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Concepção e Formação do Ser Humano A Puberdade é o processo biológico através do qual a criança se torna um adulto. Sendo esta transição entre a infância e a adolescência marcada pela aceleração do crescimento, pelo desenvolvimento de caracteres sexuais secundários e, por fim, pelo início das funções reprodutivas. Define-se que, fisiologicamente, pode ter início entre 8 e 13 anos nas meninas, e entre 9 e 14 anos nos meninos. Fisiologia da Puberdade A infância é marcada pelas baixas dosagens de esteroides sexuais. Além disso, nesta fase, a hipófise possui grande sensibilidade ao feedback negativo, ou seja, uma pequena quantidade de hormônios sexuais consegue inibir toda a produção da hipófise, fazendo com que sua síntese de FSH e LH seja mínima. Entretanto, durante a puberdade, o organismo passa por alterações hormonais, as quais culminam nas transformações que marcam esta fase do desenvolvimento. O processo de maturação hormonal do organismo envolve: adrenarca, ativação do eixo hipotálamo-hipofisário e gonadarca. Entenda melhor a seguir: Adrenarca A adrenarca é o início da produção dos andrógenos pela adrenal (também denominada glândula suprarrenal). Geralmente, ocorre entre 6 e 8 anos e é independente do eixo hipotálamo- hipófise-gonadal. A gonadarca é marcada pelo aumento da secreção de andrógenos suprarrenais, principalmente o DHEAS (sulfato de dehidroepiandrosterona), responsável pelo odor das axilas, pelos pubianos e pela acne. Ativação do eixo hipotálamo- hipofisário A ativação (ou desinibição) do eixo hipotálamo-hipofisário é resultado do aumento da sensibilidade da hipófise ao GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), produzido pelo hipotálamo. Na puberdade, ocorre um aumento nos pulsos noturnos de GnRH, o qual age na hipófise, que, uma vez sensível, libera FSH e LH. Estes, por sua vez, atuam nas gônadas, dando início a gonadarca. Gonadarca A gonadarca é o aumento dos esteroides sexuais, por ação do FSH e do LH. Dessa forma, os testículos produzem a testosterona, responsável pela virilização (pelos faciais e pubianos, engrossamento da voz), enquanto os ovários produzem estrógenos, que levam ao desenvolvimento das mamas e do útero, a mudança do epitélio vaginal e a menstruação. Ou seja, a testosterona e os estrógenos são responsáveis pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Sequência da Puberdade As modificações físicas que compõem a puberdade costumam seguir uma ordem cronológica, que depende do sexo da criança, de fatores genéticos e ambientais. Entre as principais alterações que marcam este período de transição estão a telarca, a pubarca e a menarca. Métodos clínicos utilizados para avaliação do desenvolvimento da puberdade (Tunner). Introdução Como você já deve saber, a adolescência é uma fase de constantes mudanças, tanto corporais quanto psicológicas. Isso porque, durante a infância, a criança ainda tem anos para se adaptar às mudanças corporais. Já na adolescência, essas mudança s ocorrem de modo brusco e, em pouco mais de 2 anos, os aspectos corporais já se encontram totalmente modificados. Assim, quando se fala nas mudanças biológicas que ocorrem nessa fase da vida, dá-se o nome de puberdade. A puberdade, portanto, vai ser caracterizada pelo amadurecimento dos caracteres sexuais primários (genitais e gonadais), pelo surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais secundários (mamas, pelos pubianos e axilares) e pelo famoso estirão de crescimento. Sabendo disso, pode-se dizer, então, que o objetivo da puberdade é a obtenção da maturidade sexual. Fisiologia da puberdade Sabe-se que a puberdade tem início com a atividade do eixo hipotálamo- hipófise-gonadal, que tem sua função iniciada logo durante a vida fetal, fica inativado na infância e é reativado com o início da puberdade. Assim, o hipotálamo produz o GnRH, que é o fator liberador de gonadotrofinas, e tem uma liberação pulsátil e contínua. Já a hipófise, estimulada pela secreção do GnRH, produz as gonadotrofinas FSH e LH, também de modo pulsátil, que, por sua vez, agem sobre os ovários, nas meninas, levando, consequentemente, à maturação do epitélio germinativo e à secreção dos esteroides sexuais e, nos meninos, agem nos testículos, onde o LH vai estimular a secreção de testosterona e o FSH vai estimular a espermatogênese, determinando, assim, o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Vários fatores podem influenciar o início da puberdade, como a exposição geográfica e a exposição à luz, visto que a puberdade tende a acontecer mais cedo em locais de baixa altitude e próximo à linha do Equador. Além disso, condições de saúde e nutricionais melhores parecem estar associados à queda na idade média da ocorrência da menarca. A relação da gordura corporal com o início da puberdade também é bastante considerada. Sabe-se, por exemplo, que meninas com obesidade menstruam mais precocemente do que aquelas que possuem anorexia ou que as atletas de baixo percentual de massa gordurosa. Isso pode estar ligado à ação da leptina, peptídeo secretado pelos adipócitos, que age sobre o sistema nervoso central (SNC), regulando o comportamento alimentar e o consumo de energia e sinalizando ao hipotálamo a quantidade de tecido adiposo disponível e o peso corporal. Assim, quanto mais elevados os níveis de leptina, mais precoce é o início da puberdade. Apesar de todos esses fatores influenciarem o início da puberdade, sabe-se que o componente genético é o mais determinante. Segue uma imagem da regulação por feedback do eixo hipotálamo-hipófise- gonadal nas meninas e nos meninos. Alterações físicas na puberdade fisiológica Didaticamente, considera-se que a puberdade é caracterizada pelos seguintes eventos: • Crescimento esquelético linear; • Alteração da forma e composição corporal; • Desenvolvimento de órgãos e sistemas; • Desenvolvimento das gônadas e dos caracteres sexuais secundários. Crescimento esquelético: também conhecido como estirão puberal, o adolescente, nessa fase, apresenta grande aquisição pôndero-estatural, chegando a ganhar 20% de sua estatura final em um período de 24 a 36 meses e cerca de 50% do seu peso adulto. O crescimento dos membros inferiores tende a ocorrer primeiro, seguindo uma direção distal-proximal (ou seja, primeiro pés e mãos, seguido de pernas e membros superiores), o que confere um aspecto desproporcional ao corpo do adolescente, que volta a se mostrar proporcional com o crescimento do tronco, que é a região que mais cresce nessa fase. Há uma alteração na fase de ocorrência desse estirão quando se trata do gênero, visto que, nos meninos, esse incremento estatural ocorre entre os 10 e 16 anos, com a velocidade máxima de crescimento acontecendo entre os 13 e 14 anos, podendo alcançar cerca de 10 cm por ano. Já nas meninas, o estirão tem início entre os 9 e 14 anos, com a velocidade máxima ocorrendo entre os 11 e 12 anos, podendo atingir cerca de 8 a 9 cm por ano. Após isso, há uma desaceleração do ganho estatural e a parada do crescimento, para os meninos ocorrendo entre os 17 e 18 anos, e, para as meninas, entre os 15 e 16 anos. É importante pontuar que, pelo fato de a estatura ser influenciada por fatores genéticos, há um cálculo para se avaliar a faixa de estatura final do adolescente, com base na herança genética dos pais. Assim, calcula-se o alvo genético com a seguintefórmula: Alteração da forma e composição corporal: na puberdade ocorre o dimorfismo sexual, ou seja, são estabelecidas as diferentes formas corporais femininas e masculinas, que resulta do desenvolvimento esquelético, muscular, do tecido adiposo, entre outros. Nas meninas, por exemplo, o depósito de gordura ocorre mais na região das mamas e dos quadris, o que define a forma do corpo feminino, diferente dos meninos, que possuem um crescimento do diâmetro biacromial (ou seja, entre os ombros), associada ao desenvolvimento muscular na região da cintura escapular, caracterizando o corpo masculino. Desenvolvimento de órgãos e sistemas: todos os órgãos e sistemas do corpo humano se desenvolvem durante a puberdade, excetuando o tecido linfóide, que apresenta involução progressiva a partir da adolescência, e o tecido nervoso, que já possui praticamente todo o seu crescimento estabelecido. Um ponto a ser analisado é o aumento da capacidade física, bastante observada nos meninos durante a puberdade, que resulta do desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório, do aumento da eritropoiese e do aumento da massa muscular, da força e da resistência física. Desenvolvimento das