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#Carolina R. Dobrotinic Aula 02 HAM IV Ascite e cirrose Ascite Ascite é o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal, sendo a cirrose sua causa mais comum. A principal queixa é o aumento de volume abdominal, podendo ser acompanhado por edema de membros inferiores e dispneia, quando volumosa. Os principais sinais encontrados no exame físico são macicez móvel, semicírculo de Skoda e piparote. Podem ser considerados três tipos de volumes de ascite, grande, médio e pequeno: Pequeno volume – geralmente imperceptível com o paciente deitado, podendo ser detectado na posição de pé. A ascite de pequeno volume é mais bem identificada pela ultrassonografia. Na ascite de pequeno volume, as manobras semióticas geralmente falham na sua percepção. O paciente deve ser sempre examinado de pé, e o médico deve estar atento à mudança de som do abdome superior até o baixo ventre ➔ Sinal da poça: pedir ao paciente que fique na posição inclinada para frente por alguns minutos para permitir que o líquido se acumule pela gravidade. Percutir a área umbilical para observar um som maciço para determinar a presença de líquido. Médio volume – quando de pé, o volume líquido se restringe a cerca de dois terços da altura abdominal, dando uma protrusão menor do que o anterior. Quando o paciente se deita, o líquido escoa para os flancos e goteiras parietocólicas, enquanto o centro do abdome se torna plano. Esta forma de abdome é conhecida como abdome de batráquio ➔ Macicez móvel: ocorre em casos de ascite de médio volume. Quando o paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do abdome, revelando timpanismo na região anterior, quando o paciente posiciona-se em decúbito lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado, onde fica maciço e a região acima fica timpânica. ➔ Semicírculo de Skoda: com o paciente em decúbito dorsal percute-se a região periumbilical do meio para as extremidades, no centro se obtém som timpânico, e nos flancos se percebe som maciço Grande volume – também chamada de ascite tensa, corresponde ao abdome de forma globosa, que não se modifica com as várias posições, seja com o paciente deitado em diferentes decúbitos, seja de pé. Este tipo de ascite provoca desconforto ao paciente, geralmente levando à dispneia, por impedir a expansão diafragmática, podendo, inclusive, causar o aparecimento de atelectasia pulmonar Nas ascites de grande volume, o diagnóstico é quase óbvio à inspeção; uma simples manobra do “piparote” o confirma. Esta manobra consiste no seguinte: ➔Manobra de Piparote: Com o paciente deitado, solicita-se a ele ou a um auxiliar que coloque a margem cubital da mão sobre o abdome, exercendo uma pequena pressão. O examinador coloca sua mão esquerda, espalmada, sobre a parede lateral direita do abdome, com a mão direita, o examinador dá um piparote, com o dedo médio, na parede lateral esquerda. As ondas líquidas transmitem-se para o lado oposto, sendo percebidas pela mão esquerda. Cirrose Os achados do exame físico podem incluir icterícia, angiomas em aranha, ginecomastia, ascite, esplenomegalia, eritema palmar, baqueteamento digital e asterixis. O eritema palmar é um conjunto de pequenas manchas vermelhas (eritema), que forma uma coloração vinhosa nas eminências tenar ou hipotenar, ou em ambas. Também pode ser encontrado na planta dos pés. Caput medusae – Quando a hipertensão portal ocorre como resultado de cirrose, a veia umbilical, normalmente obliterada no início da vida, pode se abrir. O sangue do sistema venoso portal pode ser desviado através das veias periumbilicais para a veia umbilical e, finalmente, para as veias da parede abdominal, tornando-as proeminentes. Diz-se que esta aparência se assemelha à cabeça (caput) da mítica Górgona Medusa. Sopro de Cruveilhier-Baumgarten — O sopro de Cruveilhier-Baumgarten é um zumbido venoso que pode ser auscultado em pacientes com hipertensão portal. As mudanças nas unhas incluem unhas Muehrcke e unhas Terry. As unhas Muehrcke são bandas brancas horizontais emparelhadas separadas pela cor normal. Em pacientes com unhas de Terry, os dois terços proximais da lâmina ungueal aparecem brancos, enquanto o terço distal é vermelho. A contratura de Dupuytren resulta do espessamento e encurtamento da fáscia palmar, o que causa deformidades em flexão dos dedos.