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1 Rafaela Pamplona Resumo I - REUMATOLOGIA ABORDAGEM DO PACIENTE REUMATOLÓGICO ................................................................................................................................. 1 EXAME FÍSICO REUMATOLÓGICO ........................................................................................................................................................ 5 EXAMES LABORATÓRIAIS ...................................................................................................................................................................... 8 ARTRITE REUMATOIDE ........................................................................................................................................................................ 13 FIBROMIALGIA ....................................................................................................................................................................................... 19 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ..................................................................................................................................................... 22 ABORDAGEM DO PACIENTE REUMATOLÓGICO Introdução • Reumatologia: maioria das doenças com manifestações multissistêmicas • Apesar dos avanços tecnológicos, a história clínica continua sendo fundamental e indispensável 85% do diagnóstico baseado na história clínica e exame físico Os achados laboratoriais normalmente não são patognomônicos Normalmente são pacientes que necessitam de muita esculta, por envolver questões psíquicas/emocionais Doenças músculo-esqueléticas • Doenças que afetam exclusivamente as articulações Ex: Osteoartrose • Doenças que afetam estruturas periarticulares Ex: tendinites, bursites, nervos (síndrome do túnel carpo), etc • Doenças sistêmicas que afetam sistema músculo-esquelético Ex: anemia falciforme, mieloma múltiplo, hepatite C, doenças linfo-mieloproliferativas, etc • Doenças difusas do tecido conjuntivo Ex: LES, AR, DPM, esclerose sistêmica • Abordagem do paciente com queixa músculo-esquelética Sexo, idade, ocupação + Anamnese + Exame físico Não existem exames complementares patognomônicos das doenças reumáticas Sintomas mais comuns das doenças reumáticas • Dor • Rigidez • Inchaço/edema deformidade • Fraqueza ou dificuldade para mover • Fadiga, depressão, distúrbio sono Dor • IASP – associação internacional para o estudo da dor Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano Sempre apresenta um componente subjetivo • Exemplos Artrite reumatoide: poliartrite crônica simétrica aditiva Febre reumática: oligoartrite ou poliartrite aguda migratória Abordagem da Dor • Local da dor Localizada ou generalizada? Referida? Irradiada? • Quando começou? Agudo: < 6 semanas Subagudo: de 6 semanas a 3 meses Crônico: > 3 meses, não precisa ser continua, mas precisa ser frequente • Como começou? Fator precipitante • Que fatores afetam a dor? Repouso? Movimento? • Qualidade ou característica da dor Em pontada? Pulsátil? Surda? Latejante? Peso? • Sintomas associados Rigidez, edema, depressão, fadiga, distúrbios do sono Promovem a maioria das informações necessárias para o diagnóstico 2 Rafaela Pamplona • Escala visual analógica Dor inflamatória X Dor mecânica Característica Inflamatória Mecânica Rigidez matinal >1 hora <30min Fadiga importante mínima Atividade melhora piora Repouso piora melhora Envolvimento sistêmico sim não Resposta ao corticoide sim não/sim Caso 1 • Paciente sexo F, 65 anos • Dor no joelho D, que inicia com a deambulação e melhora com repouso • Rigidez matinal de 30 min DOR MECÂNICA Caso 2 • Paciente sexo F, 35 anos • Dor nos punhos, que inicia principalmente pela manhã e melhora durante o dia • Rigidez matinal de 2 h DOR INFLAMATÓRIA Padrões de dor • Dor óssea: dor localizada que surge no repouso e noturna Tumor, Paget, fratura • Dor mecânica: relacionada ao uso da articulação Osteoartrite, instabilidade articular • Dor articular inflamatória: piora com repouso, associada à rigidez matinal AR, espondilo • Dor neuropática: difusa, parestesias em dermátomo Compressão dos nervos Abordagem da Rigidez Articular • Significado – geralmente associada a doenças inflamatórias Dificuldade para iniciar o movimento (osteoartrite – OA) Dificuldade para realizar o movimento (artrite reumatoide – AR) • Tempo de rigidez Poucos minutos (OA) Mais de 1 hora (AR) • Rigidez das mãos Tenossinovite, esclerodermia*, Dupuytren** * Enrijecimento crônico da pele e tecido conjuntivo ** Enrijecimento progressivo das fáscias no interior das mãos, resultando no aspecto “mão em garra” Abordagem do inchaço • Inchaço é a percepção do paciente, edema é identificado no exame físico • Origem: junta, osso ou tecidos moles • Características Surgiu após trauma? Aparecimento lento ou súbito? Aparece e desaparece? Gradualmente progressivo? É doloroso? Abordagem da fraqueza • Incapacidade para movimentar-se • Significado Dificuldade de movimento devido artrite Dificuldade de movimento devido atrofia muscular Fraqueza muscular Fadiga • Localização Dos membros ou do corpo todo? Simétrica ou assimétrica? Abordagem da fadiga, depressão e distúrbio do sono • Fadiga LES, AR, fibromialgia, sono inadequado, depressão, polimialgia reumática Bom indicador de atividade do LES e AR • Depressão Muito comum no LES, AR, fibromialgia • Distúrbio do sono Muito comum na fibromialgia Presente nos pacientes com artrites inflamatórias (rigidez pós repouso) Características do envolvimento articular • Artralgia ou artrite? Na anamnese colocar artralgia ou dor articular No exame físico colocar artrite (= sinais inflamatórios) 3 Rafaela Pamplona • Modo de início: agudo ou insidioso? Ex: Agudo: gota, febre reumática, artrite infecciosa Insidioso: ar, osteoartrite, artrite por TB/Fungo • Duração dos sintomas: autolimitado ou crônico? Ex: Autolimitado: gota, febre reumática Crônico: AR, OA, artrite infecciosa (TB/fungo) • Quantas articulações envolvidas? Monoartrite - Aguda: trauma, infecção, cristais - Crônica: OA, infecção por TB ou fungo, neoplasia Oligoartrite (2 – 4 articulações) - Ex: artrite reativa, febre reumática Poliartrite (>4 articulações) - Ex: artrite reumatoide, LES, DMTC, FR (início adulto), OA generalizada, artrite viral, artrite reativa • Distribuição do envolvimento articular Simétrico: AR, LES, DMTC, Polimialgia Reumática, FR (início adulto), OA generalizada, artrite viral, etc Assimétrico: artrite reativa, EA, artrite psoriática, artrite enteropática, etc • Localização das juntas afetadas Axial: espondilite anquilosante Apendicular: LES, DMTC, Febre Reumática, Gota Ambos: EA, Artrite Reativa, Psoriática, artrite enteropática, AR, OA • Sequência do envolvimento Aditivo: AR, OA generalizada, Artrite Reativa Migratório: Febre Reumática (crianças), Artrite gonocócica Intermitente: Gota, Condrocalcinose, LES • Padrão local de envolvimento articular Mãos: MCF e IFP (simétrico): AR, LES IFP e IFD: OA nodular, Artrite psoriática MCF, IFP, IFD (assimétrico): Gota MCF do polegar: OA Pés: MTF do 1º Dedo: Gota MTF e IFP (simétrico): AR, Psoríase Coluna, coxofemorais, ombros, esterno-claviculares, manúbrio-esternais,costocondrais: Espondilite Anquilosante Exame físico • Exame físico inicia quando o médico encontra o paciente: postura, força muscular no aperto de mão, deambulação • Tentarestabelecer sequência racional na execução do exame físico • Inspeção Marcha Defeitos mecânicos Deformidades: cifose, escoliose, luxação, valgos, varos Edema articular Alterações de coloração articular, alterações cutâneas Alinhamento das articulações, deformidades Tônus muscular Comparação entre grupos musculares dos dois lados Edema - Articular: indica presença de artrite - Aumento do líquido sinovial causa edema generalizado ~ Acúmulo em estruturas contíguas: espaço suprapatelar, bursa poplítea (cisto de Baker) - Tendão: edema localizado - Edema bem definido sobre uma proeminência óssea, olecrano, patela: bursite, nódulo reumatoide, tofo, xantoma, depósito amilóide - Inflamação crônica: osteófitos (nódulos de Herbeden e nódulos de Bouchard) 4 Rafaela Pamplona Alterações cutâneas - Eritema articulação: mais intenso nos processos infecciosos, gota - Rash-LES, dermatopolimiosite - Esclerodactilia, Telangiectasias (alterações vasculares) - Úlceras: LES, Vasculites, Esclerodermia (fibrose da pele) - Fenômeno de Raynaud: vasoconstrição temporária devido ao frio: tríade = vasoconstricção, cianose e rubor ~ O rubor é devido a vasodilatação compensatória - Alopecia Deformidades - Artrites crônicas: posições fixas por tempo prolongado - Destruição de estruturas - AR → mão reumatoide ~ Pescoço de cisne: extensão da interfalangiana proximal e flexão da interfalangiana distal ~ Dedo em botoneira: flexão da interfalangiana proximal e extensão da interfalangiana distal ~ Desvio ulnar ~ Dedo em martelo Tônus muscular - Atrofia-desuso, doenças neurológicas, miopatias inflamatórias, artrite crônica de joelho • Palpação Dor - Sensível, mas pouco específico - Palpação de todas as estruturas articulares e circunjacentes - Cápsula articular e periósteo dolorosos, mas cartilagem articular e menisco indolores Edema - Efusão sinovial: sensação de “borracha” - Hipertrofia sinovial: mais endurecida Temperatura - Dorso da mão - Palpar comparando com o outro lado - Variação de 0,5 graus pode ser detectada - Temperatura das superfícies articulares geralmente menor Crepitação Mobilidade • Mobilidade da articular e manobras Alterações nas articulações? Qual a natureza das anormalidades? Qual a distribuição do envolvimento articular? Outros achados relevantes para o diagnóstico? As respostas são suficientes para se estabelecer um diagnóstico diferencial? Mobilização – avaliar: amplitude, força, bloqueios, rigidez, crepitações - Ativa - Passiva - Ativa contra resistência 5 Rafaela Pamplona EXAME FÍSICO REUMATOLÓGICO Ombro • Trata-se da articulação de maior movimento • Do ponto de vista anatômico, corresponde à articulação glenoumeral • Do ponto de vista da prática clínica, engloba três articulações da cintura escapular: glenoumeral; acromioclavicular e esternoclavicular • Extensões funcionais: os sistemas subacromial e escapulotorácico • Ao exame, observe a presença de edema, calor, equimoses (trauma), desvios e deformidades • Identifique pontos dolorosos na cintura escapular e axilas Bursite X tendinite → bursite é mais superficial • Testes de impacto → manguito rotador Supraespinhal = rotação externa e abdução Infraespinhal = rotação externa Redondo menor = rotação externa Subescapular = rotação interna e adução Neer – teste do impacto manguito rotador - Avalia o manguito como um todo - Positivo: dor ou limitação do movimento - Manobra ~ Examinador estabiliza a articulação ~ Flexão rápida e passiva de ombro Hawkins-Kenedy – teste do impacto manguito rotador - Positivo: dor ou limitação do movimento - Manobra ~ Flexão de ombro e cotovelo a 90º ~ Rotação interna passiva Yokum – teste do impacto manguito rotador - Positivo: dor ou limitação do movimento - Manobra ~ Mão apoiada no ombro oposto ~ Examinador estabiliza a escapula, empurra o cotovelo, realizando flexão passiva do ombro • Testes específicos Jobe – supraespinhal - Se cair: ruptura - Se doer: inflamação - Manobra ~ Braço abduzido em rotação interna ~ Examinador impõe resistência e pede para o paciente realizar flexão de ombro contra a resistência Teste do infraespinhal - Positivo: dor ou incapacidade de resistir a força - Manobra ~ Cotovelo fletido a 90° ~ Rotação externa contra resistência 6 Rafaela Pamplona Patte – infraespinhal e redondo menor - Positivo: dor ou incapacidade de resistir a força - Manobra ~ Braço abduzido a 90° com cotovelo fletido a 90° ~ Solicitar que o paciente faça rotação externa contra a resistência do examinador Gerber – subescapular - Positivo: dor ou incapacidade de resistir a força - Manobra ~ Dorso da mão na região lombar ~ Solicitar que o paciente afaste as mão das costas contra a resistência Speed ou Palm up Test – bíceps - Positivo: dor no sulco intertubercular - Manobra ~ Elevação 45º ~ Solicita rotação externa contra a resistência Yergason – cabeça longa do bíceps - Positivo: dor na goteira bicipital - Manobra ~ Cotovelo fletido pede-se ao paciente para realizar supinação contra resistência a nível do punho Cotovelo • Observe atitude antálgica, aumento de volume, a presença de lesões cutâneas (psoríase) e deformidades • Em conjunto com a palpação, identifique a presença de sinais flogísticos, tofos, nódulo reumatoide e bursite olecraniana • Palpe o espaço entre o olecrano e o epicôndilo lateral (ponto sinovial de cotovelo) • Testes Epicôndilo lateral – cotovelo de tenista: tendões extensores - Cozen ~ Cotovelo fletido em 90º, antebraço pronado ~ Solicita extensão de punho contra resistência - Mill ~ Cotovelo fletido em 90º, punho em dorsoflexão ~ Examinador força a flexão de punho e o paciente resiste Epicôndilo medial – cotovelo de golfista: tendões flexores - Cotovelo fletido a 90º, antebraço supinado - Flexão de punho contra a resistência 7 Rafaela Pamplona Mão e Punho • Testes Finkelstein - Diagnosticar tenossinovite do 1º compartimento dorsal - Tendões do abdutor longo e extensor curto do polegar - Tenossinovite estenosante De Quervain - Manobra: polegar aduzido e fletido com desvio ulnar do punho - Positivo: dor no processo estiloide do radio Phalen - Diagnosticar Síndrome do Túnel do Carpo - Manobra: manter punhos em flexão máxima por 1 minuto - Positivo: formigamento ou dormência na região do dedo N. mediano (principalmente dedo médio) - Phalen invertido – extensão máxima Tinel - Manobra: percussão no trajeto de um tronco nervoso - Positivo: sensação de choque elétrico que se irradia distalmente pelo trajeto desse nervo Quadril • A cintura pélvica é composta pelas articulações do quadril, sacrilíaca e sínfise púbica • Observe possíveis desníveis da pelve e atrofias na região de nádegas • Palpação Trocanter maior • Mobilidade articular Flexão, extensão, rotação interna e externa, abdução e adução • Testes Patrick Fabere - Manobra: paciente em decúbito dorsal, pede-se para ele fazer um “4” com o membro inferior sobre o outro, apoiando o tornozelo sobre o joelho - Positivo ~ Dor referida na virilha: derivada do quadril ~ Dor na região posterior (sacrilíaca): doença de articulação sacrilíaca contralateral Coluna • Observe a presença de lordose cervical fisiológica, procure por retificações, assimetrias e lesões cutâneas • Palpaçãodos processos espinhais e da musculatura paravertebral à procura de pontos dolorosos e a musculatura 8 Rafaela Pamplona do trapézio e elevador da escapula à procura de pontos gatilhos • Teste Lasegue - Teste de elevação da perna estendida - Paciente em posição supina eleva a perna acometida com o joelho estendido, segurando pelo tornozelo até que tenha dor - Normalmente ocorre dor entre 30-70° EXAMES LABORATÓRIAIS Utilidades de testes diagnósticos • Diagnóstico • Prognóstico • Subtipo de Doença • Atividade de Doença FAN → LES FR → AR Anti CCP → AR Anti DNA → LES ANCA → VASCULITES ASLO → FR Complemento → LES Reagentes de fase aguda • Resposta de fase aguda Alteração sérica de certas proteínas depois da injúria tecidual, alguns respondendo com aumento de sua concentração e outros com diminuição da concentração • Definição Substâncias que aumentam ou reduzem sua concentração em mais de 25% durante estado inflamatório Produzidos no fígado por indução da IL-6 Principais mudanças Neuroendócrinas - ↑ Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) → - ↑ Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na adenohipófise → - ↑ Hormônio antidiurético (ASH) e catecolaminas - ↓ Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) 9 Rafaela Pamplona Hematopoiéticas - Trombocitose, leucocitose e anemia de doença crônica - Redução na disponibilidade do Fe, redução da absorção intestinal e de mobilizar Fe estocado na forma de Ferritina para a circulação – Fe baixo, ferritina alta, sat transf baixa Metabólicas - Perda muscular e balanço nitrogenado negativo com limitação de crescimento em crianças e caquexia em adultos. - Diminuição da gliconeogênese (Formação de glicose a partir de outras substâncias) - Osteoporose acelerada (IL-6 ativa osteoclastos) AUMENTADOS DIMINUIDOS Fibrinogênio Albumina (principal) Proteína C reativa Transferrina Amiloide sérico A Fator XII Ferritina Alfa fetoproteína Proteína C reativa (PCR) • Descoberta em 1930: Proteína que reagia com polissacarídeo C da cápsula do S. pneumoniae • Produção exclusiva em hepatócitos • Propriedades anti-inflamatórias • É uma proteína de fase aguda cuja concentração sérica reflete uma inflamação em andamento • Métodos imunoenzimáticos e nefelometria são usados para quantificar a PCR • ↑ PCR: serosites, neoplasias, trauma, idosos, TB, AR, vasculites PCR e VHS podem refletir atividade de doença e se correlacionar com prognóstico das doenças, mas não auxiliam no diagnóstico diferencial • Faixa de valores Normal < 3 mg/dl Inflamação de baixo grau: 3-10 mg/dl Inflamação clínica: > 10 mg/dl • Características Metodologia: imunonefelometria (quantitativo) Aumenta em algumas horas de estímulo Pico: 2-3 dias Meia-vida: 8 horas Pode normalizar em 24-48horas (com tto) VHS • Proteína abundante no plasma com papel essencial na homeostase (papel no reparo tecidual e cicatrização em reações inflamatórias) • VHS reflete a concentração de proteínas de fase aguda no plasma (Especialmente o fibrinogênio – 60-70%) • A medida do VHS é realizada colocando-se o sangue em um tubo milimetrado, e a taxa de queda dos eritrócitos é medida após, geralmente, 1 hora • A técnica mais utilizada é a de Westergren • Utiliza um tubo milimetrado de 200 mm e aceita valores de até 15mm para homens e 20mm para mulheres como limites superiores da normalidade • Proteínas plasmáticas (especialmente o fibrinogênio) são capazes de reduzir as cargas eletrostáticas sobre a superfície das hemácias, facilitando a agregação das células, formação de roleaux e a sua sedimentação mais rápida O roleaux eritrocitário é um fenômeno de aglomeração dos glóbulos vermelhos, que ocorre em situações de aumento exagerado de proteínas no sangue • Características Método de Westergren Coluna Vertical 200-300mm, corresponde a distância da coluna de Hemácias em 1h Referência: 0-20mm Aumenta com a idade e em mulheres Método fácil, baixo custo • Fatores que aumentam o VHS Inflamação Infecções Anemia Macrocitose Hipercolesterolemia Malignidade, Aumento de globulinas plasmáticas IRC estágio terminal Necrose tecidual extensa Gravidez Idade • Fatores que reduzem o VHS Elevação da viscosidade do plasma Policitemia (aumento de Hc) Forma anormal de Hc (Falciforme) Microcitose Anemia Hemolítica Necrose hepática 10 Rafaela Pamplona Hipofibrinogenemia Hipogamaglobulinemia ICC Leucocitose extrema PCR VHS Aumenta rapidamente Aumenta lentamente Cai rapidamente Cai lentamente Marcador direto da inflamação Marcador indireto da inflamação Estreita variação de resultados Grande variação de resultados Alta sensibilidade Moderada sensibilidade Alta especificidade Moderada especificidade Alta reprodutibilidade Moderada reprodutibilidade NÃO alterada por fatores (idade, sexo, anemia, formato de hemácias, proteínas plasmáticas) Afetada por muitos fatores Mucoproteína / alfa-1-GP ácida • São uma fração heterogênea de glicoproteínas solúveis que pode ser separada por eletroforese em cinco subfrações • A concentração no organismo humano aumenta ou diminui como resposta a estímulos inflamatórios sépticos e assépticos, agudos e crônicos, localizados ou sistêmicos • Utilizada no controle da cardite reumática • Se mantém elevada até que cesse o processo de cardite • Útil para determinar o tempo de corticoterapia e o momento do início da retirada gradual do corticoide Proteína amiloide A Produzida principalmente no fígado (induzida por IL-1, TNF-α e IL-6) Pró-aterogênica Marcador mais sensível de inflamação aguda Pode estar relacionada com atividade clínica de AR Inflamação crônica: aumento de produção e redução da degradação, levando a acumulo tecidual (amiloidose AA ou secundária) Eletroforese de proteínas É o método utilizado para rastreamento de anormalidade nas proteínas séricas Métodos: eletroforese, imunoeletroforese ou imunofixação 5 bandas - Albumina: pode estar diminuída em inflamação, síndrome nefrótica, cirrose hepática avançada e má-absorção - Alfa-1 globulina: aumenta na gravidez e age como proteína de fase aguda nos processos inflamatórios - Alfa-2 globulina: também está aumentada em processos inflamatórios, síndrome nefrótica, hipertireoidismo e insuficiência adrenal - Beta globulina: está elevada em condições associadas a colesterol sérico elevado e ictérica obstrutiva - Gamaglobulina: aumentada em infecções crônicas, doenças reumáticas autoimunes, doenças linfoproliferativas e doenças hepáticas Suspeita de gamopatias monoclonais - Mieloma múltiplo - Crioglobulinemias - Hipogamaglobulinemia pode ocorrer como característica de uma imunodeficiência Gamopatia policlonal - Doenças reumáticas (LES, DMTC, SSJ, artrite temporal, Sarcoidose) - Virais (Hepatite, HIV, mononucleose, varicela) - Bacterianas (osteomielite, endocardite, bacteremia e TB) Ferritina • Proteína intracelular que tem como função o armazenamento, liberação e transporte do ferro • O método de detecção pode ser fluorimetria, turbidimetria, enzima imunoensaio, nefelometria ou quimioluminescência • Os valores variam com a idade e sexo • ↓ Deficiência de ferro ↑ situações de sobrecarga de ferro • Não é um reagente de fase aguda medido na rotina • Artrite idiopática juvenil do subtipo sistêmica e na síndrome de ativação macrofágica, ela tem um papel no diagnóstico (Ferritina sérica > 1.000 ng/mL) Fibrinogênio É uma proteína sintetizada exclusivamente pelos hepatócitos e é essencialpara a formação do coágulo Métodos: coagulométrico ou Claus adaptado Não é uma exame solicitado na rotina das doenças reumáticas 11 Rafaela Pamplona ↑ Artrite idiopática juvenil do subtipo sistêmico, gravidez, infecções, hepatopatias leves, síndrome nefrótica e pós infarto ↓ CIVD, leucemia mieloide aguda, hepatopatias graves, carcinomas, síndrome da ativação macrofágica Autoanticorpos São imunoglobulinas capazes de reconhecer antígenos existentes nas células e nos órgãos do próprio organismo Encontrar um AutoAc não é indício absoluto de doença e deve ser sempre interpretado dentro do contexto clínico específico Anti-DNA, antinucleossomo, anti-Sm, anti-RNA polimerase III, anti-Scl70 e antifibralina → associação bastante estrita a patologias Fator reumatoide • Auto-ac contra porção Fc de IgG • Geralmente IgM Pode ser IgG ou IgA • Frequência 1-4% em não doentes 25% >60 anos 75-85% na AR (50% nos primeiros 6 meses e 85% nos 2 primeiros anos) • Título FR>20 = S 66% e E 78% FR>50 = S 46% e E 88% • Técnicas Aglutinação: Fixação em látex e Waaler-Rose (Hc de carneiro cobertas por IgG de coelho) ELISA e Nefelometria • Técnicas Aglutinação: Fixação em látex e Waaler-Rose (Hc de carneiro cobertas por IgG de coelho) • Falso-positivo: Sjogren e Crioglobulinemia mista (Altos Títulos) • Baixos títulos em outras doenças autoimunes e Osteoartrite • Infecções crônicas (endocardite bacteriana subaguda, hepatite infecciosa, TB e Hanseníase) • É fator de mau prognóstico: mais erosões, progressão mais rápida de doença e mais manifestações extra articulares Anticorpos antipeptídeos citrulinados (ACPA) • Tipos Anti-CCP Anti-vimentina citrulinada modificada Anti-AS (contra vimentida citrulinada) Antifator perinuclear Anticorpo anti-queratina Anti-filagrina • Método: ELISA • Marcador sérico mais específico para AR (E 99%) • Relação com pior prognóstico • Falso Positivo: Artrite Psoriasica, Sjogren, Hepatite autoimune e TB pulmonar Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) • Marcadores de vasculites de pequenos vasos • Técnica: Imunofluorescência indireta • Padrões Citoplasmático (c-ANCA): 90% com GPA ativa e generalizada (Wegner) Perinuclear (p-ANCA): PAM e GEPA ( ChurgStauss) Típico (a-ANCA): Drogas (Lícitas ou ilícitas), DII, AR (Mesmo sem vasculite) • Anticorpos associados p-ANCA = Anti-mieloperoxidase (MPO) c-ANCA = Anti-proteinase 3 (PR3) HLA-B27 • São proteínas que existem na superfície celular, codificadas por genes do complexo de histocompatibilidade principal • Associação com Espondiloartrites EA até 90% Enteroartrites 25-50% Psoriasica Reativa 50-75% Complemento • Usado para documentar consumo do complemento e diagnosticar raras deficiências do complemento • CH50 (Nível de complemento total) está reduzido no LES, DMTC e vasculites por imunocomplexos (Crioglobulinêmica → Pode ser secundária a Hepatite C ou Sjogren) • 40-60% dos pacientes LES tem deficiência de C4a • C4 isolado baixo pode estar presente no LES inativo • Serve para diagnóstico, prognóstico e atividade! Anticorpos antifosfolípides (aPL) • Pertencem a uma ampla família de autoAc com reatividade para fosfolipideos de carga negativa, associam-se a manifestações clínicas e laboratoriais heterogêneas e sua ocorrência está frequentemente correlacionada com 12 Rafaela Pamplona fenômenos tromboembólicos recorrentes, abortos de repetição e plaquetopenia • Anti coagulante lúpico • Anti cardiolipina • Anti beta 2 glicoproteína I • Diagnóstico: SAF, LES Anticorpo antiestreptolisina O (ASLO) • Ac direcionado contra componentes celulares do estreptococo • Serve para diagnostico de Febre Reumática, mas desprovido de clínica só indica contato • 20% dos pacientes com FR aguda tem ASLO FAN – anticorpo antinucleotídeo • Teste de IFI para pesquisa de autoanticorpo contra antígenos celulares • Detecta anticorpos que reconhecem componentes que constam no núcleo, nucléolo, citoplasma e aparelho mitótico Motivo da sua designação Exemplos: Nuclear homogêneo; Citoplasmático pontilhado fino denso • Substrato usado mundialmente (padronização): células Hep- 2 American type culture collection CCL-23; linhagem contínua de células tumorais de origem humana • O teste traz 3 tipos de informações Presença ou ausência de autoanticorpos Concentração sérica relativa dos autoanticorpos existentes - Título Padrão morfológico de fluorescência observado - Relevância clínica Padrão Autoantígenos associados Correlação clínica Nuclear homogêneo DNA DNA de hélice simples Histona Nucleossomo LES AIJ, LES farmacológico, LES LES farmacológico, LES, AIJ, ES LES Nuclear pontilhado fino SS-B/La SS-A/Ro Sd Sjogren, LES, LES neonatal Sd Sjogren, LES, LES cutâneo, AR, miosite, ES, polimiosite Nuclear pontilhado grosso Sm U1-RNP LES DMTC, LES, ES Nuclear pontilhado grosso reticulado hnRNP LES, DMTC Centromérico Prot. associadas ao centrômero CREST, ES, CBP Nucleolar Fibrilarina Pm/Scl Scl-70 ES Polimiosite, ES, dermatomiosite ES Citoplasmático pontilhado fino denso, com fraca coloração do nucléolo Proteína P ribossômico LES, hepatite autoimune Citoplasmático pontilhado reticulado Antígenos mitocondriais CPB • LES: 95% dos pcts tem o teste positivo Indivíduos hígidos: FAN padrão pontilhado fino denso (aproximadamente 33% da população) • Título • Diluição inicial 1:80 para triagem • Geralmente títulos altos (> 1:640): indicam doença autoimune Anti-DNA nativo • São detectados por IFI empregando o protozoário Crithidia luciliae como substrato e por ELISA ou quimiluminescência • Encontrado exclusivamente em pacientes com LES • Marcador diagnóstico • Marcador de atividade de doença 13 Rafaela Pamplona ARTRITE REUMATOIDE Doença reumatoide • “Artrite” x “Doença” É uma doença sistêmica, crônica autoimune. que afeta primariamente a sinóvia Caracteriza-se por artrite inflamatória e eventualmente acomete órgãos internos, devido ao depósito de anticorpos em qualquer local do corpo É uma poliartrite simétrica de pequenas articulações, mas que pode acometer grandes articulações Doença de evolução insidiosa Anticorpos - Fator reumatoide: é um neopeptídeo, uma proteína, um anticorpo que se liga à fração FC da imunoglobulina IgG - Anti-CCP: é uma partícula estranha, um antipeptídeo cíclico citrulinado que se formar a partir da ativação da enzima PAD4 O acometimento extra articular ocorrem pacientes que tem maior tempo de doença sem controle e tem o pior de prognóstico → maiores complicações e mortalidade • Caráter crônico: mais de 3 meses de evolução • Incapacitante: 50% em 10 anos