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Glomerulopatias 1 🥤 Glomerulopatias Type Aula Gravada Date Especialidade Nefrologia Material https://drive.google.com/file/d/1pqAuE0PnOcooec9Dc1IbcVMDzN- nMZDb/view Reviewed Fisiologia Renal Néfron: unidade funcional dos rins → subdividido em porção glomerular (cápsula de Bowman e glomérulo; localizada no córtex renal; responsável pela filtração) e porção tubular (túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal, túbulo coletor; localizado na medula renal; responsável pela reabsorção, excreção e concentração). Glomérulo: estrutura formada pelo enovelamento de alças capilares oriundas da arteríola aferente e que confluem para formar a arteríola eferente → envolto pela cápsula de Bowman, que possui folheto visceral (aderido às alças) e outro parietal.→ apresenta endotélio fenestrado (alta permeabilidade a água e solutos; impede a passagem de células sanguíneas; impede proteínas de forma eletroestática), membrana basal glomerular (rica em carga elétrica negativa, contribuindo para restringir passagem de proteínas) e podócitos (células especiais junto às alças glomerulares; apresentam fendas de filtração que selecionam moléculas por seu tamanho, impedindo passagem de proteínas e macromoléculas), que formam a barreira de filtração → mesângio é um tecido de sustentação entre os capilares, capaz de de contrair e alterar fluxo sanguíneo pelos capilares, além de fagocitar e secretar substâncias como endotelina, prostaglandinas e citocinas → quando essa barreira de filtração glomerular deixa de funcionar corretamente, teremos as glomerulopatias, havendo passagem de hemácias dismórficas e proteínas. @January 12, 2023 https://drive.google.com/file/d/1pqAuE0PnOcooec9Dc1IbcVMDzN-nMZDb/view Glomerulopatias 2 Funções: manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico (:osmolaridade, concentração de eletrólitos, equilíbrio acidobásico) → síntese de eritropoetina (túbulos renais; produção de eritrócitos) → ativação da vitamina D → excreção de produtos do metabolismo e de susbtâncias químicas exógenas → regulação da PA pelo SRAA. Cada rim pesa 100-150g e contém cerca de 1-1,5 milhões de unidades funcionais. Suspeitar de uma Glomerulopatia Interpretação do Exame de Urina Cor: urina normal tem cor amarelo-citrino, mas pode variar de amarelo claro a amarelo ouro ou âmbar → certas alterações se relacionam com uso de medicações ou doenças → verde (ingestão de corantes; infecção por Pseudomonas, propofol, indometacina, Annita, amitriptilina), roxa (síndrome do saco coletor de urina roxa se associa com ITU, Providencia spp, E. coli, Proteus, Pseudomonas, Klebsiella), laranja (ingesta de grande quantidade de alimentos com caroteno; rifampicina, pyridium, nitrofurantoína, vitamina B2), castanho (sangue ou bilirrubinas; cloroquina, levodopa, nitrofurantoína, metronidazol), preta (doença genética rara chamada alcaptonúria), azul (hipercalcemia benigna familiar, chamada de síndrome da fralda azul), vermelha (sangramento glomerular ou ureteral, hemólise, rabdomiólise, rifampicina). Aspecto: normal é clara, límpida e transparente → nem toda urina turva é infecção, podendo ocorrer na presença de eritrócitos, leucócitos, proteínas, bactérias ou pH extremo → aspecto leitoso é característico de quilúria, podendo ocorrer por obstrução de vasos linfáticos pélvicos (ex: filariose renal, neoplasias). Densidade: reflete estado de hidratação do paciente e a habilidade renal de concentrar/diluir a urina → varia de 1,001 a 1,003 g/mL → valores < 1,015 podem indicar isostenúria e incapacidade de concentração urinária que pode ocorrer nas lesões túbulo-intersiticiais agudas ou crônicas ou nas diureses osmóticas (glicosúria), além de uso de furosemida. pH: normal é levemente ácido (5,5-6,5) → se acidose tubular, há deficiência em acidificar a urina → urina alcalina em pacientes com infecção sugere microrganismo que degradam ureia (Proteus), associados a formação de cálculos de estruvita. Glomerulopatias 3 Proteínas: geralmente avalia apenas albumina. Glicose: glicosúria ocorre se concentração sérica de glicose > 200 ou problema de reabsorção do TCP, como síndrome de Fanconi. Bilirrubinas e Urobilinogênio: apenas BD aparece no exame → pensar em icterícia obstrutiva ou lesão hepática parenquimatosa → urobilinogênio ocorre nos casos de hemólise e doença hepatocelular. Corpos Cetônicos: gerados pelo metabolismo da gordura e não são normalmente encontradas na urina → se presente, pensar em cetoacidose diabética, jejum prolongado, dieta pobre em carboidratos e algumas doenças genéticas. Hemopigmentos: detecta hemoglobina e mioglobina → relacionada a presença de hemácias (hematúria), hemoglobina (hemólise) ou mioglobina (rabdomiólise). Esterase Leucocitária: enzima