolongadas (30 a 60 minutos) provavelmente causam lesão cerebral 
secundária. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
O tratamento cirúrgico pode ser necessário para lesões de couro cabeludo, fraturas com afundamento de crânio, 
lesões intracranianas de massa e ferimentos cerebrais penetrantes. 
LESÕES DE COURO CABELUDO: 
É importante limpar a e inspecionar ferida cuidadosamente antes da sutura. As causas mais comuns de infecção de 
feridas do couro cabeludo são a limpeza e o desbridamento inadequados. As perdas sanguíneas oriundas de 
ferimentos de couro cabeludo podem ser abundantes. A presença de vazamento de LCR indica que existe laceração 
da dura-máter associada. 
FRATURAS COM AFUNDAMENTO DE CRÂNIO: 
Geralmente a fratura com afundamento de crânio deve ser reduzida cirurgicamente se o grau de depressão for 
maior do que a espessura da calota adjacente, ou se estiver exposta e grosseiramente contaminada. 
LESÕES INTRACRANIANAS DE MASSA: 
Estas lesões são tratadas por um neurocirurgião. Caso um neurocirurgião não esteja disponível no hospital que 
recebe de início o doente com lesão intracraniana de massa, é essencial que se transfira esse doente. 
FERIMENTOS CEREBRAIS PENETRANTES: 
A TC de cabeça é fortemente recomendada para a avaliação dos doentes portadores de ferimentos encefálicos 
penetrantes. Radiografias simples de crânio podem ser úteis na avaliação da trajetória do projétil, e na presença de 
grandes corpos estranhos e de ar intracraniano. 
Fernanda Louzada 97 
 
E adequada a utilização de antibioticoterapia profilática de amplo espectro nos doentes portadores de ferimentos 
encefálicos penetrantes. 
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA E HERNIAÇÃO CEREBRAL: 
Fonte: 
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882560/avaliacao-e-reconhecimento-da-sindrome-de-hipertensao-
intracraniana.pdf 
Medcurso 2017 – Apostila de Neuro 
Definição: Hipertensão Intracraniana (HIC) é o aumento da Pressão Intracraniana (PIC) acima de 15 mmHg (ou 20 
cmH2O). 
SINAIS E SINTOMAS: 
Os principais sinais e sintomas associados ao aumento da pressão intracraniana (PIC) correspondem à cefaléia, 
náuseas, vômitos e letargia, podendo ocorrer sintomas focais devido a lesões ocasionando síndromes de herniação. 
Alguns casos de HIC podem também evoluir com papiledema. 
- Cefaléia: costuma ser o primeiro sintoma e o mais constante, podendo ser holocraniana, occipital ou frontal. 
Apresenta a característica de piorar pela manhã – quando a PIC atinge o seu valor máximo – e de se exacerbar com 
esforço físico, tosse, espirro, evacuação, ou qualquer manobra que acarrete a elevação da pressão intratorácica 
subitamente. 
- Vômito: o vômito em jato, não precedido por náusea, costuma ser considerado como sinal patognomônico de HIC. 
HIC GRAVE: 
O coma profundo, as alterações respiratórias (Cheynes-Stokes, hiperpneia central) e o reflexo de Cushing 
(hipertensão arterial + bradicardia) são sinais indicativos de HIC grave, considerada uma emergência médica, pois 
pode ser fatal!! A compressão do hipotálamo (onde estão localizados os centros neuronais do sistema nervoso 
autônomo) pode explicar os componentes deste reflexo. 
A respiração de Cheynes-Stokes consiste em apnéias e hipopnéias se alternando com períodos de hiperpnéias: 
 
- Papiledema: ocorre devido à resistência imposta à drenagem venosa da retina por meio da veia central da retina 
em direção ao seio cavernoso, o que acarreta maior pressão nas veias retinianas. No exame de fundo de olho é 
possível notar aumento do diâmetro das veias retinianas, com desaparecimento do pulso venoso e borramento dos 
bordos da papila, evoluindo, posteriormente para edema, presença de focos hemorrágicos 
FISIOPATOLOGIA: 
A cavidade intracraniana é preenchida por sangue, parênquima cerebral e líquor (LCR). A perfeita harmonia desses 
três conteúdos determina a existência da pressão intracraniana normal, a qual varia de 50 a 200mm de H2O ou até 
15mmHg (sendo tolerável até 20mmHg). 
O Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC) é determinado pela Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) e pela Resistência 
Arteriolar (R). A Pressão de Perfusão (PPC), por sua vez, é dada pelo gradiente PAM-PIC. Para garantir uma perfusão 
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882560/avaliacao-e-reconhecimento-da-sindrome-de-hipertensao-intracraniana.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882560/avaliacao-e-reconhecimento-da-sindrome-de-hipertensao-intracraniana.pdf
Fernanda Louzada 97 
 
cerebral adequada, este gradiente deve ser mantido acima de 70 mmHg. Por exemplo, se a PAM for 100 mmHg, uma 
PIC superior a 30 mmHg já pode ser responsável por um importante hipofluxo cerebral, levando à perda da 
consciência. 
 
A HIC surge sempre que tiver edema cerebral significativo, ou uma massa ocupando espaço que surgiu de forma 
aguda (ex.: hematoma), ou ainda um acúmulo rápido de fluido no interior dos ventrículos cerebrais. 
O espaço intracraniano é considerado invariável em volume, portanto, seu aumento em um dos componentes da 
cavidade determina o deslocamento dos constituintes naturais, sendo, inicialmente, a diminuição do espaço 
subaracnóideo periencefálico e, posteriormente, a redução das cavidades ventriculares por diminuição do LCR. 
HIC GRAVE: 
A HIC grave mata através de sua principal devastadora complicação: a herniação cerebral. 
A descompensação e o consequente aumento da PIC podem resultar no deslocamento e na torção do neuroeixo. 
Essa torção e esse deslocamento de estruturas encefálicas recebem a denominação de herniações, e são resultado 
tanto de fatores que levam ao aumento da PIC quanto de processos expansivos por compressão. 
Na HIC grave, surge o rebaixamento do nível de consciência, que pode chegar ao estado de coma. Dois fenômenos 
explicam o estado de coma na HIC: 
(1) compressão uni ou bilateral do tálamo e do mesencéfalo (estes são os dois componentes do sistema reticular 
ascendente, responsável pelo estado de vigília); 
(2) hipofluxo cerebral, pela redução da pressão de perfusão cerebral, responsável pelo fluxo sanguíneo cerebral 
ETIOLOGIA: 
As principais causas do aumento da pressão intracraniana podem ser divididas em: 
 
