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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA PRATICAS DE SUPERVISÃO ESCOLAR SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 1 EVOLUÇÃO – AVANÇOS E RETROCESSOS DA SUPERVISÃOESCOLAR ................................................................................ 06 2 AS ATRIBUIÇÕES DASUPERVISÃOESCOLAR ......................................... 11 2.1 Como tutor do professoremformação .......................................................... 15 2.2 Mostrar ao professor que a educação deve acontecer deacordo com o contexto socialdoaluno .......................................................................... 17 2.3 Trabalhar numa perspectivamulticulturalista .............................................. 18 3 FACILIDADES E DIFICULDADES NO TRABALHODOSUPERVISOR ....... 21 REFERÊNCIAS CONSULTADASEUTILIZADAS ............................................ 29 ANEXOS .......................................................................................................... 33 AVALIAÇÃO .................................................................................................... 36 3 INTRODUÇÃO Sejam bem vindos ao curso de Especialização em SUPERVISÃO ESCOLAR. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seusalunos. O Supervisor Escolar, Supervisor Educacional ou ainda Coordenador Pedagógico como tem sido denominado esse profissional/especialista da educação em alguns estados brasileiros como São Paulo e Minas Gerais tem uma atuação muito ampla na escola e vem sendo visto como um dos elos mais importantes da equipe pedagógica escolar para que a educação se efetive satisfatoriamente. Do papel fiscalizador que supervisionava e, por conseguinte, controlava todos os passos dos professores, ele passou a companheiro, a mediador no processo de ensino-aprendizagem, a agente formador! 4 O supervisor lida com pessoas, com professores, com alunos, com pais, com outros gestores, daí a necessidade de um módulo voltado para a gestão de pessoas. O supervisor participa da elaboração e implantação do Projeto Político Pedagógico da escola, daí a necessidade de conhecer os detalhes do PPPE, portanto, dedicamos um módulo para esse documento. Torna-se essencial conhecer as políticas e a legislação voltadas para educação, portanto, também segue um módulo dedicado à estes temas. Por fim, mas que na realidade se traduz neste primeiro módulo, falaremos da prática desse profissional que é tão requisitado no ambiente escolar, para resolver todo tipo de problema e auxiliar na execução dos planos para que a educação atinja seu objetivo maior, a promoção de uma educação de qualidade que leve o aluno a ser um cidadão crítico, criativo e autônomo. Os supervisores educacionais constituem uma extensa e controvertida categoria profissional. Distribuídos por todo o território nacional, desempenham funções muito variadas, que refletem em sua própria diversidade as flutuações conceituais e as diferentes posições políticas subjacentes à sua prática profissional (SILVA JUNIOR, 1989 apud NOGUEIRA, 2001). Há que se deixar claro que, embora muitas vezes, esse profissional se sinta o principal responsável pela melhoria da situação ensino-aprendizagem e se esta melhoria não se efetiva, toma para si a responsabilidade do fracasso escolar, ele precisa entender que esse fracasso pode vir de contornos sociais e institucionais fora do seudomínio. Ter o olhar atento, um ouvir ativo, estar aberto e deixar aflorar sua sensibilidade passam de serem atribuições do supervisor, são virtudes que deve cultivar para que colabore com um cotidiano e uma vida mais humana. Acreditamos que esse entendimento é fundamental para que se perceba os limites entre sua prática e a realidade, mas igualmente salientamos que é preciso haver comprometimento da sua parte para que chegue ao final do processo com o sentimento do dever cumprido. 5 Ressaltamos que esta apostila trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 6 1 EVOLUÇÃO – AVANÇOS E RETROCESSOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR Em recente artigo publicado por Leal e Henning (2010) questionando a Supervisão Escolar por diversos ângulos, observamos a mesma linha de pensamento de outros estudiosos, qual seja, a supervisão, do ponto de vista global é narrada como um trabalho que evoluiu de uma ação “controladora” para uma “ação conjunta com os professores”, marcando, assim, duas fases diferentes dessa função, evidenciando uma ruptura na forma como o trabalho da supervisão é realizado. De todo modo, quer seja no passado ou no presente, o controle e a autonomia marcam a trajetória do supervisor escolar, como veremos mais adiante. A ideia de supervisão começa a se configurar, em nosso país, com a chegada dos primeiros jesuítas, presente no Plano de ensino de Manuel da Nóbrega, o Ratio Studiorum. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil e a extinção do seu sistema de ensino, são instituídas as reformas Pombalinas, surgindo a figura do diretor geral, que atuava com auxílio dos comissários, configurando-se a ideia de supervisão como inspeção e direção. Por outro lado, com a implantação da República, a organização das escolas em grupos escolares e a ampliação do corpo de professores e de alunos, fez-se urgente e indispensável a institucionalização de um serviço específico de supervisão pedagógica (SILVA,2009). Com o surgimento da classe burguesa, consolida-se o papel da escola como agência transmissora do saber elaborado, espaço apropriado e privilegiado para a formação cultural letrada, notadamente da formação apropriada para a manutenção e perpetuação da ordem que se estabelecia. Assim, a ação supervisora mantém uma característica prioritariamente fiscalizadora, que perdura mesmo nos dias atuais. As ideias de supervisão e de educação podem estar diretamente relacionadas. Ao buscarmos na história a gênese da supervisão, não encontramos referências explícitas ao termo ou à função, no entanto constatamos que a ideia de supervisão está presente no contexto educacional desde o início da Época Moderna, 7 quando acontece a transformação dos modos de produção, a instauração do Capitalismo e o surgimento da escola pública para as massas. É importante ressaltar que essa dominação da sociedade capitalista acontece em todas as instâncias. A respeito disso, Marcuse (1982, p. 37) faz a seguinte observação: [...] a dominação– disfarçada em afluência e liberdade – se estende a todas as esferas da vida pública e privada, integra toda oposição autêntica, absorve todas as alternativas. A racionalidade tecnológica revela o seu caráter político ao se tornar o grande veículo de melhor dominação, criando um universo verdadeiramente totalitário no qual sociedade e natureza, corpo e mente são mantidos num estado de permanente mobilização para a defesa desse universo. Como vemos, o aparato tecnológico capitalista é montado para que as pessoas vejam as coisas pelo mesmo ângulo, por isso a integração também é