liberada por lise de macrófagos e neutrófilos → positivo nos casos de ITU e situações que favorecem a lise celular: urina alcalina, densidade baixa e tempo prolongado em bancada. Nitritos: bactérias Gram-negativas são capazes de reduzir nitrato em nitrito → específico, mas pouco sensível. Células Epiteliais: células uroepiteliais, escamosas, transicionais ou tubulares renais, mas não são identificadas de rotina, apresentando-se de forma genérica como células epiteliais. Leucócitos: quando > 5-10/campo é considerado patológico e pode indicar ITU, glomerulonefrite, nefrite túbulo intersticial ou processos inflamatórios pélvicos. Hemácias: podem ter aspecto homogêneo e arredondado quando são denominadas isomórficas ou de morfologia heterogênea quando são denominadas dismórficas → origem glomerular e ocorrem devido a sua passagem por espaços estreitos, onde elas precisam se espremerem para passar, causando alteração em sua morfologia, como os acantócitos e codócitos → valor normal varia de 2-5 hemácia/campo → hematúria é considerada quando há a presença de 3 ou mais hemácias/campo de grande aumento em 2-3 amostras de urina. Cilindros: formados nos túbulos distais e coletores a partir da precipitação da glicoproteína de TammHorsfall (uromodulina) mais algum elemento Glomerulopatias 4 agregado, adquirindo a forma cilíndrica do túbulo → hialino (proteínas; fisiológicos), hemático (eritrócitos; glomerulonefrites agudas), leucocitário (leucócitos; pielonefrite, glomerulonefrite, NIA), celular (epiteliais e tubulares; NIA, NTA), granular (vários tipos de células; DRC), gorduroso (lipídeos; síndrome nefrótica), céreo (vários tipos de células; DRC). Cristais: vários tipos podem ser encontrados sem representar relevância clínica, como de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, fosfatos triplos, ácido úrico e fosfato e uratos amorfos → se excreção é aumentada, pode ter significado patológico como na nefropatia aguda por ácido úrico (cristais de ácido úrico) e na intoxicação por etilenoglicol (cristais de oxalato de cálcio). Fungos e Bactérias: urina normal é estéril, mas se o tempo entre a coleta e a leitura do exame for excessivo poderá ocorrer crescimento de microrganismos, induzindo o diagnóstico incorreto de ITU. Classificação das Glomerulopatias Quanto a Apresentação Clínica Pode ser útil no raciocínio diagnóstico, mas é de natureza didática e as síndromes podem superpor-se umas às outras. Síndrome Nefrítica: início aguda → hematúria, oligúria, edema e HAS → glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP), nefrite lúpica. Síndrome Nefrótica: início insidioso → proteinúria, edema, hipoalbuminemia e dislipidemia (hiperlipidemia e cilindros gordurosos) → doença de lesão mínima, glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), nefropatia membranosa, glomerulonefrite fibrilar, GNMP, nefrite lúpica. Hematúria Isolada: de origem glomerular e sem outros achados clínicos ou laboratoriais → nefropatia por IgA, doença de membrana fina, síndrome de Alport. Proteinúria Isolada: sem outros achados → GESF. Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva: perda rápida e progressiva da função renal associada a hematúria e/ou proteinúria →glomerulonefrite anti-MBG, glomerulonefrite crescêntica pauci imune, GNDA, nefrite lúpica. Classificação Quanto Primária ou Secundária Glomerulopatias 5 Considera se a doença é eminentemente no rim (primária) ou se está associada a doenças sistêmicas (secundária). Primárias: doença de lesão mínima, GESF, nefropatia membranosa, GNMP, nefropatia por IgA, glomerulonefrite anti-MBG, glomerulopatia do C3, nefropatia do C1q, glomerulonefrite imunotactoide, glomerulonefrite fibrilar, glomerulonefrite ANCA relacionada limitada ao rim. Secundárias: glomerulonefrite pós-infecciosa, DM, LES, amiloidose, MM, AR, doença de Goodpasture, infecções virais (HIV, hepatite B e C), protozoários (malária), medicamentos e neoplasias, etc. 💡 As principais formas primárias que se apresentam como síndrome nefrótica são: lesão mínima, GESF e nefropatia membranosa. As formas secundárias que mais apresentam esse padrão são: nefropatia diabética e amiloidose. Classificação Relacionada ao Sistema Complemente Divide as glomerulonefrites em normo ou hipocomplementêmicas → importante na síndrome nefrítica aguda. Síndrome Nefrótica Caracteriza-se pela tríade: proteinúria > 3,5 g/dia em adultos (> 40-50 mg/Kg/dia em crianças), hipoalbuminemia e edema. Decorre do aumento da permeabilidade glomerular às proteínas e é acompanhada de várias alterações metabólicas, hormonais e infecciosas, como hiperlipidemia e eventos trombóticos. Proteinúria: estigma da síndrome e em valores elevados, podendo ser seletiva (lesão na barreira de carga → lesão mínima) ou não seletiva (lesão da barreira