HERNIAÇÃO CEREBRAL: 
 Definição: 
É a protrusão de um tecido ou massa cerebral através de um forame, levando à compressão de uma outraestrutura 
do encéfalo. 
TIPOS DE HERNIAÇÕES: 
Fernanda Louzada 97 
 
As hérnias encefálicas podem ser classificadas, conforme sua localização, em quatro grupos: Hérnia Transtentorial 
Central; Hérnia de Uncus; Hérnia Subfálcica e Hérnia do Forame Magno. 
 
- Hérnia Transtentorial Central: 
A dura-máter divide o encéfalo através de septos fibrosos. A foice do cérebro separa a porção superior dos dois 
hemisférios e o tentório (ou “tenda do cerebelo”) separa o cérebro do cerebelo. A parte central anterior do tentório 
apresenta uma abertura, por onde o tronco cerebral tem continuidade anatômica com o diencéfalo e cérebro. Por 
este “buraco do tentório” (fenda tentorial), um tecido cerebral (supratentorial) pode herniar, empurrado por uma 
lesão expansiva ou pelo edema cerebral, na vigência de HIC grave. Quando a compressão se dá no sentido vertical, 
de cima para baixo, do tálamo sobre o mesencéfalo, denominamos hérnia transtentorial central. 
 
Como podemos ver através dessa imagem, a tenda do cerebelo (também chamada de tentório), possui uma 
abertura, pelo qual o tronco cerebral passa. No momento da HIC, como o tentório é uma projeção da dura-mater 
(sendo assim extremamente resistente) o tecido cerebral acaba vazando pelo único lugar que ele consegue, ou seja, 
sua abertura central. 
A compressão acentuada desse pode levar ao coma profundo e a pupilas médio-fixas (características de dano 
mesencefálico), devido à perda do reflexo fotomotor e consensual (III par craniano); respiração de Cheyne Strokes 
pela compressão do tálamo e hiperventilação central pela compressão do mesencéfalo. O efeito compressivo atinge 
a ponte e o bulbo progressivamente levando à postura de descerebração (compressão da ponte), respiração 
apnêustica pontina (pausa após a expiração), respiração atáxica de Biot (ponte e bulbo) e, por fim, apnéia por 
compressão bulbar. 
Fernanda Louzada 97 
 
 
- Hérnia de Uncus: 
Ocorre por uma lesão expansiva sobre o lobo temporal. Através da fenda tentorial, o uncus, giro cerebral do lobo 
temporal medial, pode herniar, comprime o nervo oculomotor (3º par) ipsilateral à lesão e o mesencéfalo no sentido 
laterolateral. 
 
Essa herniação pode acarretar compressão do nervo oculomotor (III par craniano) ipsilateral à lesão (midríase 
paralítica); infarto mesencefálico (devido à compressão da artéria cerebral posterior) tornando o estado de coma 
irreversível e hemiparesia ipsilateral à lesão expansiva por compressão do pedúnculo cerebral mesencefálico 
contralateral. 
Quadro clínico típico: hemiplegia ipsilateral a lesão expansiva supratentorial e anisocoria contralateral a lesão 
expansiva supratentorial. 
- Hérnia Subfálcica: 
É a protrusão do giro cingulado por baixo da foice do cérebro (é uma herniação laterolateral). Pode levar à 
compressão das fibras piramidais contralaterais, causando hemiparesia do lado da lesão expansiva (semelhante ao 
que ocorre na síndrome de Kernohan). 
Fernanda Louzada 97 
 
 
- Hérnia do Forame Magno: 
Ocorre pela protusão da amídala cerebelar pelo Forame Magno, ocasionando apnéia súbita pela compressão do 
centro respiratório bulbar. 
 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico de HIC é baseado nas suas manifestações clínicas, podendo ser corroborado por exames de 
neuroimagem, os quais podem evidenciar um processo expansivo, um edema perilesional, hidrocefalia, apagamento 
de cisternas, herniações, edema cerebral, entre outros. Uma tomografia computadorizada (TC) de crânio sem 
contraste, para afastar hemorragia, deve ser solicitada em todo paciente com suspeita de HIC. A punção lombar não 
deve ser realizada em pacientes com HIC antes da TC de crânio, visto que na presença de uma lesão expansiva com 
efeito de massa comprimindo as cisternas da base, a retirada de líquor pode produzir efeito aspirativo que 
precipita uma herniação transtentorial central ou uncal. 
Há quatro principais locais anatômicos utilizados para a medição da PIC, são eles: intraventriculares (considerado 
padrão-ouro para monitorização), intraparenquimatosos, subaracnóides e epidurais. 
A determinação da PIC invasiva (por ventriculostomia) é o padrão-ouro, não só para diagnosticar, mas também para 
avaliar a sua gravidade. A TC de crânio com lesão expansiva mostra um indício de HIC: o desvio de linha média, 
caracterizado pelo deslocamento laterolateral do tecido cerebral a partir do hemisfério com a lesão expansiva. 
TRATAMENTO: 
O tratamento da HIC deve ter por base o tratamento do distúrbio que a causa. Em pacientes atendidos em 
emergência com sinais e sintomas de HIC, a avaliação inicial deve focar o suporte ventilatório e a estabilização 
hemodinâmica. Dependendo da etiologia da HIC alguns procedimentos podem ser úteis para reduzir o dano cerebral 
como o uso de manitol (em casos de edema citotóxico), uso de corticosteróides (em casos de edema vasogênico) e a 
hiperventilação (focando a redução da pCO2, nos casos de “swelling”). 
Fernanda Louzada 97 
 
