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UNIC – FACULDADE EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR
LUÍSA AMÉRICO ANTUNES
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PROGRAMAS ESTRATÉGICOS
 
RONDONÓPOLIS – MT
2021
LUÍSA AMÉRICO ANTUNES 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PROGRAMAS ESTRATÉGICOS
 
TRABALHO APRESENTADO NO CURSO DA GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ.
DOCENTE: THAYNNÁ RODRIGUES TAVARES 
Rondonópolis – MT
2021
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO...................................................................................
1. Hanseníase ..............................................................................
1.1 Transmissão ..................................................................................................
1.2 Quadro clinico ...............................................................................................
1.3 Diagnóstico ...................................................................................................
1.4 Notificação compulsória ..............................................................................
1.5 Tratamento ....................................................................................................
1.6 Pós tratamento .............................................................................................
1.7 Prevenção, reabilitação e autocuidado .....................................................
1.8 Diagnostico das reações hansênicas ........................................................
1.9 Investigação de casos em menores de 15 anos de idade ......................
1.10 Investigação e acompanhamento de recidivas .......................................
1.11 Investigação de contatos ...........................................................................
1.12 Sistema de Informação: Referência e Contrarreferência .......................
1.13 Caracterização da situação Epidemiologia ..............................................
2. Tuberculose ...........................................................................
2.1 Transmissão ................................................................................................
2.2 Quadro clínico .............................................................................................
2.3 Tipos de diagnóstico ..................................................................................
2.4 Notificação compulsória ............................................................................
2.5 Tratamento ..................................................................................................
2.6 Monitoramento e avaliação da adesão do tratamento ...........................
2.7 Reações Adversas e Interações Medicamentosas .................................
2.8 Detecção de Casos de Tuberculose .........................................................
2.9 Controle de Contatos .................................................................................
2.10 Ações Estratégicas para Situações e Populações Especiais ...............
2.11 Sistema de informação: Referência e Contrarreferência ......................
2.12 Caracterização da situação epidemiológica ...........................................
3. Infecções sexualmente transmissíveis .............................
3.1 Sífilis adquirida ......................................................................................
3.1.1 Definição e etiologia da sífilis ...................................................................
3.1.2 Transmissão da sífilis ................................................................................
3.1.3 Classificação clínica da sífilis ...................................................................
3.1.4 Métodos diagnósticos de sífilis ................................................................
3.1.5 Tratamento de sífilis ..................................................................................
3.1.6 Monitoramento pós-tratamento de sífilis ................................................
3.1.7 Sífilis: particularidades em populações especiais ................................
3.2 Sífilis congênita e criança exposta a sífilis ...............................
3.2.1 Tratamento da criança com sífilis congênita .......................................................
3.2.2 Manejo da criança exposta à sífilis e da criança com sífilis congênita ............
3.2.3 Atribuições essenciais dos pontos de atenção à criança exposta/sífilis congênita ................................................................................................................
3.3 Infecções que causam corrimento vaginal e cervicite ...................
3.3.1 Candidíase vulvovaginal .......................................................................................
3.3.2 Vaginose bacteriana .......................................................................................
3.3.3 Tricomoníase .................................................................................................. 
3.3.4 Cervicite ..........................................................................................................
3.3.5 Tratamento do corrimento vaginal e cervicite ...........................................
3.4 Infecções que causam corrimento uretral ..............................
3.4.1 Etiologia das uretrites ..................................................................................
3.4.2 Uretrite gonocócica ......................................................................................
3.4.3 Uretrite não gonocócica ...............................................................................
3.4.4 Uretrites persistentes ...................................................................................
3.4.5 Infecção por clamídia e gonococo extragenital ........................................
3.4.6 Métodos diagnósticos para uretrites assintomáticas ..............................
3.4.7 Métodos diagnósticos para uretrites sintomáticas ..................................
3.4.8 Tratamento de uretrites ...............................................................................
3.5 Infecções que causam ulcera genital .....................................
3.5.1 Sífilis primária ...............................................................................................
3.5.2 Herpes genital ...............................................................................................
3.5.3 Cancroide ......................................................................................................
3.5.4 Linfogranuloma venéreo (LGV) ...................................................................
3.5.5 Donovanose ..................................................................................................
3.5.6 Métodos diagnósticos de úlceras genitais ................................................
3.5.7 Manejo clínico de úlcera genital ..................................................................
3.5.8 Tratamento de úlcera genital ......................................................................
3.6 Doença inflamatória pélvica .....................................................
3.6.1 Diagnóstico de DIP ........................................................................................
3.6.2 Manejo clínico de DIP ....................................................................................
3.6.3 Tratamento de DIP .........................................................................................
3.6.4 DIP: complicações .........................................................................................
3.6.5 DIP: gestação .................................................................................................
3.6.6 DIP: crianças e adolescentes .......................................................................
3.7 Infecção pelo HPV .....................................................................
3.7.1 Manifestações clínicas do HPV ...................................................................3.7.2 Diagnóstico do HPV .....................................................................................
3.7.3 Prevenção do HPV ........................................................................................
3.7.4 Tratamento das verrugas anogenitais ........................................................
3.7.5 HPV: gestação ...............................................................................................
3.7.6 HPV: crianças e adolescentes .....................................................................
3.8 HTLV ..........................................................................................
3.8.1 Manifestações clínicas do HTLV ................................................................
3.8.2 Transmissão .................................................................................................
3.8.3 Diagnóstico do HTLV ...................................................................................
3.8.4 Prevenção do HTLV .....................................................................................
3.8.5 Tratamento
3.9 Hepatites virais .........................................................................
3.9.1 Hepatite A ......................................................................................................
3.9.2 Hepatite B ......................................................................................................
3.9.3 Hepatite C ......................................................................................................
3.9.4 Métodos diagnósticos das hepatites virais ...............................................
3.9.5 Tratamento das hepatites virais ....................................................................
3.10 Infecções entéricas e intestinais sexualmente transmissíveis ...
3.10.1 Proctite ..........................................................................................................
3.10.2 Proctocolite ...................................................................................................
3.10.3 Enterite ..........................................................................................................
3.10.4 Diagnóstico ...................................................................................................
3.10.5 Tratamento ....................................................................................................
3.11 HIV ..............................................................................................
3.11.1 Manifestações clínicas do HIV .....................................................................
3.11.2 Infecção aguda ..............................................................................................
3.11.3 Latência clínica e fase sintomática .............................................................
3.11.4 Diagnóstico do HIV .......................................................................................
3.11.5 Prevenção do HIV .........................................................................................
3.11.6 Profilaxia Pré-Exposição ..............................................................................
3.11.7 Preparação do paciente para o tratamento ................................................
3.11.8 Tratamento ....................................................................................................
3.11.9 Início de TARV em indivíduos sintomáticos .............................................
3.11.10 Início de TARV em indivíduos assintomáticos .......................................
3.11.11 Início de TARV em gestantes ....................................................................
3.11.12 Falha ao tratamento antirretroviral e terapia de resgate .......................
3.11.13 Interações medicamentosas .....................................................................
3.11.14 Coinfecções ................................................................................................
3.11.15 Comorbidades não infecciosas relacionadas ao HIV ............................
3.11.16 Diferença entre HIV e Aids ........................................................................
3.12 Violência sexual e IST ...............................................................
3.12.1 Profilaxia das IST em situação de violência sexual ..................................
3.12.2 Prevenção da gravidez em situação de violência sexual .........................
3.12.3 Rede de Atenção Integral às mulheres em situação de violência sexual 
3.13 IST’s ............................................................................................
3.13.1 Rastreamento de IST .....................................................................................
3.13.2 Imunização .....................................................................................................
3.13.3 Sistema de informação: Referência e Contrarreferência ..........................
3.13.4 Caracterização da situação epidemiológica ...............................................
4. Endemias focais .........................................................................
4.1 Malária ...........................................................................................
4.1.1 Fisiopatologia ....................................................................................................
4.1.2 Manifestação Clínica .........................................................................................
4.1.3 Diagnóstico ........................................................................................................
4.1.4 Tratamento .........................................................................................................
4.1.5 Prevenção e profilaxia ...................................................................................... 
4.1.6 Sistema de informação: Referência e contrarreferência ..............................
4.1.7 Caracterização da situação epidemiológica ..................................................
4.2 Leishmaniose ................................................................................
4.2.1 Fisiopatologia .....................................................................................................
4.2.2 Manifestação Clínica ..........................................................................................
4.2.3 Diagnóstico .........................................................................................................
4.2.4 Tratamento ..........................................................................................................
4.2.5 Prevenção ...........................................................................................................
4.2.6 Sistema de informação: Referência e contrarreferência ................................
4.2.7 Caracterização da situação epidemiológica ....................................................
4.3 Chagas .............................................................................................
4.3.1 Fisiopatologia .......................................................................................................
4.3.2 Manifestação Clínica ...........................................................................................
4.3.3 Diagnóstico ..........................................................................................................
4.3.4 Tratamento ............................................................................................................