de tamanho → GESF) → determinado pelo índice de seletividade proteica: relação do clearence de albumina ou transferrina e o clearence de IgG; se < 0,1 é seletivo e se > 0,2 é não seletivo. Edema: causado pela redução da pressão oncótica plasmática secundária a hipoalbuminemia → transudação de líquido do capilar para espaço extravascular (underfill) → hipovolemia relativa estimula SRAA, levando a reabsorção de água e sal, piorando a retenção hídrica (overfill). Glomerulopatias 6 Hipoalbuminemia: reflexo da hipoproteinemia → há perda de antitrombina III (estado de hipercoagulabilidade, favorecendo eventos tromboembólicos), transferrina (anemia resistente à reposição de ferro), globulina de ligação de tiroxina (TBG; diminuição de T4 total, sem disfunção tireoidiana; TSH e T4L normais), IgG e fatores de complemento (infecções por bactérias capsuladas) → estímulo da síntese hepática, não suficiente para evitar hipoalbuminemia, mas responsável pela hiperlipidemia (aumento do LDL, conferindo risco cardiovascular 5,5x maior), responsável pela lipidúria. Infecções: germes encapsulados → PBE é a principal infecção associada e o germe mais comum é o Pneumococo (diferente da cirrose, que é a E. coli). Eventos Tromboembólicos: perda de fatores anticoagulantes e produção de fatores pró-coagulantes pelo fígado → maior incidência de TVP, destacando-se Trombose de Veia Renal → suspeitar se uma ou mais: (1) dor, (2) varicocele do lado esquerdo, (3) aumento abrupto da proteinúria, (4) hematúria macroscópica, (5) redução do volume urinária, (6) assimetria de tamanho e/ou função dos rins (USG, urografia ou cintilografia) → formas mais associadas são nefropatia membranosa (principal), GNMP e amiloidose. Primárias: lesão mínima; GESF, nefropatia membranosa, GNMP. Secundárias: diabética, amiloidose, outras paraproteinemias, AINEs. Doença de Lesões Mínimas Principal causa de síndrome nefrótica em crianças < 10 anos → em adultos, é menos comum. Caracterizada clinicamente pro síndrome nefrótica pura, sendo o protótipo da síndrome. Seu nome é devido ausência de alterações morfológicas nos glomérulos, à microscopia óptica → lesão vista apenas na microscopia eletrônica, evidenciando fusão dos processos podocitários → há redução da eletronegatividade da barreira de filtração, permitindo a passagem de proteínas de baixo peso molecular, como albumina e transferrina (proteinúria seletiva). Quadro Clínico: edema é a primeira e principal queixa → rapidamente torna-se anasarca, amolecida, móvel e com predomínio na região palpebral e face pela manhã e MMII na período vespertino → ganho de peso chega a 20% → urina gera espuma → em adultos, pode haver hematúria, HAS e LRA. Glomerulopatias 7 Diagnóstico: urina EAS deve ser feito para documentar e quantificar proteinúria → quantificação mostra valores na faixa nefrótica (> 40-50 mg/kg/dia em crianças e > 3,5 em adultos) e é um marcador de atividade da doença → índice de seletividade < 0,1 → lipidúria também é um achado comum → dosagem de albumina e proteínas totais bem abaixo dos valores normais (não existe síndrome nefrótica com concentração de albumina sérica normal) → na pediatria, síndrome nefrótica pura (sem hematúria, HAS ou disfunção renal) é considerada de alta probabilidade para DLM e não requer biópsia → em adultos, sem estabelecido por biópsia, pela maior diversidade de glomerulopatias. 💡 Biopsiar Síndrome Nefrótica em Crianças se: (1) < 1 anos de idade; (2) presença concomitante de hematúria macroscópica, HAS moderada-grave, IRA ou hipocomplementemia; (3) não apresentem remissão após 4-8 semanas de tratamento. Em adultos e crianças, no primeiro episódio, é recomendado exames para descartar acometimento secundário → sorologias para hepatites B e C, HIV, sífilis; dosagem de complemento, anticorpos antinucleares e anticitoplasma de neutrófilos → linfoma de Hodgkin e AINE. Tratamento ou Prevenção das Complicações: controle do edema com restrição da ingesta de sal e água e uso de diuréticos → controle da proteinúria com IECA ou BRA para todos os pacientes → tratar dislipidemias com estatinas → trombose com anticoagulantes se presença confirmada, e se albumina sérica > 2 g/dL, usar anticoagulantes ou antiagregantes profilaticamente. . Tratamento Específico: se secundária, remover a causa ou tratamento da doença de base → sempre com corticoide, em crianças ou adultos, na dose de 1 mg/kg/dia VO → resposta completa com resolução da proteinúria (< 500 mg/dia) em 96% dos pacientes → resposta em ~15 dias em crianças e ~1 mês em adultos → desmame assim que resposta completa da proteinúria e tempo máximo de uso de 3-4 meses → metade apresentará recidiva, sendo que 12% serão recidivantes frequentes (recidiva entre 1-6 meses) e 3% corticodependente (recidiva no desmame ou até 1 