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Regência Musical: Conhecimentos e Habilidades

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Regência
Prof. Felipe Damato de Lacerda
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Felipe Damato de Lacerda
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L131r
Lacerda, Felipe Damato de
Regência. / Felipe Damato de Lacerda. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
241 p.; il.
ISBN 978-65-5663-564-4
ISBN Digital 978-65-5663-563-7
1. Regência musical. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 780
apResentação
Estimado acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Regência! 
Neste livro didático, nós vamos estudar os conhecimentos, habilidades e 
competências da regência musical. No entanto, antes de adentrarmos nos 
conteúdos, gostaríamos de fazer alguns avisos importantes. 
Primeiramente, a regência é uma das áreas mais complexas e 
fascinantes da música! Nela, os diferentes conhecimentos e habilidades 
musicais e não musicais se integram na condução de grupos musicais das 
mais diversas formações instrumentais/vocais. Tendo em vista que o objetivo 
final da regência é sempre a performance musical, ela é uma atividade musical 
eminentemente prática. 
Considerando essas duas características da regência, a prática e a 
complexidade, avisamos de antemão que este livro didático, mesmo com as 
indicações de leituras e vídeos complementares, apenas tocará na superfície 
do que é a regência. Ainda que haja conhecimentos teóricos envolvidos, a 
formação para a regência é um processo primariamente interativo entre o 
aprendiz de regência, seu professor e um grupo musical.
Nesse sentido, há de se reconhecer as limitações que certos meios de 
aprendizagem impõem a algumas áreas do conhecimento, nesse caso, em 
particular, à regência. Oscar Zander, em seu livro Regência Coral, pondera 
que a “regência não se pode aprender só através de livros e aulas teóricas. 
Estas somente nos podem mostrar o caminho e nada é definitivo. O melhor 
livro e a melhor aula continuam sendo a prática viva com um bom professor 
de regência” (ZANDER, 1979, p. 14, grifo nosso).
Ressaltamos que há aprendizados significativos a serem constituídos 
em regência através de “livros e aulas teóricas”, principalmente considerando 
que, diferentemente da época em que Oscar Zander escreveu seu livro, 
atualmente, há recursos tecnológicos que expandem as capacidades 
dos meios não presenciais. Destacamos, no entanto, que o aprendizado 
da regência se pauta no aprofundamento do conhecimento musical, na 
observação da prática de bons regentes e, sobretudo, na sua própria prática 
“viva” e reflexiva da regência. 
Em segundo lugar, salientamos que este livro didático é comprometido 
com o entendimento de que uma disciplina de regência só tem lugar em um 
curso de licenciatura em música se estiver alinhada com a percepção de que 
a regência musical nos tempos de hoje está profundamente irmanada com a 
educação musical, principalmente no Brasil, onde grupos com significativa 
experiência musical são muito raros, sendo que o regente em grande parte 
do tempo trabalhará com educação musical de base.
Este livro está organizado em três unidades. Na primeira unidade 
teremos uma introdução à regência musical, em que refletiremos sobre a 
natureza da regência, apontaremos quais são as funções desempenhadas na 
regência e os conhecimentos e habilidades necessários para desempenhá-
las. Abordaremos também de forma ampla os padrões gestuais básicos de 
regência, contemplando marcação de tempos, entradas, cortes, dinâmica, 
articulação, entre outros.
Na segunda unidade, abordaremos a regência em seus aspectos mais 
práticos, como a escolha e preparo do repertório, o ensaio e a performance 
musical, além de apontar particularidades da regência vocal e instrumental.
Na terceira unidade, conversaremos sobre a regência voltada para a 
educação musical. Aqui, veremos a necessidade de preparo pedagógico para 
desempenhar a regência, como também refletiremos sobre as particularidades 
de se atuar regendo grupos musicais em espaços formais e não formais.
Ao longo de sua leitura, você encontrará sugestões de vídeos e 
exercícios que são indispensáveis para o seu aprendizado. É muito importante 
que assista aos vídeos mais de uma vez e exercite frequentemente seu gesto 
de regência, lembrando que regência é comunicação e comunicação é ação e 
para agir em tempo real é necessário praticar muito!
Bons estudos!
Prof. Felipe Damato de Lacerda 
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumáRio
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL .......................................................... 1
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA? .................................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 UM BREVE HISTÓRICO DA REGÊNCIA ..................................................................................... 4
3 AS FUNÇÕES DA REGÊNCIA ......................................................................................................... 9
3.1 REGENTE INTÉRPRETE ............................................................................................................... 9
3.1.1 Leitura e percepção musical ............................................................................................... 10
3.1.2 Prática vocal/instrumental .................................................................................................. 13
3.1.3 Conhecimentos sobre história da música ......................................................................... 15
3.2 COMUNICAÇÃO ......................................................................................................................... 15
3.3 REGENTE LÍDER ..........................................................................................................................17
3.4 REGENTE ARRANJADOR.......................................................................................................... 19
3.4.1 Conhecimentos de teoria musical, harmonia e contraponto ......................................... 20
3.5 REGENTE EDUCADOR MUSICAL .......................................................................................... 21
4 REGENTE OU MAESTRO? ............................................................................................................. 21
5 POR QUE ESTUDAR REGÊNCIA NA LICENCIATURA EM MÚSICA? .............................. 24
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 27
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO ............................................... 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 PRINCÍPIOS GERAIS ...................................................................................................................... 29
2.1 POSIÇÃO FUNDAMENTAL ...................................................................................................... 32
3 MARCAÇÃO DE TEMPO ................................................................................................................ 35
3.1 MARCAÇÃO DE COMPASSOS SIMPLES ............................................................................... 36
3.2 MARCAÇÃO DE COMPASSOS COMPOSTOS ....................................................................... 46
3.3 MUDANÇA DE COMPASSO .................................................................................................... 50
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 53
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE....................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55
2 ENTRADAS E CORTES ................................................................................................................... 56
2.1 ENTRADA EM CABEÇA DE TEMPO ..................................................................................... 56
2.2 ENTRADA EM CONTRATEMPO.............................................................................................. 58
2.3 CORTES, FERMATAS E REENTRADAS .................................................................................. 60
3 DINÂMICA ......................................................................................................................................... 61
4 ARTICULAÇÕES ............................................................................................................................... 63
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 66
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 75
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO ........................................................................................... 77
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO ................................................................................ 79
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79
2 ESCOLHA DE REPERTÓRIO ......................................................................................................... 80
3 ADEQUAÇÃO DE REPERTÓRIO ................................................................................................. 84
3.1 ADAPTAÇÃO DE ARRANJOS EXISTENTES .......................................................................... 85
3.2 CONFECÇÃO DE ARRANJOS ................................................................................................... 89
4 ESTUDO DO REPERTÓRIO PARA A REGÊNCIA .................................................................... 96
4.1 APRENDIZADO DO REPERTÓRIO.......................................................................................... 96
4.1.1 Planejamento da interpretação musical .......................................................................... 100
4.2 PREPARO DO GESTUAL DE REGÊNCIA ............................................................................. 102
4.2.1 Linha de regência ............................................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE ................................................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109
2 O ENSAIO ......................................................................................................................................... 110
2.1 PLANEJAMENTO ...................................................................................................................... 110
2.2 CONDUÇÃO ............................................................................................................................... 114
2.3 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................................. 118
3 A PERFORMANCE .......................................................................................................................... 119
3.1 PLANEJAMENTO ...................................................................................................................... 119
3.2 CONDUÇÃO ............................................................................................................................... 121
3.3 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................................. 122
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL..................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127
2 FORMAÇÕES VOCAIS ................................................................................................................. 127
2.1 HISTÓRICO E REPERTÓRIO ................................................................................................... 128
2.2 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................. 131
2.2.1 Contexto social brasileiro ................................................................................................. 134
2.2.2 Particularidades no gesto................................................................................................. 135
3 FORMAÇÕES INSTRUMENTAIS ............................................................................................... 136
3.1 HISTÓRICO E REPERTÓRIO ................................................................................................... 136
3.2 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................. 139
3.2.1 Contexto social brasileiro ................................................................................................. 143
3.2.2 Particularidades no gesto ................................................................................................. 144
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 145
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 154
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 157
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL ............................................................ 159
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA ............................................... 161
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161
2 FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................................................................... 161
3 O ENSAIO COMO MOMENTO DE EDUCAÇÃO MUSICAL .............................................. 167
4 CONHECIMENTOS DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS HUMANAS ........................................... 171
5 DIDÁTICA MUSICAL ................................................................................................................... 176
5.1 PLANEJAMENTO DIDÁTICO ................................................................................................. 179
6 EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA .................................................................................................... 181
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA 
REGÊNCIA................................................................................................................. 187
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 187
2 LIDANDO COM FORMAÇÕES MISTAS ................................................................................. 187
3 CONSIDERAÇÕES MUSICAIS ................................................................................................... 189
4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GESTO DE REGÊNCIA ........................................................ 194
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL ................................................. 201
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 201
2 CONTEXTOS NÃO FORMAIS DE ATUAÇÃO ........................................................................ 203
2.1 PROJETOS SOCIAIS ................................................................................................................... 203
2.2 INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS ................................................................................................... 207
2.3 ESCOLAS DE MÚSICA ............................................................................................................. 210
2.4 OUTROS ESPAÇOS .................................................................................................................... 212
3 CONTEXTOS FORMAIS DE ATUAÇÃO ................................................................................... 214
3.1 ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA ........................................................................................ 214
3.2 CONSERVATÓRIOS DE MÚSICA ........................................................................................... 218
3.3 ENSINO SUPERIOR ................................................................................................................... 223
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 226
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 233
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 234
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 237
1
UNIDADE 1 — 
INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender a construção histórica da regência;
•	 refletir	sobre	a	natureza	e	as	funções	da	regência;
•	 compreender	os	processos	de	formação	do	regente;
•	 realizar	uma	comunicação	gestual	básica	através	de	convenções	de	regência.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	da	unidade,	
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO	1	–	O	QUE	É	REGÊNCIA?
TÓPICO	2	–	CONVENÇÕES	PARA	MARCAÇÃO	DE	TEMPO
TÓPICO	3	–	CONVENÇÕES	DE	ENTRADA,	CORTE	E	EXPRESSIVIDADE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
O QUE É REGÊNCIA?
1 INTRODUÇÃO
Olá,	acadêmico!	Seja	bem-vindo	ao	nosso	primeiro	 tópico	de	estudos	deste	
livro	didático.	Aqui	iremos	estudar	os	princípios	fundamentais	que	constituem	
a	natureza	da	regência,	seu	histórico,	as	funções	a	serem	desempenhadas,	além	
de	 refletir	 a	 respeito	 do	motivo	 de	 estudar	 regência	musical	 em	um	 curso	 de	
licenciatura	em	música.
