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PRODUÇÃO ESCRITA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECT UAL: proposta de instrumentalização para professores do Atendimento Educacional Especializado Ana Paula Zaboroski Oleinik UNESP, Marília anapaulazaboroski@yahoo.com.br Jáima Pinheiro de Oliveira UNESP, Marília jaima@marilia.unesp.br Linha de pesquisa Educação Especial Resumo Esta pesquisa se propõe a verificar os efeitos de uma proposta de instrumentalização, aos professores atuantes no Atendimento Educacional Especializado, para fins de promover o desempenho de narrativas escritas dos alunos com deficiência intelectual. Possui delineamento Tipo AB: linha de base (A) e intervenção (B). A pesquisa será composta por dois estudos: I) investigação dos recursos e estratégias para trabalhar a produção de narrativas escritas e, II) construção de uma proposta de instrumentalização que contemple a elaboração e o desenvolvimento de estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas escritas. Cada estudo contemplará procedimentos de coleta e análise de dados de acordo com suas necessidades. Para o estudo I, os principais procedimentos serão: entrevistas, observação da prática pedagógica, anotações de campo e análise documental dos planos educacionais individuais. Para o estudo II, será realizada a linha de base múltipla intrassujeitos e a intervenção, envolvendo a observação da prática pedagógica, anotações de campo, entrevista coletiva e avaliações do desempenho dos alunos nas narrativas escritas. Os dados serão tratados pela análise de conteúdo, análise dos elementos que compõem a história e pela classificação das narrativas escritas dos alunos. A pesquisa pretende contribuir com a área da educação especial, propondo alternativas para um trabalho pedagógico voltado à produção de narrativas escritas dos alunos com deficiência intelectual. Palavras-chave: deficiência intelectual; narrativa escrita; atendimento educacional especializado. 1. Introdução 1.1 Delineando a problemática e o problema Os elementos disparadores desta pesquisa foram definidos a partir da minha dissertação de mestrado (ZABOROSKI, 2014), a qual concluiu que o programa de intervenção foi efetivo tanto para o desempenho dos alunos nas produções das narrativas escritas quanto para a reflexão das professoras acerca de suas concepções e ações pedagógicas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem do gênero textual narrativo. Uma das principais implicações dessa pesquisa foi a sugestão de realização de estudos futuros que contemplassem o desenvolvimento de programas de intervenção voltados para o público-alvo da Educação Especial, realizando as adaptações de acordo com as especificidades desse público. Diante do exposto, o foco da presente pesquisa consiste na elaboração e no desenvolvimento de estratégias pedagógicas e condições de produções escritas que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem dos alunos que possuem deficiência intelectual para o desenvolvimento da habilidade da escrita. Neste contexto, o problema da pesquisa envolve questões sobre a prática pedagógica voltada para a produção de narrativas escritas pelos alunos com deficiência intelectual, suscitando os seguintes questionamentos: Quais são os recursos pedagógicos e as estratégias de ensino desenvolvidas no Atendimento Educacional Especializado (AEE) para trabalhar a produção de narrativas escritas? Uma proposta de instrumentalização voltada aos professores atuantes no AEE favorece o desempenho dos alunos com deficiência intelectual na produção de narrativas escritas? 