mês depois); se beneficiando de medicações poupadoras de corticoide, como ciclofosfamida, micofenolato ou rituximabe. Glomerulopatias 8 💡 Síndrome nefrótica em criança + proteinúria seletiva + complemento normal + associação com linfoma, lítio e AINE + resposta dramática ao corticoides → MO e IF normais → ME com fusão e apagamento dos processos podocitários Glomeruloesclerose Segmentar e Focal Síndrome clínico-patológica caracterizada por: (1) proteinúria usualmente nefrótica; (2) fusão dos processos podocitários; (4) esclerose com colapso capilar que acomete porções das alças dec cada glomérulo (segmentar) e de parte dos glomérulos (focal). Principal casa de síndrome nefrótica em adolescentes e jovens adultos e a principal glomerulopatia que evolui para DRC terminal. Maior incidências em negros → relacionado a mutação do gene APOL1. Primária: relacionada a fator circulante. Genética; relacionada a mutações na actina 4/podocina/WT-1 etc → início já na infância. Secundária: relacionada a infecções (HIV, CMV, parvovírus-B19), medicamentos (lítio) ou resposta adaptativa → estruturais (redução da massa renal com sobrecarga: nefropatia por refluxo, agenesia renal unilateral, displasia renal, etc) ou funcionais (hiperfluxo: hipertensão, obesidade, anemia falciforme, cardiopatias). Quadro Clínico: incidência de proteinúria na faixa nefrótica no início do quadro costuma ser marcante → síndrome nefrótica presente em 2/3 dos casos (primária) → 1/3 cursa com proteinúria nefrótica ou subnefrótica sem edema ou hipoalbuminemia, associado a HAS,hematúria microscópica, leucocitúria e disfunção renal leve (secundária). Biópsia Renal: MO com lesão esclerótica segmentar (uma porção da alça do glomérulo) e focal (< 50% da amostra); variante colapsante (mais grave, com rápida perda de função renal e pior prognóstico, associada a HIV, COVID-19); variante TIP (resposta ao corticoide semelhante a DLM); variante celular (menos frequente); variante peri-hilar (mais comum nas adaptativas); variante NOS (mais comum, de exclusão) → IF sem depósitos ou presença de IgM, C3 ou ambos. → ME sem depósitos imunes ou fibrilares; esclerose global e fusão podocitária. Glomerulopatias 9 Tratamento: decisão do uso de terapia imunossupressora depende do grau de proteinúria e da função renal dos pacientes, não há indicação de imunossupressão em: (1) proteinúria não nefrótica, (2) síndrome nefrótica com disfunção renal avançada (TFG < 30 ou achados sugestivos de cronicidade); (3) doença viral com carga viral positiva → sempre indicado em síndrome com função renal normal ou por disfunção por evento agudo → a base do tratamento é a corticoterapia com resposta em 12-16 semanas → se sem resposta nesse período, tentar outra droga → inibidores da calcineurina (córtico-resistência, córtico-dependência, recidiva frequente e toxicidade/contraindicação ao corticoide; ciclosporina é a escolha), citotóxicos (poupadores de corticoide nos casos de recidivas frequentes ou corticodependente; ciclofosfamida e clorambucil), micofenolato de mofetila (mesma indicação da ciclosporina), rituximabe (eficácia limitada em corticodependente). 💡 Síndrome nefrótica em adolescentes/jovens + proteinúria não seletiva + complemento normal + associação com anemia falciforme, HIV, obesidade + causa de hipertensão secundária em adultos → MO com esclerose segmentar e focal → IF negativa ou IgM e C3+ → ME com esclerose global + fusão podocitária Nefropatia Membranosa Causa mais comum de síndrome nefrótica em idosos → se manifesta clinicamente por proteinúria e 20-30% dos casos tem causa secundária associada, sendo importante afastar neoplasias. Formação do complexo antígeno-anticorpo lesa a barreira de filtração glomerular, em especial os podócitos, com perda de proteínas de forma não seletiva → anticorpos relacionados são PLA2R (70-80% dos casos) e THSD7A. Quadro Clínico: síndrome nefrótica clássica → apresentação insidiosa, com edema, hipoalbuminemia e proteinúria > 3,5 g/dia → grande maioria com função renal preservada → hematúria microscópica em 50% dos casos e cilindros granulares em 10-20% → complicação mais importante é o tromboembolismo, destacando a trombose de veia renal. Diagnóstico: deve ser feito investigação minuciosa de causas secundárias → mandatória na ausência de sorologia positiva para anti-PLA2R ou Glomerulopatias 10 anti-THSD7A → avaliação de doenças reumatológicas (complemento, FAN, anti-DNA, FR), infecciosas (sífilis, hepatite B e C, HIV, malária, esquistossomose) e neoplasias (tumores sólidos, especialmente de pulmão) → biópsia renal é o padrão ouro para diagnóstico de NM. Biópsia Renal: MO com espessamento difuso das alças capilares, melhor visto com corante prata, sem hipercelularidade → IF com IgG e C3 positivos com padrão granular difuso → ME com depósitos subepiteliais com apagamento dos processos podocitários. Tratamento: o da secundária visa controle do fator desencadeante → da NMp, 1/3 tem remissão espontânea nos primeiros 2 anos, 1/3 respondem a terapia e 1/3 evolui para DRC ao longo dos anos → período de tratamento conservador é indicado para maioria, exceto se rápido declínio da função renal ou efeitos colaterais potencialmente fatais da síndrome nefrótica → objetiva controle da PA, redução do edema e limitação dos fatores de risco para DCV e TEV → imunossupressão depende de diversos fatores, sugerindo iniciar em pacientes com clearence de creatinina < 30 ou evidência de nefropatia crônica → primeira escolha é o esquema Poticelli (6 meses intercalando corticoide e ciclofosfamida) → alternativas são inibidores da calcineurina (se contraindicado ou não resposta ao Poticelli; com ciclosporina) e rituximabe. 💡 Síndrome nefrótica em idosos + presença de anticorpos anti- PLA2R + alta correlação com trombose de veia renal + associação forte com neoplasias sólidas, hepatite B, sífilis, sais de ouro e LES → MO com parede capilar espessada, espículas na MBG → IF com IgG e C3 positivos → ME com depósitos subepiteliais. Glomerulopatias 11 Síndrome Nefrítica Início súbito de hematúria glomerular (dismorfismo), edema, e HAS → além de hematúria glomerular, observa-se leucocitúria e proteinúria subnefrótica (150 mg a < 3,5g/24) → costumas associar-se a oligúria e disfunção renal (elevação de escórias nitrogenadas). Glomerulopatias 12 Hematúria e leucocitúria associadas à inflamação do capilar → intensidade do acometimento definirá se a apresentação será apenas síndrome nefrítica ou evoluirá com GNRP. Oligúria se relaciona com redução da filtração glomerular. Edema ocorre devido reabsorção primária de água e sódio e, por isso, está diretamente relacionado com hipertensão, resultando da hipervolemia. O protótipo desse tipo de envolvimento glomerular é a glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), em que o mecanismo causador é depósito de imunocomplexos envolvendo a ativação da via alternativa do complemento. As causas mais comuns são glomerulonefrite pós-infecciosa, nefropatia por IgA e LES → relacionados com diferentes faixas etárias. As diferentes doenças podem ser classificadas conforme o consumo de complemento Glomerulopatias 13 Glomerulonefrite Aguda Pós-Estreptocócica Protótipo da síndrome nefrítica. Desencadeada por uma infecção estreptocócica por cepas nefritogênicas do estreptococo beta-hemolítico do grupo A → sequela renal imune tardia → acontece 7-21 dias de uma faringoamigdalite ou 14- 28 dias de um piodermite (impetigo ou erisipela). Tipicamente, acomete crianças e adolescentes, principalmente meninos, com faixa etária dos 2-15 anos. Curso autolimitado e prognóstico costuma ser favorável. Patogênese: deposição de imunocomplexos desencadeando ativação do complemento e inflamação → na pós amigdalite, os anticorpos mais encontrados são ASLO e anti-DNAse B → na pós piodermite, predomina anti-DNAse B e anti-hialuronidase. Quadro Clínico: forma aguda com urina avermelhada revelando a hematúria macroscópica, proteinúria variável (raro nível nefrótico), oligúria (se resolve em 1 semana), edema (generalizado em 2/3 dos casos) e HAS → apresentam antecedente recente de infecção de pele (14-8 dias) Glomerulopatias 14 ou de garganta (7-21 dias) pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Diagnóstico: exame de urina com dismorfismo eritrocitário e cilindros hemáticos, proteinúria e leucocitúria → redução dos níveis séricos de C3 e CH50 (via alternativa), e usualmente C4 (via clássica) normal → níveis de C3 normalizam após 4 semanas e no máximo 8 semanas do início do quadro → 25% dos pacientes apresentam cultura positiva e anticorpos em níveis elevados (indicando infecção recente) → não é necessário realizar biópsia se preencher esses critérios. Diagnóstico Diferencial: glomerulonefrite membranoproliferativa, principalmente se consumo do complemento por > 8 semanas. Indicações de Biópsia na GNPE: (1) hematúria macroscópica > 4 semanas; (2) alteração da função renal > 4 semanas; (3) HAS > 4 semanas; (4) complemento baixo por > 8 semanas; (5) síndrome nefrótica > 4 semanas; (6) anúria; (7) oligúria > 1 semana. Biópsia Renal: MO com glomerulonefrite proliferativa difusa (> 50% dos glomérulos) → IF com depósito granulares de IgG e C3 endocapilar e no mesângio → ME apresenta depósitos subepiteliais eletrodensos, denominados gibas ou corcovas (patognomônico). Tratamento: suporte para controle das manifestações clínicas, principalmente sobrecarga de volume e hipertensão → restrição de sódio e água, além de diuréticos de alça (apenas se casos gravesou refratários) → não há necessidade de ATB, mas o uso é para erradicação da cepa nefritogênica, para evitar transmissão., optando por penicilinas ou cefalosporinas (se alergia) → resolução rápida e ótimo prognóstico → hematúria desaparece entre 3-6 meses e a proteinúria pode levar 1-3 anos. 