Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PARADA E REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E CEREBRAL 1 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 FATORES RELACIONADOS ÀS OCORRÊNCIAS IATROGÊNICAS NO ATENDIMENTO ......................................................................................................... 6 MÉTODO ................................................................................................................... 11 RESULTADOS .......................................................................................................... 12 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ENFERMEIROS PARA REALIZAR ASSISTÊNCIA EFETIVA NA PCR ........................................................................... 18 A ENFERMAGEM FRENTE À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA NO AMBIENTE HOSPITALAR....................................................................................... 19 FATORES RELACIONADOS À OCORRÊNCIAS IATROGÊNICAS NO ATENDIMENTO À PCR ........................................................................................... 20 NECESSIDADE DOS PROFISSIONAIS MANTEREM-SE ATUALIZADOS .......... 22 O ENFERMEIRO FRENTE À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM AMBIENTE HOSPITALAR: DESAFIOS DO COTIDIANO ..................................... 23 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é considerada como intercorrência de alto grau de complexidade, principalmente quando presente em pacientes que se encontram em estado crítico, como os internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Assim, o atendimento nesta circunstância exige da equipe multiprofissional rapidez, eficiência, conhecimento científico e habilidade técnica no desempenho da ação. Requer, também, para o sucesso do atendimento uma infraestrutura adequada, que proporcione atendimento com o máximo de eficiência e um mínimo de riscos para o paciente e equipe. Além disso, é importante um trabalho harmônico e sincronizado entre os profissionais, pois a atuação em equipe é necessária para se atingir o maior objetivo da assistência, ou seja, a recuperação do paciente. Quando estes requisitos não são preenchidos, os riscos tornam-se evidentes, as ocorrências iatrogênicas frequentes e a segurança do paciente fica seriamente comprometida. A PCR, em si, não representa um indicador de má qualidade da assistência, mas demonstra, sobretudo, o nível de gravidade em que o paciente se encontra. Uma vez presente, a chance de sobrevivência depende, em grande parte, da aplicação imediata, competente e segura das manobras de reanimação que precisam ser instituídas prontamente com o objetivo de evitar lesão cerebral irreversível. Neste caso, o fator tempo constitui uma variável fundamental na recuperação do paciente. As manobras de reanimação isoladamente não alteram a sobrevida dos pacientes. No entanto, a prática precoce de manobras básicas seguidas da implantação também precoce e eficiente do suporte avançado, aumentam as chances de recuperação imediata e de sobrevida. 4 Esta Associação, ainda, refere que a reanimação cardiopulmonar (RCP) tem como meta, além da preservação da vida, o alívio do sofrimento, a restauração da saúde e a limitação das incapacidades. Sendo assim, quando o início das manobras de reanimação for realizado tardiamente é possível restabelecer as funções vitais por algum tempo, mas a lesão cerebral grave e irreversível que se instala em decorrência da demora do atendimento, estará determinando a futura qualidade de vida do indivíduo. Estudos indicam que aproximadamente 30% das tentativas de RCP são bem sucedidas. Porém, dos pacientes que sobrevivem ao procedimento inicial, apenas 10% recuperam-se sem sequelas neurológicas ou com graus leves e moderados de incapacidade funcional. Quanto à mortalidade, 90% dos pacientes morrem no primeiro ano após o evento, dos quais 30% direta ou indiretamente de causas neurológicas. A PCR é uma intercorrência comum a todas especialidades médicas. Por isso ela deve ser atendida em qualquer área hospitalar, que, por sua vez, necessita estar equipada e preparada para tal atendimento. A UTI é considerada como o melhor local por oferecer condições de tratamento ao paciente em estado crítico e frequentemente sujeito à PCR, e porque concentra uma infraestrutura própria, com provisão de materiais e equipamentos necessários, bem como a presença de pessoal capacitado para o desenvolvimento da assistência especializada. A internação de paciente na UTI demanda estabelecimento de tratamento intensivo para sua pronta recuperação. O alcance desse objetivo só será atingido na vigência de um atendimento adequado, sem falhas no decorrer da assistência ao paciente, o que também se aplica ao atendimento do indivíduo em PCR. A assistência hospitalar deve estar voltada a um máximo de qualidade na assistência prestada, o que dentro do hospital e também na UTI implica na segurança do paciente. Tal segurança pressupõe, em outras palavras, um mínimo de falhas no decorrer do atendimento ao paciente e prevenção de todo e qualquer desvio que possa ocorrer durante o processo de internação. Implica, portanto na prevenção 5 de ocorrências iatrogênicas que podem comprometer a recuperação do paciente, o que se aplica também para o atendimento de PCR na UTI. Ocorrência iatrogênica é um "evento indesejável, de natureza danosa ou prejudicial ao paciente, consequente ou não de falha do profissional e que compromete ou tem o potencial de comprometer a segurança do paciente". Lynch refere que as ocorrências iatrogênicas, ocorrências adversas ou fatores iatrogênicos são termos utilizados como sinônimos, sendo também definidos como eventos potencialmente prejudiciais relacionados às intervenções daqueles que prestam cuidados aos pacientes. Beckmann, Baldwin, Hart, Runcimans, abordando o termo incidente crítico, conceitua-o como um evento não intencional que reduz ou pode reduzir a segurança do paciente, traduzindo, dessa forma, conceito comum, aceito por unanimidade pelos estudiosos do assunto, independente de terminologia adotada. Assim, o pleno êxito da assistência na UTI dependerá da presença de recursos humanos, financeiros, de materiais e equipamentos, bem como da determinação de papéis de cada profissional envolvido no processo. Ressalta-se ainda a importância técnico científica dos profissionais e a necessidade de protocolos de atendimento, visando a padronização das ações a serem seguidas,como forma de facilitar a abordagem terapêutica. Estas características no seu conjunto é que possibilitarão um atendimento eficaz em qualquer situação, destacando-se entre elas o atendimento a PCR. Apesar dessas considerações, nota-se que no cotidiano das atividades práticas nas UTIs nem sempre o atendimento à PCR ocorre de forma isenta de falhas, apontando, pois para a existência de fatores que devem ser conhecidos para a sua prevenção. 