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APOSTILA-DE-INTRODUÇÃO-AO-DIREITO-DAS-SUCESSÕES-E-SUCESSÃO-EM-GERAL

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INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES E SUCESSÃO EM GERAL 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES E SUCESSÃO EM GERAL . 1 
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................ 3 
1 –CONCEITO E FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES ................ 4 
2- DA SUCESSÃO EM GERAL ......................................................................... 4 
3- ABERTURA DA SUCESSÃO, ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA 6 
4- HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823) ........................... 9 
5- EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE ................................................................ 10 
6- A SUCESSÃO LEGÍTIMA ........................................................................... 11 
7- DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856) ............................ 13 
8- SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E TESTAMENTO .................................... 15 
9- AS FORMAS DE TESTAMENTO ................................................................ 18 
10- TESTAMENTOS ESPECIAIS .................................................................... 22 
11- DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS......................................................... 23 
12- LEGADOS ................................................................................................. 24 
13- DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS .............................. 27 
14- HERDEIROS NECESSÁRIOS E REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES 
TESTAMENTÁRIAS ........................................................................................ 28 
15- SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO ........................................................ 29 
16- DESERDAÇÃO .......................................................................................... 32 
17- REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DOS TESTAMENTOS .................... 34 
18- TESTAMENTEIRO .................................................................................... 36 
19- INVENTÁRIO E PARTILHA ....................................................................... 38 
20- COLAÇÕES ............................................................................................... 41 
21- SONEGADOS ............................................................................................ 42 
22- PAGAMENTO DAS DÍVIDAS .................................................................... 43 
23- DIREITOS SUCESSÓRIOS NA UNIÃO ESTÁVEL ................................... 44 
24- POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS .................................................................... 46 
25- REFERÊNCIAS ......................................................................................... 50 
 
 
 
 
 
 
 
file://///192.168.0.2/o/Pedagogico/JURÍDICA/DIREITO%20DE%20FAMILIA%20E%20SUCESSÕES/NOVA-%20INTRODUÇÃO%20AO%20DIREITO%20DAS%20SUCESSÕES%20E%20SUCESSÃO%20EM%20GERAL/APOSTILA%20DE%20INTRODUÇÃO%20AO%20DIREITO%20DAS%20SUCESSÕES%20E%20SUCESSÃO%20EM%20GERAL.docx%23_Toc108079721
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 –CONCEITO E FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
Vamos relembrar o conceito de Direito das Sucessões, direito das sucessões é 
o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio (ativo e pas-
sivo – créditos e débitos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou 
testamento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC. A Constituição Fede-
ral assegura o direito de herança (artigo 5º, XXX). 
 
O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada ou não com o 
direito de família. 
 
2- DA SUCESSÃO EM GERAL 
 
A sucessão pode ser classificada em: 
• Sucessão Legítima (ou ab intestato) —> decorre da lei; morrendo a 
pessoa sem testamento transmite-se a herança aos herdeiros legítimos 
indicados pela lei. Também será legítima se o testamento caducar ou for 
declarado nulo. 
• Sucessão Testamentária —> ocorre por disposição de última vontade 
(testamento). Havendo herdeiros necessários (cônjuge sobrevivente, 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10592741/artigo-2027-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
 
 
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descendentes ou ascendentes), o testador só poderá dispor de metade 
da herança (art. 1.789 CC). A outra metade constitui a “legítima”, asse-
gurada aos herdeiros necessários. Não os havendo terá plena liberdade 
de testar. Mas se for casado sob o regime da comunhão universal de 
bens (art. 1.667 CC) o patrimônio do casal será dividido em duas mea-
ções e a pessoa só poderá dispor da sua meação. 
 
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor 
da metade da herança. 
 
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de 
todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, 
com as exceções do artigo seguinte. 
(....) 
 
Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão, especialmente 
a contratual. São proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de 
contrato a herança de pessoa viva (art. 426 do C.C. – pacta corvina). No en-
tanto admite a cessão de direitos. 
 
• A título universal —> o herdeiro é chamado para suceder na totalidade 
da herança, fração ou parte dela, assumindo a responsabilidade relati-
vamente ao passivo. Ocorre tanto na legítima como na testamentária. 
 
• A título singular —> o testador deixa ao beneficiário um bem certo e 
determinado (legado). O herdeiro não responde pelas dívidas da he-
rança. 
 
 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608117/artigo-1789-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10617159/artigo-1667-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704602/artigo-426-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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3- ABERTURA DA SUCESSÃO, ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HE-
RANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Abertura da Sucessão (também chamada de delação ou devolução sucessó-
ria) se dá no momento da constatação da morte comprovada do de cujus (ex-
pressão latina abreviada da frase de cujus successione agitur – aquele de cujasucessão se trata, ou seja, a pessoa que faleceu; de cujus também é chamado 
de autor da herança). 
 
O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit de Sai-
sine (direito de posse imediata), ou seja, transmite-se automaticamente e ime-
diatamente, o domínio e a posse da herança aos herdeiros legítimos e testa-
mentários do de cujus, sem solução de continuidade (ou seja, sem interrupção) 
e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC). Não necessita 
da prática de qualquer ato. No entanto deve-se proceder a um inventário para 
se verificar o que foi deixado e o que foi transmitido. 
 
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O herdeiro que so-
brevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens por ele deixado 
e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. Há necessidade 
de apuração da capacidade sucessória. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título universal e o legatário 
a título singular. 
Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes do CC)– é o ato 
jurídico unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo ou testamentário) manifesta li-
vremente o desejo de receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação 
consolida os direitos do herdeiro. É também indivisível e incondicional porque 
não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte e sob condição ou a 
termo, isto para se preservar a segurança nas relações jurídicas; a aceitação 
deve ser pura e simples. Não pode haver retratação da aceitação da herança. 
No entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se verifica 
que o aceitante não é herdeiro. 
A aceitação pode ser classificada em: 
• expressa – declaração escrita (pública ou particular). 
• tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de herdeiro. 
• presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois que é notificado 
para que declare se aceita ou não a herança. 
Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro 
declara expressamente que não aceita a herança a que tem direito, despo-
jando-se de sua titularidade. É ato solene, devendo ser feito por escritura pú-
blica (perante o tabelião) ou termo nos autos (perante o juiz). 
 
Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se configura em uma 
renúncia propriamente dita. Na verdade é uma aceitação e imediata transmis-
são, havendo a incidência de tributação causa mortis e também inter vivos. 
Também é chamada de renúncia translativa. A renúncia válida é a abdicativa, 
isto é, cessão gratuita, pura e simples. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606437/artigo-1804-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
 
 
 
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Requisitos para a renúncia: 
 
• Capacidade jurídica do renunciante: Os incapazes não podem renunciar, 
senão por seu representante legal, autorizado pelo Juiz. 
• Forma prescrita em lei: sempre por escrito (escritura pública ou ato judicial); 
não há renúncia tácita nem presumida. 
• Impossibilidade de repúdio parcial da herança: Esta é indivisível até à par-
tilha. 
• Respeito a direitos de eventuais credores: Se a renúncia prejudica credo-
res, estes podem aceitar a herança. 
• Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória ou marital), pois o 
direito à sucessão é considerado bem imóvel. 
Efeitos da renúncia: 
 
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão; 
seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. O que repudia a he-
rança pode aceitar legado. 
• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se de 
imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os des-
cendentes do renunciante não herdam por representação. No entanto se ele 
for o único da classe seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça. 
• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo 
seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores. 
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável. 
 
 
 
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4- HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823) 
 
Para falar em herança jacente e vacante é necessário falar em sucessão do 
Município, do Distrito Federal e da União. Na verdade a administração pública 
não é herdeira, não lhe é dado o direito de saisine, ou seja, não se torna pro-
prietária dos bens da herança no momento da morte do de cujus, como acon-
tece com os demais herdeiros. 
 
Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros conhecidos ou quando 
estes repudiarem a herança, os bens irão para o Município ou Distrito Federal 
(se localizados nas respectivas circunscrições) ou União (se situados em Ter-
ritório Federal). Mas não de imediato. Há um procedimento legal: 
Herança Jacente: 
 
Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são arrecadados. No-
meia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e administrá-los. A caracte-
rística principal da herança jacente é a transitoriedade da situação dos bens. 
Não goza de personalidade jurídica; é uma universalidade de direito. São ex-
pedidos editais convocando eventuais sucessores. Após a realização de todas 
as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um ano após o primeiro 
edital, haverá a declaração de vacância. 
Herança Vacante: 
 
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade do 
Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas reso-
lúvel (propriedade resolúvel —> é a que pode se “resolver”, ou seja, se extin-
guir). Somente após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão a propriedade 
passa para o domínio público (Município, Distrito Federal ou União). Compare-
cendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário regular. 
 
 
 
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O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros apon-
tados na ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor irregular, 
desde que haja sentença que declare a vacância dos bens. 
5- EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC) é uma espécie de incapacidade sucessória 
que priva uma pessoa de receber a herança. É uma pena civil, criada pelo le-
gislador, atingindo assim os herdeiros necessários, os legítimos e os testamen-
tários. A pena de indignidade só alcança o indigno, sendo representado por 
seus sucessores, como se morto fosse. São excluídos por indignidade os her-
deiros ou legatários que: 
a) houverem sido autores, coautores ou partícipes em crime de homicídio do-
loso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu côn-
juge, companheiro, ascendente ou descendente. 
b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorre-
ram em crime contra a sua honra (calúnia, difamação e injúria), ou de seu côn-
juge ou companheira (o). 
c) por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da herança de livre-
mente dispor dos seus bens por ato de última vontade. 
Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido (representa-
ção). O indigno não terá direito ao usufruto nem administração dos bens que 
seus filhos menores herdaram. A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qual-
quer desses casos de indignidade, será declarada por sentença em ação ordi-
nária, movida por quem tenha interesse na sucessão (art. 1.815 CC). 
 
O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência. Os efeitos da sentença 
declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura da suces-
são, considerando o indigno como pré-morto ao de cujus. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605617/artigo-1815-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitaro indigno, desde 
que o faça de forma expressa em testamento ou outro ato autêntico (ex.: escri-
tura pública). É o perdão do indigno. 
 
6- A SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sucessão Legítima é aquela em que o de cujus faleceu sem testamento (ou ab 
intestato), ou o testamento deixado caducou, ou é ineficaz. 
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. 
 
Há uma relação preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o fi-
nado. Se deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível que 
ocorra uma redução das disposições testamentárias para respeitar a quota dos 
mesmos, prevista em lei. 
 
Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados pelo legislador 
e essa sequência é denominada ordem de vocação hereditária. 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605397/artigo-1818-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604801/artigo-1829-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603862/artigo-1844-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS 
 
O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequência deno-
minada ordem de vocação hereditária, que é uma relação preferencial, esta-
belecida pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de cujus na 
sucessão legítima. Arts 1829 – 1844 do Código Civil, 
 
Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge; 3ª cônjuge; 
4ª colaterais até 4º grau. (Art 1829) 
Descendentes: mais próximos excluem mais remotos. Os de mesmo grau su-
cedem nos mesmos direitos, sucessão por cabeça e não por estirpe. 
Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há distinção entre linha 
materna e paterna (Art 1836, § 2º), o que interessa é o grau. Não há direito de 
representação para ascendentes (Art 1852). 
Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção: direito de repre-
sentação para filho de irmão pré-morto. Irmãos germanos ou bilaterais e irmãos 
unilaterais: os últimos têm metade do quinhão dos primeiros (Art 1841 e ss). 
Tio e sobrinho são colaterais de 3º grau, na falta de outros herdeiros, a herança 
deveria ser dividida entre eles, porém o direito sucessório estabelece que so-
brinho exclui tio da sucessão, pois, devido ao direito de representação, o sobri-
nho entra no lugar do irmão pré-morto, que é um colateral de 2º grau, enquanto 
o tio, por ser ascendente, não possui direito de representação, se mantendo no 
3º grau, como mais próximos afastam mais remotos, logo, sobrinho exclui tio 
(Arts 1840, 1843 caput e 1851 ss). 
Observações importantes: 
 
1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe prece-
dente. Exemplo: os ascendentes só serão chamados na sucessão se não hou-
ver descendentes. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604801/artigo-1829-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603862/artigo-1844-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais re-
moto. Exemplo: o de cujus deixou um filho e este possui dois filhos (que são 
netos do de cujus); a herança irá somente para o filho, excluindo, neste caso, 
os netos. 
3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são considera-
dos herdeiros necessários; neste caso o testador só poderá dispor por testa-
mento de metade da herança. Isto é, metade de seus bens irá obrigatoriamente 
para os herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de deserdação). A outra 
metade ele poderá dispor em testamento. 
4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição Federal, 
art. 227, § 6º: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por ado-
ção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designa-
ções discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho não pode ser cha-
mado de adulterino ou bastardo. Tanto faz seja ele proveniente de um casa-
mento ou de uma relação extraconjugal: é filho do mesmo jeito e terá direito à 
herança. 
 
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente 
desta forma, ou seja, pode haver algumas modificações. 
 
7- DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856) 
 
Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos parentes do fale-
cido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse 
(art. 1.851 CC). Só tem aplicação na sucessão legítima. 
 
Exemplo: A faleceu deixando 05 filhos. Dois deles (B e D) faleceram anterior-
mente (ou seja, antes de A). Um desses (B) tinha um filho (G) e o outro (D) 
tinha dois filhos (H eI). 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644116/par%C3%A1grafo-6-artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603493/artigo-1851-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do pai. G representará 
seu pai na herança de seu avô e receberá a totalidade que seu pai receberia 
(20%). No entanto H e I representam D e irão herdar apenas 10% cada um da 
totalidade da herança. Os filhos herdam por cabeça ou por direito próprio. Já 
os netos herdam por estirpe ou por direito de representação. 
 
Mas neste mesmo exemplo se todos os filhos já fossem pré-mortos, concor-
rendo apenas os netos, todos do mesmo grau, a sucessão não seria mais de-
ferida por representação (ou estirpe), mas por cabeça. Assim, como só há três 
netos, cada um herdará um terço da totalidade da herança. Essas cotas cha-
mam-se avoengas, por serem transmitidas diretamente do avô para os netos. 
O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido e também ao ex-
cluído por indignidade ou deserdação. 
Somente se verifica o direito de representação na linha reta descendente (ope-
rando-se ad infinitum), nunca na ascendente (art. 1.852 CC). Na linha colateral, 
só ocorrerá em favor dos filhos de irmãos do falecido (sobrinhos), quando com 
irmão deste concorrerem. Mas não há representação na renúncia nem na he-
rança testamentária, não se aplicando, também aos legados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603465/artigo-1852-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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8- SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E TESTAMENTO 
 
Sucessão Testamentária é aquela em que a transmissão hereditária se opera 
por ato de última vontade, reves-
tido da solenidade requerida por 
lei. Ou seja, é a sucessão que se 
faz por meio de um testamento. 
Permite a instituição de herdeiro 
(sucessor a título universal) ou le-
gatário (sucessor a título singular). 
Como já vimos, tem certas limita-
ções, pois deve respeitar a legítima 
(que é a parte que cabe aos herdeiros necessários). 
A sucessão testamentária rege-se pela: 
• Lei vigente no momento da feitura do testamento, que regula a capacidade 
testamentária ativa e a forma do ato de última vontade. 
• Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a capacidade 
testamentária passiva e a eficácia jurídica do conteúdo das disposições testa-
mentárias. 
Testamento: é um ato personalíssimo, unilateral, solene e revogável pelo qual 
alguém dispõe no todo ou em parte de seu patrimônio para depois de sua 
morte. 
 