Epidemiologia • Afeta de 0,5 a 1% isso da população mundial • Quanto maior a idade maior percentual de prevalência • Faixa etária mais atingida: mulheres em idade fértil (30 – 20 anos) • Pacientes de baixa renda socioeconômica são mais gravemente afetados, devido à dificuldade de assistência médica • Doença de cunho genético Etiologia • Fatores genéticos HLADR4 e DR1 • Tabagismo ativo ou passivo com a inalação da fumaça, ocorre a produção da enzima PAD4, que converte o peptídeo arginina em citrulina Esse peptídeo se liga ao HLA passando a ser reconhecido pelo linfócito TCD4 como partícula estranha A nível linfoide ocorre a produção de linfócitos B, que reproduzem anticorpos que atacam o local onde os peptídeos estão – inicialmente a sinóvia e posteriormente outros órgãos Pacientes diagnosticados com AR tem que parar de fumar. Possuemquadros mais graves. • Infecções Causaram perda de tolerância imune a partir desses agentes externos Periodontite de repetição e infecções virais – principalmente EBV, Chikungunya recente, micobactérias, citomegalovírus e coronavírus • Outros fatores de risco: excesso de sal, café, amamentação e deficiência de vitamina D • Fatores protetores: alimentos ricos em frutas, verdura, e ômega 3 Fisiopatologia • Principal lesão é na sinóvia • Ação de células B e T autorreativas, que levam à sinovite, infiltração celular e um processo desorganizado de destruição e remodelação óssea • Membrana sinovial: principal fonte de citocinas pró- inflamatórias e proteases – PANNUS PANNUS: é o evento caracterizado pela proliferação exorbitante da sinóvia que promove - Estímulo de osteoclastos: para a reabsorção óssea - Estímulo de fibroblastos: levando a fibrose, erosão óssea e deformidade • Paciente com artrite reumatoide a autoanticorpos na sinóvia, levando a um processo inflamatório – hiper proliferação de sinoviócitos, que produz mais líquido sinovial, promovendo o derrame articular • Quando esse quadro estiver avançado também ocorre desgaste da cartilagem e do osso, levando a deformidade 14 Rafaela Pamplona Quadro Clínico • Articular – poliartrite crônica • Extra – articular O processo inflamatório, inicialmente articular, passa a ser sistêmico, ocorrendo a liberação de citocinas - interleucina 6 (citocina pró inflamatória), leva a produção de PCR pelo hepatócito e epsidina. A hepcidina é uma proteína responsável pela redistribuição de ferro - pacientes podem desenvolver anemia - TNF alfa aumenta risco de resistência à insulina, adiposidade, reabsorção óssea - perda de massa óssea pela ativação de osteoclastos - osteopenia e osteoporose - interleucina 1: maior risco de depressão, pois altera os níveis de serotonina O tratamento consiste em utilizar medicamentos que podem bloquear essas citocinas, os linfócitos T ou B para impedir a produção de anticorpos Pulmão – mortalidade Cardiovascular – mortalidade – DCV Ocular – ceratoconjuntivite seca, esclerite Osteoporose Mão reumatoide – ou o paciente demorou muito para tratar ou quando a doença é mais grave Redução do espaço articular, os ossos do carpo já estão praticamente fundidos, já há uma artrose secundaria Nódulos reumatoides – subcutâneos, normalmente na superfície extensora das articulações. Normalmente, não representam perigo, e podem estar presente nos órgão, ex.: pulmão Nódulo reumatoide Mão reumatoide típica – desvio ulnar com nódulos reumatoides 15 Rafaela Pamplona Deformidades tipicas: dedos em botonoeira e dedo em pescoço de cisne Mão extremamente comprometida, sem funcionalidade O processo inflamatório causa alteração na pegada, forma calosidades. Muitas vezes necessita de correção cirúrgica. Não há dor, mas há deformação e perda de funcionalidade Flexão fixa dos dedos Vasculite, pode levar a isquemia Isquemia e necrose digital devido a vasculite, o diagnóstico precoce com imunossupressão é necessário para evitar esse quadro Esclerite – inflamação da esclera. Processo superficial. Diagnóstico clínico!!!! • Mulheres, acima de 25 anos • Poliartrite simétrica, aditiva e acomete principalmente as mãos • Exames complementares – para ajudar no diagnóstico e avaliar o prognóstico Hemograma: anemia normocítica e normocrômica por alteração da hepcidina Elevação de VHS e PCR: atividade inflamatória Positividade para fator reumatoide e anti CCP Radiografia: indicado nos casos avançados, a fim de observar deformidades USG com doppler: para casos iniciais, afim evidenciar o hiper fluxo articular (neovascularização), derrame articular, cistos e erosões ósseas RNM articular: para casos mais iniciais, a fim de evidenciar edema ósseo, derrame articular, cistos e erosões • Diagnóstico diferencial: LES, artrite psoriática, gota avançada Critérios de classificação • O diagnóstico de artrite reumatoide é feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão presentes por pelo menos 6 semanas Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora Artrite em pelo menos três áreas articulares 16 Rafaela Pamplona Exames laboratoriais • Fator reumatoide • Anti-CCP • Não são necessários para o diagnóstico • Não servem acompanhamento terapêutico A clínica e o exame dão a resposta se o tratamento esta sendo eficaz Exames de imagem • RX Processo de erosão em mãos e pés principalmente é sinal de mal prognostico Erosão do processo estiloide e da ulna – muito sugestiva de AR RX serve para seguimento Nódulos reumatoides no pulmão (raro), não é sinal de gravidade, mas pode ter relação com doença mais grave Fibrose pulmonar • USG Power Doppler Quando os outros exames dão negativos e ainda há dúvida sobre o diagnóstico de AR Mostra o grau da sinovite, sendo possível fechar o diagnóstico • RNM Mostra a sinovite 17 Rafaela Pamplona RNM evidenciando grave processo inflamatório Tratamento • Objetivos Controle e remissão clínica Manter a capacidade funcional Prevenir e reduzir deformidades que eventualmente podem surgir pelo não controle da doença • Não medicamentoso Multidisciplinar Repouso relativo, evitando sobrecarregar as articulações inflamadas Exercício físico para evitar o aumento do risco cardiovascular Manejo das comodidades Vacinação • Medicamentoso Sintomáticos: corticosteroide e AINES - Controlam os sintomas, mas não evitam a progressão da doença Drogas antirreumáticas modificadores da doença - DMARDs Sintéticos e biológicos - As medicações imunossupressoras são utilizadas para diminuir a sinalização dos linfócitos T e a produção de anticorpos - Os biológicos são imunossupressores caros, sendo utilizados em pacientes graves que não respondem aos sintéticos • Medicação de primeira linha de tratamento (padrão ouro) são os DMARDs sintéticos – drogas modificadoras da evolução da doença Metotrexato - Dose semanal - Começa com 12,5, até 25mg por semana - Junta os comprimidos em um (6cps) ou dois dias (3+3cps) - Hepatotoxicidade – exames mensais depois trimestrais - Restrição: intolerância gástrica e hepatotoxicidade Leflunomida Outros: Sulfassalazina, Ciclosporina, Hidroxicloroquina Iniciar o tratamento assim que diagnosticar!! Deve ser iniciado junto com o anti-inflamatório, pois essas medicações só terão ação plena com 3 