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Produção Escrita de Alunos com Deficiência Intelectual

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PRODUÇÃO ESCRITA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECT UAL: 
proposta de instrumentalização para 
professores do Atendimento Educacional Especializado 
 
Ana Paula Zaboroski Oleinik 
UNESP, Marília 
anapaulazaboroski@yahoo.com.br 
Jáima Pinheiro de Oliveira 
UNESP, Marília 
jaima@marilia.unesp.br 
 
Linha de pesquisa Educação Especial 
 
 
Resumo 
 
Esta pesquisa se propõe a verificar os efeitos de uma proposta de 
instrumentalização, aos professores atuantes no Atendimento Educacional 
Especializado, para fins de promover o desempenho de narrativas escritas dos alunos 
com deficiência intelectual. Possui delineamento Tipo AB: linha de base (A) e 
intervenção (B). A pesquisa será composta por dois estudos: I) investigação dos 
recursos e estratégias para trabalhar a produção de narrativas escritas e, II) construção 
de uma proposta de instrumentalização que contemple a elaboração e o 
desenvolvimento de estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas 
escritas. Cada estudo contemplará procedimentos de coleta e análise de dados de acordo 
com suas necessidades. Para o estudo I, os principais procedimentos serão: entrevistas, 
observação da prática pedagógica, anotações de campo e análise documental dos planos 
educacionais individuais. Para o estudo II, será realizada a linha de base múltipla 
intrassujeitos e a intervenção, envolvendo a observação da prática pedagógica, 
anotações de campo, entrevista coletiva e avaliações do desempenho dos alunos nas 
narrativas escritas. Os dados serão tratados pela análise de conteúdo, análise dos 
elementos que compõem a história e pela classificação das narrativas escritas dos 
alunos. A pesquisa pretende contribuir com a área da educação especial, propondo 
alternativas para um trabalho pedagógico voltado à produção de narrativas escritas dos 
alunos com deficiência intelectual. 
 
Palavras-chave: deficiência intelectual; narrativa escrita; atendimento 
educacional especializado. 
 
 
1. Introdução 
1.1 Delineando a problemática e o problema 
Os elementos disparadores desta pesquisa foram definidos a partir da minha 
dissertação de mestrado (ZABOROSKI, 2014), a qual concluiu que o programa de 
intervenção foi efetivo tanto para o desempenho dos alunos nas produções das 
narrativas escritas quanto para a reflexão das professoras acerca de suas concepções e 
 
 
ações pedagógicas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem do gênero textual 
narrativo. Uma das principais implicações dessa pesquisa foi a sugestão de realização de 
estudos futuros que contemplassem o desenvolvimento de programas de intervenção 
voltados para o público-alvo da Educação Especial, realizando as adaptações de acordo 
com as especificidades desse público. 
Diante do exposto, o foco da presente pesquisa consiste na elaboração e no 
desenvolvimento de estratégias pedagógicas e condições de produções escritas que 
favoreçam o processo de ensino-aprendizagem dos alunos que possuem deficiência 
intelectual para o desenvolvimento da habilidade da escrita. Neste contexto, o problema 
da pesquisa envolve questões sobre a prática pedagógica voltada para a produção de 
narrativas escritas pelos alunos com deficiência intelectual, suscitando os seguintes 
questionamentos: Quais são os recursos pedagógicos e as estratégias de ensino 
desenvolvidas no Atendimento Educacional Especializado (AEE) para trabalhar a 
produção de narrativas escritas? Uma proposta de instrumentalização voltada aos 
professores atuantes no AEE favorece o desempenho dos alunos com deficiência 
intelectual na produção de narrativas escritas? 
 
1.2 Algumas considerações acerca da Deficiência Intelectual e do AEE 
A deficiência intelectual, de acordo com a American Association on Intellectual 
and Developmental Disabilities (AAIDD), é definida por limitações significativas tanto 
no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de problemas) 
quanto no comportamento adaptativo que abrange as habilidades adaptativas, 
conceituais, sociais e práticas. Essa incapacidade tem início antes dos 18 anos de idade 
(AAIDD, 2010). 
Alunos com deficiência seja ela cognitiva, física ou sensorial, assim como, 
alunos com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação 
são considerados alunos públicos-alvo da Educação Especial. A Política Nacional de 
Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva (BRASIL, 2007) dispõe que o 
AEE, desenvolvido nas salas de recursos multifuncionais, tem o objetivo de prover 
condições de acesso, permanência e aprendizagem no ensino regular a estes alunos. 
Essa modalidade de apoio é desenvolvida de forma complementar e suplementar as 
ações pedagógicas realizadas no ensino regular, oferecido no contraturno em que o 
aluno frequenta o ensino regular em que está matriculado. Para tal, esses alunos devem 
 