O testamento serve também para a nomeaçãode tutores, reconhecimento de 
filhos, deserdação de herdeiros, revogação de testamentos anteriores e outras 
declarações de última vontade. 
 
 
 
16 
O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser feito em conjunto 
com outra pessoa (é nulo o testamento conjuntivo). Proíbe-se, os pactos su-
cessórios, ou seja, estipulações bilaterais, de feição contratual, em favor dos 
estipulantes ou de terceiros, afastando-se a possibilidade de contratos que te-
nham por objeto herança de pessoa viva (art. 426 C.C. – pacta corvina). É ato 
personalíssimo, podendo ser revogado. 
 
O testamento, por ser um negócio jurídico, requer para a sua validade agente 
capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. É um negócio jurí-
dico que requer uma série de solenidades. Caso não sejam observadas, o ato 
será considerado nulo (conforme a regra geral do art. 166, V do CC). Também 
é necessária a análise da capacidade testamentária ativa e passiva. 
 
Capacidade Testamentária Ativa: 
 
A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o testamento. 
O Código Civil estabelece apenas como incapazes de testar (art. 1.860 CC): os 
menores de dezesseis anos, os desprovidos de discernimento (ex.: os que não 
estiverem em perfeito juízo, surdos-mudos, que não puderem manifestar a sua 
vontade, etc.) e a pessoa jurídica. 
 
Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido, etc. Os maiores 
de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar de relativamente incapazes, po-
dem testar, mesmo sem a assistência de seu representante legal. 
A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o invalida. A capaci-
dade para testar deve existir no momento em que o testamento é feito, pois a 
incapacidade superveniente não invalida o testamento eficaz. O testamento do 
incapaz não pode ser convalidado com a superveniência da capacidade. 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704602/artigo-426-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10720189/artigo-166-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10719991/inciso-v-do-artigo-166-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603067/artigo-1860-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
17 
Capacidade Testamentária Passiva: 
 
A capacidade testamentária passiva é a capacidade para adquirir por testa-
mento. Rege-se pela regra genérica de que são capazes todas as pessoas, 
físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, maiores ou menores, existentes 
ao tempo da morte do testador. 
Não podem ser contemplados por testamento as coisas inanimadas, os animais 
e as entidades místicas. Se o beneficiário do testamento já morreu (pré-morto), 
a cláusula é considerada caduca. 
São absolutamente incapazes para adquirir por testamento: 
• Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade, pois já foi con-
cebido) até a morte do testador, salvo se a disposição deste se referir à prole 
eventual de pessoas por ele designadas e existentes ao abrir-se a sucessão. 
• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente a imóveis situa-
dos no Brasil. 
São relativamente incapazes para adquirir por testamento, proibindo que se 
nomeiem herdeiros ou legatários: 
• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, seus ascenden-
tes, descendentes, e irmãos. 
• As testemunhas do testamento. 
• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, 
estiver separado de fato do cônjuge há mais de 05 anos. 
 
 
 
18 
• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante o qual se fizer, 
assim como o que fizer, ou aprovar o testamento. 
Restrições do testamento: 
 
Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo herdeiros necessá-
rios (descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente), salvo se os mesmo 
forem deserdados. As disposições que excederem à metade disponível será 
reduzida ao limite dela. Reduzem-se também as doações feitas em vida, que 
atingiram a legítima dos herdeiros necessários (são chamadas doações inofi-
ciosas). 
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), total ou 
parcialmente. Não há uma hierarquia entre os testamentos. 
9- AS FORMAS DE TESTAMENTO 
 
1) ORDINÁRIO: a) Público; b) Particular; c) Cerrado 
2) ESPECIAL: a) Militar; b) Marítimo; c) Aeronáutico 
TESTAMENTO ORDINÁRIO: 
 
Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC): 
 
Testamento público é o lavrado por tabelião em livro de notas, de acordo com 
a declaração de vontade do testador, exarada verbalmente (o mudo não pode) 
em língua nacional, perante o oficial. É o testamento mais seguro. Porém tem 
o inconveniente de permitir a qualquer pessoa conhecer o seu teor. Podem 
testar de forma pública: os analfabetos, os surdos (desde que não sejam mu-
dos). O cego só pode testar por testamento público. Só não podem assim testar 
os mudos e os surdos-mudos. 
 
 
 
19 
Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do art. 1864 do CC. 
Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo. Depois de lido 
e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e cumprimento. 
Testamento cerrado (arts. 1.868 a 1.875 CC): 
 
Testamento cerrado é o escrito em caráter sigiloso, feito e assinado pelo testa-
dor ou por alguém a seu rogo, completado por instrumento de aprovação la-
vrado por oficial público em presença de 02 (duas) testemunhas idôneas. Tam-
bém é chamado de secreto ou místico. 
O analfabeto e o cego não podem testar desta forma. O surdo-mudo só poderá 
fazer esse testamento se souber ler e escrever. Ao entregá-lo ao oficial deve 
escrever na face externa “que é seu testamento cuja aprovação lhe pede”. 
Contém quatro elementos: 
a) Cédula testamentária – escrita pelo testador (ou alguém a seu rogo, desde 
que não seja beneficiário), em caráter sigiloso. As disposições testamentárias 
estão nesta fase. 
b) Auto de entrega – o testador (não se admite portadores) entrega a cédula 
ao tabelião na presença das testemunhas, que não precisam saber do teor do 
testamento. 
c) Auto de aprovação – lavrado pelo oficial público para assegurar a autenti-
cidade do ato; todos (oficial, testador, testemunhas) assinam o instrumento. 
d) Cerramento – o tabelião lacra o envelope com cera derretida, costura a 
cédula com cinco pontos de retrós e lança pingos de lacre sobre cada um. Após 
isso o tabelião entrega ao testador, lançando em seu livro nota do lugar, ano, 
mês e dia em que o testamento foi aprovado e entregue. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602735/artigo-1864-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
20 
Requisitos: 
• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e assinado pelo 
testador; pode ser escrito mecanicamente, desde que todas as páginas sejam 
numeradas e autenticadas com sua assinatura (art. 1.868, parágrafo 
único CC). 
 
• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas. 
• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto de aprovação, tendo-
o por bom, firme e valioso. 
• Leitura do auto de aprovação. 
• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado. 
Morto o testador, deve o testamento cerrado ser apresentado ao Juiz para as 
formalidades da abertura, e para que o Juiz mande registrar, arquivar e cumprir 
(arts. 1.125 e 1.126 do C.P.C.). 
 