💡 Síndrome nefrítica em crianças + consumo isolado de C3 + aparecimento após infecção estreptocócica - faringite (7-21 dias) ou piodermite (14-28 dias) → MO com infiltrado inflamatório intenso → IF com IgG e C3 positivos → ME com depósitos subepiteliais característicos gibas ou corcovas. Nefrite Lúpica Glomerulopatias 15 Patogênese: iniciada por genes que rompem a tolerância imunológica e promovem a produção de autoanticorpos, consequente da hiperatividade de linfócitos B → anticorpos anti-DNA são os mais relacionados com acometimento renal → nefropatia por deposição de imunocomplexos → há consumo do complemento. Quadro Clínico: heterogênea, podendo cursar com alterações assintomáticas, síndrome nefrítica ou nefrótica → suspeita na presença de hematúria glomerular, proteinúria > 500mg/24h e/ou creatinina sérica elevada → confirmada com achados em biópsia. Diagnóstico: para diagnóstico de LES são necessários 4 critérios, incluindo pelo menos 1 clínico e 1 imunológico, e o acometimento renal é definido pela presença de proteinúria > 500mg/24h ou cilindros hemáticos → se o paciente apresentar biópsia compatível com nefrite lúpica mais um FAN ou anti-DNA positivo, não precisa dos demais critérios para fechar o diagnóstico de LES. Indicações de Biópsia Renal: (1) proteinúria > 500mg/24h independente da presença de hematúria glomerular e/ou alteração da creatinina; (2) aumento da creatinina sem alteração do exame de ruina, desde que não seja atribuído a outra causa (desidratação, nefrotoxicidade, infecção, etc). Biópsia Renal: heterogenicidade, superposição de várias lesões e transformação de determinada classe em outra → proliferativa difusa é a classe mais grave e frequente → IF ativação do complemento é regra, com depósitos granulares de C3, C4 e C1q, mas também pode ser full house → ME também variável, com depósitos de imunocomplexos. Glomerulopatias 16 Tratamento Geral: controle de fatores não imunológicos responsáveis pela progressão da DRC → tratamento da HAS com IECA ou BRA → estatinas para controle da dislipidemia e redução do RCV → antimaláricos para todos os pacientes. Tratamento Específico: imunossupressor → classes I e II não se usa imunossupressor, a menos se proteinúria não responsivas a IECA ou BRA → classes III e IV tem terapia de indução (corticoide em altas doses + Glomerulopatias 17 ciclofosfamida ou micofenolato) visando reduzir inflamação, seguida de terapia de manutenção (prednisona em dose baixa + antiproliferativo, como micofenolato ou azatioprina por 2-3 anos) visando prevenir recidivas → classe V indica corticoide com micofenolato → classe VI não tem indicação de imunossupressor. 💡 Síndrome nefrítica e/ou nefrótica em mulheres jovens + manifestações sistêmicas + provas de autoimunidade positivas (FAN, anti-DNA) + consumo do complemento → IF clássico é full house → MO e ME dependem da classe. Glomerulonefrite Membranoproliferativa Vista como um padrão histológico e não uma doença em si. Faixa etária cometida depende da etiologia → na infância espera-se associação da GNMP com doenças autoimunes ou alterações genéticas da via do complemento → nos adultos, associa-se a doenças infecciosas (hepatite C e B), LES e gamopatias monoclonais. Quadro Clínico: extremamente variável → síndrome mista, com características nefríticas e nefróticas. Diagnóstico: baseia-se na investigação das causas secundárias. Glomerulopatias 18 Biópsia Renal: MO com expansão e hipercelularidade mesangial, proliferação endocapilar, proliferação epitelial (crescentes) e reação da MBG com formação de uma nova membrana, com aspecto de duplo contorno → IF pode ser (1) imunoglobulinas cuja patogênese seria formação de imunocomplexos circulantes (infecciosas, autoimunes, gamopatias monoclonais); (2) depósitos apenas de C3 cuja patogênese é uma alteração genética ou imunológica da via alternativa; (3) negativa (secundária a acometimento vascular renal) → ME indicada se depósitos exclusivos de C3 na IF, a qual diferenciará a doença de depósitos densos (intralaminares) da glomerulonefrite do C3 (mesângio e subendoteliais). Glomerulopatias 19 Tratamento: doença de base → sem tratamento específico. 