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DISLIPIDEMIA Doença metabólica caracterizada pela elevação de colesterol total, lipoproteína de baixa densidade LDL- C; triglicérides e diminuição na lipoproteína de alto peso molecular (HDL), gerando riscos para doença cardiovascular ateroesclerótica, como IAM e AVE A doença aterosclerótica é silenciosa. Em cerca de metade dos pacientes, um evento coronariano agudo é a primeira manifestação dessa doença. As duas principais causas de morte em todo o mundo decorrem de complicações da aterosclerose, doença isquêmica do coração e acidente vascular cerebral. DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Hiperlipidemia: aterosclerose A aterosclerose tem início precoce na vida e prediz eventos futuros Correlação direta com risco de doença arterial coronariana (DAC) LÍPIDES DA EXÓGENOS LIPÍDES ENDÓGENOS A chave de iniciação para o evento ateroesclerótico: I: Retenção e acumulação de colesterol rico em lipoproteína apoB na íntima em locais suscetíveis à formação de placa ateromatosa. II: Lipoproteínas de diâmetro inferior a 70 nm entram e saem da íntima arterial. III: A concentração elevada de LDL aumenta a probabilidade de retenção pela intima, levando à iniciação do desenvolvimento da placa ateroesclerótica de forma dose dependente. IV: O excesso de LDL-colesterol (LDL-C), a suscetibilidade da LDL-C à oxidação, a presença de LDL-C AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE DISLIPIDEMIAS oxidadas (LDLox) ou de anticorpos anti-LDLox são indicativos de estresse oxidativo vascular, o que resulta em disfunção endotelial, levando à gênese e à progressão da aterosclerose. LIPOPROTEÍNAS QUILOMÍCRONS Triglicérides (dieta) VLDL Triglicérides (endógeno) + apo B, C e E LDL Colesterol + Apo B – 100 HDL Fosfolípides + Apo A, C e E IDL Densidade Intermediária OBS: O VLDL, o LDL, o HDL e o IDL livres causam a formação da camada lipídica Existem dois grupos I: Ricas em TG, maiores e menos densas (quilomícrons- de origem intestinal e “very low density lipoprotein” (VLDL), de origem hepática II: Ricas em colesterol de densidade baixa “low density lipoprotein” (LDL), densidade alta ou “high density lipoprotein” (HDL). ATEROGÊNESE PLACA ATEROSCLERÓTICA NÚCLEO LIPÍDICO Rico em colesterol CAPA FIBROSA Rica em colágeno CÉLULAS INFLAMATÓRIAS PLACAS ESTÁVEIS Predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa PLACAS INSTÁVEIS Núcleo lipídico proeminente, capa fibrótica tênue, atividade inflamatória intensa APOLIPOPROTEÍNAS É a parte proteica das lipoproteínas DISLIPIDEMIAS CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA Primária, destacam-se: I: Hipercolesterolemia familiar, a hipercolesterolemia familiar combinada e as hipertrigliceridemias primárias II: Hipoalfalipoproteinemia (HDL-C baixo), pois podem estar associadas ao aumento do risco de doença cardiovascular. HIPERLIPIDEMIA FAMILIAR Doença hereditária genética definida pela presença de níveis muito elevados de LDL-C Indivíduos adultos com valores de CT ≥ 310 mg/dL ou crianças e adolescentes ≥ 230 mg/dL devem ser avaliados para essa possibilidade DISLIPIDEMIA SECUNDÁRIA A DOENÇAS I: Diabetes melito tipo 2 e síndrome metabólica: triglicérides elevados e HDL-C baixo; LDL com maior potencial aterogênico);. II: Hipotireoidismo: LDL-C muito elevado, triglicérides discretamente elevados; existe redução do clearance de LDL e diminuição da atividade da lipase