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Fato típico – Nexo causal e tipicidade: Disciplina: Direito Penal 1 Nexo causal É a ligação entre a conduta penalmente relevante e o resultado naturalístico (relação de causa e efeito). - Neste sentido, preceitua o art. 13, CP: o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O resultado pode ser de dois tipos: o jurídico, encontrado em todo e qualquer crime; e o naturalístico, o único crime que precisa dele para se consumar é o material. Entretanto, a lei quando menciona resultado não especifica qual o resultado ao qual ela está se referindo. Porém este resultado citado no art. 13, é o resultado naturalístico. Observação: só se estuda o nexo causal com relação aos crimes materiais. Não se estuda nexo causal em crime formal e crime de mera conduta, pois nos crimes formais e crimes de mera conduta, a conduta já consuma o crime. → Concausas Concurso de eventos que vão em busca de um mesmo resultado. Ou seja, é mais de um evento indo em busca de um mesmo resultado. - Exemplo: x, querendo a morte de y, envenena sua bebida. y acaba por ingerir a bebida envenenada. Antes mesmo de o veneno fazer efeito, cai um lustre na cabeça de y que descansava na sala, causando sua morre por traumatismo craniano. - Em situações assim, com a existência de concausas, o primeiro passo é identificar qual foi o evento paralelo à conduta da pessoa de quem queremos saber a responsabilidade criminal frente ao resultado final. Ademais, em situações assim, em que o evento paralelo causa o resultado por si só e a conduta do agente em nada influi no resultado ocorrido, afirma-se que o evento paralelo foi uma concausa absolutamente independente, não havendo nexo causal entre a conduta do agente e o resultado final. A concausa absolutamente independente pode ser: a) Preexistente: concausa aconteceu antes da conduta; b) Concomitante: concausa aconteceu durante a conduta do agente; c) Superveniente: concausa depois da conduta do agente. Observação: pode ocorrer, entretanto, de o evento paralelo "unir forças” com a conduta do agente para juntos, causarem o resultado. A partir do momento que você identificar que houve concausa, e que essa concausa seja relativamente independente, o próximo passo é analisar se ela é preexiste, concomitante e superveniente. Assim, se ela for preexistente ou concomitante o sujeito vai responder pelo crime que quis responder na forma consumada. - Porém, a partir do momento que a concausa relativamente independente for superveniente a conduta do agente deverá ser observada: 1. Concausa relativamente independente superveniente por si só não causou o resultado: o resultado final se deu na mesma linha de Fato típico – Nexo causal e tipicidade: Disciplina: Direito Penal 1 desdobramento natural da conduta do agente. Assim, o agente responde pelo crime que quis praticar na forma consumada. - Exemplo: x, querendo matar y, atirou contra ela. O tiro não a matou de imediato e y foi socorrida. No hospital, durante uma cirurgia de emergência, y contrai uma infecção hospitalar e morre. 2. Concausa relativamente independente superveniente por si só causou o resultado: o resultado final fugiu da linha de desdobramento natural da conduta do sujeito da questão. Assim, o agente responde pelo crime que quis praticar na forma tentada. - Exemplo: x, querendo matar y, atirou contra ela. O tiro não a matou de imediato e y foi socorrida. No hospital, y morre soterrada, pois houve um desabamento. Tipicidade É o encaixe de determinada conduta, a qual lesiona bem jurídico ou o expõe a perigo de lesão, de forma significativa, a determinado tipo penal incriminador. A tipicidade penal (gênero) é composta por duas espécies: formal e material. Com isso, para o fato ter tipicidade é necessário ter a tipicidade formal e a material, juntas. - Assim, para verificar se em determinada conduta existe tipicidade, é necessário identificar primeiro se existe a tipicidade formal, conduta descrita em lei para a qual se tem a previsão de uma pena; e se tiver, verificar se existe a tipicidade material, quando lesiona ou expõe o bem jurídico. Deste conceito, tem-se que para existir tipicidade penal a seguintes perguntas, nesta ordem, devem ser feitas: ✓ A conduta ocorrida se encaixa a algum tipo penal incriminador, ou seja, conduta descrita em lei para a qual se tem a previsão de uma pena? Caso a resposta seja não, já se pode afirmar que não existe tipicidade sob o aspecto formal; caso seja sim faz-se outra pergunta ✓ A conduta ocorrida lesiona ou expõe a perigo de lesão, significativamente, o bem jurídico? Caso a resposta seja não, já se pode afirmar que não existe tipicidade sob o aspecto material; caso seja sim, agora podemos dizer que existe tipicidade. - Assim, pode-se dizer que a tipicidade penal, pois, é a junção da tipicidade formal com a tipicidade material. Quando acontece, então, de um fato ser formalmente típico, mas materialmente atípico? Ou seja, tiver tipicidade formal e não a tipicidade material. Porém, sabe-se que se a tipicidade não tiver os dois, não há a tipicidade. - Assim, isso ocorre quando o fato formalmente típico acontece em uma situação onde incide o princípio da insignificância ou princípio da adequação social: Fato típico – Nexo causal e tipicidade: Disciplina: Direito Penal 1 1. Princípio da insignificância: incide quando um fato formalmente típico é materialmente atípico porque a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico é ínfima, irrisória, írrita, insignificante. - Exemplo: x subtrai, para si, uma caneta BIC de uma enorme livraria. Este fato é formalmente típico, se encaixa na conduta descrita no art. 155, CP, mas é materialmente atípico, porque a subtração de apenas uma caneta BIC não lesiona, de forma significativa, o bem jurídico patrimônio da livraria; 2. Princípio da adequação social: incidiria quando um fato formalmente típico é materialmente atípico porque a conduta praticada é aceita, tolerada pela sociedade. - Exemplo: x participa de jogos de azar. Este fato é formalmente típico, se encaixando na conduta descrita no art. 50, Lei de Contravenções Penais, mas seria materialmente atípico* porque esta conduta seria aceita pela sociedade. *Atípico se refere a algo que foge do comum/regra.
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