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Interrogatório como meio de prova e defesa

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Conceito: 
Pode ser entendido como a fase da 
persecução penal, ao qual o autor da infração 
deverá descrever a sua versão do ocorrido, 
perante o juiz competente, acusação e defesa. 
Com o interrogatório, o magistrado e 
a polícia irão tomar conhecimento de 
informações e elementos úteis para a 
descoberta e entendimento do delito. O 
interrogatório não serve para comprovar o 
delito, mas sim, levantar elementos para 
conduzir a sua comprovação. 
 
Natureza Juridica: 
 COMO MEIO DE PROVA: 
pois o juiz, o considerará com os demais meios 
de prova, para a partir destes, formar seu 
convencimento. 
 COMO MEIO DE DEFESA: o 
acusado pode apresentar sua versão dos fatos, 
sendo livre para se calar, e até mesmo utilizar 
uma falsa versão da realidade, tendo em vista 
 
 
que não está obrigado a falar, nem 
juramentado com a verdade. 
 COMO MEIO MISTO: tanto 
como meio de prova, quanto de defesa. 
 
Antes da Lei n. 10.792/2003: 
Entendia-se que o interrogatório era 
exclusivamente meio de defesa, porque não 
era submetido ao contraditório. Atualmente, o 
posicionamento é o de que o interrogatório é 
meio de defesa e meio de prova. Porque a lei 
destaca o que a CF já denotava desde 1988. 
Além disso, o interrogado pode prestar 
esclarecimento e indicar provas. 
 
Rito do Interrogatorio: ART. 185, CPP. 
O acusado que comparecer perante a 
autoridade judiciária, no curso do processo 
penal, será qualificado e interrogado na 
presença de seu defensor, constituído ou 
nomeado. 
 
Interrogatorio 
de Reu Preso: 
ART. 185, §1º, CPP. 
Será realizado, em 
sala própria, no 
estabelecimento em que estiver recolhido, 
desde que estejam garantidas a segurança do 
juiz, do membro do MP e dos auxiliares bem 
como a presença do defensor e a publicidade 
do ato (maioria das vezes o réu é trazido ao 
fórum, interrogado e depois levado de volta). 
 
Videoconferencia: Lei n. 11.900/2009 
A lei não 
prevê a necessidade 
de permissão do 
acusado, ela decorre 
do sistema 
constitucional, sendo 
o interrogatório do acusado por 
videoconferência sem a sua permissão 
inconstitucional, não suprindo sequer a 
manifestação favorável da defesa técnica, uma 
vez que a autodefesa é independente e o 
interrogatório é a sua expressão máxima. 
 
A videoconferência deve ser: 
1º - EXCEPCIONAL; - Art. 185, §2º, CPP. 
Excepcionalmente, o juiz, por decisão 
fundamentada, de oficio ou a requerimento das 
partes, poderá realizar o interrogatório do réu 
preso por sistema de videoconferência ou 
outro recurso tecnológico de transmissão de 
sons e imagens em tempo real, dede que a 
medida seja necessária para atender a uma das 
medidas: 
2º - DECISÃO JUDICIAL 
FUNDAMENTADA DE OFICIO OU A 
REQUERIMENTO DAS PARTES - Art. 185, 
§2º, segunda parte, CPP 
3º - NECESSIDADE DA MEDIDA a fim de 
atender um dos 4 incisos do §2º, do art. 185, 
CPP; 
I – prevenir risco à segurança pública, quando 
exista fundada suspeita de que o preso integre 
organização criminosa ou de que, por outra 
razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II – viabilizar a participação do réu no referido 
ato processual, quando haja relevante 
dificuldade para seu comparecimento em juízo, 
por enfermidade ou outra circunstância 
pessoal; 
III – impedir influência do réu no ânimo de 
testemunha ou da vítima, desde que não seja 
possível recolher o depoimento destas por 
videoconferência, nos termos do art. 217, CPP; 
IV – responder à gravíssima questão de ordem 
pública. 
4º - RESPONDER A GRAVÍSSIMA 
QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA 
(genérica). Art. 185, §2º, IV, CPP. 
 
Intimacao: ART. 185, §3º, CPP. 
10 dias de antecedência, a partir da decisão que 
determinar a realização. 
 
