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Microsoft Word - Emoção TP3 docx - apontamentos-da-aula-3-de-me-2019-2020

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Apontamentos da aula 3 de ME 2019-2020
Motivação e Emoção (Universidade de Coimbra)
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Apontamentos da aula 3 de ME 2019-2020
Motivação e Emoção (Universidade de Coimbra)
Downloaded by Tania Oliveira (tsfoliveira@gmail.com)
TP3 – Introdução ao estudo das emoções: natureza e dimensões
Seis questões fundamentais do estudo contemporâneo das emoções
- É possível controlar as emoções? (Não. Esta foi uma questão primária dos teóricos das
emoções).
- O que é que causa uma emoção?
- Quantas emoções existem?
- Qual o benefício das emoções? (Aparentemente em muitas situações nenhum)
- O que é uma emoção?
- Qual a diferença entre emoções e humor?
Definição ateórica de emoção (não tem uma teoria por trás): Estado psicológico ou
processo que está entre os eventos que ocorrem à nossa volta e as nossas
preocupações/objetivos.
As teorias clássicas trazem-nos uma definição de emoção onde esta é um estado
irracional.
As teorias contemporâneas pelo contrário, consideram que a emoção é um estado
adaptativo, ou seja, nós temos emoções para nos adaptarmos aos desafios e
oportunidades. Estas emoções são aquilo que guia os nossos valores e princípios e aquilo
que guia também a nossa relação com os outros, que nos faz aproximar; afastar (de
pessoas tóxicas); sentir bem; ... As emoções são sinais que nos ajudam a navegar no
nosso dia-a-dia social.
René Descartes (Séc. XVII; 1649) – 1º pensado/teórico das emoções; trouxe-nos a 1ª
definição de emoções.
As emoções ou “passions” (aquilo que ele lhes chamava) correspondem a uma resposta
fisiológica intensa da qual nos devíamos rapidamente livrar. É a passagem de um estado
passivo (normal) para um estado de perturbação “violenta”. As emoções são um
obstáculo à razão e por isso, temos de nos livrar delas.
Para René Descartes existem 6 emoções primitivas (“passions”):
- Admiração (“the first of all the passions”)
- Amor
- Ódio (“hatred”)
- Desejo
- Alegria
- Tristeza
Para Descartes, as emoções têm uma ação implícita (exceto a admiração), ou seja, cada
uma das emoções tem uma motivação/força/energia apetitiva - de aproximação ou
aversiva - de afastamento, que depende da forma como avaliamos os objetos/eventos.
Para Descartes, a emoção é diferente de perceção. A perceção pode ser de estímulos
internos (fome, dor) ou de estímulos externos (chuva, calor).
No fim da sua vida, Descartes afirma que as emoções nos informam acerca do que é
realmente importante para nós, na relação com a nossa identidade e preocupações.
Descartes assume que de facto as emoções podem ter uma função e que nos podem
ajudar a gerir a nossa relação com os outros e a complementar a nossa vida. Portanto,
as emoções passam a existir no nosso self e não podem ser inteiramente controladas.
Downloaded by Tania Oliveira (tsfoliveira@gmail.com)
Porque é que reagimos emocionalmente (a eventos, objetos, pessoas)?
(para responder a esta pergunta 3 teóricos deram as suas respostas)
Charles Darwim (1872)
“The Devil under form of Baboon is our grandfather”, 1874. Esta reação emocional
intense vem dos nossos antepassados. A raiva do babuíno é uma das emoções mais
intensas.
“The expression of the emotions in Man and Animals”, 1872
1º livro sobre emoções a ser publicado
Disponível online
Teoria evolucionista – Charles Darwin
Darwin acreditava que Deus concebeu à espécie humana músculos faciais específicos
que permitem ao Homem uma expressão emocional única.
Para Darwin as emoções são um pouco como o apêndice. Não têm função, vantagem
ou benefício.
Darwin procurou responder no seu livro a 2 questões fundamentais:
1 – Como são expressas as emoções nos animais e nos Humanos?
Darwin fez os primeiros estudos distintos da expressão facial humana. Sistematizou a
informação que conseguia obter através da observação em tabelas. Procurou relacionar
a expressão emocional com o sistema físico que estava associado a essa expressão
emocional e por sua vez atribuía uma determinada emoção.
2 – De onde vêm as emoções?
As emoções derivam de hábitos que foram instalados algures na evolução mas que não
são mais necessários. P.e. o bebé chora por uma questão de proteção, mas porque
algures na evolução foi necessário para chamar à atenção dos progenitores.