cultural. Nesse contexto, a supervisão surge como elemento de fiscalização e de controle [...] os padrões de supervisão, baseados em inspeção e fiscalização, dão ênfase a um sistema vertical de autoridade, submissão e controle, e identifica-se como uma posição hierárquica, onde o executor é sempre um dependente e deve aceitar passivamente as diretrizes emanadas do supervisor, hierarquicamente num escalão mais alto (LACERDA, 1983, p. 32). Entretanto, entendemos que se encontra aí um ponto contraditório; situando a supervisão no nível hierárquico das decisões e a supervisão enquanto prática, ela se situa na linha também de execução, isto é, dos que obedecem e simplesmente executam as ordens que lhes são transmitidas. Na década de 1970, durante o governo militar, o Brasil importou tecnologia inclusive para a educação, através de convênios estabelecidos com os Estados Unidos. Com a Lei 5.692/71 para o 1º e 2º graus, a supervisão escolar é concebida, conforme Silva Júnior (2003, p. 93), “como parte de um processo de dependência cultural e econômica e integrada a seguir a um projeto militarista-tecnocrático de controle do povo e da nação [...]”. A supervisão praticada produzia o ofuscamento e não a elaboração da vontade dos profissionais. 8 Arroyo (2000, p. 23) enfatiza que essa lei veio para descaracterizar a chamada arte educativa, ao dizer que: A Lei nº 5.692 de 1971 descaracterizou a escola e os currículos de formação. As licenciaturas desfiguraram seus mestres. Os currículos gradeados e disciplinares empobreceram o conhecimento, a escola e os professores. O peso central dado ao domínio dos conteúdos das áreas de licenciatura e o peso secundário dados ao domínio das artes educativas reflete essa mesma concepção e trato descaracterizado do ofício e do campo educativo que vem se alastrando há décadas. Reduzimos a escola, o ensino e os mestres aensinantes. Para Silva Júnior (2003), o controle que caracteriza a supervisão é uma consequência negativa das condições do momento histórico em que a profissão começou a existir no Brasil. A conotação negativa dada pelo autor à categoria de controle aparece na definição da palavra, enquanto analisada sob a perspectiva da relação entre supervisor e professor. Conforme descrita no dicionário, a palavra controle significa “[...] fiscalização sobre as atividades de pessoas, órgãos, departamentos ou sobre produtos, etc. para que tais atividades, ou produtos, não se desviem das normas preestabelecidas”. (FERREIRA, 1986). Dessa forma, o controle pode ser interpretado como uma manifestação de poder que permeia a relação do supervisor com o professor, tornando esses atores do ensino profissionais distanciados hierarquicamente e vinculados a compromissos diferentes: o primeiro com o sistema e o segundo com o aluno. Considerando as diferentes terminologias atribuídas à supervisão ao longo de sua existência, assim como suas diferentes significações e abrangências, faz-se necessário conhecê-las para, então, eleger aquela adequada à proposta de um estudo relacional. O Parecer n. 252/69 e a Resolução n. 02/69, ambos do Conselho Federal de Educação, utilizam a expressão “Supervisão Escolar”, a qual permaneceu até 1996, quando a profissão foi renomeada pela Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394, de 20/12/96. Essa lei utiliza a terminologia “Supervisão Educacional” (Título VI, Art. 64), com o objetivo de ampliar as possibilidades de atuação do supervisor no mercado de trabalho e por considerar que hoje os serviços de tal profissional não se restringem 9 ao âmbito escolar (ao contrário, se ampliam). Organizações de trabalho coletivo, sejam escolares ou não escolares, geralmente demandam articulação de atividades, integração, direção, orientação e coordenação. Todas as funções que podem ser consideradas como definidoras do trabalho de supervisão sofreram uma adequação ao modelo tecnicista de ensino (BARBOSA, SILVA, NASCIMENTO, 2009). No atual contexto, com as exigências sociais e a complexa e desleal concorrência, proporcionada pela lógica mercadológica capitalista, centrada na produção e no consumo, a escola configura-se como espaço apropriado para o desenvolvimento de indivíduos detentores de uma cultura universal, de formação geral, tendo a prática da supervisão escolar o grande desafio de tornar-se uma ação coletiva no sentido de contribuir para um trabalho pedagógico voltado para a formação plena do aluno, que lhe possibilite o desenvolvimento da autonomia e a busca pela concretização de uma realidade social mais justa (SILVA, 2009). Carvalho (1989) nos chama a atenção para o fato de que a supervisão no Brasil vai se revestindo de situações novas de acordo com as novas realidades que vão surgindo e afirma que, a partir da ampliação do direito à escola para as camadas menos favorecidas, aumenta a exigência de outros profissionais na escola que se torna bastante complexa, destacando que, na década de cinquenta, com a política desenvolvimentista do governo JK, são formados os primeiros supervisores escolares do ensino primário, através do Programa Americano-Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar (PABAEE). A supervisão escolar como prática de controle ganha ênfase, ao mesmo tempo em que a educação começa a servir aos interesses econômicos capitalistas, como forma eficiente de formar mão de obra barata, massificada e alienada. No final da década de 1970 e início da de 1980, estudos de vários autores, dentre eles Rezende (1979) e Alves (1984) buscam investigar a função política da supervisão, no esforço de demonstrar que, quanto mais a supervisão fosse utilizada ou defendida como função essencialmente técnica, mais ela servia aos interesses da elite que comandava asociedade. Segundo Cunha (1999), nas sociedades contemporâneas, em que o desenvolvimento econômico e a viabilização de melhores condições de vida para a populaçãoéumarealidade,écadavezmaioraexigênciasobreoaumentoda 10 escolaridade e da qualificação das pessoas, principalmente a formação de nível superior. Assim, as políticas de educação no Brasil priorizam cada vez maisa educação superior. Mesmo carecendo de reformas e muitas discussões, não se pode negar a expansão do ensino superior hoje em nossopaís. No campo da educação, no contexto escolar, o supervisor deve, pois, assumir o compromisso da transformação e da luta por melhores condições de vida, engajando-se num projeto de conscientização crítica, denunciando as injustiças e as desigualdades e apontando propostas de superação dessas diferenças, reconhecendo que esta tarefa, longe de se esgotar, está apenas em seu começo (SILVA, 2009). 