4.3.5 Prevenção ..............................................................................................................
4.3.6 Sistema de informação: Referência e contrarreferência .................................
4.3.7 Caracterização da situação epidemiológica .....................................................
4.4 Dengue .............................................................................................
4.4.1 Vetores Hospedeiros ...........................................................................................4.4.2 Transmissão ........................................................................................................
4.4.3 Período de incubação .........................................................................................
4.4.4 Período de transmissibilidade ...........................................................................
4.4.5 Diagnóstico ..........................................................................................................
4.4.6 Tratamento ...........................................................................................................
4.4.7 Prevenção ............................................................................................................
4.4.8 Sistema de informação: Referência e contrarreferência ................................
4.4.9 Caracterização da situação epidemiológica .....................................................
CONCLUSÃO..................................................................................................
REFERÊNCIAS...............................................................................................
Introdução
1. Hanseníase
Conhecida vulgarmente como lepra, a hanseníase é uma doença bacteriana crônica, contagiosa. Seu agente etiológico é o Mycobacterium leprae, este possui a alta capacidade de proliferação podendo infectar um grande número de pessoas sem distinção de sexo ou idade. Essa bactéria atinge principalmente a pele e os nevos periféricos, mais especificamente, as células de Schwann, cuja função é a formação e manutenção das bainhas de mielina, responsável pela propagação de impulsos nervosos.
 
 
1.1 Transmissão
A hanseníase pode se manifestar de duas formas, a primeira é a paucibacilar, possuindo poucos ou nenhum bacilo, e a segunda é a multibacilar, sendo essa sua forma transmissível.
 A transmissão acontece quando uma pessoa infectada, por meio de secreções respiratórias, elimina bacilos para o meio, podendo ser também por contato próximo e prolongado. 
Essa bactéria apresenta longo período de incubação, isto é, período em que os sintomas podem aparecer desde a infecção, podendo levar de 2 a 7 anos até sua manifestação.
1.2 Quadro clinico 
• Sensações de formigamentos em determinadas pastes do corpo;
• Diminuição ou ausência de força muscular no rosto nas mãos e nos pés;
• Nódulos em algumas partes, podendo ser avermelhados e dolorosos;
• Comprometimento de nervos periféricos associado a alterações sensitivas motoras e autonômicas;
• Lesões ou manchas com alteração de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil;
• Febre, edemas e dor nas juntas;
• Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
• Ressecamento nos olhos.
 
1.3 Diagnóstico
1.3.1	Diagnóstico clinico
Para realizar o diagnóstico clinico o paciente passa por um exame físico onde é feita uma avaliação dermatoneurológica que busca por sinais da doença. Este pode ser dividido em algumas etapas, sendo elas:
• Anamnese: Nesta etapa o profissional deve dialogar com o paciente sobre sinais e sintomas e tentar obter o máximo de informações possíveis para descobrir se trata-se ou não de uma epidemia. Deve ser feito um prontuário contendo todas as informações adquiridas durante a conversa para o tratamento e acompanhamento do paciente, é fundamental que esse registro seja detalhado também com as seguintes informações: aparecimento de manchas, nódulos, sensibilidade e a quanto tempo apareceram.
• Avaliação dermatológica: Nesta etapa é feita uma procura por todo o corpo do paciente buscando alterações de sensibilidade típicas da hanseníase. Geralmente as áreas mais prejudicadas são face, braços, nádegas, pernas e costas podendo vir a ocorrer também na mucosa nasal.
• Avaliação neurológica: Busca a identificação de lesões neurológicas examinando olhos, nariz, mãos e pés, palpação dos troncos nervosos periféricos, avaliação da força muscular e avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e membros inferiores. Vejamos:
- Inspeção dos olhos: Consiste em perguntar ao indivíduo se ele sente ardor, coceira, vista embaçada, ressecamento dos
olhos, pálpebras pesadas, lacrimejamento, ou outros sintomas. Deve também verificar se existem nódulos, secreção, vermelhidão e desabamento da pálpebra inferior, ou opacidade da córnea.
-Inspeção do nariz: pergunta-se se há ressecamento ou entupimento da via, deve ser verificada as condições da pele da mucosa e do septo nasal. Deve ser observado também se há alteração na cor, umidade ou se há infiltrações, atrofias ou ulceras na mucosa.
-Inspeção dos membros superiores e inferiores: O paciente deve ser questionado sobre possível diminuição da força, dormência, inchaço ou outros sintomas. Já o profissional deve verificar se há calosidade, fissuras, atrofias, ferimentos ou outras características da hanseníase.
-Palpação dos troncos nervosos periféricos: Este procedimento procura por espessamentos nos nervos dos membros superiores e inferiores e visa prevenir lesões e incapacidades. A cada nervo apalpado o paciente deve ser questionado se há dor, sensação de choque ou desconforto e o profissional deve observar de há espessamento do nervo apalpado, alteração na consistência ou alteração da forma do nervo.
-Avaliação da força muscular: Busca saber se há comprometimento dos músculos este comprometimento pode ser notado em forma de diminuição ou perda da força muscular.
-Teste da mobilidade articular das mãos e pés.
 
 
1.3.2 Diagnostico laboratorial
É feito um exame laboratorial chamado baciloscopia onde é feita a raspagem das lesões e observada a Mycobacterium leprae. Entretanto nem sempre é possível observa-la, mas isso não quer dizer que o paciente não seja portador de hanseníase. Além de contribuir no diagnóstico, a baciloscopia, também auxilia na confirmação de recidiva, isto é, reaparecimento de uma doença depois de seu tratamento.
O diagnóstico inicial da hanseníase é clinico portanto não se deve esperar o resultado da baciloscopia para dar início ao tratamento. 
1.3.3 Diagnostico diferencial
A hanseníase pode ser facilmente confundida com outras doenças de pele, por isso se faz necessário o diagnostico diferencial, responsável por fazer a diferenciação da doença:
· Em relação a outras doenças dermatológicas: 
A principal diferença entre a hanseníase e outras doenças dermatológicas é que as lesões de pele da hanseníase sempre apresentam alteração de sensibilidade. As demais não apresentam essa alteração podendo ser confundida com as seguintes doenças: Vitiligo, tinha do corpo, eczematide e pitiriase versicolor.
· Em relação a lesões neurológicas:
As doenças que podem causar lesões semelhantes são: síndrome do túnel do carpo, neuralgia parestésica, neuropatia alcoólica, neuropatia diabética, lesões por esforços repetitivos (LER).
1.4 Notificação compulsória
Notificação compulsória é quando profissionais e pacientes são obrigados a avisar imediatamente as autoridades competentes a presença de determinada doença ou agravo de alguma situação que possa levar a um surto epidemiológico.
 A Hanseníase é classificada como uma doença de notificação compulsória, sendo assim, todo caso registrado deve ser notificado utilizando a ficha de notificação. A partir daí o paciente deve ser acompanhado mensalmente por um profissional competente, que ficará responsável por monitora-lo por meio do Boletim de Acompanhamento dos Casos de Hanseníase.
 
1.5 Tratamento
No geral, o tratamento é feito por poliquimioterapia, reabilitação física e até psicossocial nos casos mais graves. É fundamental a detecção precoce da doença para dar início ao tratamento e interromper seu ciclo contagioso, visto que, depois de medicado o paciente rapidamente deixa de ser contagiar outras pessoas. A duração do tratamento pode variar de seis meses a dois anos a depender do estágio em que a doença é descoberta. Atualmente, a nota Técnica nº 4/2020-CGDE/.DCCI/SVS/MS recomenda que o tratamento seja feito pelo uso de três medicamento sendoeles, rifampicina, clofazimina e dapsona, com diferença apenas no tempo de tratamento a depender da classificação da hanseníase. É de extrema importância que depois de iniciado o tratamento seja levado até o final, pois o mesmo faz uso de antibióticos que, se usados indiscriminadamente, podem levar o paciente a criar resistência medicamentosa não surtindo mais o efeito desejado.
· Cartela paucibacilar:
· Cartela multibacilar:
1.6 Pós tratamento
Após completar todo o ciclo de tratamento da polioquimioterapia, o paciente não pode mais ser considerado portador de hanseníase, mesmo que ainda possua sequelas da doença. Entretanto, o paciente deve continuar sendo monitorado pelos profissionais da saúde, podendo ainda apresentar reações hansênicas ou até mesmo recidivas. Caso haja essas reações, o tratamento PQT não deve ser retomado. 
O preconceito junto a falta de informação torna este período muito complicado para o indivíduo, visto que muitas pessoas não compreendem que a doença já foi curada e não pode mais ser transmitida. Por isso é necessário que o paciente faça acompanhamento psicossocial para que o mesmo se sinta inserido novamente em seu meio social sem medos e receios.
1.7 Prevenção, reabilitação e autocuidado 
1.7.1 Prevenção: Hábitos saudáveis, alimentação balanceada, pratica de atividade física associada a condições de higiene, ajudam a prevenir a hanseníase. Outra forma de prevenção é o diagnóstico precoce junto ao tratamento correto, assim como o exame clínico e a indicação de vacina BCG para melhor resposta imunológica das pessoas que tem contato com os portadores da doença. Desta forma, a transmissão da doença pode ser interrompida. 