6 FATORES RELACIONADOS ÀS OCORRÊNCIAS IATROGÊNICAS NO ATENDIMENTO À PCR Referente à presença de fatores relacionados às ocorrências iatrogênicas de uma forma geral, autores como Short; Hart; Beckmann, Baldwin, Hart, Runcimans; Buckle; Padilhaapontam como os mais comuns os relacionados à inexperiência profissional, falta de atenção e desconhecimento técnico-científico dos integrantes da equipe, quantidade insuficiente de profissionais e problemas inerentes aos materiais e equipamentos utilizados na assistência ao paciente crítico, deixando evidente a existência de um amplo leque de fatores, das mais diferentes naturezas, envolvidos na gênese das ocorrências. Porém, um aspecto que tem merecido destaque por parte de estudiosos é o que se relaciona à capacitação dos profissionais que atende aos indivíduos na UTI. Wright, Mackenzie, Buchan, Cairns, Price em investigação sobre ocorrências iatrogênicas relacionados à assistência aos pacientes de UTI, demonstrou que, enquanto problemas relacionados aos materiais e equipamentos ocorreram em 20% das situações, os 80% restantes foram decorrentes de problemas relacionados aos recursos humanos, apontando assim para a necessidade de investimento na educação em serviço por meio de treinamento e reciclagem periódica dos profissionais. Outro fator apontado por estes autores como prioritário para o aparecimento de ocorrências iatrogênicas em UTI, tem sido relacionado aos aspectos da alta tecnologia que, se por um lado pode trazer inúmeros benefícios aos pacientes, por outro pode desencadear sérios danos, quando o binômio paciente-máquina não é objeto de cuidadosa vigilância. Deve-se considerar que a tecnologia utilizada na UTI nunca deve suprimir o elemento humano, o qual terá sob sua responsabilidade a vigilância contínua sobre paciente e equipamento a fim de atuar prontamente sobre possíveis intercorrências. Corroboram essas afirmações, dizeres de Whitaker quando afirma que a ausência de definição de tarefas, entre os elementos que compõem a equipe de atendimento, aliadas às faltas de coordenação das atividades, de treinamento 7 específico e às falhas no suprimento de material e equipamentos apropriados podem ser “consideradas como deficiências determinantes do atendimento moroso, tumultuado e estressante, frequentemente observado em nosso meio”. Safar; Lopes; Gray, Capone, Most; Lane também citam a falta de organização e treinamento adequados como responsáveis pelo atendimento precário e caótico em situações de PCR. Em estudo sobre ocorrências iatrogênicas durante o atendimento à PCR na UTI, Silva encontrou nos relatos da equipe de enfermagem, fatores iatrogênicos relacionados ao atendimento desta intercorrência. Destes 58,6% envolviam falha na realização de procedimento técnico, enquanto que 31,2% eram referentes aos recursos materiais e equipamentos. Além desses, a falta de coordenação das atividades, o atendimento com descaso e a recusa do cirurgião em aceitar conduta proposta foram fatores encontrados em respectivamente 8,6%, 1,1% e 0,5% dos relatos analisados. Desta maneira, verifica-se que os resultados do estudo de Silva corroboram os achados de Wright, Mackenzie, Buchan, Cairns, Price sendo que a maioria das ocorrências iatrogênicas, ou seja, 68,8% foram relacionadas aos fatores humanos contra 31,2% daquelas referentes aos equipamentos. Desta forma, sendo o fator humano o mais relevante para o aparecimento de ocorrências iatrogênicas, ressalta-se a importância de uma capacitação adequada para os profissionais que estão envolvidos diretamente com a assistência, principalmente nos casos de atendimento à PCR. Safar; Muller, Borba; Lopez e Vieira citam que o atendimento adequado da PCR exige ação rápida e harmoniosa das várias pessoas nele envolvidas, enfatizando a necessidade de uma equipe bem treinada, não só nos aspectos relativos à participação isolada de cada um dos seus integrantes, mas também na ação em conjunto, a fim de que se possa atuar de forma efetiva, evitando a desorganização e a ineficiência do atendimento. Frente aos problemas relacionados aos recursos materiais e de equipamentos, considerando-se a UTI como um sistema abrangente e complexo, dotada de infraestrutura própria com recursos materiais, equipamentos adequados ao atendimento pronto e eficaz dos pacientes em estado grave, não se justifica a existência de problemas relacionados aos equipamentos durante o atendimento à PCR. 8 Padilha enfatiza a necessidade não só de suprimento adequado destes recursos, como também a manutenção periódica dos aparelhos, pois a insuficiência ou falha em seu funcionamento poderá acarretar perda de tempo para a equipe e consequente dano ao paciente, principalmente, nas situações de PCR. A rotina de reposição e manutenção de materiais e equipamentos também deve conter os itens a serem checads no início de cada plantão e após cada atendimento tais como: verificar o perfeito funcionamento do ventilador mecânico, do desfibrilador, do aspirador, do laringoscópio, do ambu e demais equipamentos, pois sua finalidade só será atingida se estiverem em plenas condições de uso imediato. Nesse sentido, em pesquisa realizada pelo Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina -SP que vistoriou 49 UTIs, em 20% do total existente no Estado de São Paulo foi constatado que embora as instituições públicas de saúde tivessem uma maior disponibilidade de recursos materiais e equipamentos, não procediam sua manutenção preventiva o que resultava em sucateamento precoce e impossibilidade de uso. O estudo ainda mostrou que a manutenção preventiva dos equipamentos existia em 57% das UTIs, prática no entanto predominante nos hospitais privados, sendo que nos públicos foi encontrada em apenas 43% dos serviços visitados. Referente ao atendimento à POR, constatou-se que um terço dos serviços não tinham o carrinho do atendimento de emergência completo. A proporção dos incompletos foi maior entre os hospitais públicos (43%) do que entre os privados (29%). Esses resultados demonstram a precariedade do funcionamento de boa parte das UTIs e a fragilidade do atendimento ao paciente nessas condições. Embora os problemas relacionados aos materiais e equipamentos possam ter como subjacente o fator humano, uma vez que dele depende o abastecimento do carrinho de emergência e a checagem de materiais e equipamentos, pode também estar relacionado ao suprimento, por problemas relacionados ao hospital como um todo. De qualquer forma, deixa também evidente falha na atuação da enfermagem, enquanto responsável pela manutenção dos recursos na unidade. Ainda que a detecção e prevenção dos fatores iatrogênicos não dependam apenas dos recursos humanos existentes, acredita-se que a ênfase 9 na capacitação dos vários profissionais que atuam no atendimento à PCR sejam fundamentais para uma melhor assistência. Esta capacitação deve começar