Para	 começar	 vamos	 considerar	 alguns	 pontos	 para	 buscar	 uma	 definição	 
do	que	é	regência.	O	Dicionário	Grove	de	Música	define	regência	como	“A	direção 
de	 uma	 execução	 musical	 através	 de	 gestos	 visíveis	 destinados	 a	 garantir	 a	
coerência	e	unidade	de	execução	e	interpretação”	(SADIE,	1994,	p.	771).	Para	nós,	
definir	a	regência	somente	a	partir	da	direção	da	performance musical com gestos 
parece	incompleto,	tendo	em	vista	que	a	execução	musical	é	apenas	a	ponta	do	
iceberg	 do	 trabalho	 do	 regente.	Aproveitando	 que	 estamos	 trabalhando	 com	 a	
regência	a	partir	de	um	curso	de	licenciatura	em	música,	é	importante	expandir	
nossos	horizontes,	por	esse	motivo	adotaremos	uma	definição	mais	alargada	de	
regência	para	este	livro.	
Performance é o termo utilizado atualmente para definir a ação da qual resulta 
um acontecimento artístico, independentemente da linguagem artística em questão. Para 
compreender melhor o que é a performance recomendamos que você leia o pequeno 
artigo disponível em: https://www.infoescola.com/artes/performance/.
NOTA
Definiremos	regência	como	uma	área	da	música	que	contemplaa	gestão	de	
todos os processos	necessários	para	a	construção e implementação da performance,	
com	destaque	para	a	atuação	em	grandes	grupos	musicais,	como	bandas	marciais,	
corais,	orquestras,	 entre	outros.	Esta	definição	 traz	uma	concepção	processual da 
regência,	em	detrimento	de	uma	percepção	que	restringe	a	atuação	do	regente	
aos seus gestos no momento da performance,	juntamente	com	a	percepção	de	que	a	
performance é	construída	pela	interação	entre	regente	e	grupo	durante	os	ensaios.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
4
Agora,	de	quais	processos	estamos	falando?	Isso	vai	depender	do	contexto	
específico	em	que	se	está	atuando.	Por	exemplo,	se	você	estiver	conduzindo	uma	
orquestra	 composta	 por	musicistas	 profissionais,	 cujo	 repertório	 contempla	 as	
obras	canônicas	da	música	de	concerto	europeia,	você	terá	que	saber	que	lida	com	
musicistas	com	muita	experiência	musical.	Desse	modo,	pode-se	escolher	peças	
desafiadoras,	focar	em	ensaiar	uma	interpretação	musical	ideal	com	articulações	
específicas,	 dinâmicas	muito	 bem	 trabalhadas,	 variações	 de	 andamento,	 entre	
outros.	Fique	atento	que	você	deverá	ter	capacidade	musical	suficiente	para	lidar	
com	essa	realização	musical	com	desenvoltura	e	comunicar	suas	ideias	musicais	
ao	grupo	com	uma	linguagem	apropriada.
Se	você	aceitou	um	trabalho	para	reger	um	coral	composto	por	pessoas	sem	
experiência	musical	 anterior,	 a	 conduta	 será	diferente.	 Será	necessário	 ensinar	 os	
integrantes	a	cantar	de	forma	afinada,	mantendo	o	ritmo,	para	elaborar	a	execução	
de	um	repertório	a	partir	desse	processo	de	educação	musical,	lembrando	que	o	
repertório	deverá	ser	escolhido	de	acordo	com	as	capacidades	do	grupo.	Nesse	
contexto,	é	comum	que	as	pessoas	participem	do	grupo	por	querer	socializar,	ou	
seja,	talvez	elas	não	estejam	muito	motivadas	para	desenvolver	suas	habilidades	
musicais,	o	que	deverá	ser	levado	em	conta	por	você.
Esses	exemplos	 são	apenas	um	pequeno	aperitivo	da	complexidade	da	
atuação	de	 regentes	 em	diferentes	 contextos.	Não	 se	 apavore!	Ao	 longo	deste	
livro	didático,	iremos	esclarecer	essa	complexidade	pouco	a	pouco.	Antes	de	tudo,	
vamos	dar	uma	“olhada”	em	um	breve	histórico	da	 regência	para	 identificarmos	
como	surgiu	e	evoluiu	essa	área	dentro	da	música.	
2 UM BREVE HISTÓRICO DA REGÊNCIA
Então,	 acadêmico,	 você	deve	 se	perguntar:	 “por	 que	 estudar	 a	 história	
da	 regência	 é	 importante?”	Ora,	 primeiramente	 para	 valorizarmos	 o	 processo	
histórico	que	deu	a	todos	nós	o	conhecimento	de	que	estamos	compartilhando	
com	você	neste	livro.	Em	segundo	lugar,	se	não	sabemos	a	história	de	algo	é	mais	
difícil	se	ter	clareza	para	onde	se	quer	ir.	Já	ouviu	a	declaração	de	um	dos	maiores	
físicos	de	todos	os	tempos,	Isaac	Newton,	dizendo	“Se	eu	vi	mais	longe,	foi	por	
estar	sobre	ombros	de	gigantes"?	
Essa frase demonstra que só é possível avançar verdadeiramente o 
conhecimento partindo do que foi construído pelas gerações anteriores. Isso foi escrito em 
uma carta, datada 5 de fevereiro de 1675, de Isaac Newton para Robert Hooke. 
FONTE: <https://digitallibrary.hsp.org/index.php/Detail/objects/9792>. Acesso em: 10 maio 2021.
NOTA
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
5
Com	esses	motivos	 em	mente,	 iremos	 adentrar	 em	uma	narrativa	 cujo	
objetivo	principal	é	dar	uma	visão	geral	do	processo	histórico.	Focaremos	nossos	
estudos	na	Europa	a	partir	da	Idade	Média.	Indicaremos	materiais	mais	completos	
que	podem	ser	consultados	caso	você	queira	conhecer	mais	sobre	o	assunto.
Na	 Idade	 Média	 europeia,	 a	 comunicação	 gestual	 se	 dava	 através	 da	
regência	 quironômica.	 Segundo	 o	 Dicionário	 Grove	 de	Música,	 quironomia	 é	
a	“teoria	dos	sinais	manuais;	a	 forma	antiga	de	reger,	de	acordo	com	a	qual	o	
músico	principal	indicava	as	curvas	melódicas	e	os	ornamentos	por	meio	de	sinais	
espaciais”	 (SADIE,	 1994,	 p.	 759).	 Nesse	 sistema,	 havia	 gestos	 específicos	 para	
indicar	certos	movimentos	melódicos,	bem	como	os	ritmos	a	serem	executados.	
No	entanto,	não	havia	ainda	o	conceito	de	pulsos	regulares	em	música.
A	 mão	 guidoniana	 foi	 uma	 metodologia	 específica	 de	 regência	 nesse	
período,	que	tinha	como	objetivo	auxiliar	na	leitura	cantada	de	música	escrita,	
bem	como	na	memorização	de	melodias.	Guido	d’Arezzo	foi	um	monge	musicista	
que	atuou	na	capela	de	Arezzo	 (Itália),	 escrevendo	diversos	 tratados	de	 teoria	
musical,	incluindo	uma	descrição	dessa	técnica	de	regência.
FIGURA 1 – ESQUEMA DE MÃO GUIDONIANA
FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Guidonian_hand>. Acesso em: 16 nov. 2020.
Devido	à	complexificação	da	polifonia	vocal	no	período	renascentista,	e	
consequentemente	o	aprimoramento	da	notação	rítmica,	surgiu	a	necessidade	de	
se	organizar	o	tempo	em	música	de	forma	mais	assertiva,	pois	imagine	se	cada	
um	dos	quatro	naipes	de	um	coral	resolvesse	cantar	com	ritmo	mais	livre?	Vamos	
ver	como	eram	as	figuras	rítmicas	nesse	período?
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
6
FIGURA 2 – FIGURAS RÍTMICAS NO PERÍODO RENASCENTISTA
FONTE: Sabag e Igayara (2013, p. 36)
As	 figuras	 rítmicas	 dessa	 época	 já	 trazem	 alguma	 semelhança	 com	 as	
que	 usamos	 nos	 dias	 de	 hoje.	 Sobre	 essa	 semelhança,	 Sabag	 e	 Igayara	 (2013)	
advertem	que	ela	é	mais	em	aparência	do	que	em	funcionalidade,	tendo	em	vista	
que	atualmente	“as	relações	métricas	entre	as	figuras	baseiam-se	em	proporções	
fixas	e	sempre	assumidas	como	sendo	duplas”,	já	na	notação	renascentista,	“as	
mensurações	dos	valores	podiam	ser	duplas	ou	triplas,	sendo	usual	a	coexistência	
de	medidas	 distintas	 para	 diferentes	 valores	 em	 uma	mesma	 peça”	 (SABAG;	
IGAYARA,	2013,	p.	36).	Ou	seja,	a	divisão	de	uma	figura	rítmica	podia	ser	em	
duas	ou	em	três	de	menor	valor,	não	havendo	nenhum	sinal	para	diferenciar	uma	
da	outra,	portanto,	só	podia	ser	identificado	contextualmente	na	obra	em	si,	que	
muitas	vezes	trazia	os	dois	tipos	de	divisões.
Conjuntamente	 com	 essas	 alterações	 na	 notação	 rítmica,	 surgiu	 na	
Renascença a noção de tactus,	 que	 é	 uma	 “Unidade	 de	 tempo,	 medida	 por	
um	movimento	da	mão,	utilizada	nos	séculos	XV	e	XVI.	Na	teoria,	cada	tactus 
(representando	um	movimento	da	mão	descendente	e	ascendente)	representava	
uma	 semibreve	 em	andamento	normal	 […]	 (entre	 60	 e	 70	 vezes	por	minuto)”	
(SADIE,	1994,	p.	925).	Assim,	a	regência	na	renascença	já	começou	a	apresentar	
gestos,	 com	 gestos	 descendentes	 e	 ascendentes,	 que	 indicavam	 marcação	 de	
pulsos (tactus).
Tome	cuidado,	acadêmico,	pois	o	tactus	não	contempla	ainda	a	hierarquia	
de	 tempos	 fortes	 e	 fracos	 da	 organização	 rítmica	 em	 compassos,	 o	 que	 foi	
estabelecido	posteriormente.	Outro	ponto	de	destaque	é	que	a	música	ainda	era	
composta	 e	 executada	 em	 seu	 aspecto	 horizontal,	 ou	 seja,	 o	 entendimento	 da	 
época	era	de	adicionar	melodias	cantadas	simultaneamente	e	não	o	empilhamento	
vertical	 de	 notas	 formando	 acordes.	 Isso	pode	 ser	 verificado	pelo	 fato	 de	 que	
somente	 as	 partes	 serem	 escritas	 nas	 publicações,	 não	 havia	 o	 hábito	 de	 se	
escreverem	 “partituras”,	 segundo	 o	Dicionário	Grove	 de	Música	 esse	 “termo,	
de origem italiana (partire	 significa	 ‘dividir’),	 alude	 à	 distribuição	 de	 diversas	
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
7
partes	vocais	e/ou	instrumentais	em	diversos	pentagramas	(ou	pautas)”	(SADIE,	
1994,	p.	702).	Desse	modo,	a	regência	do	tactus (com	movimentos	descendentes	e	
ascendentes	alternados),	organizava	a	estrutura	sobre	a	qual	cada	voz	elaboraria	
seu	ritmo.