 
aprender habilidades diferentes daquelas trabalhadas pelo currículo do ensino regular, 
evitando o emprego de exercícios repetitivos e primando por atividades que possibilitem 
a estimulação da abstração e da construção de conceitos, tornando o aluno capaz de 
organizar seu pensamento e produzir conhecimentos (BRASIL, 2006; 2007). 
Todavia, de acordo com Melo (2008), o AEE vem exercendo uma função 
diferente daquela que deveria assumir segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação 
Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), à medida que a prática pedagógica do 
AEE permanece essencialmente isolada e voltada para atividades de reforço do 
conteúdo trabalhado no ensino regular. Neste contexto, a pesquisa desenvolvida por 
Moscardini (2011) observou o distanciamento existente entre o ensino comum e a sala 
de recursos multifuncionais, o que impossibilita a estruturação de propostas semelhantes 
de trabalho que possam contribuir para o desenvolvimento cognitivo do aluno com 
deficiência intelectual. Essas realidades são pautadas pela oferta de atividades 
fragmentadas e extremamente simples, não havendo a adaptação curricular necessária 
para que esse público possa realizar as tarefas propostas tendo as suas singularidades 
respeitadas. 
O AEE deve favorecer a transversalidade das ações pedagógicas da Educação 
Especial para o ensino regular, auxiliando no desenvolvimento de trabalho conjunto, a 
fim de contribuir para a formação humana de todos os alunos, sejam estes com ou sem 
deficiência. Sendo assim, o AEE fomenta a elaboração de recursos metodológicos que 
sejam capazes de superar as limitações físicas, sensoriais ou cognitivas enfrentadas por 
alguns alunos ao longo do seu processo de ensino-aprendizagem, assegurando o 
prosseguimento dos estudos em diferentes níveis (BRASIL, 2006; 2007). 
Além do que está disposto nestes documentos (BRASIL, 2006; 2007), há 
décadas pesquisadores da Educação Especial têm colaborado para o avanço na área, 
contudo, ainda há sugestões direcionadas para algumas mudanças em relação às atitudes 
voltadas ao ensino de crianças com deficiência (OMOTE, 2006); concepção do ensino 
(VITTA et al., 2010) e, formação de professores que contemple conhecimentos sobre as 
deficiências, especificamente, acerca da adequação dos recursos e serviços 
especializados (VITTA et al., 2010; DELIBERATO, 2008). A pesquisa desenvolvida 
por Oliveira e Ruiz (2014) concluiu que apesar de ter ocorrido alguns avanços nas ações 
pedagógicas e nas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos com 
deficiência intelectual, a produção científica nesta área e temática ainda é insuficiente. 
 
 
 
1.3 Deficiência Intelectual, Alfabetização e Linguagem Escrita 
Alguns estudos acerca da alfabetização de alunos com deficiência intelectual 
evidenciaram que estes alunos possuem dificuldades expressivas no desenvolvimento e 
aprendizagem das habilidades da leitura e da escrita (VALENTIM, 2011; OLIVEIRA, 
2012; 2015). A pesquisa realizada por Oliveira (2015) expõe que 62,5% dos alunos com 
deficiência intelectual possuem dificuldadessignificativas na realização dos conteúdos 
gerais da Língua Portuguesa. Contudo, os alunos evidenciaram também possibilidades 
de aprendizagem, principalmente com ajuda, as quais, de acordo com a autora, devem 
ser consideradas pelos professores a fim de impulsionar a escolarização destes alunos. 
Segundo Braun, (2012) a escolarização e o desempenho dos alunos com deficiência 
intelectual demonstraram e apontaram para a necessidade de adequação curricular para 
a prática pedagógica nas salas comuns do ensino regular. 
No que diz respeito ao desenvolvimento da habilidade da escrita, a consciência 
metalinguística é um dos inúmeros aspectos envolvidos nesse processo. A consciência 
metalinguística está relacionada às atividades que envolvem a atenção consciente aos 
aspectos formais da linguagem, em que algumas unidades linguísticas podem ser 
adotadas para reflexão (TUNMER et al., 1984; MOTA, 2009). Dentre as habilidades 
metalinguísticas, a consciência metatextual possui o texto como unidade de análise. 
Gombert (1992) expõe que nesta habilidade o indivíduo trata o texto como um objeto de 
análise e reflexão, focando a sua atenção em relação à estrutura desse texto, ou seja, aos 
elementos que o compõem. 
A estrutura e a organização do gênero textual conto (história) é constituída por 
convenções e construções linguísticas típicas. Morrow (1986) descreve a caracterização 
dos quatro elementos que compõem uma história: a) Cenário (lugar, tempo e 
personagens); b) Tema (situação-problema); c) Enredo (ações para resolver o problema) 
e, d) Resolução. Estes elementos configuram a sequência em que aparece cada um 
desses elementos na história. 
Alguns estudos demonstraram que a utilização do apoio visual favoreceu a 
elaboração de narrativas orais e escritas com estrutura e organização linguísticas mais 
completas e elaboradas (OLIVEIRA; BRAGA, 2012; OLIVEIRA, 2010; LINS-SILVA; 
SPINILLO, 2000). Para tal, são necessárias atividades sistematizadas por meio do 
 