Observações: 
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam ler 
(analfabetos e cegos). 
2. As testemunhas, ao contrário do testamento público, nãosabem quais são 
as disposições testamentárias. 
3. Desvantagens: possui muitas formalidades, pode ser ocultado; qualquer ví-
cio o invalida (ex: lacre rompido). 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10601994/artigo-1871-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602388/artigo-1868-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602170/par%C3%A1grafo-1-artigo-1868-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602170/par%C3%A1grafo-1-artigo-1868-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
 
 
21 
Testamento particular (arts. 1.876 a 1.880 CC): 
 
O testamento particular (também chamado de aberto, ológrafo ou privado), é o 
escrito pelo testador e lido em voz alta perante três testemunhas idôneas, que 
também assinam. É a forma menos segura de se testar, porque depende de 
confirmação em juízo pelas testemunhas. É permitido aos que sabem ler e es-
crever. Não pode ser utilizado pelo cego, analfabeto e os incapacitados de es-
crever. 
Requisitos: 
• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico 
(art. 1.876 CC): neste caso não pode conter rasuras ou espaços em branco. 
• 03 (três) testemunhas. 
• Leitura do testamento pelo testador. 
• Publicação, em juízo, após a morte do testador. 
• Homologação do testamento pelo Juiz. 
• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as testemunhas fo-
rem afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo menos da leitura perante elas 
e reconheçam suas assinaturas o testamento será confirmado. Em casos ex-
cepcionais o testamento sem testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz, 
desde que se convença da sua veracidade. 
Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos herdeiros legítimos. 
Pelo menos uma das testemunhas deve reconhecer sua autenticidade. Após 
isso e ouvido o Ministério Público o Juiz confirmará o testamento. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10601777/artigo-1876-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
22 
10- TESTAMENTOS ESPECIAIS 
 
São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência. 
Testamento Marítimo e Aeronáutico: 
 
O testamento marítimo ou aeronáutico consiste na declaração de vontade feita 
a bordo de navios ou aeronaves de guerra ou mercantes, em viagem de alto 
mar. Deve ser lavrado pelo comandante ou escrivão de bordo perante duas 
testemunhas idôneas. 
Observação: se o testador não morrer na viagem ou nos 90 dias subsequentes 
após o desembarque, o testamento perde a validade (caduca). 
Testamento Militar: 
 
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e demais 
pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país. Deve ser 
escrito por autoridade militar, na presença de duas testemunhas. Admite a 
forma nuncupativa, isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser feito de 
viva voz na presença de duas testemunhas. 
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias sub-
sequentes em lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamento cadu-
cará. 
Registro, Arquivamento e Cumprimento: 
 
Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao Juiz que o 
mandará registrar, arquivar e cumprir, se não houver vício externo que o torne 
suspeito de nulidade ou falsidade. Depois de efetuado o registro, o mérito das 
disposições testamentárias será examinado no inventário ou em ação ordinária 
própria. 
 
 
 
23 
11- DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
 
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre as Disposições 
Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que podem ou não ser ditas em testa-
mentos. 
 
A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do Testador, ou seja, 
a maneira que ele dispor será absoluta quanto aos bens. Contudo, nem mesmo 
a disposição de última vontade do de cujus poderá ferir a legislação, nem 
mesmo a vontade do testador pode se opor à licitude da lei ou os princípios 
morais. 
É cediço, no testamento podem conter disposições patrimoniais ou disposições 
exclusivamente pessoais. As disposições patrimoniais podem ser encontradas 
mais facilmente nos testamentos comuns, e, até certos autores veem o testa-
mento apenas como meio de disposição do patrimônio. Contudo, existem tam-
bém diversas disposições de ordem não patrimonial que podem ser aditadas a 
um testamento, por exemplo, reconhecimento de filho, nomeação de tutor, re-
comendações sobre o funeral, o destino do corpo do de cujus, e outras relativas 
a direito pessoal. 
Convém ressaltar que serão consideradas como não escritas quaisquer cláu-
sulas chamadas de derrogativas, aquelas onde o testador contraria o Princípio 
da Irrevogabilidade do Testamento, ou dispensa qualquer das suas solenida-
des. 
Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de serem apostas 
em um testamento. 
Pode-se num testamento, instituir herdeiros, através de um antigo instituto co-
nhecido desde o Direito Romano como heredis institutio, válido ainda em nosso 
ordenamento jurídico. Existem duas regras gerais, a primeira, onde diz que so-
mente o testador tem o poder de instituir os herdeiros, e a segunda, é que não 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
24 
existem nenhuma restrição acerca da quantidade de herdeiros. A Instituição de 
algum herdeiro gera efeitos imediatos, cabendo aos herdeiros testamentários 
o direito à sua parte. 
É lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens dispostos em testa-
mento, de modo que podem haver condições que enquanto não forem atendi-
das, o bem não se transmitirá. Por exemplo, um herdeiro testamentário rece-
berá o bem quando colar grau em curso superior. 
Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os bens determina-
dos encargos, que podem variar indefinidamente. Podendo ser o encargo em 
favor de terceira pessoa, ou da sociedade em geral. 
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algumas razões que 
levaram ele a realizar a divisão dos bens como foi feita, dá-se o nome dessa 
disposição de Disposição Causal. 
Por fim, pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão herdados. Os 
mais conhecidos desses ônus são as cláusulas restritivas à propriedade, que 
consistem na cláusula de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabili-
dade. Sobre essas últimas, se faz necessário que o disponente, no próprio ins-
trumento, mencione um motivo bastante justificado para a aposição dessas 
cláusulas no testamento. 
12- LEGADOS 
 
O conceito de Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual 
o testador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima, um ou mais 
objetos individualizados ou uma certa quantia em dinheiro. O legado é típico de 
sucessão testamentária, recaindo sobre uma coisa certa e determinada (ex.: 
deixo a meu amigo minha biblioteca; deixo a meu sobrinho o meu piano, etc.). 
 
 
 
25 
O conceito jurídico atual de legado é um ato de liberalidade feita em testamento 
a uma pessoa determinada, chamada de legatário. 
O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renunciar tácita ou ex-
pressamente. Os legados podem caducar (ex.: anulação do testamento; alie-
nação, modificação ou perecimento da coisa; falecimento do legatário antes do 
testador; revogação; indignidade, etc.). 
Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração ideal dos bens do 
de cujus, como uma universalidade de bens, sendo considerada um único bem 
imóvel, conforme o art. 80, II do CC, o legado é a sucessão que incide sobreuma coisa certa e determinada. A herança é indefinida e o legado é definido. 
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa a acumular 
os papéis de herdeiro e legatário, é chamado de legado precípuo ou prelegado. 
O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou incorpóreas, cré-
dito ou de quitação de dívidas, alimentos; usufruto, imóvel, dinheiro; renda ou 
pensão periódica. 
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou genérica, de 
modo que, nesse último caso, a escolha somente será feita depois, pelo lega-
tário, ou outra pessoa designada pelo testador. Como a coisa legada é definida 
apenas pelo gênero, o legado se cumprirá mesmo que tal coisa não exista entre 
os bens do testador, segundo reza o art. 1.915 do CC. Além disso, o código 
veda totalmente o legado de coisa alheia, conforme o disposto no art. 1.912. 
 
Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto de legado, 
para se transferir ao legatário, de modo que o novo crédito agora seja devido 
ao mesmo, de modo igual ao que ocorre em uma cessão de crédito. Pode ser 
transmitida uma quitação de dívida ao legatário, e se transfere pela própria 
entrega do instrumento de quitação do herdeiro para o legatário. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724671/artigo-80-da-lei-n-10406-de-01-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724559/inciso-ii-do-artigo-80-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599232/artigo-1915-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599356/artigo-1912-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
 
 
 
26 
Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa modalidade de 
legado, cria-se uma relação jurídica que obriga o pagamento da pensão ali-
mentícia, como aquela devida aos filhos. Os alimentos devem compreender o 
necessário à manutenção da vida do legatário (alimentado), levando sempre 
em conta as circunstâncias e o meio-termo, de modo que o valor estipulado 
dos alimentos não seja praticamente uma “esmola”, mas também não seja 
muito alto, de modo que seja um aproveitamento ilícito do alimentado. 
Em geral, os alimentos são fixados levados em conta as possibilidades do ali-
mentante e as necessidades do alimentado. Essa modalidade de legado tem 
fulcro legislativo no art. 1.920 do CC: “O legado de alimentos abrange o sus-
tento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educa-
ção, se ele for menor.” 
 