As emoções são mecanismos tipo-reflexo e involuntário (p.e. arranhar os dentes).
Com o tempo Darwin fez as pazes entre o seu lado mais científico e o seu lado mais
religioso. No início, dizia que tal como os fósseis, as emoções ligam-nos ao nosso
passado: à infância mas também às espécies que nos antecederam ao longo da
evolução. A pouco e pouco percebe que as emoções são universais, transversais a todas
as espécies e essenciais à nossa sobrevivência. As emoções são inatas e servem o
propósito de adaptação às oportunidades de desafios do ambiente. As emoções
permitem-nos navegar nas interações sociais.
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William James (1890)
“Principles of Psychology”, 1890
Abordagem filosófica – William James
Tal como para Descartes, para William James as emoções eram sobretudo fisiológicas,
estados emocionais, estados fisiológicos ou de ativação fisiológica intensa.
Temos um estímulo à Percebemos o estímulo que provoca um estado de ativação
fisiológica intensa à Interpretamos esse estado de ativação fisiológica intensa à Essa
interpretação leva-nos à emoção.
A emoção é a perceção/interpretação da ativação fisiológica que determinados
estímulos provocam e que está associada à reação de um determinado evento interno
ou externo.
Carl Lang (1855)
Carl Lang juntou-se aWilliam James pois teve a mesma ideia. Os dois desenvolveram a
teoria que se passou a chamar “Teoria de James-Lang”.
Teoria da Emoção de James-Lang (1855)
Estabelece 2 princípios:
1 – O corpo reage de forma determinística e única a determinados eventos.
2 – O corpo não reage a estímulos não-emocionais. P.e. olhar para uma cadeira não me
provoca qualquer reação de ativação fisiológica portanto não provoca qualquer
emoção.
Esta teoria estabelece o seguinte:
Temos um estímulosà Temos o estado de ativação fisiológicaà Aumento da resposta
do Sistema Nervoso Autónomo (SNA) (responsável pelo batimento cardíaco;
transpiração; aceleração da atividade respiratória; ...)à Temos uma emoção.
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Sistema de Feedback
O estímulo emocional é percebido pelo
córtex sensorial que processa essa
informação e envia ao córtex motor para
uma resposta. Resposta fisiológica corporal
global que por sua vez vai novamente ao
córtex sensorial. Finalmente, o córtex
cerebral interpreta este estado fisiológico e
atribui-lhe uma determinada emoção.
Teoria da Emoção de Cannon-Bard (1915/1930)
Veio contestar a Teoria da Emoção de James-Lang.
Quando estamos no ginásio e sentimos o batimento cardíaco a acelerar, a nossa
atividade respiratória a chegar ao topo não estamos a sentir medo, não existe um
padrão de ativação fisiológica específico que corresponde a uma determinada emoção
(medo). Portanto, a nossa ativação fisiológica, o aceleramento do batimento cardíaco,
o aumento da transpiração e da atividade respiratória não corresponde
obrigatoriamente a emoção nenhuma. Daí que a Teoria de James-Lang esteja
certamente incorreta.
Estes autores propõem que:
- Podemos experimentar reações fisiológicas sem sentir as emoções que lhes estão
associadas (p.e. depois de uma corrida);
- Os padrões fisiológicos são demasiado limitados para a diversidade de emoções da
experiência Humana;
- O Sistema neuroendócrino é demasiado lento e limitado para responder à rapidez e
diversidade da emoção, portanto a emoção não pode vir depois da ativação
neurofisiológica.
A partir do momento em que percebeos um estímulo, o que acontece é um estado
emocional intenso ou a perceção
de emoção ao mesmo tempo que
“percebemos” uma ativação
fisiológica e a partir dessas 2
informações é que nós podemos
atribuir/interpretar o que nos
está a acontecer.
O estímuloemocional é percebido. É levada esta
informação até ao tálamo que por sua vez processa e envia
simultaneamente a informação do estímulo emocional quer
para o córtex cerebral quer para o hipotálamo. Ocorre a
perceção e a expressão motora/fisiológica ao mesmo
tempo. A experiência física e a experiência psicológica
ocorrem aomesmo tempo. Não têm relação causa-efeito ao
contrário da teoria deWilliam James, há um processamento
simultâneo que resulta na emoção. A emoção não resulta
como secundária na ativação psicofisiológica.