já na formação acadêmica, num processo que exigirá treinamento e reciclagem contínuos, atualização de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades técnicas conforme recomendadas pela American Heart Association, bem como simulações dos atendimentos em grupo, com a determinação de líderes que coordenem as ações e a utilização de protocolos que sumarizem as informações a serem seguidas durante o atendimento à PCR. Kayee Mancini são enfáticas ao afirmar que os profissionais que não seguem as diretrizes propostas pela American Heart Association reforçam comportamentos incorrets nos events de POR. Assim sendo, acredita-se que as ocorrências iatrogênicas identificadas durante o atendimento à PCR na UTI possam ser desencadeadas não só pela ausência de um coordenador das atividades, como também pela inexistência de um protocolo de atendimento colocado de forma estratégica dentro da UTI. O treinamento da equipe em relação ao atendimento da PCR na UTI deve ter como objetivo primordial reduzir ao mínimo a duração da mesma, com medidas que permitam atuação rápida, eficiente e sistematizada, atingindo automatização total, mas consciente, das diversas etapas do atendimento. Assim, não basta simplesmente uma orientação para que se considere o pessoal de UTI apto a exercer o conjunto de medidas de emergência para o tratamento da PCR. É necessário um contínuo treinamento e atualização dos conhecimentos e técnicas que permeiam toda a assistência nesse meio. A presença de fatores iatrogênicos relacionados ao atendimento à PCR na UTI, parece demonstrar que o profissional que cuida de pacientes de maior complexidade necessita estar mais capacitado para atuar de forma segura e competente na vigência do atendimento, pois a falta de formação teórico-prática, frequentemente, propicia o aparecimento de erros no decorrer da assistência e, consequentemente, insucesso de toda a ação. Certamente, o investimento em treinamento para os profissionais que prestam assistência direta aos pacientes em PCR, a elaboração de protocolos 10 para guiar a assistência a ser prestada na UTI podem proporcionar menor risco e, ter como resultado, maior segurança no decorrer do atendimento. Como já relatado, o fator humano é o mais frequentemente citado em se tratando de ocorrências iatrogênicas, porém os problemas relacionados aos equipamentos, ao processo de trabalho e a própria condição clinica do paciente não devem ser desconsiderados. Visto sob este ângulo, faz-se necessário a implementação de medidas preventivas que enfoquem as ocorrências iatrogênicas no atendimento à PCR dentro de um contexto sistêmico, de forma a identificar e intervir nos pontos vulneráveis de qualquer um dos elementos constitutivos do cuidado, sejam os recursos humanos, recursos materiais e equipamentos, administrativos e técnicos. A atuação nesse sentido é que permitirá alcançar o propósito final da POR, voltado fundamentalmente para restaurar o processo de vida e não apenas prolongar o processo de morte do paciente. A parada cardiorrespiratória (PCR) é um evento que ocorre com frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacientes gravemente enfermos, com instabilidade hemodinâmica acentuada, necessitando da equipe o aprimoramento de suas habilidades cognitivas, motoras e atualização sobre as manobras de reanimação. As questões que fundamentam a reanimação cardiorrespiratória (RCR) encefálica devem ser conhecidas pelos enfermeiros, uma vez que têm sido motivo de controvérsias e, consequentemente, provocado estudos com o objetivo de esclarecê-las e melhorar os padrões de atendimento1. O profissional de Enfermagem deve estar apto para reconhecer quando um paciente está em franca PCR ou prestes a desenvolver uma, pois este episódio representa a mais grave emergência clínica que se pode deparar. A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos2. Na ausência das manobras de reanimação em aproximadamente 5 minutos, para um adulto em normotermia, ocorrem alterações irreversíveis dos neurônios do córtex cerebral. O coração pode voltar a bater, mas os "cinco minutos de ouro" se perdem e o cérebro morre. Sabe-se que cabe ao enfermeiro e à sua equipe assistir os pacientes, oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do 11 médico, assim, estes profissionais devem adquirir habilidades que os capacitem a prestar adequadamente a assistência necessária. A PCR é definida como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, associada à ausência de respiração, e não tem merecido a devida atenção por parte da equipe de saúde. Recomenda-se que a equipe de Enfermagem deve ser reciclada na execução das manobras do suporte básico de vida (ventilação artificial e compressão torácica) e, também, ter conhecimento e domínio do conteúdo existente no carro de emergência e manuseio do equipamento. O enfermeiro intensivista é vital nos esforços para reanimar um paciente, sendo que é ele, frequentemente, quem avalia em primeiro lugar o paciente e inicia as manobras de RCR, chamando a equipe. O papel do enfermeiro inclui a reanimação cardiorrespiratória contínua, monitorização do ritmo cardíaco e dos outros sinais vitais, administração de fármacos conforme orientação médica, registro dos acontecimentos, notificação ao médico plantonista, bem como relatar os acontecimentos aos membros da família, sendo que o apoio para os familiares e amigos é muito importante nesta ocasião. Após uma reanimação satisfatória, o enfermeiro juntamente com o médico precisa controlar rigorosamente os sinais vitais e os parâmetros hemodinâmicos desse paciente, bem como estar atento a qualquer sinal de complicação, pois o reconhecimento imediato e o tratamento de algum distúrbio irão refletir no seu prognóstico. MÉTODO Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, desenvolvida na UTI de um Hospital Geral, privado, do Estado de Santa Catarina, no período de janeiro a fevereiro de 2000. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí (Parecer Nº 012/2000). Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. 12 A população foi constituída de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Participaram do estudo 26 dos 30 profissionais de Enfermagem que atuam na UTI nos três turnos de trabalho. Os participantes foram escolhidos aleatoriamente, tendo somente como critérios, pertencer à equipe de Enfermagem daquela unidade e livre concordância para participar do estudo. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário estruturado, elaborado pelos autores. Das informações sócio demográficas, o instrumento possuía um total de 11 perguntas subjetivas sobre o conhecimento de parada e reanimação cardiorrespiratória. Foi aplicado um pré-teste com três profissionais de enfermagem, sendo um auxiliar, um técnico e um enfermeiro, para validação da qualidade do instrumento de coleta. Os resultados foram analisados à luz de bibliografias médicas e de enfermagem sobre parada e reanimação cardiorrespiratória. RESULTADOS Dos 26 profissionais de enfermagem que fizeram parte da amostra, sete eram enfermeiros (26,9%), três técnicos de enfermagem (11,5%) e dezesseis auxiliares de enfermagem (61,5%). A maioria (81%) era do sexo feminino. Quatorze profissionais (53,8%) trabalhavam na UTI há mais de 2 anos. Os dados demográficos dos participantes do estudo estão apresentados na tabela 1. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2006000200007#tab01 13 Na tabela 2 está demonstrada a relação do conhecimento teórico sobre PCR dos profissionais, com a categoria profissional e o tempo de atuação em UTI. Constatou-se que a porcentagem total de acertos em relação à identificação de PCR foi de somente 15,4%, por profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem com mais de 2 anos de experiência em UTI e o acerto parcial, foi de 61,5% envolvendo as três categorias profissionais. Com relação ao diagnóstico eletrocardiográfico das quatro modalidades de parada cardíaca, fibrilação ventricular, taquicardia ventricular sem pulso, atividade elétrica sem pulso e assistolia, somente três enfermeiros(11,6%), com mais de 2 anos de atuação em UTI, responderam de modo correto. A maioria dos participantes, 69,5% respondeu conhecer somente assistolia o que se considerou como acerto parcial. Quando questionados acerca das principais causas de PCR, 14 (53,8%), dos participantes e com mais de 2 anos de atuação em UTI, souberam responder, citando com maior frequência as doenças cardiovasculares, as doenças pulmonares e o choque. Analisando os dados da tabela 3 observa-se que das medicações de urgência utilizadas na reanimação cardiorrespiratória, somente a epinefrina é conhecida por todas as participantes do estudo. As três medicações mais utilizadas na RCP (epinefrina, lidocaína e sulfato de atropina), foram mencionadas por 17 profissionais (65,3%). https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2006000200007#tab02 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2006000200007#tab03 14 Quanto ao preparo da equipe para atuar em um RCP, a maioria dos profissionais de enfermagem (61,5%), informou ser necessário à realização de treinamentos periódicos com simulações (Tabela 4). O conhecimento necessário para atuar em uma PCR que deve ser abordado em um treinamento, conforme consta na tabela 5, está relacionado principalmente a identificação de uma PCR e a sequência da reanimação com atividade prática. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2006000200007#tab04 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2006000200007#tab05 15 Para a recuperação de um paciente em PCR é primordial o seu rápido reconhecimento e consequente intervenção da equipe de modo organizado. A RCP incorreta está associada a uma taxa de sobrevida de 4%, comparada a 16% quando realizadas corretamente. O treinamento adequado da equipe de enfermagem, em especial daquela que atua em UTI e Emergência, é vital para o pronto atendimento em PCR. Identificar o conhecimento teórico e prático da equipe a respeito de PCR e RCP é um requisito importante para o planejamento de um treinamento em serviço. O treinamento deve atender o que preconiza os Guidelines para a reanimação cardiorrespiratória. Atualmente têm-se os Guidelines de 2005 para RCP e emergências cardiovasculares. Neste estudo constatou-se que a maioria dos profissionais (65,5%), que atuavam na UTI pertencia a categoria auxiliar de enfermagem, categoria essa com a menor formação profissional para atuarem na enfermagem em especial nas Unidades Críticas de Saúde. Na época em que este estudo foi realizado, esses profissionais constituíam o maior contingente da enfermagem no Brasil. Com o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores de Enfermagem (PROFAE), atualmente são os técnicos de enfermagem que ocupam esse lugar nas diversas áreas de atuação, inclusive nas UTI. Neste estudo foi constatado que, a formação do profissional e o tempo de atuação em UTI, influenciaram no índice de acertos das questões avaliadas. 16 Esse achado é encontrado na literatura de enfermagem que preconiza que o tempo necessário para o profissional de enfermagem preencher os requisitos para trabalhar em UTI é de um ano. Quando foi avaliado o conhecimento dos participantes, no que se refere à identificação de uma PCR, a maioria 61,5%, deixou de citar a inconsciência, somente os enfermeiros, três, e com mais de 2 anos de atuação em UTI responderam corretamente. A literatura preconiza que antes de iniciar o algoritmo de uma PCR é necessário avaliar o paciente iniciando pela sua responsividade. Pode-se estimar de que o fato dos participantes não ter mencionado a inconsciência como um dos sinais de PCR, se deve ao elevado índice de inconsciência dos pacientes de UTI induzidos por drogas sedativas. Considerando-se, a ausência de pulsos carotídeos, como sinal clínico mais importante de PCR, observou-se que 23,1% não souberam identificar clinicamente um paciente em PCR. Considerou-se alto índice tendo em vista que a literatura médica refere que os fatores limitantes de prognóstico após uma PCR estão diretamente ligados ao diagnóstico e intervalo de tempo entre este evento e a reanimação, ou seja, se menor que quatro minutos, a taxa de sobrevida é de 75%; entre quatro e 12 minutos é de 15% e após 15 minutos é de apenas 5%. A identificação, através do monitor cardíaco, dos quatro ritmos de parada cardíaca exige maior conhecimento profissional e por este motivo estima-se que somente os enfermeiros referiram saber identificá-las corretamente. O fato da FV, atividade elétrica sem pulso e a assistolia ser os mecanismos de parada cardíaca mais comuns em ambiente hospitalar, e a FV ser, muitas vezes, o resultado da degeneração de taquicardias ventriculares exige que os profissionais de enfermagem, independente das categorias, saibam identificá-las para que seja oferecida ao paciente uma assistência imediata e um melhor prognóstico. Por ser a assistolia o ritmo mais fácil de reconhecimento caracterizado por uma linha isoelétrica no eletrocardiograma em pelo menos duas derivações, estima-se que tenha sido este o motivo da maioria dos profissionais, 81,1% tê- la mencionado. 