💡 Síndrome nefrítica, nefrótica ou mista + consumo de complemento + alta correlação com trombose de veia renal + associação forte com hepatite C, crioglobulinemia, esquistossomose e paraproteinemias → MO com espessamento das alças capilares com aspecto de duplo contorno. Nefropatia por IgA ou Doença de Berger Ocorre em qualquer idade, sendo mais comum entre 20-30 anos. Hematúria macroscópica que se manifesta 2-3 dias após um quadro infeccioso, habitualmente faringite, persistindo por ~10 dias → apenas 10% apresenta a tríade clássica de síndrome nefrítica. São identificados acidentalmente em exames de rotina ou avaliação de DRC → apresentação de hematúria e proteinúria assintomáticas associadas ou não a HAS. Hematúria intermitente após fatores estressantes, como esforço físico intenso, vacinação e processo infeccioso (sem período de incubação: nefrite sinfaringítica). Se presença de síndrome nefrótica, essa tem achados de lesões mínimas ou GESF → manejo semelhante aos dessas glomerulopatias. Diagnóstico: apenas após comprovação histológica com biópsia → deposição no mesângio é característica → pode ser exclusiva do rim (Doença de Berger) ou sistêmica, com nefrite, artrite/artralgia, dor abdominal e lesões purpúricas predominante em MMII (Púrpura de Henoch- Schonlein) → aumento de IgA sérico (não obrigatório) e depósitos na pele → complemento sérico é normal. Indicações de Biópsia Renal: (1) proteinúria persistente (>500) ou aumento expressivo; (2) lesão renal evidenciada pelo aumento da creatinina; (3) HAS de início recente ou elevação significativa da PA. Biópsia Renal: MO com glomerulopatia proliferativa mesangial leve; pode ter qualquer padrão → IF com deposição dominante ou codominante de IgA em mesângio, com intensidade moderada a forte → ME com deposito mesangiais eletrodensos. Glomerulopatias 20 Tratamento: corticoide é indicado em pacientes com clearence de creatinina < 30 e com características clínicas que apoiam atividade da doença, como proteinúria persistente > 1g/dia após IECA ou BRA por 3-6 meses e evidência morfológica de doença ativa com base na biópsia renal → sugere-se ciclo de 6 meses. 💡 Glomerulopatia primária mais frequente + hematúria isolada micro ou macro, ou hematúria + proteinúria, e síndrome nefrítica + complemento normal + nefrite sinfaringítica + associação com cirrose, doença celíaca, dermatite herpetiforme → MO com glomerulonefrite focal e difusa → IF com depósitos mesangiais de IgA. Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva Síndrome glomerular caracterizada por síndrome nefrítica com perda rápida de função renal → necessário haver alterações características de envolvimento glomerular, como hematúria micro ou macro, proteinúria de graus variados, edema, redução do volume urinário e alteração da creatinina, geralmente > 3,0 mg/dL → instalação costuma ser aguda. Independente da etiologia, é a tradução clínica da presença de crescente → formações expansivas que se desenvolvem no interior da cápsula de Bowman, invadindo rapidamente o espaço das alças glomerulares, desestruturando sua arquitetura → incialmente tem características inflamatórias e depois de fibrose. Se não tratada, evolui em pouco tempo para esclerose. Etiologias: LES, doença do anticorpo anti-MBG e as vasculite ANCA associadas. Glomerulopatias 21 Biópsia é o padrão ouro na GNRP e norteia diagnóstico etiológico → exames sorológicos também auxiliam: ANCA, anticorpo anti-MBG e complemento. Doençado Anticorpo Antimembrana Basal Glomerular Glomerulopatias 22 É rara, com pico de incidência na 3ª década, especialmente homens entre 20-30 anos, e outro pico nas 6ª e 7ª décadas, com predomínio em mulheres. Há clara relação com história de tabagismo ou exposição a hidrocarbonetos. Vasculite de pequenos vasos que agride a membrana basal de capilares glomerulares e/ou alveolares → GNRP associada a hemorragia alveolar. Diagnóstico: demonstração dos autoanticorpos contra membrana basal, seja no sangue ou no rim → sorologia tem sensibilidade de 60-100% → ANCA é positivo em 10-50% dos casos → complemento normal → radiografia e TC são fundamentais para avaliar acometimento pulmonar → diagnósticos diferenciais é a síndrome pulmão-rim. Biópsia Renal: mandatória, salvo contraindicações → MO com crescentes no mesmo estágio de desenvolvimento → IF com deposição linear de IgG ao longo dos capilares. Tratamento: terapia de indução para controlar inflamação e inibir novos anticorpos → com pulsoterapia com corticoides + ciclofosfamida e plasmaférese → manutenção realizado com corticoide + ciclofosfamida por mais 6-9 meses. 