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1 TGD - TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ....................................................................................... 2 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO BREVE ANÁLISE . 3 INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO, ANALIZANDO AS PERSPECTIVAS ................................. 7 ALUNOS COM TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMNETO, DESAFIOS E CONQUISTAS ............................................................................... 10 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA NO ENSINO ................................................................................................................ 14 REFERÊNCIAS: ......................................................................................... 19 Kanner L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child. 1943;2:217- 50. ............................................................................................................................ 19 2 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a NOSSA HISTÓRIA, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A NOSSA HISTÓRIA tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO BREVE ANÁLISE Entre os transtornos pertencentes existentes, estão o Autismo Infantil e a síndrome de Asperger. Mesmo sendo inúmeras manifestações clínicas, qualitativamente semelhantes, é importante salientar as peculiaridades presentes em cada um dos transtornos. O presente estudo foi revisar historicamente o construto teórico acerca dos quadros de Autismo Infantil e da síndrome de Asperge. Segundo Kanner(1) em 1943 o Autismo Infantil vem sendo inicialmente denominado Distúrbio Artístico do Contato Afetivo, como uma condição com características comportamentais bastante específicas, tais como: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão artística extrema, inabilidade no uso da linguagem para comunicação, presença de boas potencialidades cognitivas, aspecto físico aparentemente, normal, comportamentos ritualísticos, início precoce e incidência predominante no sexo masculino. De acordo com Asperger (2), em 1944 propôs em seu estudo a definição de um distúrbio que ele denominou Psicopatia Artística, manifestada por transtorno severo na interação social, uso pedante da fala, desajeitamento motor e incidência apenas no sexo masculino. O autor utilizou a descrição de alguns casos clínicos, caracterizando a história familiar, aspectos físicos e comportamentais, desempenho nos testes de inteligência, além de enfatizar a preocupação com a abordagem educacional destes indivíduos. Os dois trabalhos tiveram impacto na literatura mundial; no entanto, em momentos distintos. As descrições de Kanner (1) foram rapidamente absorvidas pela comunidade científica. A descrição etiológica do Autismo Infantil, proposta pelo autor, mostrava a existência de uma distorção do modelo familiar, que ocasionaria alterações no desenvolvimento psicoafetivo da criança, decorrente do caráter altamente intelectual dos pais destas crianças. Apesar desta proposição, o autor não deixou de assinalar que algum fator biológico, existente na criança, poderia estar envolvido, uma vez que as alterações comportamentais eram verificadas precocemente, o que dificultaria a aceitação puramente relacional. 4 A teoria afetiva propõe uma etiologia puramente relacional e, embora faça a distinção entre a síndrome descrita por Kanner e sua abordagem clínica, considera que o autismo é mais um sintoma do quadro clínico de Psicose Infantil e menos uma entidade nosologica em si. Atualidade, a teoria afetiva é preconizada e difundida na literatura psicanalítica, embora alguns autores tenham revisto seus referenciais teóricos, a respeito da etiologia, como é o caso de uma das precursoras desta teoria, que revisou os próprios conceitos teóricos acerca da definição de autismo. De acordo a autora, à luz das descobertas produzidas pela observação dos comportamentos dos bebês, não seria mais possível postular uma fase de autismo primário infantil, uma vez que, são observadas, desde muito cedo, reações do neonato ao meio. Sugeriu que o autismo deveria ser compreendido, apenas, como sendo uma condição patológica. Além disso, questionou a presença de possíveis alterações orgânicas, na criança, não detectáveis em exames disponíveis naquele momento. Alguns estudos buscaram demonstrar que a chave para o fenômeno clínico do Autismo Infantil pode estar na influência genética como base para os déficits cognitivos encontrados neste distúrbio. Já nos estudos iniciais, observamos a menção à influência genética como provável fator etiológico. Outras pesquisas também salientaram a necessidade do estudo da associação entre os achados genéticos e os prejuízos cognitivos, específicos dos sujeitos autistas. A hipótese de que haja uma falha cognitiva que justifique os