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Teoria dos dois fatores - Schachter-Singer (1962)
Propôs uma teoria que vem juntar as duas perspetivas, a de William James e a de
Cannon-Bard. O que propõem é que nós de facto revelamos uma emoção a partir de
resposta fisiológica e da interpretação que fazemos dessa resposta fisiológica e de
determinado evento.
Ocorre um estímulo; ocorre a ativação fisiológica; ocorre a interpretação e; rotulamos a
emoção.
Rotulamos uma emoção a partir da resposta fisiológica e da interpretação que fazemos
de determinado evento.
(1ª) Teoria da Avaliação Cognitiva – Richard Lazarus (1970/1991)
Primeiro ocorre o estímulo; depois a sua interpretação e depois; e em simultâneo, a
ativação fisiológica e a emoção. Um estímulo percebido dá lugar à experiência
simultânea de uma resposta fisiológica e de uma emoção.
As emoções resultam de:
- Interpretação que nós fazemos do ambiente;
- Das nossas memórias;
- Interpretação de estímulos físicos e das predisposições.
As emoções resultam de temas relacionais nucleares - APPRAISALS
Emoção: Contexto/Está presente quando:
Hipótese do Feedback facial das emoções
Paul Ekman (1983), ajudou na série “Lie to me” e trabalhou muito próximo de Caroll
Izard (1988, 1994), as teorias de ambos são muito próximas.
Esta hipótese decorre de Darwin, da Teoria da Emoção das espécies mas também de
William James.
Paul Ekman defende a existência de 6 emoções básicas e universais.
Nós temos um estímulo; as emoções estão diretamente ligadas aos músculos faciais
portanto percebemos um estímulo e fazemos uma determinada expressão facial; essa
expressão facial provoca a emoção.
A expressão facial está diretamente ligada à experiência emocional.
A manutenção de determinada expressão facial elícita o estado emocional associado a
essa expressão emocional.
A inibição de determinada expressão facial resultada na supressão do estado emocional
associado a essa expressão emocional.
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As emoções são conjuntos de respostas musculares e glandulares localizadas na face.
Uma emoção corresponde à perceção do feedback propriocetivo recebido do
comportamento facial.
Nesta hipótese em que a expressão facial está diretamente ligada à ativação emocional
esse estado emocional pode levar também a um programa emocional: Processamento
cognitivo; Resposta Física.
Aquilo que estes autores
nos propõem é que cada
musculo está associado
a um determinado tipo
de emoção.
Teoria das Tendências para a ação – Nico Fridja, 1986
Tendência para a ação: reação psicológica e fisiológica que prepara o individuo para uma
resposta adaptativa face aos desafios do ambiente.
P.e. se eu tenho fobia a cães porque tive uma má experiencia negativa com um cão
porque este me atacou eu fiz um processo de dessensibilização sistemática em que
comecei com cães muito fofinhos que só querem colo, muito velhinhos que quase não
se mexem e fui gradualmente experimentando cães mais agitados, mais jovens e fui
perdendo o medo ao cão. Mas há um dia em que vejo um cão grande e de repente o
meu corpo para mas eu sou capaz de ir ao cão grande fazer uma festinha na mesma.
Mas tive aquela primeira reação. Isto é a tendência para a ação. É a sensação de que
ainda que imediata, muito rápida, involuntária que racionalmente não nos faz sentido
porque nós já passamos por todas as experiências e mais algumas com cães portanto
sabemos que o cão em geral não é um animal que nos vai fazer mal mas temos na
mesma esta tendência para a ação porque tivemos uma má experiência portanto, o
nosso corpo está preparado para nos defender.
Temos um estímulo, de imediato temos uma tendência para a ação associada a uma
reação fisiológica e a uma reação psicológica. Só depois desta tendência para a ação e
desta resposta fisiológica e resposta psicológica é que podemos fazer a interpretação,
damos um rótulo e atribuímos uma emoção àquele estado.
“Emotion is for doing” – As emoções existem para nós fazemos qualquer coisa.
Associada a cada emoção esta associada uma função, uma tendência para a ação e uma
estado final.
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O papel da biologia e da cognição nas emoções
O que é EMOÇÃO?
Fenómeno breve que é sentido (há uma perceção, um sentimento associado)
acompanhado de ativação fisiológica, que serve um propósito/motivação e que tem
uma expressão que nos ajuda a adaptar às oportunidades e desafios.