💡 Homens jovens e idosos + vasculite de pequenos vasos + GNRP + hemorragia alveolar (Sd. pulmão-rim) + anticorpo anti-MBG + tabagismo → MO com crescentes → IF pauco-imune linear. Glomerulopatias 23 Microangiopatia Trombótica Caracterizam-se pelo acúmulo intenso de fibrina no interior dos capilares glomerulares, obstruindo o fluxo glomerular e levando a disfunção renal. Desordem microvascular oclusiva caracterizada por agregação plaquetária com oclusão de pequenos vasos e lesões de diferentes órgãos → consumo de plaquetas pela agregação leva a plaquetopenia. Glomerulopatias 24 Passagem dos eritrócitos por essas áreas ocluídas gera uma lesão mecânica desta célula, ocasionando anemia hemolítica microangiopática (anemia com esquizócitos no sangue periférico, LDH aumentado, BI aumentada e haptoglobina baixa). Clinicamente reconhecida pela associação de plaquetopenia, anemia hemolítica microangiopática e disfunção de algum órgão → principais representantes são SHU (acometimento renal predominante) e Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT; maior dano ao SNC). Estudos de coagulação (TP, TTPA, fibrinogênio) em ambas são normais. Síndrome Hemolítico Urêmica Tríade de anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e insuficiência renal. A forma mais comum, a síndrome hemolítico-urêmica associada à diarreia, é causada pela Escherichia coli produtora de toxinas cepa 0157:H7 → costuma causar a gastroenterite aguda que antecede o quadro de SHU → existem outras causas, como em associação ao uso de Glomerulopatias 25 medicações, associada às doenças sistêmicas, associada ao HIV; SHU por Streptococcus pneumoniae; SHU mediada por complemento e à transplantes de órgãos sólidos. Fisiopatologia: relacionada à lesão microvascular com lesão das células endoteliais → próprias toxinas bacterianas são responsáveis pelo dano ao endotélio → toxina Shiga pode ativar diretamente as plaquetas para promover sua agregação → lesão do endotélio capilar e arteriolar renal leva à trombose localizada, principalmente nos glomérulos, causando uma redução da filtração glomerular → agregação plaquetária progressiva nas áreas de lesão microvascular resulta em trombocitopenia consumptiva. 💡 Fisiopatologia da SHU: lesão endotelial capilar → (1) redução da filtração glomerular e IR; (2) danos mecânicos aos glóbulos vermelhos, causando anemia hemolítica; (3) agregação plaquetária progressiva, causando trombocitopenia consumptiva. Quadro Clínico: crianças em idade pré-escolar e escolar, ocorrendo em menor frequência em adolescentes e adultos → geralmente têm uma doença prodrômica com dor abdominal, vômitos e diarreia que costuma preceder o desenvolvimento de SHU em 5-10 dias após o quadro de enterocolite → após essa fase de pródromo, segue-se início súbito de palidez, irritabilidade, astenia e letargia → podem se apresentar com desidratação ou sobrecarga de volume, a depender do grau de lesão renal e intensidade da enterite → combinação de IR rapidamente progressiva e hemólise grave pode resultar em hipercalemia grave → podem desenvolver petéquias, mas o sangramento significativo ou grave é raro → eventualmente, ocorre ainda envolvimento do SNC, com irritabilidade, letargia e outros sintomas inespecíficos de encefalopatia. Diagnóstico: é clínico e laboratorial e pode ser feito por meio da demonstração de anemia hemolítica microangiopática com esquizócitos, trombocitopenia e algum grau de lesão renal → trombocitopenia está presente com contagem de plaquetas entre 20-100 mil/mm3 → insuficiência renal pode variar desde leves elevações na ureia e creatinina até IRA anúrica. Tratamento: não existe terapia específica → instituição precoce de terapia de suporte, terapia intensiva e terapia de substituição renal → anemia: Glomerulopatias 26 transfusão de CH quando Hb < 6 g/dL ou Ht < 18% para evitar comprometimento cardiopulmonar, com objetivo de manter Hb entre 8-9 g/dl após a transfusão → trombocitopenia: transfusão de CP fica reservada aos pacientes com sangramento volumoso ou para os que têm previsão de serem submetidos a algum procedimento invasivo → DHE: avaliação rigorosa do balanço hídrico, tentando alcançar a euvolemia; se diminuição do volume intravascular recebe hidratação venosa; se aumento do volume intravascular e a diminuição do débito urinário são submetidos a restrição hídrica → IRA: interromper o uso de medicamentos nefrotóxicos; diálise apenas quando indicado → nutrição: dequada para as crianças afetadas. Biópsia Renal Indicações: (1) síndrome nefrótica em adultos SEMPRE; (2) LRA de etiologia não esclarecida e/ou prolongada; (3) proteinúria > 1g/24h associada a hematúria; (4) doença com indicação de tratamentos diferentes dependendo da gravidade do acometimento renal (ex: NL); (5) DRC de etiologia não esclarecida; (6) aconselhamento genético em doenças hereditárias (ex: síndrome de Alport); (7) disfunção do rim transplantado, excluindo toxicidade e causas obstrutivas. Contraindicações Renais: (1) rim único; (2) múltiplos cistos; (3) neoplasia renal; (4) hidronefrose ou malformações renais que dificultem procedimento; (5) pielonefrite aguda, abscesso perinefrético ou infecção no local da biópsia (temporária). Contraindicações do Paciente: distúrbios de coagulação; HAS grave não controlada com medicamentos; obesidade (relativa).
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