gônadas e dos caracteres sexuais secundários: essas modificações decorrem do mecanismo neuroendócrino e das influências de fatores ambientais e, principalmente, genéticos. Um marco de influência neuroendócrina importante é a adrenarca, que corresponde ao aumento da secreção dos andrógenos suprarrenais (androstenediona), desidroepiandrosterona (DHEA) e sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA), ocorrendo anos antes da puberdade e que atingem concentrações máximas no fim da mesma. Esses andrógenos são responsáveis pelo odor axilar, pelo aparecimento dos pelos pubianos e axilares e pelo aumento da atividade das glândulas sebáceas no rosto, o que pode provocar acne. Além disso, é importante considerar que a sequência de eventos na puberdade segue um padrão. Enquanto, nas meninas, a telarca (aparecimento do broto mamário) é o primeiro sinal de puberdade, seguida da pubarca (aparecimento dos pelos pubianos) e, 2 anos depois, da menarca (primeira menstruação), nos meninos o aumento do volume testicular (ao atingir 4 ml) é o primeiro sinal da puberdade, seguida pela pubarca e pelo crescimento peniano. Principais marcos puberais No sexo feminino, os fenômenos pubertários podem iniciar aos 8 anos, ou até mais tardiamente, aos 16 anos, com média entre 11 e 14 anos. Já no sexo masculino, o início pode ocorrer entre os 9 e os 17 anos, com média entre 12 e 14 anos. A maturação sexual é, portanto, tipificada pelo surgimento dos caracteres sexuais secundários e pode ser avaliada por meio do exame clínico, observando os seguintes itens, alguns já citados: • Telarca: corresponde ao desenvolvimento anatômico das mamas, em resposta aos estrógenos; • Pubarca: corresponde ao aparecimento de pelos na região pubiana, nos grandes lábios, nas meninas, e na bolsa escrotal, nos meninos, podendo atingir a face interna das coxas e o abdome. A pubarca ocorre em resposta aos estrógenos ovarianos e aos andrógenos das suprarrenais; • Axilarca: corresponde ao aparecimento de pelos axilares, surgindo, geralmente, em torno de 1 a 2 anos após a pubarca. Nos meninos, coincide com o aparecimento dos pelos faciais; • Menarca: é a primeira menstruação, que ocorre em média aos 12 anos, podendo ocorrer entre os 9 e os 16 anos; • Voz: há uma modificação na voz pelo crescimento rápido da laringe, que modifica sua forma, e as cordas vocais ficam mais longas e mais espessas; • Polução: é a eliminação involuntária de esperma pelos meninos, que pode equivaler à menarca nas meninas. As primeiras ejaculações são caracterizadas por pouco número e pouca agilidade dos espermatozoides, o que representa uma infertilidade relativa; • Ginecomastia: corresponde ao aumento mamário decorrente da sensibilidade dos receptores aos estrógenos que circulam no organismo dos meninos, podendo surgir na puberdade. Normalmente o aumento é discreto e evolui em poucos meses, mas, em casos intensos, pode ocorrer um aumento acentuado das mamas, chegando a durar de 1 a 2 anos. Nesses casos, a avaliação clínica e multiprofissional é importante para afastar qualquer afecção hormonal e indicar um tratamento adequado, com o intuito de evitar possível dano psicológico; • Aumento do volume testicular: ocorre por ação do FSH e, como já dito, corresponde ao primeiro sinal clínico de puberdade nos meninos. Pode ser avaliado pelo orquidômetro de Prader, que mensura o tamanho testicular em milímetros. Fases do crescimento puberal Com o objetivo de sistematizar a sequência do desenvolvimento das características sexuais secundárias na adolescência, foi descrito, em 1962, o estadiamento segundo os critérios de Tanner. Tanner descreveu, de acordo com a inspeção durante o exame físico, os estágios de maturação sexual, que variam de 1 (infantil) a 5 (adulto), considerando, para o sexo feminino, o desenvolvimento mamário, representado pela letra M, e o desenvolvimento dos pelos pubianos, representado pela letra P. Já para o sexo masculino, os critérios incluem o desenvolvimento da genitália externa, representado pelo G, e também o desenvolvimento da pilosidade pubiana. Assim, a aplicação da classificação de Tanner faz parte da avaliação clínica de rotina do adolescente, visto que possibilita a identificação do estágio de maturação sexual no qual o adolescente se encontra e sua correlação com outros eventos desse período da puberdade. Descrevendo um pouco mais os estágios segundo os critérios de Tanner, tem-se: Desenvolvimento mamário • M1 – Mama infantil, apenas com elevação da papila. • M2 – Broto mamário, com formação de uma saliência pela elevação da aréola e da papila. Há um pequeno desenvolvimento glandular subareolar, o diâmetro da aréola aumenta e há modificação na sua textura. • M3 – Maior aumento da mama e da aréola, sem separação dos seus contornos. O tecido mamário extrapola os limites da aréola. • M4 – Maior crescimento da mama e da aréola, sendo que esta forma uma segunda saliência acima do contorno da mama (duplo contorno). • M5 – Mama de aspecto adulto, em que o contorno areolar novamente é incorporado ao contorno da mama. Desenvolvimento genital • G1 – Testículos, escroto e pênis de tamanho e proporções infantis. • G2 – Aumento inicial do volume testicular (3-4 ml). Pele do escroto muda de textura e torna-se avermelhada e o aumento do pênis é pequeno ou ausente. • G3 – Crescimento do pênis em comprimento. Maior aumento dos testículos e do escroto. • G4 – Aumento do pênis, principalmente em diâmetro e desenvolvimento da glande. Há um maior crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele torna-se mais enrugada e pigmentada. • G5 – Desenvolvimento completo da genitália, que assume características adultas Pilosidade pubiana • P1 – Ausência de pelos pubianos, podendo haver uma leve penugem, semelhante à observada na parede abdominal. • P2 – Aparecimento de pelos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados, ao longo dos grandes lábios e na base do pênis. • P3 – Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, escuros e encaracolados, espalhando-se esparsamente na região pubiana. • P4 – Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região pubiana, mas sem atingir a face interna das coxas. • P5 – Pilosidade pubiana igual à do adulto, em quantidade e distribuição, invadindo a face interna da coxa. • P6 – extensão dos pelos pela linha alba, acima da região pubiana. ConclusãoA puberdade é uma fase da adolescência em que vai haver mudanças biológicas importantes nos meninos e meninas, sendo caracterizada pelo amadurecimento dos caracteres sexuais primários, pelo surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais secundários, pelo crescimento e desenvolvimento corporal e por mudanças psicológicas consideráveis decorrentes de todas essas modificações. Uma série de fatores podem influenciar o início da puberdade, mas a genética é o fator mais determinante. Assim, visando sistematizar a sequência do desenvolvimento das características sexuais secundárias na adolescência, foram criados os critérios de Tanner, que avaliam, nas meninas, o desenvolvimento mamário e a distribuição de pelos pubianos e, nos meninos, avalia o desenvolvimento genital e, também, a distribuição da pilosidade pubiana. É essencial o conhecimento das alterações fisiológicas da puberdade, assim como da aplicação dessas mudanças nos critérios de Tanner, para, assim, o médico poder identificar e diagnosticar possíveis condições patológicas no desenvolvimento puberal dos pacientes. Processo de gametogênese masculino e feminino Primeira Semana de Desenvolvimento Embrionário: o que acontece? Gametogênese A gametogênese é o processo de formação de gametas que ocorre em organismos dotados de reprodução sexuada. O processo de divisão importante para a produção de gametas (células haplóides) é a meiose, pois esta reduz à metade a quantidade de cromossomos das células e possibilita a recombinação gênica no momento em que ocorre a fecundação. Nos homens o processo de gametogênese é denominado espermatogênese e nas mulheres oogênese. Os gametas são derivados das células germinativas primordiais (CGPs) (formadas durante a segunda semana), movem-se pela estria primitiva durante a gastrulação e migram para a parede da vesícula vitelínica. Na quarta semana, essas células começam a migrar da vesícula vitelínica em direção às gônadas em desenvolvimento, onde chegam até o final da quinta semana. As divisões mitóticas aumentam em número no decorrer da migração e também quando alcançam a região da futura gônada. Em uma preparação para a fertilização, as células germinativas sofrem gametogênese, que inclui a