1.7.2 Reabilitação: Por atingir os nervos periféricos a hanseníase pode causar problemas relacionados ao bem-estar ou até mesmo a movimentação do paciente. Sendo assim, se faz necessário o acompanhamento de um profissional competente para que constantemente sejam feitas avaliações físicas e assim a prevenção de futuras limitações ou incapacidades devido ao aumento da gravidade da doença. Caso os danos já tenham ocorrido o profissional fará o possível para reduzi-los, seja por meio de atividades simples ou até mesmo fisioterapia. Essas incapacidades podem trazer muito sofrimento ao paciente, limitando movimentos impedindo que sejam realizadas atividades que antes eram realizadas normalmente, por esses e outros motivos se faz necessária a prevenção e a reabilitação caso a doença já tenha causado alguma deformidade. 
 
1.7.3 Autocuidado: Praticar o autocuidado é uma das formas de prevenir as incapacidades, por meio de atividades simples que podem ser realizadas em casa pelo próprio paciente sob orientação da equipe de saúde responsável. 
Essas práticas podem levar o paciente a evitar ferimentos. A seguir algumas orientações:
· Perguntar ao paciente se o mesmo sente dor, formigamento ou dor nas mãos, braços e cotovelos, se ele sente as mãos inchadas e que não possui força ao segurar os objetos. Esses sintomas são sinais de inflamação do nervo, nesses casos os pacientes devem ser orientados a fazer repouso, evitar movimentos repetitivos e procurar sua unidade de saúde.
· Perguntar onde aconteceu determinado ferimento, calo, queimadura ou corte, é comum o paciente perder a sensações de dor e calor na área afetada por isso não sabe onde se feriu. É importante orienta-lo a descobrir onde aconteceu o ferimento, imobilizar a parte machucada, recomendar que não ande mais descalço e eliminar qualquer objeto ou atividade que não ofereça riscos.
1.8 Diagnóstico das reações hansênicas:
As reações hansênicas acontecem assim que os bacilos afetam a pele e os nervos, causando inflamações. Essas inflamações podem ocorrer em qualquer paciente podendo acontecer antes, durante ou após o tratamento com PQT. Todas as vezes ao examinar um paciente deve ser verificado olhos, nervos e pele para certifica-se que não há a presença de nenhuma das reações, o resultado dos exames deve ser anotado no formulário do paciente. As reações são classificadas de duas formas: 
· Reações do tipo 1: Conhecida também como reação reversa, é causada pelo aumento da atividade do sistema imunológico que luta contra o bacilo da hanseníase, este processo causa processo inflamação aguda onde houver bacilos, principalmente na pele e nos nervos. Portadores de ambos os tipos de hanseníase podem sofrer essa reação. Os principais sintomas dessa reação são edemas, eritemas e calor.
· Reações tipo 2: Ocorre quando há grande quantidade morte e decomposição dos bacilos, as proteínas presentes neles provocam reações no paciente. Somente pacientes portadores de hanseníase multibacilar pode apresentar essas reações. Os principais sintomas são: Nódulos avermelhados e dolorosos.
1.9 Investigação em menores de 15 anos
Ao suspeitar de um caso de hanseníase em menor de 15 anos deve-se preencher o protocolo complementar de investigação diagnóstica de casos de hanseníase em menores de 15 anos (PCID<15), se houver confirmação do caso a unidade de saúde deve repassar esse protocolo a secretaria municipal de saúde junto com a ficha de notificação e investigação, anexando uma cópia do prontuário. A secretaria municipal de saúde faz análise do PCID<15 e avalia a necessidade de promover investigação e validação do caso ou passa-lo para serviços com profissionais mais experientes para que o diagnóstico seja confirmado. O programa estadual de hanseníase ao identificar o caso no sistema de informação deve confirmar o preenchimento do PCID<15 pela secretaria municipal ou regional de saúde responsável, ou solicitar cópia do PCID<15 para avaliar a necessidade de confirmação diagnostica.
1.10 Investigação de acompanhamento de recidivas
Ao suspeitar de um caso de recidiva a unidade de saúde do município deve preencher a ficha de investigação de suspeita de recidiva e encaminhar o caso para a unidade de referência mais próxima. Assim que confirmado o caso, a unidade de saúde deve transferir a ficha para a secretaria municipal de saúde junto com a ficha de notificação/investigação da hanseníase anexando uma cópia no prontuário do paciente. A notificação do caso de recidiva deve ser feita pelo serviço de referência que fez a confirmação do diagnóstico. Após avaliados os casos sem complicações devem ser destinados ao tratamento e acompanhamento na unidade básica de saúde.
1.11 Investigação de contato
Tem como objetivo descobrir novos casos entre pessoas que conviveram ou convivem com o paciente diagnosticado com hanseníase. Existem dois tipos de investigação por contato, sendo elas:
· Contato domiciliar: Toda pessoa que mora ou morou com o paciente recentemente diagnosticado, ou que teve contato prolongado no âmbito domiciliar nos últimos cinco anos que antecedem o diagnóstico da doença, devem ser incluídas também pessoas de contato próximo mesmo que não façam parte da família.
· Contato social: Toda pessoa que tenha convivido com o paciente diagnosticado de forma próxima e prolongada, estão inclusas nesse grupo de pessoas colegas de trabalho, vizinhos, entre outros. Todos devem ser investigados de acordo com o grau ou tipo de convivência.
1.12 Sistema de informação: Referência e contrarreferência
Trata-se de uma tentativa de organizar os serviços, possibilitando o acesso pelas pessoas que procuram os serviços de saúde. Conforme o sistema, o paciente é atendido na unidade básica e em caso de necessidade é referenciado para uma unidade de maior complexidade, com o intuito de suprir todas as suas necessidades. Ao finalizar o atendimento especializado o paciente deve ser contrarreferenciado, ou seja, deve ser encaminhado novamente a unidade básica para que seu atendimento seja finalizado. A referência e a contrarreferencia devem ser feitas de acordo com os formulários próprios da instituição e devem ser preenchidos pelos profissionais competentes. 
No caso da hanseníase a referência deve ser feita sempre que houver casos de dúvida diagnóstica, necessidade de esquemas de tratamento alternativo, reações imunológicas e neurites,necessidade de ação preventiva de incapacidades, reações adversas medicamentosas, ou qualquer necessidade de cuidados especiais. Para fazer a referencia para outro serviço deve ser enviado por escrito todas as informações disponíveis do paciente, como: Quadro clínico, tratamento PQT, número de doses tomadas, se apresentou reações, qual o tipo, se apresentou ou apresenta efeito colateral a alguma medicação, causa provável do quadro, entre outras informações consideradas relevantes para o tratamento. Após resolvido o problema pelo qual o paciente foi encaminhado, ele deve ser contrarreferenciado para dar continuidade ao tratamento, junto ao paciente deve ser encaminhada uma ficha especificando as condutas realizadas no atendimento, os cuidados, orientações gerais e o tipo de acompanhamento sugerido.
1.13 Caracterização da situação epidemiológica 
Em análise ao boletim epidemiológico publicado no ano de 2021 é possível observar que as pesquisas realizadas entre os anos de 2010 a 2019 demonstram que pacientes do sexo masculino sempre estiveram à frente em quantidades de casos de infectados, principalmente os de faixa etária entre 70 e 79 anos, enquanto as mulheres registram maiores índices nas faixas de 10 a 19 anos, conforme demonstra o gráfico a seguir:
É possível notar ainda que houve redução em casos de ambos os sexos e faixas etárias. Em mulheres essa mudança é mais notória nos casos de 0 a 4 anos, enquanto nos homens a maior redução ocorreu nas idades entre 20 e 29 anos vindo em seguida, mas com um número também alarmante, os pacientes de 30 a 39 anos, consoante o gráfico abaixo:
No ano de 2019, o estado do Mato Grosso registrou o maior índice de detecção geral da doença e sua capital, Cuiabá, ocupou o segundo lugar, perdendo para tão somente a capital do estado de Tocantins. Enquanto os estados das regiões sul e sudeste tiveram os menores índices endemicos. Vejamos:
Apesar da redução no número de casos, é possível observar no gráfico a seguir referente ao ano de 2020 que, o estado do Mato Grosso continua liderando o ranking de contaminações por hanseníase.
1.13 Resolução da atividade proposta:
A. Qual a sua orientação para os profissionais da unidade básica de saúde em relação a hanseníase?
Trata-se de uma doença bacteriana crônica, contagiosa que possui a alta capacidade de proliferação podendo infectar muitas pessoas em um pequeno espaço de tempo. É de extrema importância que os profissionais fiquem atentos aos sintomas e conheçam bem as características da hanseníase. É importante também que os exames sejam solicitados sempre com urgência em caso de suspeita, pois quanto antes tiverem o diagnóstico mais rápido a doença é tratada e impede que outras pessoas sejam contaminadas. O tratamento tardio pode acarretar sérios danos a pessoa acometida pela doença, já que uma de suas características mais relevante é a inflamação dos nervos, causando dores e desconfortos podendo até impossibilitar a movimentação do paciente. O tratamento deve ser iniciado assim que o paciente for diagnosticado e mesmo depois de curado, ele deve ficar sob acompanhamento dos profissionais. 