a 4 semanas. Enquanto o corticoide/AINE tem ação no primeiro dia, controlando rapidamente os sintomas (corticoide dose baixa – 10 a 15mg/dia) Se com o uso de Metrotrexato em dose otimizada, Paciente não apresenta efeito adverso, inicia-se o desmame do corticoide Se com o desmame ou desde o primeiro momento a doença não for controlada sou com o Metotrexano, associamos a Leflunomida Com a dose otimizada dos 2 medicamentos deve ser feita a avaliação da resposta a cada 2/3 meses • DMARDs biológicos Utilizadas quando os sintéticos não conseguem controlar a doença Bloqueadores de TNF alfa - Adelimmunabe, certolizumabe etc - São drogas semelhante, o que muda é a via de administração e a meia vida - A escolha dependerá: do perfil do paciente, da via de aplicação e da decisão do paciente • Inibidores de JAK Kinase A significância biológica da sinalização através de diferentes combinações de JAK - 4 membros da família JAK - JAK1, JAK2, JAK3 e TYK2 - 7 membros da família STAT (que ativam transcrição) - STAT1, 2, 3, 4, 5a, 5b, 6 OBS.: * Os receptores de citocinas tipo II como aqueles de IL-10, IL- 19,IL-20, e IL-22, bem como os receptores que compartilham a subunidade gp130 de IL-6 e IL-11 sinalizam principalmente 18 Rafaela Pamplona através da JAK1, mas também estão associados a JAK2 e TYK2.2 † IL-10/IL-22 podem apresentar atividades pró ou anti- inflamatórias, dependendo do ambiente celular e/ou do estado da doença Postos-chaves As citocinas sinalizam através de diferentes combinações de JAK 1 Alguns membros da família e algumas de suas atividades incluem 2: Os receptores que compartilham a cadeia γ são responsáveis pelas funções dos linfócitos Os membros da família de receptor de interferon tipo I/interleucina (IFNR/IL)-10R são responsáveis pelas atividades antiviral e antitumoral, bem como inflamação Os receptores que compartilham a subunidade gp130, como a IL-6, podem mediar a função de linfócitos T, bem como inflamação, granulopoiese e trombopoiese IFNR tipo II mediam as atividades antiviral e inflamatória Os membros da família de IL-12R mediam a imunidade inata e as respostas inflamatórias Os receptores hormonais e aqueles da família de IL-3R podem mediar o desenvolvimento de células mieloides e eritrócitos, por exemplo A JAK2 desempenha um papel fundamental na eritropoiese, mielopoiese, e na produção de megacariócitos/plaquetas. Mutações de JAK2, como a mutação JAK2V617F, são constitutivamente ativas na policitemia vera e em outros distúrbios mieloproliferativos. Isso leva à aprovação de um inibidor de JAK2 para o tratamento de distúrbios mieloproliferativos, mas os eventos adversos hematológicos mais comuns associados a este medicamento são anemia e trombocitopenia Consequentemente, para o tratamento de RA, é desejável limitar a inibição de JAK2. Citocinas pró-inflamatórias utilizam as vias JAK 19 Rafaela Pamplona FIBROMIALGIA Conceito • É uma síndrome clínica caracterizada por dor musculoesquelética difusa acompanhada de fadiga e distúrbios do sono atribuída à amplificação da percepção de dor por sinalização central • Origem da palavra: fibra + mialgia • É uma síndrome crônica que envolve os 4 quadrantes do corpo eu esqueleto axial, com a presença de pontos dolorosos ao exame físico – tender points • Está relacionado há vários sintomas e a momentos de estresse • Estudos apontam que o paciente com fibromialgia costuma ser uma pessoa perfeccionista, com perfil de autocrítica e realiza de múltiplas funções Sinais e sintomas • Alteração do sono (insônia, sono não reparador) • Fadiga, fraqueza • Intestino irritável • Alteração do humor • Pernas inquietas • Cefaleia • Síndrome sicca – olhos e boca ressecados • Rinite • Prolapso da valva mitral e hipotensão • Cistite intersticial, síndrome uretral • Enxaqueca e cefaleia tensional • Desordem de afeto • Síndrome temporomandibular • Lombalgia idiopática • Memória e cognição • Queixas vestibulares • Alergias e sensibilidade química • Dismotilidade esofágica • Dor torácica não cardíaca • Dispneia Epidemiologia • Mulher > homem • Idade 30-50 anos • Prevalência na população geral no mundo: 0,2-5% • Uma das patologias ´reumáticas´ mais frequentes • Parentes de 1º grau: risco de 8,5x Fisiopatologia • Síndrome da sensibilização central Uma resposta anormal e inadequada do SNC aos estímulos periféricos em decorrência de uma hiperexcitabilidade neuronal, causando dor inadequadamente amplificada • Redução do fluxo sanguíneo no tálamo • Aumento de glutamato no córtex: substância relacionada com redução do limiar de dor • O principal transmissor da via ascendente/excitatória é a substância P e a substância envolvida na via descendente/inibitória é a serotonina • Na fibromialgia Há redução dos neurotransmissores inibitórios: serotonina, noradrenalina e GABA Há aumento de substância P e fator de crescimento: neurotransmissores excitatórios Há diminuição dos sinais descendentes inibitórios da dor, altos níveis de peptídeos pró-nociceptivos e diminuição dos antinociceptivos. Ou seja, há um aumento da substância P, redução da serotonina e GABA 20 Rafaela Pamplona • Redução da via opioide endógena Via analgésica Redução dos receptores μ-opioides (mi) Como consequência o organismo entende que é preciso aumentar produção de opioides endógenos (podemos perceber aumento da dosagem em líquor) Exames laboratoriais e de imagem • Hemograma • Proteínas de fase aguda • TSH, T4 L • TC, RX, USG – excluir outras doenças Critérios de diagnóstico • Preencher três dos quatro • Índice de dor generalizada (WPI) ≥ 7 e escore de intensidade de sintomas (SSS) ≥ 9 • Dor generalizada, ou seja em pelo menos quatro de cinco localizações. Dores na mandíbula, torácica, abdominal não estão incluídas • Sintomas devem estar presentes por, pelo menos, 3 meses • O diagnóstico de fibromialgia é válido a despeito de outras doenças associadas, inclusive outras entidades reumáticas Índice de dor generalizada (WPI) • Observar o número de regiões onde o paciente apresentou dor na última semana • A dor foi em quantas áreas? • Escore variará de 0-19 REGIÃO 1 – SUPERIOR ESQUERDA Mandíbula esquerda Ombro esquerdo Braço esquerdo Antebraço esquerdo REGIÃO 2 – SUPERIOR DIREITA Mandíbula direita Ombro direito Braço direito Antebraço direito REGIÃO 3 – INFERIOR ESQUERDA Quadril (nádega, trocânter), esquerdo Coxa esquerda Perna esquerda REGIÃO 4 – INFERIOR DIREITA Quadril (nádega, trocânter), direito Coxa direita Perna direita REGIÃO 5 – AXIAL Pescoço Coluna dorsal Coluna lombar Tórax Abdome Escala de severidade dos sintomas (ESS) 21 Rafaela Pamplona Diagnóstico WPI ≥7 + SSS ≥5 OU WPI 4-6 + SSS ≥9 + Dor generalizada: pelo menos 4 de 5 regiões – 4 membros e axial (mandíbula, tórax e dor abdominal não estão incluídos na definição) + Sintomas presentes a pelo menos 3 meses Tratamento • Educar o paciente e seus familiares • Exercício físico, principalmente aeróbicos, sem carga e sem grandes impactos • Psicoterapia • Fisioterapia, acupuntura etc • Medicamentoso Antidepressivo tricíclico - Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina - Amitriptilina e Nortriptilina - Melhoram a dor, o