Durante	o	período	Barroco,	a	noção	de	tactus	foi	alterada	gradativamente	
para	 contemplar	 hierarquias	 entre	 as	 pulsações,	 resultando	 nas	 fórmulas	 de	
compasso	como	as	conhecemos	hoje.	Um	aspecto	predominante	do	período	era	
a	presença	do	baixo-contínuo	em	quase	todas	as	obras	musicais	coletivas,	desse	
modo	era	frequente	o	cravista	ou	organista	fazer	gestos	com	a	cabeça	ou	rolo	de	
papel	para	dar	entradas	aos	músicos	do	coro	e	da	orquestra.
 
Ainda	que	a	notação	rítmicatenha	se	desenvolvido	a	regência	manteve	
seu	aspecto	de	marcação	de	pulsos,	por	vezes	sendo	realizada	de	forma	ruidosa	
batendo	 fortemente	 com	 um	 bastão	 no	 chão.	 Há	 uma	 história	 tragicômica	
frequentemente	contada,	a	da	morte	do	músico	francês	Jean-Baptiste	Lully	(1632	
–	 1687).	Durante	uma	apresentação	musical	Lully	 bateu	 a	ponta	do	bastão	de	
marcar	o	 tempo	em	seu	pé,	o	 ferimento	acabou	gangrenando	e	o	músico,	que	
também	era	dançarino,	se	recusou	a	ter	sua	perna	amputada	e	acabou	morrendo	
por	causa	da	gangrena	poucos	meses	depois	do	ocorrido	(SADIE,	1994,	p.	554).
Existe um filme baseado na biografia de Jean-Baptiste Lully, chamado Le Roi 
danse (O Rei Dança). O filme, lançado no ano de 2000, retrata a fatídica cena que levou Lully 
à morte. A trilha sonora do filme também contém obras musicais dele. Mais informações 
em: https://cinecartaz.publico.pt/Filme/29851_o-rei-danca.
DICAS
Durante	o	século	XVIII	ocorreram	várias	alterações	na	linguagem	musical	na	
Europa,	como	a	consolidação	da	música	instrumental,	a	sistematização	do	sistema	
tonal	 e	 a	 ascensão	da	melodia	 com	acompanhamento	homofônico.	Foi	durante	o	
período	Clássico	que	observamos	o	princípio	do	que	conhecemos	hoje	como	regência.	
Com	 o	 progressivo	 declínio	 do	 baixo-contínuo	 e	 o	 advento	 da	
música	orquestral	de	Mannheim	e	sinfônica,	começa	a	se	esboçar	a	
necessidade	de	os	instrumentistas	serem	dirigidos	por	outro	músico,	
às	 vezes	não	 executante,	 com	a	 tarefa	de	 ensaiar	 sistematicamente	
a	 orquestra,	 orientá-la	 e	dirigi-la	durante	 as	 apresentações	 (LAGO	
JUNIOR,	2002,	p.	35).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
8
	Foi	nesse	período	também	que	começou	a	se	observar	a	preocupação	em	
sistematizar	e	dar	elegância	ao	gesto	de	regência,	que	até	então	eram	limitados	
a	batidas	de	bastão	no	chão	ou	gestos	para	baixo	e	para	cima:	“Surge	depois	na	
França	uma	surpreendente	inovação:	para	os	compassos	ternário	e	quaternário,	
os	diretores	passaram	a	executar	movimentos	laterais”	(LAGO	JUNIOR,	2002,	p.	
35).	Destacamos	que	essa	transição	não	ocorreu	de	forma	repentina	e	completa,	
muitos	diretores	regiam	a	partir	do	cravo,	ou	eram	violinistas	que	exerciam	dupla	
função	(LAGO	JUNIOR,	2002).
Foi	 somente	 a	 partir	 do	 Romantismo	 que	 a	 figura	 do	 regente,	 ainda	
vinculada	 à	 de	 compositor,	 tomou	 vida	 própria	 com	 alguns	 pioneiros,	 com	
destaque	 para	 Felix	Mendelssohn	 (1809	 –	 1847),	 Hector	 Berlioz	 (1803	 –	 1869)	
e	 Richard	 Wagner	 (1813	 –	 1883).	 Nesse	 sentido,	 a	 técnica	 da	 regência	 foi	 se	
desenvolvendo	 conjuntamente	 com	 as	 técnicas	 composicionais,	 servindo	
primariamente	à	expressão	musical.	Esse	século	também	testemunhou	um	grande	
crescimento	técnico	e	expressivo	da	regência,	ao	mesmo	tempo	em	que	ajudou	a	
construir	a	mitologia	do	artista	sobre-humano,	o	gênio	talentoso	da	música,	que	
perdura	até	os	dias	de	hoje.	
Todo	 esse	 processo	 culminou	 na	 separação	 das	 figuras	 do	 regente	 e	 do	
compositor	no	século	XX,	bem	como	sua	explosão	de	popularidade	e	poderes!	Lago	
Junior	(2002)	nos	traz	uma	perspectiva	que	é	simultaneamente	precisa	e	cômica:
No	século	XX,	a	força	moral	e	criativa,	associada	ao	carisma	artístico	
reforçado	 pelos	 meios	 de	 comunicação	 criaram	 um	 dos	 “monstros	
sagrados”	e	“titãs”	do	nosso	tempo,	misto	de	celebrante	de	uma	liturgia	
com o de star ou star-system	[…].	Além	disso,	o	regente	do	século	XX	
será	o	artista,	o	administrador,	o	entrepreneur,	o	pensador,	o	educador,	
o	disciplinador	e	o	guardião	das	tradições	da	música	orquestral	sob	
todas	as	suas	formas	e	gêneros	(LAGO	JUNIOR,	2002,	p.	135-136).
A	 partir	 dessa	 expansão	 da	 área	 de	 atuação	 do	 regente	 ao	 longo	 do	
século	XX	é	que	temos	hoje	essa	atuação	de	múltiplas	funções.	Assim	chegamos	
ao	 fim	 de	 nossa	 breve	 síntese	 do	 histórico	 da	 regência,	 em	 que	 vimos	 seu	
desenvolvimento	 a	 partir	 da	 Idade	 Média,	 na	 Europa,	 até	 os	 dias	 de	 hoje.	
Existem	muitos	acontecimentos	que	foram	deixados	de	fora,	deixaremos	leituras	
adicionais	aqui	caso	você	queira	adentrar	mais	nesse	assunto.	
Caso você queira saber mais sobre a história da regência recomendamos o livro 
de Sylvio Lago Junior – A arte da regência: história, técnica e maestros (LAGO JUNIOR, 2002).
 Caso você queira uma leitura mais leve, mas que traga mais detalhes sobre o que 
abordamos aqui, acesse o site do professor André Egg da Universidade Estadual do Paraná 
(UNESPAR): http://andreegg.org/2020/03/31/o-surgimento-do-maestro/.
DICAS
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
9
3 AS FUNÇÕES DA REGÊNCIA
Como	acabamos	de	ver	no	 subtópico	anterior,	no	 século	XX,	o	 regente	
se	 tornou	 “o	 artista,	 o	 administrador,	 o	 entrepreneur,	 o	 pensador,	 o	 educador,	 o	
disciplinador	 e	 o	 guardião	 das	 tradições	 da	música	 orquestral	 sob	 todas	 as	 suas	
formas	e	gêneros”	(LAGO	JÚNIOR,	2002,	p.	136).	Neste	subtópico,	nós	iremos	um	
pouco	mais	a	fundo	nessas	diferentes	funções	que	são	exercidas	na	regência,	além	
de	comentar	processos	de	formação	importantes	para	estar	apto	a	desempenhá-las.
É	digno	de	nota	que	as	funções	que	listaremos	aqui	não	ocorrem	de	forma	
isolada,	existem	muitas	intersecções	e	sobreposições	entre	elas.	Vamos	começar	
então	com	a	primeira	delas	e	que	para	muitas	pessoas	ainda	é	a	única	definição:	
o	regente	como	intérprete	musical.	Em	seguida,	comentaremos	a	comunicação,	a	
relação	entre	regência	e	liderança,	por	fim	o	regente	educador	musical.	
3.1 REGENTE INTÉRPRETE
Em	 nossa	 síntese	 sobre	 o	 histórico	 da	 regência,	 vimos	 que	 durante	muito	
tempo,	quem	regia	também	era	um	executante,	ou	então	era	o	próprio	compositor	da	
obra,	o	que	foi	muito	frequente	até	o	século	XX.	Tendo	em	vista	essas	origens	é	de	se	
esperar	que	a	principal	função	da	regência	ainda	hoje	seja	a	interpretação	musical.	
Interpretação	musical	é	a	recriação	de	uma	obra	musical	a	partir	de	uma	
gravação	 e/ou	 de	 fontes	 escritas.	 Esse	 processo	 envolve	 escolhas	 por	 parte	 de	
quem	está	interpretando,	desde	qual	andamento,	dinâmica	geral	da	peça,	até	a	
escolha	de	articulação	em	notas	específicas.
Para	descrever	de	forma	geral	como	o	regente	desempenha	esta	função,	
vamos	utilizar	o	3°	movimento	da	Primavera	da	obra	“As	Quatro	Estações”	de	
Antonio	Vivaldi	(1678-1741),	conforme	foi	arranjada	para	guitarras	elétricas	pelo	
grupo Sinfonity,	a	fim	de	demonstrar	algumas	das	etapas	necessárias.
Dê uma conferida na gravação do 3° movimento da Primavera da obra 
“As Quatro Estações” de Antonio Vivaldi nesse arranjo interessante do grupo Sinfonity: 
https://www.youtube.com/watch?v=6tkRbCXzN5o&ab_channel=SinfonityTVGuitar.
DICAS
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
10
Vamos	dizer	que	você	tem	um	grupo	de	guitarristas	muito	competentes:	
você	traz	a	 ideia	de	fazer	essa	obra	musical	para	o	grupo,	o	grupo	aceita,	mas	
somente	se	você	conduzir	a	preparação	da	obra,	ou	seja,	reger!	O	que	você	irá	
fazer?	Primeiramente,	você	precisará	estudar	bastante	a	obra	original	ouvindo	
gravações	diferentes,	 lendo	a	partitura,	bem	como	aprender	a	 tocar	o	máximo	
possível	das	 linhas	em	seu	 instrumento	de	maior	domínio,	no	caso	a	guitarra.	
Sempre	dando	atenção	às	concepções	detalhadas	da	interpretação	musical,	como	
dinâmica,	mudanças	de	andamento,	sonoridade,	entre	outros.	
