Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO: LIMITES DE FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL E DERIVADAS Cristiane da Silva Regra de derivação: potência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Resolver cálculos de derivadas de funções potência. � Aplicar as regras de linearidade na derivação de soma de funções e de multiplicação de escalar por uma função. � Escolher a regra de derivação adequada para representação gráfica de funções. Introdução Neste capítulo, você conhecerá a regra da potência e suas particularidades, para que, nos seguintes, possa aprofundar o estudo das demais regras de derivação, que permitem realizar os cálculos de maneira eficiente e prática, com o mesmo rigor do método por limites. A regra da potência nos diz como calcular a derivada de expressões da forma xn. Além disso, juntamente com as demais regras básicas de derivação, possibilita o cálculo da derivada de qualquer polinômio. Você será capaz de calcular a derivada de expressões em que a potência é negativa, fracionária e radical. Outro ponto relevante abordado neste capítulo é a análise gráfica. Veremos que o sinal da derivada de uma função nos diz se a reta tangente tem inclinação positiva ou negativa, e o tamanho da derivada revela a magnitude da declividade. Você encontrará diversos exemplos detalhados e representações gráficas, para facilitar a compreensão do conteúdo e a análise, além de demonstrações claras da regra da potência seguidas de explicações complementares com a finalidade de as tornar elucidativas. Regra da potência Essa regra é válida para qualquer expoente. Por definição, para qualquer expoente n natural, temos: Vejamos a demonstração da regra da potência, conforme Rogawski (2008, p. 109–110). Suponha que n seja um número natural e denotemos f(x) = xn. Então, . Para simplificar a razão incremental, precisamos generalizar as seguintes identidades: x2 – a2 = (x – a)(x + a) x3 – a3 = (x – a)(x2 + xa + a2) x4 – a4 = (x – a)(x3 + x2a + xa2 + a3) A generalização é: xn – an = (x – a)(x (n –1) + x(n – 2)a + x(n – 3)a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) Note que o lado direito dessa equação é igual a: x(x(n – 1) + x(n – 2) a + x(n – 3) a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1) ) – a(x(n – 1) + x(n – 2) a + x(n – 3) a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) Ao efetuarmos a multiplicação, todos os termos cancelam, exceto o primeiro e o último, restando xn – an. Sendo assim, a identidade xn – an = (x – a)(x(n – 1) + x(n – 2)a + x(n – 3)a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) nos dá: Regra de derivação: potência2 Portanto: Isso prova que f ' (a) = na(n – 1), que também pode ser escrito como f ' (x) = nx(n – 1). Podemos pensar na regra da potência como “baixar o expoente e subtrair um (do expoente)”: Segundo Rogawski (2008), é importante destacar que a regra da potência somente se aplica às funções potência, do tipo y = xn. Ela não pode ser usada com funções exponenciais, como y = 2x. A derivada de y = 2x não é x2(x – 1). Anton, Bivens e Davis (2014) destacam que o tipo mais simples de função potência é f(x) = x. Como o gráfico de f é uma reta de inclinação 1, segue que f ' (x) = 1 para todo x, ou seja, , como demonstrado na Figura 1. 3Regra de derivação: potência Figura 1. A reta tangente ao gráfico de f(x) = x tem inclinação 1 em cada x. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 156). Embora a fórmula tenha validade somente com potências inteiras positivas de x, não é difícil mostrar que a mesma fórmula permanece válida com quaisquer potências inteiras de x, ou seja, para qualquer expoente real. Portanto, podemos definir a regra da potência estendida como: se r for qualquer número real, então . Isso significa dizer que, para derivar uma função potência, subtraímos uma unidade da potência constante e multiplicamos a função potência resultante pelo expoente original (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 1. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como f(x) = x(–2). Então, a derivada é: 2. Seja f(x) = x7, encontre sua derivada. Regra de derivação: potência4 3. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como . Então, a derivada é: 4. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como f(x) = x(–5). Então, a derivada é: f ' (x) = – 5x( –5 –1) = –5x(–6) ou 5. Seja f(x) = x1,3, encontre sua derivada (Adaptado de HOFFMANN et al., 2015). 6. Vejamos outros exemplos de derivadas de funções potência (Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014): Note que a regra da potência vale para qualquer variável, não apenas para x. Ou seja, pode ser de nosso interesse calcular . Além disso, vimos que a regra da potência vale para todos os expoentes, tanto negativos, fracionários ou irracionais, por exemplo: (ROGAWSKI, 2008). 