lipoproteica e lipase hepática. III: Insuficiência renal crônica: elevação de triglicérides e redução do HDL-C. IV: Síndrome nefrótica: hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. V: Hepatopatias colestáticas crônicas: ocorre redução na síntese de ácido biliar com consequente declínio na função dos receptores de LDL-C por dano hepático. V: HIV: redução do HDL-C e elevação de triglicérides; Terapia RetroViral (hiperlipidemia, hipertrigliceridemia e obesidade central). SECUNDÁRIA: MEDICAMENTOS, DIETA E HÁBITOS MEDICAÇÕES I: Diuréticos e betabloqueadores: podem aumentar triglicérides e reduzir HDL-C. II: Corticoides: podem aumentar colesterol e triglicérides. III: Anabolizantes: podem reduzir HDL- C. IV: Isotretinoína: pode aumentar colesterol e triglicérides. V: Ciclosporina: pode aumentar triglicérides. ESTILO DE VIDA I: Etilismo: o álcool inibe a oxidação de ácidos graxos no fígado e aumenta sua síntese; consequentemente, ocorre aumento na produção de VLDL. II: Tabagismo: reduz HDL-C. Muitas vezes ocorre sobreposição das etiologias, por exemplo, o paciente pode apresentar hipotireoidismo e utilizar diurético HIPERTRIGLICERIDEMIA NORMAL Jejum: Menor que 150mg/dl Sem jejum: Menor que 175mg/dl HIPERTRIGLICERIDEMIA LEVE 150 a 499mg/dl MODERADA HIPERTRIGLICERIDEMIA 500 a 885mg/dl HIPERTRIGLICERIDEMIA SEVERA Maior que 885mg/dL Pode resultar: I: Diminuição da hidrólise dos TG das lipoproteínas pelas lipases lipoproteicas II: Do aumento da síntese de VLDL III: Do aumento da ingestão na dieta. De modo geral, a doença é vista como poligênica e os fatores ambientais têm influência no aparecimento da dislipidemia CLASSIFICAÇÃO LABORATORIAL DISLIPIDEMIAS HIPERCOLESTEROLEMIA ISOLADA Elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dL). HIPERTRIGLICERIDEMIA ELEVADA Elevação isolada dos triglicérides (TG) (≥ 150 mg/dL em jejum ou ≥ 175 mg/dL sem jejum) HIPERLIPIDEMIA MISTA LDL-C (≥ 160 mg/dL) e TG (≥ 150 mg/dL em jejum ou ≥175 mg/dL sem jejum). HDL-C baixo: redução do HDL-C (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação com aumento do LDL-C ou de TG. PERFIL LIPÍDICO FATORES PRÉ ANALÍTICOS I: Evitar ingestão alcoólica nas 72 horas prévias à coleta II: Variaçâo Biológica Individual CT, HDL, LDL 10%, TGL até 25% III: Dieta habitual e peso mantidos por 2 semanas IV: Nenhuma atividade física vigorosa nas 24 horas prévias à coleta V: Estado metabólico estável V.I: Doença aguda: aguardar 8 semanas após a resolução V.II: Gestantes: 3 meses após o parto VI: Evitar: VI.I: Uso prolongado do torniquete VI.II: Amostra lipêmica FLEXIBILIZAÇÃO DO JEJUM Tradicionalmente: Jejum de 12 a 14 horas Atualmente: sem jejum para estimar o risco cardiovascular As dosagens de colesterol total, HDL- colesterol tem uma variabilidade pequena com a dieta O triglicérides pode variar de 20% a 30% com o estado de jejum ou não jejum, dependente do tipo de dieta. Estudos mostram que esta diferença pode ser clinicamente insignificante Na predição do risco CV o estado do não jejum reflete melhor a exposição do organismo ao lípides circulantes e parece predizer melhor o risco Recomenda-se o jejum de 12h: Solicitação do perfil lipídico junto com outros exames que pedem jejum Quando os níveis de triglicérides > 440mg/dL: Pancreatite por hipertrigliceridemia ou Início de tratamento com drogas que causam hipertrigliceridemia severa; Doença Cardiovascular (DCV) aterosclerótica precoce e História de