Ao suspeitar de um caso de hanseníase o profissional deve tentar obter o máximo de informações possíveis do paciente, descobrindo onde reside e até mesmo seus contatos mais frequentes, em caso de confirmação esses contados devem ser procurados para que sejam feitos exames e a aplicação da vacinação BCG por precaução.
B. Descreva quais são os passos necessários para a implantação do programa de controle de hanseníase no município? Justifique sua resposta.
É necessária a criação de campanhas acerca da conscientização do tratamento da hanseníase pois ao conhecer sobre a doença a pessoa passa também a ter um maior conhecimento sobre seus sintomas, com isso torna-se mais fácil identificá-los em caso do aparecimento. Por se tratar de uma doença altamente contagiosa quanto antes ela for identificada melhor é, pois logo o paciente iniciara o tratamento e deixara de contaminar outras pessoas. É importante também ressaltar a necessidade da educação sanitária, esta é responsável por instruir a população a ter bons hábitos de higiene evitando assim não só a hanseníase, mas também outras doenças. Por fim, faz se necessária a vacinação da BCG de todas as pessoas que tiveram contato próximo ou prolongado com os portadores da hanseníase.
C. Faça uma análise crítica dos resultados publicados no boletim epidemiológico de hanseníase do ano de 2021.
Em analise ao boletim epidemiológico da hanseníase do ano de 2021 é possível verificar que o Brasil ainda possui muitos casos de hanseníase, significando que não há total controle sobre a doença. Os estudos apontam que os estados do Mato Grosso e do Maranhão foram os maiores afetados, sendo os principais adoecidos homens com mais de 50 anos e mulheres entre 50 e 59 anos. É possível observar também, que no ano de 2010 há um número alarmante de casos que foi devidamente controlado nos anos posteriores como constam os gráficos 1 e 2, isso significa que as medidas de controles tomadas foram eficazes diminuindo consideravelmente a quantidade de casos. 
Conforme consta o gráfico 3, a maior parte dos casos foram descobertos ainda no grau 1 de incapacidade, significando que foram descobertos de maneira consideravelmente rápida evitando maiores transtornos ao paciente. Foi possível concluir também que a maioria dos casos registrados eram de hanseníase multibacilar (Gráfico 4), isto é, ainda em sua fase de transmissão, esse fato é muito importante pois assim que descobertos os casos foram tratados e deixaram de se proliferar. Relacionado a menores de 15 anos, é possível observar que o estado do maranhão liderou o ranking de casos (Gráfico 5), mas que nos anos seguintes teve controle sobre a doença. 
Tendo em vista os dados anteriormente apresentados é possível concluir que ainda que haja muitos casos de hanseníase nós estamos caminhando para o controle da doença, entretanto este é um processo lento e demorado mas que com o passar dos anos vem trazendo significativo resultados mostrando que as medidas utilizadas atualmente estão sendo eficazes mas precisam ser seguidas rigorosamente para se obter o sucesso desejado.
 
 Gráfico número 1 Gráfico número 2
 Gráfico número 3 Gráfico número 4
Gráfico número 5
2. Tuberculose
Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch (BK), a tuberculose é uma doença infecciosa, contagiosa, que se prolifera pelo ar através das gotículas de saliva da pessoa contaminada, podendo ser disseminadas tanto por tosses quanto por espirros. A bactéria responsável por essa patologia afeta prioritariamente os pulmões, mas também pode vir a se manifestar em outros órgãos. Apesar de ser mais comum em crianças, a infecção da tuberculose pode ocorrer em qualquer faixa etária, no entanto, nem todas as pessoas expostas a bactéria desenvolvem sua patologia. 
 
2.1 Transmissão
A tuberculose é transmitida quando uma pessoa acometida pela doença tosse ou espirra liberando bacilos para o meio, esses bacilos são inalados por pessoas saudáveis que, por sua vez, podem ou não desenvolver a doença. Na maioria das vezes o organismo que é invadido pela bactéria é resistente, não desenvolvendo nenhum sintoma, em outros casos o patógeno pode ficar armazenado em seu hospedeiro trazendo danos apenas anos mais tarde quando o seu sistema imunológico estiver menos resistente. Geralmente as pessoas mais prejudicadas são: idosos, crianças ou pessoas com alguma delimitação na saúde como portadores de AIDS, câncer ou alguma outra doença. Nem todas as pessoas portadoras da patologia podem transmiti-la, sendo contagiosas apenas as que possuem a tuberculose pulmonar, pois essas são capazes de eliminar o bacilo de Koch no ar.Pacientes que já se encontram em tratamento dificilmente oferecem risco de contágio. 
A tuberculose NÃO se transmite por objetos compartilhados, comotalheres, copos, entre outros.
2.2 Quadro clínico
A tuberculose pode se manifestar de diversas maneiras a depender da idade, situação do sistema imunológico e o órgão acometido do paciente. 
· Em adultos e adolescente: O sintoma mais frequente é a tosse com expectoração purulenta podendo até apresentar sangue. Recomenda-se que caso os sintomas resistam por mais de três semanas, o paciente procure a unidade de saúde mais próxima. Outros sintomas como febre, sudorese, anorexia e emagrecimento também podem estar presentes.
· Em crianças menores de 10 anos: Para essa faixa etária vários sintomas são comuns, mas os mais recorrentes são febre moderada persistente por mais de 15 dias, irritabilidade, tosse, falta de apetite. Normalmente a suspeita acontece após o diagnóstico de pneumonia que mesmo após ser devidamente tratada não se ausenta.
· Tuberculose extrapulmonar: Os sintomas podem variar de acordo com o órgão acometido pela bactéria. Esta forma é mais comum em pessoas que possuem certa delimitação em seu sistema imunológico, como as portadoras de AIDS.
2.3 Tipos de diagnóstico 
Para o diagnóstico da tuberculose são solicitados os seguintes exames:
2.3.1 Bacteriológicos
· Baciloscopia direta: Auxilia não só no diagnóstico, mas também no controle e tratamento da doença. Quando executada corretamente permite a detecção de 60% a 80% dos casos, com resultado em até 48 horas. A técnica consiste em fazer a pesquisa dos bacilos álcool-ácido resistentes em esfregaços da amostra, preparados e corados com uma metodologia padronizada. É obrigatória na tuberculose pulmonar, pois identifica a maioria dos casos bacilíferos, isto é, casos responsáveis pela transmissão da doença, além de ser um método simples, rápido e de baixo custo.
· Teste rápido molecular para a tuberculose: É um teste automatizado, simples, rápido e de fácil execução nos laboratórios. O método além de detectar o Mycobacterium tuberculosis, também sinaliza a resistência à rifampicina, em aproximadamente 2 horas. No teste, por meio da técnica de PCR, é realizada em tempo real a extração, amplificação e detecção do DNA do M. tuberculosis, 
· Cultura para micobatéria: Indicada em casos suspeitos que possuem a baciloscopia negativa. É considerado padrão-ouro para o diagnóstico, pois apresenta sensibilidade maior do que a baciloscopia direta e a técnica de PCR.
2.3.2 Exame complementar 
· Radiografia de tórax: Deve ser realizada em todas as pessoas com suspeita clínica de tuberculose pulmonar. Junto a radiografias do tórax, sempre devem ser realizados exames laboratoriais (baciloscopias e/ou teste rápido molecular e cultura), na tentativa de buscar o diagnóstico bacteriológico.
2.4 Notificação compulsória 
Ao ser confirmado, todo caso de tuberculose deve ser notificado, investigado, em no máximo uma semana, e encaminhado para a vigilância epidemiológica da secretaria municipal de saúde, para que a mesma tome as providencias cabíveis e ampare o paciente em questões de medicações e tratamento. 
· É necessário que todo caso suspeito seja examinado para a confirmação ou não do diagnóstico.
· A notificação é obrigatória por todas as unidades de saúde desde PSF até hospitais.
· São utilizados sistemas de informação em saúde que servem para
registrar e monitorar os casos de tuberculose, tais como:
SINAN– Sistema Nacional de Agravos de Notificação,
SIH– Sistema de Informação Hospitalar,
SIM- Sistema de Mortalidade,
SITETB- Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da
Tuberculose;
· Além dos diversos instrumentos de registros utilizados pelas unidades
notificadoras (impressos padronizados pelo PNCT).
2.4.1 Passo a passo para a notificação
2.5 Tratamento
O tratamento da tuberculose dura no mínimo 6 meses, ele é disponibilizado gratuitamente pelo SUS e deve ser realizado em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). Faz a utilização rigorosa de quatro medicamentos, sendo eles: Rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.
