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Unidade 4 Controle e garantia da qualidade industrial Certificação da Qualidade Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria GUILHERME GONÇALVES DE SOUZA AUTORIA Guilherme Gonçalves de Souza Olá. Meu nome é Guilherme Gonçalves de Souza. Sou graduado em Administração e Especialista em Gerenciamento de Projetos, com certificação PMP©. Tenho experiência de 9 anos em projetos de Consultoria Organizacional, Desenvolvimento de Produtos de Hardware e Software, Sistemas de Informação, Planejamento Estratégico e Mapeamento de Processos. Meus conhecimentos e habilidades incluem a gestão ágil de projetos, SCRUM©, liderança, gestão e capacitação de equipes multidisciplinares. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir os conceitos e práticas adquiridos em minha trajetória profissional e acadêmica àqueles que estão construindo suas conquistas de carreira. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Controle da Qualidade Industrial ......................................................... 10 O que é Controle da Qualidade? ......................................................................................... 11 Sistema de Controle da Qualidade .................................................................................... 12 Controle da Qualidade Total ................................................................................................... 14 Dimensões e Princípios do Controle da Qualidade Total ............... 15 Garantia da Qualidade Industrial ......................................................... 18 O que é Garantia da Qualidade? .......................................................................................... 18 Sistema de Garantia da Qualidade ..................................................................................... 19 Planejamento da Qualidade ................................................................................. 19 O Ciclo de Garantia da Qualidade ................................................................... 21 Inspeção e Planos de Amostragem .....................................................24 Inspeção da Qualidade ...............................................................................................................24 Planos de Amostragem ..............................................................................................................26 Normas básicas .............................................................................................................27 Aplicando a NBR 5426 ............................................................................................. 30 Critérios de Excelência e Premiações da Qualidade ...................34 Fundação Nacional da Qualidade – FNQ ......................................................................34 O MEG e seus Critérios de Excelência ............................................................................35 Critérios e categorias de pontuação ..............................................................37 Prêmios Estaduais de Qualidade da Gestão .............................................................. 38 Prêmio Nacionl da Qualidade ............................................................................................... 39 7 UNIDADE 04 Certificação da Qualidade 8 INTRODUÇÃO Estamos prestes a entrar na última estação de nossa viagem pelos conhecimentos da Disciplina de Gestão da Qualidade. Nesta Unidade 4 seremos apresentados, nos Capítulos 1 e 2, aos aspectos básicos da Qualidade nas indústrias: primeiro veremos os conceitos sobre o Controle da Qualidade Industrial e depois os conceitos referentes à Garantia da Qualidade Industrial. No Capítulo 3 conheceremos as Normas Básicas para Planos de Amostragem e seus guias de utilização, entendendo como a Inspeção de Qualidade é regulamentada por padrões elaborados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Ao final, no Capítulo 4 vamos conhecer os Critérios de Excelência e as premiações regionais e nacionais promovidas no Modelo de Excelência da Gestão® – MEG pela Fundação Nacional da Qualidade – FNQ. Meu objetivo ao final desta Unidade é que você aprenda o máximo que puder e tome consciência de aplicar esses conhecimentos para crescer em sua trajetória profissional. Vamos encerrar nossa viagem com chave de ouro! Certificação da Qualidade 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Interpretar os principais conceitos sobre Controle da Qualidade Industrial. 2. Interpretar os principais conceitos sobre Garantia da Qualidade Industrial. 3. Explicar as Normas básicas para Planos de Amostragem e seus guias de utilização. 4. Explicar os Critérios de Excelência e Premiações da Qualidade. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Certificação da Qualidade 10 Controle da Qualidade Industrial INTRODUÇÃO: O objetivo deste capítulo é que você domine os principais conceitos sobre o Controle da Qualidade nas indústrias. Você entenderá melhor a definição de Controle da Qualidade, como é concebido um Sistema de Controle da Qualidade e se aprofundará ainda mais nos detalhes do Controle da Qualidade Total – CQT. Vamos começar! Vimos logo no início da Unidade 1, que após uma organização estabelecer os requisitos de qualidade de seus produtos e/ou serviços a fim de demonstrar seus atributos positivos, são aplicados três conceitos fundamentais para a “função qualidade”: • A Gestão da Qualidade, que representa a coordenação das atividades dos processos produtivos e serviços para que sejam realizados com qualidade, visado a excelência na execução de todas as tarefas e procedimentos. Considera que as dimensões da qualidade (desempenho, confiabilidade, percepção, durabilidade, características, conformidade e atendimento) podem ser compreendidas e mensuradas; • A Garantia da Qualidade, cujo objetivo é replicar requisitos de qualidade operacionais já estabelecidos em todos os processos futuros de desenvolvimento de produtos ou serviços; • O Controle da Qualidade, que consiste na realização de ações de inspeção com o objetivo de verificar se as características de um produto ou serviço estão em conformidade com os requisitos determinados. Certificação da Qualidade 11 Figura 1 Fonte: freepik O que é Controle da Qualidade? No que diz respeito à Qualidade industrial, comcerteza