prejuízos sociais e de comunicação dos portadores de Autismo Infantil também é abordada por diversos autores, que propuseram o estudo da Teoria da Mente como alternativa para se entender as falhas sociais dos indivíduos autistas. De acordo outros autores, nos sujeitos portadores desta condição, existe uma incapacidade na identificação, compreensão e na atribuição de sentimentos, intenções, o que ocasiona prejuízos nas relações interpessoais. A inabilidade dos autistas para estabelecer relações interpessoais eficazes justifica-se pelas ausências na detecção da intencionalidade e no compartilhamento de atenção aos objetos e eventos, com os interlocutores. Essas falhas ocasionam prejuízos na atribuição e na compreensão de estados mentais, que nem sempre estão explícitos nas situações dialógicas. 5 Na revisão de literatura realizada com o objetivo de validação dos Distúrbios do Espectro Autístico, por exemplo, foram selecionados 20 artigos, identificados e adequadamente investigados. As pesquisas foram comparadas em vários itens como: prevalência, etiologia possível, sintomatologia, nível intelectual, aspectos de linguagem, história familiar e testes neuropsicológicos, entre outros. Para o autor, existem pelo menos três grupos que podem ser distinguidos no espectro autístico: síndrome de Asperger, Autismo de funcionamento alto e Autismo baixo funcionamento, ao se considerar o nível intelectual. Ou seja, a evidência de que essas distinções clínicas tragam inferências em relação às possíveis etiologias e tratamentos, foi apenas sugerida pelo autor. A importância da distinção entre esses grupos está na promoção de debates sobre as questões nosológicas a respeito da classificação dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. Na décima revisão da Classificação Internacional de Doenças – CID 10(33), os Transtornos Globais do Desenvolvimento foram classificados como umgrupo de alterações, caracterizadas por alterações qualitativas da interação social e modalidades de comunicação, e por um repertório de interesses e atividades restrito e estereotipado. Essas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do indivíduo. ‘’De acordo com esta classificação, o Autismo Infantil foi caracterizado por um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos, apresentando perturbação do funcionamento nas áreas: interação social, comunicação e comportamento repetitivo. A incidência populacional é em torno de 2-5 indivíduos para 10.000 e o predomínio para o sexo masculino (4:1).’’ Atualizando a definição dos quadros de Autismo Infantil e síndrome de Asperger como entidades diagnósticas pertencentes ao grupo de transtornos de neurodesenvolvimento, cujos processos de socialização, comunicação e aprendizado encontram-se bastante prejudicados, outro estudo discorreu e comparou o histórico, a nosologia e as características clínicas presentes nos indivíduos portadores destas alterações. Propôs-se a hipótese de que os estudos dos prejuízos nos mecanismos biológicos fundamentais relacionados à adaptação 6 social podem levar a emergência de fenótipos altamente heterogêneos, associados aos quadros de Transtornos Globais do Desenvolvimento. A atuação fonoaudiológica junto aos quadros que compõem os Distúrbios do Espectro Autístico, em especial, o Autismo Infantil e a síndrome de Asperger tem se sedimentado ao longo dos anos no mundo todo. A American Speech- LanguageHearing Association (ASHA)(39-40) tem buscado, por exemplo, criar diretrizes, por meio do Comitê Ad Hoc em Distúrbios do Espectro Autístico (Ad Hoc Committee on Autism Spectrum Disorders), para que os fonoaudiólogos identifiquem crianças portadoras de tais condições o mais precocemente possível; estabeleçam métodos de avaliação e diagnóstico, precisos e condutas terapêuticas eficazes. Nesta breve revisão histórica, foi observado a evolução do conceito do Autismo Infantil, ao longo do tempo. O mesmo ocorreu com a definição da síndrome de Asperger. Portanto a busca por critérios diagnósticos mais precisos e consistentes também se revelou, demonstrando que o percurso para total compreensão destes distúrbios e de suas etiologias, ainda necessita muita exploração por parte dos estudiosos. 