17 Com relação às medicações utilizadas na RCP o bicarbonato de sódio foi mencionado por somente quatro participantes talvez pelo fato de ter seu uso restrito na PCR por seus efeitos adversos. Acredita-se que a amiodarona não foi citada por não ser, na ocasião, um fármaco utilizado no local onde se deu o estudo. Para manter a equipe de enfermagem preparada para atuar na RCP foi mencionado por 62%, a realização de treinamentos periódicos e simulações. Apareceu ainda a distribuição coordenada das tarefas, rapidez e calma. A literatura de enfermagem demonstrou que reconhecer a sequência do atendimento, manter um certo nível de tranquilidade para manter as manobras de ventilação e circulação artificiais e reunir materiais e equipamentos necessários são condições imprescindíveis para a reanimação. Desta forma é recomendado reciclar a equipe na execução das manobras de suporte básico de vida. Entre as limitações deste estudo, deve-se citar a amostra de somente 26 profissionais, a não abordagem no instrumento de coleta de dados de questões referentes a sequência (ABCD), do atendimento na RCP, e os materiais necessários. Além dessas deve-se destacar que o estudo retrata a realidade de apenas uma UTI e que não foram avaliados o desempenho dos participantes na prática da RCP o que daria um maior subsídio para a educação continuada em RCP. Em suma pode-se inferir que os profissionais que participaram deste estudo possuem um conhecimento insatisfatório sobre PCR e RCP, que a formação profissional e o tempo de atuação em UTI influenciaram sobre o conhecimento analisado. O déficit do conhecimento teórico da maioria dos participantes estava relacionado principalmente a identificação da parada cardíaca no monitor, as causas de PCR e as medicações utilizadas na RCP. A experiência e a formação dos profissionais influenciaram nas respostas. Os resultados encontrados apontam para a necessidade de uma educação em serviço sobre PCR e RCP. Mesmo com as limitações deste estudo, acredita-se que os resultados poderão subsidiar, parcialmente, o treinamento em RCP. 18 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ENFERMEIROS PARA REALIZAR ASSISTÊNCIA EFETIVA NA PCR O enfermeiro, frente à ocorrência de uma parada cardiorrespiratória, encontra dificuldades desde o diagnóstico e prescrição da assistência de enfermagem até a execução das tarefas de cuidado. Tomar decisão significa decidir, escolher entre uma ou mais alternativas ou opções, com o objetivo de alcançar o melhor resultado. A tomada de decisão envolve vários fatores, tanto individuais como sociais, baseados em proposição defatos e de valores, que inclui a escolha de um comportamento. (CIAMPONE, 2000). As principais dificuldades encontradas pelos profissionais de enfermagem são a elevada carga horária de trabalho semanal, má remuneração e a dupla jornada de trabalho, fatores que restringem à disponibilidade de tempo para frequentar os cursos de SBV (Suporte Básico de Vida) e SAV (Suporte Avançado de Vida). Outro fator relacionado ao conhecimento teórico-prático insuficiente está relacionado ao tempo de formação profissional (quanto maior o tempo de formação, menor o conhecimento). O tempo médio de exercício profissional também contribui para essa insuficiência de saberes. E grande parte desses profissionais pode não ter tido oportunidade de reciclar o conhecimento em PCR desde a conclusão da formação básica. Aliado a esses fatores, tem-se a ausência de programas de educação permanente em grande parte das instituições de saúde e as dificuldade financeiras para arcar com cursos de Simpósio de TCC e Seminário de IC, 2016 / 2º 1387 SBV(Suporte Básico de Vida) e SAV (Suporte Avançado de Vida) em outras intuições de ensino em saúde (BELLAN, ARAÚJO et. al, 2010). Outra dificuldade apresentada pelos profissionais de enfermagem frente a PCR é a administração de drogas, onde somente 38,7% destes afirmaram possuir conhecimentos em relação à preparação das drogas (LIMA et al, 2009). Alguns resultados pouco satisfatórios também foram encontrados em outros estudos. De acordo com BELLAN e ARAÚJO (2010), há grande 19 desconhecimento, por parte dos enfermeiros, da finalidade dos medicamentos preconizados nas diretrizes AHA (American Heart association), sugerindo que estes profissionais sentem-se responsáveis apenas pela administração das drogas e não pelo conhecimento de suas ações farmacológicas. Já nas publicações de ALMEIDA (2011), diz que as lacunas de conhecimento alcançaram 100% dos entrevistados, pois todos “identificaram, parcialmente, os fármacos utilizados na ressuscitação cardiopulmonar”. A ENFERMAGEM FRENTE À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA NO AMBIENTE HOSPITALAR A coleta de dados foi realizada no segundo semestre de 2016 e abrangeu os seguintes passos: definição das palavras-chave, busca dos trabalhos e seleção dos trabalhos pertinentes. Define-se como PCR a interrupção súbita da respiração e da atividade mecânica ventricular útil e suficiente, o que acarreta inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso. Todas as pessoas que trabalham em serviços de saúde devem saber reconhecer uma PCR, tomar as medidas iniciais e acionar imediatamente a equipe responsável pelo recurso avançado (BARRETO, VIEIRA, PINHEIRO, 2001). A PCR pode ocorrer por vários motivos, para identificarmos cada um deles utilizamos os 5H: hipóxia, hipovolemia, hipercalemia, hipocalemia e hipotermia. Para melhor memorização, utilizamos os 5T: pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, trombose de coronária, tromboembolismo pulmonar, tóxico que ocorre pelo excesso de medicações ou drogas administradas de forma errada. (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010). Segundo LUGON (2014), a parada cardiorrespiratória pode ser causada por quatro ritmos: FV (Fibrilação ventricular), TV (Taquicardia Ventricular sem Pulso), esses ritmos devem ser chocados imediatamente, pois cada segundo aumenta o risco de morte ou sequela no paciente. Os casos em que a desfibrilação ocorre nos três primeiros minutos equivalem a 73% dos casos de reversão do quadro do paciente. 20 Em casos de assistolia ou atividade elétrica sem pulso, o paciente não pode receber desfibrilação. Sabendo que o nosso cérebro não resiste a mais que cinco minutos de hipóxia, a partir do momento em que identificamos um quadro de parada cardiorrespiratória, deve-se iniciar imediatamente as manobras de RCP (Ressuscitação Simpósio de TCC e Seminário de IC, 2016 / 2º 1388 cardiopulmonar), de acordo com os protocolos de parada. Ressuscitação Cardiopulmonar tem o objetivo de promover a circulação do sangue oxigenado ao coração, ao cérebro e a outros órgãos vitais. Cada minuto de atraso na assistência pode diminuir o tempo de sobrevida do paciente e, consequentemente, aumentar as chances de sequelas. Na maioria dos casos, quando a PCR ocorre fora do ambiente hospitalar, raramente os pacientes conseguem chegar ao hospital com vida; mas os que chegam com vida necessitam de atendimento eficaz. (GONZALEZ et al, 2013). O maior índice de parada cardiorrespiratória é decorrente de problemas respiratórios e cardíacos, e o que assusta é que isso independe da idade do indivíduo. Cada vez mais crianças estão sendo vítimas de intercorrências como essa. Por isso, há tanta necessidade em atendimentos de alta qualidade e precoce para que o paciente tenha mais chance de sobrevivência. A parada cardiorrespiratória que antes era sinônimo de morte para o paciente, pois apenas 2% das vítimas sobreviviam. Hoje, chega 70% devido aos avanços da tecnologia, à eficácia do socorro imediato e técnicas específicas para esse tipo de ocorrências. (AHA, 2010). FATORES RELACIONADOS À OCORRÊNCIAS IATROGÊNICAS NO ATENDIMENTO À PCR O local mais indicado para pacientes em estado grave é a UTI (Unidade de terapia intensiva), pois apresenta melhor estrutura, materiais e atendimento adequado, profissionais capacitados caso esse paciente precise de um atendimento mais urgente e com um alto grau de complexidade tipo o da parada. 