11 2 ATRIBUIÇÕES DA SUPERVISÃOESCOLAR A função supervisora está relacionada ao ato de prestar atenção sobre algo ou sobre alguma coisa, estar alerta ou vigilante. Nas comunidades mais primitivas, a função supervisora, implicitamente, acompanha a ação educativa, função esta que se concebia enquanto orientadora para a satisfação das necessidades coletivas. Nessas comunidades, a função supervisora acontecia na própria relação cotidiana entre os adultos e as crianças, em que os primeiros exerciam uma vigilância discreta sobre os jovens, orientando-os diante dos desafios da vida (SAVIANI,2000).Silva Júnior (1986, p.100) refere-se à Supervisão escolar como aquela que “se apresenta como mais uma tarefa cujo desempenho impõe aos seus praticantes a observância de um desempenho preciso do „papel‟ a ser executado”. Rangel (2000) e Ferreira (2002) atribuem significados diferenciados para os dois termos, educacional e escolar. Supervisão Educacional tem uma conotação abrangente, extrapola as atividades da escola para alcançar, em nível macro, os aspectos estruturais, sistêmicos, da educação. Já Supervisão Escolar supõe a supervisão da escola nos seus aspectos administrativos, de funcionamento geral e pedagógico. Pouco identificada em relação ao ensino. O termo coordenador também é amplamente utilizado. Na maioria das vezes a referência ao coordenador aborda uma das atribuições da supervisão, a de coordenar o projeto educacional. Para assumir essa coordenação não é necessário um supervisor habilitado, pois é uma função que pode ser exercida por qualquer professor. Logo, destaca-se aí a questão da formação. Esse lugar de coordenador, integrante do grupo, é relativamente recente na história da organização escolar. É uma mudança de postura político-pedagógica que tomou força e abrangência, concomitantemente e em decorrência dos movimentos de redemocratização do país. Atualmente, podemos dizer que a supervisão pedagógica dirige-se ao ensino e à aprendizagem, tendo por objeto, a qualidade do ensino, porém os critérios e a apreciação da qualidade não são impostos de cima para baixo numa perspectiva de 12 receituário acriticamente aceito pelos professores, mas na interação entre supervisor e os professores (ALARCÃO, 2002 p. 12). A abrangência do trabalho da supervisão compreende o currículo escolar, o planejamento, a avaliação, a metodologia de ensino, as estratégias de recuperação, as relações entre pessoas que constituem o coletivo da escola, especialmente professor-aluno, o cumprimento das normas legais, a formação continuada dos professores e outras questões. É claro que esses aspectos não são exclusivos da Supervisão, mas essa função articuladora é, atualmente, ligada à ação da Supervisão. Libâneo (2001, p.111) destaca que o Parecer n. 252/69 reproduz a ideologia implícita na Reforma Universitária de 1968, pois através das habilitações estaria introduzindo na escola “a divisão do trabalho e o controle segundo o modelo da administração capitalista”, o que consequentemente acabou gerando a fragmentação da práticapedagógica. Saviani (2002, p. 29) afirma que esse parecer representa “a tentativa mais radical de se profissionalizar a função do Supervisor educacional”, pois estavam preenchidos os dois requisitos essenciais que marcam a transição de uma atividade para uma profissão, que são: a existência de um mercado de trabalho e a especificação das características da profissão ordenadas em torno de um mecanismo, tratadas no Parecer e instituídas no curso de Pedagogia. Silva (2000, p. 69) afirma que o referido Parecer 252/69 [...] reflete as linhas mestras do movimento de 64, buscando ser coerente com os princípios doutrinários do regime vigente. [...] é rico em justificativas para determinar que se siga uma ideologia. [...] utilizam-se de disciplinas que possam inculcar essa ideologia. [...] caracteriza o Supervisor, na linha economista transpostas do país hegemônico (EUA), como agente responsável pelo controle e execução da ideologia do poder. Como vimos inicialmente, na abordagem de Saviani (2000) sobre supervisão pedagógica, numa perspectiva histórica, esse autor faz um estudo sobre o modo que essa ação se faz presente na vida do ser humano desde as comunidades primitivas, passando pela manifestação da ideia na educação brasileira trazida pelos jesuítas, e analisa, finalmente, seu percurso desde os anos vinteatéadécadadeoitenta.Savianiacreditanapossibilidadedeumanova 13 identidade para a ação supervisora, a ser construída a partir de um trabalho coletivo, fundamentado na complexidade característica da escola, e conclui, ainda pela análise histórica, que a questão da identidade do supervisor educacional continua em discussão no contextoatual. Com a política dos acordos internacionais entre Brasil e Estados Unidos surge, em 1957, o Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar – PABAEE, cuja importância é fundamental na determinação do modelo de supervisão tecnicista exercida no país desde a década de 60. Se até essa época a função de supervisão era fortemente vinculada à fiscalização e comumente confundida com a inspeção escolar, agora a ação supervisora volta-se para o currículo escolar, sob a justificativa de buscar a melhoria da qualidade do ensino. Especificamente sobre a influência do PABAEE na construção da identidade da profissão em Minas Gerais, Paiva e Paixão (1997, p. 56) também contribuem com seus estudos, e nos dizem que a supervisão que se dissemina com a ajuda do PABAEE supervaloriza métodos de ensino das disciplinas como questões fundamentais, em detrimento de uma análise mais ampla das causas dos problemas da escola primária. Para os mesmos autores acima (2003), a modernização do ensino primário, na perspectiva do programa, seria trazer para o Brasil as inovações no campo da metodologia das áreas de ensino existentes nos Estados Unidos. E os professores considerados multiplicadores adequados para disseminar essas inovações seriam os formadores de professores, ou seja, os que atuavam nas EscolasNormais. Sob o ponto de vista das relações de trabalho, a categoria “autonomia” aparece em vários estudos, como meta a ser alcançada e como determinante da qualidade do trabalho docente. Para analisar autonomia, Ferreira (2002, p.32), parte da premissa de que a supervisão é uma “[...] profissão organizacional”. Nesse sentido, propõe um modelo de profissão (limitada em seu âmbito de alcance) que seja combinada com uma autonomia colegiada e participativa. A autonomia limitada, a que se refere Ferreira, é um conceito trabalhado por Morin (2002), ao tratar de uma autonomia relativa, “que depende de seu meio ambiente, seja ele biológico, cultural ou social”. O autor afirma que [...] nós, seres culturais e sociais, só podemos ser autônomos a partir de uma dependência original 14 em relação à cultura, em relação à língua, em relação a um ser. A autonomia não é possível em termos absolutos, mas em termos relacionais e relativos (MORIN, 2002, p. 118). Medeiros (apud SILVA JÚNIOR; RANGEL, 1997, p. 129-130) afirma que autonomia não se constrói pelo conhecimento meio, mas pelo conhecimento fim, e que a “emancipação e a autonomia só podem ser entendidas como legítimas se, em suasdimensõesde„autenticidade‟,de„verdade‟ede„justiça‟contemplarematodos e a cadaum”. Segundo Castoriadis (apud SILVA JÚNIOR; RANGEL, 1997, p. 40), “o especialista só tem sentido se nas suas ações