7 INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO, ANALIZANDO AS PERSPECTIVAS Na compreensão das questões afeitas aos transtornos globais do desenvolvimento e, mais particularmente, das deficiências de origem genética ou adquirida, tem sido pontilhado pela sistematização de estudos e pesquisas de natureza sócio educacional, mormente àquelas voltadas para a tríade “família, escola e sociedade”. A investigação que nos conduz à busca de novos conhecimentos vem sendo nutrido pela possibilidade de diálogo entre campos disciplinares diversos e complementares entre si, posto que a complexidade e abrangência do objeto de pesquisas em transtornos globais do desenvolvimento demandam conhecimentos que não se inserem em uma única área ou disciplina. Sobre o conceito de interdisciplinaridade tem se constituído atualmente em objeto de estudos de muitos pesquisadores, mas foi George Gusdorf um dos principais precursores do paradigma interdisciplinar. De acordo com Gusdorf, em 1961, onde elaborou um Projeto de pesquisa interdisciplinar para as ciências humanas, apresentado à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O Projeto expressou sua preocupação com as distâncias teóricas nas ciências humanas, propondo a um grupo de pesquisadores de reconhecida notoriedade que a partir de uma convergência orientada para a diminuição delas, buscassem encontrar a síntese do conhecimento. Segundo Gusdorf seu objetivo era criar uma mentalidade interdisciplinar para o enfrentamento do progresso das técnicas e do surgimento das múltiplas disciplinas que pudessem expandir o número de especializações (MELO, 2003). Nas próprias palavras afirma Gusdorf: ‘’ os verdadeiros problemas de nosso tempo escapam à competência dos experts, via de regra, são testemunhas do nada. A parcela de saber exato e preciso detida pelo especialista perde-se no meio de 8 um oceano de não-saber e de incompetência” (GUSDORF 1976: 8).’’ O Brasil, a preocupação à interdisciplinaridade consta na data do final dos anos sessenta e tornou-se palavra de ordem encontrada em inúmeros textos, especialmente na área educacional. Área que foi marcada por incorporar, normalmente, sem a necessária compreensão e análise crítica, os imperativos que chegam de países desenvolvidos, tornam-se moda consumida por considerável parcela de educadores e demais profissionais sem, contudo, haver uma explícita conceituação. De acordo Hilton Japiassu, sendo o primeiro pesquisador brasileiro a escrever sobre interdisciplinaridade tendo publicado em 1976 o livro Interdisciplinaridade e a patologia do saber. Esta obra apresenta uma reflexão sobre a metodologia interdisciplinar pautado em experiências realizadas e nos aponta os principais problemas conceituais conhecidos até então, como o obstáculo epistemológico caracterizado por resistências impostas por especialistas e a inércia das instituições pautadas na fragmentação das disciplinas, ou seja, obstáculo institucional, dentre outros. De acordo Japiassú (1976), interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino capaz de fazer com que duas ou mais disciplinas interajam entre si. Tal interação pode se dar da simples comunicação das ideias até a integração de conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa. Adverte-nos, porém, que o conhecimento interdisciplinar, antes condenado ao ostracismo pelos preconceitos positivistas, fundada na epistemologia da dissociação do saber, ao ganhar força corre o risco de tornar-se moda, fato comum na sociedade brasileira. De acordo o tema abordado, o sujeito com transtornos do desenvolvimento, com todas as dimensões que o envolve, a complexidade do universo de pesquisa, 9 que se apresenta como um desafio difícil de ser enfrentado e que, portanto, demanda, em primeira instância, uma atitude favorável ao diálogo por parte do grupo de pesquisadores. Relatando a ideia de complexidade encontramos em MORIN (2005) sua fundamentação, que, o autor ao tratar da questão da interdisciplinaridade tem o “paradigma “complexidade” como ideia chave de sua epistemologia. Morin (1999) propõe um modelo que possa ampliar a visão de universo abrangendo o que há de físico, biológico e “antropossocial”, em suas próprias palavras. Reconhece, entretanto, que a despeito da necessidade emergente de um novo paradigma, os domínios próprios da ciência e da especialização não devem ser renunciados, mas integrados em constante processo de comunicação. Sendo assim, os esforços empreendidos para o estabelecimento de modelos interdisciplinares de pesquisa visando diagnóstico e intervenção deverão ter como base, no nosso entender, a perspectiva de permanente diálogo. Diálogo entendido como premissa básica ao estabelecimento de conceito de interdisciplinaridade, acreditando, como Gusdorf, que “toda verdade humana é a verdade de um diálogo” (1995:137). Segundo pesquisas, ainda hoje, especialmente no Brasil, uma forte tendência disciplinar nas pesquisas afeitas aos sujeitos com TGD e um consequente aprisionamento aos conceitos, linguagem, procedimentos, métodos, terminologias etc., são próprios de cada especialidade, tornando cada vez mais herméticos, dificultando e, por vezes, impedindo a comunicação, mesmo entre profissionais mais próximos, pois cada qual continua cuidando especificamente de seu pequeno“feudo intelectual”, usando a expressão de JAPIASSU (1976). A interdisciplinaridade em pesquisa na área dos transtornos globais do desenvolvimento não tem (ainda?) existência em si mesma, conforme já apontado e o saber na área continua fragmentado. Portanto, a despeito de tal constatação, continua avançar na reflexão e na ação. 10 ALUNOS COM TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMNETO, DESAFIOS