 
TRAUMA MAXILOFACIAL: 
Fonte: 
Medcurso 2017 
INTRODUÇÃO: 
De forma geral, estas lesões não ameaçam a vida dos pacientes. 
As fraturas faciais são mais bem diagnosticadas através da tomografia computadorizada. Geralmente, além dos 
achados ósseos, podemos observar opacificação dos seios maxilares e etmoidais. 
É importante termos em mente que a correção cirúrgica das fraturas maxilofaciais não representa prioridade em 
uma vítima de politrauma com lesões graves associadas; exceção a esta regra inclui fraturas faciais extensas com 
afundamento, situação onde pode ocorrer lesão cerebral subjacente. 
CLASSIFICAÇÃO: 
As fraturas são classificadas de acordo com um sistema proposto por Le Fort: 
 
LE FORT TIPO I: 
Fernanda Louzada 97 
 
Também conhecida como fratura de Guérin ou disjunção dentoalveolar. Nesta situação, a linha de fratura é 
transversa, separando o osso de suporte dentoalveolar e o palato (ambos pertencentes à maxila) em um único 
bloco. 
Há a ruptura da sutura entre a maxila e o processo pterigoide do osso esfenoide, separando também a maxila das 
estruturas nasais e zigomática. 
Sinais e sintomas: 
Durante a palpação e pressão dos dentes da maxila há a mobilidade de todo o processo alveolar da maxila em 
bloco. A laceração do lábio superior e fratura de dentes maxilares são sugestivos de Le Fort I. 
LE FORT TIPO II: 
A linha de fratura superior passa transversa através das articulações dos ossos maxilar e nasal com o osso frontal, 
isto é, ela “separa o osso maxilar e nasal do osso frontal”. 
Sinais e sintomas: 
Está associada a fratura da lâmina crivosa (cribiforme) e, portanto, há comunicação com a cavidade intracraniana. 
Pode apresentar também liquorréia, anosmia, lesão de vias lacrimais, telecanto traumático e fratura nasal. 
LE FORT TIPO III: 
A linha de fratura tem um curso semelhante a do tipo II. Entretanto, no nível da parede medial da órbita, o traço se 
estende lateralmente e posteriormente, pelo assoalho da órbita, em direção à fissura orbitária inferior. Este tipo de 
fratura está associado a traumatismo extenso das estruturas da linha média da face. 
Sinais e Sintomas: 
A semiologia de Le Fort III é semelhante a Le Fort II, exceto que o zigoma está incluso no bloco fraturado à palpação. 
O terço médio da face move-se em bloco único. 
FRATURAS DE FACE E INTUBAÇÃO: 
https://administracao.spemd.pt/app/assets/imagens/files_img/1_19_5a2b0ffea65d1.pdf 
As fraturas faciais são a principal causa de diminuição da permeabilidade das vias aéreas em pacientes com traumas 
maxilofaciais. Assim, o manejo das vias aéreas é um dos princípios importantes no atendimento de paciente vitima 
de trauma de face. 
Contraindicações específicas para pacientes portadores de fraturas faciais são observadas quando existe a 
necessidade de bloqueio maxilomandibular transoperatório para manutenção da oclusão, impossibilitando a 
intubação oral. A presença de fraturas cominutivas de terço médio, fraturas da basedo crânio e a interferência da 
cânula no procedimento cirúrgico para redução de fraturas do tipo NOE (naso-órbitoetmoidais) contraindicam a 
intubação nasal. 
Como uma alternativa para as intubações convencionais, o cirurgião pode abrir mão da cricotireoidostomia e 
traqueostomia, que facilita o manejo das fraturas maxilofaciais e não possui contraindicações específicas para este 
tipo de tratamento; porém, é um procedimento com maior morbilidade. 
A técnica de intubação submentual, publicada pela primeira vez em 1986, diminuiria a morbilidade em comparação 
com a traqueostomia, traria benefícios quanto à não interposição da cânula durante o bloqueio maxilomandibular e 
possibilitaria a resolução dos casos de fraturas panfaciais num único tempo cirúrgico. 
https://administracao.spemd.pt/app/assets/imagens/files_img/1_19_5a2b0ffea65d1.pdf
Fernanda Louzada 97 
 
A técnica consiste na passagem do tubo pelo assoalho da cavidade bucal, lateral à língua, e, posteriormente, o seu 
trajeto segue semelhante à intubação orotraqueal. O acesso cirúrgico é realizado através de uma incisão cutânea na 
região submandibular medialmente à base da mandíbula. 
 
Essa técnica apesar de ser possível, não é muito utilizada!! 
MORTE ENCEFÁLICA: 
Fontes: 
ATLS 
https://cremers.org.br/conteudos/livros_e_cartilhas/morte_encefalica.pdf 
Os procedimentos para determinação da ME deverão ser realizados em todos os pacientes em coma não perceptivo 
e apneia, independentemente da condição de doador ou não de órgãos e tecidos. 
Os principais critérios utilizados no diagnóstico de morte cerebral são: 
 
REFLEXOS DE TRONCO CEREBRAL: 
 
Fernanda Louzada 97 
 
ÓCULO-CEFÁLICO: 
Consiste no desvio do(s) olho(s) durante a movimentação rápida da cabeça no sentido lateral e vertical. 
 
CORNEAL OU CÓRNEO-PALPEBRAL: 
Esse reflexo consiste na resposta de piscamento à estimulação direta do canto lateral inferior da córnea com 
gotejamento de soro fisiológico gelado ou algodão embebido em soro fisiológico ou água destilada. 
 