21 Nela, qualquer ocorrência iatrogênica passa a ser não só indesejável, como extremamente prejudicial, fazendo emergir a questão da qualidade da assistência e o contexto na qual acontece, o que remete, inevitavelmente, para a avaliação dos serviços de saúde. (SILVA, PADILHA et. al, 2011). As principais ocorrências encontradas no cotidiano da enfermagem na unidade de terapia intensiva são: Falta de interesse pelas atividades, a preocupação somente em gerencias a equipe, não se preocupando em manter contato com o paciente, falta de motivação e falta de informação. A melhor forma encontrada pelos profissionais de enfermagem que trabalham dentro da unidade de terapia intensiva foi criar protocolos tanto de atendimento ao paciente quanto de administração de medicações. (ALVES MAIA, 2011). De acordo com SHORT, BECKMANN, BALDWIN, HART e PADILHA, as ocorrências iatrogênicas estão diretamente ligadas à inexperiência profissional, ao desconhecimento científico e à falta de atenção dos integrantes da equipe, falta de profissionais e problemas característicos, como falta de materiais e equipamentos utilizados na assistência ao paciente crítico, deixando clara a existência de vários fatores envolvidos na origem das ocorrências. Um aspecto que vem como destaque por parte de estudiosos é o que se relaciona à capacitação dos profissionais que atende aos indivíduos na UTI. Segundo (BALDWIN et. al,) a investigação sobre ocorrências iatrogênicas relacionadas à assistência aos pacientes de UTI demonstrou que, enquanto problemas relacionados aos materiais e equipamentos ocorreram em 20% das situações, os 80% restantes foram decorrentes de problemas relacionados aos recursos humanos. Isso mostra a necessidade de investimento em educação e a reciclagem periódica dos profissionais. Foi identificado, também, por estes autores, que a UTI tem prioridade no aparecimento de ocorrências iatrogênicas, e está relacionada à alta tecnologia, que pode trazer benefícios aos pacientes ou pode desencadear sérios prejuízos quando o binômio paciente-máquina não é objeto de cuidadosa vigilância. Deve-se considerar que a tecnologia utilizada na UTI nunca deve ocultar o elemento humano, o qual terá, sob sua responsabilidade, a vigilância contínua sobre paciente e o equipamento, a fim de atuar prontamente sobre possíveis intercorrências.22 NECESSIDADE DOS PROFISSIONAIS MANTEREM-SE ATUALIZADOS Para que os procedimentos necessários para o atendimento de vítimas de PCR seja realizado de forma eficaz, há necessidade de os enfermeiros estarem sempre, atualizados e capacitados a prestarem um serviço de qualidade e com muita segurança para o paciente. A atualização para os profissionais de enfermagem é de extrema importância, pois uma decisão correta pode mudar o quadro do paciente. Caso a assistência de enfermagem à vítima de PCR não ocorra com exatidão e qualidade, podem ocorrer complicações que causam danos à saúde do paciente, o motivo pode ou não ser falha humana. O enfermeiro tem papel de grande importância na assistência, podendo afetar diretamente o estado do paciente, sendo certo afirmar que a atuação deste profissional é decisiva para o sucesso do atendimento ao paciente. (SILVA e PADILHA, 2000; REIS e SILVA, 2012). Cabe ao enfermeiro ter agilidade e eficiência para constatar uma parada cardiorrespiratória e iniciar o atendimento ao paciente, pois, se não houver essa agilidade, podem ocorrer alterações irreversíveis dos neurônios do córtex cerebral. A avaliação do paciente não deve levar mais que 10 segundos e a ausência de manobras de reanimação não devem ultrapassar cinco minutos. (SMELTZER e BARE, 2009). É primordial que todo profissional de saúde tenha conhecimento para o atendimento da parada cardiorrespiratória, independente da sua área de atuação. Para que ocorra o sucesso da RCP, deve ser realizado diagnóstico rápido e correto. O enfermeiro é o primeiro profissional que identifica a parada, ou seja, cabe a ele exclusivamente organizar a equipe e compartilhar todo o seu conhecimento com sua equipe para que o atendimento seja feito de forma correta e o paciente tenha uma sobrevida maior. Sabendo que se o atendimento for realizado de forma correta, o paciente tem muito mais chances de sair dessa ocorrência sem sequelas, por isso o enfermeiro organiza toda equipe e delega 23 tarefas para que ocorra corretamente a assistência. (MATSUMOTO,2008). A parada cardiorrespiratória é evento dramático, responsável por elevada morbimortalidade mesmo em situações em que há boas condições para atendimento eficaz, pois o tempo apresenta-se como uma variável importante nesse caso, evidenciando a importância de atuação rápida e eficiente. Foi possível identificar, através de estudos, que é de extrema importância o enfermeiro, bem como toda a equipe de enfermagem, manter-se atualizado e preparado para prestar assistência às possíveis emergências e participar de capacitações teóricas e práticas com os demais membros da equipe. Assim, o enfermeiro é um profissional extremamente importante na assistência, sem medir esforços para reanimar o indivíduo com parada cardiorrespiratória, pois cabe a ele, iniciar as manobras de ressuscitação, bem como chamar e organizar a equipe para intervir. Portanto, o profissional de enfermagem deve estar apto a reconhecer quando o indivíduo está evoluindo para parada cardiorrespiratória e rapidamente avaliar e reanimar. Para tanto, é indispensável a capacitação tanto teórica quanto prática. Desta forma, percebeu-se uma imensa necessidade de aperfeiçoamento profissional para suprir o déficit apontado. O ENFERMEIRO FRENTE À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM AMBIENTE HOSPITALAR: DESAFIOS DO COTIDIANO O reconhecimento da parada cardiorrespiratória se dá pela detecção da morte clínica, ou seja, a vítima se encontra não responsiva, com ausência de respiração e pulso central sentido em dez segundos. Sendo assim, o quanto antes o profissional de saúde prestar a assistência emergencial necessária, menor será o risco de óbito. Para reversão do quadro de PCR há necessidade de reanimação cardiopulmonar, que inclui: compressão cardíaca, ventilação, uso do desfibrilador e drogas vasoativas de acordo com o protocolo estabelecido pela Associação Americana do Coração. 