 
ensino formal, ou seja, da aprendizagem explícita (BARRERA; MALUF, 2003; 
SPINILLO; SIMÕES, 2003; GOMBERT, 2013). 
Diante do exposto, esta pesquisa pretende contribuir para o campo do 
conhecimento educacional especial, propondo alternativas para um trabalho pedagógico 
voltado à produção de narrativas escritas dos alunos com deficiência intelectual. Espera-
se que a elaboração e o desenvolvimento de atividades diferenciadas consiga atender as 
singularidades desses alunos e favorecer o processo de ensino-aprendizagem do gênero 
textual narrativo. 
 
2. Objetivos 
2.1 Objetivo Geral 
Verificar os efeitos de uma proposta de instrumentalização com atividades 
metatextuais, voltada para a prática pedagógica no AEE, para fins de promover o 
desempenho de narrativas escritas de alunos com deficiência intelectual. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
Estudo I 
Investigar, junto aos professores do AEE, os recursos pedagógicos e as estratégias de 
ensino desenvolvidas para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos. 
 
Estudo II 
Propor a construção de uma proposta de instrumentalização, junto aos professores do 
AEE, baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012) e que contemple a 
elaboração e o desenvolvimento de estratégias e recursos para trabalhar a produção de 
narrativas escritas com alunos que possuem deficiência intelectual. 
 
3. Aspectos Metodológicos 
3.1 Aspectos éticos 
A pesquisa respeitará todas as normas estabelecidas pela Resolução 466/2012, 
referente aos aspectos éticos em pesquisas com seres humanos e será realizada após a 
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. As professoras e os responsáveis 
pelos(as) alunos(as) receberão e assinarão o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE). 
 
 
 
3.2 Caracterização do estudo 
O estudo será caracterizado pelo Delineamento Tipo AB: linha de base (A) e 
intervenção (B). A linha de base consistirá na linha de base múltipla intrassujeitos. O 
delineamento desta linha de base emprega a mesma intervenção em um número restrito 
de indivíduos que apresentam o mesmo comportamento, no caso deste estudo, refere-se 
ao desempenho dos alunos na produção de narrativas escritas. Após a estabilização da 
linha de base será iniciada a intervenção e o desempenho das narrativas escritas 
observado em cada aluno será acompanhado em todas as fases do estudo (ALMEIDA, 
2003). 
A pesquisadora desenvolverá uma proposta de instrumentalização junto aos 
professores do AEE para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos que 
possuem deficiência intelectual, configurando uma pesquisa colaborativa e propositiva 
(LIEBERMAN, 1986). Neste contexto, a abordagem do problema de pesquisa possuirá 
tanto aspectos qualitativos quanto os quantitativos (COZBY, 2006). A natureza da 
pesquisa será predominantemente aplicada, sendo que os meios de investigação 
utilizados para a coleta de dados consistirão em entrevistas com os professores; 
observações da prática pedagógica; análise documental dos planos educacionais 
individualizados; anotações de campo; avaliações e intervenções voltadas à estrutura 
narrativa escrita dos alunos. 
 
3.3 Local da pesquisa 
Esta pesquisa será desenvolvida nas dependências de duas escolas públicas 
municipais de uma cidade do interior do Estado do Paraná, nas quais são ofertados o 
serviço de AEE. 
 
