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Gabriella Lucas INSULINA Fonte: Guyton PÂNCREAS Inicialmente deve-se saber que o pâncreas possui 2 tipos de tecidos distintos: ácinos - secretam sucos digestivos e ilhotas pancreáticas ( ilhotas de langerhans ) - secretam insulina, glucagon e somatostatina. As células das ilhotas dividem-se em beta ( insulina + amilina ), alfa ( glucagon ), delta ( somatostatina ). Por conta da sua proximidade umas com as outras, a secreção hormonal é influenciada pelas interações hormonais entre cada hormônio secretado por cada tipo de célula: Insulina inibe secreção de glucagon. Amilina inibe a secreção de insulina. Somatostatina inibe secreção de insulina e glucagon. INSULINA E SEUS EFEITOS METABÓLICOS ➔ A insulina tem efeitos profundos no metabolismo dos carboidratos. ➔ Também afeta o metabolismo de lipídios e proteínas. ➔ Pacientes com diabetes mellitus prolongado tem capacidade de sintetizar proteínas reduzida. A INSULINA É UM HORMÔNIO ASSOCIADO À ABUNDÂNCIA DE ENERGIA ➔ O excesso da ingestão de carboidratos faz com que a insulina os armazene sob a forma de glicogênio no fígado e músculo. ➔ Quando há excesso de glicogênio, o excesso de carboidrato é transformado em gordura no tecido adiposo também sob efeito da insulina. ➔ Proteínas: a insulina aumenta a captação de aminoácidos pelas células e inibe o catabolismo de proteínas já presentes nas células. QUÍMICA E SÍNTESE DE INSULINA ➔ A insulina é uma peptídeo ( proteína ) formado por duas cadeias de aminoácidos. ➔ Até chegar à configuração de insulina, são formados a pré-proinsulina e a proinsulina ( que contém 3 cadeias de peptídeos ). ➔ A proinsulina, por sua vez, é quebrada no complexo de Golgi em peptídeo C e insulina, que são secretados em quantidades equivalentes. ➔ A aferição dos níveis de peptídeo C é feita com objetivo de monitorar a quantidade de insulina ainda produzida por muitos pacientes com diabetes mellitus tipo 1. ➔ OBS: a meia-vida da insulina é de aproximadamente 6 minutos. ➔ Grande parte da insulina depois de secretada para a corrente sanguínea é desintegrada pela enzima insulina, especialmente no fígado e em menor quantidade nos rins e músculos. EFEITOS GERAIS DA INSULINA ➔ Para que a insulina promova os seus efeitos, primeiramente ela se liga aos seus receptores nas membranas das células. ➔ Depois de ativados, os receptores desencadeiam uma série de reações que são responsáveis pelos efeitos propriamente ditos. ➔ De modo geral, a insulina aumenta a captação de cerca de 80 % das células. Acredita-se que isso ocorra pela Gabriella Lucas translocação de proteínas transportadoras de glicose do citosol em direção às membranas. ➔ Esse aumento ocorre basicamente em todos os tecidos, mas não na maioria dos neurônios. ➔ Há também aumento da permeabilidade das membranas a muitos aminoácidos, íons potássio e fosfato. INSULINA E MÚSCULO ➔ Deve-se ter noção de que os músculos EM REPOUSO , no geral, utilizam muitos ácidos graxos para obterem energia em relação à glicose. ➔ Isso ocorre porque os ácidos graxos, por serem lipossolúveis, se difundem rapidamente através das membranas. ➔ Os músculos apenas se tornam mais permeáveis à glicose diante da ação da insulina. ➔ MAS E QUANDO OS MÚSCULOS REALIZAM ESFORÇO ? ➔ Quando os músculos realizam esforço, eles passam a utilizar muita glicose, porque o próprio esforço induz à translocação de GLUT4 ( proteína transportadora de glicose ) para a membrana. ➔ Em momentos após a refeição, também, quando há picos de insulina, os músculos utilizam glicose. ➔ OBS: o glicogênio é depositado no músculo quando há muita entrada de glicose em suas células, sem esforço físico ( ou seja, sem gasto de energia ). ➔ Esse glicogênio pode ser utilizado para o fornecimento de energia em casos de extremo esforço físico ou até mesmo fornecer energia de modo anaeróbio. INSULINA E FÍGADO ➔ A insulina tem efeito muito importante na captação e armazenamento da glicose no fígado. ➔ Após uma refeição, por meio de alguns mecanismos, a insulina promove o armazenamento da glicose sob a forma de glicogênio no