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Trauma Crânio Encefálico 1 🥼 Trauma Crânio Encefálico Type Aula ao Vivo Date Especialidade Trauma Material Reviewed Área Cirurgia Geral Anatomia Lobo Frontal: controla as funções de execução, emoções, motora e, no lado dominante, a expressão da fala. Lobo Parietal: responsável pela função sensorial e orientação espacial. Lobo Temporal: relacionado com a memória. Lobo Occipital: responsável pela visão. Tronco Cerebral → mesencéfalo e ponte: sistema ativador reticular, responsável pelo estado de alerta → bulbo: centros cardiorrespiratórios vitais. Cerebelo: responsável pela coordenação e equilíbrio. Meninges → dura-máter: membrana resistente e fibrosa que se adere à superfície interna do crânio; artéria meníngeas correm entre ela e o crânio, no espaço epidural (hematomas com formato biconvexo) → aracnoide: não está firmemente aderida à dura-máter, existindo um espaço potencial (espaço subdural) em que podem ocorrer hemorragias (formato crescente) → pia- máter: firmemente aderida à superfície do cérebro; o LCR preenche o espaço entre ela e a aracnoide, chamado de subaracnoide (sangue nos sulcos e cisternas); sangramentos no espaço preenchido pelo LCR são, com frequência, acompanhados por contusão cerebral ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo. @January 23, 2023 Trauma Crânio Encefálico 2 Fisiopatologia Pressão Intracraniana: pressão exercida pelo LCR em seu trajeto no espaço subaracnoide → normal no estado de repouso é -10mmHg → pressões >20mmHg , especialmente se mantidas ou refratárias ao tratamento, são associadas a pior prognóstico no TCE. Doutrina de Monro-Kellie: volume total do conteúdo intracraniano deve permanecer constante, pois o crânio é uma caixa não expansível → quando volume intracraniano aumenta, a PIC também aumenta, fazendo o sangue venoso e LCR sejam comprimidos para fora do espaço intracraniano → ao atingir o limite de deslocamento do LCR e do sangue intravascular, a PIC aumenta rapidamente, gerando o ponto de descompensação do TCE → pode resultar em herniação cerebral e uma redução da pressão de perfusão cerebral (PPC). Fluxo Sanguíneo Cerebral (PPC): pressão arterial média (PAM) menos a PIC, e reflete o fluxo sanguíneo direcionado ao encéfalo → PAM entre 50-150 é autorregulada para manter a PPC constante → o TCE grave pode prejudicar essa autorregulação, que o cérebro fica incapaz de compensar as mudanças na PPC → se PAM muito baixa, pode haver isquemia e infarto; se PAM muito alta, pode ocorrer edema com aumento da PIC → valores de PIC > 20 são classificados como hipertensão intracraniana grave e podem resultar em isquemia. Avaliação Inicial Trauma Crânio Encefálico 3 Deve seguir o ABCDE conforme o protocolo do ATLS → investigação neurológica presente no D, se apoiando em nível de consciência e avaliação da pupila. Após o ABCDE, os doentes identificados pela avaliação clínica como TCE, necessitam de estratificação de risco pela escala de Glasgow e achados de exames complementares (TC). Lesões Intracranianas Difusas Mecanismos de aceleração e desaceleração do encéfalo dentro do crânio. Concussão Cerebral: distúrbio neurológico não focal, transitório que inclui perda de consciência (em geral < 6h) e retorno da consciência sem déficit neurológico associado → TC pode ser incialmente normal ou ter edema difuso do cérebro, com perda da distinção habitual entre cinza e branco. 💡 Sinais de Gravidade: anisocoria, hemiplegia/hemiparesia, Glasgow < 9, afundamento de crânio/extravasamento de tecido cerebral/LCR, queade > 3 pontos na ECG Lesão Axonal Difusa (LAD): impactos de alta velocidade ou lesões por desaceleração que causam cisalhamento entre a substância encefálica, podendo causar hemorragias pontilhadas em todos os hemisférios, concentrando-se nos limites entre substâncias branca e cinzenta → cursa com perda de consciência prolongada, geralmente > 6h → TC pode ser inicialmente normal (dissociação clínico-radiológica), por conta das rupturas axonais serem microscópicas → desfecho clínico variável, mas em geral é reservado. Focais Trauma Crânio Encefálico 4 Incluem lesões caracterizadas por sangramentos delimitados. Hematoma Epidural: relativamente raros (0,5% dos TCE) → tem forma biconvexa à medida que empurram a dura-máter → mais localizadas na região temporal ou temporoparietal → habitualmente resultam da ruptura da artéria meníngea média, causada por fratura → fonte arterial → cursa com um intervalo lúcido. Hematoma Subdural: mais comuns (30% dos