2.5.1 Esquema de tratamento
· O tratamento diretamente observado (TDO) é indicado como principal ação de apoio e monitoramento do tratamento das pessoas com tuberculose e requer comprometimento e humanização dos profissionais responsáveis.
· Assim que iniciado o tratamento, o paciente sentirá melhora tendo a sensação que já está curado. É importante que o profissional que acompanha seu caso certifique-se que mesmo sem sintomas o paciente continua seu tratamento até o fim, pois se feito de maneira irregular pode resultar em uma tuberculose drogarresistente.
· Recomenda-se a prevenção da infecção tuberculosa em recém-nascidos co-habitantes de caso índice bacilífero. Nesses casos, o recém-nascido não deverá ser vacinado ao nascer. A vacina é administrada por três meses e, após esse período, faz-se a prova tuberculínica. Se o resultado da PT for maior que 5 mm, a quimioprofilaxia deve ser mantida por mais três meses; caso contrário, deve-seminterromper o uso da isoniazida e vacinar com BCG.
2.6 Monitoramento e avaliação da adesão do tratamento
O monitoramento da adesão é extremamente importante na identificação precoce dos pacientes cujo corpo não irá aderir ao tratamento, ou aqueles que já apresentam esse problema, a fim de planejar intervenções de apoio ao tratamento, tendo em vista as condições de cada caso. Com o aprimoramento das medidas de adesão tem-se informações mais precisas sobre a possível existência da não adesão do tratamento, prevendo os casos que poderão não aderir a ele, identificando também as populações mais vulneráveis a esse problema. Além disso, quanto mais certeiras forem as informações sobre o uso dos medicamentos maiores serão as chances de solucionar o problema. 
2.6.1 Estratégias que podem melhorar a adesão do tratamento
Educação em saúde, garantia de acessibilidade ao tratamento, sensibilização dos pacientes aos possíveis efeitos colaterais e reações adversas a fim de evitar maiores danos a sua saúde, utilização do tratamento diretamente observado, garantia dos retornos frequentes tanto por parte do paciente quanto por parte dos profissionais da saúde, para isso deve-se estabelecer vinculo de acolhimento entre profissional e paciente. 
 
2.7 Reações adversas e interações medicamentosas
A maior parte dos pacientes conseguem concluir o tratamento sem nenhuma reação adversa, nesses casos não há necessidade de substituição no esquema básico de tratamento. Esses tipos de reações podem ser divididos em dois tipos, sendo eles: 
· Reações adversas menores
· Reações adversas maiores
Essas são as maiores responsáveis pela alteração do esquema terapêutico. Os fatores de risco para o desenvolvimento dessas reações são: Idade, dependência química, desnutrição, história de doença hepática prévia e coinfecção pelo HIV.
· O paciente deve ser orientado que esses sintomas podem acontecer, e na presença deles deve-se retornar ao serviço de saúde para que sejam tomadas as cabíveis providencias.
· O monitoramento laboratorial com hemograma e bioquímica (função renal e hepática) deve ser realizado mensalmente em pacientes com sinais ou sintomas relacionados e em pacientes com maior risco de desenvolvimento de efeitos adversos.
Caso o esquema básico não possa ser reintroduzido por motivo de ração adversa, o paciente deverá ser tratado com esquemas especiais (Quadro 1), em dosagens correspondentes a pesagem do mesmo. (Quadro 2).
(Quadro 1)
(Quadro 2)
2.8 Detecção de casos de tuberculose
A detecção dos casos de tuberculose acontece a partir da observação do paciente. A presença de sintomas como a tosse permanente por mais de três semanas, falta de ar e dores no peito podem ser indicadores da doença, ao perceber a persistência desses sintomas o paciente deve procurar a unidade de saúde mais próxima para que os devidos cuidados sejam tomados. 
2.9 Controle de contatos
Contato: é definido como toda pessoa que convive no mesmo ambiente com o caso índice no momento do diagnóstico da tuberculose. Esse convívio pode ser em casa, em ambientes de trabalho, instituições de longa permanência, escola ou pré-escola.O controle de contato é extremamente importante para prevenir o adoecimento e fazer o diagnóstico precoce da tuberculose, este controle deve ser feito pelo programa de controle da tuberculose. Os contatos com todos os tipos de tuberculose devem ser investigados.
- Contatos em menores de 5 anos, pessoas vivendo com HIV/aids e portadores de condições de alto risco devem ser considerados prioritários no processo de avaliação de contatos e tratamento de ILTB.
· Processo de avaliação de contatos:
1. O caso índice deve ser entrevistado o quanto antes para identificação das pessoas que serão consideradas contatos.
2. Os contatos e suas respectivas idades devem ser listados. O tipo de convívio deve ser estabelecido (casa, ambiente de trabalho, escola etc.) e formas de localização devem ser identificadas (endereço e/ou telefone).
3. Sempre que possível, realizar visita domiciliar para melhor entendimento das circunstâncias que caracterizam os contatos identificados na entrevista do caso índice.
4. Todos os contatos serão convidados a comparecer à unidade de saúde para serem avaliados. Essa avaliação consiste na realização de criteriosa anamnese e exame físico.
5. Se os contatos não comparecerem à unidade de saúde, visita domiciliar deve ser realizada.
6. O resultado da avaliação do contato deve ser registrado em prontuário ou ficha específica. Os contatos registrados e examinados devem ser informados no Livro de Registro de Pacientes e Acompanhamento de Tratamento dos Casos de Tuberculose, em campo específico.
7. Após serem avaliados, não sendo constatada tuberculose ou não existindo indicação de tratamento da ILTB, deverão ser orientados a retornar à unidade de saúde, em caso de aparecimento de sinais e sintoma sugestivos de tuberculose, particularmente sintomas respiratórios.
2.10 Ações estratégicas para situações e populações especiais 
· Pessoas portadoras e HIV: É fundamental que seja feito o rastreamento de todas as pessoas portadores de HIV, pois essas possuem maiores chances de desenvolver a tuberculose e seus agravos, com isso é necessário que todas essas pessoas sejam testadas para a tuberculose independente do cenário epidemiológico que estão inseridas. Afim de evitar maiores danos ao paciente.
· Pessoas privadas de liberdade: É importante que seja concedida as equipes de saúde a autonomia para a definição das atividades e dos cuidados necessários, essa equipe deve ser altamente preparada e lembrar-se sempre do sigilo quanto ao diagnóstico do paciente e o respeito aos preceitos éticos das práticas profissionais de saúde. Todos os casos de tuberculose identificado deve ser notificado através do Sinan, mencionando a origem prisional do caso.
Devem ser fornecidos aos profissionais responsáveis, a localização do paciente mesmo que em caso de transferência a fim de dar continuidade ao tratamento, deve ser fornecido também o monitoramento da detecção, acompanhamento, supervisão e avaliação do tratamento, a provisão de medicamentos e a identificação das unidades penitenciarias com maiores suspeitas para que sejam feitas as ações de controle.
· Pessoas em situações de rua: O primeiro passo é criar o vínculo entre profissional e paciente para então fazer sua inclusão no sistema do SUS e por fim sua reinserção social. Por se tratar de uma população em situações mais precárias muitas vezes não há percepção de tempo e em alguns casos nem mesmo da tosse, por esse motivo o profissional da saúde deve considerar qualquer tempo de duração dos sintomas relevante na busca de sintomáticos respiratórios. É necessário orientar o paciente a fazer a coleta de duas amostras em dias consecutivos, e até oferecer a coleta do material no momento da entrevista. Nesse primeiro contato o profissional deve solicitar: Exame bacteriológico de escarro, cultura de escarro com teste de sensibilidade e a radiografia do tórax. Por se tratar de uma população com grandes riscos de outras doenças é importante oferecer a testagem para o HIV, hepatites virais e sífilis. É extremamente importante que todos os passos e procedimentos sejam registrados, pois se trata de uma população com altos índices migratórios sendo comum que eles ingressem no sistema de acolhimento por várias vezes.
· Populações indígenas: É necessário que seja feita a busca por sintomáticos respiratórios em todo o território indígena de forma continuada e de maneira integrada, essa busca é feita pelas equipes multidisciplinares da saúde indígena e pela rede de saúde existente no SUS. É considerado sintomático respiratório todo indígena com tosse, independente da duração desse sintoma, este paciente deve ser submetido a uma avalição clinica e realizar exames de diagnóstico laboratorial sendo eles: baciloscopia de escarro ou o teste rápido de tuberculose, acrescido de cultura e teste de sensibilidade e quando possível a radiografia do tórax.
· Profissionais da saúde: Todo profissional da saúde deve realizar exames admissionais anualmente, ou a prova tuberculínica sempre que necessário. A tuberculose é um risco frequente a essas pessoas já que está associado ao ambiente e as exposições dos profissionais. Ao apresentar alguma condição clinica que comprometa seu sistema imunológico o profissional deve ser conscientizado do maior risco de desenvolver essa doença, nesse tipo de situação recomenda-se que não trabalhem com contato direto com pacientes suspeitos ou portadores da tuberculose pulmonar. Caso o profissional apresente os sintomas da tuberculose ele deve ser submetido a exames laboratoriais e a radiografia do tórax, até que seu diagnóstico fique pronto o mesmo deve ser afastado de seu cargo.