3.4 Participantes e critérios para seleção dos mesmos 
Farão parte desta pesquisa duas professoras responsáveis pelo AEE e os alunos 
com deficiência intelectual, matriculados no 4º e/ou 5º ano do Ensino Fundamental que 
frequentam o AEE. Espera-se que os alunos deste nível de escolaridade se encontrem 
em processo de alfabetização, evidenciando a hipótese de escrita alfabética. 
A seleção dos participantes será realizada mediante o atendimento a alguns 
critérios. As professoras do AEE deverão: a) possuir atuação no ensino regular 
 
 
anteriormente e, b) apresentar cursos de formação da rede de alfabetização nos anos 
iniciais do Ensino Fundamental ou cursos específicos do AEE. Os alunos deverão: a) 
apresentar diagnóstico médico e multiprofissional de deficiência intelectual; b) estarem 
matriculados no 4º e/ou 5º ano do Ensino Fundamental e no AEE; c) apresentar 
alteração na linguagem oral e escrita; d) ausência de histórico de atendimento 
fonoaudiológico anterior ou atual e, e) não ter recebido intervenção metatextual 
anteriormente. 
 
3.5 Procedimentos para coleta e análise dos dados 
A pesquisa será composta por dois estudos: 
Estudo I 
A investigação dos recursos pedagógicos e das estratégias de ensino 
desenvolvidas para trabalhar a produção de narrativas escritas será realizada por meio 
de entrevista, observação da prática pedagógica e análise documental dos planos 
educacionais individuais. 
A entrevista semiestruturada será realizada, individualmente, com as professoras 
atuantes no AEE, identificando alguns aspectos da prática pedagógica, a saber: 
estratégias de ensino e recursos pedagógicos utilizados para trabalhar a produção de 
narrativas escritas; elaboração dos planos educacionais individuais (PEI) e das 
atividades coletivas; avaliação dos alunos e articulação entre o ensino regular e a sala de 
recursos multifuncionais (SRM). 
Para a observação da prática pedagógica será utilizada uma filmadora digital 
fixada sob um tripé ao fundo da sala de aula e anotações de campo (VIANNA, 2003). 
Por meio da técnica de filmagem será garantida a preservação da situação real a ser 
observada referente aos recursos pedagógicos e estratégias de ensino utilizadas para 
trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos. 
A análise documental dos planos educacionais individuais dos alunos com 
deficiência intelectual envolverá, especificamente, os recursos pedagógicos e as 
estratégias de ensino utilizadas para trabalhar a produção de narrativas escritas. 
A transcrição das entrevistas será realizada de formaintegral com ajustes em 
relação às normas ortográficas e tratamento das falas como citação direta de autores 
(ABNT, 2002). Os dados das entrevistas e dos planos educacionais individuais 
envolverão a análise de conteúdo por meio de categorias temáticas, as quais serão 
 
 
estabelecidas pela pesquisadora, com base em Bardin (2011). Os dados da observação 
da prática pedagógica serão transcritos e analisados por meio do Programa Atlas.ti. 
 
Estudo II 
A construção de uma proposta de instrumentalização, junto às professoras do 
AEE, que contemple a elaboração e o desenvolvimento de estratégias e recursos para 
trabalhar a produção de narrativas escritas com alunos que possuem deficiência 
intelectual será baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012). A proposta de 
instrumentalização empregará um delineamento de linha de base múltipla intrassujeitos, 
constituído de duas condições: linha de base (A) e intervenção (B) (ALMEIDA, 2003). 
 
Fase A: Linha de Base 
A linha de base será constituída de investigações do domínio do esquema de 
narrativa escrita dos alunos, referente à estrutura e à organização das histórias. Esta 
investigação será realizada pela pesquisadora, sem a interferência da mesma, ao final do 
Estudo I. Aos alunos serão fornecidas figuras em sequência [situação de produção 
escrita com apoio visual, baseado em Oliveira e Braga (2012)] por meio das quais 
deverão elaborar uma narrativa escrita. Em razão de não haver instrução aos alunos, 
configura-se no tipo de linha de base chamada não-operante. Na linha de base, 
mensurações repetidas do desempenho dos alunos na produção das narrativas escritas 
serão coletadas até que a tendência e variabilidade dos dados estejam estáveis, ou seja, 
até que haja estabilização da linha de base. A estabilização será caracterizada quando os 
alunos apresentarem narrativas escritas consecutivas semelhantes (ALMEIDA, 2003). O 
levantamento do esquema de narrativa escrita dos alunos, antes de qualquer intervenção, 
constituirá em uma medida inicial para fins de parâmetro em produções posteriores. 
 A análise das narrativas escritas dos alunos envolverá o estudo descritivo a 
partir da análise dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história, 
indicados por Morrow (1986), os quais foram adaptados por Oliveira e Braga (2012), 
com sugestões de aperfeiçoamento em Zaboroski (2014). Em seguida será realizada a 
classificação das narrativas escritas dos alunos de acordo com os diferentes níveis de 
domínio da estrutura narrativa e dos elementos que compõem a história, tendo em vista 
a atribuição de Categorias de I a VI indicadas por Lins-Silva e Spinillo (2000), as quais 
 