os três conceitos são fundamentais para que as demandas e expectativas de clientes e consumidores sejam atendidas plenamente. Entretanto é o Controle de Qualidade que desempenha papel central na entrega de resultados eficazes. Reforçando o conceito, o Controle da Qualidade é uma medida adotada por organizações de diferentes segmentos em todo mundo buscando definir padrões em procedimentos, políticas e ações, de maneira uniforme. Considera o grau de satisfação de consumidores, acionistas, funcionários, fornecedores e também da sociedade. Nesse processo, as propriedades de produtos e serviços de uma determinada organização são testadas com o objetivo de obter a certificação de um padrão de qualidade. Além do Controle de Qualidade interno à organização, existem vários órgãos ao redor do mundo que regulamentam tais padrões e especificações técnicas. Cada país possui sua legislação sobre o assunto, no Brasil podemos citar o INMETRO e a ABNT, por exemplo. O não cumprimento de legislações e padrões de qualidade pode ter como consequência a aplicação de sanções. Certificação da Qualidade 12 Figura 2 Fonte: freepik Sistema de Controle da Qualidade A demanda por um profissional responsável pela supervisão de todo o processo industrial surgiu após o período da Revolução Industrial. Foi a partir do início do século XX que as fábricas começaram a admitir capatazes para fiscalizar o trabalho dos operários. Dada a quantidade de etapas e trabalhadores envolvidos no processo produtivo, entende-se que um observador atento poderia ajudar a aperfeiçoar produções em larga escala, além de evitar desperdícios de matéria-prima, identificar falhas em projetos e execuções de tarefas. O principal responsável pelo Controle de Qualidade em uma indústria é o Engenheiro de Produção (também conhecido por Engenheiro de Produção Industrial, Engenheiro de Gestão Industrial ou Engenheiro Industrial). O papel desse profissional é auxiliar na implementação, manutenção e melhoraria dos processos e sistemas relacionados às atividades da organização que o emprega. Certificação da Qualidade 13 Muitas vezes o Engenheiro de Produção atua (ou orienta alguém) na função de Supervisor de Controle de Qualidade, onde participa das etapas de criação, de projeto e de fiscalização da produção dos bens. Essa função é responsável ainda por ajudar no aprimoramento de processos de produção, na definição dos padrões dos produtos da empresa e estar atento às legislações e normas técnicas para o ramo de atividades da organização, concebendo assim o Sistema de Controle da Qualidade dessa indústria. Visando satisfazer as necessidades das pessoas afetadas pela existência da organização que o aplica, um Sistema de Controle da Qualidade deve ir ao encontro das expectativas dos seguintes stakeholders: • Consumidores, que devem se sentir satisfeitos por um longo período após a compra do seu produto ou utilização dos seus serviços; • Colaboradores (empregados), que além de reconhecerem o esforço da organização em lhes pagar bem, devem se respeitados como seres humanos com oportunidade de crescimento pessoal e profissional no seu trabalho; • Acionistas, que visam receber parte do lucro da organização e esperam que ela expanda seus negócios e produção a fim de criar novas oportunidades; • Vizinhos, que devem ser respeitados por meio do controle ambiental, de forma que seja evitada a poluição do meio ambiente no qual a organização atua. O Sistema de Controle da Qualidade de uma organização segue, comumente, os princípios do Controle da Qualidade Total, pois tem as seguintes características básicas: • Pretende ser um sistema gerencial que parte do reconhecimento das necessidades das pessoas e estabelece padrões para o atendimento destas necessidades; • Visa manter os padrões que atendem às necessidades das pessoas; Certificação da Qualidade 14 • Objetiva melhorar, de modo contínuo, os padrões que atendem às necessidades das pessoas, partindo de uma visão estratégica e aplicando uma abordagem humanística. Figura 3 Fonte: freepik Controle da Qualidade Total Vimos, também na Unidade 1, o conceito de Controle da Qualidade Total – CQT (em inglês, Total Quality Control) cunhado por Armand Feigenbaum como um sistema eficaz que integra o desenvolvimento da qualidade, a manutenção da qualidade e os esforços de melhoria da qualidade entre os diferentes setores da empresa, tendo como objetivo a criação de produtos e serviços que satisfaçam plenamente os clientes a custos competitivos. O Controle da Qualidade Total é um sistema administrativo que foi aperfeiçoado no Japão com a introdução de ideias americanas no período pós Segunda Guerra Mundial. Ele foi concebido pelo grupo de pesquisa Certificação da Qualidade 15 do controle da qualidade da Union of Japanese Scientists and Engineers - JUSE e é baseado na participação de todos os setores da organização e de todos seus colaboradores no estudo e condução do controle da qualidade. O CQT emprega métodos cartesianos bebendo das ideias de Taylor, aplica o Controle Estatístico de Processo - CEP difundido por Shewhart, adota os conceitos sobre o comportamento humano lançados por Maslow e engloba todo o conhecimento ocidental sobre a qualidade, principalmente o trabalho desenvolvido por Juran. Dimensões e Princípios do Controle da Qualidade Total Visando atender as necessidades de clientes e consumidores, o objetivo, fim ou resultado desejado de uma organização é alcançar a Qualidade Total. A satisfação das necessidades das pessoas que garantirá a sobrevivência da empresa passa pelo cumprimento das dimensões da Qualidade Total, sendo elas: • Qualidade, que é a dimensão diretamente ligada à satisfação dos clientes internos e externos à organização. É aferida por meio das características de qualidade dos produtos ou serviços ofertados. Essa dimensão inclui a qualidade do produto ou serviço propriamente dita (entendida como a ausência de defeitos e a presença de características que agradarão aos consumidores), a qualidade da rotina da empresa (definida pela previsibilidade e confiabilidade em todas as operações), a qualidade do treinamento, a qualidade da informação, a qualidade das pessoas, a qualidade da empresa, a qualidade da administração, a qualidade dos objetivos, a qualidade do sistema, a qualidade dos engenheiros, entre outros; • Custo, correspondente ao custo final