meiose, para reduzir seu número de cromossomos, e citodiferenciação, para completar sua maturação. Para um bom entendimento da gametogênese, portanto, é necessário estar a par do processo de meiose, o qual iremos revisar na sequência do conteúdo abaixo. Meiose A meiose consiste em duas divisões celulares meióticas, durante as quais o número de cromossomos das células germinativas é reduzido à metade (23, o número haploide) do número presente em outras células do corpo (46, o número diploide). Durante a primeira divisão meiótica, o número de cromossomos é reduzido de diploide para haploide. Os cromossomos homólogos (um do pai e outro da mãe) se pareiam durante a prófase e então se separam durante a anáfase, com um representante de cada par indo randomicamente para cada polo do fuso meiótico. O fuso se conecta ao cromossomo no centrômero. Neste estágio, eles são cromossomos com duas cromátides- irmãs. Os cromossomos X e Y não são homólogos; no entanto, eles apresentam segmentos homólogos nas extremidades de seus braços curtos. Eles se pareiam somente nessas regiões. Ao final da primeira divisão meiótica, cada nova célula formada (espermatócito secundário ou oócito secundário) tem um número haploide de cromossomos com duas cromátides- irmãs; portanto, cada célula contém metade do número de cromossomos da célula precedente (espermatócito primário ou oócito primário). Essa separação, ou disjunção, de cromossomos homólogos pareados é a base física da segregação, ou separação, de genes alelos durante a meiose. A segunda divisão meiótica sucede a primeira divisão, sem uma interfase normal. Cada cromossomo com duas cromátides-irmãs se divide e cada metade (ou cromátide) é randomicamente levada para um pólo diferente do fuso meiótico; logo, o número haploide de cromossomos (23) é mantido. Cada célula-filha formada pela meiose tem o número de cromossomos haploide reduzido, com um representante de cada par de cromossomos (agora com uma única cromátide). Na figura abaixo temos a representação diagramática da meiose, onde, ao final, são exibidos dois pares de cromossomos. Os estágios da prófase da primeira divisão meiótica estão representados pelas letras de A até D. Os cromossomos homólogos se aproximam de cada par: cada membro de um par consiste em duas cromátides. Observe o único crossover em um par de cromossomos, resultando na troca de segmentos das cromátides. Na letra E está representada a metáfase, onde os dois membros de cada par se tornam orientados no fuso meiótico. Na letra F, está representada a anáfase, enquanto que na letra G, temos a telófase, momento no qual os cromossomos migram para polos opostos. A distribuição dos pares de cromossomos parentais ao final da primeira divisão meiótica está representada na letra K. Nas letras I a K, observamos a segunda divisão meiótica, que é similar à mitose, exceto pelo fato de que as células são haploides. A meiose… → Garante uma constância no número de cromossomos de geração para geração por meio da redução do número cromossômico diploide para haploide, produzindo assim gametas haploides. → Permite uma distribuição aleatória de cromossomos maternos e paternos. → Realoca os segmentos de cromossomos maternos e paternos por meio do crossingover de segmentos cromossômicos, o que “embaralha” os genes e produz uma recombinação do material genético. Espermatogênese A espermatogênese, que começa na puberdade, inclui todos os eventos que envolvem a transformação de espermatogônias em espermatozoides. No nascimento, as células germinativas no menino podem ser reconhecidas nos cordões seminíferos dos testículos como células grandes, esbranquiçadas, cercadas por células de suporte. Estas, que são derivadas do epitélio superficial dos testículos do mesmo modo que as células foliculares, tornam-se células de sustentação ou células de Sertoli. Pouco antes da puberdade, os cordões seminíferos adquirem um lúmen e se tornam túbulos seminíferos. Por volta do mesmo período, as CGPs originam as células-tronco espermatogoniais. Em intervalos regulares, células emergem dessa população de células-tronco para formarem espermatogônias do tipo A, o que marca o início da espermatogênese. As células do tipo A sofrem um número limitado de divisões mitóticas para formar clones de células. A última divisão celular produz espermatogônias do tipo B, que, em seguida, dividem-se para formar espermatócitos primários. Os espermatócitos primários entram, então, em uma prófase prolongada (22 dias), seguida pelo término rápido da meiose I e pela formação de espermatócitos secundários. Durante a segunda divisão meiótica, essas células começam imediatamente a formar espermátides haploides. Ao longo dessa série de eventos, do momento em que as células do tipo A deixam a população de células-tronco até a formação das espermátides, a citocinese é incompleta, de modo que gerações sucessivas de células são unidas por pontes citoplasmáticas. Assim, a progênie de uma única espermatogônia do tipo A forma um clone de células germinativas que mantêm contato ao longo da diferenciação. Além disso, as espermatogônias e as espermátides permanecem nos profundos recessos das células de Sertoli ao longo de seu desenvolvimento. Dessa maneira, as células de Sertoli sustentam e protegem as células germinativas, participam de sua nutrição e ajudam na liberação de espermatozoidesmaduros. Ciclo menstrual. Define-se ciclo menstrual normal como aquele com 28 ± 7 dias, fluxo durando 4 ± 2 dias, e perda média de 20 a 60 mL de sangue. Por convenção, o primeiro dia de sangramento vaginal é considerado o primeiro dia do ciclo menstrual. Os intervalos entre ciclos menstruais variam entre as mulheres e, com frequência, em uma mesma mulher em épocas diferentes de sua vida reprodutiva. O ciclo menstrual varia menos entre 20 e 40 anos de idade. Quando observado sob a perspectiva da função ovariana, o ciclo menstrual pode ser definido em fase folicular pré-ovulatória e fase lútea pós- ovulatória. As fases correspondentes no endométrio denominam-se fase proliferativa e fase secretora. Para a maioria das mulheres, a fase lútea do ciclo menstrual é estável, durando entre 13 e 14 dias. Consequentemente, variações no período do ciclo normal geralmente resultam de variações na duração da fase folicular. Ciclo Menstrual: Eixo Hipotálamo- Hipófise-Gônadas O clico menstrual é consequência da interação entre três entidades anatômicas: hipotálamo, hipófise, ovário e útero. Embora seja evidente que o hipotálamo desempenha um papel central na iniciação do ciclo menstrual, está igualmente claro que a ciclicidade endócrina é consequência da relação de feedback entre a secreção ovariana e o eixo hipotálamo- hipófise. O útero desempenha um papel eminentemente passivo, apesar de sua importância na concepção. Hipotálamo O hipotálamo encontra-se na base do cérebro, imediatamente acima da junção dos nervos ópticos. Seus neurônios são especialmente importantes na produção dos hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH), hormônio liberador de corticotrofinas (CRF) e hormônio liberador de tireotrofinas (TRH). Em relação a produção do GnRH, o hipotálamo é influenciado tanto por sinais extrínsecos e intrínsecos ao SNC, quanto pelo controle do ovário. A influência exercida pela secreção ovariana sobre o hipotálamo é denominada de feedback, sendo este positivo quando os esteroides ovarianos estimulam a produção do GnRH, e negativo quando a secreção ovariana inibe a produção do GnRH. Além disso, o próprio GnRH controla sua produção, agindo diretamente no hipotálamo. Então, quando está disponível em grande quantidade ele atua reduzindo sua produção, já quando está presente em níveis baixos, age estimulando sua liberação. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido no hipotálamo, exerce papel obrigatório no controle da secreção de gonadotrofinas, como o próprio nome indica, sendo responsável pela indução da liberação destas substâncias pela hipófise anterior. O hipotálamo apresenta ciclos característicos de liberação de seus produtos (GnRH, TRH, ACTH etc.) devido a centros tipo marcapasso. Algumas dessas substâncias são liberadas periodicamente, outras, em ciclos circadianos, que podem estar relacionados a situações fisiológicas, como o ciclo do sono ou ingestão de alimentos, entre outros estímulos. Quanto a função reprodutiva, o GnRH é o principal hormônio. Na mulher, ele é liberado de uma forma pulsátil, sendo sua periodicidade e amplitude críticas para determinar a liberação correta e fisiológica do FSH e LH (produzidos na adenohipófise). Na menina, o centro hipotalâmico encontra-se bloqueado até o período da puberdade, quando ocorre sua liberação por razões ainda não bem estabelecidas, supondo-se haver a participação de fatores ambientais, dos opioides endógenos, do peso corporal, da quantidade de gordura corporal, entre outros. Hipófise É uma glândula neuroendócrina situada na sela túrcica, sendo dividida em adeno-hipófise e neuro-hipófise. A adeno-hipófise é responsável pela secreção dos hormônios folículo- estimulante (FSH) e luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio de crescimento (GH) e prolactina (PRL). Já a neuro-hipófise secreta ocitocina e vasopressina. O GnRH age nas células gonadotróficas da hipófise anterior (adeno-hipófise), estimulando-as a sintetizar e secretar na corrente sanguínea tanto o FSH quanto o LH. No entanto, a secreção de LH é, essencialmente, caracterizada por um pico no meio do ciclo menstrual. Já a secreção de FSH caracteriza-se por um aumento na fase folicular inicial, um platô na fase lútea e acentuada elevação na fase lútea tardia. Ou seja, as gonadotrofinas são secretadas de forma pulsátil, com frequência e amplitude que variam de acordo com a fase do ciclo. Os hormônios esteroides, como o estradiol e a progesterona, ou fatores ovarianos não-esteroides, como a inibida, são os moduladores da secreção de LH e FSH. SE LIGA! O padrão pulsátil de liberação das gonadotrofinas é diretamente relacionado a secreção pulsátil de GnRH, mas a modulação da amplitude e da frequência são consequências do feedback dos esteroides ovarianos no hipotálamo e na hipófise. Ovários O ovário em funcionamento normal sintetiza e secreta hormônios esteroides sexuais – estrogênios, androgênios e progesterona – com padrão de controle preciso que, em parte, é determinado pelas gonadotrofinas hipofisárias, FSH e LH. Os produtos secretórios mais importantes da biossíntese de esteroides pelos ovários são a progesterona e o estradiol. Entretanto, o ovário também secreta estrona, androstenediona e 17a−hidroxiprogesterona. Os hormônios esteroides sexuais desempenham papel importante no ciclo menstrual preparando o útero para implantação do óvulo fertilizado. Se a implantação não ocorrer, a esteroidogênese ovariana declina, o endométrio degenera e ocorre a menstruação. Processo de fecundação. A fecundação é uma sequência complexa de eventos moleculares coordenados que se inicia com o contato entre um espermatozoide, gameta masculino e um oócito, gameta feminino e termina com a mistura dos cromossomos maternos e paternos formando uma célula diploide (zigoto) que na metáfase da primeira divisão mitótica transforma-se no embrião unicelular. Normalmente, o local da fecundação é a ampola da tuba uterina e caso o oócito não seja fecundado na ampola, ele passa lentamente pela tuba e chega ao corpo do útero, onde se degenera e é reabsorvido. Embora a fecundação possa ocorrer em outras partes da tuba, ela não ocorre no corpo do útero e leva aproximadamente 24 horas. Sinais químicos (atrativos) secretados pelos oócitos e pelas células foliculares circundantes guiam os espermatozoides capacitados (quimiotaxia dos espermatozoides) para o oócito. Alterações em qualquer estágio na sequência desses eventos podem causar a morte do zigoto. Gametas: Acompanhe uma breve descrição comparativa entre os gametas reprodutores masculino e feminino: • TAMANHO: o gameta feminino é significativamente maior que o masculino • CROMOSSOMOS: o oócito SEMPRE libera um cromossomo X, enquanto o espermatozoide pode fornecer o cromossomo X ou Y. Em outras palavras, o sexo biológico (cromossômico) do embrião é sempre definido pelo pai. • MOTILIDADE: oócito é imóvel enquanto o espermatozoide é móvel graças ao flagelo • GAMETOGÊNESE: uma ovogônia produz um oócito, enquanto uma espermatogônia produz quatro espermatozoides. Capacitação do espermatozoide: O processo de capacitação (ou ativação) espermática ocorre dentro do trato reprodutor feminino, após depósito dos espermatozoides.Ocorrem uma série de modificações bioquímicas e estruturais na membrana do gameta masculino, especialmente na região do acrossomo, como remoção de glicoproteínas e de membrana lipídica (colesterol). O objetivo desse processo é preparar o espermatozoide para a reação acrossômica após passagem pela corona radiata e zona pelúcida. Fases da Fecundação Como mencionado acima, a fecundação é uma sequência de eventos complexos e coordenados. 1) Espermatozoide durante a capacitação, um período de condicionamento que ocorre no trato genital feminino. 2) Espermatozoide passando pela reação acrossômica, na qual se formam perfurações no acrossoma. 3) Espermatozoide digerindo um caminho pela zona pelúcida graças à ação das enzimas liberadas do acrossoma. 4) Espermatozoide após entrar no citoplasma do oócito (Note que as membranas plasmáticas do espermatozoide e do oócito se fusionaram e que a cabeça e a cauda do espermatozoide entram no oócito, deixando a membrana plasmática do espermatozoide ligada à membrana plasmática do oócito) FONTE: Embriologia clínica / Keith L. Moore, 10. ed – 2016. Todo este processo pode ser dividido nas seguintes fases: Passagem de um espermatozoide através da corona radiata A dispersão das células foliculares da corona radiata que circunda o oócito e a zona pelúcida resulta da ação da enzima hialuronidase liberada da vesícula acrossômica do espermatozoide, mas isto ainda não está totalmente esclarecido. Algumas enzimas da mucosa da tuba uterina também parecem auxiliar a dispersão. Os movimentos da cauda do espermatozoide também são importantes na penetração da corona radiata. Penetração da zona pelúcida A passagem do espermatozoide pela zona pelúcida é uma fase importante do início da fecundação. A formação de uma passagem também é resultado da ação de enzimas acrossômicas. As enzimas esterase, acrosina e neuraminidase parecem causar a lise (dissolução) da zona pelúcida, formando assim uma passagem para o espermatozoide penetrar o oócito. A mais importante dessas enzimas é a acrosina, uma enzima proteolítica. Assim que o espermatozoide penetra a zona pelúcida do oócito, ocorre a reação zonal, uma alteração nas propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros espermatozoides. A composição dessa cobertura glicoproteica extracelular muda após a fecundação. Acredita-se que a reação zonal é o resultado da ação de enzimas do lisossomo, liberadas por grânulos corticais próximos à membrana plasmática do oócito. O conteúdo desses grânulos, que são liberados no espaço perivitelino também provoca alterações na membrana plasmática tornando-a impermeável (impenetrável) por outros espermatozoides. Fusão das membranas plasmáticas do oócito e do espermatozoide. As membranas plasmáticas (ou celulares) do oócito e do espermatozoide se fundem e se rompem na região da fusão. A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do oócito, mas a membrana celular espermática (membrana plasmática) e as mitocôndrias não entram. Término da segunda divisão meiótica do oócito e formação do pronúcleo feminino. Quando o espermatozoide penetra o oócito, este é ativado e termina a segunda divisão meiótica formando um oócito maduro e um segundo corpo polar. Em seguida, os cromossomos maternos se descondensam e o núcleo do oócito maduro se torna o pronúcleo feminino. Formação do pronúcleo masculino. Dentro do citoplasma do oócito, o núcleo do espermatozoide aumenta para formar o pronúcleo masculino e a cauda é degenerada, uma vez que se tornou desnecessária após sua inserção no gameta feminino. Morfologicamente, os pronúcleos masculino e feminino são indistinguíveis. Durante o crescimento dos pronúcleos, eles replicam seu DNA- 1 n (haploide), 2 c (duas cromátides). O oócito contendo os dois pronúcleos haploides é denominado oótide. Assim que os pronúcleos se fundem, em um único agregado diploide de cromossomos, a oótide se torna um zigoto. Nesse momento, os cromossomos no zigoto se organizam em um fuso de clivagem em preparação para as sucessivas divisões do zigoto. B) Um espermatozoide penetrou o oócito, gerando a segunda divisão meiótica que forma o oócito maduro. O núcleo do oócito é agora chamado de pronúcleo feminino. C) A cabeça do espermatozoide aumento de volume para formar o pronúcleo masculino. Essa célula, agora chamada de oótide, contém os pronúcleos masculino e feminino. D) Fusão dos pronúcleos. E) Formação do zigoto, ele contém 46 cromossomos, o número diploide. Zigoto O zigoto é geneticamente único porque metade dos cromossomos é materna e a outra metade é paterna. O zigoto contém uma nova combinação de cromossomos diferente