5Regra de derivação: potência Regra de linearidade Nesta seção, aplicaremos as regras de linearidade das derivadas. Para tanto, observe o teorema: suponha que f e g sejam funções deriváveis. A regra da soma diz que: a função f + g é derivável e ( f + g)' = f ' + g'. A regra do múltiplo constante diz que: para qualquer constante c, a função cf é derivável e (cf )' = cf '. Anton, Bivens e Davis (2014) explicam a regra do múltiplo constante, afirmando que um fator constante pode ser movido para fora do sinal da derivada, como . O mesmo vale para a diferença, ou seja: ( f – g)' = f ' – g'. Vale destacar que essa regra é uma consequência das regras da soma e do múltiplo constante (ROGAWSKI, 2008): Encontre os pontos do gráfico de f(t) = t3 – 12t + 4 nos quais a reta tangente é horizontal. Solução: Primeiramente, calculamos a derivada: Regra de derivação: potência6 Note que a derivada da constante 4 é nula. A reta tangente é horizontal nos pontos em que a inclinação f '(t) é zero, de modo que resolvemos: Portanto, as retas tangentes são horizontais em (2, – 12) e (–2, 20), como mostrado na Figura 2, a seguir. Figura 2. Gráfico de f(t) = t3 – 12t + 4. As retas tangentes são horizontais em t = ± 2 Fonte: Rogawski (2008, p. 111). Acompanhe mais exemplos envolvendo a regra do múltiplo constante (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014): 7Regra de derivação: potência Em palavras, a derivada de uma soma é igual à soma das derivadas, e a derivada de uma diferença é igual à diferença das derivadas (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014, p. 158). Por exemplo: Além disso, a regra do múltiplo constante pode ser usada para derivar polinômios. Encontre se y = 3x 8 – 2x5 + 6x + 1. Solução: Fonte: Adaptado de Anton, Bivens e Davis (2014). Se , sua derivada é , o que pode ser escrito como: Sendo assim, como a função raiz quadrada aparece com frequência, podemos usar direto o resultado , sem precisar transformar em expoente fracionário, derivar e voltar para a raiz novamente. Regra de derivação: potência8 Na próxima seção, aprofundaremos o estudo, por meio de análises com auxílio gráfico no intuito de compreender o gráfico de uma função e a relação com sua derivada, bem como para identificar graficamente a derivada. Representação gráfica Nesta seção, você estudará a representação gráfica de algumas funções, com atenção especial às suas derivadas, observando as funções envolvidas e esco- lhendo a regra de derivação adequada. Para tanto, vejamos alguns exemplos em detalhes. 1. Calcule , onde Solução: Para usar a regra da potência, escrevemos . A derivada f '(x) nos dá informação importante sobre o gráfico de f(x). Por exemplo, o sinal de f '(x) nos diz se a reta tangente tem inclinação positiva ou negativa, e o tamanho de f '(x) revela a magnitude da declividade. 9Regra de derivação: potência 2. Qual é a relação entre o gráfico de f(x) = x3 – 12x e a derivada f ' (x) = 3x2 – 12? Solução: Observamos que a derivada f ' (x) = 3x2 – 12 = 3(x2 – 4) é negativa em – 2 < x < 2 e positiva em |x| > 2, conforme Figura 3. Figura 3. Gráfico da derivada f '(x) = 3x2 – 12. Fonte: Rogawski (2008, p. 112). O Quadro 1, a seguir, resumeessa informação relativa ao sinal, demons- trado na Figura 4. Propriedade de f '(x) Propriedade do gráfico de f(x) f ' (x) < 0 para – 2 < x <2 A reta tangente tem inclinação negativa em – 2 < x < 2. f ' (– 2) = f ' (2) = 0 A reta tangente é horizontal em x = – 2 e x = 2. f ' (x) > 0 para x < – 2 e x > 2 A reta tangente tem inclinação positiva em x < – 2 e x > 2. Quadro 1. Propriedade de f’(x) Regra de derivação: potência10 Figura 4. Gráfico de f(x) = x3 – 12x. Fonte: Rogawski (2008, p. 112). Observe, também, que f'(x) → ∞ quando |x| aumenta. Isso corresponde ao fato de que as retas tangentes ao gráfico de f(x) ficam cada vez mais íngremes à medida que |x| cresce. 3. O gráfico de f(x) está representado na Figura 5. Qual é o gráfico de f ' (x): (A) ou (B) (ROGAWSKI, 2008)? Figura 5. Gráfico de f(x). Fonte: Rogawski (2008, p. 112). 11Regra de derivação: potência Solução: Na Figura 5, é possível visualizar a seguinte informação sobre as retas tangentes ao gráfico de f(x). Inclinação da reta tangente Onde Negativa Em (0,1) e (4,7) Nula Em x = 1,4 e 7 Positiva Em (1,4) e (7,∞) Quadro 2. Inclinações da reta tangente Desse modo, o gráfico de f '(x) deve ser negativo em (0,1) e (4,7) e positivo em (1,4) e (7,∞). Como apenas B tem essas propriedades, então B é o gráfico de f '(x). 4. Em quais pontos, se existirem, o gráfico de y = x3 – 3x + 4 (Figura 6) tem uma reta tangente horizontal? Figura 6. Gráfico de y = x3 – 3x + 4. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 159). Regra de derivação: potência12 Solução: Retas tangentes horizontais têm inclinação zero. Portanto, devemos encon- trar aqueles valores de x nos quais y' (x) = 0. Derivando, obtemos: Assim, as retas tangentes horizontais ocorrem naqueles valores de x com os quais 3x2 – 3 = 0, ou seja, tais que x = – 1 ou x = 1. Os pontos correspondentes da curva y = x3 – 3x + 4 são (– 1,6) e (1,2) (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Neste capítulo, você retomou conhecimentos sobre a definição de deriva- das e conheceu especificamente a regra da potência. As regras de derivação trazem benefício ao permitir realizar cálculos de maneira eficiente e prática, diferentemente do que fazíamos pela definição de limites. Além disso, a análise gráfica forneceu informações importantes para o aprofundamento de nossos estudos. ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2 v. 1352 p. HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. 680 p. ROGAWSKI, J. Cálculo, volume 1. Porto Alegre: Bookman, 2008. 624 p. 13Regra de derivação: potência
Compartilhar