O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar o seu usufruto 
para uma terceira pessoa, de modo que essa fique no uso e fruição do bem, 
em todo o prazo estipulado. Se não houver um prazo estipulado pelo testador, 
há uma presunção iure et de iure de que este prazo seja vitalício com relação 
ao legatário, conforme o disposto no art. 1.921. 
 
Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se dei-
xado ao legatário por toda a sua vida. 
 
Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição do art. 1.922: 
“Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, 
ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declara-
ção em contrário do testador”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o disposto 
neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio 
legado”. 
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo após a parti-
lha, de forma que os juros correrão a partir do momento em que o herdeiro 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10598890/artigo-1920-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
27 
pagador se constituir em mora, ou seja, no momento em que for feito a partilha 
e o legatário não receber o dinheiro. 
 
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o legado de Ali-
mentos é espécie. Nesta modalidade, é legada uma renda, de caráter vitalício 
ou não, renda esta fixada pelo próprio testador. 
Há o legado alternativo quando o testador coloca duas ou mais opções de le-
gado ao herdeiro incumbido de cumprir o legado. Está amparado no art. 1.932 
do Código: “No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.” 
O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o legado não se 
exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, no legados 
condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não 
se vença. 
 
13- DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS 
 
Quando vários herdeiros ou legatários, pela mesma disposição testamentária, 
forem conjuntamente chamados à herança em quinhões determinados, e qual-
quer deles não puder (ex.: pré-morte, indignidade, renúncia, etc.) ou não quiser 
aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos outros coerdeiros ou colegatários (salvo 
direito do substituto). 
 
Exemplo: A deixa seus bens a B, C e D. Se um deles falecer antes de A, sua 
parte retornará ao monte, acrescendo ao quinhão dos outros dois. Mesmo 
que D tenha filhos estes não receberão os bens por representação. 
 
Obs. Não haverá direito de acrescer se a cédula testamentária for declarada 
nula ou anulada, caso em que subsistirá a sucessão legítima (art. 1.788 CC). 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10598536/artigo-1924-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608154/artigo-1788-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
28 
Requisitos 
• Nomeação de coerdeiro ou colegatário, na mesma disposição testamentária. 
• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens. 
• Ausência de cotas hereditárias. 
14- HERDEIROS NECESSÁRIOS E REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES 
TESTAMENTÁRIAS 
 
Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a um tipo de Su-
cessão. São assim considerados por ser uma qualidade dada somente a alguns 
parentes próximos do de cujus, determinados pelo art. 1.845: “São herdeiros 
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.” 
Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro Legítimo. Como pos-
sui a qualidade de necessário, a lei confere ao mesmo o direito à Legítima. O 
de cujus de maneira alguma pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao 
herdeiro necessário a Legítima a que este possui direito. Contudo, nada impede 
que o herdeiro necessário renunciar a herança, na conformidade da Lei. 
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção: 
 
O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas meta-
des: a Legítima e a metade disponível. Entretanto, tal distinção somente pro-
duzirá efeitos práticos se houverem herdeiros necessários em jogo (Descen-
dentes, Ascendentes e/ou Cônjuge sucessíveis). 
A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite obrigatoriamente, 
e de maneira igual, aos herdeiros necessários, a não ser que eles mesmos (e 
seus cônjuges, se houver), de maneira expressa, renunciem à herança, por 
força do art. 1.846 do Código Civil: “Pertence aos herdeiros necessários, de 
pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.” 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603778/artigo-1846-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
29 
 
No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá deixar de 
transferir a Legítima para algum herdeiro necessário. 
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o 
autor da herança pode deixar para quem quiser, mediante um ato dedisposição 
de última vontade (Testamento ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis 
quanto à forma de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a dispo-
sição de última vontade deve obedecer a certas determinações emanadas da 
lei. 
15- SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO 
 
Substituição hereditária é a disposição testamentária na qual o testador chama 
uma pessoa para receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta 
ou após o herdeiro ou o legatário nomeado em primeiro lugar. O testador, pre-
vendo a hipótese de um herdeiro ou legatário não aceitar ou não poder aceitar 
a herança, nomeia-lhe substitutos. 
Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (morrer primeiro), exclusão por 
indignidade, renúncia, não implemento de condição imposta pelo testador, etc. 
Espécies de substituição: 
 
1) Vulgar ou Ordinária: 
 
a) simples (ou singular) 
b) coletiva (ou plural) 
c) recíproca 
2) Fideicomissária 
 
 
 
30 
3) Compendiosa 
 
➢ Substituição Vulgar ou Ordinária: Ocorre a substituição vulgar quando 
o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro 
ou legatário que não quiser ou não puder aceitar o benefício. Estabelece 
a vocação direta (é uma substituição direta), pois o substituto herda di-
retamente do de cujus, e não do substituído. 
 
A substituição vulgar pode ser: 
• Simples – quando é designado um só substituto ao herdeiro ou legatário. 
Exemplo: deixo meus bens para A. Se ele não quiser os bens irão para B. 
• Coletiva – quando há mais de um substituto. Exemplo: deixo meus bens para 
A. Se ele não quiser os bens irão para B e C. 
• Recíproca – quando o testador, ao instituir uma pluralidade de herdeiros ou 
legatários, os declara substitutos uns dos outros (admite-se também a nomea-
ção de uma pessoa estranha). Exemplo: deixo meus bens para A, B ou C. Se 
um deles não quiser (ou não puder aceitar) a quota dele irá para os demais 
herdeiros (ou para uma outra pessoa, D). 
 
➢ Substituição Fideicomissária: O Fideicomisso é forma de substituição 
indireta. Consiste a substituição fideicomissária na instituição de her-
deiro ou legatário com a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou 
sob condição preestabelecida, transmitir a herança ou o legado a uma 
outra pessoa. Estabelece-se uma vocação dupla: direta (para o herdeiro 
ou legatário instituído, que desfrutará do benefício por um certo tempo 
estipulado pelo de cujus) e indireta (ou oblíqua para o substituto). Exem-
plo: deixo minha fazenda para A (que é meu caseiro há muitos anos), 
mas com a sua morte estes bens passarão a ser dos filhos de B (que é 
irmão). Notem que neste caso B não é herdeiro necessário do de cujos. 
Seus filhos são meus sobrinhos. 
 
Assim, no fideicomisso participam três pessoas: 
 
 
 
31 
a) fideicomitente – é o testador. 
b) fiduciário (ou gravado) – é a pessoa que é chamada a suceder em primeiro 
lugar e que deverá passar os bens para o fideicomissário; é titular da proprie-
dade resolúvel e pode praticar todos os atos inerentes ao domínio. 
c) fideicomissário – é o último destinatário da herança ou legado. Segundo o 
atual Código, o fideicomissário deve ser pessoa não concebida ao tempo da 
abertura da sucessão. Caso o fideicomissário já tenha nascido, não haverá fi-
deicomisso, mas usufruto. O fideicomissário será o proprietário dos bens fidei-
comitidos e o fiduciário passará à condição de usufrutuário, pelo tempo de du-
ração que fora previsto originalmente. Se o fideicomissário não nascer a pro-
priedade plena se consolida nas mãos do fiduciário. 
O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível, não podendo 
comprometer a legítima. 
Possui três modalidades: 
• vitalício – a substituição ocorre com a morte do fiduciário. 
• a termo – a substituição ocorre no momento fixado pelo testador. 
• condicional – quando depende de cumprimento de condição resolutiva. 
Fideicomisso X Usufruto: 
 
Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio se divide 
em duas partes, cada uma com seu titular (nu proprietário – direito de dispor e 
reaver – e usufrutuário – direito de usar e fruir), que exercem seus direitos si-
multaneamente. 
 