VESTÍBULO-CALÓRICO: 
Consiste no desvio do(s) olho(s) durante um minuto de observação, após irrigação do conduto auditivo externo com 
50 a 100 ml de água fria (± 5°C), com a cabeça colocada em posição supina e a 30°. O intervalo mínimo do exame 
entre ambos os lados deve ser de três minutos. Realizar otoscopia prévia para constatar a ausência de perfuração 
timpânica ou oclusão do conduto auditivo externo por cerume. 
TESTE FORMAL DE APNEIA: 
A realização do teste de apneia é obrigatória na determinação da ME. A apneia é definida pela ausência de 
movimentos respiratórios espontâneos, após a estimulação máxima do centro respiratório pela hipercapnia (PaCO2 
superior a 55 mmHg). 
1. Teste positivo (presença de apneia) – PaCO2 final superior a 55 mmHg, sem movimentos respiratórios, mesmo 
que o teste tenha sido interrompido antes dos dez minutos previstos. 
2. Teste inconclusivo – PaCO2 final menor que 55 mmHg, sem movimentos respiratórios. 
3. Teste negativo (ausência de apneia) – presença de movimentos respiratórios, mesmo débeis, com qualquer valor 
de PaCO2. Atentar para o fato de que em pacientes magros ou crianças os batimentos cardíacos podem mimetizar 
movimentos respiratórios débeis. 
ESTUDOS COMPLEMENTARES: 
Estudos complementares, que podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico de morte cerebral, são: 
Fernanda Louzada 97 
 
 
O eletroencefalograma e o dopller transcerebral são os mais importantes de se fazer. 
Certas condições reversíveis podem imitar o aparecimento de morte cerebral, p.ex., hipotermia ou coma barbitúrico. 
Por isto, o diagnóstico só pode ser considerado depois da normalização de todos os parâmetros fisiológicos e se 
não houver risco de que o SNC possa estar sob efeito de medicamentos. 
São necessários dois exames clínicos realizados por médicos diferentes, mas, apenas um teste de apneia é 
requerido quando o primeiro da positivo. O intervalo mínimo de tempo a ser observado entre o primeiro e o 
segundo exame clínico é de uma hora nos pacientes com idade igual ou maior a dois anos de idade. Nas demais 
faixas etárias esse intervalo é variável devendo ser observada a seguinte tabela: 
 
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: 
Fonte: 
https://site.abto.org.br/transplantes/tudo-sobre-transplante/ 
QUE ÓRGÃOS PODEM SER DOADOS: 
QUAIS ÓRGÃOS/TECIDOS PODEM SER OBTIDOS DE UM DOADOR VIVO? 
Um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões. 
QUAIS OS ÓRGÃOS/TECIDOS PODEM SER OBTIDOS DE UM DOADOR NÃO VIVO? 
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino. 
Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. 
TIPOS DE DOADORES: 
DOADOR EM VIDA: 
Precisa ser uma pessoa em boas condições de saúde, estar em condições de doar o órgão ou tecido sem 
comprometer a sua própria saúde e aptidões vitais. O candidato a doador deverá realizar uma avaliação médica para 
afastar a possibilidade de doenças que comprometam sua saúde ou do receptor. Além disso, deve ser uma pessoa 
juridicamente capaz, pois a doação só pode ser feita com autorização judicial. 
DOADOR PÓS MORTE ENCEFÁLICA EM QUE A FAMÍLIA TENHA AUTORIZADO: 
https://site.abto.org.br/transplantes/tudo-sobre-transplante/
Fernanda Louzada 97 
 
A morte encefálica é definida como “morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas”, ou seja, é 
permanente e irreversível. Após diagnosticado com morte encefálica a pessoa não tem como mais “reviver” e assim, 
todos os outros órgãos ainda funcionam, possibilitando a doação. 
QUEM NÃO PODE SER UM DOADOR? 
Pacientes com diagnóstico de tumores malignos (com algumas exceções), doença infecciosa grave aguda ou algumas 
doenças infecto-contagiosas 
O PROCESSO: 
O processo tem seu início na identificação de um possível doador de órgãos e/ou tecidos em unidade de terapia 
intensiva (UTI) ou pronto-socorro (PS). Geralmente, os possíveis doadores são pacientes internados por causas 
neurológicas (acidente vascular encefálico, traumatismo craniano, tumores cerebrais, meningites, encefalopatia 
anóxica, etc.), que mantêm grau 3 na escala de coma de Glasgow (ECGl = 3), sem resposta a estímulos. 
 
Fluxograma da logística envolvida na doação de órgãos 
TRAUMA VERTEBROMEDULAR: 
Fernanda Louzada 97 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
 Cerca de 5% dos doentes com lesão cerebral apresentam lesão de coluna associada, ao passo que 25% dos 
doentes com trauma de coluna têm, pelo menos, uma lesão cerebral moderada. 
 Aproximadamente 55% das lesões traumáticas da coluna vertebral ocorrem na região cervical, 15% na região 
torácica, 15% na transição toracolombar e 15% na região lombossacra. 
 Aproximadamente 10% dos doentes vítimas de fraturas de coluna cervical apresentam uma segunda fratura de 
coluna vertebral, não contígua. 
ANATOMIA E FISIOLOGIA: 
COLUNA VERTEBRAL: 
A coluna vertebral é formada por 7 vértebras cervicais, 12 torácicas e 5 lombares, pelo sacro e pelo cóccix. Os 
corpos vertebrais são separados pelos discos intervertebrais. 
As facetas articulares, os ligamentos interespinhosos e os músculos paravertebrais são estruturas que contribuem 
para dar estabilidade à coluna. 
 
 
A coluna cervical é particularmente vulnerável ao trauma devido a sua exposição e mobilidade. 
 Lesão cervical até C2: 
A maioria dos doentes com lesões nesse nível que sobrevivem mantém-se neurologicamente intacto ao chegar ao 
hospital. Apesar disso, cerca de um terço dos doentes com lesões da parte superior da coluna cervical morrem no 
local do trauma em decorrência de apneia provocada por perda da inervação central dos nervos frênicos 
resultante de lesão da medula no nível de C1. 
Fernanda Louzada 97 
 
 Lesão de C3 a C5: 
Abaixo do nível de C3, o diâmetro do canal medular é menor em relação ao diâmetro da medula e lesões da coluna 
vertebral nesse nível apresentam maior probabilidade de provocar lesões medulares 
 Lesão torácica: 
A mobilidade da coluna torácicaé muito mais restrita do que a da coluna cervical. Este segmento da coluna possui 
um apoio adicional que lhe é conferido pelos arcos costais. Como consequência, a incidência de fraturas torácicas é 
muito menor. A maioria das fraturas da coluna torácica ocorre por compressão e não está associada a lesões 
medulares. 
 Lesão toracolombar: 
A transição toracolombar constitui-se no ponto de apoio entre a região torácica, inflexível, e os níveis lombares, mais 
robustos. Em decorrência disso, ela se torna mais vulnerável ao trauma, o que faz com que 15% de todas as lesões 
de coluna ocorram nessa região 
MEDULA ESPINHAL: 
A medula espinhal origina-se na extremidade caudal da medula oblonga, no nível do forame magno. No adulto, 
termina em torno do nível de L1, através do cone medular. 
Dos muitos tratos que integram a medula espinhal, somente três podem ser avaliados clinicamente: os 
corticoespinhais laterais, os espinotalâmicos e os posteriores. Esses tratos estão distribuídos aos pares e as lesões 
podem ocorrer uni ou bilateralmente na medula espinhal. 
 