Durante	esse	processo	de	estudo	individual,	você	já	vai	começar	a	ensaiar	
o	grupo.	Nesse	momento,	você	vai	estabelecer,	com	base	no	que	você	conhece	
das	capacidades	técnicas	de	cada	um,	quem	irá	tocar	qual	parte.	Você	conduzirá	
os	 ensaios	 decidindo	 quais	 partes	 devem	 ser	mais	 exercitadas,	 você	 precisará	
ter	zelo	para	identificar	e	corrigir	erros	de	notas,	ritmos	e	outros	parâmetros	da	
intepretação	que	você	idealizou.	É	nessa	etapa	que	você	estará	constantemente	
comparando	a	música	que	está	sendo	executada	com	a	música	que	você	construiu	
mentalmente	 no	 seu	 estudo	 individual	 e	 corrigindo	 quando	 a	 realidade	 não	
condisser	com	o	que	você	previu.
Durante	o	processo,	você	usarávários	dos	seus	conhecimentos	musicais,	
você	comunicará	 ideias	musicais	verbalmente,	exemplificando	no	 instrumento,	
além	de	utilizar	o	gesto	de	regência.	Quando	o	repertório	estiver	ensaiado,	haverá	
o momento da performance	musical,	 quando	 você	 poderá	 conduzir	 a	 execução	
regendo	e	através	dos	seus	gestos	manterá	a	unidade	de	andamento,	corrigirá	
eventuais	erros,	chamará	atenção	para	ideias	musicais	ensaiadas,	a	fim	de	garantir	
a	fluência	da	apresentação.	
Para	fazer	isso	tudo	que	descrevemos	nos	parágrafos	anteriores	é	preciso	
se	ter	diferentes	conhecimentos	e	habilidades	musicais.	A	seguir,	vamos	conversar	
sobre	os	 aspectos	mais	 importantes	para	 se	desempenhar	 a	 função	de	 regente	
intérprete	musical.
3.1.1 Leitura e percepção musical
Uma	leitura	musical	bem	desenvolvida	é	essencial	para	que	o	aprendizado	
do	 repertório	 ocorra	 com	 agilidade,	 além	 de	 ser	 importante	 ter	 um	 suporte	
escrito	para	a	sua	memória,	pois	frequentemente	o	regente	trabalhará	com	mais	
repertório	 do	 que	 pode	 memorizar.	 Quando	 falamos	 em	 leitura	 musical	 nos	
referimos	à	capacidade	de	transformar	texto	musical	escrito	em	som	com	pouco	
ou	nenhum	contato	anterior	com	a	partitura	ou	gravações,	também	chamada	de	
leitura	musical	à	primeira	vista.	É	possível	estabelecer	que	o	amadurecimento	da	
leitura	musical	ocorre	quando	se	conquista	a	capacidade	de:
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
11
•	 Ler	fluentemente	alturas	nas	claves	de	Sol,	Fá	e	Dó	na	3ª	linha,	em	qualquer	
tonalidade,	com	atenção	para	a	altura	real	das	notas	em	cada	uma	das	claves.
•	 Ler	 fluentemente	 ritmos	 em	 compassos	 simples	 e	 compostos,	 incluindo	
quiálteras	de	3,	5	e	6,	pelo	menos.
•	 Executar	as	dinâmicas,	articulações	e	outras	indicações.
•	 Manter	a	coerência	da	leitura	musical	em	andamentos	lentos	e	moderados.
Já	a	percepção	musical	engloba,	além	de	questões	de	 leitura	musical,	a	
percepção	auditiva,	memória	musical	e	a	capacidade	de	escrever	a	música	que	
ouve.	 É	 vital	 para	 o	 regente	 desenvolver	 uma	 percepção	 auditiva	 satisfatória,	
pois	 o	 regente	 durante	 ensaios	 e	 apresentações	 precisará	 ouvir	 atentamente	 o	
que	o	grupo	está	produzindo	sonoramente,	comparando	com	a	sua	mentalização	
sonora,	 avaliando	 quanto	 o	 som	 real	 é	 fiel	 ao	 som	 imaginado.	Nesse	 sentido,	
é	 importante	 ouvir	 bem	 não	 apenas	 as	 alturas	 das	 notas,	 mas	 também	 uma	
compreensão	detalhada	de	relações	rítmicas	em	diferentes	gêneros	musicais,	de	
diferentes	intensidades	e	timbres	de	vários	instrumentos	musicais.
Existem	 várias	 estratégias	 para	 se	 desenvolver	 uma	 boa	 percepção	
auditiva.	Primeiramente	pode-se	aprender	músicas	copiando	auditivamente	as	
gravações,	 sem	nenhum	 suporte	 escrito,	 nem	mesmo	 cifras,	 prática	 conhecida	
popularmente	como	“tirar	de	ouvido”.	Outra	estratégia	que	ajuda	bastante	nesse	
processo	 é	 escutar	 ativamente	 obras	 musicais	 de	 diversos	 gêneros	 musicais,	
procurando	 analisar	 os	 elementos	 da	 música	 enquanto	 ouve,	 isso	 pode	 ser	
conjugado	 com	 acompanhar	 visualmente	 a	 partitura.	 Podemos	 mencionar	
também	a	prática	de	tentar	escrever	a	partitura	do	que	ouve	diretamente,	com	ou	
sem	apoio	instrumental,	os	famosos	ditados	musicais.	Por	último	recomendamos	
que	você	experimente	com	a	sonoridade	do	seu	instrumento	principal,	buscando	
aprimorar	seus	crescendo	e	diminuendos,	articulações	e	sonoridade	geral.
Além	 de	 anos	 de	 experiência,	 para	 desenvolver	 a	 leitura	 musical	 e	
percepção	 auditiva	 é	 preciso	 que	 a	 técnica	 instrumental,	 os	 conhecimentos	
teóricos	e	o	desenvolvimento	musical	global	sejam	abordados	de	forma	integrada	
e	equilibrada.	Pode	parecer	uma	constatação	óbvia,	mas	não	foi	assim	no	passado.	
Por	 muito	 tempo	 o	 ensino	 musical	 conservatorial	 considerava	 que	 a	
prática	musical	só	podia	existir	a	partir	da	decodificação	da	partitura,	ou	seja,	para	
começar	 a	 tocar	qualquer	 instrumento	você	precisaria	 estar	versado	na	 leitura	
musical,	sendo	submetido	a	períodos	mais	ou	menos	longos	de	aulas	de	solfejo	
e	teoria	musical	antes	de	poder	encostar	no	instrumento.	Em	contrapartida,	nos	
dias	de	hoje,	é	comum	que	algumas	escolas	livres	de	música	não	façam	questão	
de	que	 seus	estudantes	entrem	em	contato	 com	a	notação	musical	 tradicional,	
argumentando	que	não	é	necessário	aprender	a	 ler	para	tocar	um	instrumento	
musical.	 O	 que	 não	 deixa	 de	 ser	 também	 um	 radicalismo,	 nós	 acreditamos	
que	 prática	 instrumental	 e	 leitura	musical	 são	 processos	 complementares	 que	
precisam	ser	conduzidos	concomitantemente.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
12
O	desenvolvimento	 da	 leitura	musical	 à	 primeira	 vista	 é	 uma	 área	 de	
estudo	dentro	da	música.	Gonçalves	 (2018)	 investigou	as	disciplinas	de	 leitura	
musical	 à	 primeira	 vista	 em	 cursos	 de	 graduação	 em	 música	 da	 Região	 Sul	
do	Brasil	 e,	 segundo	o	autor,	 ler	à	primeira	vista	 envolve	 coordenação	ocular,	
memória	 visual,	 reconhecimento	 de	 padrões	 musicais,	 técnica	 instrumental,	
experiência	musical	geral,	ouvido	interno,	entre	outros.
Para entender melhor a complexidade da leitura à primeira vista, 
recomendamos a leitura do Capítulo 2 da tese intitulada “A disciplina de leitura musical à 
primeira vista em cursos de graduação em música do sul do Brasil: um estudo com base 
na teoria social cognitiva sobre processos de ensino/aprendizagem” (GONÇALVES, 2018). 
Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/57013/R%20-%20T%20
-%20ALEXANDRE%20GONCALVES.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
DICAS
O	 aprimoramento	 da	 percepção	 auditiva	 e	 da	 leitura	 musical	 auxilia	
no	 desenvolvimento	 do	 que	 chamamos	 de	 ouvido	 interno.	 O	 ouvido	 interno	
é	a	capacidade	de	mentalizar	uma	obra	musical,	 sem	apoio	 instrumental,	 com	
riqueza	de	detalhes,	seria	uma	versão	auditiva	da	famosa	“memória	fotográfica”,	
não	deve	ser	confundido	com	a	parte	anatômica	do	corpo	de	mesmo	nome.	À	
medida	que	aprimoramos	nossa	experiência	musical	essa	mentalização	fica	cada	
vez	mais	fidedigna.
Achamos	importante	aproveitar	esse	momento	para	termos	uma	conversa	
sobre	 o	 “ouvido	 absoluto”.	A	 definição	 comum	 de	 ouvido	 absoluto	 pode	 ser	
sintetizada	como	“a	capacidade	de	identificar,	nomear	ou	produzir	a	frequência	
de	um	estímulo	tonal	sem	o	auxílio	de	um	tom	de	referência”	(VELOSO;	FEITOSA,	
2013,	p.	357).	No	entanto,	Veloso	e	Feitosa	problematizam	a	definição	do	termo	
[…]	 define-se	 o	 ouvido	 absoluto	 ao	 se	 verificar	 elevado	 grau	 de	
precisão	na	associação	direta	entre	um	estímulo	sonoro	e	um	rótulo	
verbal	 específico.	 Portanto,	 nota-se	 participação	 evidente	 de	 um	
componente	 linguístico	 (cognitivo)	 relacionado	 à	 habilidade	 que	 o	
diferencia	das	demais	manifestações	da	música	no	cérebro	humano,	
além	 do	 conhecimento	 prévio	 em	 teoria	 musical	 como	 condição	
intrínseca	(VELOSO;	FEITOSA,	2013,	p.	358).
Tendo	 em	 vista	 que	 é	 necessário	 que	 o	 indivíduo	 possua	 treinamento	
musical	formal	para	se	identificar	a	habilidade	como	ela	é	definida	atualmente,	
o	 ouvido	 absoluto	 é	muito	 raramente	 visto	 em	não	músicos.	 Veloso	 e	 Feitosa	
(2013)	apontam	estudos	que	relacionam	o	 treinamento	musical	 formal	precoce	
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
13
(antes	dos	seis	anos	de	idade)	a	uma	maior	probabilidade	de	se	desenvolver	essa	
característica,	ao	mesmo	tempo	que	outros	sugerem	também	para	a	presença	de	
fatores	genéticos.	