da combinação das células paternas. Esse mecanismo é a base da herança biparental e da variação da espécie humana. A meiose possibilita a distribuição aleatória dos cromossomos paternos e maternos entre as células germinativas. O crossing-over dos cromossomos, por relocação dos segmentos dos cromossomos paterno e materno “embaralha” os genes, produzindo uma recombinação do material genético do produto da concepção. O sexo cromossômico do embrião é, então determinado na fecundação, a depender do tipo de espermatozoide (X ou Y) que fecunde o oócito. A fecundação por um espermatozoide que carrega o cromossomo X produz um zigoto 46, XX, que se desenvolve em um embrião feminino; já a fecundação por um espermatozoide que carrega o cromossomo Y gera um zigoto 46, XY, que se desenvolve em um embrião masculino. Conclusão sobre fecundação Em resumo, as etapas da fecundação objetivam: • Estimular o oócito a completar a segunda divisão meiótica. • Restaurar o número diploide normal de cromossomos (46) no zigoto. • Resultar na variação da espécie humana por meio da mistura de cromossomos paternos e maternos. • Determinar o sexo cromossômico do embrião (XX ou XY) • Causar a ativação metabólica da oótide (oócito quase maduro) • Inicia a clivagem do zigoto. Desenvolvimento embrionário, fetal e anexos. Fertilização assistida Quando as dificuldades para engravidar surgem, a mulher ou casal começam a buscar respostas e soluções para o problema. Nessa busca, são realizados diversos exames que objetivam a identificação da causa do problema e também planeja o tratamento mais adequado às necessidades identificadas. Dependendo dos resultados desses exames, serão sugeridas terapias como a indução da ovulação ou correção cirúrgica de algum problema genético ou adquirido. No entanto, quando existem problemas não corrigíveis através desses métodos, a opção é tentar algum método de reprodução assistida. Reprodução Assistida: Definição Reprodução Assistida é um conjunto de técnicas utilizadas por médicos especializados, que tem como principal objetivo a tentativa de viabilizar a gestação para casais com dificuldades de conceber uma criança. Os métodos de reprodução assistida são divididos em dois grupos: o da inseminação artificial e o da fertilização in vitro. Inseminação artificial A inseminação artificial ou inseminação intrauterina, é um procedimento médico que consiste na introdução do sêmen no útero feminino, em laboratório (artificial). É um procedimento muito utilizado por casais com dificuldades para gerar um filho. Ele não produz efeitos colaterais, e pode ser aplicado em casos de infertilidade feminina ou masculina. Para saber melhor o que é e como funciona a Inseminação Artificial, aqui no blog temos um excelente artigo falando sobre isso. Fertilização in vitro A fertilização in vitro (FIV) é o procedimento médico em que os óvulos são fertilizados pelo espermatozoideem ambiente laboratorial, in vitro. A técnica já foi conhecida como “bebê de proveta” e é muito usada em casos de infertilidade em que tratamentos mais simples não surtem efeito. Principais técnicas de Reprodução Assistida As técnicas de reprodução assistida são classificadas em homóloga ou heteróloga. A homóloga ocorre quando os gametas provêm dos elementos do casal. Já no caso da heteróloga, quando um ou ambos os gametas são provenientes de um indivíduo alheio ao casal. São cinco as técnicas de reprodução assistida mais utilizadas: Coito Programado O coito programado é o acompanhamento de um ciclo menstrual da mulher para indicar o momento mais favorável à ocorrência da gestação. O objetivo dessa técnica é restabelecer a taxa média de fecundidade que um casal sem alterações reprodutivas apresenta, ou seja, 10 a 20% de chance de engravidar por ciclo. É considerada uma técnica de “baixa complexidade”. Criopreservação (Congelamento) A técnica de congelamento de espermatozoides, óvulos e embriões é uma prática que tem apresentado avanços significativos nos últimos anos e contribuiu para que as taxas de gestação atingissem patamares animadores. É uma técnica bem estabelecida e realizada na maior parte dos países com instituições dedicadas à reprodução humana. Fertilização In Vitro (FIV) A fertilização in vitro consiste na fecundação, ou seja, o encontro do espermatozoide com o óvulo, em laboratório. O procedimento foi realizado pela primeira vez em 1978 e já colaborou com mais de 3 milhões de bebês no mundo todo. Inseminação Intrauterina (IIU) A técnica de inseminação intrauterina, ou inseminação artificial, consiste na deposição do sêmen diretamente no interior do útero da mulher. Nesse caso, a fecundação do óvulo pelo espermatozóide ocorre de forma natural na região da trompa, ou seja, “in vivo”. Maturação In Vitro de Óvulos (IVM) A técnica de maturação in vitro de oócitos consiste na captação de óvulos imaturos e seu subsequente amadurecimento em laboratório. Após https://nilofrantz.com.br/blog/o-que-e-e-como-funciona-a-inseminacao-artificial/ https://nilofrantz.com.br/blog/o-que-e-e-como-funciona-a-inseminacao-artificial/ imersão em meios de cultura especiais, estes atingem o estágio de metáfase II, sendo então fertilizados e transferidos os pré-embriões para o útero da paciente. Além disso, com o avanço tecnológico, hoje em dia a Medicina Reprodutiva possui métodos diagnósticos que auxiliam homens e mulheres na realização do sonho de gerar um filho. Dois dos principais desses diagnósticos são: Diagnóstico Genético Pré- Implantacional (PGD) O diagnóstico genético pré- implantacional é um procedimento através do qual é realizada uma pequena biópsia que permite identificar os embriões portadores de desordens genéticas e transferir para o útero materno apenas os embriões saudáveis. Screening Genético Pré-Implantacional (PGS). O screening genético pré- implantacional permite identificar embriões cromossomicamente normais entre todos aqueles obtidos por reprodução assistida. Através desse exame é possível detectar anomalias cromossômicas antes da transferência embrionária, permitindo decisões com mais informações. Essa técnica possui uma alta taxa de precisão, com um sucesso gestacional notável e o nascimento de bebês saudáveis. Indicação. As técnicas de reprodução assistida são indicadas nos casos em que a gravidez não ocorre de forma espontânea, mesmo tendo relações sexuais frequentes durante o período fértil e respeitando o tempo de espera considerado normal para engravidar. Nesses casos, o seu médico deve indicar qual o melhor tratamento para a sua situação. Antes de decidir qual técnica sugerir, o médico leva em consideração alguns fatores, tais como: • Presença de gametas femininos viáveis; • Quantidade adequada de espermatozoides que apresentem mobilidade; • Útero e tubas uterinas com morfologia normal e compatível; • Boa interação entre o muco do colo uterino e os espermatozoides; • Capacidade do espermatozóide penetrar no gameta feminino. É importante lembrar que o melhor procedimento deve ser decidido em conjunto com um médico especialista, capacitado para avaliar corretamente cada caso. Métodos contraceptivos No decorrer dos últimos anos, as mulheres foram ganhando espaço na sociedade e, associado a isso, ganharam também uma maior autonomia em relação à saúde reprodutiva e sobre as escolhas de casar-se ou não e ter ou não filhos, além de poder decidir quantos filhos deseja ter e em qual momento da sua vida. Atualmente as mulheres têm optado por ter menos filhos, geralmente um ou dois, e escolhem tê- los mais tarde, após terminar uma faculdade e estabilizar-se profissional e financeiramente. As mulheres obtiveram também o direito à informação, à liberdade de cuidarem de sua própria saúde, de evitar infecções sexualmente transmissíveis e de ter acesso aos diversos tipos de métodos contraceptivos. Contracepção corresponde ao uso de métodos e técnicas que tenham como finalidade impedir que o relacionamento sexual resulte em gravidez. É um recurso do planejamento familiar, que visa à constituição de uma prole desejada e programada. Reconhecem-se dois grupos principais de métodos contraceptivos: os reversíveis e os definitivos. Dentre os métodos reversíveis encontram-se os comportamentais, que são aqueles que, ao serem utilizados, implicam em modificações do comportamento sexual do casal; os de barreira, aqueles que evitam a gravidez através do impedimento da ascensão dos espermatozoides ao útero; os hormonais e os de emergência. Já os métodos definitivos, são aqueles em que há intervenção cirúrgica: ligadura tubária e vasectomia. Métodos contraceptivos reversíveis Métodos