sono e a fadiga - Efeitos adversos = ganho de peso, sonolência excessiva, obstipação intestinal e perda da libido Ciclobenzaprina - É um tricíclico, mas não é antidepressivo. É um miorrelaxante - Alivio da dor, fadiga e melhora do sono Antidepressivos “duais” - Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina - Duloxetina e Venlafaxina - Apresentam capacidade analgésica Antidepressivos inibidores da serotonina - Fluoxetina - Analgesia pobre, bom para outros sintomas Gabapentinoides - Redução da aferência do estímulo doloroso, por meio da atuação nos canais de cálcio do neurônio pré-sináptico - Pregabalina - Melhora da dor, fadiga e sono Tramadol - Dupla ação - Inibe recaptação de monoaminas Distúrbios do sono - Zolpidem, Zolpiclone Pernas inquietas - Clonazepam 22 Rafaela Pamplona LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Conceito • É uma doença inflamatória crônica, autoimune, de etiologia pouco conhecida, decorrente de um desequilíbrio do sistema imunológico e de produção de autoanticorpos • Doença pleomórfica – pode acometer qualquer órgão ou sistema • Envolvimento de órgão e tecidos ocorre nas mais diversas combinações e em graus variados de gravidade • É uma inflamação de um tecido ou órgão a resposta autoimune exacerbada, gerando grande quantidadede autoanticorpos, responsáveis pelas manifestações clínicas Epidemiologia • Mais prevalente em mulheres na idade reprodutiva Primeiros sintomas: 2ª e 3ª décadas de vida (10:1) Crianças e adultos mais idosos (3:1) • Prevalência – EUA: 124 por 100.000 • Incidência EUA: 1,8-7,6 por 100.000/ano Brasil:4,8-8,7 por 100.000 habitantes/ano • Etnia: afrodescendente Etiologia • Fatores genéticos/epigenéticos Alta prevalência da doença entre gêmeos monozigóticos (29x mais do que a população geral) Parentes de 1º grau: 17x Deficiência de proteínas do sistema complemento, como C1q e C4 – componentes iniciais da cascata do complemento Deficiência do receptor Fc de imunoglobulinas Maior número de fator regulador de Interferon, aumentando o funcionamento da imunidade inata, resultando no aumento de anticorpos Presença de HLA-DR2 e DR3 Deficiência dos mecanismos de autorregulação e do sistema imune • Fatores hormonais/sexuais Os estrógenos são imunoestimulantes - Aumento da atividade de macrófagos, linfócitos T e B, favorece a adesão dos mononucleares Androgênios e progestágenos diminuem essa atividade Paciente em uso de anticoncepcional ou TRH possuem risco aumento de LES (1,2 a 2x) • Fatores ambientais Exposição aos raios ultravioletas desencadeia atividade lúpica em 70% dos pacientes - Efeito imunogênico nos queratinócitos cutâneos - Induzem apoptose - Lesão direta do DNA (modificam as proteínas nucleares / Ro e La) - Aumentam a liberação de IL-1, IL-3, IL-6 E TNF-alfa Medicamentos – lúpus farmacoinduzido - Indução de desmetilação do DNA - Hidralazina, procainamida, isoniazida, fenitoína, clorpromazina, d-penicilamina, metildopa, quinidina, interferon-alfa e anti-TNFs Tabagismo Agentes microbiológicos - Os vírus podem desencadear atividade de doença autoimune ~ Modificações antigênicas e simular autoantígenos (mimetismo molecular) - CMV, EBV, Mycobacterium tuberculosis • Fatores imunológicos TLR (toll like receptors) A base da imunidade inata - Presentes em macrófagos, células dendríticas, linfócitos B imaturos, etc Reconhecem padrões moleculares constantes em diversas espécies de microrganismos Ao entrarem em contato com os TLR desencadeiam a ativação tanto de mecanismo de defesa inespecíficos, tardios Os “mensageiros” dos TLR são os interferons - Alvo terapêutico no tratamento do LES Além de estímulos exógenos, moléculas do meio interno são capazes de ativar os TLR - Autoantígenos (RNA/DNA e proteínas nucleares associados) Resposta imune adaptativa - Primeiro a resposta rápida (“imunidade inata”), inespecífica - Seleção de linfócitos B autorreativos, produzem plasmócitos produtores de autoanticorpos específicos Anticorpos que se ligam a membrana plasmática - “Atacam” a superfície das hemácias, leucócitos e plaquetas (destruição no sistema reticulendotelial) Anticorpos que agem contra antígenos neuronais do SNC: ANTI-P 23 Rafaela Pamplona Anticorpos que bloqueiam o complexo fosfolipídeo-beta-2- glicoproteína I Patogenia • Defeitos no sistema autoimune • Perda da autotolerância • Quebra da homeostasia celular • Produção anormal de autoanticorpos Aparecimento procede anos do início dos sintomas Manifestações clínicas • Sintomas constitucionais Mal-estar, fadiga, queda do estado geral, febre, perda ponderal, etc • Locais mais envolvidos Pele Articulações Membranas serosas Rins Sistema nervoso central Pele • Especificas do LES Aguda - Erupção malar ou em asa de borboleta ~ Erupção sobre as bochechas e o nariz, as vezes dolorosa ou pruriginosa, precipitada pela exposição solar ~ Não acomete o sulco labial - Fotossensibilidade - Lúpus bolhoso Erupção malar Fotossensibilidade ou asa de borboleta Lúpus bolhoso • Subaguda Lesões cutâneas eritematosas descamativas difusas, não ulcerativas, predominando em membros superiores e parte superior do tronco Face geralmente é poupada São recidivante Não deixam sequelas Acompanhada de sintomas musculares e Anti-Ro + Crônicas – Lúpus discoide - Pode ocorrer sem manifestações sistêmicas - 25% dos pacientes com LES: 5 a 10% desenvolvem lúpus sistêmico - Face, pescoço, couro cabeludo, pavilhão auricular, sendo caracterizada inicialmente por placas eritematosas, infiltradas e hiperpigmentadas - Evoluem com uma cicatriz despigmentada que evoluem lentamente com uma cicatriz despigmentada e atrófica • Não especificas Alopecia não discoide Vasculite cutânea Fenômeno de Raynaud Livedo reticular Lúpus profundo Úlceras mucosas indolores 24 Rafaela Pamplona Articulares • Poliartralgia / mialgia • Artrite Não erosiva Simétrico, distal e migratório – dura de 1 a 3 dias Rigidez matinal < 1h É critério diagnóstico Mãos, punhos e joelhos • Artropatia de Jaccoud: graves deformidades nas articulações das mãos, diferente da AR ao toque parece normal • Osteonecrose – uso crônico de corticoide • Miosite Renais • Os glomérulos são as estruturas renais mais acometidas • A deposição de imunocomplexos é a base da fisiopatologia da nefrite lúpica • Critérios diagnósticos Proteinúria > 500 mg/24h ou +3/+4 de proteínas no EAS Cilindros celulares no sedimento urinário • Anticorpo: Anti-Dna nativo (dupla-hélice) Complemento sérico baixo • São 6 classes de nefrite lúpica CLASSE COMENTÁRIOS Classe I – nefrite lúpica mesangial mínima Estágio inicial. Bom prognóstico Dificilmente diagnosticada. EAS normal Não está indicado tto Classe II – nefrite lúpica proliferativa mesangial Geralmente pacientes assintomáticos Proteinúria leve (<1g/24h), hematúria microscópica e cilindrúria Cr e TFG normais Hipercelularidade mesangial ou expansão da matriz mesangial já visíveis a microscopia óptica Anti DNA positivo e complemento baixo Não está indicado tto; Prognóstico bom Classe III – nefrite lúpica focal Alterações proliferativas e/ou esclerosantes focais (< 50% dos glomérulos) e segmentares Proteinúria > 1 g/24h, hematúria, HAS 