24 Após a reanimação, são comuns alterações em algumas funções hemodinâmicas, tais como: aumento da pressão arterial, uma vez que no indivíduo saudável a pressão de perfusão cerebral é independente da pressão arterial sistêmica em função da auto regulação do encéfalo, com adaptação tônus vascular às variações sistêmicas da pressão, pois esta capacidade é alterada pela ausência de circulação; aumento da pressão intracraniana, que pode contribuir para lesões cerebrais; hiperglicemia, que relaciona-se ao estresse sofrido pelo corpo; aumento da temperatura sistêmica e consequente hipertermia cerebral, que podem ocasionar o agravo do prognóstico; hipoxemia, que contribui para o risco de um novo quadro de PCR; distúrbios eletrolíticos, decorrentes da isquemia; crescente atividade trombolítica, avaliada pelo marcador responsável pela morte dos indivíduos nas primeiras 42h pós PCR . Os principais sinais e sintomas que precedem uma PCR são: dor torácica, sudorese, palpitações precordiais, tontura, escurecimento visual, perda de consciência, alterações neurológicas, sinais de débito cardíaco diminuído e parado de sangramento prévio, quando não provocados por uma causa súbita, como um choque elétrico. Portanto, a PCR é determinada quando há: assistolia, atividade elétrica sem pulso (AESP), fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso, sendo o tempo reduzido para o atendimento e a tomada de decisão de suma importância para diminuir os agravos decorrentes desta condição. Sendo assim, o enfermeiro deve estar apto a reconhecer quando um paciente está em franca PCR ou prestes a desenvolvê-la, pois, este período representa a mais grave emergência clínica que se pode deparar. No que diz respeito à assistência durante a RCP, deve haver o suporte básico de vida para restabelecer a oxigenação e a circulação, até a chegada da equipe médica para as intervenções avançadas. No ambiente hospitalar, o enfermeiro tem a responsabilidade de organização do material adequado do carro de emergência, mantendo-o completo para preparação de medicação e utilização dos equipamentos e insumos de forma correta e sistematizada. Nesse contexto, verifica-se que a busca do conhecimento baseado em evidências, através da educação permanente em saúde, pode ser o diferencial 25 para uma assistência de qualidade e baixo risco de óbito em decorrência da PCR. O conhecimento e atualização quanto às novas diretrizes da RCP são essenciais para que os profissionais de saúde, que lidam diretamente com o paciente em PCR, possam atuar de modo a reduzir a morbimortalidade, independentemente da faixa etária, bem como, as consequências neurológicas acarretadas pela demora ou ineficiência do atendimento emergencial. A triagem inicial dos manuscritos foi feita mediante leitura do resumo, e posteriormente a leitura na íntegra do conteúdo para seleção do material científico a ser utilizado de modo a alcançar o objetivo proposto. Posteriormente, os dados que respondiam ao objetivo do estudo foram organizados em um quadro, que foi constituído de vinte citações, estando os autores em ordem alfabética. As informações foram organizadas no quadro a partir dos seguintes dados: autor, ano, tipo de estudo, objetivo e os desafios cotidianos vivenciados por enfermeiros no cuidado às vítimas de PCR em ambiente hospitalar, que serviram de base para elaboração da discussão e considerações finais. Foram encontrados trinta e um manuscritos relacionados ao tema. No entanto, foi constituído de um total de vinte citações, que respondem ao objetivo deste estudo. Dentre os manuscritos selecionados e incluídos no quadro 01, seis são revisões bibliográficas (30%) e quatorze pesquisas de campo (70%), sendo na maioria exploratórias descritivas, o que demonstra que este é um tema de relevância e objetivo de grande interessena área da saúde, tendo como pilares para uma assistência emergencial de qualidade e o Suporte Básico e Avançado de Vida, no sentido de identificar as falhas no atendimento à PCR e investir em capacitação profissional por meio de educação permanente em saúde baseada em evidências científicas. Pois, acredita-se que este seja um meio para que a intervenção tenha sucesso e possa aumentar efetivamente a sobrevida das vítimas de PCR, além da redução de custos com internações prolongadas. Os desafios cotidianos vivenciados por enfermeiros no cuidado às vítimas de PCR em ambiente hospitalar são diversos, contudo os mais frequentes foram: a falta de aprimoramento e o conhecimento do enfermeiro e de sua equipe 26 quanto ao atual protocolo de atendimento associada a uma assistência não sistematizada. E o menos citado, porém relevante, foi falta de investimento em capacitação profissional por parte das instituições hospitalares. De acordo com a realidade dos hospitais brasileiros, o enfermeiro, como líder da equipe de Enfermagem, se encontra na linha de frente do atendimento à PCR e do sucesso da reanimação cardiopulmonar junto à atuação médica. Assim, tem um importante papel a desenvolver, que não inclui apenas a previsão e provisão dos recursos materiais e humanos para as intervenções em situações de emergência, mas também a promoção de treinamento específico da equipe, com a finalidade de assegurar a competência nas áreas cognitivas, psicomotora, afetiva e também a agilidade no atendimento, de modo a alcançar um prognóstico livre de sequelas. O diagnóstico rápido e correto da PCR é uma das garantias para o sucesso da RCP. Entretanto, condições inadequadas de infraestrutura aliada aos conhecimentos insuficientes dos profissionais da equipe colocam em risco o sucesso da reanimação, e consequentemente, a vida do paciente. Esse cenário pode gerar estresse, cansaço, ansiedade e exaustão. A harmonia da equipe aliada ao conhecimento atualizado pode amenizar o sofrimento laboral e evitar iatrogenias no decorrer da assistência, quer seja em unidades hospitalares fechadas, como em unidades de terapia intensiva e internação das mais diversas especialidades. Quando há tentativas frustradas de reanimação, faz-se necessário reconhecer os pontos falhos da assistência e traçar estratégias para corrigi-los, apesar dos autores citarem que esse é um momento incomum na rotina, mas de extrema importância para a melhoria da assistência. É consenso entre os autores citados neste estudo que o conhecimento insuficiente, falta de capacitação profissional e atualização quanto aos novos protocolos para atuar no atendimento emergencial ao indivíduo com PCR têm sido os maiores desafios para uma atuação adequada e aumento da sobrevida das vítimas. 