estiverem implícitas as dimensões de cogestão, de respeito ao outro e da busca da autonomia”. Na mesma perspectiva do trabalho coletivo e da construção da autonomia de Medeiros, Castoriadis acredita que “se a busca de verdades sobre o mundo contrapuser homem e mundo, homem e outros homens, abrem-se possibilidades de controle de um sobre o outro homem.” (apud SILVA JÚNIOR; RANGEL, 1997 p. 140). Contreras (2002, p. 33) defende a tese de que “o trabalho docente sofreu uma subtração progressiva de uma série de qualidades que conduziram os professores à perda de controle sobre o próprio trabalho, ou seja, à perda da autonomia”. Em suas análises sobre o tema, o autor pretende “aprofundar o entendimento de uma autonomia como chave para a compreensão de um problema específico do trabalho educativo” (CONTRERAS, 2002 p. 89), sem se deter no significado que a categoria apresenta como valor humano ou característica profissional. Assim sendo, analisa a autonomia mediante as novaspolíticas educacionais e conclui que autonomia não é desintegração e nem tampouco individualismo competitivo, mas “a convicção de que um desenvolvimento mais educativo dos professores e das escolas virá do processo democrático de educação, isto é, da tentativa de se construir autonomia profissional juntamente com autonomia social” (CONTRERAS, 2002 p. 275). A definição de “autonomia” traz conceitos interessantes para este trabalho. Tendo emvista o temada investigação,ou seja,a interaçãoentreo supervisor 15 pedagógico e o professor, e considerando a recorrência da ideia de autonomia nos estudos até agora analisados sobre o tema, a categoria reafirma-se importante inclusive pelo seu significado, ou seja, pela “dependência recíproca dos elementos de um todo, quer se trate de um organismo vivo ou de umasociedade”. A referência à reciprocidade como elemento constituinte do processo de construção das identidades de profissionais da educação mostra-se, em alguns estudos, como uma meta a ser alcançada na escola (BARBOSA, SILVA, NASCIMENTO, 2009). 2.1 Como tutor do professor emformação Na atualidade, o supervisor assume uma dimensão maior no tocante à liderança da formação continuada, contextualizada e crítica dos educadores, pois ao se propor a formação de um professor reflexivo, a supervisão atua como tutoria. Assim, esse profissional também deve possuir o hábito de pensar sobre o que/por que/como conduzem suas ações. Em pesquisa realizada com supervisores da rede municipal de ensino de Porto Alegre, Medina (1997) enfatiza a importância da apropriação da prática pelo supervisor e da sua reflexão sobre ela, e afirma que o supervisor abdica de exercer poder e controle sobre o trabalho do professor e assume uma posição de “problematizador” do desempenho docente. A supervisão reflexiva realiza, pois, um duplo movimento: o exercício e a prática de refletir sobre as próprias ações; e o de desencadear, estimular e promover a reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem, com os professores (MARTINS, CAVAGNARI, 2005). Dos resultados da pesquisa que nos interessam, está a resposta ao questionamento sobre a concepção que possuem do supervisor enquanto tutor: 63% dos entrevistados caracterizaram-na como “peça fundamental durante o curso”, reconhecendo na função desempenhada o caráter de “mediador”, “incentivador”, “instigador”, “orientador”, “encorajador”. 16 A relação que se estabelece entre tutor/supervisor e professores é similar à relação acontecida em sala de aula entre professores e alunos. Ao exercer o papel de mediadores, tanto tutores quanto supervisores não assumem a tarefa dos estudantes professores ou dos docentes, pensando e agindo por e para eles. Cabe-lhes instigar estudantes e docentes e incentivá-los, questionando-os, provocando-os a pensar, a refletir, a descobrir, a encontrar respostas aos problemas da teoria e da prática em sala de aula. Nesse aspecto, a tutoria e a supervisão contribuem na formação do professor na passagem, segundo Saviani (1999), do “senso comum à consciência filosófica”. E isto é mediação. Ao realizar a mediação, a tutoria/supervisão é quem possui a visão do todo ou, como afirma uma das entrevistadas por Medina: “a visão global do curso, pois torna-se uma professora multidisciplinar com certos limites, é claro!” Portanto, a função tutor/supervisor não se identifica com a do profissional “especialista”, que exerce ações fragmentadas, mas que facilita a interrelação das partes, isto é, das disciplinas/áreas do conhecimento, administração central/escolas (MARTINS, CAVAGNARI, 2005). A partir da definição do papel do tutor/supervisor enquanto mediador, isto é, aquele que facilita o avanço da relação que se estabelece entre o aluno e o professor (VASCONCELLOS, 2002), cabe retomar a discussão a respeito da possibilidade de esses profissionais estarem contribuindo para a formação reflexiva doseducadores/professores. A ação do tutor/supervisor situa-se na interação entre o pensamento e a ação, com o objetivo de dar sentido ao vivido e ao conhecido, ou seja, de compreender melhor para melhor agir (ALARCÃO, 2003). Não tem ele a pretensão de resolver as situações-problema que se apresentam aos educadores/professores, e sim, coletivamente, procurar respostas que se originem do consenso entre os mesmos. Nesse sentido, o papel do tutor/supervisor estende-se à noção de facilitador no processo de mediação dialética entre teoria e prática, fazendo com que os professores, em grupos de trabalho, ajam de forma reflexiva, indagadora e explicitem as suas teorias práticas. Para tanto, muito contribuem as estratégias de formação de professores, amplamente utilizadas em países como os Estados UnidosePortugal,comoummeiodeformarprofessoresreflexivos,umavezque 17 elas envolvem processos de reflexão, tanto por parte do supervisor, como do professor em formação (MARTINS, CAVAGNARI, 2005). Embora venham sendo aplicadas no contexto da formação inicial, Alarcão (2003), Amaral, Moreira e Ribeiro (1996) sinalizam para a possibilidade de se trabalhar com tais estratégias de formação de professores reflexivos no âmbito da formação continuada em serviço. 2.2 Mostrar ao professor que a educação deve acontecer de acordo com o contexto social doaluno. Segundo Canário (2004) as situações escolares não se desenrolam em nenhum vazio social e, pelo contrário, toda a investigação das últimas décadas em matéria de sociologia, no campo da educação, tem mostrado como uma classe corresponde a uma microssociedade que ultrapassa largamente aquilo a que poderíamos chamar as variáveis pedagógicas. E essa microssociedade inscreve-se num espaço mais vasto que é o do estabelecimento de ensino, sendo, também ele, para além de um espaço escolar, um espaço social, onde têm lugar muitas outras coisas e mais importantes, que vão dar sentido, que definem, ou que exercem constrangimentos sobre a relação propriamente pedagógica. Foi por isso que se abandonou a ideia de querer agir exclusivamente no campo pedagógico e se passou a encarar o estabelecimento de ensino como um “meio de vida”, um meio estruturante do conjunto de aprendizagens que os alunos realizam. Esse alargamento ultrapassou as fronteiras físicas da escola. Por isso consideramos, hoje, que a questão das aprendizagens escolares não é dissociável do contexto mais vasto (do ponto de vista social e cultural) em que se inserem os próprios estabelecimentos de ensino e em que coexistem diferentes instituições educativas, para lá das instituições escolares. Nesse contexto, cabe ao supervisor ajudar o professor a entender que é preciso mudar a concepção do fenômeno educativo, da teoria da sala de aula, do currículo engessado, ou seja, perceber que o aluno traz consigo muitas experiências e o que ele espera é que os novos conceitos que “ é obrigado a assimilar” tenham relação com o seu cotidiano. 