· Usuário de álcool e outras drogas: É importante que todos os serviços de saúde que trabalham com a tuberculose incluam em sua rotina a avaliação do consumo de álcool e adquiram atitudes acolhedoras para que os pacientes se sintam confortáveis em expor suas dúvidas, medos e dificuldades relacionadas ao diagnóstico da tuberculose. Ao identificar a dependência ou algum transtorno relacionado ao uso do álcool, o profissional deve construir um plano de cuidados que inclua o individuo em sua rede de apoio, levando em consideração a realidade do mesmo. É necessário também a criação de mecanismos que permitam atender as demandas inesperadas desses pacientes, como visitas agendadas e acompanhamento motivacional já que as emoções estão diretamente ligadas ao consumo do álcool.
· Diabetes: Recomenda-se que todas as pessoas portadoras de diabetes sejam questionadas sobre a presença de tosse no momento do diagnóstico e em intervalos regulares de seu acompanhamento clinico. Nos casos em que as pessoas já fazem o tratamento da tuberculose e possuem a diabetes, deve ser dada maior atenção ao controle da glicemia, pois a medicação Rifampicina interage com os níveis de hipoglicemiantes orais, podendo levar a uma descompensação do quadro da diabete. Pacientes nessas situações devem ser cuidadosamente acompanhados quanto aos níveis glicêmicos e deve ser levado em consideração a troca de hipoglicemiantes pelo uso de insulina.
· Tabagismo: O primeiro e mais importante passo é aconselhar o fumante a parar de fumar, em seguida deve-se prepara-lo para que o mesmo consiga atingir o objetivo proposto, nesse momento deve ser fornecido ao paciente o apoio não só dos profissionais, mas também da família. Após o paciente conseguir executar essa meta ele deve ser instruído a voltar ao posto de saúde para dar inicio ao tratamento da tuberculose, ao retornar ao posto o paciente deve ser questionado sobre a veracidade da informação e em caso de confirmação deve ser parabenizado pelo profissional da saúde que o atende, essa atitude mostra ao paciente o interesse em cura-lo nutrindo a vontade de parar de fumar. O ex-tabagista não pode esquecer que é um dependente de nicotina e que a única maneira de continuar sem fumar é não acender um cigarro. A regra é: “evite o primeiro cigarro para que possa evitar todos os outros”.
2.11 Sistema de informação: Referência e contrarreferencia 
Após a avaliação na unidadebásica, os pacientes devem ser encaminhados para unidades secundarias e terciarias de saúde de acordo com seu grau de necessidade. O paciente deve ser encaminhado para o ambulatório de pneumologia (referência secundarias) sempre que houver dificuldade diagnóstica, evolução clínica, radiológica ou bacteriológica desfavorável, intolerância grave a algum dos fármacos, monorresistência diagnosticada por cultura e TSA. Já os casos de monorresistência a rifampicina; polirresistência (resistência a dois ou mais fármacos antituberculose), exceto à associação rifampicina e isoniazida; multirresistência (MDR): resistência a pelo menos Rifampicina e Isoniazida; resistência extensiva (XDR): resistência à Rifampicina e Isoniazida acrescida à resistência a uma fluoroquinolona e a um medicamento injetável de segunda linha (Amicacina, Canamicina ou Capreomicina) devem ser encaminhados a ambulatórios de TB MR (referências terciarias). E m ambos os tipos de referencia devem ser encaminhados, junto ao paciente, uma ficha com todas as informações necessária a respeito do paciente, como: Quadro clínico, tipo de tratamento utilizado, número de doses tomadas do medicamento, se apresentou ou apresenta efeito colateral a alguma medicação, causa provável do quadro, entre outras informações consideradas relevantes para o tratamento. Após resolvido o problema pelo qual o paciente foi encaminhado, ele deve ser contrarreferenciado para dar continuidade ao tratamento, junto a ele deve ser encaminhada uma ficha especificando as condutas realizadas no atendimento, os cuidados, orientações gerais e o tipo de acompanhamento sugerido.
2.12 Caracterização da situação epidemiológica 
Em analise ao boletim epidemiológico da tuberculose do ano de 2021, é possível observar que, nos anos entre 2011 e 2016 houve uma considerável queda no numero de casos, sendo que em 2017 esse número voltou a subir declinando novamente apenas no ano de 2020, conforme o gráfico a seguir:
É possível notar também que o número de óbitos se manteve praticamente igual nos ultimos anos, não possuindo nenhuma diferença significativa.
Em relação a confirmação dos casos, foi possível concluir que, entre os anos de 2011 a 2019 houve grande ampliação no número de novos casos confirmados através de exames laboratoriais, ou seja, tendo pelo menos um resultado positivo dentre todos os tipos de exames. 
Relacionado às populações vulneráveis, o número mais alarmante de casos acontece dentro das cadeias. É possível notar que nas demais situações houve um pequeno equilíbrio na quantidade de casos, exceto na população privada de liberdade que, além de ter alto valor, também é a que apresenta maior variação nos números.
Por fim, é possível concluir que os dados coletados no ano de 2020, se mostram bem atípicos quando se trata da tuberculose, tendo acentuada queda de incidências, aumento do abandono, queda das notificações, diminuição no número de cura e até o aumento no número de óbitos. 
Orientações:
A pessoa com tuberculose necessita ser orientada, de forma clara, quanto às características da doença e do tratamento a que será submetida. O profissional de saúde deve informá-la sobre a duração e o esquema do tratamento, bem como sobre a utilização dos medicamentos, incluindo os benefícios do seu uso regular, as possíveis consequências do seu uso irregular e os eventos adversos associados.
3. IST´s – Infecções sexualmente transmissíveis
3.1 Sífilis adquirida:
3.1.1 Definição e etiologia da sífilis: Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, exclusiva dos seres humanos e que possui cura. Ela pode apresentar diversas manifestações clinicas e diferentes estágios, nos estágios primário e secundário a chance de transmissão é maior. Geralmente, essa doença é transmitida pelo contato sexual e começa como uma ferida indolor na região intima que posteriormente desaparecem espontaneamente, voltando a aparecer meses ou até anos depois, já na sua forma secundária ou terciaria, sendo essas suas formas mais graves.
3.1.2 Transmissão: 
· Relação sexual sem preservativo com uma pessoa que possui alguma ferida na pele, seja na região genital, anal ou oral, causada pela bactéria responsável pela sífilis;
· Contato direto com sangue de pessoas contaminadas;
· Compartilhamento de agulhas, no caso do uso de drogas injetáveis, por exemplo.
· De mãe para filho através da placenta em qualquer fase da gravidez e também através do parto normal se o bebê entrar em contato com a ferida da sífilis.
3.1.3 Classificação clínica: 
· Sífilis primaria: Esta é a fase contagiosa da doença e surge cerca de 3 semanas após o contato com a bactéria, essa fase se caracteriza pela aparição do cancro duro, isto é, pequena ferida ou caroço que não causa dor ou desconforto, desaparecendo após 4 ou 5 semanas, sem deixar cicatrizes. Em homens, essas feridas aparecem geralmente em volta do prepúcio e nas mulheres nos pequenos lábios e na parede vaginal. É comum também o aparecimento de dessas feridas nas regiões dos anus, da boca, da língua, mamas e até em dedos e mãos, é comum também o aparecimento de ínguas na virilha perto da região afetada.
 
Após o desaparecimento das lesões do cancro duro, que é um período de inatividade pode durar de seis a oito semanas, a doença poderá entrar novamente em atividade caso não seja identificada e tratada.
· Sífilis secundaria: Fase contagiosa, nesta fase a pele e os órgãos internos são comprometidos, pois a bactéria se multiplicou e se espalhou pela corrente sanguínea. As lesões dessa fase são caracterizadas como manchas rosadas ou pequenos caroços que podem surgir nas regiões da boca, nariz palma das mãos e planta dos pés, outros sintomas comuns são: descamação da pele, ínguas espalhadas pelo corpo, mas principalmente na região genital, dor muscular e dor na garganta. Essa fase persiste durante os dois primeiros anos, oscilando, mas se tornando cada vez mais duradouro o tempo de aparição.
· Fase latente: Periodo assintomático, geralmente não contagioso que pode persistir indefinidamente ou pode evoluir para fase tardia.
· Sífilis terciaria: Fase não contagiosa que acontece em pessoas que não conseguiram combater a doença ou que não fizeram o tratamento adequado. Ao chegar nesse estágio a pessoa já apresenta problemas nos órgãos internos, lesões maiores nas regiões da boca, e nariz, dor de cabeça, náuseas e vômitos frequentes, rigidez no pescoço, convulsões, perca auditiva, delírios, alucinações, diminuição da memória recente, da capacidade de orientação, de realizar cálculos matemáticos simples e de falar quando há paresia geral. Esses sintomas são comuns depois dos 10 a 30 anos de infecção inicial e quando não há tratamento da doença. 