Emoção: Constructo psicológico que une e coordena os 4 aspetos/princípios da
experiência humana num padrão sincronizado.
O que causa uma emoção?
Os 4 componentes da emoção e a relação entre emoção e motivação
Sentimentos – Experiência subjetiva que transporta em si um significado, intensidade e
qualidade.
Ativação neuropsicofisiológica (que prepara para a ação) – Ativação neuronal, fisiológica
(atividade cardíaca, sistema endócrino), e motora (postura e musculatura que prepara
o corpo para o comportamento adaptativo).
Propósito (função) – Motivação dirigida para um objetivo (tendência para a ação).
Expressão – Comportamento que pode ser explicito ou implícito.
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Quando termina a emoção?
Quando o evento significativo que elicitou a emoção não está mais presente. Quando a
pessoa se envolve num comportamento adaptativo/estratégia de coping que permite
remover com sucesso evento emocional (alterando-o ou eliminando-o).
As emoções são boas ou más?
São em geral, boas; podem nos fazer sentir. Servem para nos assinalar o que é que
precisamos. Ajudam-nos a adaptar.
Cada emoção serve determinada função
Quantas emoções existem?
Segundo a Perspetiva Biológica existe um número limitado de emoções, 4-9 (número
reduzido), enfase nas emoções primárias.
Segundo a Perspetiva Cognitiva existe um número ilimitado de emoções, reconhece a
importância das emoções primárias mas enfatiza as emoções complexas e
autorreferenciais (secundárias, adquiridas).
Perspetiva Biológica
Características das Emoções Básicas:
- Têm uma causa antecedente distinta;
- Reconhecimento feito de forma automática;
- Expressão facial distinta;
- Estado emocional subjetivo distinto;
- Cognições distintas (p.e. pensamentos);
- Padrão fisiológico distinto;
- Ativação fisiológica inevitável;
- Inicio é rápido;
- Duração é breve;
- Associada a tendência para a ação distinta;
- Presente noutros primatas.
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Perspetiva Cognitiva
20 emoções individuais que podem ser divididas em:
- Emoções básicas;
- Emoções cognitivas complexas;
- Emoções autorreferenciais.
Exemplos de Emoções Complexas
Características das Emoções Complexas
- Não têm uma causa antecedente distinta;
- Resultam de eventos que implicam processos de autoavaliação e heteroavaliação;
- Os processos de autoavaliação e heteroavaliação são cognições complexas e
frequentemente contraditórias;
- Inicio lento;
- Duração prolongada;
- Associada a uma tendência para a ação distinta.
Exemplo: GratidãoàModelo de Gratidão vs. Sentimento de dívida
Exemplos de Emoções Autorreferenciais ou Auto Conscientes
Características das emoções Autorreferenciais
- Não têm uma causa antecedente distinta;
- Resultam de eventos que implicam processos de autoavaliação;
- Os processos de autoavaliação são cognições complexas e frequentemente
contraditória;
- Inicio lento;
- Duração prolongada;
- Associadas a tendência para a ação distinta.
Exemplo: VergonhaàModelo motivacional dual da vergonha
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Outra forma de organizarmos a teoria das emoções são separando em teorias
categoriais e teorias dimensionais:
Teorias Categoriais:
Emoções Básicas – Inatas, panculturais, filogeneticamente antigas (proveem dos nossos
antepassados), partilhadas com outras espeies através de padrões fisiológicos e faciais
específicos.
Emoções Cognitivas Complexas – Aprendidas, social e culturalmente moldadas.
Filogeneticamente mais recentes, expressas sobretudo em humanos e tipicamente
expressas em combinações de padrões de resposta emocional característicos das
emoções básicas. São influenciadas pela linguagem.
Emoções Autorreferenciais
Teorias Dimensionais:
Emoções – Cada emoção define-se num sistema de coordenadas, onde é definida a
partir de duas pu mais dimensões continuas.
Teorias Dimensionais
Arousal – ativação (do menos até ao mais
ativado) – psicofisiológica associada a uma
emoção:
- Arousal positivo
- Arousal negativo
Valência – agradabilidade
- Emoção positiva
- Emoção negativa
Dominância: Se
era uma
experiência sobre
a qual nos
sentíamos que
tínhamos mt ou
pouco controlo.
Não existem sistemas neuronais
discretos que sejam diretamente
responsáveis pela emergência de
cada emoção. Existem correlatos
neuronais de cada uma das
dimensões que compõem as
emoções e do seu impacto no
comportamento e cognição.
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