18 Isso quer dizer que a aprendizagem implica sempre uma tripla relação, com os outros, com o mundo e consigo mesmo. Estes três aspectos são indissociáveis e é a articulação entre estas três dimensões que dá ou não dá sentido às aprendizagens. Só se aprende alguma coisa em situações que façam sentido para o sujeito, portanto a questão central da escola é a construção do sentido. Por esta razão, a escola não se pode preocupar exclusivamente com as questões técnicas e didática da aprendizagem formal, nomeadamente em termos de disciplinas, porque a grande questão que está presente nas escolas é a ausência de sentido para o trabalho escolar, não só para os alunos, mas também para os professores. É este o traço essencial da crise de legitimidade da instituição escolar. A inserção social das atividades escolares numa realidade territorial que transcenda as fronteiras escolares constitui um aspecto decisivo paraesta construção de sentido. 2.3 Trabalhar numa perspectivamulticulturalista O mundo está globalizado, novas culturas e novas ideias aparecem a todo momento e não há como fugir ou fingir que só acontece lá longe...mesmo porque a tecnologia avança a olho nu trazendo todas essas revoluções para dentro dos lares. Racismo, anti-semitismo, anti-islamismo, exarcebação da extrema-direita na Europa são assuntos que penetraram, com força, na mídia e em outros espaços de formação de opiniões. Os atentados terroristas nos Estados Unidos e em outros países como Paquistão, a derrubada dos governos ditatoriais da África (Egito, Tunísia) e Oriente Médio (Líbia) trouxeram fortes debates em torno da pluralidade cultural, dos limites da tolerância, da desigualdade a que são submetidos grupos étnicos e culturais diversificados. Também evidenciaram fortes tendências à demonização do “outro”, seja ele islâmico, americano com outra identidade cultural, religiosa ou étnica, percebida como “opressora”, “desviante” ou simplesmente como “diferente. E como diz Canen (2003) a Educação e a Formação de Professores não podem se calar face a esse contexto. Não se pode continuar a ministrar nossas 19 aulas como se o mundo fosse homogêneo, como se existissem verdades absolutas a serem transmitidas pela educação, dissociadas da diversidade cultural e dos conflitos a ela relacionados. Cobra-se, justamente da Educação, a formação de gerações nos valores de tolerância, de cidadania crítica, de valorização da pluralidade cultural, de flexibilidade e abertura para novas possibilidades de construções de conhecimento e de soluções aproblemas. Este sentido de educação exige do supervisor que leve seus colegas professores a pensar em formas de articular conteúdos e competências a um modelo que tenha, como horizonte, a construção e a valorização das identidades plurais e o desafio a preconceitos e estereótipos. As perspectivas que informam o multiculturalismo variam, conforme aponta (Canen, 2000; 2001; Canen; Grant, 2001), desde uma visão mais folclórica ou liberal (valorizadora da pluralidade cultural, porém apenas em seus aspectos exóticos, folclóricos, como receitas típicas, festas, dias especiais – Dia do Índio, por exemplo), até perspectivas mais críticas (também chamadas de multiculturalismo crítico ou perspectiva intercultural crítica, em que o questionamento da construção dos preconceitos e das diferenças é o foco do trabalho). Ao lidar com o múltiplo, o diverso e o plural, o multiculturalismo encara as identidades plurais como a base de constituição das sociedades. Leva em consideração a pluralidade de raças, gêneros, religiões, saberes, culturas, linguagens e outras características identitárias para sugerir que a sociedade é múltipla e que tal multiplicidade deve ser incorporada aos currículos e práticas pedagógicas (CANEN,2003). O multiculturalismo ganha força quando se percebe que a ciência – antes concebida como neutra, universal, objetiva, isenta de valores – na verdade, estaria, muitas vezes, contribuindo para reforçar poderes dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Segunda Guerra Mundial, em que os conhecimentos científicos do homem foram colocados em ação para produzir o holocausto judaico, em que mais de seis milhões de judeus foram dizimados em câmaras de gás e em experimentos “científicos”, levados a cabo pelos nazistas, além de negros, ciganos e homossexuais, que embora não explorados a contento, também sofreram perseguições por parte dos nazistas. 20 Como sugerido por Souza Santos (2001), reconhecer as diferenças dentro das diferenças é essencial para que não se recaia em generalizações e homogeneizações das diferenças. Um trabalho voltado para a formação de professores, que busque sensibilizar futuros docentes para a diversidade cultural, pode, em muito, contribuir para a construção da cidadania crítica e ética em futuras gerações, de modo que a ciência seja utilizada como meio de alívio da miséria humana e de busca ativa da felicidade, por intermédio da valorização do múltiplo, do plural e dodiverso. Abaixo estão algumas sugestões de trabalho do supervisor para o professor em sala de aula que favorece atitudes de afeição ao multiculturalismo. O trabalho em uma perspectiva multicultural crítica pós-modernizada ou pós- colonial. Neste caso, uma ideia de atividade seria, por exemplo, propor tarefas que exijam crítica cultural, em que os alunos tentem identificar vozes silenciadas e/ou estereotipadas, em livros didáticos e outrosmateriais. Há alguns autores que sugerem atividades tais como pedir que meninos e meninas busquem a definição de mulher, de negro, de judeu, e outras identidades marginalizadas, no dicionário, vendo estereótipos e/ou possibilidades de valorização dessas identidades, aípresentes. Na Matemática, por exemplo, propor exercícios de análise de tabelas estatísticas que mostrem a situação diferenciada de negros e mulheres no mercado de trabalho, provocando discussões que, ainda que tenham a matemática como substrato, articulem esse conteúdo a uma postura multicultural crítica (PEREIRA,2001). Um trabalho voltado para a formação de professores, que busque sensibilizar futuros docentes para a diversidade cultural, pode, em muito, contribuir para a construção da cidadania crítica e ética em futuras gerações, de modo que a ciência seja utilizada como meio de alívio da miséria humana e de busca ativa da felicidade, por intermédio da valorização do múltiplo, do plural e dodiverso. 