e dos custos interme-diários (de compras, de vendas, do recrutamento e seleção) do produto ou serviço. Outro item importante nessa dimensão é o preço, que deve refletir a qualidade, ou seja, cobra-se pelo valor agregado ao bem ou serviço ofertado; Certificação da Qualidade 16 • Entrega, representa a dimensão da Qualidade Total na qual são medidas as condições de entrega dos produtos ou serviços finais e intermediários de uma empresa. São mensurados os índices de atrasos na entrega, índices de entrega em local errado e índices de entregas em quantidades erradas; • Moral, que é a dimensão onde se monitora o nível médio de satisfação de um grupo de pessoas e que pode ser medido, por exemplo, por meio de índices como turn-over, absenteísmo e quantidade de reclamações trabalhistas; • Segurança, onde são avaliadas a segurança dos empregados e a segurança dos usuários dos produtos ou serviços, tudo isso com a análise de índices como número de acidentes e de gravidade para a segurança dos empregados, além da responsabilidade civil da organização para a segurança dos usuários. DEFINIÇÃO: Quanto à abordagem gerencial do CQT, podemos dizer que é baseada em métodos que podem ser aprendidos e praticados por todos os interessados no alcance dos objetivos estabelecidos e na sobrevivência da organização. Desse modo, o Controle da Qualidade Total é regido pelos seguintes princípios básicos: • Produzir e fornecerprodutos e/ou serviços que atendam concretamente às necessidades do cliente; • Garantir a sobrevivência da empresa através do lucro contínuo adquirido pelo domínio da qualidade, ou seja, quanto maior a qualidade maior a produtividade; • Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais alta prioridade, conhecendo e dominando os métodos que permitem estabelecer estas prioridades e solucionar problemas; Certificação da Qualidade 17 • Falar, raciocinar e decidir com base em dados e em fatos concretos. Consiste na tomada de decisões em cima de fatos e dados estatísticos e não baseados somente em experiência, bom senso, intuição, coragem; • Gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados, isto é, aplicar o gerenciamento preventivo a fim de evitar uma ação corretiva tardia e custosa; • Reduzir metodicamente as dispersões nas variáveis do processo com o isolamento de suas causas fundamentais; • Tratar o cliente como rei, não permitindo a venda de produtos defeituosos; • Procurar prevenir a origem de problemas cada vez mais a montante; • Nunca permitir que o mesmo problema se repita pela mesma causa; • Respeitar os colaboradores como seres humanos indepen-dentes; • Definir e garantir a execução da Visão e Estratégia da Alta Direção da organização. RESUMINDO: Vamos agora fazer a revisão do que acabamos de estudar? Como você sabe, esse nosso momento é fundamental para fixar os conteúdos. Nesse Capítulo 1 da Unidade 4 reforçamos o conceito de Controle da Qualidade, entendendo sua definição e a estruturação de um Sistema de Controle da Qualidade. No decorrer do conteúdo revisitamos os conceitos de Controle da Qualidade Total – CQT, aprofundando no tema e estudando suas dimensões e princípios. Essa foi apenas a primeira parte dos aspectos básicos da Qualidade Industrial. Que tal continuarmos descobrindo este tema no próximo capítulo? Juntos seguimos! Certificação da Qualidade 18 Garantia da Qualidade Industrial INTRODUÇÃO: Neste capítulo você vai ampliar sua bagagem de conhecimentos sobre a Qualidade nas indústrias. Descobriremos juntos o que é a Garantia da Qualidade e do que é composto um Sistema que aborda esse tema: o Planejamento e o Ciclo envolvidos. No final você demverá dominar os conceitos de Garantia da Qualidade Industrial. É hora de avançar. Me acompanhe! O que é Garantia da Qualidade? Assim como vimos o conceito de Controle de Qualidade na Unidade 1, fomos também apresentados à definição de Garantia da Qualidade, relembremos: A Garantia de Qualidade tem o objetivo de replicar os requisitos de qualidade operacionais já determinados e estabelecidos pela organização em todos os processos futuros de desenvolvimento de produtos ou serviços. Em outras palavras, a Garantia da Qualidade é uma função da organização que tem como finalidade confirmar que todas as atividades da qualidade estão sendo, ou serão, conduzidas de acordo com a forma requerida. Figura 4 Fonte: freepik Certificação da Qualidade 19 Sistema de Garantia da Qualidade De acordo com o site Bizuando (2013), a Garantia da Qualidade é um estágio avançado de uma organização que já aplicou da maneira adequada o Controle da Qualidade em cada projeto e em cada processo, estabelecendo um sistema confiável de obtenção de produtos ou prestação de serviços que satisfazem totalmente as necessidades dos seus consumidores. Os diferentes estágios da Garantia da Qualidade que uma organização percorre ao longo dos anos até alcançar a maturidade nessa disciplina são: • Garantia da Qualidade orientada pela inspeção. Primeiro estágio, no qual a responsabilidade pela qualidade é do departamento de inspeção; • Garantia da Qualidade orientada pelo controle de processo, onde a responsabilidade pela qualidade passa a ser de todos dentro da organização; • Garantia da Qualidade com ênfase no desenvolvimento de novos produtos, que representa o último estágio, no qual a responsabilidade pela qualidade extrapola os limites físicos da empresa, envolvendo as áreas de propaganda, assistência técnica, entre outras. Para um Sistema de Garantia da Qualidade percorrer tais estágios e atingir o nível máximo de maturidade, é preciso realizar o Planejamento da Qualidade e aplicar eficazmente o Ciclo de Garantia da Qualidade, como veremos a seguir. Planejamento da Qualidade Na atividade de Planejamento da Qualidade são definidos os atributos da qualidade a serem agregados ao produto ou ao serviço em cada processo interno, garantindo assim a satisfação das necessidades do consumidor. Em cada processo, as características da qualidade do produto ou serviço que lhe são designadas são transformadas em itens de controle e são gerenciadas. Certificação da Qualidade 20 Com esse Planejamento, o controle de Qualidade da organização passa de uma atitude Product Out, que é mais defensiva por se preocupar somente com que seus produtos ou serviços satisfaçam às especificações, para uma atitude mais ofensiva, ou Market In, que