 
Fernanda Louzada 97 
 
Quando não existe qualquer evidência de função motora ou sensorial abaixo de um determinado nível, esse estado é 
definido como lesão completa da medula espinhal. Durante as primeiras semanas após a lesão, este diagnóstico 
não pode ser feito com precisão em razão da possibilidade de ocorrência do choque medular. Caso um certo grau 
de função sensorial ou motora permaneça, esse estado reflete uma lesão incompleta da medula espinhal e o 
prognóstico, quanto à recuperação, é significativamente melhor do que aquele com lesão medular completa. 
EXAME DO SISTEMA SENSORIAL: 
 Como saber se o paciente possui lesão de coluna? 
Em um doente normal do ponto de vista neurológico, a ausência de dor e de hipersensibilidade ao longo da coluna 
vertebral virtualmente exclui a presença de lesões significativas da coluna. Todavia, se o doente está em coma ou 
tem depressão do nível de consciência, a exclusão de lesões não é tão simples e cabe ao médico solicitar as 
radiografias pertinentes para excluir a presença de lesões de coluna. 
 Dermátomos: 
Entende-se por dermátomo a área de pele inervada pelos axônios sensitivos que estão situados dentro de uma 
determinada raiz nervosa segmentar. O conhecimento dos níveis de alguns dermátomos importantes permite 
determinar o nível da lesão traumática e avaliar a evolução neurológica, seja para melhora ou para agravamento. 
Na prática, os dermátomos cervicais superiores (Cl a C4) variam, dentro de certos limites, em sua distribuição 
cutânea e não costumam ser utilizados para localizar a lesão medular. Deve ser lembrado, entretanto, que os 
nervos supraclaviculares (de C2 a C4) fornecem inervação sensorial à região que recobre os músculos peitorais 
("cervical cape"). A presença de sensibilidade nesta região pode confundir o examinador que está tentando 
determinar o nível sensorial em doentes que apresentam lesões traumáticas cervicais baixas. 
 
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 Miótomos: 
Cada nervo segmentar (raiz nervosa) inerva mais de um músculo e a maioria dos músculos é inervada por mais de 
uma raiz nervosa (normalmente duas). Entretanto, para simplificar o exame, certos músculos ou grupos musculares 
são identificados como representando uma única raiz nervosa espinhal. 
Os músculos chaves devem ser testados quanto à força nos dois lados. Cada músculo é classificado em uma escala 
de 6 pontos de uma força normal até a paralisia. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES: 
As lesões medulares podem ser classificadas de acordo com (1) o nível, (2) a gravidade do défice neurológico, (3) o 
tipo de síndrome medular e (4) a morfologia. 
NÍVEL: 
O nível neurológico de lesão é definido pelo segmento mais caudal da medula, com funções motoras e sensoriais 
normais em ambos os lados do corpo. O termo nível sensorial, quando usado, refere-se aos segmentos mais caudais 
da medula que conservam suas funções sensoriais normais. De forma análoga, o nível motor é definido pela função 
motora do grupo-chave muscular mais baixo que mantém um valor de, pelo menos, 3/5 na escala de graduação de 
força muscular. 
Uma clara distinção deve ser feita entre as lesões acima e abaixo de Tl. As lesões traumáticas dos primeiros 8 
segmentos cervicais da medula resultam em quadriplegia, enquanto as abaixo de Tl acarretam paraplegia. O nível 
ósseo da lesão corresponde à vértebra cuja estrutura está danificada, resultando em lesão medular. Já o nível 
neurológico da lesão é determinado fundamentalmente pelo exame clínico. Frequentemente existe uma 
discrepância entre o nível ósseo e o neurológico, pois os nervos espinhais entram no canal medular através dos 
forames e, uma vez dentro dele, dirigem-se para cima ou para baixo, antes de penetrar propriamente na medula. 
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GRAVIDADE DO DÉFICE NEUROLÓGICO: 
Lesões medulares podem ser categorizadas quanto a: 
• Paraplegia incompleta (lesão torácica incompleta) 
• Paraplegia completa (lesão torácica completa) 
• Quadriplegia incompleta (lesão cervical incompleta) 
• Quadriplegia completa (lesão cervical completa) Isso é importante para avaliar qualquer sinal de preservação da 
função ao longo dos tratos da medula espinhal. 
Qualquer função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão constitui uma lesão incompleta. Sinais de uma lesão 
incompleta incluem qualquer sensação (incluindo o reconhecimento de posição) ou movimentos voluntários nas 
extremidades inferiores, preservação sacral, contração esfincteriana anal voluntária e flexão voluntária do hálux. 
Reflexos sacrais, como o reflexo bulbocavernoso ou a contratilidade anal, não são qualificados como preservação 
sacral. 
 