TCE graves) → ocorrem por dilaceração de vasos superficiais pequenos ou vasos em ponte no córtex cerebral (veias pontes) → assumem um padrão em crescente, que se molda à forma do contorno do cérebro → devido a lesão parenquimatosa concomitante, o comprometimento cerebral subjacente costuma ser muito mais grave que o dos hematomas epidurais → maior risco em idosos, alcoolátras, anticoagulação e discrasia sanguíneas (os dois primeiros por redução da massa encefálica e estiramentos das veias) → sintomas clássicos são anisocoria ipsilateral, hemiplegia contralateral, confusão/rebaixamento. Trauma Crânio Encefálico 5 Contusões e Hematomas Intracerebrais: ocorrem em 20-30% dos TCE graves, sendo a maioria nos lobos frontal e temporal → concussão grave → podem evoluir, em horas ou dias, para hematoma intracerebral ou contusão subjacente capaz de gerar um efeito de massa que desloque estruturas, exigindo evacuação cirúrgica imediata → esses doentes devem ser submetidos a TC de controle para avaliar mudanças no padrão da contusão nas 24h após a TC inicial. Conduta TCE Leve Definido com escore de 13 a 15 na ECG após a reanimação → frequentemente sofrem concussão e podem se apresentar sem alteração do nível de consciência ou com história de perda transitória da consciência após um TCE. Exame a ser solicitado é TC sem contraste → na fase aguda, o sangue adquire aspecto branco (hiperdenso). Trauma Crânio Encefálico 6 Se anormalidade na exames ou paciente sintomático/neurologicamente anormla, deve-se hospitalizá-lo e um neurocirurgião deve ser consultado. Se manter assintomático e neurologicamente normal, pode ser observado por algumas horas, reexaminado → se manter assim, pode recer alta com orientações aos cuidados de um acompanhante que possa observá-lo por 24h, com fácil acesso ao hospital se intercorrências. TCE Moderado Definido com escore de 9 a 12 na ECG → corresponde a 15% dos TCE → em geral, estão confusos ou sonolentos e podem apresentar déficit neurológico focal como hemiparesia → 10-20% tem piora e entram em coma, por isso, é crítico realizar avaliação neurológica seriada. Todos necessitam de TC e de hospitalização para observação e reavaliação nas primeiras 12-24h, sendo recomendado TC de controle em 24h se a incial for anormal ou deterioração do estado neurológico. Se doente melhorar (90%), alta quando apropriado e seguimento ambilatorial. Se deteriorar, repetir TC e tratar de acordo com protocolo de TCE grave. TCE Grave Definido como escore de 3 a 8 na ECG → representa 10% dos TCE → incapazes de obedecer ordens simples, mesmo após estabilização Trauma Crânio Encefálico 7 cardiopulmonar → identifica pacientes que tem maior risco de morbimortalidade. Conduta imediata após estabilização inicial é TC e avaliação do neurocirurgião. Nesses casos, a lesão primária no tecido nervoso já ocorre → deve-se tomar condutas para evitar lesão cerebral secundária por siquemia ou hipóxia → otimização de medidas que aumentem PPC, a qual resulta de aumenta a PAM e reduzam a PIC. As duas medidas mais importantes durante o atendimento inicial são oxigenação adequada e reanimação volêmica. Outros cuidados também devem ser observados: IOT e ventilação mecânica objetivando SatO2 > 95%, PaCO2 entre 35- 45mmHg e pH entre 7,35-7,45 → hiperventilação lava CO2 (PaCO2 entre 25-30) e leva à vasoconstricção cerebral, causando redução da PIC a custas de redução de fluxo sanguíneo cerebral, havendo riscode isquemia se hiperventilação prolongada e agressiva → contudo, hiperventilação pode ser indicada por perídos curtos em pacientes com deterioração neurológica súbita enquanto outras medidas não são associadas → hiperventilação terapêutica deve ser uma ponte para o tratamento efetivo. PAS ≥ 100mmHg e PAM > 80-90mmHg e PIC entre 20-25mmHg → para manter boa PPC → podem ser atingidas por expansão volêmica EV, mas pode ser necessário o uso de drogas vasopressoras se sobrecarga hídrica. Normoglicemia (140-180 mg/dL) → evitando hipo (principalmente) e hiperglicemia, pelo risco de agravamento da lesão neurológica. Normonatremia (entre 135-145) → hiponatremia deve ser evitada pois pode agrave edema cerebral. Normotermia (< 38° C). Correção de anticoagulação e antiagregação plaquetária → avaliar e tratar paciente em uso dessas drogas → após obter o INR, deve-se obter prontamente uma TC desses doentes. Trauma Crânio Encefálico 8 Algumas medidas podem ser tomadas para reduzir a PIC e aumentar a PPC. Elevação da cabeceira à 30°: deve ser feita em todos os pacientes vítimas de TC