fígado. ➔ Primeiro: a insulina inativa a fosforilase hepática, enzima que cliva o glicogênio. ➔ Segundo: a insulina intensifica a ação da enzima glicoquinase, responsável pela fosforilação da glicose. LEMBRE-SE: a glicose-fosfato não “consegue” sair do fígado. ➔ Terceiro: ela aumenta a atividade da enzima que faz a síntese de glicogênio. ➔ OBS: o fígado pode armazenar até 6% da sua massa em glicogênio. ➔ E QUANDO HÁ MOMENTOS EM QUE A GLICOSE SANGUÍNEA CAI? ESPECIALMENTE EM MOMENTOS ENTRE REFEIÇÕES ? ➔ A partir daí, todos os efeitos discutidos logo acima ocorrem de modo contrário, ou seja, a redução da concentração de insulina estimula a clivagem de glicose, diminui sua captação pelo fígado e a glicose seja liberada pela retirada do grupo fosfato antes colocada pela enzima dita anteriormente glicoquinase. E QUANDO O FÍGADO JÁ ESTÁ SATURADO DE GLICOGÊNIO E AINDA HÁ GLICOSE NO SANGUE ? ➔ A glicose que adentra o órgão passa a ser transformada em ácidos graxos que, posteriormente, serão convertidos em lipoproteínas de muita baixa densidade para irem ao tecido adiposo. ➔ Ademais, há inibição da gliconeogênese, em parte porque o aumento da concentração de insulina - diante da alta quantidade de glicose no sangue - impede a liberação de aminoácidos para funcionarem como substrato para a reação. Gabriella Lucas AUSÊNCIA DE EFEITO DA INSULINA NA CAPTAÇÃO E NA UTILIZAÇÃO DA GLICOSE PELO CÉREBRO ➔ A maior parte das células cerebrais são permeáveis à glicose. ➔ Por conta disso, não dependem da ação da insulina para a entrada da substância. ➔ Dependem apenas da concentração de glicose no sangue. ➔ Portanto, é importante que os níveis de glicose no sangue permaneçam nos níveis saudáveis. ➔ Quando esses níveis de glicose sérica se encontram entre 20 a 50mg/ml pode ocorrer choque hipoglicêmico: desmaio, convulsões, coma. INSULINA E METABOLISMO DA GORDURA INSULINA PROMOVE A SÍNTESE DE GORDURA ➔ A insulina promove a entrada de glicose nas células hepáticas. ➔ Ao entrar, a glicose, via glicolítica, forma o acetil-Coa. ➔ Esse acetil-Coa, por sua vez, sofre carboxilação ( adição de carbonos à molécula ) e gera a molécula malonil-Coa ( primeiro estágio para síntese de ácidos graxos - substâncias presentes na molécula de gordura ). E POR QUÊ O ACETIL-COA SOFRE CARBOXILAÇÃO AO INVÉS DE PROSSEGUIR O CAMINHO DO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS? ➔ A insulina age sempre que há muita glicose no sangue, correto? ➔ Se há muita glicose no sangue, entende-se que o metabolismo dos carboidratos ( ciclo de krebs, cadeia respiratória … ) está muito ativo. ➔ Esse metabolismo gera algumas substâncias como íons citrato e isocitrato. ➔ O excesso dessas substâncias ativam a enzima acetil-Coa carboxilase, que age na carboxilação dita. CONTINUANDO ➔ A insulina também ativa a lipase lipoproteica presente nos capilares do tecido adiposo. ➔ Essa lipase degrada os triglicerídeos em ácidos graxos para que eles sejam absorvidos e novamente formados dentro das células. INSULINA PROMOVE ARMAZENAMENTO DE GORDURA ➔ Insulina promove a entrada de glicose no sangue, a partir da qual é formado o glicerol, que se junta aos ácidos graxos para formar os triglicerídeos que permanecem armazenados. ➔ Insulina inibe lipase hormônio sensível. ➔ Essa lipase degrada a gordura armazenada. EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE INSULINA AUMENTO DO USO DE GORDURA ➔ Como a insulina age inibindo a lipase hormônio sensível, sua deficiência promove a degradação da gordura. ➔ São liberados ácidos graxos na corrente sanguínea. ➔ No fígado, parte desses ácidos graxos são utilizados para obtenção de energia através da beta oxidação. ➔ Outra parte é transformada em colesterol e fosfolipídios, os quais são transportados através das lipoproteínas. ➔ Ademais, o próprio fígado também produz mais triglicerídeos com o objetivo de fornecer energia. ➔ OBS: por isso que pessoas com diabetes mellitus grave possuem mais chance de desenvolver aterosclerose. GabriellaLucas CETOSE E ACIDOSE CAUSADA PELA DEFICIÊNCIA DE INSULINA ➔ Parte do acetil-Coa proveniente da beta