21 3 FACILIDADES E DIFICULDADES NO TRABALHODO SUPERVISOR Vamos tomar emprestado algumas definições de supervisor escolar a começar por Naura Syria Carapeto (2001) a qual considera o supervisor educacional um agente articulador de práticas educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno exercício da cidadania. Como prática educativa, a supervisão educacional, independentemente da formação específica em uma habilitação no curso de pedagogia, em cursos de pós- graduação ou como conjunto de conteúdos desenvolvidos no curso de pedagogia, constitui-se num trabalho profissional que tem o compromisso de garantir os princípios de liberdade e solidariedade humana, no pleno desenvolvimento do educando, no seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e, para isso, assegurar a qualidade do ensino, da educação, da formação humana (CARAPETO, 2003, p. 93). Até o momento, muito se discute sobre o papel destinado a esse profissional e sua função nas escolas, uma vez que muitos autores, entre eles Mary Rangel (2001, 2003), já propõem nova postura do profissional com o objetivo de tirar a imagem fiscalizadora atribuída ao supervisor. [...] a ideia e o princípio de que o supervisor não é um "técnico" encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um "controlador" de "produção"; sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão – contextualizada e crítica - de suas ações e, também, de seus direitos (RANGEL, 2003, p.150-151). Assim, diante do contexto atual, no qual a escola passa não somente por uma questão de adaptação às mudanças do meio, mas pela questão da evolução para acompanhar a realidade global no sentido de preparar sua clientela para um novo paradigma, procura projetar as necessidades do amanhã na figura do supervisor educacional, pela articulação de seus conhecimentos e experiências. Nessa perspectiva, a dinâmica escolar, seu processo de desenvolvimento e atuação no mundo estão hoje intimamente relacionados à atuação desse profissional. 22 Hoje, diante da crescente mudança na área educacional, observa-se que os educadores já se preocupam com a reestruturação do processo ensino- aprendizagem, desenvolvendo e aprofundandoas concepções pedagógicas refletidas nos métodos adotados, os quais favorecem a realização da aprendizagem, a qualidade do resultado e a transformação de potencialidades em capacidades. E para que esse processo seja desenvolvido nas unidades escolares, a presença do supervisor educacional seria de extrema relevância para a dinamização das ações. Sob essa perspectiva, uma das funções dos supervisores educacionais é estimular os professores a tornarem-se motivadores na pesquisa de novos conhecimentos, selecionadores dos saberes oferecidos aos alunos e reformuladores do conteúdo e da prática de ensino. Diante das mudanças ocorridas no âmbito educacional, o supervisor educacional passa a ser visto não mais como um agente controlador e fiscalizador da prática educativa, e, sim, como um facilitador, mediador, investigador e, algumas vezes, dificultador em situações deacomodação. Esse profissional da educação exerce funções diferenciadas e diversificadas nas instituições escolares. No momento atual, algumas atividades são indissociáveis ao seu trabalho na perspectiva de acompanhar e inserir no contexto escolar os novos paradigmas presentes nasociedade. Segundo Corrêa (2009) propiciar momentos de estudo com os professores com os quais trabalha, num processo de educação continuada dentro do ambiente escolar, é uma das atividades primordiais do supervisor educacional. Ele deve incumbir-se de garantir, orientar e auxiliar essa formação, a fim de que os professores desenvolvam e aperfeiçoem suas habilidades, renovando conhecimentos, repensando a práxis educativa e buscando novas metodologias de trabalho. Além da orientação necessária às inovações metodológicas e práticas educativas, o supervisor necessitará desenvolver entre o corpo docente a motivação, que, por meio da valorização, será o estímulo para que o professor se envolva e progrida constantemente em relação às questõeseducacionais. A dinamização dos conselhos de classe pelo supervisor educacional leva os professores a uma reflexão acerca da melhoria qualitativa do processo ensino- 23 aprendizagem, oportunizada pela troca de vivências e pela realimentação do potencial educativo da equipe. A ação conjunta e interdisciplinar fomenta o espírito de equipe e contribui para o aperfeiçoamento do professor e de todo o corpo pedagógico-administrativo. Contudo, por meio da análise das funções primordiais à supervisão, verifica- se, ainda, uma lacuna entre a função atual dos supervisores educacionais voltada para as inovações e transformações no plano social, educacional, tecnológico, científico e a prática cotidiana de alguns profissionais, que direcionam seu trabalho para atividades voltadas para o burocrático de forma controladora e fiscalizadora. Dessa forma, ao longo da história da supervisão educacional no Brasil nota- se pouca evolução em termos de inovações da prática cotidiana. Convivemos, ainda, com um grande abismo entre a prática desejável e a prática realizada. Defrontamo-nos com uma lacuna que muito influencia no processo de transformação responsável da prática do supervisor. Transformação que impulsiona os profissionais da área a refletirem sobre suas práticas, buscando inovações nos padrões de convivência entre direção, professores, responsáveis e alunos, incentivo ao aperfeiçoamento profissional dos professores, discussão da prática avaliativa, construção do projeto Político Pedagógico e de um currículo diversificado voltado para as necessidades da comunidade (Corrêa, 2009). São disponibilizadas aos coordenadores certas condições estruturais e organizacionais de trabalho que nem sempre favorecem o desenvolvimento de sua função da forma como a concebem. De forma geral, “reclamam” sobre a falta de tempo, o estresse e a ansiedade decorrentes do desejo de fazer tudo o que precisaria ser feito. O dia-a-dia do coordenador exige que ele administre seu tempo para cumprir inúmeras tarefas. Tem de formar o professor e, para isso, planejar reuniões; atualizar-se e planejar etapas para atualizar os professores e pensar em procedimentos específicos e nas necessidades de seu grupo. A formação exige dele, por sua vez, um olhar para o que está sendo realizado em sala de aula; organizar reuniões de reflexões sobre a prática de cada professor; promover discussões grupais; e trocar informações eideias. 