3.1.4 Métodos de diagnóstico: São divididos em duas categorias, sendo elas: Exames diretos e testes imunológicos.
3.1.4.1 Exames diretos: São exames de difícil acesso nas APS.
· Exame em campo escuro: Utiliza-se uma amostra do exsudato seroso das lesões ativa, estes devem ser livres de eritrócitos, restos de tecidos e outros microrganismos. O material deve ser analisado logo após a coleta, sendo levado ao microscópio com condensador de campo escuro, permitindo a visualização da bactéria. Não é recomendado esse tipo de procedimento para material de lesões orais pois estas podem possuir espiroquetas G que podem ser facilmente confundida com o diagnóstico da sífilis. Em casos de resultados negativos, as possibilidades de sífilis não estão excluídas.
 
· Pesquisa direta com material corado: Apresentam sensibilidade menor que a microscopia de campo escuro. Podem ser utilizados os métodos a seguir:
· Método Fontana-Tribondeau: deixa-se secar o esfregaço da amostra na lâmina e depois é feita a coloração utilizando nitrato de prata, que vai impregnar a parede celular do treponema, permitindo sua visualização ao microscópio;
· Método de Burri: utiliza tinta da China (nanquim);
· Método de coloração pelo Giemsa: cora o T. pallidum de maneira tênue (palidamente), sendo difícila observação das espiroquetas;
· Método de Levaduti: utiliza a prata em cortes histológicos.
3.1.4.2 Testes imunológicos: Realizam pesquisa de anticorpo anti-T. pallidum em amostra de sangue total, soro ou plasma. Na maioria dos casos eles poderão ser detectados a partir de dez dias do aparecimento da lesão primária da sífilis (cancro duro). Para o diagnóstico da sífilis deve ser solicitado um exame treponêmico e um não treponêmico.
· Treponêmicos: São capazes de detectar anticorpos específicos contra os antígenos do treponema. Tornam-se positivos depois de 1 a 3 semanas do contagio. Em até 85 % dos pacientes este anticorpo fica positivo pro resto da vida, por isso esse teste não deve ser usado para monitoramento da adesão do tratamento, também não é indicado para casos de reinfecção. São testes treponêmmicos:
· Teste rápido (imunocromatografia de fluxo lateral ou plataforma de duplo percurso - DPP); 
· Teste de Hemaglutinação (TPHA) ou aglutinação de partículas (TTPA);
· Teste de imunofluorescência indireta (FTA-Abs); 
· testes imunoenzimáticos (ELISA). 
Os testes específicos para detecção de anticorpos anti-T. pallidum do tipo IgM (FTA-IgM) apresentam pouca sensibilidade para detectar infecção aguda e não devem ser utilizados rotineiramente no diagnóstico da sífilis. São indicados os testes que detectam IgM apenas para amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), e investigação da sífilis congênita em recém-nascidos.
Em caso de resultado não reagente e suspeita clínica persistente, o teste deverá ser repetido após cerca de 30 dias para a confirmação ou não da infecção, o tratamento não deve ser retardado em função disso.
· Não treponêmicos: Detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para os antígenos do treponema, este tipo de teste demora aproximadamente 4 a 5 semanas após o contágio para positivar. Testes com amostra positiva são diluídos, em fator de duas diluições, até a última diluição que não seja mais reativa, permitindo uma análise quantitativa e qualitativa. O resultado dos testes é apresentado em títulos (1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32, 1:64, 1:128, 1:256, 1:512, 1:1024, etc.). Esses testes são utilizados para o diagnóstico, monitoramento e controle da resposta ao tratamento.
· O VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) e o RPR (Rapid Plasma Reaginin) são os exames não treponêmicos mais utilizados. Eles apresentam alta sensibilidade, mas não são específicos, podendo estar positivos em outras situações, como gestação, doenças autoimunes e pacientes com sorologia positiva para HIV. Sua sensibilidade varia conforme o estágio da doença, sendo mais baixa na sífilis primária, especialmente
3.1.5 Tratamento:
 O tratamento geralmente é feito com injeções de Penicilina benzatina, também conhecida como Benzetacil, que devem ser indicadas por um profissional competente. O tempo de tratamento e o número de injeções pode variar de acordo com a fase de evolução da doença e sintomas apresentados. Quando a ferida que não sangra e não dói ainda se encontra presente, basta tomar 1 dose de penicilina para curar a sífilis, mas quando se trata de sífilis secundária ou terciária podem ser necessárias até 3 doses. As injeções são aplicadas na região do glúteo 1 vez por semana, conforme a orientação médica, mas quando se tratar de sífilis terciária ou neurosífilis é necessário o internamento hospitalar, porque é uma doença mais avançada e possui outras complicações. Em caso de alergia a penicilina, deve-se optar pela dessensibilização à penicilina porque não existem outros antibióticos capazes de eliminar o treponema palladium. No entanto, em alguns casos o médico pode receitar doxiciclina, tetraciclina ou ceftriaxone. Esquema de tratamento em adultos a seguir:
· Sífilis primária e secundária: Dose única de Benzetacil ou doxiciclina 100 mg, 2 vezes ao dia por 15 dias, para confirmar a cura: VDRL em 3, 6 e 12 meses.
· Sífilis latente recente: 1 injeção única de Benzetacil ou doxiciclina 100 mg, 2 vezes ao dia por 15 dias, para a confirmação da cura: VDRL em 3, 6, 12 e 24 meses.
· Sífilis latente tardia: 1 injeção de Benzetacil por semana, durante 3 semanas ou doxiciclina 100 mg, 2 vezes ao dia por 30 dias, para a confirmação da cura: VDRL em 3, 6, 12, 24, 36, 48 e 72 meses.
· Sífilis terciária: 1 injeção de Benzetacil por semana, durante 3 semanas ou doxiciclina 100 mg, 2 vezes ao dia por 30 dias, para a confirmação da cura: VDRL em 3, 6, 12, 24, 36, 48 e 72 meses.
· Neurosífilis: Injeções de Penicilina cristalina por 14 dias ou injeção de ceftriaxona 2g por 10 a 14 dias, para a confirmação da cura: VDRL em 3, 6, 12, 24, 36, 48 e 72 meses.
Após a toma da penicilina é comum o surgimento de uma reação que causa febre, dor muscular, dor de cabeça, batimento cardíaco acelerado, respiração baixa e queda da pressão. Este sintomas podem permanecer por 12 a 24 horas e só devem ser tratados com Paracetamol.
3.1.6 Monitoramento e pós tratamento:
Após finalizado o tratamento contra a sífilis o paciente deve repetir o exame de VDRL a cada 6 meses por pelo menos 2 anos, em caso de cura os valores de VDRL cairão, no mínimo, 4 titulações após os primeiros seis meses. Por exemplo: Se o VDRL era 1/256 ele deve cair para 1/64, se o VDRL era 1/128 ele deve cair para 1/32, se o VDRL era 1/64 ele deve cair para 1/16.Esse valor não precisa chegar a zero para se confirmar a cura, basta que os sintomas desapareçam e o VDRL caia de forma relevante. Caso o valor do VDRL se mantenha acima de 1/32, o uso dos antibióticos deve ser retomado, e a investigação dos parceiros devem ser solicitadas.
O paciente que fez o tratamento correto da sífilis e se curou não está imune a essa bactéria, em caso de novo contato com pessoas portadoras da doença, elas podem voltar a desenvolver essa patologia.
3.1.7 Particularidades em populações especiais:
· Gestantes: É muito importante que a gestante portadora de sífilis inicie o tratamento imediatamente após seu diagnóstico, evitando que a doença cause maiores problemas ou que ela seja transmitida para o bebe. O tratamento deve ser indicado por um obstetra, e é feito com injeções que podem variar de 1 a 3 doses de aplicações, a depender da gravidade e do tempo de contaminação, é de extrema importância que o tratamento seja feito até o fim. Em caso de contaminação da criança os principais riscos são: Parto prematuro, morte fetal, bebê com baixo peso ao nascer, manchas na pele, alterações nos ossos; fissura perto da boca, síndrome nefrótica, edema, convulsões, meningite; deformação do nariz, nos dentes, na mandíbula, céu da boca, surdez e dificuldade de aprendizado. Se a gestante for alérgica a penicilina o tratamento pode ser feito com outros medicamentos como o estearato de eritromicina, durante 15 dias nos casos de sífilis recente, e 30 nos casos de sífilis tardia.
Em casos de transmissão para o bebe, diz-se que ele possui sífilis congênita, e ele também deve receber o tratamento com penicilina, pois se não tratada, a sífilis poderá afeta-lo futuramente.