27 Acredita-se que a mudança dessa realidade deva iniciar desde a graduação, dando ênfase a essa problemática e maior atenção teórico-prática junto às disciplinas afins. O Enfermeiro precisa promover educação permanente em saúde, visando o aprimoramento das ações voltadas para a prevenção da PCR, de modo que todos os profissionais da equipe estejam aptos a atuar de forma sistematizada e com excelência. Portanto, fica evidente a necessidade de investimentos em educação permanente em saúde para uma assistência qualificada. A equipe deve possuir condutas rápidas, assertivas e pautadas em competências e habilidades, pois o atendimento imediato, sistematizado e qualificado, são requisitos básicos para a segurança do paciente, reduzindo as dificuldades identificadas pela equipe e o desenvolvimento de competências que favorecem a RCP, ressalta-se ainda, que o enfermeiro é um profissional essencial, quando capacitado, a diagnosticar e atender a vítima de PCR, tanto na tomada de decisões para iniciar o atendimento, quanto aos cuidados com medicação, relato de papéis, realizando uma boa sistematização da assistência de Enfermagem, cuidados secundários com familiares e demais profissionais da equipe. A identificação da tríade de sinais indicativos de PCR, às condutas básicas de RCP, registros dos acontecimentos e cuidados durante esse evento crítico têm sido lacunas significativas no conhecimento dos profissionais, o que reforça a necessidade de capacitação contínua da equipe. A detecção de fatores que afetam a qualidade da RCP pelo enfermeiro, serve de parâmetro para a implementação de melhorias e treinamento de toda equipe, pois nem sempre há a harmonia da equipe, uma vez que precisa lidar com o estresse pessoal, a falta de material, falhas de equipamentos, falta de familiaridade com os carrinhos de emergência por todos os profissionais da equipe de Enfermagem e a presença de familiares no início da assistência a vítima de PCR. Para os autores ao déficit de conhecimento está aliado à influências negativas que comprometem a qualidade dos cuidados prestados . 28 A assistência está diretamente ligada aos protocolos de atendimento que nem sempre são seguidos e/ou padronizados, entretanto cabe ao enfermeiro buscar solucionar os problemas e alterar a realidade junto à equipe . Num estudo para identificar o conhecimento dos enfermeiros durante um atendimento à PCR foi constatado que a maioria dos profissionais entrevistados (51%) admite não ter conhecimento das modificações da AHA, enquanto que a minoria (49%), porém representativa, afirma ter conhecimento relacionado ao assunto, embora, a insegurança e a ausência de educação permanente em saúde sejam fatores considerados determinantes. Em pesquisa realizada para avaliar o conhecimento de 153 profissionais de Enfermagem, enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, nas cidades de Pará de Minas, Papagaios e Pitangui em Minas Gerais, em relação à PCR e se houve o treinamento sobre o atendimento emergencial foi constatado que mais da metade dos profissionais, nunca obtiveram nenhum tipo de treinamento para obtenção de conhecimento técnico/científico sobre o assunto, ou sobre inúmeras mudanças dos protocolos que favorecem o atendimento da RCP, o que amplia significativamente o número de óbitos. Quanto aos cuidados prestados pela equipe de Enfermagem ao paciente com status pós PCR, um estudo destacou a necessidade de atualização da equipe sobre as diretrizes de RCP e a padronização das condutas de Enfermagem, pois estas são essenciais para a realização de um atendimento eficiente e de sucesso, o que reforça a necessidade de enfermeiros capacitados para atualizar e capacitar sua equipe para o sucesso do atendimento. Deste modo, acredita-se que as universidades e faculdades de Enfermagem devam ter uma abordagem mais enfática à PCR e RCP, tanto para com a teoria e aspectos clínicos, bem como a habilidade prática na construção do processo ensino aprendizagem. Ambos se complementam e tornam-se indissociáveis na concepção do produto final. Atualmente, o desenvolvimento das habilidades psicomotoras por meio de estratégias de simulação é um recurso bem aceito, que promove aprendizagens mais realistas e significativas, se tornando relevante para a vida do estudante e ao cenário profissional, trazendo perspectivas de uma boa atuação e redução do risco de complicações e óbitos pós PCR e/ou RCP . 29 Os desafios cotidianos vivenciados por enfermeiros no cuidado às vítimas de PCR em ambiente hospitalar são diversos e dentre eles destacaram-se a falta de capacitação dos profissionais, a falta de investimento em educação permanente em saúde e a falta de atendimento imediato, sistematizado e de qualidade, são fatores que possui um elevado risco de complicação e óbito no cenário brasileiro é elevado. Pois, verifica-se que há falta de investimento em educação permanente em saúde baseada em evidências, para que os profissionais possam aprimorar e adquirir conhecimentos que os tornemaptos ao reconhecimento da PCR, quanto aos novos protocolos e realização das condutas de RCP de forma sistematizada, principalmente o enfermeiro, que está à frente da equipe, além do desenvolvimento de mais pesquisas científicas na área. 30 REFERÊNCIAS Cruz DALM, Souza RMC, Padilha KG - Reanimação cardiorrespiratória: conceito e condutas no atendimento do adulto. Rev Paul Enfermagem, 1992;11:103- 110. SBV para provedores de saúde. Tradução: Andréa JA. American Heart Association/; Fundação InterAmericana do Coração. Rio de Janeiro, 2002. Silva LD - Fundamentos do Suporte Avançado de Vida, em: Silvam LD - Assistência ao Paciente Crítico: Fundamentos para a Enfermagem. Rio de Janeiro, Cultura Médica, 2001. Lane JC - O início da reanimação cardiorrespiratória cerebral moderna no Brasil. RBTI, 2005;17282-284 Bueno LO, Guimarães HP, Lopes RD et al - Avaliação dos índices prognósticos SOPA e MODS em pacientes após parada cardiorrespiratória em unidade de terapia intensiva geral. RBTI, 2005;17:162-164. Coelho OR, Cirillo W, Barbeiro RMD et al - Ressuscitação cardiopulmonar. Rev Soc Card São Paulo, 1997;7:1-3. Hudak MC, Gallo MB, Benz JJ - Cuidados Intensivos de Enfermagem: Uma Abordagem Holística. 2ª Ed, Rio de Janeiro, Artmed, 1994. Cirenza C, Knobel E, Feher J et al - Reanimação Cardiorrespiratória, em: Knobel E - Condutas no Paciente Grave. Rio de Janeiro, Atheneu, 1994. Hazinski MF, Nadkarni VM, Hichey RW et al – Major Changes in the 2005 AHA Guidelines for CPR and ECG: reaching the tipping point for change. Circulation, 2005:112:(Suppl24):IV-206-IV-211. Laselva RG, Moura Júnior DF - Parada Cardiorrespiratória e Reanimação, em: Knobel E, Laselva RG, Moura Júnior DF - Terapia Intensiva: Enfermagem. São Paulo, Atheneu, 2005. Araújo IEM, Araújo S - Ressuscitação Cardiorrespiratória, em: Cintra EA, Nishide VM, Nunes WA - Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente Enfermo. São Paulo, Atheneu; 2001;323-341. Gomes AM - Enfermagem na unidade de terapia intensiva. São Paulo, EPU, 1988. SAVC Manual para Provedores. Tradução: Antonio Palma Brasil. American Heart Association/; Fundação InterAmericana do Coração. Rio de Janeiro, 2004 31 Ovalle CCIS, Araújo S, Oliveira RARA et al - A importância do treinamento prévio no uso do desfibrilador externo automático por fisioterapeutas e enfermeiros. RBTI, 2005;17(2):112-115.
Compartilhar