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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 1 1. Epidemiologia O câncer é uma das principais causas de morte no mundo Está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos) Aumento da expectativa de vida e melhoria do controle das doenças infecciosas/crônicas não transmissíveis Nos últimos 40 anos houve uma redução de morte por câncer Câncer de pulmão é o responsável por 1 em cada 5 mortes Risco de câncer em homens ao longo da vida 1:2 e em mulheres ao longo da vida 1:3 No mundo → Em 2018 estima-se que 18 milhões de casos novos de câncer e 9,6 milhões de óbitos No Brasil → A estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão 625 mil novos casos de câncer; 68% nas regiões Sul e Sudeste (associado a maior carga tabágica e tipo de pele clara – câncer de pele não melanoma) Câncer nos homens → Próstata é o mais incidente e o de pulmão é o mais mortal ❖ Incidência ❖ Mortalidade Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 2 Câncer nas mulheres ❖ Incidência ❖ Mortalidade 2. Incidência no Brasil Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 3 Norte Nordeste Centro-oeste Sul Sudeste Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 4 3. Principais causas de morte 4. Previsão 5. Possíveis causas para esse cenário Tabagismos → As três capitas da região Sul estão entre as 7 com maior prevalência de tabagismo no Brasil Maior quantidade da população são da raça branca → São mais susceptíveis a radiação UV Melhor identificação e registro dos óbitos por câncer devido ao maior acesso da população a exames de diagnóstico de câncer 6. Prevenção do câncer Prevenção é definida como “proteção da saúde por esforços individuais e coletivos” Prevenção é definida como a diminuição da mortalidade de câncer pela redução da sua incidência. Pode ser dividida em três áreas: ❖ Prevenção primária → É a tentativa de evitar o contato ou modificar a ação de agentes que induzem à carcinogênese, como por exemplo, a cessação do tabagismo, a redução da exposição ao sol, a redução de carcinógenos no trabalho, a cirurgia profilática e o uso de fármacos quimioterápicos ❖ Prevenção secundária → É a identificação e o tratamento precoce de doenças pré- malignas ou malignas incipientes. Envolve o rastreamento em pessoas aparentemente sadias Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 5 ❖ Prevenção terciária → É reduzir as complicações, tratando uma doença já clinicamente manifesta. *A maioria das informações sobre prevenção do câncer advém de estudos epidemiológicos que mostram associações entre modificações no estilo de vida ou exposição ambiental e determinados tipos de câncer. O foco da prevenção é a redução da incidência e de mortalidade do câncer Identificar as causas e implementar as intervenções preventivas eficientes Mais fácil e menos oneroso prevenir do que tratar Não podemos prevenir todos os tipos de câncer Mutações associadas ao câncer (driver mutations) ➢ Causas ambientais equivalem a 30% ➢ Aleatórias (ciclos replicativos de células tronco) equivalem a 60% ➢ Hereditárias equivalem a 10% Prevenção Primária ➢ Combate ao tabagismo ➢ Dieta e atividade física ➢ Controle do peso ➢ Restrição do álcool ➢ Proteção solar ➢ Vacinação Secundária ➢ AINES ➢ Colonoscopia ➢ Mamografia ➢ Cintilografia oncótica/ Papanicolau Terciária ➢ Tratamento sistêmico adjuvante ➢ Tratamento sistêmico paliativo ➢ Quimioterapia ➢ Terapia alvo ➢ Imunoterapia 7. Prevenção primária Identifica os fatores de risco Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 6 Tabagismo ❖ É isoladamente a principal causa de câncer no mundo ❖ A prevalência em todas as faixas etárias da população apresenta tendência decrescente no tempo ❖ Desde 2003 há acentuada queda do tabagismo nas faixas etárias mais jovens da população e entre as mulheres ❖ O consumo de cigarros per capita foi reduzido ❖ No Brasil ➢ Aumento de impostos sob cigarros ➢ Proibição da propaganda e do fumo em ambientes fechados ➢ Leis municipais sobre ambientes livres ➢ Obrigação das imagens de advertência ➢ Oferta de tratamento no SUS para deixar de fumar ➢ PNCT (1998) teve papel relevante na redução da prevalência de fumantes *A mais consistente descoberta, após décadas de pesquisas, é a