Para	 nós,	 o	 ouvido	 absoluto	 é	 uma	 habilidade	 curiosa	 de	 se	 ver	
presencialmente	 e	 talvez	 útil	 para	 quem	 a	 possui,	 mas,	 em	 última	 análise,	
desnecessária	 para	 se	 aprofundar	 em	 música.	 Em	 contraposição	 ao	 ouvido	
absoluto,	a	maioria	de	nós	ao	treinar	a	percepção	auditiva	está	desenvolvendo	
o	que	chamamos	de	ouvido	relativo,	ou	seja,	você	sabe	a	distância	de	diversas	
notas	relativamente	a	um	som	de	referência.	Esse	tipo	de	percepção	é	o	que	de	
fato	é	necessário	para	o	músico,	pois	a	maioria	dos	sistemas	musicais	lidamcom	
a	relações	entre	as	alturas	sonoras.	Desse	modo,	frisamos	que	para	a	regência	o	
importante	é	o	desenvolvimento	de	um	bom	ouvido	relativo.
3.1.2 Prática vocal/instrumental
Com	exceção	de	gêneros	musicais	feitos	exclusivamente	através	de	meios	
digitais,	a	música	geralmente	se	materializa	através	da	ação	de	uma	pessoa	sobre	
seu	próprio	corpo	e/ou	sobre	um	instrumento	musical,	produzindo	som.	Ainda	
que	o	regente	não	produza	nenhum	som	enquanto	conduz	a	execução	musical	
de	outras	pessoas,	é	indispensável	que	se	tenha	habilidades	instrumentais	bem	
desenvolvidas,	 independentemente	 de	 qual	 instrumento	 musical	 (voz	 é	 um	
instrumento	musical).	Destacamos	que	essa	recomendação	também	é	válida	para	
professores	de	música	em	formação,	independentemente	em	qual	área	irão	atuar.	
Entretanto,	muitas	vezes	ocorre	que	estudantes	de	cursos	de	 licenciatura	
em	música	não	conseguem	se	dedicar	a	uma	prática	 instrumental	aprofundada.	
Isso	ocorre	pois	frequentemente	os	currículos	dispersam	a	carga	horária	dedicada	à	
prática	instrumental	em	diversas	áreas	como	piano,	violão,	flauta	doce,	percussão,	
entre	outros.	O	que	pode	ocorrer	também	é	que	a	alocação	prioritária	de	carga	
horária	 para	 disciplinas	 pedagógicas	 predomina	 sobre	 a	 prática	 instrumental	
individual	e	coletiva.
Frisamos	 que	 a	 experiência	 do	 desenvolvimento	 instrumental	 é	 muito	
importante.	 Portanto,	 acadêmico,	 continue	 aprimorando	 seu	 instrumento	
principal,	faça	aulas,	estude,	participe	de	cursos	diversos,	estude	todos	os	dias,	
durante	o	seu	curso	de	graduação	e	após	tê-lo	concluído.
Voltando	para	o	valor	da	prática	instrumental	para	a	função	de	intérprete	
musical	 do	 regente,	 além	 da	 proficiência	 em	 seu	 instrumento	 principal,	 é	
importante	também	adquirir	um	pouco	de	experiência	com	o	piano,	pelo	menos	
para	 ler	melodias	de	 forma	fluente.	O	piano	 é	 um	bom	 instrumento	para	dar	
suporte	à	preparação	do	regente,	pois	é	um	instrumento	que	facilita	a	execução	
de	 linhas	 melódicas,	 principalmente	 por	 não	 possuir	 uma	 exigência	 técnica	
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
14
elevada	em	relação	à	produção	do	som.	Ter	algum	domínio	do	piano	é	útil	como	
instrumento	de	apoio	ao	ensaio,	principalmente	em	regência	coral,	por	ser	um	
instrumento	 que	 permite	 a	 execução	 polifônica	 de,	 pelo	 menos,	 duas	 linhas	
melódicas	simultaneamente	sem	grandes	obstáculos	técnicos.
Essa	 afirmação	 da	 simplicidade	 do	 piano	 pode	 parecer	 estranha	 para	
você,	então	vamos	refletir	sobre	a	coordenação	motora	exigida	para	produzir	uma	
nota	musical	 em	diferentes	 instrumentos.	No	piano,	você	precisa	 apertar	uma	
tecla	com	um	dedo	e	o	som	acontece	sem	distorção,	abafamento	ou	desafinação	
(isso	se	o	piano	está	afinado).	Em	um	instrumento	de	sopro	você	precisa	segurar	
o	 instrumento,	 dominar	 a	 embocadura,	 pressão	 de	 ar,	 coordenar	 duas	 mãos,	
utilizando	vários	dedos	simultaneamente	para	tampar	vários	furos.	Já	com	um	
violino	você	vai	ter	um	desafio	próprio	apenas	para	segurar	o	instrumento	com	
o	pescoço	e	o	arco	com	uma	das	mãos,	sem	experiência	com	o	arco	o	som	vai	
sair	“miado”	com	irregularidades,	as	notas	que	não	são	em	corda	solta	vão	estar	
desafinadas,	 entre	 outros.	 Lembrando	 que	 estamos	 fazendo	 essas	 observações	
com	relação	ao	piano	partindo	da	necessidade	de	executar	melodias,	tocar	piano	
pode	ser	tão	desafiador,	ou	até	mais,	do	que	outros	instrumentos,	dependendo	da	
complexidade	do	que	está	sendo	tocado.
Para	a	regência	recomendamos	também	que	se	tenha	alguma	experiência	
usando	a	voz	para	cantar,	não	queremos	dizer	com	isso	que	seja	obrigatório	ter	
uma	técnica	vocal	muito	desenvolvida.	Nossa	intenção	é	evidenciar	a	utilidade	
de	 se	 ter	 a	 capacidade	de	 cantar	de	 forma	 afinada	 em	uma	 tessitura	mediana	
para	sua	voz	e	conseguir	demonstrar	notas,	ritmos,	dinâmicas	e	efeitos	sonoros	
diversos	com	a	voz,	 tudo	 isso	muito	 importante	para	a	comunicação	de	 ideias	
musicais	quando	estiver	regendo	um	grupo.	Caso	a	voz	já	seja	o	seu	instrumento	
principal,	recomendamos	que	você	desenvolva	alguma	prática	instrumental,	com	
destaque	para	o	domínio	do	piano.
Outra	recomendação	 importante	para	quem	almeja	se	aprofundar	mais	
na	regência	é	ter	sido	em	algum	momento	integrante	do	tipo	de	formação	que	
você	irá	reger	como	instrumentista	ou	cantor.	Figueiredo	(2006,	p.	7)	comenta	a	
importância	dessa	experiência	para	a	formação	do	regente:
[…]	 para	 se	 tornar	 um	 bom	 regente,	 é	 necessário	 que	 o	 candidato	
vivencie	 o	 cantar	 em	 coro,	 principalmente	 sob	 a	 orientação	 de	 um	
regente	experiente,	que	aborde	grande	variedade	de	repertório.	Não	é	
possível	ser	um	bom	regente	de	coro	sem	ter	sido	um	cantor	de	coro.	
O	que	se	aprende	nas	entrelinhas	de	um	ensaio,	com	seus	bons	e	maus	
momentos,	é	de	uma	importância	vital	na	formação	de	um	regente.
 
Ainda	que	Figueiredo	(2006)	esteja	se	referindo	especificamente	ao	canto	
coral,	 podemos	 extrapolar	 sua	 recomendação	para	 outras	 formações	musicais.	
Em	outras	palavras,	se	você	tem	interesse	em	reger	orquestra,	é	necessário	que	
seja	 instrumentista	de	orquestra	 sob	 a	 regência	de	 alguém	experiente,	 se	você	
quer	trabalhar	com	banda	marcial,	toque	em	bandas	e	assim	por	diante.	Sempre	
busque	aprimorar	sua	prática	instrumental,	individual	e	coletiva!
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
15
3.1.3 Conhecimentos sobre história da música
Com	base	nas	disciplinas	de	história	da	música	que	teve	ao	longo	do	curso,	
você	pode	imaginar	que	estamos	falando	da	música	de	concerto	europeia,	mas	não	
é	 somente	 isso	que	queremos	dizer	com	história	da	música.	Queremos	dizer	que	
o	 regente	precisa	 conhecer,	 além	de	aspectos	gerais	desses	 assuntos,	 inclusive	da	
música	clássica,	precisa	conhecer	a	história	da	música	comercial	do	século	XX,	música	
folclórica	e	os	diversos	gêneros	que	as	compõem	e	compreender	aspectos	estéticos	de	
alguns	destes	gêneros	musicais.
Esses	 conhecimentos	 são	 essenciais	 para	 o	 desempenho	 da	 função	
de	 intérprete	 musical	 do	 regente,	 pois	 não	 é	 possível	 interpretar	 um	 jazz	
adequadamente	se	você	não	está	familiarizado	com	os	preceitos	estéticos	deste	
gênero	musical,	bem	como	seu	histórico.	Por	isso	é	sempre	importante	que	você	
pesquise	 o	 contexto	 histórico	 das	 obras	 que	 você	 for	 reger,	 para	 poder	 tomar	
decisões	interpretativas	mais	informadas.
3.2 COMUNICAÇÃO
Quem	 rege,	 assim	 como	qualquer	professor,	 precisa	 conseguir	 comunicar	
suas	ideias,	tanto	musicais	como	não	musicais,	de	forma	clara,	sintética	e	objetiva,	
seja	 de	 forma	 verbal	 ou	 não	 verbal,	 caso	 contrário,	 não	 desempenhará	 suas	
funções	de	forma	satisfatória.	Neste	subtópico	iremos	introduzir	esse	assunto	que	
será	mais	detalhado	ao	longo	do	livro.
Como	você	provavelmente	viu	na	disciplina	de	Comunicação	e	Linguagem,	
existem	dois	tipos	de	linguagem:	a	verbal	e	a	não	verbal.	A	linguagem	verbal,	seja	
ela	escrita	ou	oral,	é	definida	pelo	uso	de	palavras	para	a	comunicação	de	ideias,	
sentimentos,	entre	outras	coisas;	enquanto	a	linguagem	não	verbal	lança	mão	de	
imagens,	símbolos,	gestos,	expressões	faciais	para	a	comunicação.	O	regente	se	
utiliza	de	ambas	para	o	desempenho	de	suas	diversas	funções.