E CONQUISTAS Ao Receber alunos com deficiência, mais especificamente, com transtornos globais do desenvolvimento, é um desafio que as escolas enfrentam diariamente, pois pressupõe utilizar de adequações ambientais, curriculares e metodológicas. Esse aspecto já é apontado pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASILIA/MEC, 2008) ao propor que a educação especial atue de forma articulada com o ensino comum, procurando atender as necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação. Os desafios tem sua base no princípio básico da inclusão escolar, de acordo com as escolas, que reconheçam as diversas necessidades dos alunos e a elas respondam, assegurando-lhes uma educação de qualidade, que lhes proporcione aprendizagem por meio de currículo apropriado e promova modificações organizacionais, estratégias de ensino e uso de recursos, dentre outros quesitos (MENDES, 2002). De acordo Pacheco (2007), esta é uma noção complexa, que se concretiza a partir de vários elementos como o planejamento, o trabalho cooperativo nas salas de aula e o relacionamento social, a avaliação do trabalho, a colaboração com outros profissionais e com os pais, e o desenvolvimento e capacitação dos profissionais. O trabalho cooperativo, ou a aprendizagem cooperativa, refere-se à interação dos alunos nas situações de aprendizagem, o que é propiciado pelo trabalho de coordenação, que auxilia e promove a interação entre os elementos citados. Os presentes desafios trazidos pela inclusão escolar não são conhecidos previamente pelos participantes do ambiente escolar – diretores, coordenadores, 11 professores e, até mesmo, pais – ou seja, por isso, impulsionadores de aprendizagens para todos esses personagens. Para Mizukami et al. (2002) uma ferramenta de aprendizagem e de desenvolvimento profissional da docência que possibilita o trabalho colaborativo são as experiências de ensino e aprendizagem, entendidas como situações nas quais os professores, reunidos com seus pares, partilham experiências, visões, interpretações, conhecimentos, analisam problemas e propõem soluções. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil (BRASÍLIA/MEC, 2008). O autismo é considerado, segundo Williams e Wright (2008) e Mello (2003), um distúrbio do desenvolvimento que normalmente surge nos primeiros três anos de vida e atinge a comunicação, a interação social, a imaginação e o comportamento, sendo uma condição que prossegue até a adolescência e vida adulta. Segundo os atores Williams e Wrigth (2008, p. 33) afirmam ainda, que indivíduos com distúrbios do espectro do autismo têm “dificuldade em entender o ponto de vista ou as ideias ou sentimentos alheios”. De acordo uma revisão e análise sobre acessibilidade em jogos, Yuan, Folmer e Harris Jr (2011) concluem que diferentes estratégias precisam ser adotadas para a adaptação de jogos a pessoas com deficiências, pois as necessidades divergem de acordo com o tipo de deficiência. Observa-se que esta é uma área que ainda carece de maiores investigações na busca da construção de jogos com acessibilidade. O jogo Dinobase Devido objetivo, desenvolver jogos acessíveis no paradigma do design universal, foi desenvolvido no projeto Tecnologias Assistivas Digitais, o jogo DinoBase, que visa a compreensão das bases do conceito de potenciação (complexo conteúdo no âmbito do conhecimento matemático) e das operações matemáticas nele envolvidas (neste caso direcionado para a base 3). 12 A metodologia do projeto consistiu em quatro etapas nas quais foram desenvolvidos diferentes produtos e atividades, conforme pode-se avaliar na Figura 1. A metodologia permitiu avaliar as necessidades encontradas pelas professoras e também os estudos referentes a recomendações a serem aplicadas em jogos para pessoas com necessidades especiais. O desenvolvimento do jogo seguiu as etapas de processo de desenvolvimento de software, desde sua documentação até a codificação, conforme os preceitos da engenharia de software. A avaliação constituiu-se em atividade fundamental para verificar a usabilidade e o funcionamento do jogo em conformidade com a sua especificação. Abordando como metodologia a realização de oficinas com as crianças, coleta de dados através de formulário próprio de avaliação e de observações no laboratório de informática e sala de aula. Numa segunda etapa, as professoras das salas de recursos multifuncionais realizaram experimentos com as crianças com deficiência para avaliar o uso e aprendizagem com o jogo. O encerramento, por fim, foi a atividade de finalização, correções do software e registro de sugestões futuras. 