Acompanhamento: ART. 185, §4º, CPP. 
Antes do interrogatório, o preso poderá 
acompanhar, pelo mesmo sistema 
(videoconferência) a realização de todos os 
atos da audiência única de instrução e 
julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 
531, CPP. 
 
Entrevista com defensor:ART. 185, §5º, CPP. 
Em qualquer modalidade de interrogatório, 
será garantido ao réu, pelo juiz, o direito de 
entrevista prévia e reservada com o seu 
defensor; se realizada por videoconferência, 
fica também garantido o acesso a canais 
telefônicos reservados para comunicação 
entre o defensor que esteja no presidio e o 
advogado presente na sala de audiência do 
Fórum, e entre este e o preso. 
 
Sala: ART. 185, §6º, CPP. 
A sala reservada no estabelecimento prisional 
para a realização dos atos processuais pelo 
sistema de videoconferência, será fiscalizada 
pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, 
como também pelo MP e pela OAB. 
 
 
 
Apresentacao em juizo: ART. 185, §7º, CPP. 
Será requisitada a apresentação do réu em 
preso em juízo nas hipóteses em que o 
interrogatório não se realizar na forma prevista 
nos §§1º e 2º, art. 185, CPP. 
 
Realizacao de outros atos 
processuais: ART. 185, §8º, §9º, CPP. 
Igual 185, §4º, CPP, acrescentando a acareação. 
 
Fica garantido o acompanhamento do ato 
processual pelo acusado e seu defensor. ART. 
185, §9º, CPP. 
 
Informacoes:ART. 185, §10º, CPP. 
Do interrogatório deverá constar a informação 
sobre a existência de filhos, respectivas idades 
e se possuem alguma deficiência e o nome e 
o contato de eventual responsável pelos 
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
 
O interrogatório passa a ser um 
verdadeiro meio de defesa, pois o réu é ouvido 
após a oitiva das testemunhas de acusação e 
defesa. O ideal seria a lei silenciar o juiz durante 
a oitiva do réu, deixando as partes fazerem as 
perguntas diretamente a ele. De acordo com a 
Lei nº 10.792/2003, as partes serão indagadas 
pelo juiz, se restou algum fato para ser 
esclarecido. 
 
O interrogatório é um ato 
espontâneo, livre de pressões, torturas e 
métodos que venham lesar os direitos 
fundamentais do acusado, tais como o 
interrogatório feito a base da hipnose, métodos 
físicos e químicos, os chamados “soros da 
verdade” ou os detectores de mentira, por 
serem considerados perigosos, imprecisos e 
sem nenhuma credibilidade, além de ferir a 
garantia de que ninguém será submetido à 
tortura e nem a tratamento desumano ou 
degradante, previsto no art. 5º, III, da CB. 
 
Direito ao Silencio: Art. 186, CPP 
Depois de devidamente qualificado e 
cientificado do inteiro teor da acusação, o 
acusado será informado pelo juiz, ANTES DE 
INICIAR O INTERROGATÓRIO, do seu direito de 
permanecer calado e de não responder 
perguntas que lhe forem formuladas. 
§ú. O silêncio, não importará em confissão, não 
poderá ser interpretado em prejuízo da 
defesa. 
 
Regras do Interrogatorio: 
Segundo Aury 
Aury traz em sua obra um rol 
prestativo de regras, as quais o interrogatório 
deve respeitar: 
 
a) Deve ser realizado de forma imediata, 
ou, ao menos, num prazo razoável após 
a prisão; 
b) Presença do defensor, sendo-lhe 
permitido entrevistar-se prévia e 
reservadamente com o acusado; 
c) Comunicação verbal não só das 
imputações, mas também dos 
argumentos e resultados da 
investigação e que se oponham aos 
argumentos defensivos; 
d) Proibição de qualquer promessa ou 
pressão direta e indireta sobre o 
imputado para induzi-lo ao 
arrependimento ou a colaborar com a 
investigação; 
e) Respeito ao direito de silencio (a 
chamada “Defesa Pessoal Negativa” ou 
Neno Teneteur se Detegere), livre de 
pressões ou coações; 
f) Tolerância com as interrupções que o 
sujeito passivo solicite fazer no curso do 
interrogatório, especialmente para 
instruir-se com o defensor; 
g) Permitir-lhe que indique elementos de 
prova que comprovem sua versão e 
diligenciar para sua apuração; 
h) Negação de valor decisivo à confissão. 
 