Vamos	iniciar	com	a	linguagem	verbal	na	regência.	Um	dos	pontos	mais	
importantes	com	relação	à	comunicação	verbal	na	regência	é	despoluir	o	canal	
de	 comunicação,	por	 exemplo,	ninguém	gosta	quando	nosso	 acesso	 à	 internet	
está	congestionado	e	tudo	fica	lento,	não	conseguimos	acessar	nem	e-mail.	Então,	
quando	o	regente	fala	ele	precisa	ser	ouvido!	Ouvido	mesmo!	Ou	seja,	se	há	ruído	
de	conversas	paralelas	ou	de	pessoas	tocando	seus	instrumentos	musicais	fora	de	
hora,	o	canal	de	comunicação	já	estará	poluído,	dificultando	a	compreensão	da	
mensagem.	A	gente	sabe	como	ensaios	podem	ser	barulhentos	com	as	conversas	
infindáveis	ou	ainda	o	guitarrista	que	não	para	de	“fritar”	o	 instrumento.	Por	
isso,	também	é	função	do	regente	disciplinar	o	seu	grupo	para	manter	limposos	
canais	de	comunicação,	garantindo	o	máximo	de	clareza	e	entendimento.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
16
Mas	cuidado!	Pois	o	próprio	regente	pode	comprometer	a	eficiência	de	
sua	comunicação	falando	demais.	Veja	só	o	que	Figueiredo	(2006,	p.	8)	tem	a	nos	
dizer	sobre	isso:
Todos	 nós	 concordamos,	 também,	 que	 ensaio,	 pelo	 menos	 em	
seus	 momentos	 essenciais,	 não	 é	 lugar	 para	 se	 falar.	 O	 problema	
é	que,	 quando	dizemos	 tal	 frase,	 estamos	 sempre	nos	 referindo	aos	
coralistas.	Mas	e	os	regentes?	Como	falam!	Informações	que	deveriam	
ser	 puramente	 objetivas	 acabam	 virando	 discursos.	 Devíamos	 estar	
sempre	 atentos	 à	 proporção	 que	 existe	 em	 nossos	 ensaios	 entre	 os	
momentos	 em	que	 se	 está	 cantando	 e	 os	momentos	 em	que	 se	 está	
falando,	principalmente	o	regente.
Tendo	 em	 vista	 a	 fala	 de	 Figueiredo	 (2006),	 recomendamos	 também	 que	
o	 regente	 evite	 comunicar	 informações	 desnecessárias,	 por	 exemplo,	 discorrer	
longamente	sobre	algum	aspecto	histórico	da	obra,	reserve	isso	para	as	conversas	
descontraídas	 com	 os	 integrantes	 nos	 intervalos	 e	 após	 o	 ensaio.	 Outro	 ponto	
importante	para	que	uma	comunicação	funcione	bem	é	que	o	regente	saiba	bem	o	
que	é	preciso	falar.	Isso	é	um	problema,	pois	pode	acontecer	de	o	regente	não	saber	
bem	a	peça	ou	então	não	 tem	ideia	de	que	estratégia	adotar	para	resolver	algum	
problema	de	execução	que	o	grupo	está	tendo.	Por	isso	esteja	sempre	bem	preparado.
No	ofício	da	regência,	a	comunicação	não	verbal	é	tão	importante	quanto,	
ou	até	mais	que	a	verbal.	A	comunicação	não	verbal	inclui	os	gestos	de	regência,	
expressões	faciais,	postura	corporal,	exemplificação	musical	e	uso	de	imagens.	A	
exemplificação	musical,	por	exemplo,	pode	ser	feita	diretamente	no	instrumento	
em	questão	ou	imitando	vocalmente	o	som	que	você	gostaria	que	fosse	executado.	
A	 demonstração	 direta	 no	 instrumento	 é	 muito	 importante	 para	 modelar	 a	
execução	musical,	principalmente	em	grupos	menos	experientes,	nesse	sentido	é	
muito	mais	importante	mostrar	do	que	descrever.
 
A	 fim	 de	 comunicar	 suas	 ideias	 musicais	 ao	 grupo	 em	 tempo	 real,	
sem	 que	 isso	 interfira	 sonoramente	 na	 execução,	 é	 necessário	 algum	 tipo	 de	
comunicação	 que	 aconteça	 pelo	 canal	 visual.	 Dessa	 forma,	 a	 comunicação	
através	de	gestos,	posturas	 corporais	 e	 expressões	 faciais	 foi	 se	 tornando,	 ao	
longo	da	história	o	modo	predominante	de	comunicação	entre	regente	e	grupo.	
Tradicionalmente,	a	comunicação	gestual	na	regência	é	conhecida	também	pelo	
nome	de	técnica	de	regência.	
Trataremos da comunicação gestual na regência de forma aprofundada nos 
tópicos 2 e 3 desta unidade. A comunicação do regente durante ensaio e performance será 
tratada mais detalhadamente na Unidade 2.
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
17
3.3 REGENTE LÍDER
Podemos	definir	liderança	como	a	capacidade	que	certas	pessoas	possuem	
de	unir	outras	pessoas	com	objetivos	comuns,	coordená-las,	estabelecer	normas	
de	 conduta,	permitindo	a	 todos	a	alcançar	os	objetivos	do	grupo.	Todas	essas	
questões	dependem	de	relacionamento	humano.
 
Rocha	 (2004)	 fala	 sobre	 a	 importância	 do	 relacionamento	 humano	
na	 condução	 do	 trabalho	 em	 grupos	 musicais,	 estabelecendo	 que	 a	 “relação	
construtiva	 entre	 regente	 e	 grupo	 depende	 de	 três	 fatores:	 a	 postura	 e	 o	
comportamento	do	líder,	a	forma	de	condução	do	grupo	na	implementação	dos	
planos	e	a	administração	de	conflitos”	(ROCHA,	2004,	p.	24).	
Mas	o	que	seria	essa	“postura	e	comportamento	do	líder”?	O	autor	cita	
sete	 qualidades:	 “autoridade	 pessoal,	 autodomínio,	 clareza	 de	 objetivos	 e	 de	
expressão	do	pensamento,	 capacidade	de	planejamento,	 empatia	 e	 capacidade	
de	mobilização,	poder	de	argumentação	e	sentido	de	reconhecimento”	(ROCHA,	
2004,	p.	24).	Ainda	que	essas	qualidades	possam	ser	consideradas	características	
pessoais,	algumas	delas	podem	ser	desenvolvidas	no	longo	prazo.	Por	exemplo,	
o	poder	de	argumentação	se	 relaciona	com	o	entendimento	geral	 sobre	a	vida	
e	 do	 conhecimento	 que	 o	 indivíduo	 tem	 aliado	 à	 sua	 segurança	 emocional.	
Conhecimento se constrói com estudo ao longo dos anos e segurança emocional 
se	constrói	com	autoconhecimento.	
O	segundo	fator	é	a	condução	do	grupo	na	implementação	dos	planos.	Nesse	
sentido,	o	grupo	se	sentirá	motivado	se	considerar	que	o	regente	está	conduzindo	as	
atividades	de	modo	com	que	os	objetivos	sejam	alcançados.	No	entanto,	dependendo	
de	como	os	objetivos	do	grupo	 foram	estabelecidos	pode	ocorrer	um	problema,	por	
exemplo,	o	 regente	quer	 fazer	um	repertório	por	 achar	que	vai	 ajudar	o	grupo	a	 se	
desenvolver	 musicalmente,	 mas	 a	 maioria	 dos	 integrantes	 gostaria	 de	 fazer	 outro	
repertório.	Esse	desencontro	entre	os	objetivos	desejados	pelo	regente	e	o	grupo	podem	
causar	dificuldades	na	implementação	das	tarefas	e	ter	um	efeito	negativo	na	motivação	
tanto	de	regente	como	de	integrantes.
O	 último	 fator	 mencionado	 por	 Rocha	 (2004)	 é	 a	 administração	 de	
conflitos.	Todo	agrupamento	de	seres	humanos	tem	conflitos,	não	é	possível	fugir	
dessa	realidade,	mas	a	atitude	que	tomamos	ao	abordar	os	conflitos	pode	mudar	
completamente	o	 resultado.	Por	 exemplo,	 é	possível	demonstrar	 real	 interesse	
em	solucionar	as	diferenças,	ou	simplesmente	fingir	que	não	existe	um	problema,	
ou	ainda	utilizar	o	conflito	para	arregimentar	outras	pessoas	do	grupo	para	a	sua	
“facção”,	se	a	outra	pessoa	também	arregimenta	os	seus	seguidores,	a	situação	sai	
completamente	do	controle.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
18
Se	 tem	 uma	 coisa	 que	 afeta	 o	 bem-estar	 das	 pessoas,	 a	 produtividade	
dos	ensaios,	a	execução	musical,	como	também	a	longevidade	do	grupo,	são	os	
conflitos.	Os	conflitos	em	grupo	geralmente	têm	as	mesmas	origens,	algumas	das	
mais	frequentes	são:	
•	 egos	inflados	e	orgulhos	feridos	“eu	canto	muito	melhor	que	a	fulana,	por	que	
ela	vai	fazer	o	solo?”;
•	 o	sentimento	de	que	os	outros	não	se	entregam	tanto	para	o	grupo	como	você;
•	 	corrida	maluca	para	quem	bajula	mais	o	“maestro”	para	entrar	na	sua	“graça”;
•	 hipersensibilidade	à	crítica	“eu	não	toquei	a	nota	errada	como	o	regente	falou”.
Dependendo	dos	objetivos	do	grupo	e	das	motivações	principais	que	as	
pessoas	têm	para	estar	ali,	esses	conflitos	podem	ser	tolerados	ou	então	causar	a	
dissolução	do	conjunto.	Grupos	profissionais	são	mais	resistentes	a	isso,	pois	a	
junção	do	grupo	geralmente	se	dá	por	fidelidade	à	instituição	empregadora	ou	à	
remuneração,	enquanto	grupos	constituídos	no	ensino	regular	a	obrigatoriedade	
de	 frequência	 força	a	 constituição	do	grupo.	Entretanto,	 a	maioria	dos	grupos	
musicais	são	amadores	e	se	juntam	espontaneamente	para	cantar	e	tocar,	nesses	
casos	os	conflitos	podem	se	tornar	bastante	perniciosos	para	a	existência	do	grupo.
Muitas	vezes,	 o	 regente	 será	 a	figura	que	 também	 reunirá	 a	 função	de	
gestão	administrativa	do	grupo,	tendo	em	vista	que	algumas	vezes	partiu	de	você	
mesmo	a	 formação	do	grupo,	podendo	até	 ser	 seu	 representante	 institucional.	
Você	 terá	 que	 marcar	 as	 apresentações,	 lidar	 com	 patrocinadores,	 organizar	
financeiramente	o	grupo,	entre	muitos	outros.
Os estudos sobre liderança na regência musical disponíveis no Brasil ainda 
não definiram de forma clara e inequívoca de que forma o regente atua como um líder. 
Apresentamos aqui a perspectiva trazida por Rocha (2004), o que, de forma alguma, esgota 
o assunto.
 Rita Fucci-Amato pesquisou um pouco sobre a função do regente como líder e 
gestor. Recomendamos a leitura do artigo dela sobre a liderança e inteligência emocional. 
Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_sto_116_758_15042.pdf.
DICAS
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
19
3.4 REGENTE ARRANJADOR
Durante	 o	 século	XX	 observou-se	 o	 surgimento	 de	 um	 entrelaçamento	
entre	 a	 música	 de	 tradição	 erudita	 e	 diversos	 gêneros	 de	 música	 popular.	