busca antecipar as necessidades dos clientes, incorporando-as às especificações de bens e serviços. Figura 5 Fonte: freepik Esse Planejamento da Qualidade mais proativo impacta diretamente nas características dos produtos, bem como nos seus custos de produção, a saber: • Quando se deseja agregar características positivas de qualidade ao produto ou serviço, visando aumentar a satisfação do consumidor, a qualidade percebida melhora e, consequentemente, o seu custo aumenta; • Quando se atua nos processos da empresa, praticando o controle da qualidade no dia-a-dia, os níveis de conformidade melhoram com a redução dos defeitos e, assim, os custos são reduzidos; • Quando se busca traduzir para as instruções técnicas dos processos produtivos os desejos dos consumidores, como por exemplo, um carro confortável, uma roupa fresca ou uma caneta macia, está sendo aplicado o Desdobramento da Função Qualidade, do inglês Quality Function Deployment – QFD. Nesta abordagem, as técnicas FMEA e FTA, estudadas na Unidade 1, contribuem na tradução dos desejos de clientes em especificações técnicas para os processos da indústria. Certificação da Qualidade 21 O Ciclo de Garantia da Qualidade Algumas características que demandam mudanças administrativas nas organizações têm sido motivadas pelos avanços tecnológicos e necessidade de respostas rápidas no tabuleiro do mercado internacional. Tais características são: • Diminuição do tempo entre o desenvolvimento científico e o desenvolvimento do projeto; • Diminuição do tempo de vida comercial de um produto, que rapidamente é substituído por um outro mais moderno. Figura 6: Garantia da Qualidade no ciclo de vida de um produto. Cliente Vendas Assistência Técnica Fornecedores Produção Inspeção Informações de mercado Pesquisa e desenvolv. Planejamento Avaliação Produção experimental Projeto Qu al id ad e no u so Qualidade no planejam ento Qualidade na produção Qu al id ad e no p ro je to d o pr od ut o e do p ro ce ss o Fonte: extraído de Bizuando (2013). Certificação da Qualidade 22 Podemos intuir então, que esse contexto demanda das organizações as seguintes atitudes: • Rapidez no desenvolvimento de novos produtos; • Acerto da satisfação total do consumidor, com a tradução perfeita das necessidades do cliente nos atributos de produtos e serviços; • Garantia de acerto do projeto e do produto, considerando que não há muito tempo para alterações do projeto, busca-se partir da análise do comportamento do consumidor perante o mercado onde o produto será inserido. Então, a Garantia da Qualidade, como definida por Juran, fornece proteção ao processo produtivo avisando antecipadamente sobre os potenciais desvios, possibilitando assim a adoção de ações corretivas antes da materialização de um desastre! A aplicaçãode tal conceito no desenvolvimento de produtos transforma assim a Garantia da Qualidade na Garantia do Projeto. A Garantia do Projeto e do Produto é realizada por meio do Ciclo de Deming, ou Ciclo PDCA, que já estudamos nas Unidades anteriores. Quando os conceitos do Ciclo PDCA são aplicados na construção e execução de um Sistema de Garantia da Qualidade, temos o Ciclo de Garantia da Qualidade. O Ciclo de Garantia da Qualidade envolve a Qualidade no Planejamento (Plan), resultando na Qualidade do Projeto do produto ou processo (Do), que por sua vez conduz à Qualidade no controle produtivo (Check), e que finalmente deve estar associada à Qualidade na Assistência (Act). Se o objetivo é alcançar um estado de melhoria contínua em processos, produtos e serviços, este Ciclo PDCA para a qualidade deve estar sempre sendo seguido. Certificação da Qualidade 23 RESUMINDO: Vimos os conceitos envolvidos no tema da Garantia da Qualidade Industrial. Primeiro entendemos sua definição e a estruturação de um Sistema de Garantia da Qualidade. Depois vimos como é elaborado e aplicado esse Sistema: com o Planejamento e o estabelecimento de um Ciclo de Garantia da Qualidade, baseado no já tão estudado Ciclo PDCA. Pronto, agora você já tem subsídios para entender os aspectos básicos da Qualidade Industrial. Avante! Certificação da Qualidade 24 Inspeção e Planos de Amostragem INTRODUÇÃO: No presente capítulo vamos entender a atividade da Inspeção da Qualidade e a teoria por trás dos Planos de Amostragem. O objetivo é que você conheça as Normas básicas para planos de amostragem e seus guias de utilização! Preparado(a) para conhecer aplicações práticas da Gestão da Qualidade? Bora lá! Inspeção da Qualidade Hayrton (2014) descreve as inspeções da qualidade e por atributos da seguinte maneira: É importante saber que a inspeção da qualidade é o processo de medir, ensaiar e examinar a unidade de produto ou comparar suas características com as especificações. A inspeção por atributos é aquela segundo a qual a unidade de produto é classificada simplesmente como defeituosa ou não (ou o número de defeitos é contado) em relação a um dado requisito ou conjunto de requisitos. Para esse autor, a unidade de produto é o elemento de referência na inspeção, podendo ser representada por um artigo simples, um par, um conjunto, uma área, um comprimento, uma operação, um volume, um componente de um produto terminado ou o próprio produto terminado. A unidade de produto pode ou não ser igual à unidade de compra, de fornecimento, de produção ou de expedição. Na Inspeção da Qualidade, a relação dos possíveis defeitos da unidade de produto pode ser realizada de acordo com sua gravidade. Assim, um defeito da unidade de produto significa a falta de conformidade a qualquer um dos requisitos especificados. Certificação da Qualidade 25 Figura 7 Fonte: freepik Os defeitos encontrados serão normalmente agrupados em uma ou mais das três classes que veremos a seguir, podendo ainda ser desdobradas em subclasses: • Defeito crítico. É o defeito que pode produzir condições perigosas ou inseguras para quem usa ou mantém o produto, podendo ser também o causador de não funcionamento ou acionamento de uma função importante em um produto mais complexo; • Defeito grave, que é considerado não crítico, mas pode resultar em falha ou reduzir substancialmente a utilidade da unidade de produto para o fim ao qual se destina; • Defeito tolerável. É aquele que não reduz, de modo substancial, a utilidade da unidade de produto para o fim ao qual é destinada ou não influi substancialmente no seu uso