 
 
 
32 
Fideicomisso – é espécie de substituição testamentária em que as partes (fi-
duciário e fideicomissário) exercem a propriedade plena, mas de forma suces-
siva, permitindo que se beneficie prole eventual. 
 
➢ Substituição Compendiosa – A substituição compendiosa constitui um 
misto de substituição vulgar e substituição fideicomissária. O testador dá 
substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um ou outro 
não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado. 
 
16- DESERDAÇÃO 
 
A Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, medi-
ante testamento com expressa declaração de causa, herdeiro necessário, pri-
vando-o de sua legítima, por ter praticado alguma conduta prevista na lei como 
causa. 
Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência dos seguintes re-
quisitos: 
 
• Existência de herdeiros necessários. 
• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendo 
proibido por escritura pública, instrumento particular, termo judicial ou 
codicilo – veremos este termo mais adiante). 
• Expressa declaração da causa prevista em lei. 
• Propositura de ação ordinária. 
Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a indignidade 
(art. 1.814 CC), acrescenta-se: 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
33 
A) Deserdação dos descendentes por seus ascendentes (art. 1.962 CC): 
ofensa física, injúria grave; relações ilícitas com a madrasta ou padrasto; de-
samparo do ascendente, em alienação mental ou grave enfermidade. 
 
B) Deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art. 1.963 CC): ofensa 
física; injúria grave; relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou 
a do neto com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; desamparo do 
filho ou do neto com deficiência mental ou grave enfermidade. 
 
Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pessoais, isto é, atin-
gem o herdeiro excluído, como se ele morto fosse. Mas os seus descendentes 
herdam por representação, ante o caráter personalíssimo da pena civil. 
 
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros herdeiros 
promover, no prazo de 04 anos (contados da abertura do testamento) ação de 
deserdação para confirmar a vontade do morto. O deserdado terá direito de 
defesa. Não se provando o motivo da deserdação, o testamento produzirá efei-
tos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário. 
Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera ineficácia da deser-
dação. Deve ser realizada a revogação por testamento (trata-se do perdão). 
Distinção entre Indignidade e Deserdação: 
 
➢ A exclusão por indignidade se refere à sucessão legítima e afasta da 
sucessão tanto os herdeiros legítimos, quanto os testamentários, neces-
sários ou não, inclusive o legatário; a deserdação se refere à sucessão 
testamentária, servindo apenas para privar da herança os herdeiros ne-
cessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), inclusive quanto à 
parte legítima. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10596494/artigo-1962-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10596354/artigo-1963-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
34 
➢ A exclusão por indignidade funda-se exclusivamente nos casos do 
art. 1.814 CC e a deserdação repousa na vontade exclusiva do autor da 
herança, desde que fundada em motivo legal. 
 
17- REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DOS TESTAMENTOSSendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir efeitos jurídicos, 
deverá satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador, objeto lícito 
e possível, forma solene e consentimento válido), sob pena de nulidade e anu-
labilidade. Além disso, ainda existem causas que impedem o testamento de 
produzir seus efeitos jurídicos: 
• Revogação; 
• Rompimento; 
• Caducidade; 
• Nulidade Absoluta ou Relativa. 
Revogação: 
 
Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna ineficaz o tes-
tamento anterior, manifestando vontade contrária à que nele se encontra ex-
pressa. Um testamento só pode ser revogado por outro, mesmo que de moda-
lidade diversa (um testamento público pode revogar um cerrado; um testa-
mento particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que o novo 
testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento na parte em que 
o testador reconhece filho havido fora do casamento. 
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado pos-
teriormente (não há repristinação no testamento). 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
35 
Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o codi-
cilo. 
A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em: 
a) total – o testamento superveniente retira a eficácia de todas as disposições 
testamentárias anteriores. 
b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo as demais. 
Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em: 
a) expressa (ou direta) – declaração inequívoca, explícita do testador —» 
novo testamento revoga o anterior (pode ser total ou parcial). 
b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que revoga o ante-
rior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testa-
mento ou em caso de dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo tes-
tador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou quando o testado alienar 
voluntariamente a coisa legada. 
Rompimento: 
 
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão da ocorrência 
de certos fatos previstos em lei. Exemplo: superveniência de descendente su-
cessível ao testador, que o não tinha ou não o conhecia quando testou ou 
quando o testamento foi feito na ignorância de existirem outros herdeiros ne-
cessários. O testador não teria disposto de seus bens em testamento se sou-
besse da existência de algum herdeiro necessário. Também é chamado de re-
vogação presumida (o testamento é chamado de rupto). 
 
 
 
 
36 
Caducidade: 
Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não prevalecerão, 
embora válidas, pela ocorrência de obstáculo superveniente. Exemplo: her-
deiro morreu antes do testador; herdeiro renuncia ou foi excluído; perecimento 
da coisa legada, etc. Caducará o testamento marítimo e o militar, três meses 
após o momento em que o testador podia testar de forma ordinária e não o fez. 
Nulidade e Anulabilidade: 
 
O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode atingir 
o testamento em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima) ou 
em parte (prevalece a parte válida do testamento, abrindo-se sucessão legí-
tima, se for o caso, quanto ao que for anulado). 
a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilicitude do objeto; 
inobservância das formas legais e nulidade das disposições. Requerimento de 
qualquer interessado, do Ministério Público ou de ofício pelo Juiz. 
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do herdeiro, lega-
tário ou da coisa legada; dolo; coação ou fraude. Requerimento apenas do in-
teressado, respeitando o prazo decadencial de quatro anos. 
18- TESTAMENTEIRO 
 
O testamenteiro é a pessoa encarregada de executar o testamento. Quando o 
testador nomeia um, este será o testamenteiro instituído. Caso o testador não 
tenha nomeado, o juiz nomeará um testador dativo, de acordo com uma ordem 
estabelecida por lei. Podem também haver mais de um testamenteiro, quando 
trabalham em conjunto (dois ou mais testamenteiros agindo ao mesmo tempo, 
podendo cada um ter uma função específica ou não) ou separados (testamen-
tária sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é substituído pe-
los outros testamenteiros já nomeados). Art. 1976 do Código Civil. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10595491/artigo-1976-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
37 
Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo constituir formal-
mente um mandato para outro. Pode também o indicado recusar, já que não é 
obrigatório. 
Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da herança. Deve 
requerer a abertura do inventário (o testador não pode ter herdeiros necessá-
rios). PARTICULAR: sem posse e administração da herança. 
Obrigações: 
✓ propugnar pela validade do testamento. 
✓ Cumprir as disposições do testamento no prazo estabelecido pelo testa-
dor ou em até 180 dias após a aceitação da testamentária caso não haja 
prazo. 
✓ Fiscalizar o cumprimento das disposições testamentárias, podendo até 
se substituir a um herdeiro que não esteja cumprindo tais disposições. 
✓ Prestar contas. 
✓ O testamenteiro universal deve defender a posse de atos de turbação, 
esbulho e ameaça. 
Remuneração: VINTENA, 20% ou 1/5 da herança deferida por sucessão tes-
tamentária, já que ele presta um serviço. Caso o testamenteiro também seja 
herdeiro ou legatário nomeado pelo testador, pode escolher entre receber a 
vintena ou a herança/legado. O que é herdeiro legítimo recebe normalmente a 
vintena. 
 
 
 
 
38 
Perda do Direito da Vintena: 
(a) Negligência, (b) Não cumprimento das disposições por dolo ou culpa, (c) 
Prestação de contas julgada negativamente. 
Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador ou o juiz pode 
fixar um valor menor do que os 5%, dependendo do grau de dificuldade e com-
plexidade do cumprimento das disposições. 
 
Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das atribuições do 
testamento, mas o testador pode pedir adiantamento. 
 