Compositoresnacionalistas,	 como	Heitor	Villa-Lobos	 (1887-1959),	fizeram	esse	
processo	ao	buscar	na	música	folclórica	inspiração	para	suas	composições,	a	fim	de	
que	representassem	uma	identidade	nacional.	Nos	Estados	Unidos,	o	compositor	
George	Gershwin	(1898-1937)	mesclava	a	linguagem	da	música	erudita	europeia	
aos	gêneros	populares	da	época,	 como	 jazz e blues.	A	música	composta	para	o	
cinema,	 desenhos	 animados	 e	 programas	de	 rádio	 também	 contribuíram	para	
essa	fusão.	Isso	tudo	foi	gradualmente	abrindo	espaço	para	que	cada	vez	mais	
se	 aceitasse	 que	 formações	 eruditas,	 como	 orquestras	 e	 corais,	 executassem	 
música	popular.
Começaram	então	a	surgir	grupos	que	se	especializavam	em	fazer	versões	
de	música	popular	com	escrita	musical	erudita.	Esse	movimento	foi	muito	forte	
no	canto	 coral	brasileiro	a	partir	da	década	de	1960	e	1970	e	prossegue	até	os	
dias	de	hoje,	com	arranjadores	marcantes	como	Marcos	Leite	(1953-2002),	Samuel	
Kerr	 (1935-),	 Levy	 Damiano	 Cozzela	 (1928-2018)	 e	 Carlos	 Alberto	 Pinto	 da	
Fonseca	(1933-2006).	Nas	últimas	décadas	presenciamos	também	a	hibridização	
de	formações	eruditas	com	o	rock,	em	particular	com	o	heavy metal,	um	exemplo	
icônico	 desse	movimento	 é	 o	 álbum	 ao	 vivo	 S&M	 da	 banda	Metallica	 com	 a	
Orquestra	Sinfônica	de	São	Francisco	em	1999.	Destacamos	que	bandas	pioneiras	
como	o	Deep	Purple	também	tenham	feito	isso	ainda	na	década	de	1960.
Para	 que	 ocorra	 essa	 mudança	 de	 linguagem	 musical	 são	 necessários	
arranjos	musicais	que	mesclem	as	linguagens.	Em	alguns	casos	são	contratados	
arranjadores	 profissionais,	 mas,	 muitas	 vezes,	 quem	 escreve	 os	 arranjos	 é	 o	
próprio	regente.	Figueiredo	(2006,	p.	6-7)	fala	sobre	outras	necessidades	além	da	
estética	para	que	o	regente	desempenhe	esta	função:
Todos	 nós	 sabemos	 da	 dificuldade	 cada	 vez	 maior	 de	 termos	 um	
coro	equilibrado,	no	que	diz	respeito	a	seus	naipes.	Muitas	vezes,	a	
pesquisa	de	repertório	se	torna	frustrante,	ao	constatarmos	que	aquilo	
que	existe	não	se	adapta	ao	coro	que	 temos.	Os	 regentes	brasileiros	
se	 deram	 conta	 do	 problema	 e	 passaram	 a	 investir	 na	 criatividade,	
gerando	 novas	 alternativas	 para	 repertório.	 Para	 que	 esse	 processo	
amadureça,	 é	 necessário	 que	 eles	 se	 engajem	 em	 cursos	 de	Arranjo	
Vocal,	que	são	cada	vez	mais	comuns,	principalmente	no	âmbito	de	
cursos	de	férias	e	eventos	corais	de	todo	tipo.
 
O	autor	cita	a	 falta	de	cantores	em	certos	naipes	do	coral	como	motivo	
para	elaboração	de	arranjos,	mas	também	existem	propósitos	educativos,	como	
fazer	um	arranjo	para	 trabalhar	 intervalos	paralelos	de	3ª	ou	baixo	pedal,	por	
exemplo.	Antes	de	estudar	arranjo	propriamente	é	muito	importante	se	possuir	
uma	boa	base	dos	fundamentos	da	linguagem	musical,	isso	é	importante	também	
para	a	função	de	regente-intérprete.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
20
3.4.1 Conhecimentos de teoria musical, harmonia e 
contraponto
Acadêmico,	 ainda	 que	 seja	 um	 pouco	 óbvio,	 é	 muito	 importante	 que	
você	tenha	domínio	dos	fundamentos	da	linguagem	musical,	tanto	para	poder	
arranjar	para	o	seu	grupo,	como	para	 interpretar	melhor	a	música.	Cabe	destacar	
que	não	estamos	nos	referindo	a	saber	 teoria	musical	e	harmonia	para	fazer	uma	
prova	escrita,	 estamos	 recomendando	que	os	 conhecimentos	 estejam	plenamente 
integrados a	sua	prática	musical	e	docente.	Vamos	dar	alguns	exemplos.
Digamos	que	você,	acadêmico,	é	professor	de	bateria	de	uma	escola	de	
música,	mas	 a	dona	da	 escola	 solicitou	que	 ensaiasse	um	grupo	de	 alunos	de	
diversos	 instrumentos	 para	 o	 recital	 anual	 da	 escola.	Aí,	 no	 dia	 do	 primeiro	
ensaio,	você	percebe	que	o	tom	da	música	está	muito	alto	para	o	aluno	de	canto,	
então	você	decide	baixar	o	tom	da	música!	Você	tem	que	estar	com	transposição	
na	 ponta	 da	 língua,	 senão	 imagine	 quanto	 tempo	 de	 ensaio	 você	 vai	 perder	
para	trocar	os	acordes	do	acompanhamento,	além	de	perder	credibilidade	com	 
os	estudantes.
Imagine	que	nessa	mesma	situação	você	também	tem	um	grupo	de	violinos	
que	executará	um	arranjo	escrito	por	você,	então	você	precisa	saber	muito	bem	
as	notas	que	compõem	cada	acorde	da	harmonia	e	saber	fazer	uma	boa	condução	
de	vozes	para	fazer	o	arranjo	soar	legal,	além	de	considerar	a	limitação	técnica	
dos	alunos	ao	fazer	o	arranjo.	Ou	seja,	mesmo	que	seu	instrumento	principal	seja	
a	bateria,	é	importante	que	possa	atuar	de	forma	ampla	na	constituição	de	uma	
música	com	variedade	de	instrumentos.
Em	 outra	 situação	 vamos	 imaginar	 que	 você	 é	 um	 regente	 de	 coro	 e	
tem	a	partitura	de	uma	música	linda	para	coro	à	capella	e	você	decidiu	lançar	o	
desafio	para	o	seu	grupo.	No	entanto,	o	grupo	é	inexperiente	e	você	achou	melhor	
fazer	um	acompanhamento	instrumental,	pelo	menos	para	os	ensaios,	e	você	é	
pianista,	então	você	mesmo	vai	acompanhar.	No	entanto,	 tem	um	problema:	a	
partitura	 não	 traz	 os	 acordes	 cifrados,	 nem	 um	 acompanhamento	 para	 piano	
escrito	em	partitura,	e	agora?	Você	procura	na	internet	por	cifras	ou	partituras	de	
um	acompanhamento	para	essa	música,	mas	não	encontra,	então	você	precisará	
arranjar	um	acompanhamento	para	a	música	tendo	como	base	as	notas	que	as	
vozes	 cantam	 (e	 isso	 também	exige	que	 tenha	boa	 leitura	musical),	ou	 seja,	 se	
você	tem	o	conjunto	de	notas	musicais	“mi,	dó,	sol,	si”,	terá	que	saber	que	isso	é	
um	acorde	C7M/E.	Mãos	à	obra.
Esses	dois	 exemplos,	de	 caráter	prático,	 apenas	 tocam	na	 superfície	da	
importância	de	se	dominar	os	fundamentos	da	linguagem	musical,	sem	mencionar	
a	 análise	musical	 e	 sua	 importância	 para	 a	 intepretação	musical.	 Destacamos	
também	 que	 para	 desempenhar	 a	 função	 de	 regente	 arranjador	 é	 essencial	 o	
domínio	sobre	esses	conteúdos,	como	também	uma	boa	leitura	musical,	além	dos	
conhecimentos	próprios	de	composição	musical.
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
21
Acadêmico,	tome	sua	formação	em	suas	próprias	mãos,	revisite	os	seus	
livros	didáticos	da	UNIASSELVI	das	disciplinas	de	Teoria	Musical,	Harmonia	e	
Contraponto,	Percepção	Musical,	busque	outros	materiais	e	cursos	a	respeito	do	
tema	e	exercite	na	prática	seus	conhecimentos	teóricos.
3.5 REGENTE EDUCADOR MUSICAL
Ao	 considerarmos	 que	 a	 função	 primária	 da	 regência	 é	 construir	 e	
conduzir	uma	intepretação	musical	com	um	grupo	de	cantores	ou	instrumentistas	
é	de	se	esperar	que	a	educação	musical	faça	parte	também	da	função	do	regente,	
independentemente	do	nível	 técnico	do	grupo	em	questão.	O	que	muda	ao	se	
trabalhar	com	grupos	de	diferentes	capacidades	musicais	é	o que	você	vai	ensinar	
e como	você	vai	ensinar.	
O que	 se	 ensina	 pode	 variar	 entre	 trabalhar	 afinação	 vocal	 básica	 em	
um	 coral,	 orientar	 a	 manutenção	 de	 uma	 pulsação	 regular	 em	 um	 grupo	 de	
percussão,	 demonstrando	 uma	 articulação	 específica,	 ou	 então	 descrevendo	
aspectos	profundos	da	simbologia	da	obra	musical	para	uma	orquestra,	regentes	
estão	ensinando	música	o	tempo	todo.
O como	 se	 ensina	vai	 variar	de	 acordo	 com	as	dificuldades	 específicas	
e	as	capacidades	de	compreensão	do	grupo	em	questão.	Se	usar	o	exemplo	do	
coral	 com	 problema	 de	 afinação	 é	 preciso	 identificar	 as	 origens	 principais	 da	
desafinação,	 se	 for	 a	 falta	 de	 controle	 respiratório	 será	 necessário	 treinar	 isso,	
se	 for	 a	 dificuldade	 em	percepção	do	 som,	 fazer	 exercícios	 de	 escuta.	 Sempre	
adotando	a	linguagem	e	exercícios	adequados	à	compreensão	dos	integrantes.
Para	o	desempenho	satisfatório	dessa	função	é	importante	que	se	tenha	a	
preocupação	em	elaborar	um	olhar	pedagógico	para	sua	atuação	como	regente,	
buscando	 conhecimentos	 dentro	 das	 áreas	 de	 psicologia,	 sociologia,	 didática,	
neurociência,	antropologia,	entre	outros.	