Valor Probatorio: 
Segundo Aury 
Quanto ao valor probatório do 
interrogatório em fase processual, Aury 
defende um modelo em que o interrogatório 
seja orientado pelo princípio da presunçãode 
inocência, visto que, como parte da 
investigação preliminar, uma possível confissão 
no interrogatório somente poderia ter valor 
“endoprocedimental”, ou seja, somente como 
uma prova para a abertura do processo penal, 
ou da propositura da denúncia, comprovando 
o fumus commissi delicti do ocorrido, e não a 
culpa objetiva do investigado, justificando uma 
sentença condenatória no futuro processo. 
 
Partes do Interrogatorio: ART. 187, CPP. 
O interrogatório será constituído de 
duas partes: sobre a pessoa do acusado e 
sobre os fatos. 
 
Perguntas da Primeira Parte: ART. 187, 
§1º CPP. 
Na primeira parte o interrogado será 
perguntado sobre: 
 - a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua 
atividade, vida pregressa, notadamente se foi 
preso ou processado alguma vez e, em caso 
afirmativo, qual o juízo do processo, se houver 
suspensão condicional ou condenação, qual a 
pena imposta, se a cumpriu e outros dados 
familiares e sociais. 
 
Perguntas da Segunda Parte: ART. 187, 
§2º CPP. 
Na segunda parte será perguntado sobre: 
I – ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II – Não sendo verdadeira a acusação, se tem 
algum motivo particular a que atribuí-la, se 
conhece a pessoa ou pessoas a quem deva 
ser imputada a prática do crime, e quais sejam, 
e se com elas esteve antes da prática da 
infração ou depois dela; 
III – Onde estava ao tempo em que foi 
cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV – as provas já apuradas; 
V – se conhece as vítimas e testemunhas já 
inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se 
tem o que alegrar contra elas; 
VI – se conhece o instrumento com que foi 
praticada a infração, ou qualquer objeto que 
com esta se relacione e tenha sido apreendido; 
VII – todos os demais fatos e pormenores que 
conduzam à elucidação dos antecedentes e 
circunstâncias da infração; 
VIII – se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
 
 
Sistema Presidencialista de 
Inquiricao do Interrogando: 
 O juiz irá interrogar o réu, tanto as 
perguntas feitas pela acusação, quando as 
perguntas feitas pela defesa, serão dirigidas ao 
juiz e esse irá perguntar ao réu. 
 
ART. 188, CPP. Após proceder ao 
interrogatório, o juiz indagará das partes se 
restou algum fato para ser esclarecido, 
formulando as perguntas correspondentes se 
o entender pertinente e relevante. 
 
ART. 189, CPP. Se o interrogando negar a 
acusação, no todo ou em parte, poderá 
prestar esclarecimentos e indicar provas. 
 
ART. 190, CPP. Se confessar a autoria, será 
perguntado sobre os motivos e circunstâncias 
do fato e se outras pessoas concorreram para 
a infração, e quais sejam. 
 
Mais de um acusado, sendo ele 
mudo, estrangeiro ou nao 
alfabetizado: 
ART. 191, CPP. Havendo mais de um acusado, 
serão interrogados separadamente. 
 
ART. 192, CPP. O interrogatório do mudo, do 
surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma 
seguinte: 
I – ao surdo serão apresentadas por escrito as 
perguntas, que ele responderá oralmente; 
II – ao mudo as perguntas serão feitas 
oralmente, respondendo-as por escrito; 
III – ao surdo-mudo as perguntas serão 
formuladas por escrito e do mesmo modo 
dará as respostas; 
§ú. Caso o interrogado não saiba ler ou 
escrever, intervirá no ato, como intérprete e 
sob compromisso, pessoa habilitada a entende-
lo. 
 
ART. 193, CPP. Quando o interrogado não falar 
a língua nacional, o interrogatório será feito por 
meio de intérprete. 
 
ART. 195, CPP. Se o interrogatório não souber 
escrever, não puder ou não quiser assinar, tal 
fato será consignado no termo. 
 
ART. 196, CPP. A todo tempo o juiz poderá 
proceder a novo interrogatório de oficio ou a 
pedido fundamentado de qualquer das partes.

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