 
foram adaptadas por Oliveira e Braga (2012), com sugestões de aperfeiçoamento em 
Zaboroski (2014). 
 
Elaboração da Proposta de Instrumentalização 
A construção da proposta de instrumentalização, junto às professoras do AEE, 
inicialmente contemplará a elaboração de estratégias e recursos para trabalhar a 
produção de narrativas escritas com os alunos que possuem deficiência intelectual e, em 
seguida, o desenvolvimento desta proposta. 
Desta forma, serão realizados seis encontros de estudo com as professoras 
atuantes no AEE, sendo desenvolvido um encontro por semana com duração de 
aproximadamente duas horas. O gênero textual selecionado para estudo e 
aprofundamento serão histórias tradicionais (contos). 
Como elementos disparadores do primeiro encontro serão considerados para 
reflexões e discussões os dados do Estudo I, ou seja, as estratégias e os recursos 
pedagógicos utilizados para trabalhar a produção de narrativas escritas. Ainda no 
primeiro e no segundo encontros serão discutidos dois textos relativos à temática, a 
saber: a) consciência metatextual no que diz respeito aos aspectos macrolinguísticos do 
texto, especificamente, em relação à estrutura e à organização do mesmo, remetendo-se 
ao gênero textual conto (histórias)1 e, b) a utilização do apoio visual no processo de 
ensino-aprendizagem deste gênero textual2. Os textos serão disponibilizados às 
professoras para leitura prévia aos encontros de estudo. Nos quatro últimos encontros 
serão planejadas as atividades da sequência didática (DOLZ et al., 2004), envolvendo 
atividades metatextuais para a produção de narrativas escritas (ZABOROSKI, 2014; 
OLIVEIRA; BRAGA, 2012), as quais serão desenvolvidas durante as sessões dos AEE. 
As entrevistas coletivas e as anotações de campo consistirão nos procedimentos 
utilizados para nortear as reflexões e discussões originadas a partir das atividades 
realizadas durante a elaboração da proposta de instrumentalização. A transcrição das 
entrevistas coletivas será realizada de forma integral com ajustes em relação às normas 
ortográficas e tratamento das falas como citação direta de autores (ABNT, 2002). Os 
dados das entrevistas e das anotações de campo envolverão a análise de conteúdo por 
 
1 Consultar Ferreira e Spinillo (2003). 
2 Consultar Correia (2007). 
 
 
meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela pesquisadora, com base 
em Bardin (2011). 
 
Fase B: Intervenção 
Desenvolvimento da Proposta no AEE 
Após a elaboração da proposta de instrumentalização e da estabilização da linha 
de base será iniciada a intervenção. A intervenção ocorrerá por meio do 
desenvolvimento das estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas 
escritas com os alunos que possuem deficiência intelectual. Esta proposta de 
instrumentalização será baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012), 
desenvolvida por meio da observação-participante, utilizando-se de observação da 
prática pedagógica, anotações de campo e acompanhamento do desempenho dos alunos 
nas narrativas escritas realizadas no decorrer do estudo (COZBY, 2006; VIANNA, 
2003). 
A sequência didática da proposta de instrumentalização será composta por seis 
módulos. Nos três primeiros módulos serão desenvolvidas duas atividades de 
intervenção (atividade 1 e 2) e, a partir do quarto módulo, será desenvolvida apenas a 
atividade 2. Cada atividade será realizada em uma sessão de AEE. Na atividade 1, serão 
utilizadas histórias tradicionais (contos), realizando a pintura do texto para a 
identificação dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história 
(consciência metatextual). Na atividade 2, serão utilizadas figuras em sequência (apoio 
visual) para a produção de narrativas escritas. A sequência será composta por quatro 
figuras, sendo que cada figura corresponde a um elemento que compõe a história: 
cenário, tema, enredo e resolução (OLIVEIRA; BRAGA, 2012). As atividades 
envolverão a utilização de instruções explícitas e a estratégia de autorregulação3. A 
proposta será conduzida pelas professoras do AEE e o grau de diretividade assumido 
pelas mesmas frente aos alunos diminuirá do primeiro para o último módulo. 
Durante o desenvolvimento da proposta de instrumentalização no AEE a 
pesquisadora fará a observação das práticas pedagógicas, utilizando uma filmadora 
digital fixada sob um tripé ao fundo da sala de aula e anotações de campo (VIANNA, 
2003). Os dados da observação das práticas pedagógicas serão transcritos e analisados 
 