1.2 Algumas considerações acerca da Deficiência Intelectual e do AEE A deficiência intelectual, de acordo com a American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD), é definida por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo que abrange as habilidades adaptativas, conceituais, sociais e práticas. Essa incapacidade tem início antes dos 18 anos de idade (AAIDD, 2010). Alunos com deficiência seja ela cognitiva, física ou sensorial, assim como, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação são considerados alunos públicos-alvo da Educação Especial. A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva (BRASIL, 2007) dispõe que o AEE, desenvolvido nas salas de recursos multifuncionais, tem o objetivo de prover condições de acesso, permanência e aprendizagem no ensino regular a estes alunos. Essa modalidade de apoio é desenvolvida de forma complementar e suplementar as ações pedagógicas realizadas no ensino regular, oferecido no contraturno em que o aluno frequenta o ensino regular em que está matriculado. Para tal, esses alunos devem aprender habilidades diferentes daquelas trabalhadas pelo currículo do ensino regular, evitando o emprego de exercícios repetitivos e primando por atividades que possibilitem a estimulação da abstração e da construção de conceitos, tornando o aluno capaz de organizar seu pensamento e produzir conhecimentos (BRASIL, 2006; 2007). Todavia, de acordo com Melo (2008), o AEE vem exercendo uma função diferente daquela que deveria assumir segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), à medida que a prática pedagógica do AEE permanece essencialmente isolada e voltada para atividades de reforço do conteúdo trabalhado no ensino regular. Neste contexto, a pesquisa desenvolvida por Moscardini (2011) observou o distanciamento existente entre o ensino comum e a sala de recursos multifuncionais, o que impossibilita a estruturação de propostas semelhantes de trabalho que possam contribuir para o desenvolvimento cognitivo do aluno com deficiência intelectual. Essas realidades são pautadas pela oferta de atividades fragmentadas e extremamente simples, não havendo a adaptação curricular necessária para que esse público possa realizar as tarefas propostas tendo as suas singularidades respeitadas. O AEE deve favorecer a transversalidade das ações pedagógicas da Educação Especial para o ensino regular, auxiliando no desenvolvimento de trabalho conjunto, a fim de contribuir para a formação humana de todos os alunos, sejam estes com ou sem deficiência. Sendo assim, o AEE fomenta a elaboração de recursos metodológicos que sejam capazes de superar as limitações físicas, sensoriais ou cognitivas enfrentadas por alguns alunos ao longo do seu processo de ensino-aprendizagem, assegurando o prosseguimento dos estudos em diferentes níveis (BRASIL, 2006; 2007). Além do que está disposto nestes documentos (BRASIL, 2006; 2007), há décadas pesquisadores da Educação Especial têm colaborado para o avanço na área, contudo, ainda há sugestões direcionadas para algumas mudanças em relação às atitudes voltadas ao ensino de crianças com deficiência (OMOTE, 2006); concepção do ensino (VITTA et al., 2010) e, formação de professores que contemple conhecimentos sobre as deficiências, especificamente, acerca da adequação dos recursos e serviços especializados (VITTA et al., 2010; DELIBERATO, 2008). A pesquisa desenvolvida por Oliveira e Ruiz (2014) concluiu que apesar de ter ocorrido alguns avanços nas ações pedagógicas e nas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos com deficiência intelectual, a produção científica nesta área e temática ainda é insuficiente. 1.3 Deficiência Intelectual, Alfabetização e Linguagem Escrita Alguns estudos acerca da alfabetização de alunos com deficiência intelectual evidenciaram que estes alunos possuem dificuldades expressivas no desenvolvimento e aprendizagem das habilidades da leitura e da escrita (VALENTIM, 2011; OLIVEIRA, 2012; 2015). A pesquisa realizada por Oliveira (2015) expõe que 62,5% dos alunos com deficiência intelectual possuem dificuldadessignificativas na realização dos conteúdos gerais da Língua Portuguesa. Contudo, os alunos evidenciaram também possibilidades de aprendizagem, principalmente com ajuda, as quais, de acordo com a autora, devem ser consideradas pelos professores a fim de impulsionar a escolarização destes alunos. Segundo Braun, (2012) a escolarização e o desempenho dos alunos com deficiência intelectual demonstraram e apontaram para a necessidade de adequação curricular para a prática pedagógica nas salas comuns do ensino regular. No que diz respeito ao desenvolvimento da habilidade da escrita, a consciência metalinguística é um dos inúmeros aspectos envolvidos nesse processo. A consciência metalinguística está relacionada às atividades que envolvem a atenção consciente aos aspectos