OBS: o reflexo retal, só descarta lesão completa quando o paciente contrai voluntariamente o ânus! 
SÍNDROMES MEDULARES: 
Nos doentes portadores de lesão medular, são encontrados, com frequência, alguns padrões característicos de lesão 
neurológica, tais como síndrome central da medula, síndrome anterior da medula e síndrome de Brown-Séquard. 
SÍNDROME CENTRAL DA MEDULA: 
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 Definição: 
É caracterizada pela desproporção entre a perda de força motora nas extremidades superiores, que é muito mais 
acentuada que a perda de força nas extremidades inferiores. Isso acontece pela somatotopia da medual espinhal, 
onde a distribuição dos nervos dos MMSS é mais medial e a dos MMII é mais lateral. 
 Traumas associados: 
Lesões por hiperextensão em doentes que apresentam estenose preexistente do canal medular cervical 
(comumente manifestação de doença osteoartrítica degenerativa). Habitualmente, a história é de uma queda para 
frente que resulta em impacto facial. A síndrome central da medula pode ocorrer com ou sem fratura ou luxação 
da coluna cervical. 
Trauma do tipo chicote. 
 Etiologia: 
Acredita-se que a síndrome central da medula seja decorrente de um comprometimento vascular no território de 
distribuição da artéria espinhal anterior, que supre as porções centrais da medula. 
 Recuperação da força muscular: 
A recuperação da força muscular costuma seguir um padrão característico: inicia-se pelos músculos dos membros 
inferiores, continua pela recuperação da função vesical e termina pela musculatura proximal dos membros 
superiores e das mãos. Nestes casos de lesão central, o prognóstico quanto à recuperação costuma ser melhor do 
que aquele de outras lesões incompletas. 
SÍNDROME ANTERIOR DA MEDULA: 
 
 Definição: 
A síndrome anterior da medula caracteriza-se por paraplegia e por dissociação da perda sensorial com perda de 
sensibilidade à dor e à temperatura. A função da coluna posterior (responsável pela sensibilidade proprioceptiva 
ao posicionamento, à vibração e à pressão profunda) está preservada. 
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 Trauma associado: 
Usualmente, a síndrome anterior da medula é secundária a infarto da medula no territóriosuprido pela artéria 
espinhal anterior. De todas as lesões incompletas, é aquela que tem o pior prognóstico. 
SÍNDROME POSTERIOR DA MEDULA: 
 
SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD: 
 
 Definição: 
A síndrome de Brown-Séquard resulta da hemissecção da medula, geralmente por traumatismo penetrante. 
Embora esta síndrome seja raramente encontrada, as variações do padrão clássico não são raras. 
 Em sua forma mais pura, ela consiste em comprometimento motor ipsilateral (trato corticoespinhal) e perda da 
sensibilidade postural (coluna posterior), concomitantes à perda contralateral da sensibilidade térmica e à dor 
começando um ou dois níveis abaixo do nível da lesão (trato espinotalâmico). 
O comprometimento da motricidade voluntária e da sensibilidade profunda é ipsilateral (mesmo lado que ocorreu a 
lesão) pois os tratos que transmitem essas informações, cruzam-se apenas a nível das pirâmides bulbares. O 
comprometimento da sensibilidade superficial é contralateral (lado oposto do que ocorreu a lesão) pois o trato que 
transmite essa informação cruza a nível da medula. 
- Sensibilidade superficial: sensibilidade tátil, térmica e dolorosa 
- Sensibilidade profunda: corresponde à sensibilidade proprioceptiva, relacionada à noção da posição de partes do 
corpo no espaço. 
OUTRAS SÍNDROMES: 
A lesão da medula espinal no nível sacral, geralmente no nível ósseo de T12-L1 (síndrome do cone medular), re-
sulta em incontinências fecal e vesical e em alteração da função sexual. A sensibilidade está alterada em três a 
quatro segmentos sacrais distais e coccígeos (anestesia em cela), enquanto o reflexo bulbocavernoso encontra-se 
ausente. 
A lesão isolada dos nervos espinais da cauda equina (lesão da cauda equina) no interior do canal vertebral costuma 
ocorrer nas fraturas distais em L1 a L2, não sendo, de fato, lesões da medula. O quadro clínico depende da raiz 
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atingida, e podem ser observados paresia do membro inferior, arreflexia, distúrbios da sensibilidade e incon-
tinências fecal e vesical. 
MORFOLOGIA: 
As lesões traumáticas de coluna podem ser descritas como fraturas, fraturas-luxações, lesões medulares sem 
anormalidades radiológicas (SCIWORA - Spinal cord injury without radiographic abnormality) e lesões penetrantes. 
Cada lesão poderá ainda ser classificada como estável ou instável. 
TIPOS ESPECÍFICOS DE LESÃO MEDULAR: 
As lesões traumáticas da coluna cervical podem resultar de apenas um ou de vários dos seguintes mecanismos de 
trauma: 
 
LUXAÇÃO ATLANTO-OCCIPITAL: 
As disjunções craniocervicais são lesões pouco comuns e resultam de movimentos acentuados de flexão e tração, de 
natureza traumática. A maioria desses doentes morre por destruição do tronco cerebral e apneia, ou apresenta 
lesões neurológicas extremamente graves (TCE grave) 
 
É uma causa comum de morte em casos de síndrome do bebê sacudido quando este morre imediatamente após a 
agressão. 
FRATURA DO ATLAS (C1): 
O atlas é um anel ósseo delicado, dotado de amplas superfícies articulares. Cerca de 40% das fraturas do atlas vêm 
acompanhadas de fraturas do áxis (C2). A lesão mais comum de C1 consiste em fratura por explosão da vértebra 
(fratura de Jefferson). O mecanismo usual do trauma é uma sobrecarga axial, tal como ocorre quando um objeto 
pesado cai verticalmente sobre a cabeça ou quando o próprio doente cai, batendo a cabeça em posição 
relativamente neutra. 
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A incidência radiológica mais adequada para diagnosticar a fratura é a radiografia transoral, que permite ver a 
região de Cl e C2, e pela tomografia axial (TC). 
No doente que sobrevive a uma fratura do atlas e chega até o hospital, a fratura geralmente não está associada a 
lesões da medula espinhal. Entretanto, tais fraturas são instáveis e devem ser tratadas desde o início com colar 
cervical. 
O paciente refere dor cervical alta e redução da mobilidade. Raramente há lesão associada da artéria vertebral, 
resultando na síndrome de Wallemberg (isquemia bulbar) – Nessa síndrome o paciente pode referi dor do lado 
esquerdo da nuca, tontura, formigamento no lado esquerdo do rosto e rouquidão após a manipulação quiroprática 
do pescoço. 
 