comportamentais Abstinência sexual periódica Os métodos de abstinência sexual periódica também podem ser conhecidos como métodos naturais e são definidos pela Organização Mundial de Saúde como “métodos para planificar ou evitar gestações pela observação dos sinais e sintomas da fase fértil do ciclo menstrual”. O mecanismo de ação desse método é baseado na anatomia e fisiologia reprodutiva e consiste em interpretar os sinais e sintomas que ocorrem durante o crescimento folicular, a ovulação e a formação do corpo lúteo. Pressupõe-se que o tempo médio de vida dos espermatozoides no trato genital feminino é de 72 horas (variando entre 2 a 7 dias) e que o período de fertilidade do óvulo é de 24- 48 horas. Diante disso, o período fértil varia entre 3-4 dias antes e 3 dias após a ovulação. Para que esse método seja eficaz, é necessário que o casal entenda como identificar corretamente o período fértil e como adaptar-se sexualmente para os períodos de abstinência e permissão ao ato. Método rítmico O método rítmico também pode ser chamado de método Ogino-Knaus, calendário ou ainda tabelinha, como é mais conhecido. É provavelmente um dos mais utilizados. Esse método busca encontrar, através de cálculos, o início e o fim do período fértil. A mulher geralmente está fértil no meio do ciclo menstrual, quando ocorre a ovulação. Para saber, com precisão, se o ciclo é regulado e de quantos dias ele é, o ideal é anotar, durante seis meses, o dia do início de cada menstruação. Ao final, deve-se contar o intervalo de dias entre o início de duas menstruações consecutivas. Estes correspondem ao ciclo menstrual. Como a grande maioria dos ciclos variam entre 28 e 31 dias, do 14º ao 16º dia são os dias mais férteis. Assim, para evitar a gravidez, a mulher e seu parceiro não devem ter relações sexuais nestes dias. Para reduzir a margem de erro, o ideal é evitar relaçõessexuais, ou não deixar de usar o preservativo, quatro dias antes e quatro dias depois da provável data da ovulação – e também nesse dia. Método da temperatura basal O método da temperatura basal também é conhecido como método térmico e baseia-se no fato de a mulher, após a ovulação, apresentar aumento da temperatura basal, entre 0,3 e 0,8°C. Isso acontece porque a progesterona atua no centro termorregulador do hipotálamo. A mulher precisa registrar a temperatura diariamente, a partir do primeiro dia do ciclo, em um gráfico. O termômetro deve ser colocado na boca, logo pela manhã, antes de qualquer atividade, durante pelo menos 5 minutos. De preferência, a temperatura deve ser aferida aproximadamente na mesma hora e após um período de sono de pelo menos 5 horas. Para não engravidar, a mulher deve evitar relações desde o primeiro dia da menstruação até que a temperatura se eleve de 0,3 a 0,8°C por três dias consecutivos. Observa-se que, geralmente, ocorre uma queda da temperatura no dia da ovulação, seguida de elevação nos dias subsequentes. Por isso, o método da temperatura serve para diagnóstico de gravidez, pois, nesse caso, a temperatura continua elevada depois do 28° dia do ciclo. Método do muco cervical O método do muco cervical também é conhecido como método de Billings e baseia-se na ocorrência de modificações cíclicas no muco cervical, através das quais a mulheres podem observar se estão ou não no período fértil. Deve-se pesquisar a presença do muco todos os dias, observando atentamente a sensação ocasionada pelo mesmo, buscando perceber as mudanças progressivas que ocorrem; é preciso interromper a atividade sexual ao menor sinal da presença do muco, após o período de secura vaginal que normalmente sucede a menstruação; deve-se observar também o aumento progressivo do muco, que atinge o pico durante a ovulação, passando a regredir a partir dela, por ação da progesterona; por fim, é necessário permanecer em abstinência por no mínimo 3 dias a partir do pico, podendo reiniciar a atividade sexual no quarto dia. Método sintotérmico Consiste na utilização de indicadores múltiplos, o que aumenta a capacidade de identificar o início e o final do período fértil, melhorando a eficácia do método e diminuindo o tempo de abstinência. Para identificar o início do período fértil, é preciso detectar o aparecimento do muco e calcular o calendário. Já para a identificação do final do período fértil devem-se observar as modificações do muco e avaliar as variações da temperatura basal. Podem ser acrescentados outros sinais sistêmicos que sugerem a ovulação, como a dor ovulatória e o sangramento intermenstrual. Ejaculação extra-vaginal O coito interrompido baseia-se na capacidade do homem em pressentir a iminência da ejaculação e, nesse momento, retirar o pênis da vagina evitando, assim, a deposição do esperma. O método requer autocontrole por parte do homem, de forma que ele possa retirar o pênis pouco antes da ejaculação. Alguns pontos devem ser ressaltados: antes do ato sexual o homem deve urinar e retirar restos de esperma de uma eventual relação anterior; o líquido pré-ejaculatório pode conter espermatozoides vivos o que aumenta o índice de falha; antes da ejaculação, o pênis deve ser retirado da vagina e o sêmen ser depositado longe dos genitais femininos; além de não oferecer proteção contra ISTs. O coito interrompido é considerado um método primitivo e deve ser desestimulado devido às repercussões na esfera sexual e baixa eficácia na prevenção da gravidez. O sexo sem penetração vaginal consiste na busca do prazer, sem risco de concepção, através de alternativas como sexo oral, sexo baseado na masturbação a dois, entre outros. É importante lembrar que o coito “inter femoral” com deposição de sêmen na genitália feminina externa pode levar à gestação. Métodos de barreira Camisinha (condom, preservativo masculino) A camisinha é um envoltório para o pênis, antigamente feito de membranas animais, a seguir feito de borracha vulcanizada e hoje de látex. Seu uso se difundiu rapidamente como método anticoncepcional em todo o mundo. Apresentam benefícios não contraceptivos importantes. Umas das grandes vantagens do preservativo é a proteção que oferece contra infecções sexualmente transmissíveis, inclusive as viróticas, como HPV, HIV e hepatite B. Seu uso protege a mulher contra essas doenças viróticas e consequentemente diminui a incidência de neoplasias cervicais. Outras vantagens desse método são a sua praticidade, o fácil acesso e o fato de não depender de controle médico. Alguns pontos negativos são o fato de requerer alto grau de motivação, necessitar de manipulação durante o sexual e a possibilidade de ocorrer rotura ou ainda causar reação alérgica. O preservativo feminino é um contraceptivo de barreira vaginal, geralmente de poliuretano. Adequadamente posicionado recobre a cérvice uterina, paredes vaginais e parte da vulva. Devido à maior área genital tanto feminina quanto masculina recoberta, oferece proteção mais efetiva contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Sua eficácia aumenta principalmente quando usado associado a lubrificantes com capacidade espermaticida. É mais resistente e durável que o preservativo masculino, e tem a vantagem de poder ser inserido fora do intercurso sexual, ficando seu uso sob o controle feminino. Diafragma É um pequeno dispositivo circular de borracha com borda firme flexível, que, ao ser colocado na vagina, forma uma barreira física no colo do útero. O tamanho e o tipo ideal são definidos durante o exame ginecológico e a sua inserção requer um treinamento específico. Recomenda-se o uso de espermaticida com o diafragma, que deve ser colocado nas bordas e no lado côncavo. O diafragma deve ser inserido de preferência um pouco antes da relação sexual, porém não mais que seis horas. Se este tempo for ultrapassado uma dose adicional de espermaticida deve ser aplicada. O mesmo procedimento deve ser feito no caso de relações subsequentes. A remoção deve ser feita seis a oito horas depois da relação. O uso contínuo do diafragma é contraindicado por haver riscos de infecção geniturinária e de choque tóxico. Após o seu uso, deve ser lavado com sabão neutro e água fria e enxugado em toalha de pano ou papel. Deve ser sempre guardado em recipiente próprio, para proteção e transporte adequados. O diafragma pode ser utilizado até dois anos, devendo ser substituído após este período. Esponjas As esponjas modernas são feitas de poliuretano associados com o espermaticida nonoxinol-9. Têm um formato ligeiramente côncavo, para adaptar-se melhor ao colo uterino, devendo ser umedecidas antes da sua colocação para ativar o espermaticida. Possui uma alça para facilitar a