formais da linguagem, em que algumas unidades linguísticas podem ser adotadas para reflexão (TUNMER et al., 1984; MOTA, 2009). Dentre as habilidades metalinguísticas, a consciência metatextual possui o texto como unidade de análise. Gombert (1992) expõe que nesta habilidade o indivíduo trata o texto como um objeto de análise e reflexão, focando a sua atenção em relação à estrutura desse texto, ou seja, aos elementos que o compõem. A estrutura e a organização do gênero textual conto (história) é constituída por convenções e construções linguísticas típicas. Morrow (1986) descreve a caracterização dos quatro elementos que compõem uma história: a) Cenário (lugar, tempo e personagens); b) Tema (situação-problema); c) Enredo (ações para resolver o problema) e, d) Resolução. Estes elementos configuram a sequência em que aparece cada um desses elementos na história. Alguns estudos demonstraram que a utilização do apoio visual favoreceu a elaboração de narrativas orais e escritas com estrutura e organização linguísticas mais completas e elaboradas (OLIVEIRA; BRAGA, 2012; OLIVEIRA, 2010; LINS-SILVA; SPINILLO, 2000). Para tal, são necessárias atividades sistematizadas por meio do ensino formal, ou seja, da aprendizagem explícita (BARRERA; MALUF, 2003; SPINILLO; SIMÕES, 2003; GOMBERT, 2013). Diante do exposto, esta pesquisa pretende contribuir para o campo do conhecimento educacional especial, propondo alternativas para um trabalho pedagógico voltado à produção de narrativas escritas dos alunos com deficiência intelectual. Espera- se que a elaboração e o desenvolvimento de atividades diferenciadas consiga atender as singularidades desses alunos e favorecer o processo de ensino-aprendizagem do gênero textual narrativo. 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Verificar os efeitos de uma proposta de instrumentalização com atividades metatextuais, voltada para a prática pedagógica no AEE, para fins de promover o desempenho de narrativas escritas de alunos com deficiência intelectual. 2.2 Objetivos Específicos Estudo I Investigar, junto aos professores do AEE, os recursos pedagógicos e as estratégias de ensino desenvolvidas para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos. Estudo II Propor a construção de uma proposta de instrumentalização, junto aos professores do AEE, baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012) e que contemple a elaboração e o desenvolvimento de estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas escritas com alunos que possuem deficiência intelectual. 3. Aspectos Metodológicos 3.1 Aspectos éticos A pesquisa respeitará todas as normas estabelecidas pela Resolução 466/2012, referente aos aspectos éticos em pesquisas com seres humanos e será realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. As professoras e os responsáveis pelos(as) alunos(as) receberão e assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 3.2 Caracterização do estudo O estudo será caracterizado pelo Delineamento Tipo AB: linha de base (A) e intervenção (B). A linha de base consistirá na linha de base múltipla intrassujeitos. O delineamento desta linha de base emprega a mesma intervenção em um número restrito de indivíduos que apresentam o mesmo comportamento, no caso deste estudo, refere-se ao desempenho dos alunos na produção de narrativas escritas. Após a estabilização da linha de base será iniciada a intervenção e o desempenho das narrativas escritas observado em cada aluno será acompanhado em todas as fases do estudo (ALMEIDA, 2003). A pesquisadora desenvolverá uma proposta de instrumentalização junto aos professores do AEE para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos que possuem deficiência intelectual, configurando uma pesquisa colaborativa e propositiva (LIEBERMAN, 1986). Neste contexto, a abordagem do problema de pesquisa possuirá tanto aspectos qualitativos quanto os quantitativos (COZBY, 2006). A natureza da pesquisa será predominantemente aplicada, sendo que os meios de investigação utilizados para a coleta de dados consistirão em entrevistas com os professores; observações da prática pedagógica; análise documental dos planos educacionais individualizados; anotações de campo; avaliações e intervenções voltadas à estrutura narrativa escrita dos alunos. 