24 O coordenador necessita, também, levar em conta o aluno. É preciso encaminhar alguns para especialistas, conversar com os pais; retomar os encaminhamentos; falar com os profissionais; retornar aos pais; e retornar ao professor. Ainda precisa cumprir uma série de atividades burocráticas em relação à organização do trabalho: preenchimento de fichas de dados dos alunos; fichas das entrevistas; relatórios; organização dos protocolos de observação das salas de aula; organização de cartas aos professores e registros das reuniões com eles. Considerando uma dimensão maior de seu trabalho, ainda participa de reuniões com a equipe não docente da escola (outros coordenadores, diretores, funcionários); participa dos projetos coletivos elaborados nesses comentos; lida com questões organizacionais e burocráticas (organizar e participar de seleção de alunos, preencher papéis solicitados pela Secretaria de Educação, entre outros), além de ter de investir em seu próprio aprimoramento profissional, a que não é normalmente incentivado, e estar atualizado com relação às políticas educacionais vigentes (CORRÊA,2009). Assim, é comum aos coordenadores ou supervisores (como ainda são denominados) a vivência de uma insatisfação ao comparar o que gostariam com o que conseguem fazer. Os desejos de atuação não condizem com o que a escola pensa e possibilita sobre isso. Desvinculados, profissional e instituição acabam por travar uma verdadeira guerra diária, que geralmente termina em descontentamento, estresse e frustração de ambas as partes. Constata-se, assim, que a contradição interna de certas estruturas escolares é um fator que intervém na atuação do coordenador, já que incentiva a construção depráticasisoladas,nãocontribuindoparaacriaçãodeumaculturadeintercâmbio – de experiências, de saberes, de teorias – entre os educadores de uma mesma escola e de escolas diferentes. É claro, também, que não basta determinar estruturalmente horários para que professores e coordenadores se encontrem. A qualidade desses encontros caracteriza-se como fundamental para a reflexão e a revisão das práticas. Muitos coordenadores falam sobre o excesso de atividades que lhes são atribuídas, motivo peloqualconvivemcomoestresseeacorreriaconstante.Adúvidaéseessa 25 correria é real, fruto do meio escolar, que é dinâmico e apresenta desafios constantes, ou se é uma desculpa para não parar e refletir sobre seu próprio fazer. Ao considerar como um fator de intervenção na atuação do coordenador a necessidade de uma estrutura e de uma organização que minimamente lhe propiciem condições reais de trabalho, podemos ainda supor que a falta de formação adequada para exercer esse cargo pode fazer que sua atuação não traga os resultados esperados. A questão não é somente a existência ou não de uma estrutura, mas como o coordenador a utiliza e qual a qualidade do trabalho que tem realizado. A falta de um projeto que comprometa os profissionais é outro ponto que necessita reflexão por parte do coordenador/supervisor: a escola reflete o descaso de muitos profissionais, fruto de uma história de formação deficitária, com pouco ou quase nenhum reconhecimento profissional; às vezes, também sem autonomia ou conhecimento de suas próprias necessidades de formação. Agrava-se isso pelo fato de que muitas estruturas de ensino nem sempre legitimam o papel do coordenador, garantindo-lhe espaço e status dentro da escola. A experiência tem demonstrado que a diferença de tratamento dadapelas instituições a essas questões tem influenciado a qualidade do trabalho educacional, portanto, aqui vai a dica para que leve ao Conselho Escolar, ao gestor da escola uma proposta que viabilize seu trabalho naescola. Mais um ponto que se torna desafio e dificuldade para o supervisor: saber quem vai formá-lo. A falta que um trabalho de formação faz para o coordenador também é fator que interfere em sua prática. Cada vez mais fica explicitada a necessidade de os profissionais se aprofundarem e estudarem para desenvolver um trabalho consciente e responsável. A formação continuada deles está dependendo muito mais de uma mobilização pessoal do que de um investimento por parte das escolas. No caso da rede pública, o coordenador assume seu cargo mediante concurso, sendo que, na rede estadual (paulista, por exemplo), ele não precisa necessariamente ser pedagogo. Na rede particular, normalmente esse cargo é assumido devido à competência do profissional, avaliada de acordo com critérios de cada escola, e não está necessariamente relacionado à existência dodiploma 26 específico. Isso revela que a formação inicial do coordenador (talvez por sua precariedade) não influi na escolha do profissional feita pelas escolas. Uma vez que se observou que a formação continuada também não faz parte das preocupações das instituições, a quem cabe a responsabilidade de formação do formador? Segundo Zeichner (1993, p. 119) “a qualidade irregular da supervisão do praticum e a falta de preparação formal, quer dos coordenadores universitários, quer dos coordenadores das escolas”, têm contribuído para que não melhore a qualidade da formação dos profissionais que atuam na escola, docentes ou não. Certamente, o coordenador tem muito a dizer sobre suas necessidades, desde que lhe seja dado espaço para isso. A questão da legitimação de seu papel passa também por um processo de profissionalização, entendido como a ruptura de uma postura formal e formalizada, para uma postura de investigação e descobertas. As estruturas administrativas (estaduais, municipais ou particulares) poderiam contribuir para a rediscussão dessa questão. No entanto, a mudança de administração dos governos, bem como os interesses das escolas particulares, acaba nem sempre colaborando para a existência de um espaço de formação do profissional coordenador. Na verdade, não existem modelos de estrutura ou de atuação de ideais, mas há possibilidade de busca, de escolha que envolva as crenças e os ritmos de cada coordenador e das instituições em que trabalham. Redimensionar seus objetivos em função dessas características poderia trazer satisfação aos profissionais, além de possibilitar maiores momentos de reflexão e menores momentos de correria e emergências. No entanto, se os coordenadores apenas se detêm na queixa ou na constatação das dificuldades encontradas, fica estabelecida a distância entre o que cada um quer e o que cada um consegue fazer; e essa distância não se altera, bem como também não se alteram os sentimentos e insatisfações dela decorrentes. Muitos coordenadores manifestam iniciativas pessoais de aprofundamento teórico, de envolvimento com suas práticas nas escolas, preocupação diante dos problemas com os quais deparam e, ainda assim, mesmo demonstrando empenho e envolvimento, muitas vezes assumem uma atitude de conformismo diante das insatisfações que sentem, em vez de tentar revertê-las. 27 Reconhecer, em seus espaços e relações, aspectos facilitadores do trabalho é importante para que o coordenador não se deixe levar por descrédito em relação à estrutura escolar em que se encontra, aos educadores com quem convive, a si próprio enquanto educador engajado na própria formação e na de seus professores. E as características pessoais necessárias a esse profissional? Pois bem, as qualidades de