oxidação é transformada em ácido acetoacético, β-hidroxibutírico e acetona. ➔ Esses são os denominados corpos cetônicos e são elevados em concentração sérica diante da deficiência de insulina. ➔ Ademais, há acidose diante do aumento da concentração sérica de ácido acetoacético. ➔ OBS: a própria deficiência de insulina diminui o grau de uso desse ácido pelos tecidos periféricos. ➔ E COMO OS TECIDOS PERIFÉRICOS O UTILIZARIAM ? ➔ Relembre, eles o transformariam novamente em acetil-Coa para perpetuar o processo de obtenção de energia. INSULINA E METABOLISMO PROTEICO ➔ A insulina promove a formação de proteínas e previne sua degradação. ➔ Ela estimula entrada de aminoácidos dentro das células, estimula a tradução do RNA mensageiro, em longos períodos estimula a transcrição de sequências genéticas, previne o catabolismo de proteínas e deprime a gliconeogênese, cujo principais substratos são os aminoácidos plasmáticos. DEFICIÊNCIA PROMOVE AUMENTO DO USO DE AMINOÁCIDOS ➔ Sem a insulina, todos os efeitos anteriores são revertidos. ➔ Nesse caso, há aumento da concentração de aminoácidos plasmáticos diante da degradação de proteínas dos tecidos. ➔ Esses aminoácidos em grande parte são utilizados como fonte de energia. ➔ Resultado: aumento da excreção de ureia na urina como fruto do metabolismo proteico. ➔ Diabetes mellitus grave: fraqueza extrema pela perda de proteínas. INSULINA E CRESCIMENTO ➔ A insulina age sinergicamente com o hormônio de crescimento para promover o crescimento dos indivíduos. MECANISMOS DE SECREÇÃO DE INSULINA Imagem do Guyton ➔ A glicose adentra as células beta pancreáticas. ➔ Em seguida, sofre fosforilação se transformando em glicose-6-fosfato. ➔ Essa glicose é utilizada para formação de ATP. ➔ Os ATPs produzidos inibem os canais de potássio. ➔ Essa inibição gera despolarização da membrana. ➔ A mudança de voltagem estimula os canais de cálcio. ➔ O cálcio que adentra estimula a fusão de vesículas contendo insulina com a membrana. Gabriella Lucas ➔ Assim, a insulina alcança o sangue por exocitose. OBS: as sulfonilureias, medicamentos utilizados para o diabetes mellitus tipo 2 agem nos canais de potássio, inibindo-os a fim de potencializar a secreção de insulina. CONTROLE DA SECREÇÃO DE INSULINA ➔ Além da concentração sérica de glicose, outros fatores influenciam a sua secreção. ➔ Deve -se ter em mente, também, que a relação entre a secreção de insulina e a concentração sérica de glicose segue os mecanismos de feedback. ➔ Observe a tabela abaixo do guyton. OUTROS FATORES QUE ESTIMULAM SECREÇÃO DE INSULINA AMINOÁCIDOS ➔ Os aminoácidos livres potencializam o estímulo da glicose. ➔ Eles sozinhos aumentam muito pouco a secreção de insulina. ➔ Isso é lógico,basta ter em mente o que já foi discutido anteriormente: se a insulina promove formação de proteínas, o excesso de aminoácidos estimulará a secreção de insulina para que novas proteínas sejam formadas. HORMÔNIOS GASTROINTESTINAIS ➔ Gastrina, secretina, colecistoquinina, peptídeo-1 semelhante ao glucagon ( GLP-1 ), peptídio insulinotrópico dependente de glicose ( GIP ) potencializam a sensibilidade da insulina ao aumento da concentração de glicose. ➔ Especialmente os hormônios GLP-1 e GIP fazem isso. ➔ Esses hormônios são liberados após refeição e geram uma resposta antecipatória pela secreção de insulina. ➔ É como se eles preparassem o recebimento de muita glicose pós-refeição. OUTROS HORMÔNIOS E O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ➔ Glucagon, o hormônio de crescimento (GH), o cortisol e, em menor intensidade, a progesterona e o estrogênio potencializam a secreção de insulina. ➔ E POR QUÊ É BOM TER ISSO EM MENTE? ➔ Entenda que quando esses hormônios são secretados durante longos períodos de tempo, as células beta pancreáticas podem ser levadas à exaustão, o que provoca o diabetes mellitus. ➔ Por isso que pessoas com acromegalia ( GH ) ou muito estressadas ( cortisol ) aumentam os riscos de desenvolvimento de diabetes. ➔ OBS: inervação parassimpática estimula secreção de insulina. ➔ OBS2: inervação simpática estimula a secreção de glucagon.