remoção, que deve ser feita seis a oito horas após a última relação sexual. Sua vantagem consiste na facilidade do uso, em poder ser colocada previamente ao intercurso sexual, ao fato de ser descartável e não requerer treinamento para sua aplicação. Elas podem reduzir a transmissão de algumas infecções sexualmente transmissíveis. Espermaticida São substâncias que, quando colocadas no fundo da vagina, têm ação de barreira por inativação dos espermatozoides, devido à lesão de sua membrana celular. Atualmente uma série de substâncias têm sido usadas, tais como nonoxinol-9, octocinol e o menfegol. Espermaticidas que contenham fenil-mercúrio não devem ser usados, visto que o mercúrio pode ser absorvido e causar toxicidade, com possível efeito teratogênico. Os espermaticidas existem em várias apresentações: cremes, geleias, supositórios, tabletes e espumas. Basicamentenão existem grandes diferenças entre eles, apenas o fato de que cremes, geleias e espumas têm ação quase imediata ao passo que os tabletes e supositórios necessitam de cerca de 10-15 minutos para dissolverem-se. Não oferece uma proteção contraceptiva adequada, se usados isoladamente. O mais recomendável é o uso do espermaticida associado ao diafragma, ao preservativo ou a outro método qualquer, a fim de aumentar a eficácia isolada de cada um deles. Contraceptivos hormonais Anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) Consiste na utilização por via oral de estrogênio associado ao progestênio, com a finalidade de impedir a concepção. O estrogênio usado é o etinilestradiol, que é ativado por via oral. Os progestogênios mais comumente utilizados são: levonorgestrel, noretindrona, acetato de ciproterona, hidroxiprogesterona, desogestrel e gestodeno. Uma vez que alguns progestogênios apresentam maior atividade androgênica e que este efeito oferece maior possibilidade de alteração no metabolismo lipídico, a escolha deve recair nos compostos com menor androgenicidade. Os AHCO inibem a ovulação através do bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise. Além disso, modificam o muco cervical tornando-o hostil à espermomigração, altera o endométrio, modifica a contratilidade das tubas interferindo no transporte ovular e altera a resposta ovariana às gonadotrofinas. Injetável mensal Os injetáveis mensais são aplicados por via intramuscular, sendo que propostos em posologias diferentes; entre o 7° e 10° dia do ciclo iniciado entre o 1° e o 5° dia, com aplicações ulteriores a cada trinta dias. A segunda opção oferece uma maior regularidade do ciclo, mantendo a eficácia. Não se deve massagear, nem colocar bolsa de água quente no local da aplicação. Os estrogênios foram associados ao progestogênio com a finalidade de minimizar as alterações do padrão menstrual. Os estrogênios naturais são de ação curta, porém com níveis séricos diferentes, cuja meia vida varia de 9 a 14 dias. Por este motivo, não determinam hiperplasia endometrial. Paradoxalmente, com a queda dos seus níveis, descama a camada superficial do endométrio, surgindo o fluxo sangüíneo. A ação anticonceptiva reside no efeito do progestogênio sobre o eixo neuroendócrino, inibindo a ovulação pelo bloqueio do pico do LH, que permanece em seus níveis basais. São observadas, também, atividades sobre o muco cervical, o endométrio e a peristalse tubária, ampliando seu potencial anticonceptivo. Injetável trimestral A anticoncepção injetável trimestral é realizada com o uso do acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D). O AMP-D apresenta vantagens que o fazem apropriado para algumas mulheres e conveniente para os programas de planejamento familiar. Uma só injeção oferece anticoncepção altamente eficaz durante 3 meses. Seu uso é simples e independente do coito. Por conter apenas o componente progestogênico, o método não tem várias das contra-indicações atribuídas ao estrogênio sintético. O AMP-D é um potente anovulatório, suprimindo o pico de LH, além de tornar o muco cervical espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides, e de tornar o endométrio hipotrófico pela redução da vascularização. Implantes Os implantes contraceptivos são constituídos de silicone polimerizado com um hormônio no seu interior, que é liberado continuamente para a corrente sanguínea, proporcionando o efeito contraceptivo. O mais popular de todos contém o progestogênio levonorgestrel e a elcometrina. A inserção dos implantes é feita no subcutâneo da face interna do braço esquerdo das mulheres destras e vice- versa, a cerca de quatro dedos transversos acima da prega do cotovelo. Ela deve ser feita entre o primeiro e o sétimo dia do ciclo, para garantir a eficácia contraceptiva desde o primeiro mês de uso. É realizada ambulatoriamente, observando-se a assepsia recomendada para todos os procedimentos cirúrgicos que é feita na face interna do braço. O levonorgestrel é liberado continuamente através das cápsulas. O período total de “funcionamento” são cinco anos. A anticoncepção é conseguida graças à associação de anovulação com o efeito progestogênico, inibindo a produção de muco cervical e alterando o endométrio. Dispositivo intrauterino (DIU) Apresenta grande eficácia prática, ausência de efeitos metabólicos sistêmicos e elevada taxa de continuidade. O DIU atua sobre os óvulos e os espermatozoides de várias maneiras: estimula reação inflamatória pronunciada no útero, por ser um corpo estranho; as alterações bioquímicas interferem no transporte dos espermatozoides no aparelho genital, bem como alteram os espermatozoides e óvulos, impedindo a fecundação. Por esses mecanismos, as evidências permitem afirmar que um conjunto de alterações espermáticas, ovulares, cervicais, endometriais e tubárias causam a inibição da fertilização. Anticoncepção de emergência (AE) Método anticonceptivo que pode evitar a gravidez após a relação sexual. O método, também conhecido por “pílula do dia seguinte”, utiliza compostos hormonais concentrados e por curto período de tempo nos dias seguintes da relação sexual. As indicações principais da anticoncepção de emergência são: relação sexual não planejada e desprotegida (comuns em adolescentes); uso inadequado de métodos anticoncepcionais; falha anticonceptiva presumida e violência sexual (estupro). Há duas formas de oferecer a AE. A primeira, conhecida como regime ou método de Yuzpe, utiliza AHOC de uso rotineiro em planejamento familiar e conhecidos como “pílulas anticoncepcionais”. O método de Yuzpe consiste na administração combinada de um estrogênio e um progestágeno sintético, administrados até cinco dias após a relação sexual desprotegida. A associação mais estudada recomendada pela Organização Mundial de Saúde é a que contém etinilestradiol e levonorgestrel. A segunda forma de realizar a AE é com o uso de progestágeno isolado, o levonorgestrel. Da mesma forma que o método de Yuzpe, o levonorgestrel pode ser utilizado até cinco dias da relação sexual desprotegida. Se utilizada na primeira fase do ciclo menstrual, antes do pico do hormônio luteinizante (LH), altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo a ovulação ou a retardando por vários dias. A ovulação pode ser impedida ou retardada em quase 85% dos casos, nos quais os espermatozoides não têm qualquer oportunidade de contato com o óvulo. Na segunda fase do ciclo menstrual, após a ovulação, atua por outros mecanismos, alterando o transporte dos espermatozoides e do óvulo nas trompas. A AE modifica o muco cervical, tornando-o espesso e hostil, impedindo ou dificultando a migração dos espermatozoides do trato genital feminino até as trompas, em direção ao óvulo. Além disso, interfere na capacitação dos espermatozoides, processo fundamental para a fecundação. Métodos contraceptivos definitivos Ligadura tubária Os serviços que oferecem este método têm que ter a consciência de que o procedimento envolve consequências a curto, médio e longo prazo. O cirurgião tem responsabilidades médico-legais e deve assegurar-se que sua paciente foi suficientemente esclarecida da natureza, dos riscos e benefícios, e das implicações da cirurgia e da esterilização, bem como que ainda existe uma pequena possibilidade de falha contraceptiva. A ligadura tubária constitui método permanente de contracepção, operacionalizado através da obstrução do lúmen tubário, impedindo, assim, o transporte e a união dos gametas. Independentemente da técnica a ser utilizada, recomenda-se o terço proximal da tuba (região ístmica) como o local ideal para ligadura. VasectomiaO paciente e/ou o casal, deve ser suficientemente esclarecido de suas vantagens e