liderança, organização, dinamismo, além do saber técnico especializado e um comprometimento social e político são algumas das muitas características que esse profissional deveriadesenvolver. Lidar com as expectativas dos pais e alunos é fator de intervenção na atuação profissional do coordenador e poderia ser caracterizado pelo comprometimento social e político. Enquanto formador de educadores, a liderança, o saber especializado e a organização contribuem sobremaneira para que essa formação continuada ou formação em serviço leve ao engajamento de todos no desenvolvimento do projeto político pedagógico da escola, uma vez que enquanto em processo de formação, movimentos de reflexão estão acontecendo. Não há dúvidas que o mundo de hoje solicita uma escola voltada para a formação mais ampla dos alunos, que considere as diferenças e os diferentes, que não esteja presa a conteúdos formais, mas aberta a um trabalho mais amplo das capacidades dos alunos. Para isso, torna-se necessário um coordenador consciente das mudanças de seu papel, da importância de sua atualização e do desenvolvimento de um trabalho em parceria com o professor, com a escola e com a sociedade. A responsabilidade da pedagogia que está sendo desenvolvida na escola é também responsabilidade do coordenador que, objetivamente, junto com os professores, a transforma em prática. A falta de formação adequada desse profissional, a falta de respaldo por parte de instituições particulares e públicas e a desmotivação fazem que não se realizem momentos de reflexão fundamentais aos educadores para a vivência dessa escola que a sociedade exige. A valorização da presença do coordenador na escola passa pela necessidadedereconhecê-locomoumeducadoremformação,umavezqueo 28 processo educativo é dinâmico e necessita constantemente de debates amplos sobre seu fazer, para que possa, junto com seus pares, desenvolver novas reflexões sobre aárea. Por outro lado, cabe ao próprio coordenador, também, (re)valorizar sua função, vendo-se como um profissional que tem um compromisso político com a instituição e com a sociedade e não pode se isentar, acomodando-se diante das dificuldades impostas pelos sistemas. Mas isso só será possível se, em sua formação específica, inicial ou continuada, ele puder desenvolver a consciência de sua função, para que, tendo clareza dela, valorize-a e saiba quando e comointervir. Enfim, num contexto de escola reflexiva o âmbito de atuação redefine-se como o objetivo da supervisão e se reconceitualiza o supervisor que “fazendo parte do coletivo da instituição e trabalhando em íntima ligação com a sua direção e com os outros níveis de gestão e supervisão, se responsabilize por fomentar ou apoiar o processo reflexivo-formativo da escola” (ALARCÃO, 2000, p. 20). Muito mais que designar um cargo burocraticamente falando, a supervisão deve ser entendida como atribuição, como o exercício de uma função, que no nosso caso, seria o acompanhamento pedagógico ou mais profundamente, ser um dos responsáveis pelo desenvolvimento qualitativo da escola (CLEMENTI, 2001). 29 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALARCÃO, I. Escola reflexiva e supervisão: uma escola em desenvolvimentoe aprendizagem. In: . (Org.). Escola reflexiva e supervisão. Porto: Porto Editora,2000. ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Petrópolis: Vozes, 1984. AMARAL, M. J.; MOREIRA, M. A.; RIBEIRO, D. O papel do supervisor no desenvolvimento do professor reflexivo. In: ALARCÃO, I. (Org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, 1996. ARROYO, M.G. O ofício de mestre: imagens e auto-imagens. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 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Priorizar: o quê, como e para quemensinar; 2. Acompanhar o aprendizado e a formação de cadaaluno; 3. Discutir o desempenho dos alunos, pontos que concentram dificuldades de aprendizagem e estratégias que funcionam ounão; 4. Ajudar a elaborar e aplicar o projeto daescola; 5. Dar orientação em questõespedagógicas; 6. Atuar na formação contínua dosprofessores; 7. Motivar o professor a fazer cursos deaprimoramento; 8. Dialogar com os pais e responsáveis sobre questões pedagógicas e compreender a ansiedadedafamília; 9. Ter muita paciência e senso dejustiça; 10. Construir um ambiente de cooperação em que todos possam ouvir e ser ouvidos para prevenir o risco de se perder tempo com atividadesinócuas; 11. Criar condições favoráveis ao aprimoramento dosalunos; 12. Organizar o calendárioescolar; 13. Realizar reuniões periódicas com pais edocentes; 14. Deixar de lado fórmulas prontas e levar em conta a realidade da escola e da comunidade; 15. Organizar o dia a dia e assegurar que se crie uma estrutura de formação continuada no ambiente escolar; 16. Encaminhar para profissionais especializados os alunos que apresentam problemas; 17. Acompanhar e colocar em prática a proposta pedagógica criada conforme o Projeto Político Pedagógico, Planos de Estudo e RegimentoEscolar; 18. Manter atualizados documentos pertinentes: Projeto Político Pedagógico, Planos de Estudo e RegimentoEscolar. 34 19. Desenvolver a habilidade de trabalhar com os diferentes públicos, pois não só os alunos necessitam do apoio do supervisor, mas também os pais, professores e a direção daescola; 20. Manter uma visão global dainstituição. As condições básicas para o exercício de uma atividade supervisora são: capacidade de visão de conjunto: situar cada problema no contexto da situaçãogeral; capacidade de compreensão com as pessoas quetrabalha; capacidade de analisar as situações que causemtensões; experiência como administrador/professor de escola no trabalho que irá dedicar-se; capacidade de administrar os vários aspectos técnicos da suaprofissão; possuir elevado nível deinteligência; experiência geral de administração, pois o dia a dia do supervisor exige que ele administre seu tempo para cumprir inúmerastarefas. A supervisão tem como objetivo geral, dar condições para que os objetivos da educação sejam atingidos. Envolve o aperfeiçoamento do processo total ensino- aprendizagem, pois, até certo ponto, há uma interdependência dos dois aspectos. Os objetivos gerais da educação nacional são o desenvolvimento integral do aluno e a sua integração no meio físico esocial. Para Medina (1995, p. 22), “Papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a construir o núcleo do trabalho do supervisor na escola”. O planejamento torna-se essencial para uma atuação eficiente. A supervisão dirige a atenção para os fundamentos da educação. O supervisor deve procurar ter consciência clara dos conceitos e crenças que 35 determinam sua maneira de agir, dos fins que pretende atingir e dos meios a utilizar. Isso corresponde à filosofia que baseia sua atividade supervisora. Então, o supervisor moderno deve ser uma pessoa capaz, preparada sob o ponto de vista educacional e psicológico, especialista no processo democrático do grupo (SCHVINGEL, 2011).
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