SUBLUXAÇÃO POR ROTAÇÃO EM C1: 
A subluxação por rotação em Cl costuma ser vista com maior frequência em crianças. Pode ocorrer 
espontaneamente após traumatismos de grande ou pequeno porte, com infecções respiratórias altas ou 
acompanhando a artrite reumatoide. O doente apresenta-se com a cabeça em rotação persistente (torcicolo). Essa 
lesão é diagnosticada melhor pela radiografia transoral. 
Nesse tipo de lesão, o odontoide não se encontra equidistante dos processos laterais de Cl. 
 
OBS: A síndrome de Grisel (SG) é definida como a subluxação rotatória não traumática do axis (C1) sobre atlas (C2). 
FRATURAS DO ÁXIS (C2): 
O áxis é a maior vértebra cervical e apresenta um formato peculiar. Por isso é suscetível a vários tipos de fraturas, 
dependendo da força e da direção do impacto. As fraturas agudas de C2 representam aproximadamente 18% de 
todas as fraturas de coluna cervical. 
FRATURAS DO ODONTOIDE: 
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Cerca de 60% das fraturas de C2 acometem o processo odontoide, uma protuberância óssea bem definida que se 
projeta cranialmente e que, em condições normais, faz contato com o arco anterior de Cl. O processo odontoide é 
mantido fixo, fundamentalmente pelo ligamento transverso. As fraturas do odontoide de tipo I afetam tipicamente 
sua extremidade e são relativamente raras. As fraturas de tipo II ocorrem através da base do odontoide e são as 
mais frequentes. As fraturas de tipo III afetam a base do odontoide e se prolongam obliquamente para o corpo do 
áxis 
 
FRATURAS DOS ELEMENTOS POSTERIORES: 
A fratura típica do enforcado compromete os elementos posteriores de C2, ou seja, a parte interarticular. Esse tipo 
de fratura representa cerca de 20% de todas as fraturas do áxis e resulta, habitualmente, de uma lesão por 
extensão. 
 
OUTRAS FATURAS DE C2: 
Cerca de 20% de todas as fraturas do áxis não afetam o odontoide e são de tipo diferente da fratura por 
enforcamento. Entre elas encontram-se as fraturas que afetam o corpo, o pedículo, os processos laterais, as lâminas 
e o processo espinhoso. 
FRATURAS E LUXAÇÕES DE C3 A C7 (TRAUMA RAQUIMEDULAR): 
As fraturas-luxações da coluna cervical baixa (C3-C7) são mais comuns que as da coluna cervical alta (C1, C2), 
respondendo por 85% das fraturas cervicais. 
 
As fraturas-luxações ou luxações de C1-C2 ou C2-C3 com acometimento medular geralmente são fatais, por levar à 
parada respiratória imediata, por disfunção frênica 
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As lesões C3-C4 e C4-C5, quando afetam a medula, acarretam instabilidade respiratória, não com parada imediata, 
mas com hipoventilação progressiva dentro das próximas horas (o nervo frênico origina-se entre C3 e C5). 
A lesão da medula cervical pode ser completa ou incompleta. 
- A lesão completa, denominada síndrome da secção medular, provoca tetraplegia, perda de todas as sensibilidades 
do dermátomo afetado para baixo, perda dos reflexos tendinosos e da função neurológica sacral, incluindo bexiga 
neurogênica (retenção vesical) e disfunção retal (impactação ou incontinência fecal). 
- A lesão medular incompleta mantém a função sacral e costuma ter prognóstico favorável, com grande 
possibilidade de recuperação funcional 
 
As fraturas de C3 são pouco comuns, possivelmente porque esta vértebra está localizada entre o áxis, que é mais 
vulnerável, e o "fulcro relativo" da coluna cervical, ou seja, as vértebras C5 e C6, que constituem a parte mais 
móvel. 
Em adultos, o local mais frequente de fraturas de coluna cervical é C5 e o nível mais comum de subluxação é entre 
C5 e C6. 
A incidência de lesões neurológicas aumenta dramaticamente com as luxações das facetas articulares. Na 
presença de luxações unilaterais dessas facetas, 80% dos doentes apresentamalgum tipo de lesão neurológica, cerca 
de 30% têm apenas lesões de raízes nervosas, 40% lesões incompletas da medula espinhal e 30% lesões completas 
da medula espinhal. Na presença de luxação bilateral das facetas, a morbidade é muito maior, com lesões de medula 
incompletas em 16% dos casos e completas em 84%. 
 
FRATURAS DA COLUNA TORÁCICA (T1 A T10): 
As fraturas da coluna torácica podem ser classificadas em quatro grandes categorias: 
 
LESÕES EM CUNHA POR COMPRESSÃO ANTERIOR: 
A sobrecarga axial associada à flexão resulta em lesões em cunha por compressão anterior. O encunhamento 
costuma ser pequeno, de modo que o encurtamento da face anterior do corpo vertebral raramente é igual ou 
superior a 25% da face posterior. Graças à rigidez da caixa torácica, a maioria dessas fraturas costuma ser estável. 
Fernanda Louzada 97 
 
 
LESÕES POR EXPLOSÃO DO CORPO VERTEBRAL: 
As lesões por explosão do corpo vertebral são causadas pela compressão vertical axial. 
 
FRATURAS DE CHANCE: 
As fraturas de Chance são fraturas transversas no corpo vertebral. São mais frequentemente encontradas em 
colisões automobilísticas quando o doente foi contido apenas pelo cinto abdominal. As fraturas de Chance podem 
estar associadas a lesões viscerais abdominais e retroperitoneais. 
 
