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10 Fato típico (Nexo causal e Tipicidade) - 2 semestre

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Fato típico – Nexo causal e tipicidade: 
Disciplina: Direito Penal 1 
 Nexo causal 
 É a ligação entre a conduta penalmente relevante e o resultado naturalístico 
(relação de causa e efeito). 
- Neste sentido, preceitua o art. 13, CP: o resultado, de que depende a 
existência do crime, somente é imputável a quem lhe causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 O resultado pode ser de dois tipos: o jurídico, encontrado em todo e qualquer 
crime; e o naturalístico, o único crime que precisa dele para se consumar é 
o material. Entretanto, a lei quando menciona resultado não especifica qual 
o resultado ao qual ela está se referindo. Porém este resultado citado no art. 
13, é o resultado naturalístico. 
 Observação: só se estuda o nexo causal com relação aos crimes materiais. 
Não se estuda nexo causal em crime formal e crime de mera conduta, pois 
nos crimes formais e crimes de mera conduta, a conduta já consuma o crime. 
→ Concausas 
 Concurso de eventos que vão em busca de um mesmo resultado. Ou seja, é 
mais de um evento indo em busca de um mesmo resultado. 
- Exemplo: x, querendo a morte de y, envenena sua bebida. y acaba por 
ingerir a bebida envenenada. Antes mesmo de o veneno fazer efeito, cai um 
lustre na cabeça de y que descansava na sala, causando sua morre por 
traumatismo craniano. 
- Em situações assim, com a existência de concausas, o primeiro passo é 
identificar qual foi o evento paralelo à conduta da pessoa de quem queremos 
saber a responsabilidade criminal frente ao resultado final. Ademais, em 
situações assim, em que o evento paralelo causa o resultado por si só e a 
conduta do agente em nada influi no resultado ocorrido, afirma-se que o 
evento paralelo foi uma concausa absolutamente independente, não havendo 
nexo causal entre a conduta do agente e o resultado final. 
 A concausa absolutamente independente pode ser: 
a) Preexistente: concausa aconteceu antes da conduta; 
b) Concomitante: concausa aconteceu durante a conduta do agente; 
c) Superveniente: concausa depois da conduta do agente. 
 Observação: pode ocorrer, entretanto, de o evento paralelo "unir forças” com 
a conduta do agente para juntos, causarem o resultado. 
 A partir do momento que você identificar que houve concausa, e que essa 
concausa seja relativamente independente, o próximo passo é analisar se ela 
é preexiste, concomitante e superveniente. Assim, se ela for preexistente ou 
concomitante o sujeito vai responder pelo crime que quis responder na forma 
consumada. 
- Porém, a partir do momento que a concausa relativamente independente 
for superveniente a conduta do agente deverá ser observada: 
1. Concausa relativamente independente superveniente por si só não 
causou o resultado: o resultado final se deu na mesma linha de 
Fato típico – Nexo causal e tipicidade: 
Disciplina: Direito Penal 1 
desdobramento natural da conduta do agente. Assim, o agente 
responde pelo crime que quis praticar na forma consumada. 
- Exemplo: x, querendo matar y, atirou contra ela. O tiro não a matou 
de imediato e y foi socorrida. No hospital, durante uma cirurgia de 
emergência, y contrai uma infecção hospitalar e morre. 
2. Concausa relativamente independente superveniente por si só causou o 
resultado: o resultado final fugiu da linha de desdobramento natural 
da conduta do sujeito da questão. Assim, o agente responde pelo crime 
que quis praticar na forma tentada. 
- Exemplo: x, querendo matar y, atirou contra ela. O tiro não a matou 
de imediato e y foi socorrida. No hospital, y morre soterrada, pois 
houve um desabamento. 
 Tipicidade 
 É o encaixe de determinada conduta, a qual lesiona bem jurídico ou o expõe 
a perigo de lesão, de forma significativa, a determinado tipo penal 
incriminador. 
 A tipicidade penal (gênero) é composta por duas espécies: formal e material. 
Com isso, para o fato ter tipicidade é necessário ter a tipicidade formal e a 
material, juntas. 
- Assim, para verificar se em determinada conduta existe tipicidade, é 
necessário identificar primeiro se existe a tipicidade formal, conduta 
descrita em lei para a qual se tem a previsão de uma pena; e se tiver, 
verificar se existe a tipicidade material, quando lesiona ou expõe o bem 
jurídico. 
 Deste conceito, tem-se que para existir tipicidade penal a seguintes 
perguntas, nesta ordem, devem ser feitas: 
✓ A conduta ocorrida se encaixa a algum tipo penal incriminador, ou 
seja, conduta descrita em lei para a qual se tem a previsão de uma 
pena? Caso a resposta seja não, já se pode afirmar que não existe 
tipicidade sob o aspecto formal; caso seja sim faz-se outra pergunta 
✓ A conduta ocorrida lesiona ou expõe a perigo de lesão, 
significativamente, o bem jurídico? Caso a resposta seja não, já se pode 
afirmar que não existe tipicidade sob o aspecto material; caso seja sim, 
agora podemos dizer que existe tipicidade. 
- Assim, pode-se dizer que a tipicidade penal, pois, é a junção da tipicidade 
formal com a tipicidade material. 
 Quando acontece, então, de um fato ser formalmente típico, mas 
materialmente atípico? Ou seja, tiver tipicidade formal e não a tipicidade 
material. Porém, sabe-se que se a tipicidade não tiver os dois, não há a 
tipicidade. 
- Assim, isso ocorre quando o fato formalmente típico acontece em uma 
situação onde incide o princípio da insignificância ou princípio da adequação 
social: 
Fato típico – Nexo causal e tipicidade: 
Disciplina: Direito Penal 1 
1. Princípio da insignificância: incide quando um fato formalmente típico é 
materialmente atípico porque a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
é ínfima, irrisória, írrita, insignificante. 
- Exemplo: x subtrai, para si, uma caneta BIC de uma enorme livraria. 
Este fato é formalmente típico, se encaixa na conduta descrita no art. 
155, CP, mas é materialmente atípico, porque a subtração de apenas 
uma caneta BIC não lesiona, de forma significativa, o bem jurídico 
patrimônio da livraria; 
2. Princípio da adequação social: incidiria quando um fato formalmente 
típico é materialmente atípico porque a conduta praticada é aceita, 
tolerada pela sociedade. 
- Exemplo: x participa de jogos de azar. Este fato é formalmente típico, 
se encaixando na conduta descrita no art. 50, Lei de Contravenções 
Penais, mas seria materialmente atípico* porque esta conduta seria 
aceita pela sociedade. 
*Atípico se refere a algo que foge do comum/regra.

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