13 Ressaltando que o projeto foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, composta por pesquisadores e acadêmicos das áreas de educação, design de jogos e ciência da computação, que estiveram envolvidos em todas etapas do desenvolvimento. Como conceito optou-se pelo desenvolvimento de um jogo educativo já utilizado pelas professoras da rede de ensino municipal, porém de forma analógica. Consiste no jogo para aprendizagem de potenciação, através de cartas de formatos geométricos e cores diferentes, isto é: circunferência azul, quadrado verde, triângulo vermelho e retângulo amarelo que representam, respectivamente, 30 , 31 , 32 e 33 . Na forma analógica pode-se jogar com mais de dois participantes que devem se revezar em turnos. Este consta de um dado e um conjunto de 30 cartões, em formas e cores diferentes: 10 circunferências azuis, 10 quadrados verdes, 10 triângulos vermelhos e um retângulo amarelo. A regra define que: joga-se o dado e a quantidade sorteada é retirada em circunferências. A cada três circunferências troca- se por um quadrado; a cada três quadrados troca-se por um triângulo, a cada três triângulos troca-se pelo retângulo (que equivale a 33, ou seja, 27 pontos) e ganha-se o jogo. A Figura 2 ilustra os formatos das cartas do jogo e as possibilidades de trocas. Figura 2 Número de peças conforme a potência 3 14 A escolha por esta mecânica de jogo deveu-se ao fato de que a ideia permite a compreensão do conceito, fazendo com que a criança tenha que partir do concreto para o abstrato e vice-versa, para conseguir, de forma lúdica e competitiva, atingir os objetivos do jogo e raciocinar sobre a troca de cartas utilizando o conceito de potenciação implicitamente colocado nas regras e no funcionamento do jogo. A análise mais acurada da composição do jogo, por sua vez, permite identificar o conteúdo ou os conceitos matemáticos implícitos na operação do jogo, ou seja, constituição do sistema conceitual de potenciação e seu entrelaçamento com os conceitos de numeração, adição, multiplicação, logaritmo e exponencial. Neste caso o jogador desenvolve o pensamento pela análise/abstração e a síntese/generalização. Isto é o sujeito observa um grupo de objetos e generaliza depois de reunidos, segundo um atributo comum. Com o objetivo de avaliar o jogo com professores e alunos do ensino fundamental, elaboraram-seoutros modos de jogos para avaliarem e melhorarem as condições e qualidades de ensino. O desenvolvimento de jogos com acessibilidade é ainda um desafio, pois envolve inúmeros fatores e áreas do conhecimento necessários à sua conclusão. Os esforços empreendidos até o momento através do jogo Dinobase e sua avaliação apontam para a necessidade de aprimoramentos e maiores investigações na busca de um design universal. A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA NO ENSINO De acordo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), a preocupação com a Inclusão no Ensino Regular não é tão recente, e esta pesquisa busca conseguir trazer para o âmbito científico educacional enfoques que possam além de nortear, observar, como o processo inclusivo do autista ganha espaço e peso para os educadores em sua prática e formação (BRASIL, 2008). De ante o efervescente momento do processo inclusivo na sociedade brasileira, todo trabalho que discorra sobre esse processo terá relevância, seja no início, decorrer ou término dele. O objetivo geral deste estudo é refletir sobre as possibilidades de inclusão do aluno 15 com Transtorno de Espectro Autista (TEA). Em 1944, Hans Asperger, psiquiatra e pesquisador austríaco, escreveu o artigo “A psicopatia autista na infância”, neste artigo Hans Asperger descreveu padrões e comportamento e habilidades de crianças com autismo que apresentavam deficiências sociais graves, falta de empatia, faziam pouco contato com outras crianças, e tinham interesse especial em determinados assuntos, possuíam movimentos descoordenados, Asperger também observou que o transtorno ocorria especificamente em meninos (VILA; DIOGO, SEQUEIRA, 2009). Mesmo existindo leis que fundamentem a inclusão dessas pessoas ainda há muitas instituições que apenas inserem esses alunos não se preocupando com o seu desenvolvimento, como o Autismo é um espectro, ou seja, não existem dois autistas iguais, pois cada um possui a sua especificidade, “como as pessoas com TEA são muito diferentes entre si, cada uma precisa de condições individualizadas de ensino, com diferentes graus de adaptação e apoio” (MELLO et al, 2013, p. 59). De acordo com documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p. 15) é considerado público-alvo da Educação Inclusiva: ‘’Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público- alvo os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.’’ Dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), temos o autismo, atualmente conhecida como Transtorno do Espectro Autista. Foi a partir da Constituição Federal de 1988 que respalda que a educação é um direito de todos, independentemente de raça, origem, sexo, cor, idade, ou qualquer outra forma de discriminação ou pré-seleção, que garante plena igualdade no acesso e na 16 permanência na escola, já garantiu grandes avanços no âmbito da inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino (BRASIL, 1988). A declaração de Salamanca (1994) é de extrema importância para a Educação Especial, foi realizada na Espanha promovida pela UNESCO, esta declaração acreditava que: Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no Research, Society and Development, v. 1, n. 2, p. 127-143, ago. 2016 133, sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional (BRASIL, 1994, p.01). Retratando assim a ideia de que toda criança tem direito a educação e acesso à escola regular, e devem ter oportunidades de avanço, mostrando caminhos de para que a organização da educação especial seja realizada. As leis mais atuais como a Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência (2006) segundo o Art.º 24: [...]as pessoas com deficiência não devem ser excluídas, tendo acesso 17 ao ensino gratuito inclusivo de qualidade, com condições de igualdade como as outras pessoas, onde algumas adaptações devem ser feitas quando necessárias, fazendo assim que o desenvolvimento seja de modo acadêmico e social. Segundo o acordo com a Lei Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) no Art. 59. Inciso I “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;”. Portanto, podendo realizar algumas adaptações curriculares dependo da necessidade que cada aluno autista apresenta, incluindo atividades que facilitam a interação com os outros alunos da sala. De acordo Schwartzman (1995, p. 243) ,onde apresenta algumas atividades que podem ser apresentadas aos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ensino Fundamental “Sequência de objetos concretos, cartões com fotos ou desenhos das atividades por períodos, cartões com fotos ou símbolos de toda a rotina, cartões com símbolos ou palavra escrita, indicação de toda a rotina por escrito”, estas atividades podem ser trabalhadas afim de estimular e acrescentar no desenvolvimento, motor, cognitivo também afetivo destas crianças. Trabalhar junto com a família é um grande ganho tanto para os alunos quantos aos pais, também a escola, onde trabalhando em união podem obter melhores resultados (DESSEN e POLONIA, 2007). Segundo o Art. 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90, é dever do Estado oferecer atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino (ECA, 1990). Na proposta de educação inclusiva todos os alunos devem ter oportunidade de ingressar ao ensino regular, conforme dados obtidos através do Portal Brasil de 2011, “Nos últimos dez anos, o número de alunos com deficiência matriculados em turmas regulares de escolas públicas aumentou 493%. Em 2000, eram 81.695 estudantes. Já em 2010, o número de alunos que ingressaram em classes comuns era 484.332” e em 2014 esse número foi para 18 698.768. O crescimento das leis, e políticas educacionais implementadas dão subsídios a matricula do público alvo da Educação Especial, mas apesar da crescente demanda das matrículas, em alguns casos a escola apenas integra esse aluno, promovendo práticas que o excluem ao invés de o incluí-lo no contexto escolar. Ou seja, o papel da escola, é de se adaptar para atender às especificidades destes alunos, por tanto são necessárias mudanças nas estruturas e no funcionamento da escola, na formação dos professores e nas relações família- escola (PRAÇA, 2011). A sala de aula, de preferência, deve ter um número reduzido de alunos para que o professor atenda a todosde maneira eficaz de modo que ele não seja sobrecarregado. Sendo assim tanto os profissionais da educação como toda a comunidade escolar devem estar preparados para receber esse aluno, através de cursos de formação continuada na área da Educação Especial. O conceito de inclusão ainda é interpretado de maneira errônea, os professores e os demais profissionais da área da educação entendem que a inclusão é apenas matricular o aluno e nada mais, a inclusão é mais ampla, propõe que aluno se desenvolva, aprenda apesar das suas limitações. Para que a inclusão ocorra de fato é necessário que haja uma conscientização, aceitar as diferenças e aprender a conviver com a diversidade, essa convivência é benéfica tanto para o professor tanto para os demais alunos e todos os demais indivíduos da comunidade escolar. 19 REFERÊNCIAS: Kanner L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child. 1943;2:217-50. . American Speech-Language-Hearing Association [Internet]. Guidelines speech- language pathologists in diagnosis, assessment, and treatment of autism spectrum disorders across the life span [guidelines]. Rockville: ASHA; c1997-2008. [cited 2008 Jul 12]. Available from: http://www. asha.org/docs/pdf/GL2006-00049.pdf. . American Speech-Language-Hearing Association [Internet]. Guidelines of speech-language pathologists in diagnosis, assessment, and treatment of autism spectrum disorders across the life span [guidelines]. Rockville: ASHA; c1997-2008. [cited 2008 Jul 12]. 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