FRATURAS-LUXAÇÕES: 
As fraturas-luxações são relativamente raras na coluna lombar e torácica devido à orientação das articulações das 
facetas. Essas lesões são quase sempre resultantes de flexão extrema ou trauma contuso grave da coluna, que 
produz ruptura dos elementos posteriores das vértebras (pedículos, facetas, lâmina). Entretanto, o canal medular é 
estreito em relação à medula espinhal, de modo que as fraturas-subluxações da coluna torácica frequentemente 
resultam em défices neurológicos completos 
FRATURAS DA JUNÇÃO TORACOLOMBAR (T11 A L1): 
Fraturas neste nível da coluna toracolombar costumam ser o resultado da relativa imobilidade da coluna torácica 
quando comparada à coluna lombar. Em sua maioria, resultam da combinação de hiperflexão e rotação agudas e, 
consequentemente, costumam ser instáveis. Entre os doentes particularmente suscetíveis a esse tipo de lesão, 
encontram-se os que sofrem quedas de altura e os motoristas que, por estarem usando cinto de segurança no 
momento do impacto, sofrem uma flexão com grande transferência de energia. 
Uma lesão neste nível costuma resultar em disfunções da bexiga e do intestino, assim como em redução da 
sensibilidade e da motricidade nos membros inferiores. 
FRATURAS LOMBARES: 
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Os sinais radiológicos associados às fraturas lombares são semelhantes àqueles encontrados nas fraturas 
toracolombares e torácicas. Entretanto, por acometerem apenas a cauda equina, a probabilidade de existir um 
défice neurológico completo é menor nesse tipo de lesão. 
LESÕES PENETRANTES DA COLUNA VERTEBRAL: 
Quando o trajeto do agente vulnerante atravessa diretamente o canal vertebral, costuma ocorrer um défice 
neurológico completo. Entretanto, défices completos podem também ocorrer como consequência de transferência 
de energia quando um projétil de alta velocidade passa próximo à medula espinhal, mesmo sem transfixiá-la. 
LESÕES VASCULARES CONTUSAS DAS ARTÉRIAS CARÓTIDA E VERTEBRAL: 
O traumatismo contuso da cabeça e do pescoço é um fator de risco para lesões das artérias carótida e vertebral. As 
indicações para investigação são amplas, mas os critérios sugeridos para a investigação incluem: 
 
O tratamento destas lesões envolve a anticoagulação ou terapia antiplaquetária, geralmente recomendada para os 
doentes sem contraindicações. 
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: 
A avaliação secundária é feita apenas depois de estabilização do paciente ou seja, do ABCDE. 
Portadores de fratura da coluna vertebral sem lesão neurológica apresentam dor local, que pode irradiar-se para os 
membros, e incapacidade funcional, acompanhada de espasmo da musculatura adjacente. Nos indivíduos com -
trauma medular, observam-se respiração diafragmática, perda da resposta ao estímulo doloroso, incapacidade de 
realizar movimentos voluntários nos membros, alterações do controle dos esfincteres, priapismo e presença de 
reflexos patológicos (sinais de Babinski e Oppenheim), indicando lesão do neurônio motor superior. 
 
Fernanda Louzada 97 
 
 
O exame neurológico consiste na avaliação da sensibilidade, da função motora e dos reflexos. 
A análise da sensibilidade é realizada no sentido craniocaudal, desde a região cervical, e envolve, também, a 
avaliação da sensibilidade quanto a variação de temperatura, dor e tato, que são funções mediadas pelo trato 
espinotalâmico lateral, cujas fibras estão na porção anterolateral da medula espinal. O exame da vibração por meio 
de diapasão ou da posição espacial dos membros avalia as condições do trato posterior da medula espinal (funículos 
grácil e cuneiforme). 
A avaliação da função motora tem como objetivo a determinação do grau de movimento que o paciente possui, 
examinando a função dos tratos corticospinais. A constatação apenas da presença ou ausência do movimento nas 
extremidades é insuficiente. O movimento deve ser quantificado com relação ao grau de força muscular, 
estabelecido por meio uma de escala que varia de 0 a 5. 
 
Os reflexos tendíneos profundos são mediados pelas células do corno anterior da medula espinal, e o córtex 
cerebral exerce ação inibidora para evitar resposta exacerbada aos estímulos recebidos. A ausência desse reflexo 
pode indicar lesão do nervo periférico, interrompendo o arco reflexo, ou presença de choque medular. Os reflexos 
tendíneos profundos de maior importância clínica são bicipital (C5), estilorradial (C6), tricipital (C7), patelar (L4) e 
do calcâneo (S1). 
Os reflexos abdominais e cremastéricos são testes do neurônio motor superior; sua ausência indica lesão em tal 
neurônio, enquanto a perda assimétrica sugere lesão no neurônio motor inferior. As lesões do neurônio motor 
superior podem, também, ser diagnosticadas pela presença de reflexos patológicos evidenciados pelos testes de 
Babinski ou de Oppenheim. 
O reflexo bulbocavernoso é de grande importância na avaliação dos pacientes com TRM que apresentam choque 
medular. O retorno desse reflexo, que pode ser obtido por meio da estimulação do pênis ou do clitóris, provocando 
contração do esfincter anal, indica o término do choque medular, permitindo a determinação do déficit neurológico 
após a lesão. 
AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA DAS LESÕES DE COLUNA: 
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A associação de um exame clínico cuidadoso e uma avaliação radiológica completa é fundamental na identificação 
de uma lesão de coluna. 
OBS: Depois de estável hemodinamicamente, podemos realizar uma Ressonância Nuclear Magnética se necessário 
(visto que, ela é melhor pra ver traumas raquimedulares do que a TC). 
COLUNA CERVICAL: 
Radiografias da coluna cervical são indicadas para todos os doentes traumatizados portadores de dor na linha média 
do pescoço, sensibilidade à palpação, défices neurológicos relacionados à coluna cervical, alteração o nível de 
consciência, suspeita de intoxicação ou mecanismo de trauma significativo que cause lesão que desvie a atenção. 
Existem duas opções para a avaliação radiológica. Em locais com tecnologia disponível, deve-se realizar uma 
tomografia axial com cortes finos desde o occipício até Tl, com reconstruções sagital e coronal. Em locais onde esse 
exame não está disponível, deve ser realizada radiografia nas incidências lateral, anteroposterior (AP) e transoral 
para identificação do odontoide. 
Em nenhuma circunstância, o pescoço do doente deverá ser forçado em posição na qual haja dor. Todos os 
movimentos devem ser voluntários. Esses filmes devem ser obtidos sob supervisão direta de um médico experiente 
na interpretação desse tipo de exame. 
Aproximadamente 10% dos doentes com fratura de coluna cervical apresentam também uma segunda fratura de 
coluna

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