Em	síntese,	a	regência	implica	educação	musical	e,	por	isso,	a	importância	
de	uma	formação	docente	para	quem	quiser	reger.	Este	será	um	assunto	recorrente	
neste	 livro,	 principalmente	 por	 estarmos	 falando	 aqui	 de	 uma	 disciplinade	
regência	vinculada	a	um	curso	de	licenciatura	em	música.
4 REGENTE OU MAESTRO?
Acadêmico,	vamos	imaginar	uma	cena?
Um homem vestindo um fraque entra no palco após os integrantes da orquestra terem afinado seus 
instrumentos. Ele, portando uma batuta na mão, é aplaudido enquanto se posiciona acima de um 
pódio elevado se vira de frente para a plateia e se curva em um gesto cortês, então ele vira de costas, 
levanta seus braços e juntamente com seus gestos energéticos a orquestra começa a fazer música. 
Ele é o maestro! 
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
22
FIGURA 3 – GUSTAVO DUDAMEL
FONTE: <https://glo.bo/2UKwIs5>. Acesso em: 17 nov. 2020.
Vamos	refletir	um	pouco	sobre	esta	cena.	É	imprescindível	o	uso	batuta	
para	reger?	Se	uma	pessoa	rege	uma	orquestra	por	que	comumente	chamamos	
ela de maestro	e	não	de	regente?	Será	que	a	pessoa	que	rege	um	coral	 também	
é	um	maestro?	Por	que	quem	rege	 coral	não	usa	batuta?	Vamos	entrar	 em	um	
terreno	controverso,	então	se	preparem!
Segundo	o	Dicionário	Grove	de	Música	(SADIE,	1994,	p.	564-565),	o	termo	
maestro	vem	do	italiano	“mestre”,	sendo	um	
Título	empregado,	na	linguagem	musical,	em	vários	sentidos.	Pode-se	
referir	a	um	compositor,	um	virtuose,	um	professor,	um	fabricante	de	
instrumentos,	ao	regente	[…].	No	Brasil,	seguindo	o	costume	italiano,	
é	muito	mais	frequente	usar-se	o	termo	“maestro”	do	que	“regente”	
para	qualificar	aquele	que	rege	uma	orquestra.
Por	 essa	 definição	 do	Dicionário	Grove	 de	Música	 podemos	 perceber	 que	
o	 título	maestro	 serve	mais	para	atribuir	a	qualidade	de	“mestre”	em	música	a	um	
indivíduo,	ou	seja,	é	uma	medição	de	conhecimento	da	pessoa.	Pode	ser	considerado	
também	 um	 termo	 para	 designar	 o	 líder	 de	 um	 grupo	musical,	 mas	 sem	 perder	
o	sentido	original	de	“mestre”.	Neste	sentido,	é	um	termo	que	não	possui	precisão	
técnica	com	relação	à	função	musical	desempenhada	por	uma	pessoa,	sendo	utilizada	
mais	como	um	pronome	de	tratamento,	como	meritíssimo ou vossa eminência,	ou	ainda	
como	uma	forma	de	demonstrar	respeito	por	uma	pessoa.	
Essa	utilização	como	pronome	de	tratamento,	ainda	que	não	seja	viciosa	por	
natureza,	pode	abrir	espaço	para	a	utilização	do	termo	para	fins	de	enaltecimento	 
do	ego	e	para	a	conquista	de	status	social.	É	comum	algumas	pessoas	ao	pegarem	
uma	 batuta	 e	 regerem	 uma	 orquestra	 de	 estudantes	 de	 um	 projeto	 social,	 por	
exemplo,	 comecem	 a	 se	 autointitular	 “maestro”,	 sem	necessariamente	 possuírem	
ampla	experiência	musical	o	que	justificaria	o	uso	de	um	pronome	de	tratamento.
Outra	questão	periférica	a	esse	assunto	que	também	é	digna	de	nota	é	a	
“aura”	de	status	social	que	rodeia	a	figura	denominada	maestro,	principalmente	
em	meios	 sociais	 com	 acesso	 à	 cultura	 da	música	 de	 concerto,	 conjuntamente	
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
23
com	um	preconceito	de	que	as	pessoas	mais	competentes	regem	orquestra,	sendo	
melhores	dos	que	regem	bandas	marciais	e/ou	coros.	Em	sua	 investigação	das	
matrizes	 curriculares	 de	 cursos	 superiores	 em	 regência	 no	 Brasil,	 partindo	da	
forma	como	as	disciplinas	de	regência	são	nomeadas	e	organizadas,	Lacerda	e	
Figueiredo	(2018,	p.	21)	afirmaram	que	“foram	encontrados	indícios	da	existência	
de	 uma	hierarquização	 entre	 as	 regências	 de	 diferentes	 grupos	musicais,	 com	
maior	importância	sendo	dada	para	a	Regência	Orquestral”.
 
Então	como	chamar?	Maestro ou	regente?	Antes	de	responder	à	pergunta,	
vamos	dar	uma	pincelada	sobre	como	a	função	de	conduzir	um	grupo	musical	
é	 chamada	 em	 outras	 línguas.	 Em	 países	 de	 língua	 inglesa,	 os	 termos	 mais	
frequentemente	utilizados	para	designar	quem	conduz	uma	orquestra	é	conductor 
(condutor)	e	music director	(diretor	musical),	enquanto	em	alemão	é	frequente	o	
uso de dirigent	(regente),	 já	em	francês	pode-se	usar	conducteur (condutor),	chef 
d’orchestre	(chefe	da	orquestra).
Você	percebeu	que	nessas	línguas	o	termo	define	a	função?	Em	português	
temos	também	um	termo	tecnicamente	específico	com	relação	à	função:	regente,	
que	é	a	pessoa	que	 rege	ou	conduz	um	grupo	durante	uma	realização	musical.	
Dessa	forma,	optaremos	neste	livro	por	manter	a	coerência	de	nomenclatura	entre	
o	verbo,	“reger”,	quem	executa	ação,	“regente”,	e	o	substantivo	da	ação	“regência”.
 
Outra	 questão	 a	 ser	 discutida	 neste	 assunto	 é	 a	 mulher	 na	 regência,	
algo	 muito	 importante	 de	 se	 mencionar,	 tendo	 em	 vista	 que	 “a	 mulher	 do	
século	XIX	esteve	presente	nas	salas	de	concerto	como	cantora	e	às	vezes	como	
instrumentista,	mas	 nunca	 como	 regente”	 (LAGO	 JUNIOR,	 2002,	 p.	 532).	As	
mulheres	na	regência	 foram	conquistando	gradativamente	espaço	ao	 longo	do	
século	XX	e	 continuam	neste	processo	no	 século	XXI.	Vamos	 fazer	um	 teste?	
Pesquise	imagens	de	“regência	de	orquestra”	no	Google,	veremos	que	os	tempos	
estão	mudando	e	que	você	até	encontre	uma	mulher,	mas	a	predominância	das	
imagens	será	de	figuras	masculinas.
 
Isso	 não	 ocorreu	 somente	 na	 regência,	 as	 mulheres	 compositoras	 e	
musicólogas	até	o	final	da	II	Guerra	Mundial	eram	pouquíssimas	e	as	que	existiam	
geralmente	 eram	 esquecidas.	 Isso	 não	 só	 na	 música	 erudita,	 mas	 na	 música	
comercial	 também.	Quantas	 compositoras	 da	música	 brasileira	 você	 conhece?	
Compositoras mesmo,	não	mulheres	que	cantam	obras	compostas	por	homens.
Pela	 falta	 de	 história	 em	 se	 ter	 mulheres	 assumindo	 esses	 papéis	 na	
música,	 dificilmente	 pensaríamos	 em	uma	mulher	 regendo	 uma	 orquestra	 ou	
sendo	a	compositora	de	uma	obra	sinfônica.	Portanto,	quando	se	fala	“maestro” 
é	automático	se	pensar	em	um	homem,	até	porque	existe	o	 termo	“maestrina”,	
também	do	italiano,	para	designar	mulheres.	Tendo	em	vista	que	a	norma	culta	da	
língua	portuguesa	prevê	que	o	gênero	masculino	e	o	neutro	se	sobrepõem,	pode-
se	denominar	a	pessoa	que	rege	genericamente	como	“o”	regente.	Lembrando	
aqui	que	neste	caso	o	artigo	é	que	define	o	gênero	da	palavra,	pois	regente	é	um	
substantivo	verdadeiramente	neutro	como	estudante	e	agente.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
24
Ainda	 que	 utilizemos	 o	 gênero	 neutro	 da	 norma	 culta	 “o	 regente”	 ao	
longo	deste	livro	para	designar	a	pessoa	que	rege,	desejamos	que	você	acadêmico	
pense	na	possibilidade	de	se	imaginar	que	regentes	podem	ser	mulheres	também.
5 POR QUE ESTUDAR REGÊNCIA NA LICENCIATURA EM 
MÚSICA?
Após	 essa	 contextualização,	 você	 deve	 se	 perguntar:	 se	 regência	 se	
originou	com	a	música	clássica,	com	orquestras	sinfônicas,	entre	outros,	por	que	
preciso	estudar	regência	para	me	formar	professor	de	música?	Boa	pergunta!	Para	
o	acadêmico	que	vive	a	música	popular	e	tem	em	sua	perspectiva	ser	professor	de	
instrumento,	por	exemplo	professor	de	bateria	em	uma	escola	de	música	de	sua	
cidade,	é	justo	refletir	se	é	importante	mesmo	estudar	regência	no	seu	curso,	ou	é	
apenas	mais	uma	disciplina	que	precisa	cumprir	para	ter	o	diploma.	Então	vamos	
tentar	responder	a	estas	questões	de	forma	satisfatória.
Primeiramente,	 esta	 disciplina	 não	 existe	 para	 formar	 regentes	 de	
orquestra!	 Naturalmente,	 se	 você	 quiser	 ser	 um	 regente	 de	 orquestra,	 você	
poderá	continuar	seus	estudos	e	buscar	cursos	específicos	que	irão	ajudá-lo	nessa	
jornada.	O	objetivo	principal	de	se	estudar	regência	na	licenciatura	em	música	é	
para	que	o	acadêmico	exercite	a	integração	de	seus	conhecimentos	e	habilidades	
musicais	desenvolvendo	mais	uma	ferramenta	a	compor	suas	possibilidades	de	
ações	pedagógicas.
Figueiredo	 (2006)	 investigou	 a	 importância	 que	 estudantes	 de	
licenciatura	 em	música	 atribuíam	à	disciplina	de	 regência.	 Ele	 identificou	que	
os	 participantes	 atribuíram	 duas	 qualidades	 principais:	 a	 aplicação	 direta	 na	
atuação	como	educadores	musicais	em	diferentes	espaços	e	estimular	o	estudo	
e	a	integração	de	conhecimentos	musicais.	Algumas	das	frases	utilizadas	pelos	
participantes:	 “O	 estudo	 da	 regência	 trouxe	 a	 possibilidade	 de	 futuramente	
utilizá-la	 profissionalmente,

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