· Portadores de HIV: A presença da sífilis aumenta o risco de contaminação do HIV, pois ela é responsável por causar feridas nos órgãos genitais. Em pacientes infectados pelo HIV, a sífilis apresenta sintomas mais usuais e prejudica o sistema nervoso mais precocemente. Nos casos de sífilis primaria, a presença de múltiplos cancros, lesões de inoculação que podem ser encontradas em conjunto com as lesões da sífilis secundária, se tornam comuns. Na maior parte dos casos infectados com o vírus HIV os testes sorológicos apresentam-se dentro dos padrões encontrados nos pacientes não infectados, entretanto, resultados atípicos podem ocorrer. A titulação poderá ser muito alta ou muito baixa; flutuações no resultado de exames consecutivos e falsa-negatividade poderão dificultar o diagnóstico laboratorial.
3.2 Sífilis congênita e criança exposta a sífilis
A sífilis congênita é a infecção do feto pelo Treponema pallidum, transmitida em qualquer fase da gestação ou estágio clínico da doença, via placenta, em gestante não tratada ou tratadade maneira inadequada.
3.2.1 Tratamento da criança com sífilis congênita:
O tratamento pode variar a depender do risco de infecção após o nascimento.
· Casos de risco muito alto: Nesses casos as gestantes não passaram por tratamento e o bebê apresenta exame físico anormal ou VDRL 4 vezes maior que o da mãe. Para o tratamento são utilizados: Injeção de 50.000 UI/Kg de Penicilina aquosa cristalina a cada 12 horas durante 7 dias, seguido de 50.000 UI de Penicilina aquosa cristalina a cada 8 horas entre o 7º e o 10º dia; ou injeção de 50.000 UI/Kg de Penicilina procaína uma vez por dia, durante 10 dias.
· Casos de alto risco: Nesses casos são incluídos bebês que apresentam exame físico normal e exame de sífilis com os valores de VDRL iguais ou inferiores de 4 vezes o numero da mãe, mas que nasceram de gestantes que não passaram pelo tratamento de sífilis durante a gestação. Para o tratamento são utilizados: O mesmo tratamento dos casos de risco muito alto ou uma injeção única de 50.000 UI/Kg de Penicilina benzatina. Esse tratamento só pode ser feito se houver a certeza que o exame físico não apresenta nenhuma alteração e que o bebê poderá ser acompanhado pelo pediatra regularmente.
· Casos de baixo risco: Nesses casos são incluídos os bebês que apresentam o exame físico normal, exame de sífilis com valor de VDRL igual ou inferior ao de 4 vezes da mãe e que a grávida tenha iniciado o tratamento adequado mais de 4 semanas antes do parto. Para o tratamento são utilizados: Apenas a injeção única de 50.000 UI/Kg de Penicilina benzatina, porém o médico também pode optar por não fazer a injeção e apenas manter o acompanhamento do desenvolvimento do bebê com exames frequentes de sífilis, para avaliar se realmente está infectado, fazendo o tratamento em seguida.
· Casos de risco muito baixo: Nesses casos são incluídos os bebês que apresentam o exame físico normal, exame de sífilis com valor de VDRL igual ou inferior ao de 4 vezes da mãe e a gestante fez o tratamento adequado antes de ficar grávida, apresentando valores de VDRL baixos durante toda a gravidez. Normalmente não se faz necessário o tratamento em casos como este, as o bebê deve ser acompanhado com exames específicos de sífilis regularmente em casos que não seja possível este acompanhamento o médico pode recomendar a injeção única de 50.000 UI/Kg de Penicilina benzatina.
3.2.2 Manejo da criança exposta a sífilis e da criança com sífilis congênita
· Crianças expostas a sífilis: Todas as crianças nascidas de mães diagnosticadas com sífilis devem ser investigadas quanto aos sinais e sintomas da doença, o teste não treponêmico sérico deve ser realizado. O sangue do cordão umbilical não deve ser usado para esse diagnóstico já que podem resultar em falsos reagentes. A criança e a mãe devem passar novamente pela testagem após o parto, com o mesmo tipo de teste não treponêmico, para a confirmação ou não do diagnóstico da criança. As crianças expostas que não apresentarem manifestações clinicas devem ser liberadas sem a necessidade de procedimentos invasivos ou tratamentos desnecessários, mas deve ser garantido o seu aceso na rede.
· Crianças com sífilis congênita: Crianças portadores de sífilis congênita são aquelas que possuem alguma manifestação clinica e/ou VDRL superior à da mãe, essa criança necessita de tratamento adequado e monitoramento de titulações. A sífilis congênita tem cura e o tratamento da criança deve ser iniciado o mais breve possível, após o nascimento, para evitar maiores complicações, como surdez ou cegueira, que, mesmo após a cura da doença, não podem ser revertidas. 
3.2.3 Atribuições essenciais dos pontos de atenção à criança exposta/sífilis congênita 
O cuidado com as crianças expostas a sífilis ou portadores de sífilis congênita envolvem diferentes tipos de atenção à saúde. Sendo assim, é necessária a criação de uma linha de cuidados dessas crianças na atenção básica de saúde, sendo responsabilidade dos estados e dos municípios. A seguir, linha de cuidados a serem seguidos com essas crianças:
· Atenção Básica / Pré-natal:
· Garantir cobertura de pré-natal a todas as gestantes e seus parceiros sexuais. Idealmente, fazer seguimento e planejamento reprodutivo, incluindo rastreio de IST, abordagem à saúde sexual e Prevenção Combinada.
· Realizar testagem de sífilis no pré-natal, no primeiro e terceiro trimestres de gestação e no puerpério.
· Realizar tanto TR para sífilis quanto teste não treponêmico (ex.: VDRL/RPR).
· Notificar todos os casos de sífilis em gestantes.
· Aplicar penicilina benzatina na gestante e documentar tratamento.
· Orientar a gestante quanto ao risco de nova exposição à sífilis.
· Investigar e tratar os parceiros sexuais das gestantes.
· Monitorar mensalmente a gestante com teste não treponêmico.
· Referenciar a gestante para a maternidade/casa de parto com histórico de tratamento, resultado de exames realizados durante o pré-natal e número da notificação da gestante no Sinan.
· Receber referência da Atenção Básica quanto ao histórico de tratamento e resultado de exames realizados durante o pré-natal.
· Fazer TR de HIV e sífilis no momento do parto ou em caso de aborto/ natimorto.
· Realizar parto de acordo com indicação obstétrica.
· Avaliar todo RN ao nascimento quanto ao histórico de tratamento materno e presença ou ausência de sinais/sintomas clínicos.
· Notificar a mãe como sífilis em gestante caso não haja registro no Sinan.
· Notificar a criança conforme definição de caso de sífilis congênita.
· Fazer contrarreferência para Atenção Básica (com consulta agendada), de modo a garantir o seguimento clínico e laboratorial da criança exposta ou com sífilis congênita na puericultura.
· Tratar criança com sífilis congênita na maternidade, sem dispensar seguimento posterior na Atenção Básica.
· Maternidade ou casa de parto:
· Receber referência da maternidade quanto à investigação clínica e laboratorial realizada na maternidade.
· Fazer seguimento clínico e laboratorial da criança exposta à sífilis ou com sífilis congênita.
· Realizar puericultura conforme orientações da Saúde da Criança.
· Notificar criança conforme definição de caso de sífilis congênita, se durante o seguimento houver alteração clínica e/ou laboratorial.
· Coordenar o cuidado: referência e contrarreferência para especialidade, de acordo com protocolos e necessidade clínica.
· Manter diálogo com a mulher puérpera sobre saúde sexual, ofertar Prevenção Combinada e rastrear para IST/HIV.
· Serviços de especialidades:
· Receber referência da Atenção Básica e avaliar seguimento da criança com sífilis congênita, quanto a consultas e exames especializados.
· Fornecer contrarreferência à Atenção Básica.
· Notificar criança conforme definição de caso de sífilis congênita, se durante o seguimento houver alteração clínica e/ou laboratorial.
3.3 Infecções que causam corrimento vaginal e cervicite
3.3.1 Candidíase vulvovaginal 
Infecção muito comum em mulheres, devido a pequena distância entre a uretra e a vagina e ao desbalanço da microbiota vaginal favorecendo o aumento da quantidade de fungos do gênero Candida, na maior parte dos casos Candida albicans. O desbalanço da microbiota vaginal pode estar relacionado a problemas como estresse, mal hábitos de higiene, uso excessivo de antibióticos ou corticoides ou diminuição do sistema imunológico causado por alguma doença. Os sintomas são bem característicos podendo ser facilmente percebido, eles podem aparecer como coceira e sensação de ardência na região intima, e presença de corrimento na cor branca. Sempre que percebida a presença dos sinais de candidíase a mulher deve procurar seu ginecologista, para que seja iniciado o tratamento indicado, normalmente o tratamento é feito com antifúngicos podendo ser em forma de comprimidos ou pomada.
3.3.2 Vaginose bacteriana 
Trata-se de uma infecção vaginal causada pelo excesso da bactéria Gardnerella vaginalis ou Gardnerella mobiluncus no canal vaginal, causando sintomas como coceira, queimação, desconforto ao urinar, odor fétido e corrimento branco pastoso

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