hiperlipidemia genética familiar PERFIL LIPÍDICO: MÉTODOS A ultracentrifugação é o método de referência para a separação das diferentes lipoproteínas.. Por ultracentrifugação, é possível separar grande parte das lipoproteínas: LDL, IDL, Lp(a), HDL e VLDL, além dos quilomícrons. O método, muito caro e trabalhoso, é restrito a protocolos de pesquisa DOSAGEM BIOQÚIMICA I: Colesterol Total (enzimáticos) II: Colesterol-HDL (Precipitação e Direto) III: Colesterol-LDL (Direto) IV: Triglicérides (Enzimático) I: Colesterol-VLDL = TG/5 ( se TG < 400 mg/dL) II: Colesterol-LDL: Fórmula de Friedewald:: LDL = CT – HDL – TG/5 III: Colesterol Não-HDL (Martin SS e col) OBS: Os valores de LDL-c são subestimados quando as concentrações de triglicérides se elevam quando comparados aos valores do LDL-c realizados pelaultracentrifugação (método referência). DOSAGEM COLESTEROL COLESTEROL NÃO HDL Útil para quantificação das lipoproteínas aterogênicas em pacientes com TG ≥ 400mg/dL Cálculo: CT - HDL Representa soma das frações LDL + VLDL + IDL Melhor estimativa do volume total de lipoproteínas aterogênicas do que o LDL RECOMENDAÇÕES Pacientes com alterações no perfil lipídico devem ter seus exames confirmados pela repetição de nova amostra I: Intervalo mínimo de 1 semana e máximo de 2 meses II: Objetivo: reduzir a variabilidade entre os ensaios e aumentar a precisão diagnóstica Caso a variação entre as duas dosagens seja superior à máxima aceitável, deve-se suspeitar de interferência pré-analítica ou analítica e proceder-se a uma terceira dosagem. OBS: Recomendado: Dosagens seriadas no mesmo laboratório SCREENING PREVENÇÃO PRIMÁRIA “Toda a criança deve ter calculado o não HDL-c entre 9 e 11 anos e entre 17 e 21 anos. Não há necessidade de jejum. Se anormal, deve ser repetido o perfil lipídico entre 2 semanas e 3 meses” Adultos acima de 20 ou 35 anos a cada 5 anos (guideline) PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Dieta, exercícios físicos regulares, evitar tabaco. Dieta pode diminuir o colesterol em 10-15% em 45 a 60 d ESTIMATIVA DO RISCO CARDIOVASCULAR A dosagem do perfil lipídico objetiva a realização da estimativa do risco cardiovascular A estimativa do risco DCV resulta da somatória de diferentes fatores de risco mais a potenciação causada por sinergismos entre eles A identificação dos indivíduos assintomáticos que estão mais predispostos a desenvolver uma DCV é crucial para a sua prevenção: Correta definição das metas terapêuticas individuais Escores de risco foram criados na tentativa de melhorar a predição do risco cardiovascular. Escore de risco estima a probabilidade de IAM, acidente vascular encefálico (AVE), insuficiência vascular periférica ou insuficiência cardíaca em 10 anos ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CORONARIANO Avaliação baseada no uso de algoritmos. Deve-se considerar potenciação entre fatores de risco 1. Escore de Risco (ER) de Framingham 2. Escore de Risco de Reynolds 3. ER Global 4. ER pelo Tempo de Vida MULHERES HOMENS FASE I Identificar presença de doença aterosclerótica significativa ou de seus equivalentes (doença coronariana, doença carotídea, doença arterial periférica, aneurisma de aorta, doença arterial cérebro-vascular, diabetes mellitus tipo 1 ou 2, doença renal crônica, aterosclerose subclínica) FASE II Para indivíduos que não preenchem condições de alto risco, é recomendado utilização do Escore de Risco Global Classificação