desvantagens, bem como ter conhecimento de todos os demais métodos contraceptivos que obrigatoriamente necessitam estar disponíveis no serviço que realizará a vasectomia. Uma vez solicitado o procedimento, o homem e/ou o casal devem assinar o consentimento informado. Consiste na secção e/ou oclusão do canal deferente, sendo um método seguro, eficaz e de fácil execução. Diversos tipos de técnicas podem ser utilizados, que diferem entre si quanto ao coto proximal, o qual poderá ser fechado ou aberto. Após o procedimento, o casal deverá continuar utilizando um método contraceptivo até que seja realizado um espermograma, que deverá demonstrar azoospermia. Métodos contraceptivos distribuídos pelo sus: • Diafragma; • Camisinha masculina e feminina; • Pílula anticoncepcional; • Injeção combinada; • Minipílula; • Pílula de emergência; • Dispositivo intrauterino (DIU). Infecções sexualmente transmitidas (IST’s) As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são um importante problema de saúde pública em todo o mundo, tanto pela sua alta prevalência quanto pela forma de transmissão, cuja prevenção depende muitas vezes de intervenções não só assistenciais como comportamentais, educacionais e até socioculturais. Embora, na maioria dos casos, exista tratamento eficaz, as Infecções Sexualmente Transmissíveis, quando não tratadas, podem evoluir com complicações sérias, como infecções crônicas do trato genital, infertilidade, câncer cervical e aumento do risco de transmissão e aquisição do HIV. Geralmente, a abordagem e diagnóstico são feitos de forma sindrômica, com base na apresentação clínica do paciente, em doenças que causam úlcera genital, cervicite/uretrite, corrimento vaginal, verrugas genitais e ainda síndromes extragenitais, como no caso de hepatites. No entanto, muitas pacientes possuem doença assintomática, o que torna o diagnóstico mais difícil, aumentando o risco de complicações e de transmissão sustentada na comunidade. Fatores de risco das Infecções Sexualmente Transmissíveis Antes de entrarmos na classificação das doenças em si, é importante sabermos os fatores de risco associados a essas doenças, tais como: • Paciente com idade entre 15 – 24 anos • Solteiras • História prévia de IST • Uso prolongado de drogas ilícitas • Múltiplos parceiros sexuais • Contato com profissionais do sexo • Uso inadequado de preservativo ou não uso Dessa forma, é imprescindível uma anamnese bem feita para identificação desses fatores de risco e colher a história sexual da paciente de forma detalhada, com enfoque para: • Parceiros novos nos últimos 60 dias • História de múltiplos parceiros • Presença de úlceras genitais • Tipo de exposição sexual • Frequência de uso de preservativo • Idade de coitarca Infecções Sexualmente Transmissíveis: doenças que causam úlceras genitais São lesões localizadas principalmente em região de vulva, vagina ou colo uterino. Os principais agentes etiológicos são o Herpes simplex vírus, Trepomena Pallidum, Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi e Klebsiella granulomatis. Outras doenças não infecciosas também podem causar aparecimento dessas úlceras, como Doença de Behçet, que é o principal diagnóstico diferencial por se tratar de uma doença inflamatória crônica, de etiologia incerta, caracterizada por úlceras também na cavidade oral, uveíte e sintomas sistêmicos. Além disso, neoplasias de vulva, dermatite de contato e traumas na região. Herpes Genital Agente: Herpes simplex vírus (HSV-tipo 1 e HSV-tipo 2). Epidemiologia: A causa mais comum de úlcera genital é a herpes genital, principalmente pelo sorotipo HSV-tipo 2. A transmissão ocorre por contato sexual vaginal, oral ou anal, pela mucosa ou lesão infectante. Cerca de 50-90% dos adultos têm anticorpos circulantes contra HSV-tipo 1; e 20-30% contra HSV-tipo 2. Pacientes portadoras de HSV-tipo 2 têm mais chance de contrair o vírus HIV. Muitas pacientes são portadoras assintomáticas do vírus, porém contaminantes, o que dificulta o controle da doença. Classificação Primo-infecção herpética: Geralmente, subclínica e a paciente torna-se portadora assintomática. Nos casos sintomáticos, possui período de incubação de 4-7 dias, observam-se lesões eritematopapulosas de 1 a 3 mm em pequenos lábios, clitóris, grandes lábios ou fúrcula vaginal, que evoluem para vesículas agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem e dão origem a ulcerações muito dolorosas. Adenopatia inguinal bilateral pode estar presente em 50% dos casos. Quando presente, a cervicite herpética cursa com corrimento genital aquoso. A paciente pode apresentar ainda sintomas gerais como febre, mal estar e mialgia. Após 3 semanas, o vírus entra em estado de latência em gânglios medulares ou de nervos cranianos. SE LIGA! As lesões herpéticas são caracterizadas por vesículas agrupadas sobre uma base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras arredondadas, dolorosas, com bordas lisas. Posteriormente, são recobertas por crostas sero-hemáticas até a cicatrização. A lesão tem regressão espontânea em 7-10 dias. Imagem: Lesões ulceradas do herpes genital. Fonte: Febrasgo. Imagem: Lesões ulceradas do herpes genital. Herpes recidivante 90 – 60% dos pacientes tem recidiva em 1 ano por reativação dos vírus, que migram através dos nervos periféricos e promovem erupções em pele e mucosa. O quadro clínico é menos intenso do que na primo-infecção, sendo precedido por aumento da sensibilidade, prurido, queimação e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital. Alguns fatores podem promover a reativação do vírus, como estresse físico ou emocional, imunodeficiência, uso prolongado de antibióticos, trauma local, mudanças hormonais do ciclo menstrual e exposição à radiação ultravioleta. As lesões tendem a ocorrer na mesma região da lesão inicial e regridem espontaneamente entre 7 e 10 dias. Imagem: Herpes simples recorrente intrabucal no palato duro, a região intrabucal mais comprometida. Os pacientes comumente atribuem como causa das lesões os traumatismos por alimentos ou escovação dentária. Em B, observa-se presença de vesículas ainda preservadas e ulcerações de pequeno tamanho, correspondentes a ruptura precoce das vesículas pelos alimentos. Fonte: Google imagens. Diagnóstico Essencialmente clínico, por meio da história e características da lesão. O diagnóstico laboratorial também pode ser feito pela coleta de material por meio de swab, para detecção direta do HSV. A citopatologia (método de Tzanck) trata-se de um raspado de vesícula integra para observação de inclusões virais. Existem também testes virológicos, pelo isolamento do HSV em cultura. Os métodos de amplificação de ácido nucleico (NAATs), incluindo ensaios de reação em cadeia da polimerase (PCR), estão agora disponíveis comercialmente e são o teste de escolha, pois possuem uma sensibilidade mais alta que a cultura ou o teste direto de anticorpos imunofluorescentes. Tratamento Em geral, o tratamento inclui a prevenção da transmissão, a atenuação da sintomatologia, a redução da possibilidade de complicações posteriores, a promoção da cura do episódio e a supressão possível dos episódios de recrudescência. Se os sintomas forem mínimos, poderá ser suficiente a utilização de analgésicos e de limpeza das lesões. A utilização de analgésicos ou AINES e permanganato de potássio é feita para evitar infecções bacterianas secundárias nas lesões genitais. Em primo-infecção, o tratamento pode ser feito com: • Aciclovir 400mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 5-10dias ou • Aciclovir 200 mg, via oral, de 4 em 4 horas, por 5-10 dias ou • Valaciclovir 500, via oral, de 12 em 12 horas, por 5-10 dias ou • Famciclovir 250 mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 5-10 dias. Em recidivante, deve-se tratar ao aparecimento dos pródromos com: • Aciclovir 800 mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 2 dias ou • Aciclovir 400 mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 3-5 dias ou • Aciclovir 200 mg, via oral, de 4 em 4 horas, por 3-5 dias ou • Valaciclovir 500 mg, via oral, de 12 em 12 horas, por 3-5 dias. • Famciclovir: 1g, via oral, de 12 em 12 horas, por 1 dia ou • Famciclovir 250mg, via oral, de 12 em 12 horas, por 5 dias ou • Famciclovir 125mg, via oral, de 12 em 12 horas por 3-5 dias. Caso ocorram seis ou mais episódios da doença em um ano, recomenda-se a terapia de supressão diária de baixas doses por 6-12 meses: Aciclovir 400 mg, VO, 2 vezes/dia ou Valaciclovir 500 – 1000 mg, VO, 1 vez/dia ou Famciclovir: 250mg, VO, 2 vezes/dia.
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