3.3 Local da pesquisa Esta pesquisa será desenvolvida nas dependências de duas escolas públicas municipais de uma cidade do interior do Estado do Paraná, nas quais são ofertados o serviço de AEE. 3.4 Participantes e critérios para seleção dos mesmos Farão parte desta pesquisa duas professoras responsáveis pelo AEE e os alunos com deficiência intelectual, matriculados no 4º e/ou 5º ano do Ensino Fundamental que frequentam o AEE. Espera-se que os alunos deste nível de escolaridade se encontrem em processo de alfabetização, evidenciando a hipótese de escrita alfabética. A seleção dos participantes será realizada mediante o atendimento a alguns critérios. As professoras do AEE deverão: a) possuir atuação no ensino regular anteriormente e, b) apresentar cursos de formação da rede de alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental ou cursos específicos do AEE. Os alunos deverão: a) apresentar diagnóstico médico e multiprofissional de deficiência intelectual; b) estarem matriculados no 4º e/ou 5º ano do Ensino Fundamental e no AEE; c) apresentar alteração na linguagem oral e escrita; d) ausência de histórico de atendimento fonoaudiológico anterior ou atual e, e) não ter recebido intervenção metatextual anteriormente. 3.5 Procedimentos para coleta e análise dos dados A pesquisa será composta por dois estudos: Estudo I A investigação dos recursos pedagógicos e das estratégias de ensino desenvolvidas para trabalhar a produção de narrativas escritas será realizada por meio de entrevista, observação da prática pedagógica e análise documental dos planos educacionais individuais. A entrevista semiestruturada será realizada, individualmente, com as professoras atuantes no AEE, identificando alguns aspectos da prática pedagógica, a saber: estratégias de ensino e recursos pedagógicos utilizados para trabalhar a produção de narrativas escritas; elaboração dos planos educacionais individuais (PEI) e das atividades coletivas; avaliação dos alunos e articulação entre o ensino regular e a sala de recursos multifuncionais (SRM). Para a observação da prática pedagógica será utilizada uma filmadora digital fixada sob um tripé ao fundo da sala de aula e anotações de campo (VIANNA, 2003). Por meio da técnica de filmagem será garantida a preservação da situação real a ser observada referente aos recursos pedagógicos e estratégias de ensino utilizadas para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos. A análise documental dos planos educacionais individuais dos alunos com deficiência intelectual envolverá, especificamente, os recursos pedagógicos e as estratégias de ensino utilizadas para trabalhar a produção de narrativas escritas. A transcrição das entrevistas será realizada de formaintegral com ajustes em relação às normas ortográficas e tratamento das falas como citação direta de autores (ABNT, 2002). Os dados das entrevistas e dos planos educacionais individuais envolverão a análise de conteúdo por meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela pesquisadora, com base em Bardin (2011). Os dados da observação da prática pedagógica serão transcritos e analisados por meio do Programa Atlas.ti. Estudo II A construção de uma proposta de instrumentalização, junto às professoras do AEE, que contemple a elaboração e o desenvolvimento de estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas escritas com alunos que possuem deficiência intelectual será baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012). A proposta de instrumentalização empregará um delineamento de linha de base múltipla intrassujeitos, constituído de duas condições: linha de base (A) e intervenção (B) (ALMEIDA, 2003). Fase A: Linha de Base A linha de base será constituída de investigações do domínio do esquema de narrativa escrita dos alunos, referente à estrutura e à organização das histórias. Esta investigação será realizada pela pesquisadora, sem a interferência da mesma, ao final do Estudo I. Aos alunos serão fornecidas figuras em sequência [situação de produção escrita com apoio visual, baseado em Oliveira e Braga (2012)] por meio das quais deverão elaborar uma narrativa escrita. Em razão de não haver instrução aos alunos, configura-se