25% dos pcts tem proteinúria nefrótica (>3,5 g/24h) e/ou Cr elevada Anti DNA positivo e complemento baixo Prognóstico intermediário Classe IV – nefrite lúpica difusa Forma mais GRAVE e MAIS COMUM Presença de alterações proliferativas globais em mais de 50% dos glomérulos, extensas áreas de necrose fibrinoide e múltiplos crescentes celulares Proteinúria nefrótica, hematúria, HAS e insuf renal com retenção de escórias Anti DNA positivo e complemento baixo Prognóstico ruim Classe V – nefrite lúpica membranosa SD nefrótica franca, com discreta hematúria e ausência de insuf renal, ou disfunção renal pouco expressiva e de evolução insidiosa Trombose de veia renal: comum Complemento normal Anti DNA negativo (ou baixos títulos) Prognóstico intermediário Classe VI – nefrite lúpica esclerótica avançada Corresponde ao encontro de esclerose glomerular e fibroatrofia tubulointersticial difusa (rins terminais) Pulmonares • Pleurite: 30-60% • Derrame pleural: 16-40% • Síndrome do pulmão encolhido Dispneia aguda/subaguda, redução dos volumes pulmonares, restrição da função pulmonar • Hemorragia alveolar difusa Dispneia de início súbito, associado a tosse, hemoptise, febre, infiltrados pulmonares difusos, redução dos níveis de Hemoglobina • Hipertensão pulmonar • Doença intersticial pulmonar • Embolia pulmonar • Pneumonite aguda/crônica Cardíacas • Pericardite • Miocardite Taquicardia persistente, sinais clínicos de insuf cardíaca aguda • Endocardite de Libman-Sacks Vegetações verrucosas localizadas próximas das bordas valvares (sem repercussão clínica) Neurológicas• Qualquer parte do SNC ou SNP pode ser afetada • Enxaqueca: mais frequente (25%) • Convulsão: 20% • AVE isquêmico: 10% • AVE hemorrágico • Neuropatia periférica: 15% / mononeurite múltipla • Meningite asséptica e mielite transversa: raro Psiquiátricas • Até metade dos pacientes apresentam alguma disfunção cognitiva • Demência lúpica • Depressão e transtornos do humor: 40% • Psicose lúpica: raro / 5% Associada ao Anti-P Hematológicas • Leucopenia e linfopenia Critério diagnóstico • Plaquetopenia • Anemia hemolítica coombs positivo 25 Rafaela Pamplona • Anemia de doença crônica • Anemia imuno-hemolítica + • Trombocitopenia autoimune = • Síndrome de Evans (o LES é a causa mais comum dessa síndrome) Anemia hemolítica autoimune (AHAI) de anticorpos quentes associada à púrpura trombocitopênica imune (PTI) Exames laboratoriais • Autoanticorpos FAN positivo (98%) em altos títulos - Padrão pontilhado: anti-ENA (Ro, La, Sm, RNP) (LES, Sjögren, DMTC) - Padrão nuclear homogêneo: anti-histona e anti-DNA nativo (LES, LES farmacoinduzido, nefrite lúpica, hepatite autoimune Anti-DNA: nefrite lúpica Anti-Sm: Ac mais específico do LES Anti-P: psicose lúpica Ac Antifosfolípidios: 50% dos pcts - Anticoagulante lúpico (LAC) - Anti-cardiolipina (aCL) - Anti-Beta 2 glicoproteína 1 Anti-P: psicose lúpica Anti-Ro: LES neonatal / rash por hipersensibilidade, Lúpus cutâneo subagudo Anti-La: confere bom prognóstico, pois tem associação negativa com nefrite lúpica Anti-histona: lúpus farmacoinduzido • Consumo de complemento (C3, C4, CH50) • Hemograma Anemia, leucopenia, trombocitopenia • Sedimento urinário Proteinúria, hematúria, leucocitúria, cilindrúria • Enzimas musculares • Enzimas hepáticas • VHS e PCR Alterações inflamatórias Inespecífico Diagnóstico diferencial • Infecções Citomegalovírus, Epstein-Barr, Parvovírus B19, HIV, hepatite B e C, endocardite, tuberculose, sífilis • Doenças autoimunes AR, doença mista do tecido conjuntivo, Síndrome de Sjögren, Vasculites, doença de Behçet, doenças inflamatórias intestinais, dermatomiosite/polimiosite • Outras doenças hematológicas Doença linfoproliferativas, púrpura trombocitopênica idiopática, púrpura trombocitopênica trombótica, doença de Kikuchi, esclerose múltipla, entre outras Diagnóstico • Manifestações clínicas + alterações laboratoriais • Atividade de doença: história clínica, exame físico, testes funcionais específicos e estudos sorológicos SLEDAI Critérios ACR/EULAR 2019 Sensibilidade = 96% Especificidade = 93% Tratamento • Inicialmente: definição da extensão e gravidade da doença • Equipe multidisciplinar 26 Rafaela Pamplona • Educação do paciente e familiares • Medidas não-farmacológicas: dieta saudável, atividade física regular • Para programação terapêutica classificar a doença em leve, moderada e grave (classificação imprecisa) • Classificação Leve: sintomas constitucionais, articulares, lesões mucocutâneas e pleurite sem acometimento sistêmico que determinam risco a vida Moderado: gravidade “intermediária” como miosite, pericardite e trombocitopenia Grave: situações de risco a vida ou que determinem lesões permanentes de órgãos, como manifestações neurológicas, psiquiátricas, anemia hemolítica, nefrite proliferativa, miocardite, pneumonite, vasculite necrosante, pancreatite.. • Antimaláricos Hidroxicloroquina Vários benefícios: melhora clínica consistente, níveis mais baixos de atividade, reativação menos frequentes, redução da dose do corticoide, melhor resposta no tto da nefrite, menor frequência de manifestações neurológicas, menor mortalidade Complicação: maculopatia - > 7 anos de uso do medicamento - Acompanhamento oftalmológico • Prednisona 0,125 – 0,5MG/Kg/dia (com redução subsequente) • Metotrexato, Leflunomida, Azatioprina • Casos refratários: micofenolato, ciclofosfamida, dapsona, talidomida (pele) • Casos graves: metilprednisolona 500mg EV por 3 dias • Tratamento – Nefrite Classe III ou IV 1º. Indução: pulso com metilprednisolona por 3 dias. Seguido por: prednisona 0,5-1mg/Kg/dia por 3-4 semanas (seguida de redução) + Hidroxicloroquina 5mg/Kg/dia + Antiproteinúricos (IECA/BRA) Ciclofosfamida mensal por 6 meses ou a cada 15 dias por 3 meses ou Micofenolato de mofetila 3g/dia por 6 meses (se resposta clínica vai para 2ª fase) 2º. Fase de manutenção: micofenolato 2g/dia ou azatioprina2-3mg/kg/dia por pelo menos 3 anos Classe V 1º. INDUÇÃO: Pulso com metilprednisolona por 3 dias. Seguido por: Prednisona 0,5-1mg/Kg/dia por 3-4 semanas (seguida de redução) + Hidroxicloroquina 5mg/Kg/dia + Antiproteinúricos (IECA/BRA) Ciclofosfamida mensal por 6 meses ou a cada 15 dias por 3 meses ou Micofenolato de mofetila 3g/dia por 6 meses OU Azatioprina 2-3mg/kg/dia por 6 meses (se resposta clínica vai para 2ª fase) 2º. Fase de manutenção: micofenolato 2g/dia ou azatioprina2-3mg/kg/dia por pelo menos 3 anos Resposta clínica - Remissão completa: proteinúria < 0,5 g/24h ou R P/C < 0,5 e TFG normal ou redução ≤ 10% do valor prévio e urinálise normal - Remissão parcial: redução > 50% da proteinúria inicial com valor < 3 g/24h ou R P/C < 3 e TFG normal ou redução ≤ 10% do valor prévio • Belimumabe Anticorpo monoclonal Mecanismo de ação: ligação ao BLyS (B lymphocite stimulator), impedindo sua ligação ao linf B, diminuindo sua maturação, diferenciação e sobrevida Controle de atividade de doença OBS: não foi avaliado em nefrite lúpica • Rituximabe Anticorpo monoclonal quimérico Depleção de linf B Indicação: doença grave e refratária
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