ainda no atendimento incial, pois melhora fluxo venoso cerebral e evita edema e a consequente lesãos secundária. Antibioticoterapia: se necessário, em casos de penumoencéfalo → feito com cefuroxima ou ceftraixona. Sedação e analgesia: em pacientes intubados visando um RASS -5 a fim de reduzir taxa metabólica cerebral com protenção à lesão secundária. Bloqueadores neuromusculares e aumento da sedação: casos de agutação psicomotora com consequente aumento da PIC → objetico Trauma Crânio Encefálico 9 é paciente completamente sedado (RASS -5) Manitol: indicado se deterioração neurológica aguda (dilatação de uma das pupilas, hemiparesia ou perda de consciêcia), desde que paciente normovolêmico → sem efeito em pacientes hipotensos, e por ser um diurético, pode exacerbar hipotensão e predispor isquemia cerebral → pdoe ser usado para controle da PIC se não for observado sinais de herniação. Salina hipertônica 3%: usado para reduzir PIC elevada → agente de escolha em pacientes hipotensos, pois não age como diurético. Hipotermia (32-24 °C): possui efeito neuroprotetor → não melhora prognóstico. Fenitoína: uso profilático de fenitoína (hidantal) ou valproato (depakene) não é recomendado para previnir crises convulsivas pós-traumáticas tardias → recomenda-se a fenitoína para diminuir incidência de crises pós-traumáticas precoces (até 7 dias após) → não reduz mortalidade. Barbitúricos: indicados se HIC refratária por meio da diminuição do metabolsimo cerebral (coma barbitúrico) → tem efeito hipotensor e é contraindicado se hipotensão ou hipovolemia → não reduz mortalidade. Corticoides: sem indicação no TCE. 💡 Sinais de Herniação Cerebral: rebaixamento; midríase ipsilateral, hemiparesia contralaterial, bradicardia, respiração irregular, hipertensão. Morte Encefálica O paciente apresenta uma lesão encefálica conhecida e irreversível → além disso, para a abertura do protocolo de Morte Encefálica são necessárias as seguintes condições: Trauma Crânio Encefálico 10 Exames Clínicos Devem ser realizados por 2 médicos que não podem ser das equipes de captação de órgãos ou de transplante, sendo um deles, preferencialmente, especialista de uma das seguintes áreas: medicina intensiva, neurocirurgia, neurologia, medicina de emergência. Observar nível de consciência (deve estar em Glasgow 3) e ausência de reflexos de tronco cerebral (reflexo pupilar: pupilas sem reação ao estímulo luminoso; reflexo córneo palpebral: ausência fechamento palpebral ao toque das córneas; reflexo vestíbulo-ocular: irrigação um dos condutos auditivos com solução gelada e não detecção de nenhum tipo de movimentação ocular em direção ao lado irrigado; reflexo de tosse: ausência de reflexo de tosse após estímulo motor com sonda introduzida pelo tubo orotraqueal). Necessário 2 exames clínicos por profissionais diferentes e com um intervalo pré-estabelecido de acordo com a idade → quanto maior a idade, menor o tempo entre os exames clínicos, pois crianças costumam se recuperar de lesões cerebrais extremamente graves. Trauma Crânio Encefálico 11 Teste da Apnéia Realizado por um dos médicos avaliadores e consiste na detecção de ausência de movimentos respiratórios após um estímulo de hipercapnia. Realizado com (1) pré-oxigenação com O2 a 100% por 10 min; (2) solicitar gasometria arterial idealmente com hiperoxia (PaO2 ≥ 200) e normocapnia (PaCO2 35-45); (3) desconectar ventilação mecânica; (4) observar ausência de movimentos respiratórios por 10 min; (5) nova gasometria com PaCO2 >55 (sem movimento respiratório na presença de hipercapnia, configurando um teste positivo); (6) reconectar ao ventilador mecânico. Exames Complementares Obrigatória realizar pelo menos um dos seguintes testes, que comprovam e documentam a ausência de atividade encefálica → eletroencefalograma (EEG): ausência de atividade elétrica encefálica → arteriografia ou USG Doppler transcraniano: ausência de perfusão sanguínea encefálica → cintilografia cerebral: laudo de ausência de atividade metabólica encefálica. Após seguir todos os passos, a declaração de óbito dever ser preenchida com o horário do último exame realizado → se morte for em decorrência de causas externas, a DO deverá ser preenchida pelo médico do IML e o médico assistente deve preencher o Termo de Declaração de Morte Encefálica. Diante de um caso de morte encefálica, deve-se notificar de forma compulsória a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs), independentemente do desejo de doação.
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