no tipo de linha de base chamada não-operante. Na linha de base, mensurações repetidas do desempenho dos alunos na produção das narrativas escritas serão coletadas até que a tendência e variabilidade dos dados estejam estáveis, ou seja, até que haja estabilização da linha de base. A estabilização será caracterizada quando os alunos apresentarem narrativas escritas consecutivas semelhantes (ALMEIDA, 2003). O levantamento do esquema de narrativa escrita dos alunos, antes de qualquer intervenção, constituirá em uma medida inicial para fins de parâmetro em produções posteriores. A análise das narrativas escritas dos alunos envolverá o estudo descritivo a partir da análise dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história, indicados por Morrow (1986), os quais foram adaptados por Oliveira e Braga (2012), com sugestões de aperfeiçoamento em Zaboroski (2014). Em seguida será realizada a classificação das narrativas escritas dos alunos de acordo com os diferentes níveis de domínio da estrutura narrativa e dos elementos que compõem a história, tendo em vista a atribuição de Categorias de I a VI indicadas por Lins-Silva e Spinillo (2000), as quais foram adaptadas por Oliveira e Braga (2012), com sugestões de aperfeiçoamento em Zaboroski (2014). Elaboração da Proposta de Instrumentalização A construção da proposta de instrumentalização, junto às professoras do AEE, inicialmente contemplará a elaboração de estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos que possuem deficiência intelectual e, em seguida, o desenvolvimento desta proposta. Desta forma, serão realizados seis encontros de estudo com as professoras atuantes no AEE, sendo desenvolvido um encontro por semana com duração de aproximadamente duas horas. O gênero textual selecionado para estudo e aprofundamento serão histórias tradicionais (contos). Como elementos disparadores do primeiro encontro serão considerados para reflexões e discussões os dados do Estudo I, ou seja, as estratégias e os recursos pedagógicos utilizados para trabalhar a produção de narrativas escritas. Ainda no primeiro e no segundo encontros serão discutidos dois textos relativos à temática, a saber: a) consciência metatextual no que diz respeito aos aspectos macrolinguísticos do texto, especificamente, em relação à estrutura e à organização do mesmo, remetendo-se ao gênero textual conto (histórias)1 e, b) a utilização do apoio visual no processo de ensino-aprendizagem deste gênero textual2. Os textos serão disponibilizados às professoras para leitura prévia aos encontros de estudo. Nos quatro últimos encontros serão planejadas as atividades da sequência didática (DOLZ et al., 2004), envolvendo atividades metatextuais para a produção de narrativas escritas (ZABOROSKI, 2014; OLIVEIRA; BRAGA, 2012), as quais serão desenvolvidas durante as sessões dos AEE. As entrevistas coletivas e as anotações de campo consistirão nos procedimentos utilizados para nortear as reflexões e discussões originadas a partir das atividades realizadas durante a elaboração da proposta de instrumentalização. A transcrição das entrevistas coletivas será realizada de forma integral com ajustes em relação às normas ortográficas e tratamento das falas como citação direta de autores (ABNT, 2002). Os dados das entrevistas e das anotações de campo envolverão a análise de conteúdo por 1 Consultar Ferreira e Spinillo (2003). 2 Consultar Correia (2007). meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela pesquisadora, com base em Bardin (2011). Fase B: Intervenção Desenvolvimento da Proposta no AEE Após a elaboração da proposta de instrumentalização e da estabilização da linha de base será iniciada a intervenção. A intervenção ocorrerá por meio do desenvolvimento das estratégias e recursos para trabalhar a produção de narrativas escritas com os alunos que possuem deficiência intelectual. Esta proposta de instrumentalização será baseada em Zaboroski (2014) e Oliveira e Braga (2012), desenvolvida por meio da observação-participante, utilizando-se de observação da prática pedagógica, anotações de campo e acompanhamento do desempenho dos alunos nas narrativas escritas realizadas no decorrer do estudo (COZBY, 2006; VIANNA, 2003). A sequência didática da proposta