forte associação entre o tabagismo e vários tipos de câncer. Quanto mais tempo e mais cigarros o paciente fuma, maiores as chances de desenvolver um câncer. Cerca de 30% dos cânceres estão associados ao ato de fumar (o tabaco constitui a primeira causa evitável de câncer). Portanto cessar o hábito de fumar traria, ao longo do tempo, uma queda na incidência de câncer tabaco relacionada. Obesidade → Excesso de gordura corporal ❖ Estado de inflamação crônica ❖ Aumento nos níveis de determinados hormônios, que promovem o crescimento de células cancerígenas ❖ Aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados → Liberam nitrosaminas que agem como fatores cancerígenos ❖ Medidas adotadas ➢ Em 2014, ao lado de outros países das Américas, o Brasil assinou um Plano de Ação para a Prevenção da Obesidade em Crianças e adolescentes, durante o 53º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), e lançou o Guia Alimentar para a população brasileira ➢ Propostas do INCA → Aumento da tributação de bebidas açucaradas e adoçadas com adoçantes não calóricos ou de baixa caloria; a restrição da publicidade e da promoção (dirigidas ao público infantil) de alimentos e bebidas não saudáveis; restrição da oferta Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 7 de alimentos e bebidas ultraprocessados nas escolas; a obrigatoriedade de advertências textuais nas embalagens, a fim de indicar, por meio de mensagens diretas, os alimentos e as bebidas que contêm altos teores de açúcar, sódio, gordura, gordura saturada e calorias, assim como a presença de aditivos químicos e gorduras trans *A relação entre câncer e padrão da dieta é complexa, pois depende do tipo, preparo, variedade e conservação dos alimentos, além do tamanho das porções e do equilíbrio calórico diário. O consumo de frutas, legumes e verduras pode conferir proteção contra alguns tipos de câncer. Em contraste, dietas com alimentos gordurosos, conservados em sal, embutidos, defumados e tostados, assim como o consumo de bebidas alcoólicas, são fatores da dieta associados ao câncer. Alimentação inadequada, consumo de álcool, sobrepeso, obesidade e sedentarismo estão relacionadas à pelo menos 20% dos casos de câncer nos países em desenvolvimento e são considerados, em conjunto, a segunda causa evitável de câncer. Recomendações Origem ocupacional ❖ A remoção da substância cancerígena do local de trabalho; ❖ Controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais para a atmosfera; ❖ Controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais); ❖ A boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de produtos químicos no ar do ambiente; ❖ O trabalho educativo, visando aumentar os conhecimentos dos trabalhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substâncias; ❖ A eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todosos trabalhadores; ❖ A proibição do fumo nos ambientes de trabalho, pois, como já foi dito, a poluição tabagística ambiental potencializa as ações da maioria dessas substâncias. Atividade física Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 8 ❖ Redução na circulação dos níveis de insulina, hormônios e outros fatores do crescimento ❖ Impacto sobre os níveis de prostaglandinas ❖ Aumento da função imune Consumo de álcool ❖ O etanol tem o efeito cancerígeno sobre as células e, quando chega ao intestino, pode funcionar como solvente, facilitando a entrada de outras substâncias carcinogênicas nas células ❖ É importante destacar que há uma evidente relação entre dose-resposta entre o consumo de bebidas alcoólicas e o risco de câncer ❖ Valores Radiação ultravioleta ❖ Mais de 1 milhão de casos de câncer de pele são diagnosticados a cada ano ❖ Radiação solar é a principal causa de câncer de ele ❖ Radiação UV causa mutações genéticas e interferem com o sistema imune cutâneo, limitando a capacidade do organismo de rejeitar as células anormais ❖ O risco de desenvolver alguns tipos de câncer está relacionada com o tempo de exposição à radiação UV ao longo da vida Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 9 ❖ Câmaras de bronzeamento estão relacionadas como um potente carcinógeno, tendo 75% de aumento do risco de melanoma em pacientes antes dos 25 anos *O câncer de pele é a neoplasia maligna mais