efetivo ou operação. Certificação da Qualidade 26 Planos de Amostragem Para compreendermos os conceitos de Planos de Amostragem, é necessário entendermos primeiro o que significa amostragem e a teoria por trás de sua definição. Amostragem corresponde a todo o processo de seleção de uma parte, geralmente pequena, dos elementos que constituem uma determinada população. Desse modo, o principal objetivo da teoria da amostragem é obter amostras que sejam suficientemente representativas de uma dada população em estudo. Da análise dessas partes se pretende encontrar informações confiáveis que poderão ser extrapoladas para essa população. Podemos afirmar que praticamente todas as indústrias realizam inspeções por amostragem em seus produtos, quer seja durante o processo produtivo, quer seja após o encerramento da produção de um lote, a chamada inspeção final. Quando falamos da aplicação da amostragem na Inspeção da Qualidade, é preciso ter em mente algumas limitações. Caso uma amostra seja composta por dados que não representem as características da população sob análise, há o risco de serem aceitos lotes de produtos com problemas, ou ainda serem rejeitados lotes em conformidade com todos os requisitos estabelecidos, resultando em informações incompletas ou incorretas sobre os produtos e/ou processos inspecionados. A questão passa a ser então: “Como determinar um plano adequado de inspeção por amostragem?”. Os planos devem se apoiados em consistência estatística, com análise que inclua todas as variáveis e informações pertinentes à validação eficaz da amostra. Os Planos de Amostragem são, portanto, os instrumentos utilizados na determinação do número de amostras a serem retiradas de uma porção, lote ou população, com o objetivo de se obter informações sobre sua qualidade e possibilitar a tomada de decisões. Certificação da Qualidade http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/ucm170830.htm http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/ucm170830.htm 27 São utilizados para a inspeção de: produtos terminados, componentes e matérias-primas, operações, materiais em processa- mento, materiais estocados, operações de manutenção, procedimentos administrativos, relatórios e dados, entre outros. Figura 8 Fonte: freepik Normas básicas Com a preocupação de determinar padrões para aplicação de Planos de Amostragem, foram concebidas duas normas técnicas sobre o tema pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT: a NBR 5426 e a NBR 5427. A “NBR 5426 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos”, é de janeiro de 1985, e tem como objetivo estabelecer planos de amostragem e procedimentos para inspeção por atributos. Quando especificada pelo responsável, essa Norma deve ser citada nos contratos, instruções ou outros documentos, e as determinações estabelecidas devem ser obedecidas. Certificação da Qualidade 28 Na NBR 5426 são estabelecidos três níveis gerais de inspeção e quatro níveis especiais de inspeção. Os sete níveis possibilitam que o usuário da Norma equilibre o custo de inspeção com a garantia da qualidade requerida. Os níveis gerais de inspeção de I a III são comumente usados em inspeção do tipo não-destrutiva. Os níveis especiais S-1 a S-4, por sua vez, geralmente são usados em inspeções do tipo destrutivas ou de custo elevado onde são adequados pequenos tamanhos de amostra. Antes de se especificar o nível de inspeção, uma análise detalhada de alguns fatores deve ser realizada, a fim de se melhorar a relação entre custo e risco. Entre outros itens, essa análise deve incluir: • As Curvas Características de Operação – CCO para avaliar as propriedades técnicas dos vários planos de amostragem; • O risco do fornecedor e a discriminação oferecida pelos vários níveis de inspeção; • O conhecimento do processo de produção; • O conhecimento da capabilidade do processo, além d a história do desempenho passado da qualidade; • A complexidade do item; • O custo e a importância do exame ou ensaio, principalmente quando um ensaio a ser realizado é caro, demorado ou de caráter destrutivo; • A importância das diversas características da qualidade que estão sendo examinadas, isto é, a gravidade das falhas geradas emcasos de não conformidade; • A análise do risco do consumidor. A NBR 5426 prevê ainda três tipos de amostragem: simples, dupla e múltipla. Na Norma são apresentadas informações gerais sobre cada um desse tipos de planos de amostragem. Já a “NBR 5427 – Guia para utilização da norma NBR 5426 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos”, também de janeiro de 1985, fixa as instruções detalhadas e exemplos ilustrativos Certificação da Qualidade 29 para aplicação e administração dos procedimentos de amostragem por atributos estabelecidos pela NBR 5426. Figura 9: Sequência típica de operações. Sequência de operações Operações Explicação 1. Determinar o tamanho do lote Tamanho do lote, estabelecido pelos critérios de formação do lote, contidos nos documentos de aquisição, ou conforme acordo entre produtor e consumidor. 2. Escolher o nível de inspeção No início do contrato ou produção é aconselhável usar nível II. Podem ser usados outros níveis de inspeção, se o histórico da qualidade assim o indicar. 3. Determinar o código literal do tamanho da amostra É encontrado na Tabela 1 da NBR 5426 e baseado no tamanho do lote e no nível de inspeção. 4. Escolher o plano de amostragem Geralmente usa-se o plano de amostragem simples. Podem, entretanto, ser usadas amostragem dupla e múltipla. 5. Estabelecer a severidade da inspeção No início do contrato ou produção utiliza-se inspeção em regime normal. 6. Determinar o tamanho da amostra e o número de aceitação Baseados nos requisitos para inspeção simples e regime normal são encontados na Tabela 2 da NBR 5426: o valor do NQA especificado e o código literal do tamanho da amostra, o tamanho da amostra e o número de aceitação. 7. Retirada da amostra A amostra é retirada do lote, ao acaso, na quantidade de unidades de produto, conforme determinado na Tabela 2 da NBR 5426. 