de instrumentalização será composta por seis módulos. Nos três primeiros módulos serão desenvolvidas duas atividades de intervenção (atividade 1 e 2) e, a partir do quarto módulo, será desenvolvida apenas a atividade 2. Cada atividade será realizada em uma sessão de AEE. Na atividade 1, serão utilizadas histórias tradicionais (contos), realizando a pintura do texto para a identificação dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história (consciência metatextual). Na atividade 2, serão utilizadas figuras em sequência (apoio visual) para a produção de narrativas escritas. A sequência será composta por quatro figuras, sendo que cada figura corresponde a um elemento que compõe a história: cenário, tema, enredo e resolução (OLIVEIRA; BRAGA, 2012). As atividades envolverão a utilização de instruções explícitas e a estratégia de autorregulação3. A proposta será conduzida pelas professoras do AEE e o grau de diretividade assumido pelas mesmas frente aos alunos diminuirá do primeiro para o último módulo. Durante o desenvolvimento da proposta de instrumentalização no AEE a pesquisadora fará a observação das práticas pedagógicas, utilizando uma filmadora digital fixada sob um tripé ao fundo da sala de aula e anotações de campo (VIANNA, 2003). Os dados da observação das práticas pedagógicas serão transcritos e analisados 3Na estratégia de autorregulação há pouca interferência (instrução) da professora. Os alunos ao produzirem a narrativa escrita utilizarão apenas um quadro que contém as características de cada elemento que compõe a história. por meio do Programa Atlas.ti. e as anotações de campo envolverão a análise de conteúdo por meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela pesquisadora, com base em Bardin (2011). A análise das narrativas escritas dos alunos envolverá o estudo descritivo da mesma forma como será realizada na linha de base. Primeiramente, será realizada aanálise dos elementos que compõem a estrutura e a organização da história (MORROW, 1986; OLIVEIRA; BRAGA, 2012; ZABOROSKI, 2014). Em seguida, será realizada a classificação das narrativas escritas dos alunos de acordo com os diferentes níveis de domínio da estrutura narrativa e dos elementos que compõem a história, tendo em vista a atribuição de Categorias de I a VI (LINS-SILVA; SPINILLO, 2000; OLIVEIRA; BRAGA, 2012; ZABOROSKI, 2014). 4. Cronograma Atividades Meses de 2016 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Elaboração do projeto x x x x x x x x Envio do projeto para o Comitê de Ética x x x Atividades Meses de 2017 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Reuniões presenciais para orientação para reelaboração do projeto de pesquisa x x x x x x x x x x Busca de referências bibliográficas nas Bases: BDTD, Portal da Capes, Science Direct, Scielo e Web Science. x x x x x x x Análise e descrição dos resultados da busca de referências bibliográficas x x x x x Atividades Meses de 2018 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Estudo I Realização das entrevistas com as professoras do AEE x x Observação da prática pedagógica e análise documental dos planos educacionais individuais dos alunos com deficiência intelectual x x x Transcrição das entrevistas x x Análise de conteúdo x x x (entrevistas, observação prática pedagógica e PEI) Elaboração e sistematização dos resultados do Estudo I x x Estudo II Fase A: Linha de Base x x x Estudo II Elaboração da Proposta Discussão dos dados do Estudo I e de dois textos (1º e 2º encontros) x Planejamento das atividades da sequência didática (3º, 4º, 5º e 6º encontros) x Estudo II Fase B: Intervenção Desenvolvimento da Proposta (seis módulos) x x x x Análise de conteúdo (entrevista coletiva, anotações de campo, observação da prática pedagógica), elaboração e sistematização dos resultados do Estudo II x x x x Análise de dados (desempenho dos alunos nas narrativas escritas) x x x x Qualificação x Submissão de proposta de Doutorado Sanduíche x Atividades Meses de 2019 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Período de desenvolvimento das atividades (Doutorado Sanduíche) x x x x x x x Elaboração final de dados e resultados da Tese x x x x Defesa x x 5. 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