comum observada nas civilizações ocidentais. Quando avançado, é responsável por 2% das mortes por câncer. No Brasil, corresponde a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. O risco de câncer é proporcional ao nível de exposição cumulativa ao longo da vida. Além das radiações ultravioletas, existem as radiações ionizantes. Entretanto, sua participação na predisposição ao câncer é pequena, uma vez que apenas 3% dos cânceres se devem a elas. Infecções *Estima-se que 25% dos casos de câncer no mundo resultem de infecções crônicas, com destaque para o papilomavírus humano (HPV), os vírus das hepatites B e C, o Epstein-Barr, o HIV e a bactéria Helicobacter pylori. 8. HPV e câncer Papilomavírus humano Existem mais de 150 tipos diferentes HPV Pelo menos, 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero A principal forma de transmissão é pela via sexual, que inclui o contato oral-genital, genital-genital ou mesmos manual-genital Também pode haver transmissão durante o parto A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente, e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente Recomendações de vacinação contra HPV ❖ Pessoas de 9-26 anos vivendo com HIV ❖ Transplantados ❖ Oncológicos ❖ Meninas e meninos que chegaram aos 15 anos sem completar as duas doses e também podem atualizar o esquema vacinal Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 10 9. Câncer do colo de útero O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25-60 anos de idade uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos 10. Mama Recomendações do CBR, SBM e FEBRASGO para o rastreamento do câncer de mama ❖ Recomenda-se o rastreamento anual com mamografia para as mulheres entre 40-74 anos, preferencialmente com técnica digital (categoria A) ❖ USG não é método de rastreio ❖ A partir dos 75 anos recomenda-se o rastreamento com mamografia, preferencialmente, digital para as mulheres que tenham expectativas de vida maior que sete anos, baseadas nas comorbidades existentes (categoria D) 11. Colón Inicia-se a partir dos 50 anos Colonoscopia a cada 10 anos Sangue oculto nas fezes anualmente Pacientes com histórico familiar e Polipose Aadenomatosa Familiar (PAF) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 11 12. Próstata PSA a partir dos cinquenta anos Afrodescendentes e história familiar de câncer de próstata a partir de 40-45 anos 13. Pulmão Pacientes tabagistas → Tomográfica com baixa dose de radiação anual até ficar quinze anos de abstinência tabágica 14. Screening - objetivos Atenção → Marcadores tumorais não são exames de screening 15. Prevenção medicamentosa Aspirina e outras drogas anti-inflamatórias → Várias teorias têm proposto que a aspirina e outros AINE são efetivos na redução do risco de câncer colorretal e, possivelmente, efetivo para outros cânceres ❖ Pode causar parada do ciclo celular ou apoptose das células anormais ❖ Redução do risco também pode estar relacionado à inibição irreversível de cox2 ❖ A inibição desta enzima diminui a síntese de prostaglandinas, o que pode inibir o crescimento do tumor ❖ O uso regular da aspirina e outros AINE demonstrou diminuir o risco de pólipos adenomatosos e câncer colorretal Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO DO CA 12 Metformina → Tem sido associada com a redução da incidência em vários tipos de câncer em pacientes com DM2 ❖ Metanálise demonstrou redução da mortalidade e incidência entre os pacientes usando metformina Varfarina Estatinas 16. Recomendações Evitar o tabaco Fazer atividade física Manter um peso ideal Preferir dieta rica em vegetais, evitar gorduras saturadas/ trans, evitar carne vermelha e processada Limitar o uso de álcool Proteção contra doenças sexualmente transmissíveis Vacinar meninas e meninos contra o HPV Evitar o excesso de exposição UV Realizar exames de screening para câncer de mama, cérvice, colorretal e pulmão (quando história de tabagismo) Referência bibliográfica Aula de Dra. Fernanda (15/03/2021) Oncologia Básica Sabas Carlos Vieira et al. 1. ed. Teresina, PI: Fundação Quixote, 2012 Tratado de Oncologia / editor Paulo Marcelo Gehm Hoff editores associados, Artur Katz. [et. al].... -- São Paulo : Editora Atheneu, 2013.
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