8. Inspeção da amostra O número de defeituosos (ou "defeitos por cem unidades") é contado e comparado com o(s) número(s) de aceitação, adotando o critério próprio para cada tipo de plano de amostragem (ver Anexo da NBR 5426). Exemplo: Foram prescritos, para uso no início de um contrato para uma grande quantidade do produto A, o nível de inspeção II, amostragem simples, um valor de Nível de Qualidade Aceitável (AQA) de 2,5%, bem como os procedimentos de inspeção normal. Considerou-se adeuqado um tamanho de lote de 1500 unidades de produto A, levando-se em conta a taxa de produção e as características do produto. O plano de amostragem e os procedimentos são determinados como segue: a) encontra-se o código literal do tamanho da amostra, K, na Tabela 1 da NBR 5426, baseado em um tamaho de lote de 1500 e no nível geral de inspeção II; b) na Tabela 2 da NBR 5426 correspondente ao código literal K e NQA de 2,5% encontram-se o tamanho de amostra de 125 peças e um número de aceitação (Ac) de 7; c) do lote de 1500 unidades retira-se ao acaso uma amostra de 125 unidades. Em cada unidade na amostra, inspecionam-se todas as características da qualidade especificadas para se determinar se a unidade é defeituosa ou não; d) o lote inteiro de 1500 unidades será aceito se forem encontradas sete ou menos unidades defeituosas na amostra (as unidades defeituosas encontradas na amostra podem ser substituídas por unidades não defeituosas ou recuperadas para corrigir as deficiências). Se oito ou mais unidades forem encontradas na amostra, o lote deve ser rejeitado. Fonte: extraído de Hayrton (2014). Certificação da Qualidade 30 Aplicando a NBR 5426 Os Planos de Amostragem de inspeção por atributos da NBR 5426 têm, entre outros, os seguintes campos de aplicação: • Produtos terminados, onde são relacionados os bens que podem ser inspecionados antes ou após embalagem e expedição para embarque ou armazenagem; • Componentes e matérias-primas, cujos materiais podem ser inspecionados na origem, onde são fabricados, próximo à recepção, no ponto de montagem, ou em qualquer lugar conveniente ao longo do processo de montagem, onde são formados os bens terminados; • Operações, que são as rotinas de trabalho que podem ser inspecionadas por amostragem a fim de se determinar se as máquinas de produção e seus operadores estão desempenhando satisfatoriamente o trabalho; • Materiais em processamento. Podem ser inspecionados por amostragem para se determinar a qualidade após qualquer fase ao longo da linha de produção, bem como para se determinar a extensão do dano ou deterioração durante a armazenagem temporária entre diferentes fases de produção, ou a qualidade antes do produto ser encaminhado de uma etapa do processo de produção para outra; • Materiais estocados. Os procedimentos e as tabelas de amostragem da Norma podem ainda ser usados na determinação da qualidade de materiais estocados; • Operações de conserto, que são geralmente executadas em materiais recuperáveis para restaurá-los à condição de poderem prestar serviços. Faz-se a inspeção por atributos depois de tais operações terem sido executadas para determinar a qualidade do produto após seu reparo; • Procedimentos administrativos – se os resultados de procedimentos administrativos puderem ser medidos na base de atributos, os planos de amostragem e os procedimentos abarcados pela Norma poderão ser aplicados para sua avaliação e controle; Certificação da Qualidade 31 • Dados ou relatórios. Os procedimentos de inspeção por amostragem por atributos podem ser usados como uma base para determinação da precisão e outras medidas da qualidade dos dados ou registros sempre que forem processadas grandes quantidades de dados (registros contábeis, dados de custo, pedidos ou contas de fretes, por exemplo). Na Figura 9 há uma sequência típica de operações aplicadas quando se usam os procedimentos de amostragem e as tabelas de inspeção por atributos da NBR 5426. De acordo com Hayrton (2014), a definição, a escolha e a aplicação do Nível de Qualidade Aceitável – NQA podem ser discutidas. Em um exemplo citado por esse autor, na porcentagem defeituosa e defeitos por 100 unidades existem 16 valores específicos de NQA dados nas tabelas de amostragem da NBR 5426, variando de 0,01 a 10,0, que podem ser expressos tanto em ‘porcentagem defeituosa’ quanto em ‘defeitos por cem unidades (DCU)’. São previstos ainda dez valores específicos de NQA de 15 a 1000 que devem ser expressos somente em termos de ‘defeitos por cem unidades’. Assim, os valores de NQA foram escolhidos de tal forma que cada um é aproximadamente 1,5 vezes maior do que seu precedente. Podemos afirmar que os tamanhos de uma amostra dependem, de alguma maneira, do valor do NQA. O efeito do valor do NQA pode ser observado ao se examinar a Tabela 2 da NBR 5426 onde é apresentada uma série de flechas apontando para baixo e uma série de flechas apontando para cima. Sempre que uma flecha estiver apontando para baixo é usado o primeiro plano de amostragem logo abaixo da flecha. Por sua vez, sempre que uma flecha apontar para cima é usado o primeiro plano de amostragem localizado logo acima dessa flecha. Hayrton (2014), ilustra a utilização da Tabela 2 da NBR 5426 com dois exemplos: • No exemplo 1 a Tabela é usada com um NQA de 0,10%, onde o menor tamanho de amostras que pode ser escolhido é 125 de unidades, não importando a aplicação de qualquer dos códigos literais de tamanho de amostra de A a J. Já para um NQA de 1,0%, nesse exemplo, o menor tamanho de amostra é de 13 unidades; Certificação da Qualidade 32 • Já o segundo exemplo considera o uso da Tabela 2 da NBR 5426 com um NQA de 15 DCU, onde o maior tamanho de amostra pedido é de 80 unidades. Para um NQA de 1,0% com código literal de tamanho de amostra F, a flecha aponta para cima para um tamanho de amostra de 13 unidades e número de aceitação zero. Figura 10: Tabela 2 da NBR 5426. Fonte: extraído de Hayrton (2014). Geralmente, na medida em que oNQA aumenta, os tamanhos mínimo e máximo da amostra diminuem, por outro lado, quando o valor do NQA diminui, os tamanhos mínimo e máximo da amostra aumentam. Os valores do NQA exibidos nas tabelas da NBR 5426 são os chamados NQAs preferenciais. Assim, essas tabelas não se aplicam quando, para qualquer produto, for designado um NQA diferente dos NQAs preferenciais. Dessa forma, pretende-se limitar a quantidade de planos de amostragem a um número prático. Para que as Tabelas da NBR 5426 possam ser utilizadas, é necessário que um determinado NQA não preferencial seja igualado ao valor próximo mais baixo de um NQA preferencial. Por exemplo, consideremos um NQA especificado de 5%. O valor do NQA preferencial de 