em 3 grupos: Baixo Risco Risco em 10 anos < 5% Risco intermediário Homens: risco em 10 anos ≥ 5% e ≤ 20% Mulheres: risco em 10 anos ≥ 5% e ≤ 10% Alto Risco Homens: risco > 20%; Mulheres: risco > 10% FASE III Considerar fatores agravantes: I: HF de doença coronariana precoce, síndrome metabólica, microalbuminúria, hipertrofia VE, IRC, PCR elevada (> 2mg/L), exame complementar com evidência de doença aterosclerótica subclínica II: Pacientes de risco intermediário são reclassificados para a condição de risco alto, na presença de pelo menos 1 fator. OBS: Os pacientes classificados na categoria de baixo risco e que apresentem história familiar de DAC precoce são reclassificados como risco intermediário. SÍNDROME METABÓLICA Obesidade abdominal e dois ou mais dos critérios I: Obesidade abdominal, circunferência abdominal Homens >94 cm e Mulheres > 80 cm II: TG ≥150mg/dl ou em tto III: HDL-C ≤ 40mg/dl em homens e ≤ 50mg/dl em mulheres. IV: PA sistólica ≥ 130mmHg ou em tto ou PA diastólica ≥ 85mmHg ou em tto. V: Glicemia jejum ≥100mg/dl ou em tto METAS TERAPÊUTICAS REAVALIAÇÃO ENZIMAS CARDÍACAS CARACTERÍSTICAS DA DOR TORÁCICA O LABORATÓRIO NO DIAGNÓSTICO DAS SÍNDROMES ISQUÊMICAS MIOCÁRDICAS IAM SEM SUPRA DE ST CREATINOQUINASE Catalisa a fosforilação da creatina pelo ATP Encontrada no músculo estriado, cardíaco e cérebro Isoenzimas: I: CKMM-músculo esquelético II: CKMB- coração (98%) III: CKBB- cérebro CK MB A dosagem única de CK-MB apresenta uma sensibilidade de 50% e aumenta em 90% caso seja solicitado medidas seriadas: admissão e após 6 a 9 h do início dos sintomas Níveis elevados ocorrem após 4 horas de início do IAM, com picos de dosagem entre 9 e 30 h e retornando ao normal entre 48 e 72 h OBS: Deve-se pedir, preferencialmente, a troponina, já que ela é mais sensível TROPONINAS Proteínas estruturais ligadas a tropomiosina, que mais actina forma os filamentos finos encontradas no musculo esquelético e cardíaco TROPONINA C (TnC) Liga-se fortemente ao cálcio, causando um deslocamento do complexo tropomiosina-troponina, existindo então uma interação actina/miosina, com consequente encurtamento (contração) do miócito. TROPONINA T (TnT) Liga-se à tropomiosina, formando um complexo troponina-tropomiosina, participando da contração TROPONINA I (TnI) Liga-se à actina para manter o relaxamento muscular na ausência de íons cálcio no citoplasma Troponina T cardíaca (cTnT) e Troponina I cardíaca (cTnI) presentes no sarcômero e somente 5% está no citoplasma, assim, em caso de lesão tem-se uma elevação rápida de pequena intensidade posteriormente lenta de origem estrutural TROPONINA ULTRASSENSÍVEL ELEVAÇÃO TROPONINA IAM E FALSOS POSITIVOS MARCADORES BIOQUÍMICOS DE NECROSE MIOCÁRDICA O peptídeo natriurético tipo B (BNP) e o fragmento N-terminal do pró-BNP (NTproBNP) Secretado pelos cardiomiócitos em reposta ao estiramento de fibras, ruptura celular e necrose do miocárdio. São excelentes marcadores de diagnóstico e progressão da insuficiência cardíaca, mas não houve demonstração de benefício adicional ao uso dos marcadores de necrose tradicionais. Age na inibição da reabsorção de sódio em túbulo próxima e distal do nefron e estimula TFG e fluxo plasmático renal inibindo múltiplos vasoconstritores. Diminui o tônus simpático renal e cardíaco e o sistema renina angiotensina e diminui a liberação de endotelina AÇÃO DO PEPTÍDEO NATRIURÉTICO B
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