3Na estratégia de autorregulação há pouca interferência (instrução) da professora. Os alunos ao 
produzirem a narrativa escrita utilizarão apenas um quadro que contém as características de cada 
elemento que compõe a história. 
 
 
por meio do Programa Atlas.ti. e as anotações de campo envolverão a análise de 
conteúdo por meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela 
pesquisadora, com base em Bardin (2011). 
A análise das narrativas escritas dos alunos envolverá o estudo descritivo da 
mesma forma como será realizada na linha de base. Primeiramente, será realizada aanálise dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história (MORROW, 
1986; OLIVEIRA; BRAGA, 2012; ZABOROSKI, 2014). Em seguida, será realizada a 
classificação das narrativas escritas dos alunos de acordo com os diferentes níveis de 
domínio da estrutura narrativa e dos elementos que compõem a história, tendo em vista 
a atribuição de Categorias de I a VI (LINS-SILVA; SPINILLO, 2000; OLIVEIRA; 
BRAGA, 2012; ZABOROSKI, 2014). 
 
4. Cronograma 
Atividades Meses de 2016 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
Elaboração do projeto x x x x x x x x 
Envio do projeto para o 
Comitê de Ética 
 x x x 
 
Atividades Meses de 2017 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
Reuniões presenciais para 
orientação para reelaboração 
do projeto de pesquisa 
 x x x x x x x x x x 
Busca de referências 
bibliográficas nas Bases: 
BDTD, Portal da Capes, 
Science Direct, Scielo e Web 
Science. 
x x x x x x x 
Análise e descrição dos 
resultados da busca de 
referências bibliográficas 
 x x x x x 
 
Atividades Meses de 2018 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
Estudo I 
Realização das entrevistas 
com as professoras do AEE 
x x 
Observação da prática 
pedagógica e análise 
documental dos planos 
educacionais individuais dos 
alunos com deficiência 
intelectual 
 x x x 
Transcrição das entrevistas x x 
Análise de conteúdo x x x 
 
 
(entrevistas, observação 
prática pedagógica e PEI) 
Elaboração e sistematização 
dos resultados do Estudo I 
 x x 
Estudo II 
Fase A: Linha de Base 
 x x x 
Estudo II 
Elaboração da Proposta 
Discussão dos dados do 
Estudo I e de dois textos (1º e 
2º encontros) 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
Planejamento das atividades 
da sequência didática (3º, 4º, 
5º e 6º encontros) 
 x 
Estudo II 
Fase B: Intervenção 
Desenvolvimento da Proposta 
(seis módulos) 
 x x x x 
Análise de conteúdo 
(entrevista coletiva, anotações 
de campo, observação da 
prática pedagógica), 
elaboração e sistematização 
dos resultados do Estudo II 
 x x x x 
Análise de dados 
(desempenho dos alunos nas 
narrativas escritas) 
 x x x x 
Qualificação x 
Submissão de proposta de 
Doutorado Sanduíche 
 x 
 
Atividades Meses de 2019 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
Período de desenvolvimento 
das atividades (Doutorado 
Sanduíche) 
x x x x x x x 
Elaboração final de dados e 
resultados da Tese 
 x x x x 
Defesa x x 
 
5. Referências 
 
AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL 
DISABILITIES. Intellectual Disability: definition, classification, and systems of 
supports. 11th Edition. Washington: AAIDD, 2010. 
 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação - 
Citações em documentos – Apresentação NBR 10520, AGO 2002. 
 
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intrasujeitos: relato de alguns estudos conduzidos no Brasil. In: MARQUEZINE, M.C.; 
ALMEIDA, M.A.; OMOTE, S. Colóquios sobre pesquisa em educação especial. 
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