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Reforma psiquiátrica no Brasil A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. · Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. Histórico da Reforma: crítica ao modelo hospitalocêntrico (1978 – 1991) · Inicio efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. · Movimento dos trabalhadores em saúde mental – MTSM · Trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas. · O movimento começa a denunciar a violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência as pessoas com transtornos mentais. · II congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, tendo por lema “por uma sociedade sem manicômios” e neste ano foi realizada a I Conferencia Nacional de Saúde Mental (RJ). · Surgimento do primeiro CAPS no Brasil, em SP, em 1987 e o inicio do processo de intervenção · Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS), em Santos, funcionando 24h · Essa criação do NAPS, é um marco no processo da reforma psiquiátrica brasileira, foi a primeira demonstração de grande repercussão, de que a reforma psiquiátrica era possível no país. · 1989: LEI para regulamentar os direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país, é o inicio das lutas do movimento da Reforma psiquiátrica nos campos legislativos e normativos, o projeto de lei é do deputado Paulo Delgado, do PT. · Em 1988 é criado o SUS. Histórico da Reforma: começa a implantação da rede extra-hospitalar (1992-2000) · 1992: movimentos socais, inspirados pelo projeto de lei do Paulo delgado, conseguem aprovar em vários estados brasileiros as primeiras leis que determinam a substituição progressiva dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental. · Década de 90: compromisso firmado pelo Brasil na assinatura da Declaração de Caracas e pela realização da II conferência nacional de saúde mental e que passam a entrar em vigor no país as primeiras normas federais regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas experiencias dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dias e as primeiras normas para fiscalização e classificação dos hospitais psiquiátricos. · A expansão dos CAPS e NAPS é descontínua, o MS regulamentou os novos serviços, mas não instituíram uma linha específica de financiamento para os CAPS e NAPS. Ao final desse período, o país tem em funcionamento 208 CAPS mas cerca de 93% dos recursos do ministério da saúde para a saúde mental ainda eram destinados para os hospitais psiquiátricos A reforma psiquiátrica depois da Lei Nacional (2001 – 2005) · é somente em 2001, 12 anos após a tramitação no congresso nacional, que a Lei de Paulo Delgado é sancionada no país. · Lei Federal 10.216: redireciona a assistência de saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. · No contexto da promulgação da Lei, tem-se a III Conferência Nacional de Saúde Mental, que a policia de saúde mental do governo federal, alinhada com as diretrizes da reforma psiquiátrica, passa a consolidar-se, ganhando maior sustentação e visibilidade. · Linhas de financiamento para substituir o hospital psiquiátrico e novos mecanismos são criados para a fiscalização, gestão e redução programada de leitos psiquiátricos no país. · Neste período há o processo de desinstitucionalização de pessoas longamente internada é impulsionado, com a criação do programa “de volta para casa”. Uma politica de recursos humanos para a reforma psiquiátrica é constituída, e é traçada a política para a questão do álcool e de outras drogas, incorporando a estratégia de redução de danos. · 2004: primeiro Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial, em SP. · Processo caracterizado por ações dos governos federal, estadual e municipal e dos movimentos sociais, para efetivar a construção da transição de um modelo de assistência centrado no hospital psiquiátrico, para um modelo de atenção comunitário. · Construção de uma rede de atenção a saúde mental substituindo o modelo centrado na internação hospitalar. · Fiscalização e redução progressiva e programada dos leitos psiquiátricos existentes, por um outro. · Reforma psiquiátrica consolidada pelo governo federal · No final de 2004 os recursos gastos com hospitais psiquiátricos passam a representar cerca de 64% do total dos recursos do Ministério da saúde para a saúde mental. Saúde mental e Atenção psicossocial no Brasil · Desinstitucionalização · Superação o modelo asilar · Tratamento de bases comunitárias · Intersetorialidade · Noção de território · Resgate da cidadania Dispositivos e Estratégias · Centro de Atenção psicossocial (CAPS); · Hospitais-dia; · Residências terapêuticas ambulatório de saúde mental · Centro de convivência e cultura · Programa de volta para casa · Leitos psiquiátricos em hospitais gerais · Apoio matricial · Saúde mental e a estratégia saúde da família · Economia solidária Resolução 32/2017 · Atenção básica · Consultório na rua · Centros de convivência · Unidades de acolhimento (adultos e infanto-juvenil) · Serviços residenciais terapêuticos (SRT) I e II · Hospital dia · Unidade de referencia especialidades em hospitais gerais · Centros de atenção psicossocial de diversas modalidades · Equipe multiprofissional de atenção especializada em saúde mental · Hospitais psiquiátricos especializados Tipos de CAPS O objetivo dos Caps é atender as pessoas com transtorno mental severo e persistente e seus familiares. A equipe profissional do Caps está habilitada para prestar o cuidado em atenção psicossocial, buscando preservar a cidadania da pessoa, o tratamento no território e seus vínculos sociais. · Caps I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. · Caps II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. · Caps I: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. · Caps AD: Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. · Caps III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. · Caps AD III: Álcool e Drogas: Atendimento com de 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas; atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. · Caps AD IV: Atendimento a pessoascom quadros graves e intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Sua implantação deve ser planejada junto a cenas de uso em municípios com mais de 500.000 habitantes e capitais de estado, de forma a maximizar a assistência a essa parcela da população. Tem como objetivos atender pessoas de todas as faixas etárias; proporcionar serviços de atenção contínua, com funcionamento 24h, incluindo feriados e fins de semana; e ofertar assistência a urgências e emergências, contando com leitos de observação.
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