19- INVENTÁRIO E PARTILHA 
 
I. Inventário: procedimento de formalização da transmissão dos bens do de 
cujus aos sucessores. A figura do inventário está em outras situações, como o 
usufruto e o fundo de comércio, mas no Direito Sucessório diz respeito aos 
bens que compõem o acervo hereditário, por meio de identificação de bens e 
apuração de valores para dar o quinhão ao sucessor. 
 
Sentido técnico: procedimento especial de jurisdição contenciosa. É sempre 
judicial, com participação do Estado-juiz; jurisdição contenciosa, pois, o litígio 
está na iminência devido à existência de pretensões resistidas. 
Espécies de inventário: 
a) Tradicional ou propriamente dito – procedimento completo, atos bem identi-
ficados, prazos, aplicação subsidiária do arrolamento (Art 982 CPC); 
 
b) Arrolamento – mais simplificado, com atos concentrados, prazos reduzidos, 
mais célere e econômico; b’) Sumário: interessados maiores e capazes de co-
mum acordo com a forma da partilha (não importa o valor); b”) Comum: herança 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887853/artigo-982-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
 
 
 
39 
de pequeno valor (índice adotado pelo Estado), mesmo com menores e inca-
pazes, porém se há conflito, mesmo sendo o valor pequeno, deve-se usar o 
inventário tradicional. 
II. Partilha: atribuição do bem individualizado que compunha o acervo heredi-
tário ao sucessor. Ela, em geral, complementa o inventário, lembrar novamente 
que a propriedade já se transmitiu no momento da morte do de cujus (Art 1784). 
Inventários sem partilha: a) HerdeiroUniversal – há adjudicação e não partilha, 
com certidão de pagamento do quinhão hereditário; b) Dívidas absorvem toda 
a herança; c) Inventário Negativo – sem bens a declarar, serve para comprovar 
a inexistência de bens, promovendo um acerto na situação patrimonial do de 
cujus, comprova que o de cujus faleceu sem bens, logo, credores não serão 
satisfeitos, de cujus pode ter deixado obrigações a cumprir (ex: outorgar escri-
turas de compra e venda de imóveis que ele vendeu) e forma de evitar imposi-
ção de finalidades civis (ex: viúvo para casar novamente sem ser com separa-
ção obrigatória de bens deve apresentar inventário do cônjuge falecido). 
Espécies de partilha: a) Judicial: (Art 2016) após falecimento do de cujus, há 
herdeiros menores e incapazes ou se não há acordo sobre a partilha; b) Ami-
gável (Art 1029 CPC): b’) Ato “inter vivos” (Art 2018) – ato de deliberação do 
de cujus antes do falecimento, de natureza contratual ou via testamento, ele 
pode doar os bens a futuros sucessores e estabelecer usufruto vitalício em seu 
favor (o falecimento do de cujus dá a propriedade plena aos sucessores dos 
bens já partilhados); b”) Ato “causa mortis” – sucessores, de comum acordo, 
estabelecem entre si qual quinhão cabe a cada um (Art 2015). 
 
Anulação ou rescisão da partilha (Art 2027): estão vinculadas às espécies de 
partilha (ver CPC 1022 e ss). A decisão do juiz sobre o conflito tem natureza 
de sentença, por isso, transitando em julgado, só será rescindida por ação res-
cisória proposta diretamente no Tribunal (prazo prescricional de 2 anos – 
Arts 1030 e 485 CPC). Na partilha amigável, os vícios de consentimento, de 
natureza negocial, podem levar à anulação, por meio de ação anulatória no ju-
ízo de 1ª instância (prazo prescricional de 1 ano) !!!Cabe ação rescisória para 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887084/artigo-1029-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887030/artigo-1030-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892075/artigo-485-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
 
 
 
40 
anular partilha amigável quando houver pessoa absolutamente incapaz, pois o 
prazo dessa ação é mais dilatado, beneficiando-a. 
 
Emenda da partilha: juiz pode alterar o conteúdo de sua decisão de 1ª instância 
para sanar erro ou inexatidão materiais ou inexatidão na descrição ou identifi-
cação dos bens. 
Sobrepartilha (Art 2022): nova partilha nos próprios autos do inventário da par-
tilha inicial, ocorre quando nem todos os atos são partilhados, possibilidades: 
a) bens sonegados: bem retirado do sonegador e partilhado; b) bens desco-
nhecidos no momento do inventário; c) bens litigiosos – ainda se discute a pro-
priedade do bem (falta?). 
Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no cargo por causas 
externas ao processo de inventário. (inventariante – Arts 990 e ss CPC falta no 
caderno) 
Bens não sujeitos ao inventário (exceções): a) bem de família convencional 
estabelecido por escritura pública (Art 20, Dec 3200/40), cessada a situação 
que assim o caracteriza, será inventariado; b) bens da Lei 6854/80 podem ser 
levantados administrativamente. 
Prazos do inventário: a) início (Art 983 CPC): 30 dias após a morte – não é 
muito seguido, porque a única sanção é fiscal (há multa após 60 e ela dobra 
após 180); b) fim – 180 a partir do requerimento da abertura. Legitimidade para 
requerer abertura (Arts 987 e ss CPC). Bens situados no Brasil – inventário 
tramita aqui e a recíproca é verdadeira, independentemente de nacionalidade 
ou domicílio do de cujus e sucessores. 
 
Competência de foro: domicílio do de cujus, local de situação dos bens e local 
de falecimento. Vis attractiva: ações de natureza sucessória tramitam no 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887817/artigo-983-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
 
 
 
41 
mesmo foro do inventário, a competência do juízo do foro do inventário é rela-
tiva, não atraindo ações sem ligação com a sucessão ou de competência ab-
soluta (ações imobiliárias). 
Valor da causa: somatório dos bens vinculados ao acervo hereditário (influi no 
valor das custas), bens imóveis: critérios fiscais mais objetivos, bens móveis: 
critérios aleatórios e arbitrários (se houver irregularidade pode-se impugnar por 
perícia). Em SP, a meação do cônjuge compõe o valor da causa, tabela de 
custas Lei 11608/03. 
 
20- COLAÇÕES 
 
Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados por ato de libera-
lidade do de cujus. Bens que ultrapassaram os limites da legítima. (Arts 1014 
e ss CPC). 
 
O art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não menciona o 
cônjuge, há críticas: muitos falam que os bens doados aos cônjuges também 
deveriam retornar por ser herdeiro necessário, mas o CC não prevê isso, há 
projeto de lei para mudar. 
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascen-
dente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor 
das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação. 
Excluído ou deserdado descendente deve trazer bens a ele doados à colação. 
 
Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de inventário em 
prazo de 10 dias após citação do último herdeiro (Arts 1000 e 1014 CPC), não 
traz o bem de volta ao espólio (§ ún Art 2002), por isso, sobre eles não incide 
imposto causa mortis (Art 155, I, CF), ela também não aumenta a parte dispo-
nível da herança, mas sim soma bens à parte indisponível. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/162516/lei-11608-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887616/artigo-1000-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887394/artigo-1014-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10668550/artigo-155-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10668509/inciso-i-do-artigo-155-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
 
 
42 
Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem sonegado, se este 
for o inventariante ou o testamenteiro perde a função e o bem, o último ainda 
perde a vintena. 
 
Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura, Enunci-
ado 119 Conselho de Justiça – valor à época do falecimento – entendi-
mento não muito aceito. 
Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de adiantamento 
da legítima, se não for, o de cujus deve dizê-lo expressamente (Art 2005). 
Bens que não devem ser trazidos à colação Arts § 2º 2004, 2010, 2011 e 2012 
(só metade) e indenizações a título de seguro de vida ou acidente pessoal (Art 
794). 
Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre: o bem deve 
ser todo trazido à colação ou só metade? Doutrina maior entende que só a 
metade (afinal C não é descendente, Art 2002), S. Rodrigues entende que o 
todo deve ser trazido, pois, a intenção de A era contemplar B e só contemplou 
C em virtude do casamento. 
21- SONEGADOS 
 
É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou levados à cola-
ção. Pode ser praticada pelo inventariante (quando omite intencionalmente 
bens e valores ao prestar as primeira e as últimas declarações) ou pelos her-
deiros (que não indicam bens em seu poder). 
A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o herdeiro, na perda do 
direito sobreo bem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos ou-
tros herdeiros, como se o sonegador nunca tivesse existido. Se o bem não 
 
 
 
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existir mais, será responsável por seu valor, mais perdas e danos. Quando o 
sonegador for o inventariante a pena imita-se à remoção da inventariança. 
A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada no foro do 
inventário e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e cre-
dores. 
22- PAGAMENTO DAS DÍVIDAS 
 
Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inven-
tário o pagamento de dívidas. Só serão partilhados os bens e valores que res-
tarem depois de pagas as dívidas. A cobrança das dívidas faz-se, em regra, 
pela habilitação do credor ao inventário. 
Não sendo impugnada a dívida vencida e exigível, o Juiz declarará habilitado 
o credor e mandará que se faça a separação do dinheiro ou bens, para o seu 
pagamento. 
Depois de efetivada a partilha os credores devem cobrar seus créditos não 
mais do espólio, mas dos próprios herdeiros, proporcionalmente. Além disso, o 
herdeiro não pode responder por encargos superiores às forças da herança. 
Obs.: Determina o art. 1.998 CC que as despesas funerárias sairão do monte 
da herança, haja ou não herdeiros legítimos. As despesas de sufrágios por 
alma do falecido só obrigarão a herança quando ordenadas em testamento ou 
codicilo. 
 
Art. 1.998. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sa-
irão do monte da herança; mas as de sufrágios por alma do falecido só 
obrigarão a herança quando ordenadas em testamento ou codicilo. 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10594376/artigo-1998-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
 
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23- DIREITOS SUCESSÓRIOS NA UNIÃO ESTÁVEL 
 
Renata Freitas Camargo (2018) elucida que o Direito das Sucessões é o con-
junto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois 
de sua morte, em virtude de lei ou testamento. Trata-se de um ramo do Direito 
Civil, cujas normas regulam a transferência do patrimônio do morto ao herdeiro. 
O fundamento do Direito Sucessório é a propriedade, conjugada ou não com o 
direito de família. 
 
Nesse mesmo sentido, Carlos Roberto Gonçalves (2019), aduz que o direito das 
sucessões decorre da sucessão por causa mortis, que resulta na transferência 
do patrimônio do de cujus a seus herdeiros e a massa patrimonial passível de 
sucessão é chamada de espólio, não possuindo esta, personalidade jurídica, 
sendo representada pelo inventariante ou administrador provisório. 
 
Os direitos sucessórios na União Estável estão previstos no caput do artigo 
1.790 do Código Civil/2002 e seus incisos, que diz que, na hipótese de faleci-
mento do companheiro ou companheira, na constância da união estável, o outro 
terá direito na sucessão. Deve-se ressaltar que a esposa possuirá maiores ga-
rantias quando comparada com a companheira na união estável, essa compara-
ção advém pela leitura dos dispositivos da herança na união estável e da he-
rança no casamento (SOUZA, 2017). 
 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do 
outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união 
estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente 
à que por lei for atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á 
a metade do que couber a cada um daqueles; 
 
 
 
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III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço 
da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da he-
rança. 
 
Quanto aos alimentos, o artigo 1.994 do Código Civil, iguala a situação entre 
cônjuges e companheiros, os colocando na mesma situação, podendo pleitear 
os alimentos um dos outros, quando for necessário para a manutenção de sua 
vida caso ocorra a dissolução da união estável (SOUZA, 2017). 
Nesse escopo, a fim de expor explicitamente sobre a concepção em foco é im-
portante enfatizar que, de acordo com Ana Paula Nogueira Bittencourt, a ideia 
do que venha a ser família ocorreu através do Código Civil de 1.916, mas tal 
concepção sofreu grandes alterações por valores trazidos pela Constituição Fe-
deral de 1.988, afirmando ainda que: 
O conceito de família passou por profunda mudança com o texto cons-
titucional de 1988, alterando a base com que se delineava. Antes disso, 
para o legislador constituinte de 1967, havia apenas uma família, a le-
gítima, oriunda do casamento. Desse modo, somente a família consti-
tuída pelo casamento seria amparada pelo Estado, como dispunha o 
artigo 175 do texto constitucional. Estabelecendo elementos delinea-
dores da instituição familiar, o ordenamento jurídico favorece assim, o 
surgimento de repercussões em outras áreas, sobretudo no Direito das 
Sucessões, um dos segmentos do Direito Civil e ao qual muito importa 
os reflexos trazidos pela alteração da definição da família (2007, on-
line). 
Está fundamentado no princípio da perpetuidade da propriedade, consubstanci-
ada na sua transmissibilidade após a morte. O primeiro artigo do Código Civil 
brasileiro inicia prescrevendo ser toda pessoa capaz de direitos e deveres na 
ordem civil e, embora não se restrinja exclusivamente à pessoa física, porquanto 
 
 
 
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a pessoa jurídica também possa ser sujeito de direitos e de obrigações, é so-
mente a existência da pessoa natural que termina com a morte (MADALENO, 
2019). 
A sucessão mortis causa abrange duas modalidades que são consideradas 
como sendo básicas, consistindo elas na sucessão legítima e na sucessão ab 
intestato. A primeira é a decorrente de lei, onde se presume a vontade do autor 
da herança, já no segundo caso é a sucessão que ocorre pela falta de testa-
mento. Essas modalidades estão previstas no artigo 1.786 do Código Civil (TAR-
TUCE, 2019). 
Sobrevindo a morte, os bens e as obrigações deixadas pelo falecido transmitem-
se de imediato aos seus herdeiros e legatários, conferindo uma transcendência 
jurídica desses direitos e deveres aos sucessores do de cujus, embora o óbito 
extinga definitivamente outras relações jurídicas que não são transmitidas aos 
sucessores. Logo, o Direito das Sucessões regula a herança deixada pelo óbito 
do primitivo titular deste patrimônio, que abrange ao mesmo tempo os seus di-
reitos e as suas obrigações (MADALENO, 2019). 
A morte coloca fim à personalidade e esta engloba três modalidades, sendo a 
morte real uma dessas modalidades, consistindo naquela que não necessita da 
busca de presunções, pois ocorre com o “corpo presente”. Esta ocorre no mo-
mento em que se encerra a atividade cerebral do ser humano, conforme é exi-
gido pela lei. Esse é o momento, segundo a maioria dos médicos, em que ocorre 
o falecimento do ser humano. Já a morte presumida pode ocorrer sem a decla-
ração de ausência, ou seja, por meio de justificação ou através da declaração 
de ausência (TARTUCE, 2019). 
24- POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS 
 
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, o direito sucessório sofreu 
alterações significativas, podendo ser citado como exemplo, a inclusão do côn-
juge como herdeiro necessário, alterando o que previa o antigo código, fato que 
não aconteceu com o companheiro e causou divergências no âmbito jurídico. 
 
 
 
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Esse acontecimento ressaltou o intuito do legislador de proteger a família for-
mada pelo casamento, gerando a divisão da doutrina e jurisprudência em duas 
correntes. A primeira defende que a diferenciação entre companheiro e cônjuge 
foi uma decisão acertada, pois o artigo 226 da Constituição Federal trata a união 
estável como uma entidade familiar, mas não a equiparou a família. Já a segunda 
corrente defende que o referido artigo da Constituição equiparou os dois institu-
tos e sustentam

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