4,0% - menor mais próximo de 5% - é o que deverá ser designado se forem utilizados os Certificação da Qualidade 33 planos de amostragem e os procedimentos da Norma. É tal mudança para um valor mais baixo de NQA que assegurará uma qualidade de produto tão boa ou melhor que a qualidade originalmente almejada. RESUMINDO: Mais uma vez chegamos ao grande momento de nossa revisão do aprendizado. Neste Capítulo 3 vimos os conceitos sobre a Inspeção da Qualidade e os Planos de Amostragem. Depois fomos apresentados a duas Normas da ABNT que regulamentam os planos de amostragem e os procedimentos na inspeção por atributos: a NBR 5426 e a NBR 5427. Por fim, aprofundamos na aplicação da NBR 5426, com exemplos técnicos que demonstram como ela ajuda a definir os Planos de Amostragem nas indústrias Então, achou complicados esses novos conceitos? Espero que não muito, basta prestar atenção em todo o material didático, realizar os cálculos corretamente e talvez pesquisar um pouco mais. Saiba que um dia você pode ser solicitado(a) a aplicar as Normas que vimos aqui. Continuamos avançando nos estudos! Certificação da Qualidade 34 Critérios de Excelência e Premiações da Qualidade INTRODUÇÃO: Neste derradeiro capítulo de nossa disciplina de Gestão da Qualidade conheceremos primeiro a Fundação Nacional da Qualidade – FNQ. Depois entenderemos sua atuação e aplicação do MEG. O objetivo final é que você conheça os Critérios de Excelência e as premiações regionais e nacional pela excelência na Gestão da Qualidade no Brasil. Vamos aprender juntos! Fundação Nacional da Qualidade – FNQ Já estudamos nessa disciplina as duas principais instituições normalizadoras. Em nível nacional, conhecemos a atuação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, já em nível global, fomos apresentados às atribuições da Organização Internacional para Padronização, ou International Organization for Standardisation – ISO. Agora extrapolaremos nosso conhecimento além da reunião e parâmetros, criação e aplicação de normas, vamos entender a atuação da Fundação Nacional de Qualidade – FNQ. A FNQ foi fundada em 11 de outubro de 1991 e tem como objetivos principais: a disseminação dos fundamentos da gestão para excelência e para o aumento da competitividade das organizações e do Brasil; a promoção da conscientização da gestão para excelência nas organizações, facilitando a transmissão de informações e conceitos relativos às técnicas e práticas bem-sucedidas. É a FNQ ainda que planeja, organiza, operacionaliza, controle e aperfeiçoa o processo de premiação do PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE, por ela instituído e que é concedido anualmente à organizações estabelecidas no Brasil, avaliadas de acordo com os critérios de premiação e regulamentos para candidatura estabelecidos pela Fundação. Certificação da Qualidade 35 Figura 11: PDCL-PDCA. Fonte: extraído de Blog EOS (2018). Em seu site, a FNQ (2018), afirma que: O trabalho da FNQ é baseado no Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), uma metodologia de avaliação, autoavaliação e reconhecimento das boas práticas de gestão. Estruturado em oito Fundamentos, o Modelo define uma base teórica e prática para a busca da excelência, dentro dos modernos princípios da identidade empresarial e do atual cenário do mercado. Veremos a seguir a relação dos Critérios de Excelência utilizados pelo Modelo de Excelência da Gestão® – MEG. O MEG e seus Critérios de Excelência O Modelo de Excelência da Gestão® – MEG, como já vimos, é um modelo estruturado em oito critérios. Esses critérios são formalmente chamados de Fundamentos, e retratam as melhores práticas de organizações que são referência mundial em qualidade e produtividade. Em suma, o MEG é um modelo não prescritivo, aplicável em qualquer organização. Ele foi pensado como um modelo sistêmico, e é baseado no ciclo PDCL, onde: P (plan = planejar), D (do = executar), C (check = conferir), L (learn = aprender). Os Critérios da Excelência são o ponto de partida para qualquer organização que queira iniciar no MEG. Eles fazem parte da avaliação para a conquista dos prêmios de gestão da qualidade. Certificação da Qualidade 36 Em termos de avaliação do MEG, os avaliadores da FNQ consi- deram alguns pontos fundamentais como continuidade, padrões de cumprimento, agilidade, controle, responsáveis e stakeholders envolvidos. Os oito Critérios de Excelência são: • Liderança. Esse critério aborda os processos gerenciais relativos à orientação filosófica da organização e controle externo sobre sua direção, leva em consideração o engajamento, promovido pelas lideranças da organização, das pessoas e partes interessadas na sua causa. Avalia ainda o controle de resultados pela direção; • Estratégias e Planos. Critério que avalia os processos gerenciais relativos à concepção e à execução das estratégias, inclusive aqueles referentes ao estabelecimento de metas e à definição e ao acompanhamento de planos necessários para o êxito dessas estratégias; • Clientes. Aborda os processos gerenciais relativos ao tratamento de informações de clientes e mercado, bem como a comunicação da organização com o mercado e os clientes atuais e potenciais; • Sociedade. Critério onde são analisados os processos gerenciais relativos ao respeito e tratamento das demandas da sociedade e do meio ambiente, considerando o desenvolvimento social das comunidades mais influenciadas pela organização; • Informações e Conhecimento. Esse é o critério que aborda aos processos gerenciais relativos ao tratamento organizado da demanda por informações na organização e ao desenvolvimento controlado dos ativos intangíveis geradores de diferenciais competitivos, especialmente os de conhecimento; • Pessoas. Como pode ser deduzido, esse critério analisa os processos gerenciais relativos à configuração de equipes de alto desempenho, ao desenvolvimento de competências dos colaboradores da organização e à manutenção do seu bem-estar; Certificação da Qualidade 37 • Processos. Aborda os processos principais e de apoio do negócio, tratando separadamente os processos relativos a fornecedores e os processos econômico-financeiros; • Resultados. Nesse critério os resultados da organização são abordados na forma de séries históricas e acompanhados por referenciais comparativos pertinentes a fim de se avaliar o nível alcançado. São analisados os níveis de desempenho associados aos principais requisitos definidos pelas partes interessadas. Critérios e categorias de pontuação Segundo o Blog EOS (2018), cada Critério de Excelência do MEG está vinculado a uma pontuação pré-definida pela FNQ, o que permite avaliar tanto o grau de maturidade da gestão quanto o potencial de a organização receber um prêmio. Essa pontuação é variável a cada nível, uma vez que os pontos aumentam, mas os critérios continuam sendo os oito que foram apresentados. Figura 12: Critérios de Excelência. Fonte: extraído de Blog EOS (2018).]] Certificação da Qualidade 38 O MEG analisa os Critérios de acordo com cinco categorias existentes, a saber: • Nível I – 125 pontos; • Nível II – 250 pontos; • Nível III – 500 pontos; • NívelIV – 750 pontos; • Nível V – 1000 pontos. Essas categorias consideram alguns atributos, como o nível de maturidade da gestão e a quantidade de funcionários, por exemplo. Tais critérios permitem que empresas menores se insiram no mesmo modelo que uma multinacional, porém em níveis diferentes. Em outras palavras, a cada nível, os critérios ficam maiores, com mais perguntas, exigindo elevado grau de aperfeiçoamento dos processos. Prêmios Estaduais de Qualidade da Gestão O Blog EOS (2018) afirma que a FNQ se divide em institutos regionais para a aplicação e disseminação do modelo, que formam a chamada Rede de Qualidade, Produtividade e Competitividade - Rede QPC. Os movimentos e instituições estaduais da Rede QPC realizam premiações às organizações que aderem ao MEG. Os processos de premiação seguem uma sequência: • É aberto um edital de inscrição e as organizações que atendem aos requisitos se inscrevem; • Essas organizações são avaliadas por avaliadores independentes; • Os avaliadores, por sua vez, são devidamente capacitados a gerarem os diagnósticos de gestão para cada uma das organizações inscritas; • Ao final das análises, há uma cerimônia para premiar os destaques no modelo. Certificação da Qualidade 39 Os nomes das premiações podem variar de acordo com o estado ou região. É importante também ressaltar que mais do que ganhar um prêmio, é o aprendizado proporcionado pelo MEG na organização como um todo que fica de legado. Figura 13 Fonte: freepik Prêmio Nacionl da Qualidade Assim como ocorre nos estados, a FNQ premia os destaques nacionais no MEG. A partir de 2017, o Prêmio Nacional da Qualidade® - PNQ foi remodelado e deu origem ao Prêmio “Melhores em Gestão®”, considerado o reconhecimento máximo à gestão para excelência das organizações no Brasil. Segundo a FNQ (2018: Realizado anualmente, o processo de avaliação Melhores em Gestão® premia empresas nível classe mundial e ocupa uma posição central na missão da FNQ, de estimular e apoiar as organizações para o desenvolvimento e a evolução de sua gestão, por meio da disseminação dos Fundamentos da Gestão para Excelência, para que se tornem sustentáveis, cooperativas e gerem valor para a sociedade. Certificação da Qualidade 40 Os processos do Prêmio Melhores em Gestão® seguem sequência semelhante às premiações estaduais: • As organizações postulantes ao Prêmio se inscrevem seguindo alguns requisitos; • Essas organizações são avaliadas por avaliadores indepen-dentes capacitados pela FNQ; • Os avaliadores emitem, para cada organização, um Diagnóstico de Maturidade da Gestão que contém a pontuação global e detalhada de cada critério; • As organizações tomam conhecimento de seus pontos fortes e das oportunidades de melhoria em outros pontos; • Por fim, a FNQ reconhece anualmente as organizações de classe mundial com a premiação Melhores em Gestão®. O reconhecimento da premiação visa estimular e apoiar as organizações no desenvolvimento e evolução da sua gestão, por meio dos fundamentos da excelência. Além dos troféus, a FNQ realiza a cerimônia de premiação e um jantar de gala para os envolvidos no MEG: as organizações reconhecidas, os avaliadores, os parceiros e os patrocinadores. RESUMINDO: Então, chegou a hora de avaliarmos o conteúdo visto aqui e nos despedirmos da disciplina. Neste Capítulo 4 da Unidade 4 conhecemos a Fundação Nacional da Qualidade – FNQ e suas atribuições. Vimos que a FNQ definiu oito Fundamentos, que são os Critérios de Excelência, usados na avaliação de organizações no Modelo de Excelência da Gestão® – MEG. Aprendemos que a FNQ, e suas representantes estaduais, aplicam o MEG para diagnosticar, apontar pontos fortes e oportunidades de melhoria para as organizações avaliadas. Por fim as participantes melhores colocadas podem ser premiadas em nível regional ou até nacional, com o Prêmio “Melhores em Gestão®”. Desejo agora que você tenha aprendido o conteúdo da disciplina e que um dia desfrute de ter sua organização premiada no MEG. Obrigado! Certificação da Qualidade https://www.eosconsultores.com.br/8-fundamentos-da-excelencia-em-gestao/ 41 BIBLIOGRAFIA BIZUANDO. Introdução à Engenharia da Qualidade. Capítulo 2: Conceitos Básicos da Qualidade Industrial. Disponível em: <http://bit. ly/2QjY6fE>. Acesso em: 02 out. 2019. BLOG EOS. Critérios da Excelência e o Prêmio Qualidade de Gestão. Disponível em: <http://bit.ly/33OI0OK>. Acesso em: 09 out. 2019. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE – FNQ. Melhores em Gestão. Disponível em: <http://bit.ly/2NJUEch>. Acesso em: 09 out. 2019 ______. Sobre a FNQ. Disponível em: <http://bit.ly/2XaOBke>. Acesso em: 07 out. 2019 HAYRTON. Planos de amostragem e inspeção por atributos. Disponível em: <http://bit.ly/2KlbJas>. Acesso em: 06 out. 2019. Certificação da Qualidade https://qualidadeonline.wordpress.com/2014/03/10/planos-de-amostragem-e-inspecao-por-atributos/ Controle da Qualidade Industrial O que é Controle da Qualidade? Sistema de Controle da Qualidade Controle da Qualidade Total Dimensões e Princípios do Controle da Qualidade Total Garantia da Qualidade Industrial O que é Garantia da Qualidade? Sistema de Garantia da Qualidade Planejamento da Qualidade O Ciclo de Garantia da Qualidade Inspeção e Planos de Amostragem Inspeção da Qualidade Planos de Amostragem Normas básicas Aplicando a NBR 5426 Critérios de Excelência e Premiações da Qualidade Fundação Nacional da Qualidade – FNQ O MEG e seus Critérios de Excelência Critérios e categorias de pontuação Prêmios Estaduais de Qualidade da Gestão Prêmio Nacionl da Qualidade
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